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Bioquímica da excreção urinária

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FUNÇ BIO
BIOQUÍMICA DA EXCREÇÃO URINÁRIA
____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Julia Ladeira de Moraes
07/10/2021
RINS:
- São órgãos retroperitoneais, cada um localizado do lado da coluna vertebral dorsolombar
- Cada rim possui um córtex renal/camada cortical do rim (região periférica constituída, principalmente, por néfrons corticais, que tem os túbulos coletores menores que os néfrons localizados mais próximos da região medular, chamados néfrons justamedulares) e uma medula (região central) que são compostos por cerca de 1.200.000 néfrons funcionando alternadamente, conforme as necessidades do organismo a cada momento
. Os néfrons são o parênquima dos rins; são a menor unidade desses órgãos; são constituídos pelo glomérulo e por túbulos renais; são responsáveis por depurar/purificar/limpar o plasma sanguíneo das substâncias que devem ser eliminadas do organismo (sendo que 1/5 do volume que atravessa o glomérulo é filtrado para Cápsula de Bowman, constituindo o filtrado/ultrafiltrado glomerular o qual atravessa os túbulos renais, sofrendo os fenômenos de absorção de solutos e de água nos vasos peritubulares, e excreção de restos metabólicos, como ureia e creatina); fazem a filtração de 20% do débito cardíaco normal (fração renal de filtração do sangue); provocam a diminuição de débito cardíaco ou pressão arterial, fazendo vasoconstricção para regular a taxa de filtração por minuto; e são capazes de formar a urina
. Enquanto a urina ainda não foi formada, ela estará nos néfrons, sendo chamada de filtrado/ultrafiltrado. Quando ela é finalmente filtrada, ela vai para a pelve, sendo chamada de urina
. Quando chegamos aos 65 anos, perdemos cerca de ⅓ da funcionalidade dos néfrons, contudo isso não traz prejuízo funcional, devido à grande quantidade deles nos rins
. Os capilares circundam os néfrons renais. As artérias renais são ramos da aorta abdominal. Ao penetrar no hilo do rim, a artéria renal dá origem a diversos ramos, chamados ramos interlobares, que mergulham na profundidade do parênquima renal. Depois, o sangue chega pelas arteríolas aferentes (tofo de capilares que estão organizados no glomérulo), passa pela Cápsula de Bowman e sai pelas arteríolas eferente s(reunião dos capilares no extremo oposto do glomérulo). Em seguida, o
sangue vai para os capilares peritubulares (capilares que circundam os túbulos renais) e, ao final desse percurso, ele desembocará na veia renal e, posteriormente, na veia cava
- Os rins são componentes do sistema urinário juntos à pelve renal, ureteres, bexiga, uretra, artéria renal e veia renal
- São envolvidos por uma cápsula fibrosa que ao nível do hilo renal se deixa atravessar pela artéria renal, veia renal e pelve coletora (que se continua com o ureter)
- Possuem como funções: Realizar a regulação do balanço de água e íons inorgânicos (ex: Na+, Cl-, H+, HCO3-, Ca++, K+, Mg++ e HPO4-); fazer a regulação do equilíbrio hidrossalino e, consequentemente, da pressão arterial; realizar a regulação do equilíbrio ácido básico (pH sanguíneo); secretar hormônios, como o calcitriol (que converte a vitamina D em vitamina D3), a renina (que converte a angiotensinogênio em angiotensina 1 para regular a pressão arterial) e a eritropoietina (que produz hemácias em resposta à diminuição da oxigenação tecidual); excretar catabólitos e xenobióticos (drogas), realizar a gliconeogênese (em jejum prolongado); filtrar o sangue; e formar a urina
- A filtração ocorre na cápsula de Bowman. Ela segue dois critérios: tamanho e carga das substâncias
. Moléculas grandes, como proteínas, não passam, logo não são filtradas (isso só ocorre se houver uma glomerulonefrite, o que provocará proteinúria no paciente)
. O glomérulo é uma rede/novelo de capilares recobertos por células epiteliais que fica no interior da cápsula de Bowman e que tem a função de filtrar o sangue 
. Os fatores determinantes da filtração glomerular (FG) são a permeabilidade seletiva (-Kf-, características da membrana de filtração) e a pressão efetiva de filtração (-PEF-, diferença entre as pressões no glomérulo e no espaço na cápsula de Bowman). Logo, FG = Kf . PEF
