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Apostila direito da mulher

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BEM-VINDO (A) À DISCIPLINA! 
 
 
 
Prezado (a) aluno (a) 
 
 
É com grande satisfação que apresento a você a disciplina de Direito da Mulher. 
Vamos mergulhar no mundo Direito da mulher para desvendar seus principais 
institutos. Aqui você encontrará materiais úteis para ampliar seus 
conhecimentos, revisar conteúdos e algumas avaliações de aprendizagens. 
 
O Nosso material de estudo foi estruturado para compreender os elementos 
constitutivos do Direito da mulher e a sua aplicabilidade. Para tanto, estudaremos a 
disciplina em duas partes. Sendo que na primeira parte estudaremos sobre a 
construção histórica do gênero, violência e violência de gênero e na segunda parte 
estudaremos noções de Direitos humanos, a Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) e 
as políticas públicas para mulheres vítimas de violência. 
 
A disciplina é composta por 3(três) avaliação sendo que duas será através de 
questionário e uma através de fórum. 
 
Recomendo que durante a realização de seu curso, você procure interagir com 
os textos, fazer anotações, responder todas às atividades disponibilizada no ambiente 
virtual no seu tempo, respeitando é claro o período de realização da disciplina, de 
acordo com o calendário do curso, participar ativamente dos fóruns 
 
Para finalizar essa mensagem é importante que ao final de cada conteúdo você 
completar seus estudos com o material complementar disponibilizado, realizar novas 
pesquisas sobre os assuntos tratados nas unidades temáticas, pois tais atividades lhe 
possibilitarão organizar o seu processo educativo e, assim, superar os desafios na 
construção de conhecimentos. 
 
Desejo a você um ótimo estudo. Espero atender às expectativas que sempre 
são criadas em torno desta disciplina e que você tenha um ótimo aprendizado. 
 
 
 
 
Forte abraço! 
Professora Marizete! 
 
 
 
1 Direito da mulher 
 
 
 
O fosso entre homens e mulheres foi 
estabelecido é percebido ao logo da história, nós 
somos "feitas do nada" e somos propriedade de nosso 
pai, marido e filhos. Por muito tempo, as mulheres não 
foram objeto de relações jurídicas, tampouco 
recebedoras de proteção, mas sim objeto da 
dominação masculina. 
 
Nosso direito universal era a obediência irrestrita. Nossa vontade, 
consentimento e autonomia dependiam da aquiescência da existência masculina. O 
direito das mulheres só passou a ser reconhecidos no país recentemente, após anos 
de luta e submissão das mulheres à uma estrutura de exclusão social. A partir da 
promulgação da Constituição Federal de 1988, que esses direitos passaram a ser 
garantidos com o estabelecimento da igualdade de gênero na legislação nacional. 
 
Ao longo do século XX, o movimento de mulheres levantou questões 
relacionadas ao reconhecimento de suas demandas específicas, a necessidade de 
maior participação no campo do poder e a efetiva igualdade de direitos entre homens 
e mulheres. A legislação em vigor constitui avanço alcançado ao longo de um século, 
envolvendo diferentes formas de luta das mulheres no Brasil e em quase todo o 
mundo. 
 
A legislação sobre as mulheres é muito extensa, dispersa em áreas como 
segurança, sociedade, trabalho, direito penal, direito civil e direito eleitoral. Os 
acordos, leis, decretos e regulamentos internacionais publicados mostram que uma 
ampla gama de legislações nacionais e internacionais que refletem as necessidades 
específicas das mulheres em diferentes áreas da vida social tem progredido. 
 
A Constituição Federal de 1988, é um marco histórico no processo de proteção 
dos direitos das mulheres, como podemos constatar nos dispositivos constitucionais 
que garantem que garantem, entre outras coisas, a proteção à maternidade (arts. 6º 
e 201, II); a licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com duração 
de 120 dias (art. 7º, XVIII); a proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante 
incentivos específicos, nos termos da lei (art. 7º, XX); a proibição de diferença de 
salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo (art. 7º, 
XXX); o reconhecimento da união estável (art. 226, § 3º) e como entidade familiar a 
comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes (art. 226, § 4º); a 
determinação de que os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal serão 
exercidos igualmente pelo homem e pela mulher (art. 226, § 5º); a constitucionalização 
do divórcio (art. 226, § 6º); o planejamento familiar (art. 226, § 7º) e a necessidade de 
coibir a violência doméstica (art. 226, § 8º). 
 
 A leis existentes retrata um pouco sobre a história do movimento pelos direitos da 
mulher e das lutas por igualdade e inclusão. Os desafios são ainda maiores, desde 
garantir a efetividade dos direitos conquistados até promover mudanças culturais na 
sociedade. Pensando nisso! Você sabe quais são os direitos das mulheres no 
Brasil e qual a sua importância para a nossa sociedade? 
 
 
2. A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO GÊNERO 
 
 
 
Desde cedo, nós, mulheres, 
aprendemos a dolorosa lição do status de 
subordinada. Temos um lugar no mundo, 
mas este não é o nosso espaço real. A 
posição que nos foi dada não nos 
representa. O que é oferecido é mais uma 
questão de condescendência do que de 
reconhecimento. 
 
É preciso desacreditar esse lugar, e 
erradicar esse ambiente que nos foi 
imposto, para que se construa um lugar igualitário para celebrar as mulheres. 
 
Ao logo da história as mulheres sempre estiveram sujeitas a leis, 
regulamentos e controles criado por homens. Esse domínio não se deu de uma noite 
para o dia, passou por um complexo e continuo processo, envolvendo uma variedade 
de questões sociais, culturais, políticas e econômicas. 
 
Para alcançar sua autonomia como indivíduo possuidor de direitos a mulher 
teve que travar uma longa, árdua e incansável luta para ser reconhecida como 
cidadã. Ressalta que a cidadania diz respeito não só a conquista de direitos, mas a 
manutenção destes e a conquistas de novos direitos individuais e coletivos. 
 
Nesse contexto, os movimentos feministas e de mulheres tem sido de suma 
importância no processo de construção dessa cidadania. O posicionamento crítico 
diante das contradições e limitações trouxeram grandes contribuições históricas, 
sobretudo na conquista dos direitos civis. 
 
A luta das mulheres durante os séculos XIX, XX e início do século XXI tem sido 
fundamental para o processo de transformação da mentalidade, da cultura, dos 
costumes e das legislações. Todo esse processo só se confirmou após uma parcial 
superação das diferenças entre os sexos. 
 
 O reconhecimento da distribuição dos poderes entre os sexos, a reconstrução 
histórica do processo inicial do domínio do homem sobre a mulher na modernidade é 
crucial para que avanços sejam alcançados. 
 
Não e difícil observar que homens e mulheres não ocupam posições iguais na 
sociedade. A identidade social da mulher, assim como a do homem, e construída 
através da atribuição de distintos papeis, que a sociedade espera ver cumpridos pelas 
diferentes categorias de sexo. 
 
A sociedade delimita, com bastante precisão, os campos em que pode operar 
a mulher, da mesma forma como escolhe os terrenos em que pode atuar o homem. A 
relação entre os gêneros são construções históricas, culturais, formuladas a partir das 
experiências humanas (costumes, leis, religião e política). 
 
 
No passado a mulher ocupava posição equivalente à do escravo no sentido 
de que tão somente estes executavam trabalhos manuais, extremante desvalorizados 
pelo homem livre. A mulher tinha como função primordial a reprodução da espécie 
humana, ela não só gerava, amamentava e criava os filhos, como produzia tudo aquilo 
que era diretamente ligado a subsistência do homem: fiação, tecelagem, alimentação. 
Exercia também trabalhos pesados como a extração de minerais e o trabalho agrícola. 
 
