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TCC MONOGRAFIA LEI MARIA DA PENHA

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ADRIANA SOUZA DE ANDRADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FACULDADE NOVA ROMA 
CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO 
 
 
 
 
ADRIANA SOUZA DE ANDRADE 
 
 
 
A IMPORTÂNCIA DA LEI MARIA DA PENHA: uma ênfase no contexto da violência 
contra mulher 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RECIFE 
2018 
 
 
 
A IMPORTÂNCIA DA LEI MARIA DA PENHA: Uma ênfase no contexto da 
violência contra mulher 
 
 
RECIFE 
2018 
 
 
 
 
11 
 
RECIFE 
2018 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A IMPORTÂNCIA DA LEI MARIA DA PENHA: Uma ênfase no contexto da 
violência contra mulher 
 
 
 
 
Monografia apresentada a Faculdade Nova Roma 
– Recife, como requisito para obtenção do título 
de Bacharel em Direito. 
 
Área de concentração: Direito Penal 
 
Professora orientadora Especialista: Ana Luiza de 
Mendonça Fonseca Carlos. 
ADRIANA SOUZA DE ANDRADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
A IMPORTÂNCIA DA LEI MARIA DA PENHA: Uma ênfase no contexto da 
violência contra mulher 
 
 
ADRIANA SOUZA DE ANDRADE 
 
 
Monografia submetida ao corpo docente do Curso de Bacharel em Direito promovido 
pela a Faculdade Nova Roma – Recife, como requisito parcial para a obtenção do 
grau de Bacharel. 
 
 
 
APROVADO EM _____/_______2018 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
___________________________________________ 
Profª Esp. Ana Luiza de Mendonça Fonseca Carlos 
Presidente 
 
 
___________________________________________ 
Profº nome completo 
MEMBRO 
 
 
 
___________________________________________ 
Profº nome completo 
MEMBRO 
13 
 
AGRADECIMENTOS 
Agradeço a Deus por ter permitido que eu superasse todas as adversidades que 
surgiram no decorrer desta graduação. 
Meus sinceros agradecimentos a todos os professores e funcionários desta casa, em 
especial a minha orientadora Professora Especialista Ana Luiza de Mendonça 
Fonseca Carlos. 
Como esquecer de agradecer aos amigos (alunos) que tanto me ajudaram durante 
este curso, tenho certeza que sem a ajuda destes a graduação teria sido muito difícil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Dedico está obra, primeiramente a Deus e depois à minha filha 
Catarina que hoje é meu anjo de guarda ao lado do senhor Jesus 
e a meu esposo Flavio que nessa trajetória difícil vem sendo meu 
alicerce. 
 
 
 
 
 
15 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“A Lei Maria da Penha não consegue 
prevenir, punir e erradicar totalmente a 
violência contra a mulher, porque a Lei do 
Pecado continua dando cobertura aos seus 
agressores”. 
 
 (Helgir Girodo). 
RESUMO 
https://www.pensador.com/autor/helgir_girodo/
16 
 
 
No Brasil devido ao alto índice de violência cometido contra a mulher buscou 
estabelecer medidas no processo de elaboração de leis, como a Lei Maria da Penha 
criada em 2006; instaurar políticas públicas e programas de proteção e combate a 
violência contra mulher; bem como a criação de serviços de apoio às vítimas desse 
tipo de violência ofertado por meio das delegacias especializadas nesta questão. Além 
disso, é preciso deixar claro que essas medidas tanto possui caráter repressivo, pois 
visa reprimir os crimes praticados no espaço doméstico quanto profissional, possuindo 
ainda caráter preventivo visando diminuir a incidência dos delitos cometidos contra a 
mulher. É preciso deixar claro que essas mudanças na forma da legislação e de fazer 
política pública de proteção à mulher vem mostrar que essas medidas não se limitam 
a denunciar o grave quadro de violação aos direitos humanos. Apresenta soluções 
para prevenir e reprimir essas formas de violência contra a mulher, principalmente 
mudanças na legislação, políticas públicas, programas sociais e o comprometimento 
da sociedade civil na luta contra a impunidade, o preconceito, a discriminação e a 
intolerância. Nesse sentido, o trabalho aqui apresentado tem como foco estruturar 
uma pesquisa bibliográfica a respeito da problemática da violência doméstica contra 
a mulher, tendo como foco mostrar a necessidade de medidas protetivas e 
preventivas, bem como enfrentamento desta problemática em nossa realidade. Nesse 
sentido, os resultados serão apresentados sobre a forma qualitativa, pois darão 
liberdade ao pesquisador de compreender a presença e as alterações dos aspectos 
que abrangem o tema. Portanto, conclui-se que, conhecer para pelejar a violência 
contra a mulher, no âmbito doméstico e familiar, imprescindível, ainda, percorrer um 
extenso caminho, bem como a necessidade de se obter novos conhecimentos, com 
informações mais claras sobre este tema social que atinge sem distinção a mulher. 
 
