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Gestão de Vendas e Marketing Digital BEM-VINDO (A) À DISCIPLINA! Prezado (a) aluno (a) É com grande satisfação que apresento a você a disciplina de Direito da Mulher. Vamos mergulhar no mundo Direito da mulher para desvendar seus principais institutos. Aqui você encontrará materiais úteis para ampliar seus conhecimentos, revisar conteúdos e algumas avaliações de aprendizagens. O Nosso material de estudo foi estruturado para compreender os elementos constitutivos do Direito da mulher e a sua aplicabilidade. Para tanto, estudaremos a disciplina em duas partes. Sendo que na primeira parte estudaremos sobre a construção histórica do gênero, violência e violência de gênero e na segunda parte estudaremos noções de Direitos humanos, a Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) e as políticas públicas para mulheres vítimas de violência. A disciplina é composta por 3(três) avaliação sendo que duas será através de questionário e uma através de fórum. Recomendo que durante a realização de seu curso, você procure interagir com os textos, fazer anotações, responder todas às atividades disponibilizada no ambiente virtual no seu tempo, respeitando é claro o período de realização da disciplina, de acordo com o calendário do curso, participar ativamente dos fóruns Para finalizar essa mensagem é importante que ao final de cada conteúdo você completar seus estudos com o material complementar disponibilizado, realizar novas pesquisas sobre os assuntos tratados nas unidades temáticas, pois tais atividades lhe possibilitarão organizar o seu processo educativo e, assim, superar os desafios na construção de conhecimentos. Desejo a você um ótimo estudo. Espero atender às expectativas que sempre são criadas em torno desta disciplina e que você tenha um ótimo aprendizado. Forte abraço! Professora Marizete! 1 Direito da mulher O fosso entre homens e mulheres foi estabelecido é percebido ao logo da história, nós somos "feitas do nada" e somos propriedade de nosso pai, marido e filhos. Por muito tempo, as mulheres não foram objeto de relações jurídicas, tampouco recebedoras de proteção, mas sim objeto da dominação masculina. Nosso direito universal era a obediência irrestrita. Nossa vontade, consentimento e autonomia dependiam da aquiescência da existência masculina. O direito das mulheres só passou a ser reconhecidos no país recentemente, após anos de luta e submissão das mulheres à uma estrutura de exclusão social. A partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, que esses direitos passaram a ser garantidos com o estabelecimento da igualdade de gênero na legislação nacional. Ao longo do século XX, o movimento de mulheres levantou questões relacionadas ao reconhecimento de suas demandas específicas, a necessidade de maior participação no campo do poder e a efetiva igualdade de direitos entre homens e mulheres. A legislação em vigor constitui avanço alcançado ao longo de um século, envolvendo diferentes formas de luta das mulheres no Brasil e em quase todo o mundo. A legislação sobre as mulheres é muito extensa, dispersa em áreas como segurança, sociedade, trabalho, direito penal, direito civil e direito eleitoral. Os acordos, leis, decretos e regulamentos internacionais publicados mostram que uma ampla gama de legislações nacionais e internacionais que refletem as necessidades específicas das mulheres em diferentes áreas da vida social tem progredido. A Constituição Federal de 1988, é um marco histórico no processo de proteção dos direitos das mulheres, como podemos constatar nos dispositivos constitucionais que garantem que garantem, entre outras coisas, a proteção à maternidade (arts. 6º e 201, II); a licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com duração de 120 dias (art. 7º, XVIII); a proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei (art. 7º, XX); a proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo (art. 7º, XXX); o reconhecimento da união estável (art. 226, § 3º) e como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes (art. 226, § 4º); a determinação de que os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal serão exercidos igualmente pelo homem e pela mulher (art. 226, § 5º); a constitucionalização do divórcio (art. 226, § 6º); o planejamento familiar (art. 226, § 7º) e a necessidade de coibir a violência doméstica (art. 226, § 8º). A leis existentes retrata um pouco sobre a história do movimento pelos direitos da mulher e das lutas por igualdade e inclusão. Os desafios são ainda maiores, desde garantir a efetividade dos direitos conquistados até promover mudanças culturais na sociedade. Pensando nisso! Você sabe quais são os direitos das mulheres no Brasil e qual a sua importância para a nossa sociedade? 2. A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO GÊNERO Desde cedo, nós, mulheres, aprendemos a dolorosa lição do status de subordinada. Temos um lugar no mundo, mas este não é o nosso espaço real. A posição que nos foi dada não nos representa. O que é oferecido é mais uma questão de condescendência do que de reconhecimento. É preciso desacreditar esse lugar, e erradicar esse ambiente que nos foi imposto, para que se construa um lugar igualitário para celebrar as mulheres. Ao logo da história as mulheres sempre estiveram sujeitas a leis, regulamentos e controles criado por homens. Esse domínio não se deu de uma noite para o dia, passou por um complexo e continuo processo, envolvendo uma variedade de questões sociais, culturais, políticas e econômicas. Para alcançar sua autonomia como indivíduo possuidor de direitos a mulher teve que travar uma longa, árdua e incansável luta para ser reconhecida como cidadã. Ressalta que a cidadania diz respeito não só a conquista de direitos, mas a manutenção destes e a conquistas de novos direitos individuais e coletivos. Nesse contexto, os movimentos feministas e de mulheres tem sido de suma importância no processo de construção dessa cidadania. O posicionamento crítico diante das contradições e limitações trouxeram grandes contribuições históricas, sobretudo na conquista dos direitos civis. A luta das mulheres durante os séculos XIX, XX e início do século XXI tem sido fundamental para o processo de transformação da mentalidade, da cultura, dos costumes e das legislações. Todo esse processo só se confirmou após uma parcial superação das diferenças entre os sexos. O reconhecimento da distribuição dos poderes entre os sexos, a reconstrução histórica do processo inicial do domínio do homem sobre a mulher na modernidade é crucial para que avanços sejam alcançados. Não e difícil observar que homens e mulheres não ocupam posições iguais na sociedade. A identidade social da mulher, assim como a do homem, e construída através da atribuição de distintos papeis, que a sociedade espera ver cumpridos pelas diferentes categorias de sexo. A sociedade delimita, com bastante precisão, os campos em que pode operar a mulher, da mesma forma como escolhe os terrenos em que pode atuar o homem. A relação entre os gêneros são construções históricas, culturais, formuladas a partir das experiências humanas (costumes, leis, religião e política). No passado a mulher ocupava posição equivalente à do escravo no sentido de que tão somente estes executavam trabalhos manuais, extremante desvalorizados pelo homem livre. A mulher tinha como