Essa divisão de atividades correspondia valorização diversas.O "fora de casa", 
onde se desenvolvia as atividades consideradas mais nobres como a filosofia, política 
e artes era campo masculino. Estando assim limitando o horizonte da mulher, que era 
excluída do mundo do pensamento, do conhecimento tão valorizado pela civilização 
grega. 
 
No que se refere a civilização romana, seu código legal, por sua vez, legitima, 
com a instituição jurídica do parterfamilias, a que quem era atribuído todo o poder 
sobre a mulher, filhos, servos e escravos. O discurso com diferentes culturas tem 
procurado assegurar a sujeição da mulher, revelam, ao mesmo tempo, a dimensão de 
sua resistência. 
 
 No ano 195 D. C., mulheres dirigiram-se ao senado romano protestando contra 
a sua exclusão do uso de transporte público que era privilégios masculino e a 
obrigatoriedade de se locomoverem a pé. 
 
Vale lembrar, que em algumas civilizações não havia divisão de tarefas. 
Inexistia o controle de um sexo sobre o outro na realização de tarefas ou nas tomadas 
de decisões. As mulheres participavam ativamente das discussões em que estavam 
em jogo os interesses da comunidade. 
 
Durante os primeiros séculos da idade média, enquanto não haviam sido 
reintroduzidos os princípios da legislação romana o que ocorreu século XIII, as 
mulheres gozavam de alguns direitos, garantidos pela lei e pelos costumes. Assim 
quase todas as profissões eram-lhes acessíveis, bem como o direito de propriedade 
e de sucessão. 
 
Entretanto, o trabalho feminino sempre recebeu remuneração inferior ao do 
homem. Esta desvalorização, por outro lado, provocou a hostilidade dos trabalhadores 
homens contra o trabalho da mulher, pois a competição rebaixava o nível salarial 
geral. 
 
 E como consequência disso, no ano de 1344, surgiram restrições a 
participação da mulher no mercado de trabalho, quando a corporação de alfaiates 
proibiu seus membros de empregarem mulheres que não fossem suas esposas e 
filhas. A intensa participação da mulher no mercado de trabalho durante a idade média 
não lhe conferia prestigio social. 
 
Para saber mais sobre a luta das mulheres por igualdade recomento o 
documentário: She's Beautiful When She's Angry – Legendado em Português. 
Disponível no youtuber: https://youtu.be/5FlVqxinrwo 
 
Esse documentário relembra a segunda onda do movimento feminista dos 
Estados Unidos, que ocorreu durante as décadas de 1960 e 1970 
 
 
2.1 Rompendo o silêncio 
 
 
 
 
No século XVII, na América acontece as 
revoluções empregada por ideias de 
insubordinação e por mudanças concretas na 
organização social do pais. E nesse período surge 
à figura de Ann Hutchinson, uma das primeiras 
vozes de insurreição feminina que a história 
americana registra. 
 
Ann, consagrou em torno de si uma 
comunidade que se reunia para ouvir suas 
pregações. Ela afirmava que o homem e a mulher foram criados iguais por Deus, 
contrariando assim os dogmas Calvinistas da superioridade masculina. 
 
Na França as mulheres revolucionarias que participaram ativamente ao lado 
dos homens nos processos revolucionários não viram às conquistas politicas 
estenderem-se ao sexo feminino. É nesse momento histórico que o feminismo adquire 
características de uma pratica de ação política organizada. Reivindicando seus 
direitos de cidadania frente aos obstáculos que os contrariam, a mulher assume um 
discurso próprio, que afirma especialidade da luta da mulher. 
 
A ampla participação das mulheres na vida pública durante o período 
revolucionário foi fundamental, elas redigiram manifestos, mobilizaram-se em motins 
contra carestia, participavam dos principais eventos da revolução e formaram clubes 
políticos. 
 
Os anos de 1930 e 1940, representa um período em que, formalmente, as 
reivindicações das mulheres haviam sido atendidas, elas podiam votar e ser votadas, 
ingressar nas instituições escolares, participar do mercado de trabalho. Ressalta, que 
o direito ao sufrágio foi uma reivindicação presente em diferentes países entre o 
século XIX e a primeira metade do século XX. 
 
O sistema social e político observou de alguma forma, estas conquistas, que 
implicaram no reconhecimento de cidadania das mulheres. Nestas décadas ocorre um 
refluxo na organização das mulheres. A afirmação da igualdade entre os sexos vai 
confluir com as necessidades econômicas do período. Valorizou-se mais do que 
nunca, participação da mulher na esfera do trabalho, momento em que se torna 
necessário liberar a mão de obra masculina para as frentes de batalha. 
 
E com o final da guerra e o retorno da força de trabalho masculina, que a 
ideologia que valoriza a diferenciação de papeis por sexo, atribuição a condição 
feminina o espaço doméstico, é fortemente reativada, no sentido de retirar a mulher 
do mercado de trabalho para ceder o lugar aos homens. 
 
Por fim, a partir da década de 60, o feminismo incorpora, portanto, outras 
frentes de luta pois, além das reivindicações voltadas para desigualdade no exercício 
 
 
de direitos políticos, trabalhistas, civil, questiona também as raízes culturais destas 
desigualdades. 
 
É através de lutas constantes por seus direitos, as mulheres trabalhadoras 
rompem o silêncio e projetaram suas reivindicações na esfera pública. E denuncia, 
desta forma a mística de um eterno feminino, ou seja, a crença na inferioridade 'natural 
da mulher, calcada em fatores biológicos. 
 
 
Para saber mais sobre o movimento de mulheres recomendamos o 
filme – As Sufragistas. 
 
O filme retrata o início da luta do movimento feminista e os métodos 
incomuns de batalha. A história das mulheres que enfrentaram seus 
limites na luta por igualdade e pelo direito de voto. 
 
 
 
3 Violência e violência de gênero. 
 
 
 A violência masculina contra mulher 
manifesta-se em todas as sociedades falocentricas. 
Como todas o são, em maior ou menor medida, 
verifica-se a onipresença deste fenômeno. 
 
Embora na socialização feminina estejam 
sempre presentes a suspeita contra desconhecidos 
e a prevenção de uma eventual aproximação como 
estes elementos, os agressores de mulheres são, 
geralmente, parentes ou pessoas conhecidas, que 
se aproveitam da confiança desfrutada junto a sua 
vítima. 
 
A violência é um problema que assola a 
sociedade desde seus primórdios. Um dos tipos de violência que, infelizmente, 
persiste ao longo da história é a violência contra a mulher. Trata-se uma prática 
enraizada e de difícil combate, por diversas razões como: 
 
 Vergonha por parte das vítimas; 
 Heranças culturais; 
 Dependência da vítima em relação ao agressor. 
 
Esse tipo de violência, é o crime que menos recebe denúncias a nível mundial. 
Isso acontece não só por vergonha, mas para defender outras pessoas da casa contra 
os mesmos atos. 
 
 
 
 
 
 
3.1 Tipos de violência 
 
Existem diversos tipos de violência contra a mulher, violência física, sexual, 
patrimonial e psicológica. 
 