. A taxa de filtração glomerular (TFG) é a determinação do volume filtrado de uma determinada substância (com concentração estável no plasma; fisiologicamente inerte; filtrada livremente nos glomérulos; não pode ser reabsorvida; não pode ser secretada; não pode ser sintetizada ou metabolizada pelo rim) nos capilares do glomérulo e na cápsula de Bowman por unidade de tempo. Essa taxa é de 125ml/min (24 horas: 180 litros de líquidos por todos os glomérulos), o que resulta na formação de cerca de 1 a 1,5 L de urina
. A creatinina é um produto do metabolismo dos aminoácidos das proteínas que acontece no músculo, quando ocorre a transferência do radical fosfato, eliminando um produto chamado creatinina. Ela é altamente solúvel, 100% filtrada, 98% é excretada e apenas 2% reabsorvida. Logo, quando queremos calcular como está nossa filtração glomerular, é só calcular a depuração/clearance da creatinina sérica, procedimento que consiste em dosar essa substância a qual é totalmente filtrada e
 
quase toda eliminada em volume de 24h. Creatinina sérica: Entre 0,7 e 1,3mg/dl (homens) e entre 0,6 e 1,2mg/dl (mulheres). Creatinina urinária: 63,0 a 250,0 mg/dl (adultos)
. A fórmula de Cockroft-Gault é utilizada para estimar a depuração da creatinina sérica e é calculada por: TFG (ml/min) = [(140 - idade) . peso]/(72 . creatinina sérica) 
- A reabsorção é do lúmen renal para a corrente sanguínea e ocorre nos túbulos contorcidos proximal e distal, no ducto coletor, e na alça de Henle
. A glicose é toda filtrada, mas ela não faz parte da urina por ser totalmente reabsorvida nos túbulos renais (se isso não ocorrer, o paciente terá glicosúria)
. O sistema de túbulos coletores absorve parte do líquido filtrado nos glomérulos
- A secreção é da corrente sanguínea para o lúmen renal e ocorre nos túbulos contorcidos proximal e distal, e no ducto coletor
. Os túbulos podem secretar diversas substâncias, conforme as necessidades do organismo
- A excreção é tudo o que foi filtrado menos o que foi reabsorvido mais o que foi secretado, e ocorre no ducto coletor
COLETA E DOSAGEM DA URINA:
- A coleta da urina tem que ser apropriada, se não ela chegará contaminada. Contato físico com a amostra, local inadequado e técnica incorreta de coleta são fatores que podem influenciar no resultado do exame
- Para realizar esse procedimento, o paciente deve coletar a primeira urina da manhã (já que ela é a urina que está armazenada há mais tempo, logo possui as substâncias de forma mais concentrada possível), desprezando o primeiro jato (para não coletar impurezas da uretra) e recolhendo o jato intermediário (cerca de 40ml/2 dedos no potinho). Feito isso, essa urina é encaminhada ao laboratório (logo que foi colhida, para evitar degradação bacteriana) que irá estudá-la a fim de realizar uma pesquisa para saber se há ou não presença de uma determinada substância. Caso o laboratório encontre na urina uma substância que não deveria estar presente, é realizada a dosagem
- Na dosagem de urina, colhe-se toda a urina feita em um período de 24 horas, sem descartar o primeiro jato. A contagem começa a partir da 2° urina do dia, pois a 1° urina do dia correspondente à urina que ficou armazenada no organismo desde o dia anterior (logo essa primeira urina não é recolhida). Assim, colhe-se desde a 2° urina de um dia até a 1° urina do outro dia (o que completa um dia/24hrs de coleta). Com isso, o laboratório irá dosar o quanto daquela substância tem perdida na urina em 24h e a relação da quantidade dessa substância na urina e no sangue
 Vasos sanguíneos renais
Depuração/Clearance da creatinina sérica
Metabolismo da creatinina
Fórmula de Cockroft-Gault: 
TFG (ml/min) = [(140 - idade). peso]/(72 . creatinina sérica) 
Triagem bioquímica
URINÁLISE:
- É a análise da urina em que é solicitado o exame de Elementos Anormais e Sedimento (EAS) 
- Características físicas da urina: 
. Volume: O principal fator determinante do volume de urina é a ingestão de água. Um indivíduo adulto, em média, produz entre 600 e 2.000 ml de urina/dia, sendo que a produção noturna de urina geralmente não ultrapassa 400 ml. Quando o paciente apresenta mais de 2.000 ml de urina/24 horas, é porque ele possui poliúria, o que acontece ao beber muita água ou consumir substâncias como álcool, diuréticos e cafeína.