função primordial a reprodução da espécie humana, ela não só gerava, amamentava e criava os filhos, como produzia tudo aquilo que era diretamente ligado a subsistência do homem: fiação, tecelagem, alimentação. Exercia também trabalhos pesados como a extração de minerais e o trabalho agrícola. Essa divisão de atividades correspondia valorização diversas.O "fora de casa", onde se desenvolvia as atividades consideradas mais nobres como a filosofia, política e artes era campo masculino. Estando assim limitando o horizonte da mulher, que era excluída do mundo do pensamento, do conhecimento tão valorizado pela civilização grega. No que se refere a civilização romana, seu código legal, por sua vez, legitima, com a instituição jurídica do parterfamilias, a que quem era atribuído todo o poder sobre a mulher, filhos, servos e escravos. O discurso com diferentes culturas tem procurado assegurar a sujeição da mulher, revelam, ao mesmo tempo, a dimensão de sua resistência. No ano 195 D. C., mulheres dirigiram-se ao senado romano protestando contra a sua exclusão do uso de transporte público que era privilégios masculino e a obrigatoriedade de se locomoverem a pé. Vale lembrar, que em algumas civilizações não havia divisão de tarefas. Inexistia o controle de um sexo sobre o outro na realização de tarefas ou nas tomadas de decisões. As mulheres participavam ativamente das discussões em que estavam em jogo os interesses da comunidade. Durante os primeiros séculos da idade média, enquanto não haviam sido reintroduzidos os princípios da legislação romana o que ocorreu século XIII, as mulheres gozavam de alguns direitos, garantidos pela lei e pelos costumes. Assim quase todas as profissões eram-lhes acessíveis, bem como o direito de propriedade e de sucessão. Entretanto, o trabalho feminino sempre recebeu remuneração inferior ao do homem. Esta desvalorização, por outro lado, provocou a hostilidade dos trabalhadores homens contra o trabalho da mulher, pois a competição rebaixava o nível salarial geral. E como consequência disso, no ano de 1344, surgiram restrições a participação da mulher no mercado de trabalho, quando a corporação de alfaiates proibiu seus membros de empregarem mulheres que não fossem suas esposas e filhas. A intensa participação da mulher no mercado de trabalho durante a idade média não lhe conferia prestigio social. Para saber mais sobre a luta das mulheres por igualdade recomento o documentário: She's Beautiful When She's Angry – Legendado em Português. Disponível no youtuber: https://youtu.be/5FlVqxinrwo Esse documentário relembra a segunda onda do movimento feminista dos Estados Unidos, que ocorreu durante as décadas de 1960 e 1970 2.1 Rompendo o silêncio No século XVII, na América acontece as revoluções empregada por ideias de insubordinação e por mudanças concretas na organização social do pais. E nesse período surge à figura de Ann Hutchinson, uma das primeiras vozes de insurreição feminina que a história americana registra. Ann, consagrou em torno de si uma comunidade que se reunia para ouvir suas pregações. Ela afirmava que o homem e a mulher foram criados iguais por Deus, contrariando assim os dogmas Calvinistas da superioridade masculina. Na França as mulheres revolucionarias que participaram ativamente ao lado dos homens nos processos revolucionários não viram às conquistas politicas estenderem-se ao sexo feminino. É nesse momento histórico que o feminismo adquire características de uma pratica de ação política organizada. Reivindicando seus direitos de cidadania frente aos obstáculos que os contrariam, a mulher assume um discurso próprio, que afirma especialidade da luta da mulher. A ampla participação das mulheres na vida pública durante o período revolucionário foi fundamental, elas redigiram manifestos, mobilizaram-se em motins contra carestia, participavam dos principais eventos da revolução e formaram clubes políticos. Os anos de 1930 e 1940, representa um período em que, formalmente, as reivindicações das mulheres haviam sido atendidas, elas podiam votar e ser votadas, ingressar nas instituições escolares, participar do mercado de trabalho. Ressalta, que o direito ao sufrágio foi uma reivindicação presente em diferentes países entre o século XIX e a primeira metade do século XX. O sistema social e político observou de alguma forma, estas conquistas, que implicaram no reconhecimento de cidadania das mulheres. Nestas décadas ocorre um refluxo na organização das mulheres. A afirmação da igualdade entre os sexos vai confluir com as necessidades econômicas do período. Valorizou-se mais do que nunca, participação da mulher na esfera do trabalho, momento em que se torna necessário liberar a mão de obra masculina para as frentes de batalha. E com o final da guerra e o retorno da força de trabalho masculina, que a ideologia que valoriza a diferenciação de papeis por sexo, atribuição a condição feminina o espaço doméstico, é fortemente reativada, no sentido de retirar a mulher do mercado de trabalho para ceder o lugar aos homens. Por fim, a partir da década de 60, o feminismo incorpora, portanto, outras frentes de luta pois, além das reivindicações voltadas para desigualdade no exercício de direitos políticos, trabalhistas, civil, questiona também as raízes culturais destas desigualdades. É através de lutas constantes por seus direitos, as mulheres trabalhadoras rompem o silêncio e projetaram suas reivindicações na esfera pública. E denuncia, desta forma a mística de um eterno feminino, ou seja, a crença na inferioridade 'natural da mulher, calcada em fatores biológicos. Para saber mais sobre o movimento de mulheres recomendamos o filme – As Sufragistas. O filme retrata o início da luta do movimento feminista e os métodos incomuns de batalha. A história das mulheres que enfrentaram seus limites na luta por igualdade e pelo direito de voto. 3 Violência e violência de gênero. A violência masculina contra mulher manifesta-se em todas as sociedades falocentricas. Como todas o são, em maior ou menor medida, verifica-se a onipresença deste fenômeno. Embora na socialização feminina estejam sempre presentes a suspeita contra desconhecidos e a prevenção de uma eventual aproximação como estes elementos, os agressores de mulheres são, geralmente, parentes ou pessoas conhecidas, que se aproveitam da confiança desfrutada junto a sua vítima. A violência é um problema que assola a sociedade desde seus primórdios. Um dos tipos de violência que, infelizmente, persiste ao longo da história é a violência contra a mulher. Trata-se uma prática enraizada e de difícil combate, por diversas razões como: Vergonha por parte das vítimas; Heranças culturais; Dependência da vítima em relação ao agressor. Esse tipo de violência, é o crime que menos recebe denúncias a nível mundial. Isso acontece não só por vergonha, mas para defender outras pessoas da casa contra os mesmos atos. 3.1 Tipos de violência Existem diversos tipos de violência contra a mulher, violência física, sexual, patrimonial e psicológica. Violência Física Consiste em ações que causam danos a integridade física da mulher. Exemplo; bater, chutar, espancar entre outros Violência Psicológica pode ser emocional ou verbal e consiste em atitudes e ações que provocam mal estar e sofrimento psicológico, tais como; intimidar, insultar, ameaçar, entre outros. Violência Sexual Consiste em ações em que a mulher é forçada a pratica sexual, mediante ameaças ou agressões físicas, em momentos, lugares ou formas não desejadas, como por exemplo; estupro e atentado violento ao pudor. Violência Patrimonial Consiste em práticas não legais ou não éticas que causem prejuízos à mulher em seus direitos patrimoniais. Um tipo de violência em que comumente a vítima é mulher é a violência doméstica. Tantos foram os casos que atualmente existe uma lei específica sobre essa questão. 