Violência Física 
 
Consiste em ações que causam danos a integridade física da 
mulher. Exemplo; bater, chutar, espancar entre outros 
Violência Psicológica 
 
pode ser emocional ou verbal e consiste em atitudes e ações que 
provocam mal estar e sofrimento psicológico, tais como; 
intimidar, insultar, ameaçar, entre outros. 
Violência Sexual 
 
Consiste em ações em que a mulher é forçada a pratica sexual, 
mediante ameaças ou agressões físicas, em momentos, lugares 
ou formas não desejadas, como por exemplo; estupro e atentado 
violento ao pudor. 
Violência Patrimonial 
 
Consiste em práticas não legais ou não éticas que causem 
prejuízos à mulher em seus direitos patrimoniais. 
 
Um tipo de violência em que comumente a vítima é mulher é a violência 
doméstica. Tantos foram os casos que atualmente existe uma lei específica sobre 
essa questão. 
 
3.2 Violência de gênero 
 
A violência de gênero e uma questão de ordem política, e um atentado aos 
direitos humanos e tem-se constituído em um grande problema social. O gênero e 
constitutivo das relações sociais, a violência e constitutivada ordem falocratica. Por 
conseguinte, o gênero informado pela desigualdade social, pela hierarquização e até 
pela lógica da complementaridade traz embutida a violência. 
 
O conceito de gênero indica que os papeis impostos as mulheres e aos 
homens, consolidados ao longo da história e reforçados pelo patriarcado, pela 
dominação masculina e pela ideologia. Induzem relações violentas entre os sexos e 
indica que a pratica desse tipo de violência não é fruto da natureza, senão do processo 
de socialização das pessoas. 
 
A Lei Maria da Penha, estabelece os estreitos âmbitos de sua 
aplicação: violência contra a mulher baseada no gênero, perpetuada no contexto 
doméstico, familiar ou de uma relação íntima de afeto. Frisa-se, que não é qualquer 
violência contra a mulher que enseja a aplicação da Lei Maria da Penha, mas somente 
daquela baseada no gênero (art. 5º, caput). Vejamos: 
 
Art. 5o Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar 
contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause 
morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou 
patrimonial. 
 
Para Bianchini (2015, p. 31), toda violência de gênero e uma violência contra a 
mulher, mas o inverso não é verdadeiro. Exemplo: mulher e baleada por seu 
companheiro. Motivo: ela iria delata-lo a polícia. Não se aplica a Lei Maria da Penha, 
pois não há uma questão de gênero. 
 
 
 
É importante destacar, que a violência de gênero envolve uma determinação 
social dos papeis masculino e feminino. Toda sociedade pode atribuir diferentes 
papeis ao homem e a mulher. O problema e quando a tais papeis são atribuídos pesos 
com importâncias diferenciadas. 
 
Para Maria Amélia Teles e Monica de Melo, a violência de gênero representa 
“uma relação de poder de dominação do homem e de submissão da mulher. Isso 
demonstra que os papeis impostos as mulheres e aos homens, consolidados ao longo 
da história e reforçados pelo patriarcado e sua ideologia, induzem relações violentas 
entre os sexos” 
 
Quando se estabelecem diferenças, quem tem o poder de estabelece-las toma-
se por referência neutra, e o diferente torna-se objeto de controle, para ser eliminado 
ou inferiorizado, e sobre ele incidira a violência considerada eficiente para tal objetivo. 
 
Em se tratando de controle da mulher, essa violência incide quase como 
controle total, dada a situação de afeto, intimidade, convivência e continuidade que 
caracteriza a relação de poder desigual decorrente do sistema de desigualdade de 
gêneros. Os papeis sociais atribuídos a homens e a mulheres são acompanhados de 
códigos de conduta introjetados pela educação diferenciada que atribui o controle das 
circunstancias ao homem. 
 
Tais circunstancias são administradas com a participação das mulheres, o que 
tem significado ditar-lhes rituais de entrega, contenção de vontades, recato sexual, 
vida voltada a questões meramente domesticas, priorização da maternidade. 
 
Diversos estudos demonstram que a submissão decorre de condições 
concretas (físicas, psicológicas, sociais e econômicas) a que a mulher se encontra 
submetida/enredada, exatamente por conta do papel que lhe e atribuído socialmente. 
Ha que se ressaltar, ainda, que a violência de gênero e uma espécie de violência 
contra a mulher que, por sua vez, e uma espécie de violência doméstica. 
 
3.3 Ciclo da violência 
 
A violência doméstica funciona como um sistema circular. O chamado Ciclo da 
Violência Doméstica se apresenta como regra geral em três fases: 
 
 
1ª) aumento de tensão: as tensões acumuladas 
no quotidiano, as injúrias e as ameaças tecidas pelo 
agressor, criam, na vítima, uma sensação de perigo 
eminente. 
2ª) ataque violento: o agressor maltrata física e 
psicologicamente a vítima; estes maus-tratos 
tendem a escalar na sua frequência e intensidade. 
3ª) lua-de-mel: o agressor envolve agora a vítima 
de carinho e atenções, desculpando-se pelas 
agressões e prometendo mudar . 
 
 
 
 
De acordo com as pesquisas sobre violência doméstica o que leva as mulheres 
a não denunciar a agressão feitas por seus companheiros é: 
 
 Preocupar-se com a criação dos filhos; 
 Depender financeiramente do agressor 
 Não existir punição; 
 Ter vergonha da agressão; 
 Acreditar que seria a última vez entre outras. 
 
O fato é que agressões e humilhações praticadas contra mulheres é uma 
Indiscutível violação aos direitos fundamentais. No entanto essas práticas violentas 
se apresentam a muitos séculos de maneira intensa e multifacetada. 
 
 
4. Noções de Direitos humanos 
 
 
 A Constituição Federal de 1988 
simboliza o arcabouço jurídico do país 
para a transição democrática e a 
institucionalização dos direitos 
humanos. O texto constitucional 
marcou a ruptura com o sistema militar 
e político autocrático instituído em 
1964, e materializa o consenso 
democrático da “pós-ditadura”. 
 
 Após 21 anos de governo 
autoritário, a Constituição visa salvar o 
estado de direito, a separação de poderes, o federalismo, a democracia e os direitos 
fundamentais com base no princípio da dignidade humana. 
 
O valor da dignidade humana, como fundamento de um Estado democrático 
de direito, a Constituição Federal impõe-se ao núcleo básico e informativo de todo o 
ordenamento jurídico como critério de avaliação e parâmetro orientador da 
interpretação do sistema constitucional (Artigo 1º. III). 
 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos 
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado 
Democrático de Direito e tem como fundamentos: [...] III - a dignidade da 
pessoa humana; 
 
E no que diz respeito a igualdade a Constituição Federal de 1988, em seu 
artigo 5º disciplina que: 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
 
A Constituição de 1988 avançou extraordinariamente na consolidação dos 
direitos e garantias fundamentais, sendo o documento de direitos humanos mais 
abrangente e detalhado já adotado no Brasil. No âmbito da Constituição, esse 
 
 
processo culminou na “Carta de Mulheres Brasileiras aos Constituintes”, que 
comtemplava as principais demandas do movimento de mulheres a partir de amplas 
discussões e debates nacionais. 
 
O movimento feminista brasileiro foi fundamental no processo de mudança 
legislativa e social, denunciando desigualdades, propondo políticas públicas, atuando 
junto ao Poder Legislativo e, também, na interpretação da lei. 
 
No que diz respeito, aos direitos humanos a dignidade da pessoa humana 
constitui a base axiológica dos direitos fundamentais previsto na Constituição Federal 
de 1988. Logo, agressões e humilhações praticadas contra a mulher é uma 
indiscutível violação aos direitos humanos. 
 