Quando o paciente apresenta excreção noturna de mais de 500 ml de urina, com uma gravidade específica/densidade relativa inferior a 1,018 mg/ml, é porque ele possui noctúria, o que acontece na diurese osmótica (ex: a diabetes mellitus provoca excreção excessiva de glicose, o que provoca a diurese de solutos) e no excesso de ADH. Quando o paciente apresenta excreção de menos de 500 ml de urina em 24 horas, é porque ele possui oligúria. Quando o paciente apresenta supressão quase total da formação de urina, é porque ele possui anúria , o que acontece na doença renal crônica
. Cor: Pode ser amarelo clara, amarela (ex: por urocromo), amarelo escura (ex: por desidratação, aspargo, metronidazol ou bilirrubina), âmbar/laranja-amarelo, laranja (ex: por urobilina, desidratação, sangue, bilirrubina, beterraba, cenoura, amoras silvestres, rifampicina, pyridium, nitrofurantoína ou vitamina B2), verde (ex: por infecção, corante, azul de metileno, alcaçuz, amitriptilina, propofol ou indometacina), marrom, vermelha (ex: por uroeritrina, sangue, sena, rifampicina, pyridium, vitamina B, beterraba ou amora), roxa (ex: por infecção, amoras, beterraba ou corante) ou preta (ex: por alcaptonúria, bilirrubina, cloroquina, leyodopa, nitrofurantoína, laxantes à base de sena, metronidazol, metildopa ou hidroquinona)
. pH: Varia de 5,6 a 6,5 no adulto e varia de 4,5 a 5 em recém-nascidos. Pacientes com acidose metabólica ou respiratória devem produzir urina ácida (pH ácido/baixo), com concentração de íons amônio e acidez titulável. Na cetoacidose diabética (causada pela liberação de corpos cetônicos pela metabolização de ácidos graxos no fígado), grandes quantidades de íons hidrogênio são excretadas, em grande parte sob a forma de íons amônio, logo a urina fica ácida (pH ácido/baixo)
. Aspecto 
. Odor 
. Densidade relativa/gravidade específica: É a proporção relativa de componentes sólidos dissolvidos em relação ao volume total da amostra, ou seja, é calculada por
meio da fórmula massa/volume. A ureia (20%), o cloreto de sódio (25%), o sulfato e o fosfato contribuem para a maior parte da gravidade específica da urina normal (que varia entre 1015 a 1040 g/L)
OBS: É um sinal de diabetes insipidus urina com volume muito alto (cerca de 6 a 8l/dia), de cor muito clara e com densidade muito baixa (a glicose tem peso molecular baixíssimo e por isso não aumenta significativamente a densidade urinária)
- Características químicas (buscam elementos anormalmente encontrados em situações patológicas):
. Proteinúria: Ocorre quando há lesão da membrana glomerular (ex: por agentes tóxicos ou complexos imunes como lúpus), possibilitando a passagem de proteínas plasmáticas pela barreira de filtração, logo elas serão eliminadas na urina. Isso acontece nas doenças renais como a glomerulonefrite, o mieloma múltiplo e as nefropatias tóxicas (sendo que essas três condições apresentam proteinúria moderada, ou seja, de 1 a 4 g/dia, a síndrome nefrítica, a síndrome nefrótica (apresenta proteinúria intensa, ou seja, acima de 4 g/dia; edema generalizado; e aumento dos níveis séricos de albumina e lipídios), a nefrite intersticial crônica, as doenças congênitas (ex: doença policística e doença cística medular) e as doenças tubulares renais (sendo que essas três condições apresentam proteinúria mínima, ou seja, abaixo de 1 g/dia. Esse quadro faz com que a urina fique com espuma persistente, ou seja, espuma que não some segundos após urinar, e faz com que o paciente apresente albuminúria (sendo que o valor de normalidade