3.2 Violência de gênero A violência de gênero e uma questão de ordem política, e um atentado aos direitos humanos e tem-se constituído em um grande problema social. O gênero e constitutivo das relações sociais, a violência e constitutivada ordem falocratica. Por conseguinte, o gênero informado pela desigualdade social, pela hierarquização e até pela lógica da complementaridade traz embutida a violência. O conceito de gênero indica que os papeis impostos as mulheres e aos homens, consolidados ao longo da história e reforçados pelo patriarcado, pela dominação masculina e pela ideologia. Induzem relações violentas entre os sexos e indica que a pratica desse tipo de violência não é fruto da natureza, senão do processo de socialização das pessoas. A Lei Maria da Penha, estabelece os estreitos âmbitos de sua aplicação: violência contra a mulher baseada no gênero, perpetuada no contexto doméstico, familiar ou de uma relação íntima de afeto. Frisa-se, que não é qualquer violência contra a mulher que enseja a aplicação da Lei Maria da Penha, mas somente daquela baseada no gênero (art. 5º, caput). Vejamos: Art. 5o Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial. Para Bianchini (2015, p. 31), toda violência de gênero e uma violência contra a mulher, mas o inverso não é verdadeiro. Exemplo: mulher e baleada por seu companheiro. Motivo: ela iria delata-lo a polícia. Não se aplica a Lei Maria da Penha, pois não há uma questão de gênero. É importante destacar, que a violência de gênero envolve uma determinação social dos papeis masculino e feminino. Toda sociedade pode atribuir diferentes papeis ao homem e a mulher. O problema e quando a tais papeis são atribuídos pesos com importâncias diferenciadas. Para Maria Amélia Teles e Monica de Melo, a violência de gênero representa “uma relação de poder de dominação do homem e de submissão da mulher. Isso demonstra que os papeis impostos as mulheres e aos homens, consolidados ao longo da história e reforçados pelo patriarcado e sua ideologia, induzem relações violentas entre os sexos” Quando se estabelecem diferenças, quem tem o poder de estabelece-las toma- se por referência neutra, e o diferente torna-se objeto de controle, para ser eliminado ou inferiorizado, e sobre ele incidira a violência considerada eficiente para tal objetivo. Em se tratando de controle da mulher, essa violência incide quase como controle total, dada a situação de afeto, intimidade, convivência e continuidade que caracteriza a relação de poder desigual decorrente do sistema de desigualdade de gêneros. Os papeis sociais atribuídos a homens e a mulheres são acompanhados de códigos de conduta introjetados pela educação diferenciada que atribui o controle das circunstancias ao homem. Tais circunstancias são administradas com a participação das mulheres, o que tem significado ditar-lhes rituais de entrega, contenção de vontades, recato sexual, vida voltada a questões meramente domesticas, priorização da maternidade. Diversos estudos demonstram que a submissão decorre de condições concretas (físicas, psicológicas, sociais e econômicas) a que a mulher se encontra submetida/enredada, exatamente por conta do papel que lhe e atribuído socialmente. Ha que se ressaltar, ainda, que a violência de gênero e uma espécie de violência contra a mulher que, por sua vez, e uma espécie de violência doméstica. 3.3 Ciclo da violência A violência doméstica funciona como um sistema circular. O chamado Ciclo da Violência Doméstica se apresenta como regra geral em três fases: 1ª) aumento de tensão: as tensões acumuladas no quotidiano, as injúrias e as ameaças tecidas pelo agressor, criam, na vítima, uma sensação de perigo eminente. 2ª) ataque violento: o agressor maltrata física e psicologicamente a vítima; estes maus-tratos tendem a escalar na sua frequência e intensidade. 3ª) lua-de-mel: o agressor envolve agora a vítima de carinho e atenções, desculpando-se pelas agressões e prometendo mudar . De acordo com as pesquisas sobre violência doméstica o que leva as mulheres a não denunciar a agressão feitas por seus companheiros é: Preocupar-se com a criação dos filhos; Depender financeiramente do agressor Não existir punição; Ter vergonha da agressão; Acreditar que seria a última vez entre outras. O fato é que agressões e humilhações praticadas contra mulheres é uma Indiscutível violação aos direitos fundamentais. No entanto essas práticas violentas se apresentam a muitos séculos de maneira intensa e multifacetada. 4. Noções de Direitos humanos A Constituição Federal de 1988 simboliza o arcabouço jurídico do país para a transição democrática e a institucionalização dos direitos humanos. O texto constitucional marcou a ruptura com o sistema militar e político autocrático instituído em 1964, e materializa o consenso democrático da “pós-ditadura”. Após 21 anos de governo autoritário, a Constituição visa salvar o estado de direito, a separação de poderes, o federalismo, a democracia e os direitos fundamentais com base no princípio da dignidade humana. O valor da dignidade humana, como fundamento de um Estado democrático de direito, a Constituição Federal impõe-se ao núcleo básico e informativo de todo o ordenamento jurídico como critério de avaliação e parâmetro orientador da interpretação do sistema constitucional (Artigo 1º. III). Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: [...] III - a dignidade da pessoa humana; E no que diz respeito a igualdade a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º disciplina que: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo- se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: A Constituição de 1988 avançou extraordinariamente na consolidação dos direitos e garantias fundamentais, sendo o documento de direitos humanos mais abrangente e detalhado já adotado no Brasil. No âmbito da Constituição, esse processo culminou na “Carta de Mulheres Brasileiras aos Constituintes”, que comtemplava as principais demandas do movimento de mulheres a partir de amplas discussões e debates nacionais. O movimento feminista brasileiro foi fundamental no processo de mudança legislativa e social, denunciando desigualdades, propondo políticas públicas, atuando junto ao Poder Legislativo e, também, na interpretação da lei. No que diz respeito, aos direitos humanos a dignidade da pessoa humana constitui a base axiológica dos direitos fundamentais previsto na Constituição Federal de 1988. Logo, agressões e humilhações praticadas contra a mulher é uma indiscutível violação aos direitos humanos. Na verdade, a justiça exige que a igualdade jurídica se torne um paradigma que possa garantir um tratamento igual e eficaz para todas as pessoas. No entanto, se os direitos declarados não surtirem efeito e não forem realizados, o Estado tem a responsabilidade de garantir maior proteção aos grupos vulneráveis, manter sua dignidade e prevenir abusos de poder, sejam eles políticos, econômicos, morais