Na verdade, a justiça exige que a igualdade jurídica se torne um paradigma 
que possa garantir um tratamento igual e eficaz para todas as pessoas. No entanto, 
se os direitos declarados não surtirem efeito e não forem realizados, o Estado tem a 
responsabilidade de garantir maior proteção aos grupos vulneráveis, manter sua 
dignidade e prevenir abusos de poder, sejam eles políticos, econômicos, morais ou 
físicos. 
 
É este o sentido de dar proteção, não só às mulheres vítimas de violência, 
mas também às trabalhadoras nas relações trabalho-gestão, consumidores nas 
relações de consumo, bem como aos deficientes, idosos, crianças e adolescente 
nas relações sociais familiares e afetivas. Com a evolução dos direitos humanos, 
grupos desfavorecidos passaram a gozar de proteção diferenciada, por um lado, e 
a buscar o reconhecimento de sua própria singularidade, por outro. 
 
Enfatiza-se, que a busca pela proteção aos direitos humanos das mulheres 
percorreu um longo caminho desde a Declaração Universal dos Direitos Humanos em 
1948, quandoo direito internacional dos Direitos Humanos começa a se desenvolver 
com adoção de variados instrumentos internacionais de proteção, na sequência houve 
uma cruzada internacional para a promoção dos direitos a igualdade das mulheres, 
bem como a repressão e eliminação de todas as formas de discriminação. 
 
Entre alguns dos instrumentos internacionais dos quais o estado brasileiro é 
signatário entre outros, destaca-se: 
 
 A convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra a 
mulher- Cedaw (Mexico, 1975); 
 Convenção internacional para prevenir punir e erradicar a violência contra a 
mulher - Convenção de Belém do Pará” (Brasil, 1994); 
 Convenção Interamericana sobre a Concessão dos Direitos Políticos à Mulher 
(Bogtá,1948); 
 Conferência mundial da ONU sobre mulheres igualdade desenvolvimento e 
paz (Beijim, China 1995). 
 
Não se pode perder de vista, que Direitos Humanos é o conjunto de garantias 
e valores universais que tem como objetivo garantir a dignidade, ou seja, são direitos 
garantidos à pessoa pelo simples fato de ser humana. 
 
 
 
 
 
São direitos humanos básicos: direito à vida, à liberdade de 
expressão de opinião e de religião, direito à saúde, à 
educação e ao trabalho. 
 
 
A Declaração direitos humanos afirma que todos os seres humanos, seja qual 
for a raça, credo ou sexo, têm direito ao progresso material e desenvolvimento 
espiritual em liberdade e dignidade, em segurança econômica e com oportunidades 
iguais. 
 
Artigo 1° Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em 
direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os 
outros em espírito de fraternidade 
 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, deixa claro que todos os seres 
humanos devem ser tratados com dignidade e respeito e devem ter as mesmas 
oportunidades para se desenvolverem como pessoa humana. 
 
4.1 Princípio da igualdade 
 
 
 
O princípio da igualdade prevê a 
igualdade de aptidões e de possibilidades 
virtuais dos cidadãos de gozar de tratamento 
isonômico pela lei. Por meio desse princípio 
são vedadas as diferenciações arbitrárias e 
absurdas, não justificáveis pelos valores da 
Constituição Federal. 
 
A igualdade é elemento essencial da 
equidade que pode ser definida como sendo 
uma forma de justiça que vai além da lei 
escrita. Vejamos a redação do artigo Art. 5º, da CF: 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes [...]. 
 
O princípio da igualdade na Constituição Federal de 1988 encontra-se 
representado, exemplificativamente nos artigos: 
 
 Artigo 4º, inciso VIII, que dispõe sobre a igualdade racial; 
 Artigo 5º, incisos I, VIII, XXXVIII que trata da igualdade entre os sexos, a 
igualdade de credo religioso e a igualdade jurisdicional; 
 Artigo 7º, inciso XXXII, que versa sobre a igualdade trabalhista; 
 Artigo 14, que dispõe sobre a igualdade política; 
 Artigo 150, inciso III, que disciplina a igualdade tributária. 
 
 
 
O princípio da igualdade pressupõe que as pessoas colocadas em situações 
diferentes sejam tratadas de forma desigual. “Dar tratamento isonômico às partes 
significa tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na exata medida 
de suas desigualdades”. (NERY JUNIOR, 1999, p. 42). 
 
O princípio constitucional da igualdade, exposto no artigo 5º, da Constituição 
Federal, traduz-se em norma de eficácia plena, cuja exigência é incontestável, pois 
seu cumprimento independe de qualquer norma regulamentadora. 
 
Além do tratamento diferenciado na Constituição Federal, poderá ser prevista, 
na legislação infraconstitucional, em ações, políticas e programas estatais, a 
discriminação positiva das mulheres, com o intuito de afirmar sua igualdade. 
 
Nesse contexto, foram publicadas diversas leis dando um tratamento 
diferenciado e não discriminatório à mulher, entre elas a Lei 11.340/06, que dispõe 
sobre a violência doméstica e familiar contra a mulher, sob o enfoque não somente da 
repressão ou punição, mas, sobretudo, da prevenção e erradicação da violência de 
gênero. 
 
5 Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) 
 
A lei e composta por 46 artigos distribuídos em sete títulos, sendo que 5 
artigos possuem natureza criminal. Todos os demais dispositivos legais da Lei Maria 
da Penha ocupam-se da prevenção da violência de gênero (seja evitando que o crime 
aconteça, seja buscando instrumentos para que ele não se repita). Vejamos o disposto 
no artigo 1º da referida lei: 
 
Art. 1º Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica 
e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição 
Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência 
contra a Mulher, da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e 
Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros tratados internacionais 
ratificados pela República Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos 
Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece 
medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de violência 
doméstica e familiar. 
 
Destaca-se que sempre que temos, na norma legal, esse tipo de preocupação, 
ela se caracteriza por ser de política criminal. Ressalta que a norma penal incide 
quando o fato criminoso já aconteceu (no mínimo, na forma tentada), ou seja, quando 
o bem jurídico já sofreu a lesão (ou o perigo de lesão). 
 
5.1 Contextualização Histórica 
 
A Lei nº 11.340/2006, popularmente conhecida como Lei Maria da Penha, teve 
inspiração na Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência 
contra a Mulher. 
 
O nome popular atribuído à referida lei advém de importante expoente no 
combate à violência doméstica, a farmacêutica brasileira Maria da Penha Maia 
Fernandes, que batalhou para que seu agressor, marido à época dos fatos, restasse 
processado e punido. 
 
 
 
No ano de 1983, Maria da Penha sofreu duas tentativas de homicídio praticadas 
por seu marido, o professor colombiano Marco Antonio Heredia Viveros. Na primeira 
tentativa, foi alvejada por tiros enquanto dormia, restando paraplégica em razão dos 
disparos. Para acobertar o crime, simulou seu marido um assalto à residência. Na 
segunda ocasião, após retornar para casa, seu marido tentou eletrocutá-la durante o 
banho. 
 
Diante da à impunidade de seu agressor e da morosidade da Justiça local, 
buscou a vítima a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (Organização dos 
Estados Americanos – OEA). Seu caso apresentado à OEA deu origem ao Relatório 
nº 54/2001, responsabilizando o Brasil por negligência, omissão e tolerância em 
relação à violência doméstica. 
 
 Apesar da responsabilização, vale destacar que a Lei Maria da Penha, somente 
entrou em vigor em setembro de 2006. A lei trouxe o necessário debate acerca da 
violência doméstica no Brasil, realidade antes ignorada por uma grande parcela da 
sociedade. Estudos apontam dados alarmantes sobre o tema, uma em cada quatro 
mulheres acima de 16 anos afirma ter sofrido algum tipo de violência no último ano no Brasil. 
 