para a albuminúria em adultos é até 30mg, e, caso estiver entre 30 e 300mg, significa que há uma microalbuminúria). O valor de normalidade para a proteinúria em adultos é até 150 mg/24h de proteínas na urina. A análise de proteinúria com tiras colorimétrica visível, sendo que certos indicadores mudam de cor devido a presença ou ausência de proteínas, embora o pH do meio permaneça constante (como as tiras reativas determinam principalmente a quantidade de albumina e podem deixar de detectar proteínas tubulares, a maioria dos laboratórios confirma os resultados utilizando os métodos de precipitação de ácidos)
. Glicosúria: Ocorre quando, na fita reativa, o limiar da excreção renal da glicose de 160 a 180 mg/dl é ultrapassado. Em pacientes diabéticos descompensados, a hiperglicemia vai levar à glicosúria, pois a eliminação da glicose na urina é uma dos métodos utilizados pelo corpo humano para reduzir a glicemia (acontece imediatamente e em todos os momentos que a glicose fica elevada no sangue), logo, devido à sua utilidade na detecção e no controle do diabete mellitus, o teste de glicosúria é a análise bioquímica realizada com maior frequência na urina. A glicosúria acontece nos diabetes mellitus tipos 1 e 2, na reabsorção tubular deficiente, nos distúrbios da tireoide (sem hiperglicemia) e na diabetes gestacional
Proteinúria
Hemoglobinúria e hematúria 
Glicosúria
Cetonúria
Bilirrubinúria
Nitritúria
. Hemoglobinúria e hematúria (hemácias íntegras): O sangue pode estar presente na urina em forma de eritrócitos íntegros (hematúria) ou de hemoglobina (hemoglobinúria). Quando, em grande quantidade, o sangue pode ser detectado a olho nu, a hematúria produz urina vermelha e opaca, já a hemoglobinúria produz urina vermelha e transparente. A hematúria pode ocorrer por litíase/cálculo renal (pequena ou moderada), glomerulonefrite, pielonefrite, tumores, trauma, exposição a produtos ou drogas tóxicas, exercício físico intenso (fisiológico, e não patológico) e menstruação (fisiológico, e não patológico). Já a hemoglobinúria pode ocorrer por reações transfusionais, anemia hemolítica, queimaduras graves, infecções e exercício físico intenso
. Cetonúria: É quando há a presença de corpos cetônicos na urina, sendo que os três tipos deles encontrados nela são ácido acetoacético (diacético) (20%), acetona (2%) e 3-hidroxibutirato (cerca de 78%). Em situações fisiológicas (como no jejum prolongado, inanição, hipercatabolismo ou febre), há o aumento da beta-oxidação dos ácidos graxos, o que tem como resultado a elevação da produção dos corpos cetônicos. Nas situações patológicas, a cetonúria diabética implica a presença de cetoacidose diabética e pode sinalizar um aviso de coma iminente. A cetonúria, portanto, é detectada na acidose diabética, no controle da dosagem de insulina, na carência alimentar e na perda excessiva de carboidratos. Normalmente, não aparecem quantidades mensuráveis de corpos cetônicos na urina, pois toda a gordura metabolizada é completamente degradada e convertida em dióxido de carbono e água. Contudo, quando o uso de carboidratos como principal fonte de energia fica comprometido e os estoques de gordura do organismo precisam ser metabolizados para suprimento de energia, pode-se detectar corpos cetônicos na urina. A acetona é eliminada por meio do hálito (hálito cetônico) e os ácidos por meio da urina. Em amostras mal conservadas, observam-se valores falsamente baixos devido à volatização da acetona e à degradação do ácido acetoacético por bactérias. 