ou físicos. É este o sentido de dar proteção, não só às mulheres vítimas de violência, mas também às trabalhadoras nas relações trabalho-gestão, consumidores nas relações de consumo, bem como aos deficientes, idosos, crianças e adolescente nas relações sociais familiares e afetivas. Com a evolução dos direitos humanos, grupos desfavorecidos passaram a gozar de proteção diferenciada, por um lado, e a buscar o reconhecimento de sua própria singularidade, por outro. Enfatiza-se, que a busca pela proteção aos direitos humanos das mulheres percorreu um longo caminho desde a Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948, quandoo direito internacional dos Direitos Humanos começa a se desenvolver com adoção de variados instrumentos internacionais de proteção, na sequência houve uma cruzada internacional para a promoção dos direitos a igualdade das mulheres, bem como a repressão e eliminação de todas as formas de discriminação. Entre alguns dos instrumentos internacionais dos quais o estado brasileiro é signatário entre outros, destaca-se: A convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra a mulher- Cedaw (Mexico, 1975); Convenção internacional para prevenir punir e erradicar a violência contra a mulher - Convenção de Belém do Pará” (Brasil, 1994); Convenção Interamericana sobre a Concessão dos Direitos Políticos à Mulher (Bogtá,1948); Conferência mundial da ONU sobre mulheres igualdade desenvolvimento e paz (Beijim, China 1995). Não se pode perder de vista, que Direitos Humanos é o conjunto de garantias e valores universais que tem como objetivo garantir a dignidade, ou seja, são direitos garantidos à pessoa pelo simples fato de ser humana. São direitos humanos básicos: direito à vida, à liberdade de expressão de opinião e de religião, direito à saúde, à educação e ao trabalho. A Declaração direitos humanos afirma que todos os seres humanos, seja qual for a raça, credo ou sexo, têm direito ao progresso material e desenvolvimento espiritual em liberdade e dignidade, em segurança econômica e com oportunidades iguais. Artigo 1° Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade A Declaração Universal dos Direitos Humanos, deixa claro que todos os seres humanos devem ser tratados com dignidade e respeito e devem ter as mesmas oportunidades para se desenvolverem como pessoa humana. 4.1 Princípio da igualdade O princípio da igualdade prevê a igualdade de aptidões e de possibilidades virtuais dos cidadãos de gozar de tratamento isonômico pela lei. Por meio desse princípio são vedadas as diferenciações arbitrárias e absurdas, não justificáveis pelos valores da Constituição Federal. A igualdade é elemento essencial da equidade que pode ser definida como sendo uma forma de justiça que vai além da lei escrita. Vejamos a redação do artigo Art. 5º, da CF: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes [...]. O princípio da igualdade na Constituição Federal de 1988 encontra-se representado, exemplificativamente nos artigos: Artigo 4º, inciso VIII, que dispõe sobre a igualdade racial; Artigo 5º, incisos I, VIII, XXXVIII que trata da igualdade entre os sexos, a igualdade de credo religioso e a igualdade jurisdicional; Artigo 7º, inciso XXXII, que versa sobre a igualdade trabalhista; Artigo 14, que dispõe sobre a igualdade política; Artigo 150, inciso III, que disciplina a igualdade tributária. O princípio da igualdade pressupõe que as pessoas colocadas em situações diferentes sejam tratadas de forma desigual. “Dar tratamento isonômico às partes significa tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na exata medida de suas desigualdades”. (NERY JUNIOR, 1999, p. 42). O princípio constitucional da igualdade, exposto no artigo 5º, da Constituição Federal, traduz-se em norma de eficácia plena, cuja exigência é incontestável, pois seu cumprimento independe de qualquer norma regulamentadora. Além do tratamento diferenciado na Constituição Federal, poderá ser prevista, na legislação infraconstitucional, em ações, políticas e programas estatais, a discriminação positiva das mulheres, com o intuito de afirmar sua igualdade. Nesse contexto, foram publicadas diversas leis dando um tratamento diferenciado e não discriminatório à mulher, entre elas a Lei 11.340/06, que dispõe sobre a violência doméstica e familiar contra a mulher, sob o enfoque não somente da repressão ou punição, mas, sobretudo, da prevenção e erradicação da violência de gênero. 5 Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) A lei e composta por 46 artigos distribuídos em sete títulos, sendo que 5 artigos possuem natureza criminal. Todos os demais dispositivos legais da Lei Maria da Penha ocupam-se da prevenção da violência de gênero (seja evitando que o crime aconteça, seja buscando instrumentos para que ele não se repita). Vejamos o disposto no artigo 1º da referida lei: Art. 1º Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros tratados internacionais ratificados pela República Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de violência doméstica e familiar. Destaca-se que sempre que temos, na norma legal, esse tipo de preocupação, ela se caracteriza por ser de política criminal. Ressalta que a norma penal incide quando o fato criminoso já aconteceu (no mínimo, na forma tentada), ou seja, quando o bem jurídico já sofreu a lesão (ou o perigo de lesão). 5.1 Contextualização Histórica A Lei nº 11.340/2006, popularmente conhecida como Lei Maria da Penha, teve inspiração na Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher. O nome popular atribuído à referida lei advém de importante expoente no combate à violência doméstica, a farmacêutica brasileira Maria da Penha Maia Fernandes, que batalhou para que seu agressor, marido à época dos fatos, restasse processado e punido. No ano de 1983, Maria da Penha sofreu duas tentativas de homicídio praticadas por seu marido, o professor colombiano Marco Antonio Heredia Viveros. Na primeira tentativa, foi alvejada por tiros enquanto dormia, restando paraplégica em razão dos disparos. Para acobertar o crime, simulou seu marido um assalto à residência. Na segunda ocasião, após retornar para casa, seu marido tentou eletrocutá-la durante o banho. Diante da à impunidade de seu agressor e da morosidade da Justiça local, buscou a vítima a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (Organização dos Estados Americanos – OEA). Seu caso apresentado à OEA deu origem ao Relatório nº 54/2001, responsabilizando o Brasil por negligência, omissão e tolerância em relação à violência doméstica. Apesar da responsabilização, vale destacar que a Lei Maria da Penha, somente entrou em vigor em setembro de 2006. A lei trouxe o necessário debate acerca da violência doméstica no Brasil, realidade antes ignorada por uma grande parcela da sociedade. Estudos apontam dados alarmantes sobre o tema, uma em cada quatro mulheres acima de 16 anos afirma ter sofrido algum tipo de violência no último ano no Brasil. Isso significa que cerca de 17 milhões de mulheres (24,4%) sofreram violência física, psicológica ou sexual no último ano. A porcentagem representa estabilidade em relação à última pesquisa, de 2019, quando 27,4% afirmaram ter sofrido alguma agressão. Segundo a pesquisa Datafolha, 73,5% da população acredita que a violência contra as mulheres aumentou no último ano e 51,5% dos brasileiros relataram ter visto alguma situação de violência contra a mulher nos últimos doze meses. Para saber mais sobre quem é Maria da Penha acesse o link: Quem é Maria da Penha - Instituto Maria da Penha O caso Maria da Penha é representativo da violência doméstica à qual milhares de mulheres são submetidasem todo o Brasil. 