Isso significa que cerca de 17 milhões de mulheres (24,4%) sofreram violência 
física, psicológica ou sexual no último ano. A porcentagem representa estabilidade em 
relação à última pesquisa, de 2019, quando 27,4% afirmaram ter sofrido alguma 
agressão. 
 
Segundo a pesquisa Datafolha, 73,5% da população acredita que a violência 
contra as mulheres aumentou no último ano e 51,5% dos brasileiros relataram ter visto 
alguma situação de violência contra a mulher nos últimos doze meses. 
 
 
Para saber mais sobre quem é Maria da Penha acesse o link: Quem é 
Maria da Penha - Instituto Maria da Penha 
 
O caso Maria da Penha é representativo da violência doméstica à qual 
milhares de mulheres são submetidasem todo o Brasil. 
 
 
 
5.3 Conceito de violência domestica 
 
O conceito de violência doméstica e familiar contra a mulher é extraído do art. 
5º, da Lei nº 11.340/2006, como qualquer ação ou omissão baseada no gênero que 
lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e moral ou patrimonial. 
 
“Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar 
contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause 
morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou 
patrimonial: 
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de 
convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as 
esporadicamente agregadas; 
https://www.institutomariadapenha.org.br/quem-e-maria-da-penha.html
https://www.institutomariadapenha.org.br/quem-e-maria-da-penha.html
 
 
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por 
indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, 
por afinidade ou por vontade expressa; 
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha 
convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. 
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem 
de orientação sexual. ” 
 
Destaca-se que, a palavra violência é aplicada em sentido amplo, englobando 
não só o constrangimento físico, mas também o constrangimento moral. De forma 
geral, busca a legislação coibir a opressão da mulher, especialmente quando se 
encontra em seu lar. 
 
Contudo, torna-se necessário cautela na análise dos fatos, uma vez que nem 
toda violência praticada contra uma vítima mulher necessariamente se enquadrará em 
hipótese de violência doméstica e familiar, sendo imprescindível a verificação dos 
agentes envolvidos nos fatos e seus vínculos domésticos ou familiar. 
 
A violência doméstica e familiar contra a mulher que poderá ser praticada nos 
seguintes âmbitos: 
 
 Unidade doméstica: Trata-se do local onde há o convívio permanente de 
pessoas, ainda que sem vínculo familiar, em ambiente familiar. Neste conceito 
se englobam as pessoas esporadicamente agregadas (ex. sobrinha, enteada, 
etc.). 
 
 Família: como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram 
aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; 
 
 Relação íntima de afeto: na qual o agressor conviva ou tenha convivido com 
a ofendida, independentemente de coabitação. 
 
 
5.4 Formas de violência doméstica e familiar 
 
 
Em regra, a violência contra a 
mulher é caracterizada por qualquer 
conduta (ação ou omissão) de 
discriminação, agressão ou coerção, 
ocasionada pelo simples fato de a vítima 
ser mulher e que cause danos, morte, 
constrangimento, limitação, sofrimento 
físico, sexual, moral, psicológico, social, 
político ou econômico ou perda 
patrimonial. 
 
Vejamos as formas de violência disposta no artigo 7º da Lei nº 11.340/2006: 
 
 
“Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre 
outras: 
 
 
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua 
integridade ou saúde corporal; 
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause 
dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe 
o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, 
comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, 
humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição 
contumaz, insulto, chantagem, violação de sua intimidade, ridicularização, 
exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe 
cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação; 
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a 
presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, 
mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a 
comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a 
impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, 
à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, 
suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos 
sexuais e reprodutivos; 
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure 
retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos 
de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos 
econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades; 
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure 
calúnia, difamação ou injúria. “ 
 
As cinco formas de violência mencionadas expressamente na Lei: física, 
psicológica, sexual, patrimonial e moral, trata-se de rol meramente ilustrativo, visto 
que o dispositivo faz menção a expressão “entre outras”. 
 
5.5 Assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar 
 
A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar será 
prestada de forma articulada e conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei 
Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de 
Segurança Pública, entre outras normas e políticas públicas de proteção, e 
emergencialmente quando for o caso (artigo 9º, Lei 11.340/206). 
 
 Nos termos do artigo 9º, § 1º e § 2º da lei, o juiz determinará, por prazo certo, 
a inclusão da mulher em situação de violência doméstica e familiar no cadastro de 
programas assistenciais do governo federal, estadual e municipal e assegurará à 
mulher em situação de violência doméstica e familiar, para preservar sua integridade 
física e psicológica. 
 
Providências legais – Exemplos: 
 
I - acesso prioritário à remoção quando servidora pública, integrante da 
administração direta ou indireta; 
II - manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do 
local de trabalho, por até seis meses. 
III - encaminhamento à assistência judiciária, quando for o caso, inclusive para 
eventual ajuizamento da ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de 
casamento ou de dissolução de união estável perante o juízo competente. 
 
A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar 
compreenderá o acesso aos benefícios decorrentes do desenvolvimento científico e 
 
 
tecnológico, incluindo os serviços de contracepção de emergência, a profilaxia das 
Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiência 
Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos necessários e cabíveis nos casos 
de violência sexual (§ 3º, art.9º). 
 
A lei ainda dispõe, que aquele que por ação ou omissão, causar lesão, violência 
física, sexual ou psicológica e dano moral ou patrimonial a mulher fica obrigado a 
ressarcir todos os danos causados, inclusive ressarcir ao Sistema Único de Saúde - 
SUS (§ 4º, art.9º). Também serão ressarcidos pelo agressor os custos referentes aos 
dispositivos de segurança destinados ao uso em caso de perigo iminente e 
disponibilizados para o monitoramento das vítimas de violência doméstica ou familiar 
amparadas por medidas protetivas (§, 5º, art. 9º). 
 
É importante deixar esclarecido, que o ressarcimento dos custos de que 
trata a lei não poderá importar ônus de qualquer natureza ao patrimônio da mulher 
e dos seus dependentes, nem configurar atenuante ou ensejar possibilidade de 
substituição da pena aplicada. 
 
Ressalta, que a mulher em situação de violência doméstica e familiar tem 
prioridade para matricular seus dependentes em instituição de educação básica mais 
próxima de seu domicílio, ou transferi-los para essa instituição, mediante a 
apresentação dos documentos comprobatórios do registro da ocorrência policial ou 
do processo de violência doméstica e familiar em curso, sendo garantido o sigilo dos 
dados da ofendida e de seus dependentes matriculados ou transferidos e o acesso a 
tais informaçõesserá reservado ao juiz, ao Ministério Público e aos órgãos 
competentes do poder público (§ 7º, 8º, art. 9º). 
 
5.6 Atendimento pela autoridade policial 
 
Deverá a autoridade policial, na hipótese da iminência ou da prática de violência 
doméstica e familiar contra a mulher adotar as providências legais. 
 
Providências legais – Exemplos: 
 
I. Garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de imediato ao 
Ministério Público e ao Poder Judiciário; 
II. Fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou 
local seguro, quando houver risco de vida; 
III. Se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus 
pertences do local da ocorrência ou do domicílio familiar. 
 
Vejamos o disposto no artigo 10 e seguintes da Lei nº 11.340, de 7 de agosto 
de 2006 – lei maria da penha: 
 
Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prática de violência doméstica e 
familiar contra a mulher, a autoridade policial que tomar conhecimento da 
ocorrência adotará, de imediato, as providências legais cabíveis. 
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste artigo ao 
descumprimento de medida protetiva de urgência deferida. 
Art. 10-A. É direito da mulher em situação de violência doméstica e familiar o 
atendimento policial e pericial especializado, ininterrupto e prestado por 
servidores - preferencialmente do sexo feminino - previamente capacitados. 
 