. Bilirrubinúria: É a presença de bilirrubina conjugada na urina, o que a deixa com uma coloração escura, semelhante à cor da coca-cola. A bilirrubina conjugada aparece na urina quando o seu ciclo normal de degradação é interrompido pela obstrução do ducto biliar ou quando a integridade do fígado está comprometida, permitindo o seu extravasamento para a circulação.A bilirrubinúria pode ser a primeira indicação de hepatopatia e, muitas vezes, é detectada bem antes do desenvolvimento da icterícia (coloração amarelada que adquire a pele e mucosas, devido ao aumento nas taxas sanguíneas de bilirrubina), logo permite fazer a detecção precoce de alterações hepáticas ou pós-hepáticas, como hepatite (que causa lesão hepática), cirrose (que causa lesão hepática), câncer e doenças da vesícula biliar (ex: obstrução biliar). No sangue, em adultos, os valores normais da bilirrubina total é até 1,2 mg/dl, da bilirrubina indireta é até 0,8 mg/dl, e da bilirrubina direta é até 0,4 mg/dl. Quando o valor da bilirrubina está acima de 2,5 na urina, é perceptível a icterícia, mas, quando está superior a 1,2 e inferior a 2,5, 
pode não haver icterícia 
. Urobilinogênio na urina: O urobilinogênio é um pigmento biliar produzido no intestino a partir da redução/degradação da bilirrubina pelas bactérias intestinais. Aproximadamente metade dele é reabsorvida pelo intestino, caindo no sangue, circulando nele, e volta para o fígado, sendo mandado de volta para o intestino através do ducto biliar. O urobilinogênio que fica no intestino é excretado nas fezes, onde é oxidado, convertendo-se em estercobilina (pigmento responsável pela característica cor marrom das fezes). O urobilinogênio aparece na urina, pois, ao circular no sangue a caminho do fígado, pode passar pelos rins e ser filtrado pelos glomérulos, portanto, normalmente se encontra pequena quantidade de urobilinogênio na urina (menos de 1 mg/dl). As disfunções hepáticas diminuem a capacidade de processamento hepático do urobilinogênio que a circulação sanguínea traz do intestino, logo o urobilinogênio que fica no sangue é filtrado pelos rins, sendo encontrado em grande quantidade na urina nas hepatopatias e nos distúrbios hemolíticos. As provas com tiras reativas não conseguem determinar a ausência de urobilinogênio, e sim somente a presença dele, o que é importante para avaliar se há obstrução biliar
. Nitritúria: É a presença de nitrito na urina. Nitritos são composições químicas liberadas por alguns tipos de bactérias nitrificantes (que são gram negativas e fazem a conversão do nitrato, que é um elemento comum na urina, em nitrito, que normalmente não aparece na urina, na presença de infecção urinária), sal ou éster do ácido nitroso (HNO2 ) ou ânion dele derivado, logo a prova com tira reativa para nitrito é um método rápido de detectar infecções do trato urinário. Acredita-se que a maioria das infecções do trato urinário comece na bexiga (cistite), como resultado de contaminação externa, e que, se não tratadas, progredirão para as regiões superiores através dos ureteres, chegando aos túbulos, à pelve renal e aos rins. Logo a prova para detecção de nitrito é útil para o diagnóstico precoce de cistite, pois muitas vezes os pacientes são assintomáticos ou têm sintomas vagos, que levariam o médico a pedir uma cultura de urina. A pielonefrite, processo inflamatório dos rins e da pelve renal adjacente, é uma complicação frequente da cistite não tratada e pode acarretar lesão dos tecidos renais, comprometimento da função renal, hipertensão e até mesmo septicemia. Por isso, a detecção de bacteriúria pela prova seletiva com nitrito e a subsequente terapia antibiótica poderá evitar essas complicações graves
Leucócitos/Piócitos
Hemácias
Células epiteliais escamosas, pavimentosas ou planas 
Células epiteliais transicionais/de transição
Células epiteliais tubulares
Cilindros hialinos
Cilindros hemáticos
Cilindros leucocitários
Cilindros granulares
Cilindros adiposos
 Bactérias
Leveduras
Parasitas
Espermatozóides
Muco
Cristais de ácido úrico
 Cristais de oxalato de cálcio
 Cristais de oxalato de cálcio ovais
 Cristais de fosfato triplo