5.3 Conceito de violência domestica O conceito de violência doméstica e familiar contra a mulher é extraído do art. 5º, da Lei nº 11.340/2006, como qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e moral ou patrimonial. “Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; https://www.institutomariadapenha.org.br/quem-e-maria-da-penha.html https://www.institutomariadapenha.org.br/quem-e-maria-da-penha.html II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual. ” Destaca-se que, a palavra violência é aplicada em sentido amplo, englobando não só o constrangimento físico, mas também o constrangimento moral. De forma geral, busca a legislação coibir a opressão da mulher, especialmente quando se encontra em seu lar. Contudo, torna-se necessário cautela na análise dos fatos, uma vez que nem toda violência praticada contra uma vítima mulher necessariamente se enquadrará em hipótese de violência doméstica e familiar, sendo imprescindível a verificação dos agentes envolvidos nos fatos e seus vínculos domésticos ou familiar. A violência doméstica e familiar contra a mulher que poderá ser praticada nos seguintes âmbitos: Unidade doméstica: Trata-se do local onde há o convívio permanente de pessoas, ainda que sem vínculo familiar, em ambiente familiar. Neste conceito se englobam as pessoas esporadicamente agregadas (ex. sobrinha, enteada, etc.). Família: como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; Relação íntima de afeto: na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. 5.4 Formas de violência doméstica e familiar Em regra, a violência contra a mulher é caracterizada por qualquer conduta (ação ou omissão) de discriminação, agressão ou coerção, ocasionada pelo simples fato de a vítima ser mulher e que cause danos, morte, constrangimento, limitação, sofrimento físico, sexual, moral, psicológico, social, político ou econômico ou perda patrimonial. Vejamos as formas de violência disposta no artigo 7º da Lei nº 11.340/2006: “Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras: I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal; II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, violação de sua intimidade, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação; III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos; IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades; V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria. “ As cinco formas de violência mencionadas expressamente na Lei: física, psicológica, sexual, patrimonial e moral, trata-se de rol meramente ilustrativo, visto que o dispositivo faz menção a expressão “entre outras”. 5.5 Assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar será prestada de forma articulada e conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública, entre outras normas e políticas públicas de proteção, e emergencialmente quando for o caso (artigo 9º, Lei 11.340/206). Nos termos do artigo 9º, § 1º e § 2º da lei, o juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher em situação de violência doméstica e familiar no cadastro de programas assistenciais do governo federal, estadual e municipal e assegurará à mulher em situação de violência doméstica e familiar, para preservar sua integridade física e psicológica. Providências legais – Exemplos: I - acesso prioritário à remoção quando servidora pública, integrante da administração direta ou indireta; II - manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do local de trabalho, por até seis meses. III - encaminhamento à assistência judiciária, quando for o caso, inclusive para eventual ajuizamento da ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de união estável perante o juízo competente. A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar compreenderá o acesso aos benefícios decorrentes do desenvolvimento científico e tecnológico, incluindo os serviços de contracepção de emergência, a profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos necessários e cabíveis nos casos de violência sexual (§ 3º, art.9º). A lei ainda dispõe, que aquele que por ação ou omissão, causar lesão, violência física, sexual ou psicológica e dano moral ou patrimonial a mulher fica obrigado a ressarcir todos os danos causados, inclusive ressarcir ao Sistema Único de Saúde - SUS (§ 4º, art.9º). Também serão ressarcidos pelo agressor os custos referentes aos dispositivos de segurança destinados ao uso em caso de perigo iminente e disponibilizados para o monitoramento das vítimas de violência doméstica ou familiar amparadas por medidas protetivas (§, 5º, art. 9º). É importante deixar esclarecido, que o ressarcimento dos custos de que trata a lei não poderá importar ônus de qualquer natureza ao patrimônio da mulher e dos seus dependentes, nem configurar atenuante ou ensejar possibilidade de substituição da pena aplicada. Ressalta, que a mulher em situação de violência doméstica e familiar tem prioridade para matricular seus dependentes em instituição de educação básica mais próxima de seu domicílio, ou transferi-los para essa instituição, mediante a apresentação dos documentos comprobatórios do registro da ocorrência policial ou do processo de violência doméstica e familiar em curso, sendo garantido o sigilo dos dados da ofendida e de seus dependentes matriculados ou transferidos e o acesso a tais informaçõesserá reservado ao juiz, ao Ministério Público e aos órgãos competentes do poder público (§ 7º, 8º, art. 9º). 5.6 Atendimento pela autoridade policial Deverá a autoridade policial, na hipótese da iminência ou da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher adotar as providências legais. Providências legais – Exemplos: I. Garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de imediato ao Ministério Público e ao Poder Judiciário; II. Fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local seguro, quando houver risco de vida; III. Se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus pertences do local da ocorrência ou do domicílio familiar. Vejamos o disposto no artigo 10 e seguintes da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 – lei maria da penha: Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, a autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência adotará, de imediato, as providências legais cabíveis. Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste artigo ao descumprimento de medida protetiva de urgência deferida. Art. 10-A. É direito da mulher em situação de violência doméstica e familiar o atendimento policial e pericial especializado, ininterrupto e prestado por servidores - preferencialmente do sexo feminino - previamente capacitados. § 1º A inquirição de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou de testemunha de violência doméstica, quando se tratar de crime contra a mulher, obedecerá às seguintes diretrizes: I - salvaguarda da integridade física, psíquica e emocional da depoente, considerada a sua condição peculiar de pessoa em situação de violência doméstica e familiar II - garantia de que, em nenhuma hipótese, a mulher em situação de violência doméstica e familiar, familiares e testemunhas terão contato direto com investigados ou suspeitos e pessoas a eles relacionadas; III - não revitimização da depoente, evitando sucessivas inquirições sobre o mesmo fato nos âmbitos criminal, cível e administrativo, bem como questionamentos sobre a vida privada; § 2º Na inquirição de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou de testemunha de delitos de que trata esta Lei, adotar-se-á, preferencialmente, o seguinte procedimento; I - a inquirição será feita em recinto especialmente projetado para esse fim, o qual conterá os equipamentos próprios e adequados à idade da mulher em situação de violência doméstica e familiar ou testemunha e ao tipo e à gravidade da violência sofrida; II - quando for o caso, a inquirição será intermediada por profissional especializado em violência doméstica e familiar designado pela autoridade judiciária ou policial; III - o depoimento será registrado em meio eletrônico ou magnético, devendo a degravação e a mídia integrar o inquérito; Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, a autoridade policial deverá, entre outras providências: I - garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de imediato ao Ministério Público e ao Poder Judiciário; II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto Médico Legal; III - fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local seguro, quando houver risco de vida; IV - se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus pertences do local da ocorrência ou do domicílio familiar; V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços disponíveis, inclusive os de assistência judiciária para o eventual ajuizamento perante o juízo competente da ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de união estável. Não se pode perder de vista, que além do sistema de prevenção, a Lei Maria da Penha também conta com o sistema jurídico de combate e o sistema jurídico de repressão a violência doméstica e familiar. 5.7 Medidas Protetivas de Urgência As medidas protetivas de urgência possuem natureza jurídica cautelar (prevenir) e objetivam proteger as vítimas de violência doméstica. Tais medidas encontram-se dispostas nos artigos 22 a 24, da Lei nº 11.340/2006. Para a concessão de tais medidas, são necessários os seguintes requisitos: Demonstração de indícios do cometimento de violência doméstica ou familiar contra a mulher. Risco concreto à vítima ou a terceiro. Entre as medidas protetivas, temos as medidas que obrigam o agressor (art. 22) e as medidas protetivas à ofendida (arts. 23 e 24). Como exemplos podemos citar: Medidas protetivas que obrigam o agressor – art. 22: I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente, nos termos da II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida; III - proibição de determinadas condutas, entre as quais: a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor; b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação; c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida; IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar; V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios. VI –comparecimento do agressor a programas de recuperação e reeducação; VII – acompanhamento psicossocial do agressor, por meio de atendimento individual e/ou em grupo de apoio [...]; Medidas protetivas à ofendida – arts. 23 e 24: Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas: I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitário de proteção ou de atendimento; II - determinar a recondução da ofendida e a de seus dependentes ao respectivo domicílio, após afastamento do agressor; III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos; IV - determinar a separação de corpos. V - determinar a matrícula dos dependentes da ofendida em instituição de educação básica mais próxima do seu domicílio, ou a transferência deles para essa instituição, independentemente da existência de vaga. Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade conjugal ou daqueles de propriedade particular da mulher, o juiz poderá determinar, liminarmente, as seguintes medidas, entre outras: I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à ofendida; II - proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra, venda e locação de propriedade em comum, salvo expressa autorização judicial; III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor; IV - prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e danos materiais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a ofendida. Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório competente para os fins previstos nos incisos II e III deste artigo. Destaca-se que as medidas protetivas poderão ser concedidas tanto durante a fase de inquérito policial quanto na fase processual, sendo possível a aplicação destas de forma isolada ou cumulativa. O rol de medidas protetivas listadas pela Lei é exemplificativo, não havendo óbice na concessão de medida não listada na Lei. O deferimento de ofício das medidas protetivas apenas é possível durante o curso da ação penal, sendo necessário o pedido da parte (vitima) ou o requerimento do Ministério Público durante a fase inquisitorial. É importante deixar esclarecido, que antes da edição da Lei nº 13.827/2019, a medida protetiva somente poderia ser concedida pela autoridade judicial, sem a existência de exceções. Com a inovação legislativa criou-se uma exceção, permitindo aconcessão da medida protetiva de afastamento do lar pelo Delegado de Polícia ou pelo policial, dentro das restritas hipóteses legais. Como regra, a medida de afastamento do agressor do lar será determinada pela autoridade judicial (Juiz), mas poderá, excepcionalmente, ser deferida pelo Delegado de Polícia, quando o Município em questão não for sede de comarca, ou pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não houver delegado disponível no momento da denúncia. Vejamos o disposto nos artigos 12-C, da nº 11.340/2006: Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física ou psicológica da mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes, o agressor será imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida: I - pela autoridade judicial; II - pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede de comarca; III - pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não houver delegado disponível no momento da denúncia. Na hipótese de concessão da medida por Delegado ou por policial, deverá a autoridade judicial ser comunicada no prazo máximo de 24 horas e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou revogação da medida, dando ciência ao Ministério Público concomitantemente. 5.8 Descumprimento da medida protetiva Antes da Lei nº 13.641/18 – O descumprimento de medida protetiva não configurava crime, apenas: Execução da multa eventualmente imposta Decretação de sua prisão preventiva Nesta situação, considerando a existência de sanção civil (multa) ou sanção processual penal (prisão preventiva), nem mesmo o crime de desobediência era possível ser imputado Após a edição da Lei nº 13.641/18, com a inclusão do artigo 24-A, na lei 11.340/2006, houve a criação de um tipo penal específico para a conduta de descumprimento de medidas protetivas impostas: “Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência previstas nesta Lei: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. “ Trata-se o crime criado de um tipo específico de desobediência, sendo o único crime previsto no âmbito da Lei nº 11.340/2006. Importante frisar que o descumprimento da decisão judicial poderá ser feito mediante conduta comissiva (ex: viola ordem proibindo que se aproxime da vítima), ou conduta omissiva (ex: deixa de prestar os alimentos provisionais ou provisórios fixados. 