 
§ 1º A inquirição de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou 
de testemunha de violência doméstica, quando se tratar de crime contra a 
mulher, obedecerá às seguintes diretrizes: 
I - salvaguarda da integridade física, psíquica e emocional da depoente, 
considerada a sua condição peculiar de pessoa em situação de violência 
doméstica e familiar 
II - garantia de que, em nenhuma hipótese, a mulher em situação de violência 
doméstica e familiar, familiares e testemunhas terão contato direto com 
investigados ou suspeitos e pessoas a eles relacionadas; 
III - não revitimização da depoente, evitando sucessivas inquirições sobre o 
mesmo fato nos âmbitos criminal, cível e administrativo, bem como 
questionamentos sobre a vida privada; 
§ 2º Na inquirição de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou 
de testemunha de delitos de que trata esta Lei, adotar-se-á, 
preferencialmente, o seguinte procedimento; 
I - a inquirição será feita em recinto especialmente projetado para esse fim, o 
qual conterá os equipamentos próprios e adequados à idade da mulher em 
situação de violência doméstica e familiar ou testemunha e ao tipo e à 
gravidade da violência sofrida; 
II - quando for o caso, a inquirição será intermediada por profissional 
especializado em violência doméstica e familiar designado pela autoridade 
judiciária ou policial; 
III - o depoimento será registrado em meio eletrônico ou magnético, devendo 
a degravação e a mídia integrar o inquérito; 
Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violência doméstica e 
familiar, a autoridade policial deverá, entre outras providências: 
I - garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de imediato ao 
Ministério Público e ao Poder Judiciário; 
II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto Médico 
Legal; 
III - fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou 
local seguro, quando houver risco de vida; 
IV - se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus 
pertences do local da ocorrência ou do domicílio familiar; 
V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços 
disponíveis, inclusive os de assistência judiciária para o eventual ajuizamento 
perante o juízo competente da ação de separação judicial, de divórcio, de 
anulação de casamento ou de dissolução de união estável. 
 
Não se pode perder de vista, que além do sistema de prevenção, a Lei Maria 
da Penha também conta com o sistema jurídico de combate e o sistema jurídico de 
repressão a violência doméstica e familiar. 
 
5.7 Medidas Protetivas de Urgência 
 
As medidas protetivas de urgência possuem natureza jurídica cautelar 
(prevenir) e objetivam proteger as vítimas de violência doméstica. Tais medidas 
encontram-se dispostas nos artigos 22 a 24, da Lei nº 11.340/2006. Para a concessão 
de tais medidas, são necessários os seguintes requisitos: 
 
 Demonstração de indícios do cometimento de violência doméstica ou familiar 
contra a mulher. 
 Risco concreto à vítima ou a terceiro. 
 
Entre as medidas protetivas, temos as medidas que obrigam o agressor (art. 
22) e as medidas protetivas à ofendida (arts. 23 e 24). Como exemplos podemos citar: 
 
 
 
Medidas protetivas que obrigam o agressor – art. 22: 
 
I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao 
órgão competente, nos termos da 
II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida; 
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais: 
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando 
o limite mínimo de distância entre estes e o agressor; 
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio 
de comunicação; 
c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade 
física e psicológica da ofendida; 
IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a 
equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar; 
V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios. 
VI –comparecimento do agressor a programas de recuperação e reeducação; 
VII – acompanhamento psicossocial do agressor, por meio de atendimento 
individual e/ou em grupo de apoio [...]; 
 
Medidas protetivas à ofendida – arts. 23 e 24: 
 
Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas: 
I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou 
comunitário de proteção ou de atendimento; 
II - determinar a recondução da ofendida e a de seus dependentes ao 
respectivo domicílio, após afastamento do agressor; 
III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos 
relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos; 
IV - determinar a separação de corpos. 
V - determinar a matrícula dos dependentes da ofendida em instituição de 
educação básica mais próxima do seu domicílio, ou a transferência deles para 
essa instituição, independentemente da existência de vaga. 
Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade conjugal ou 
daqueles de propriedade particular da mulher, o juiz poderá determinar, 
liminarmente, as seguintes medidas, entre outras: 
I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à ofendida; 
II - proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra, 
venda e locação de propriedade em comum, salvo expressa autorização 
judicial; 
III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor; 
IV - prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e 
danos materiais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar 
contra a ofendida. 
Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório competente para os fins 
previstos nos incisos II e III deste artigo. 
 
Destaca-se que as medidas protetivas poderão ser concedidas tanto durante a 
fase de inquérito policial quanto na fase processual, sendo possível a aplicação destas 
de forma isolada ou cumulativa. O rol de medidas protetivas listadas pela Lei é 
exemplificativo, não havendo óbice na concessão de medida não listada na Lei. 
 
O deferimento de ofício das medidas protetivas apenas é possível durante o 
curso da ação penal, sendo necessário o pedido da parte (vitima) ou o requerimento 
do Ministério Público durante a fase inquisitorial. 
 
É importante deixar esclarecido, que antes da edição da Lei nº 13.827/2019, a 
medida protetiva somente poderia ser concedida pela autoridade judicial, sem a 
 
 
existência de exceções. Com a inovação legislativa criou-se uma exceção, permitindo 
aconcessão da medida protetiva de afastamento do lar pelo Delegado de Polícia ou 
pelo policial, dentro das restritas hipóteses legais. 
 
Como regra, a medida de afastamento do agressor do lar será determinada 
pela autoridade judicial (Juiz), mas poderá, excepcionalmente, ser deferida pelo 
Delegado de Polícia, quando o Município em questão não for sede de comarca, ou 
pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não houver delegado 
disponível no momento da denúncia. Vejamos o disposto nos artigos 12-C, da nº 
11.340/2006: 
 
Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à 
integridade física ou psicológica da mulher em situação de violência 
doméstica e familiar, ou de seus dependentes, o agressor será 
imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de convivência com a 
ofendida: 
I - pela autoridade judicial; 
II - pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede de comarca; 
III - pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não houver 
delegado disponível no momento da denúncia. 
 
Na hipótese de concessão da medida por Delegado ou por policial, deverá a 
autoridade judicial ser comunicada no prazo máximo de 24 horas e decidirá, em igual 
prazo, sobre a manutenção ou revogação da medida, dando ciência ao Ministério 
Público concomitantemente. 
 
5.8 Descumprimento da medida protetiva 
 
Antes da Lei nº 13.641/18 – O descumprimento de medida protetiva não 
configurava crime, apenas: 
 
 Execução da multa eventualmente imposta 
 Decretação de sua prisão preventiva 
 
Nesta situação, considerando a existência de sanção civil (multa) ou sanção 
processual penal (prisão preventiva), nem mesmo o crime de desobediência era 
possível ser imputado 
 
Após a edição da Lei nº 13.641/18, com a inclusão do artigo 24-A, na lei 
11.340/2006, houve a criação de um tipo penal específico para a conduta de 
descumprimento de medidas protetivas impostas: 
 
“Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de 
urgência previstas nesta Lei: 
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. “ 
 
Trata-se o crime criado de um tipo específico de desobediência, sendo o único 
crime previsto no âmbito da Lei nº 11.340/2006. 
 