. Sedimento urinário (sedimentoscopia): São os elementos achados na urina através da utilização do microscópio. Coloca-se a urina em um tubo, centrifuga, depois utiliza-se uma gota de urina para colocar no microscópio, e a análise se dá pela quantidade de partículas encontradas em cada campo da lâmina. O resultado deve expressar o número de elementos por campo microscópico. Leucócitos/Piócitos: A presença de leucócitos na urina é normal quando é verificada a presença de até 5 leucócitos por campo analisado ou 10000 leucócitos por mL de urina. Hemácias: Os valores considerados dentro da normalidade são menos de 10.000 células/ml ou de 3 a 5 hemácias por campo ou hemácias ausentes/raras hemácias, mas caso esteja alterado, indica lesão no trato urinário. Células epiteliais: As células escamosas, pavimentosas ou planas cobrem a vagina, a uretra e o trígono vesical, caracterizam-se pelo grande tamanho, núcleo pequeno e citoplasma com pequenos grânulos, e sua presença não tem maior significado, podendo indicar contaminação vaginal da amostra; as células de transição cobrem a pelve renal, ureter e bexiga, frequentemente são redondas, com núcleo também redondo e relativamente grande, sua presença, em grande número, pode indicar inflamação da via urinária descendente, se associada a leucocitúria, e é difícil sua separação do epitélio renal; e as células tubulares renais são oriundas do epitélio tubular que aparecem ocasionalmente no sedimento urinário normal, são um pouco maiores do que os leucócitos, apresentam um núcleo grande, geralmente excêntrico, muitas vezes com membrana nuclear espessada e com inclusões citoplasmáticas, e como representa esfoliação renal, a presença de mais do que uma dessas células por campo de grande aumento (400x) sugere dano tubular renal. Cilindros: São os únicos elementos exclusivamente renais encontrados no sedimento urinário, formam-se principalmente no interior da luz do túbulo contorcido distal e do ducto coletor, possibilitando a visão microscópica das condições existentes no interior dos néfrons, suas formas representam a luz do túbulo (geralmente têm lados paralelos e extremidades arredondadas, mas podem ser enrugados ou contorcidos, dependendo de sua idade), são quaisquer elementos presentes no filtrado tubular (células, bactérias, grânulos, pigmentos e cristais podem prender-se à matriz do cilindro), o principal componente dos cilindros é a glicoproteína de TammHorsfall que é excretada pelas células dos túbulos renais em velocidade relativamente constante, que constitui uma proteção imunológica contra infecções e que é encontrada na urina normal e na anormal, não sendo detectável pelos métodos de tira reativa, portanto, não é responsável pelo elevado nível de proteínas urinárias frequentemente relacionado com presença de cilindros; os cilindros mais frequentes são de tipo hialino, constituídos quase inteiramente por proteína de Tamm- Horsfall, a presença de 0 a 2 desses cilindros por campo de pequeno aumento é considerada normal, assim como o achado de quantidade elevada após exercício físico intenso, desidratação, exposição ao calor e estresse emocional, e assumem significado clínico quando seu número é elevado (glomerulonefrite, pielonefrite, doença renal crônica e insuficiência cardíaca congestiva); os cilindros hemáticos indicam que o sangramento 
provém do interior do néfron, sua presença relaciona-se principalmente com a glomerulonefrite, mas qualquer quadro clínico capaz de lesar os glomérulos, os túbulos ou os capilares renais pode produzir cilindros hemáticos, e podem conter células claramente identificáveis ou fortemente agrupadas, ligadas à matriz proteica; os cilindros leucocitários na urina significa infecção ou inflamação no interior dos néfrons, são observados com mais frequência na pielonefrite, mas ocorrem em qualquer doença que cause inflamação dos néfrons, como a glomerulonefrite, e são refringentes, têm grânulos e, a menos que sua desintegração tenha começado, serão visíveis os núcleos multilobulados; os cilindros granulares precisam que haja estase urinária e que os cilindros celulares permaneçam nos túbulos para que a sua desintegração produza grânulos, e são característicos da doençatubulointersticial e da rejeição a aloenxertos renais; e os cilindros adiposos são ligeiramente refringentes e contêm gotículas gordurosas de cor marrom-amarelada, são comumente observados em casos de proteinúria severa, e são característicos da síndrome nefrótica. Bactérias: Normalmente a urina não as apresenta, no entanto, se as amostras não forem colhidas em condições estéreis, pode ocorrer contaminação bacteriana sem significado clínico e as amostras que ficam à temperatura ambiente por muito tempo também podem conter quantidades detectáveis de bactérias, que representam apenas a multiplicação dos organismos contaminantes; a maioria dos laboratórios registra a presença de bactérias só quando estas forem observadas em amostras recém-colhidas e em conjunto com leucócitos. Leveduras: As leveduras, geralmente Candida albicans, podem ser observadas na urina de pacientes com diabetes mellitus e de mulheres com candidíase vaginal, sendo facilmente confundidas com hemácias e por isso deve-se observar atentamente se há brotamentos. Parasitas: O parasita encontrado com mais frequência na urina é o Trichomonas vaginalis, devido à contaminação por secreções vaginais, ele é flagelado, sendo facilmente identificado por seu movimento rápido no campo microscópico, contudo, quando não se move, o Trichomonas pode parecer um leucócito; por vezes são observados ovos de oxiúros (Enterobius vermicularis) e outros parasitas intestinais na urina, resultado de contaminação fecal. Espermatozoides: Por vezes são encontrados na urina após relações sexuais ou ejaculação noturna, sem significado clínico. Muco: É um material proteico produzido por glândulas e células epiteliais do sistema urogenital; não é considerado clinicamente significativo e sua quantidade é maior quando há contaminação vaginal; microscopicamente, é visto como estruturas filamentosas com baixo índice de refração, o que exige observação em luz de baixa intensidade; e a análise imunológica demonstrou que um dos principais componentes do muco é a proteína de Tamm-Horsfall. Cristais: É comum encontrá-los na urina, embora raramente tenham significado clínico, mas deve se proceder à sua identificação para se ter certeza de que não representam anormalidades; são formados pela precipitação dos sais da urina submetidos a alterações de pH, temperatura ou concentração, o que afeta sua solubilidade; os sais precipitados aparecem na urina na forma de cristais 
verdadeiros ou de material amorfo, que também se inclui na categoria de cristais urinários; a principal razão para a identificação dos cristais urinários é detectar a presença de alguns tipos relativamente anormais, que podem representar certos distúrbios, como doenças hepáticas, erros inatos do metabolismo ou lesão renal causada pela cristalização de metabólitos de drogas nos túbulos; o recurso mais útil na identificação dos cristais é o conhecimento do pH da urina, pois ele determinará o tipo de substâncias químicas precipitadas; eles geralmente são classificados não só como normais ou anormais, mas também segundo a urina em que está presente (ácida ou alcalina); os mais comumente encontrados têm formas ou cores muito características, mas há variações, o que pode causar problemas de identificação; os cristais mais comumente encontrados na urina ácida são os uratos, constituídos por ácido úrico, uratos amorfos e urato de sódio; microscopicamente, a coloração de todos os cristais de urato vai do amarelo ao castanho-avermelhado, sendo os únicos cristais normais coloridos em urina ácida; são várias as suas formas (losangular, rosetas, cunhas e agulhas), quando presentes em grande quantidade, podem transmitir cor rosada à urina, particularmente ao sedimento; os cristais de oxalato de cálcio também são frequentes na urina ácida, podendo ser vistos na urina neutra, mas raramente na alcalina; a maioria dos cristais observados 
na urina alcalina é formada por fosfatos, como o fosfato triplo, o fosfato amorfo e o fosfato de cálcio; os cristais de fosfato triplo são, talvez, os 
mais facilmente identificáveis porque costumam ser constituídos por prismas incolores denominados "tampa de caixão“
OBS: Cálculos renais:
- São numerosos os estudos de correlação entre a presença de cristalúria e a formação de cálculos renais, com resultados variáveis
- O achado de grumos de cristais em urina quente recém eliminada indica que existem condições para a formação 
de cálculos, tendo-se observado aumento da cristalúria nos meses de verão em pessoas que formam cálculos renais
- Contudo, devido à variação nas condições que afetam a urina no organismo e no recipiente de amostra e ao fato de que ainda não se 
conhecem realmente os mecanismos da formação de cálculos, atribui-se pouca importância ao papel dos cristais no diagnóstico dos cálculos renais
- A análise dos cálculos renais excretados é importante no tratamento do paciente
- Aproximadamente 75% deles contêm oxalato de cálcio, sendo possível evitar formações futuras através de mudanças na dieta
- Sua análise pode ser bioquímica
OBS: Caso clínico: Deu entrada no posto de saúde um paciente, 30 anos, sexo masculino, com cefaleia, anorexia e urina vermelha. O exame clínico revelou 
edema periocular e hipertensão leve. Aprofundando a história médica, revelou que a irmã teve amigdalite há um mês, tratada com sucesso. O paciente ainda 
informou que o próprio desenvolveu feridas nas amígdalas que durou poucos dias, mas que não foi tratado. Ao lado, nas duas tabelas, está o resultado do exa-
me de Elementos Anormais e Sedimento (EAS). Qual é a hipótese diagnóstica? R: Cistite aguda, síndrome nefrótica, pielonefrite aguda e glomerulonefrite aguda
Cálculos renais
Resultado 
 do EAS

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