5.9 Alteração legislativa - nº 14.188, de 28 de julho de 2021 Não podíamos de deixar de trazer mais uma alteração legislativa sobre tema violência doméstica no nosso ordenamento jurídico. Com a alteração trazida pela Lei nº 14.188, de 28 de julho de 2021, a legislação contra violência doméstica fica mais dura para agressores. A Lei nº 14.188/2021, prevê que agressores sejam afastados imediatamente do lar ou do local de convivência com a mulher em casos de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física da vítima ou de seus dependentes, ou se verificado o risco da existência de violência psicológica. Destaca-se, que o texto da lei modifica trechos do Código Penal, na Lei de Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/90) e na Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006). A norma prevê pena de reclusão de um a quatro anos para o crime de lesão corporal cometido contra a mulher "por razões da condição do sexo feminino" e a determinação do afastamento do lar do agressor quando há risco, atual ou iminente, à vida ou à integridade física ou psicológica da mulher. É se a conduta praticada pelo agressor causar “dano emocional à mulher que a prejudique e perturbe seu pleno desenvolvimento ou que vise a degradar ou a controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, chantagem, ridicularização, limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que cause prejuízo à sua saúde psicológica e autodeterminação. Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a conduta não constitui crime mais grave. Outro ponto que lei estabelece, diz respeito ao programa de cooperação Sinal Vermelho, com a adoção do X vermelho na palma das mãos, como um sinal silencioso de alerta de agressão contra a mulher. A ideia é que, ao perceber esse sinal na mão de uma mulher, qualquer pessoa possa procurar a polícia para identificar o agressor. Por fim, a Lei nº 14.188/2021, prevê ainda a integração entre os Poderes Executivo e Judiciário, o Ministério Público, a Defensoria Pública, os órgãos de Segurança Pública e entidades e empresas privadas para a promoção e a realização das atividades previstas, que deverão empreender campanhas informativas "a fim de viabilizar a assistência às vítimas", além de possibilitar a capacitação permanente dos profissionais envolvidos. 6. Políticas públicas para mulheres vítimas de violência As políticas públicas é conjunto de medidas adotadas com o objetivo de concretizar direitos e garantias fundamentais dos indivíduos ou coletividades, devem ser implementadas pelo Estado para atendimento dos direitos essenciais consagrados pela Constituição Federal. A política pública é um conjunto de medidas tomadas para realizar os direitos e garantias básicos de indivíduos ou grupos, e deve ser implementada pelo Estado para realizar os direitos básicos estipulados na Constituição Federal. Representa a concretização de direitos, exige ação do poder público e do Ministério Público, e cada vez mais a sociedade civil, por meio das entidades não governamentais e dos movimentos sociais. No tange, as políticas públicas para o enfrentamento da violência doméstica a Lei n. 11.340/2006, é, antes de tudo, uma norma diretiva de caráter preventivo, protetivo e de intervenção. Nela, há previsão de políticas preventivas, incluindo implementar ações que desconstruam mitos e estereótipos de gênero e que modifiquem os padrões sexistas, perpetuadores das desigualdades de poder entre homens e mulheres e da violência contra as mulheres. A Lei n.11.340/2006, inclui ações educativas e culturais que disseminem atitudes igualitárias e valores éticos de irrestrito respeito à diversidade de gênero, raça/etnia, geracionais e de valorização da paz. Recomenda ainda, campanhas educativas, programas educacionais e inclusão nos currículos escolares de todos os níveis de ensino, de conteúdos relativos aos direitos humanos, à equidade de gênero e de raça. A lei 11.340/2006, prescreve a implantação de políticas públicas em seus vários artigos, mais precisamente em três eixos: Proteção e Assistência; Prevenção e Educação; Combate e Responsabilização. A lei Maria da Penha como é chamada, sinaliza as medidas integradas de prevenção e de assistência quando a violência já não tenha podido ser evitada. Dispõe sobre a possibilidade de a vítima em situação de violência, iminente ou efetiva, ser assistida com medidas protetivas de urgência deferidas pela autoridade judiciária. Determina ainda a criação de equipes de atendimento multidisciplinar (arts. 29 a 32): Art. 29. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher que vierem a ser criados poderão contar com uma equipe de atendimento multidisciplinar, a ser integrada por profissionais especializados nas áreas psicossocial, jurídica e de saúde. Art. 30. Compete à equipe de atendimento multidisciplinar, entre outras atribuições que lhe forem reservadas pela legislação local, fornecer subsídios por escrito ao juiz, ao Ministério Público e à Defensoria Pública, mediante laudos ou verbalmente em audiência, e desenvolver trabalhos de orientação, encaminhamento, prevenção e outras medidas, voltados para a ofendida, o agressor e os familiares, com especial atenção às crianças e aos adolescentes. Art. 31. Quando a complexidade do caso exigir avaliação mais aprofundada, o juiz poderá determinara manifestação de profissional especializado, mediante a indicação da equipe de atendimento multidisciplinar. Art. 32. O Poder Judiciário, na elaboração de sua proposta orçamentária, poderá prever recursos para a criação e manutenção da equipe de atendimento multidisciplinar, nos termos da Lei de Diretrizes Orçamentárias. Em seu artigo 35, disciplina sobre a competência da União, Estados, Distrito Federal e Municípios a criação de centros de atendimento integral e multidisciplinar, além de casas-abrigo, para mulheres e seus dependentes, delegacias, defensorias públicas, serviços de saúde e centros especializados de médico-legal, programas e campanhas de enfrentamento e centros de educação e de reabilitação para os agressores. Vejamos: Art. 35. A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios poderão criar e promover, no limite das respectivas competências: I - centros de atendimento integral e multidisciplinar para mulheres e respectivos dependentes em situação de violência doméstica e familiar; II - casas-abrigos para mulheres e respectivos dependentes menores em situação de violência doméstica e familiar; III - delegacias, núcleos de defensoria pública, serviços de saúde e centros de perícia médico-legal especializados no atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar; IV - programas e campanhas de enfrentamento da violência doméstica e familiar; V - centros de educação e de reabilitação para os agressores. A lei 11.340/2006, em seu artigo 38, preconiza a elaboração de estatística sobre a violência doméstica e familiar. Prevê o comparecimento do agressor a programas de recuperação e reeducação. Vejamos: Art. 