Importante frisar que o descumprimento da decisão judicial poderá ser feito 
mediante conduta comissiva (ex: viola ordem proibindo que se aproxime da vítima), 
 
 
ou conduta omissiva (ex: deixa de prestar os alimentos provisionais ou provisórios 
fixados. 
 
5.9 Alteração legislativa - nº 14.188, de 28 de julho de 2021 
 
 
 
Não podíamos de deixar de trazer mais uma 
alteração legislativa sobre tema violência doméstica no 
nosso ordenamento jurídico. Com a alteração trazida 
pela Lei nº 14.188, de 28 de julho de 2021, a legislação 
contra violência doméstica fica mais dura para 
agressores. 
 
A Lei nº 14.188/2021, prevê que agressores 
sejam afastados imediatamente do lar ou do local de 
convivência com a mulher em casos de risco atual ou 
iminente à vida ou à integridade física da vítima ou de seus dependentes, ou se 
verificado o risco da existência de violência psicológica. 
 
Destaca-se, que o texto da lei modifica trechos do Código Penal, na Lei de 
Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/90) e na Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006). 
A norma prevê pena de reclusão de um a quatro anos para o crime de lesão corporal 
cometido contra a mulher "por razões da condição do sexo feminino" e a determinação 
do afastamento do lar do agressor quando há risco, atual ou iminente, à vida ou à 
integridade física ou psicológica da mulher. 
 
 É se a conduta praticada pelo agressor causar “dano emocional à mulher que 
a prejudique e perturbe seu pleno desenvolvimento ou que vise a degradar ou a 
controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, 
constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, chantagem, ridicularização, 
limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que cause prejuízo à sua saúde 
psicológica e autodeterminação. 
 
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a conduta não 
constitui crime mais grave. 
 
Outro ponto que lei estabelece, diz respeito ao programa de cooperação Sinal 
Vermelho, com a adoção do X vermelho na palma das mãos, como um sinal silencioso 
de alerta de agressão contra a mulher. A ideia é que, ao perceber esse sinal na mão 
de uma mulher, qualquer pessoa possa procurar a polícia para identificar o agressor. 
 
Por fim, a Lei nº 14.188/2021, prevê ainda a integração entre os Poderes 
Executivo e Judiciário, o Ministério Público, a Defensoria Pública, os órgãos de 
Segurança Pública e entidades e empresas privadas para a promoção e a realização 
das atividades previstas, que deverão empreender campanhas informativas "a fim de 
viabilizar a assistência às vítimas", além de possibilitar a capacitação permanente dos 
profissionais envolvidos. 
 
 
 
 
6. Políticas públicas para mulheres vítimas de violência 
 
As políticas públicas é conjunto de medidas adotadas com o objetivo de 
concretizar direitos e garantias fundamentais dos indivíduos ou coletividades, devem 
ser implementadas pelo Estado para atendimento dos direitos essenciais 
consagrados pela Constituição Federal. 
 
A política pública é um conjunto de medidas tomadas para realizar os direitos 
e garantias básicos de indivíduos ou grupos, e deve ser implementada pelo Estado 
para realizar os direitos básicos estipulados na Constituição Federal. Representa a 
concretização de direitos, exige ação do poder público e do Ministério Público, e cada 
vez mais a sociedade civil, por meio das entidades não governamentais e dos 
movimentos sociais. 
 
No tange, as políticas públicas para o enfrentamento da violência doméstica a 
Lei n. 11.340/2006, é, antes de tudo, uma norma diretiva de caráter preventivo, 
protetivo e de intervenção. Nela, há previsão de políticas preventivas, incluindo 
implementar ações que desconstruam mitos e estereótipos de gênero e que 
modifiquem os padrões sexistas, perpetuadores das desigualdades de poder entre 
homens e mulheres e da violência contra as mulheres. 
 
A Lei n.11.340/2006, inclui ações educativas e culturais que disseminem 
atitudes igualitárias e valores éticos de irrestrito respeito à diversidade de gênero, 
raça/etnia, geracionais e de valorização da paz. Recomenda ainda, campanhas 
educativas, programas educacionais e inclusão nos currículos escolares de todos os 
níveis de ensino, de conteúdos relativos aos direitos humanos, à equidade de gênero 
e de raça. 
 
A lei 11.340/2006, prescreve a implantação de políticas públicas em seus vários 
artigos, mais precisamente em três eixos: Proteção e Assistência; Prevenção e 
Educação; Combate e Responsabilização. A lei Maria da Penha como é chamada, 
sinaliza as medidas integradas de prevenção e de assistência quando a violência já 
não tenha podido ser evitada. 
 
Dispõe sobre a possibilidade de a vítima em situação de violência, iminente ou 
efetiva, ser assistida com medidas protetivas de urgência deferidas pela autoridade 
judiciária. Determina ainda a criação de equipes de atendimento multidisciplinar (arts. 
29 a 32): 
 
Art. 29. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher que 
vierem a ser criados poderão contar com uma equipe de atendimento 
multidisciplinar, a ser integrada por profissionais especializados nas áreas 
psicossocial, jurídica e de saúde. 
Art. 30. Compete à equipe de atendimento multidisciplinar, entre outras 
atribuições que lhe forem reservadas pela legislação local, fornecer subsídios 
por escrito ao juiz, ao Ministério Público e à Defensoria Pública, mediante 
laudos ou verbalmente em audiência, e desenvolver trabalhos de orientação, 
encaminhamento, prevenção e outras medidas, voltados para a ofendida, o 
agressor e os familiares, com especial atenção às crianças e aos 
adolescentes. 
Art. 31. Quando a complexidade do caso exigir avaliação mais aprofundada, 
o juiz poderá determinara manifestação de profissional especializado, 
mediante a indicação da equipe de atendimento multidisciplinar. 
 
 
Art. 32. O Poder Judiciário, na elaboração de sua proposta orçamentária, 
poderá prever recursos para a criação e manutenção da equipe de 
atendimento multidisciplinar, nos termos da Lei de Diretrizes Orçamentárias. 
 
Em seu artigo 35, disciplina sobre a competência da União, Estados, Distrito 
Federal e Municípios a criação de centros de atendimento integral e multidisciplinar, 
além de casas-abrigo, para mulheres e seus dependentes, delegacias, defensorias 
públicas, serviços de saúde e centros especializados de médico-legal, programas e 
campanhas de enfrentamento e centros de educação e de reabilitação para os 
agressores. Vejamos: 
 
Art. 35. A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios poderão criar 
e promover, no limite das respectivas competências: 
I - centros de atendimento integral e multidisciplinar para mulheres e 
respectivos dependentes em situação de violência doméstica e familiar; 
II - casas-abrigos para mulheres e respectivos dependentes menores em 
situação de violência doméstica e familiar; 
III - delegacias, núcleos de defensoria pública, serviços de saúde e centros 
de perícia médico-legal especializados no atendimento à mulher em situação 
de violência doméstica e familiar; 
IV - programas e campanhas de enfrentamento da violência doméstica e 
familiar; 
V - centros de educação e de reabilitação para os agressores. 
 
A lei 11.340/2006, em seu artigo 38, preconiza a elaboração de estatística 
sobre a violência doméstica e familiar. Prevê o comparecimento do agressor a 
programas de recuperação e reeducação. Vejamos: 
 
Art. 38. As estatísticas sobre a violência doméstica e familiar contra a mulher 
serão incluídas nas bases de dados dos órgãos oficiais do Sistema de Justiça 
e Segurança a fim de subsidiar o sistema nacional de dados e informações 
relativo às mulheres. 
Parágrafo único. As Secretarias de Segurança Pública dos Estados e do 
Distrito Federal poderão remeter suas informações criminais para a base de 
dados do Ministério da Justiça. 
 