38. As estatísticas sobre a violência doméstica e familiar contra a mulher serão incluídas nas bases de dados dos órgãos oficiais do Sistema de Justiça e Segurança a fim de subsidiar o sistema nacional de dados e informações relativo às mulheres. Parágrafo único. As Secretarias de Segurança Pública dos Estados e do Distrito Federal poderão remeter suas informações criminais para a base de dados do Ministério da Justiça. Nesse contexto, a violência doméstica foi compreendida pela lei como problema que requer políticas públicas integrais para seu enfrentamento, não se resumindo à simples persecução criminal do autor: Deve a mulher ser atendida em serviços de saúde e de assistência psicossocial e não apenas na delegacia; As medidas protetivas para a mulher podem ser requeridas ao juiz de imediato pela autoridade policial ao tomar conhecimento da violência. Entre essas medidas estão as relacionadas ao agressor tais como: Proibição de contato e aproximação ou frequência a determinados lugares; Suspensão de porte arma; Afastamento do lar ou do local de convivência com a ofendida; Restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores; Prestação de alimentos provisórios, entre outras. E em relação à mulher, a lei traz um rol exemplificativa de medidas tais com: Encaminhamento da ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitário de proteção ou atendimento; Recondução da ofendida e a de seus dependentes ao domicílio, após afastamento do agressor; Proteção dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos; Separação de corpos. Além das medidas descritas acima temos medidas de assistência como: Inclusão da mulher em situação de risco em programas assistenciais do governo federal, estadual ou municipal; Acesso aos serviços de Defensoria Pública ou de assistência judiciária gratuita, em sede policial e judicial, mediante atendimento específico e humanizado. Destaca-se ainda a previsão legal de abrigos, cujos endereços são sigilosos, onde podem ser colocadas as mulheres e seus filhos, além de apoio psicológico, não só para vítima, mas também para os demais envolvidos. Por fim, a lei prevê intervenções terapêuticas em relação ao autor da agressão e criação de serviços especializados para sua reeducação e recuperação. Para saber mais sobre a Lei nº 11.340/2006, é só acessar o link disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm Referências Bibliográficas BIANCHINI, Alice. Lei Maria da Penha: Lei n.11.340/2006: Aspectos assistenciais, protetivos e criminais da violência de gênero. São Paulo: Saraiva, 2013. BUTKR, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. DANTAS, Paulo Roberto de Figueiredo. Curso de direito constitucional. 6. ed. - Indaiatuba, SP: Editora Foco, 2021. NERY JÚNIOR, Nélson. Princípios do processo civil à luz da Constituição Federal. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999 . NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal. Rio de Janeiro: Forense, 2017. SAFFIOTI, Heleieth. O poder do macho. São Paulo: Moderna, 1987. SAFFIOTI, Heleieth; ALMEIDA, Suely Souza. Violência de gênero: poder e impotência. Rio de Janeiro: Livraria e Editora Revinter, 1995. SVEN, Peterke; RAMOS, André de Carvalho. Manual prático de direitos humanos. Brasília: Escola Superior do Ministério Público da União, 2009. É HORA DA REVISÃO! Prezado (a) aluno (a), Enfim, chegamos ao final da disciplina de Direito da Mulher. Espero que tenha gostado da disciplina. Vamos relembrar os pontos mais importantes de cada tema. Então vamos lá? Opa, já estava me esquecendo de perguntar. Como foi o seu aproveitamento? Envolveu-se com os temas propostos? Fez as atividades? Agora sim podemos relembrar os pontos mais importantes de cada Unidade. Vamos lá! Na primeira parte, fizemos um breve relato sobre os direitos da mulher. Trabalhamos construção histórica do gênero, violência e violência de gênero. Na segunda parte, estudamos os direitos humanos. Aprendemos sobre os conceitos e vimos os principais dispositivos da Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha). Vimos as também as principais políticas públicas destinadas as mulheres vítimas de violência domestica Assim, chegamos ao final da disciplina, mas esse conteúdo não se esgota aqui. Você deverá completar seus estudos com o material complementar disponibilizado e referências bibliográficas indicadas. Antes de realizar a avalição regular, é necessário que faça a revisão dos conteúdos estudados, lendo o material da disciplina e assistindo o vídeo aulas e participando de fórum de discussão da disciplina. Conte comigo. Grande abraço e boa sorte! Professora Marizete Albino Marta É hora de relaxar! Que tal fazer aquela pipoca bem quentinha e assistir os filmes que vou te indicar agora. É só você rolar a seta com o seu mouse e escolher o filme que te chamar mais atenção e apertar o play. 01- As Sufragistas (2015): A história é do início do século XX, quando a primeira onda do movimento feminista lutava para conseguir seus direitos de voto e melhores condições de vida. A protagonista é uma lavadeira interpretada por Carey Mulligan. Sem formação política, a personagem estava habituada à opressão masculina e não questionava o sistema. Porém, aos poucos ela acorda desse transe social e passa a buscar seus direitos como cidadã. 02- The Testimony” (2015): É um documentário retrata o maior julgamento da história do Congo. Os réus são soldados acusados de estuprar suas concidadãs, mulheres que sofrem violências institucionalizadas em uma sociedade que pouco respeita o gênero. 03- A Dama de Ferro (2012): Margaret Tatcher foi a primeira mulher a ocupar o posto de primeiro-ministro do Reino Unido. Dirigido por Phyllida Lloyd, o filme é uma biografia da Dama de Ferro e mostra as dificuldades e os preconceitos que a inglesa sofreu para chegar ao cargo em um ambiente patriarcal. 04- Histórias Cruzadas (2011): Nos anos 1960, nos Estados Unidos, as mulheres afrodescendentes tinham de abandonar suasfamílias para servir a elite branca. Dirigido por Tate Taylor, o filme narra a história de uma dessas mulheres da elite que decide entrevistá- las para mostrar ao mundo suas histórias. 05- Terra Fria” (2006): Baseia-se em uma história real para retratar, uma mulher que era espancada pelo marido e o abandona para procurar um emprego e sustentar sozinha seus dois filhos. Ela encontra trabalho numa mineradora de ferro. É uma das poucas mulheres do lugar e acaba sofrendo abusos masculinos. Após muitas reclamações ignoradas pela empresa, Aimes entra com uma ação judicial contra a mineradora, que se torna na primeira ação coletiva por assédio sexual dos Estados Unidos. 06- Estrelas Além do Tempo (2017): A trajetória das matemáticas Katherine Johnson, Dorothy Vaughan e Mary Jackson emociona. Elas abriram espaço para mulheres afro- americanas na NASA, justamente no auge da corrida espacial travada entre Estados Unidos e Rússia durante a Guerra Fria. Elas se tornaram verdadeiras heroínas da nação. 07- Grandes Olhos: Conta a história da pintora e defensora das causas feministas, a norte- americana Margaret Keane enfrenta um de seus maiores desafios ao levar ao tribunal o próprio marido. Em um período em que o reconhecimento de um trabalho feminino era difícil, a artista aceita assinar com o sobrenome do marido e tem sua obra usurpada pela ganância dele.
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