Nesse contexto, a violência doméstica foi compreendida pela lei como 
problema que requer políticas públicas integrais para seu enfrentamento, não se 
resumindo à simples persecução criminal do autor: 
 
 Deve a mulher ser atendida em serviços de saúde e de assistência 
psicossocial e não apenas na delegacia; 
 As medidas protetivas para a mulher podem ser requeridas ao juiz de 
imediato pela autoridade policial ao tomar conhecimento da violência. 
 
Entre essas medidas estão as relacionadas ao agressor tais como: 
 
 Proibição de contato e aproximação ou frequência a determinados 
lugares; 
 Suspensão de porte arma; 
 Afastamento do lar ou do local de convivência com a ofendida; 
 Restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores; 
 Prestação de alimentos provisórios, entre outras. 
 
 
 
E em relação à mulher, a lei traz um rol exemplificativa de medidas tais com: 
 
 Encaminhamento da ofendida e seus dependentes a programa oficial ou 
comunitário de proteção ou atendimento; 
 Recondução da ofendida e a de seus dependentes ao domicílio, após 
afastamento do agressor; 
 Proteção dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos; 
 Separação de corpos. 
 
Além das medidas descritas acima temos medidas de assistência como: 
 
 Inclusão da mulher em situação de risco em programas assistenciais do 
governo federal, estadual ou municipal; 
 Acesso aos serviços de Defensoria Pública ou de assistência judiciária 
gratuita, em sede policial e judicial, mediante atendimento específico e 
humanizado. 
 
Destaca-se ainda a previsão legal de abrigos, cujos endereços são sigilosos, 
onde podem ser colocadas as mulheres e seus filhos, além de apoio psicológico, não 
só para vítima, mas também para os demais envolvidos. Por fim, a lei prevê 
intervenções terapêuticas em relação ao autor da agressão e criação de serviços 
especializados para sua reeducação e recuperação. 
 
Para saber mais sobre a Lei nº 11.340/2006, é só acessar o link disponível 
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm 
 
 
Referências Bibliográficas 
 
BIANCHINI, Alice. Lei Maria da Penha: Lei n.11.340/2006: Aspectos assistenciais, 
protetivos e criminais da violência de gênero. São Paulo: Saraiva, 2013. 
 
BUTKR, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio 
de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. 
 
DANTAS, Paulo Roberto de Figueiredo. Curso de direito constitucional. 6. ed. - 
Indaiatuba, SP: Editora Foco, 2021. 
 
NERY JÚNIOR, Nélson. Princípios do processo civil à luz da Constituição 
Federal. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999 
. 
NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal. Rio de Janeiro: Forense, 2017. 
 
SAFFIOTI, Heleieth. O poder do macho. São Paulo: Moderna, 1987. 
 
SAFFIOTI, Heleieth; ALMEIDA, Suely Souza. Violência de gênero: poder e 
impotência. Rio de Janeiro: Livraria e Editora Revinter, 1995. 
 
SVEN, Peterke; RAMOS, André de Carvalho. Manual prático de direitos humanos. 
Brasília: Escola Superior do Ministério Público da União, 2009. 
 
 
É HORA DA REVISÃO! 
 
Prezado (a) aluno (a), 
 
 
 
Enfim, chegamos ao final da disciplina de Direito da Mulher. Espero que tenha 
gostado da disciplina. Vamos relembrar os pontos mais importantes de cada tema. 
Então vamos lá? Opa, já estava me esquecendo de perguntar. Como foi o seu 
aproveitamento? Envolveu-se com os temas propostos? Fez as atividades? Agora sim 
podemos relembrar os pontos mais importantes de cada Unidade. Vamos lá! 
 
Na primeira parte, fizemos um breve relato sobre os direitos da mulher. Trabalhamos 
construção histórica do gênero, violência e violência de gênero. 
 
Na segunda parte, estudamos os direitos humanos. Aprendemos sobre os conceitos 
e vimos os principais dispositivos da Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha). Vimos as 
também as principais políticas públicas destinadas as mulheres vítimas de violência 
domestica 
 
Assim, chegamos ao final da disciplina, mas esse conteúdo não se esgota aqui. 
Você deverá completar seus estudos com o material complementar disponibilizado e 
referências bibliográficas indicadas. 
 
Antes de realizar a avalição regular, é necessário que faça a revisão dos 
conteúdos estudados, lendo o material da disciplina e assistindo o vídeo aulas e 
participando de fórum de discussão da disciplina. 
 
 
 
 
Conte comigo. 
 
 
 
Grande abraço e boa sorte! 
Professora Marizete Albino Marta 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
É hora de relaxar! Que tal fazer aquela 
pipoca bem quentinha e assistir os 
filmes que vou te indicar agora. É só 
você rolar a seta com o seu mouse e 
escolher o filme que te chamar mais 
atenção e apertar o play. 
 
 
 
 
 
01- As Sufragistas (2015): A história é do início do século XX, quando a primeira onda do 
movimento feminista lutava para conseguir seus direitos de voto e melhores condições de 
vida. A protagonista é uma lavadeira interpretada por Carey Mulligan. Sem formação política, 
a personagem estava habituada à opressão masculina e não questionava o sistema. Porém, 
aos poucos ela acorda desse transe social e passa a buscar seus direitos como cidadã. 
 
02- The Testimony” (2015): É um documentário retrata o maior julgamento da história do 
Congo. Os réus são soldados acusados de estuprar suas concidadãs, mulheres que sofrem 
violências institucionalizadas em uma sociedade que pouco respeita o gênero. 
 
03- A Dama de Ferro (2012): Margaret Tatcher foi a primeira mulher a ocupar o posto de 
primeiro-ministro do Reino Unido. Dirigido por Phyllida Lloyd, o filme é uma biografia da Dama 
de Ferro e mostra as dificuldades e os preconceitos que a inglesa sofreu para chegar ao cargo 
em um ambiente patriarcal. 
 
04- Histórias Cruzadas (2011): Nos anos 1960, nos Estados Unidos, as mulheres 
afrodescendentes tinham de abandonar suasfamílias para servir a elite branca. Dirigido por 
Tate Taylor, o filme narra a história de uma dessas mulheres da elite que decide entrevistá-
las para mostrar ao mundo suas histórias. 
 
05- Terra Fria” (2006): Baseia-se em uma história real para retratar, uma mulher que era 
espancada pelo marido e o abandona para procurar um emprego e sustentar sozinha seus 
dois filhos. Ela encontra trabalho numa mineradora de ferro. É uma das poucas mulheres do 
lugar e acaba sofrendo abusos masculinos. Após muitas reclamações ignoradas pela 
empresa, Aimes entra com uma ação judicial contra a mineradora, que se torna na primeira 
ação coletiva por assédio sexual dos Estados Unidos. 
 
06- Estrelas Além do Tempo (2017): A trajetória das matemáticas Katherine Johnson, 
Dorothy Vaughan e Mary Jackson emociona. Elas abriram espaço para mulheres afro-
americanas na NASA, justamente no auge da corrida espacial travada entre Estados Unidos 
e Rússia durante a Guerra Fria. Elas se tornaram verdadeiras heroínas da nação. 
 
07- Grandes Olhos: Conta a história da pintora e defensora das causas feministas, a norte-
americana Margaret Keane enfrenta um de seus maiores desafios ao levar ao tribunal o 
próprio marido. Em um período em que o reconhecimento de um trabalho feminino era difícil, 
a artista aceita assinar com o sobrenome do marido e tem sua obra usurpada pela ganância 
dele.

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