 
Palavras Chaves: Violência Doméstica. Lei nº 11.340/06. Medidas protetivas 
Constituição Federal 1988. 
 
 
 
 
 
17 
 
ABSTRACT 
 
In Brazil, due to the high level of violence committed against women, it sought to 
establish measures in the process of drafting laws, such as the Maria da Penha Law 
created in 2006; establish public policies and programs to protect and combat violence 
against women; as well as the creation of support services for victims of this kind of 
violence offered through specialized police stations. In addition, it should be made clear 
that these measures are both repressive in character, as it seeks to suppress crimes 
committed in the domestic and professional spheres, and has a preventive character 
in order to reduce the incidence of crimes committed against women. It needs to be 
made clear that these changes in the form of legislation and public policy for the 
protection of women show that these measures are not limited to denouncing the 
serious framework of human rights violations. It presents solutions to prevent and 
repress these forms of violence against women, especially changes in legislation, 
public policies, social programs and the commitment of civil society to fight against 
impunity, prejudice, discrimination and intolerance. In this sense, the work presented 
here focuses on a bibliographical research about the problem of domestic violence 
against women, focusing on the need for preventive and protective measures, as well 
as addressing this problem in our reality. In this sense, the results will be presented on 
the qualitative form, since they will give the researcher the freedom to understand the 
presence and the alterations of the aspects that cover the subject.Therefore, it is 
concluded that, knowing to fight against violence in the domestic sphere It is also 
necessary to get new knowledge, with clearer information on this social issue that 
affects women without discrimination. 
 
 
Key Words: Domestic Violence. Law nº 11.340 / 06. Protective measures Federal 
Constitution 1988. 
18 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ................................................................. Erro! Indicador não definido. 
1 CARACTERIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER 
CONTEXTO BRASILEIRO .............................................. Erro! Indicador não definido. 
1.1 Conceituação da violência doméstica contra a mulherErro! Indicador não 
definido. 
1.2. Tipologia da violência doméstica contra a mulherErro! Indicador não definido. 
1.3 Breves comentários a respeito da violência contra a mulher através da 
história ............................................................................ Erro! Indicador não definido. 
2 FORMAS DE ENFRENTAMENTO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A 
MULHER NO BRASIL ................................................... Erro! Indicador não definido.0 
2.1 Das consequências da violência doméstica .......... Erro! Indicador não definido. 
2.2 Da formação do Juizado Especial Juizado Especialde violência doméstica e 
familiar contra a mulher ............................................... Erro! Indicador não definido.8 
3 - A IMPORTÂNCIA DA LEI MARIA DA PENHA NO CONTEXTO DA VIOLÊNCIA 
CONTRA A MULHER ...................................................... Erro! Indicador não definido. 
3.1 A dignidade da pessoa humana no âmbito da proteção à mulher ........... Erro! 
Indicador não definido. 
3.2 Da Lei 11.340/06: Lei Maria da Penha ..................... Erro! Indicador não definido. 
3.3 A Importância da Lei Maria da Penha para as MulheresErro! Indicador não 
definido. 
3.4 Das Medidas protetivas estabelecidas a partir da Lei Maria da Penha .... Erro! 
Indicador não definido. 
3.5 Das medidas legislativas e administrativas no combate e enfrentamento da 
violência contra a mulher .............................................. Erro! Indicador não definido. 
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................ Erro! Indicador não definido.2 
REFERÊNCIAS BLIIOGRÁFICAS ................................ Erro! Indicador não definido.4 
19 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
A concepção de Direitos Humanos tem como afirmar e garantir a dignidade 
humana, tendo o compromisso com todas as pessoas. Visto que abordar os Direitos 
Humanos é proteger, é preservar, é ter compromisso para que não ocorra qualquer 
forma de violação dos mesmos e que traga prejuízos para as pessoas, negando-as o 
direito de ter uma vida digna. 
Mas como se falar em Direitos Humanos se vivencia-se um momento marcado 
por forças sociais, políticas e econômicas, que levam a maioria das pessoas a 
conviver bem de perto com a morte. Indicadores sociais, elencados a partir da 
realidade brasileira retratam aspectos problemáticos como fome, violência, 
desemprego, entre outros, que tornam as pessoas cada vez mais vulneráveis e em 
risco social e pessoal. 
Destacando entre esses aspectos problemáticos a questão da violência contra 
a mulher, que se traduz em um drama que causa ameaça e sofrimento, que em muitas 
vezes é agravado pela vergonha e o silêncio. 
Partindo dessas pressuposições, as formas de violência contra a mulher são 
caracterizadas como forma de violação de direitos, que deixam cicatrizes para toda a 
vida, provocando nas mulheres sentimentos de inferioridade, visto que o agressor 
deprecia a vítima e a diminui, fazendo com que as mesmas se sintam culpadas pela 
situação que estão vivenciando. 
Nesse contexto, é preciso compreender o fenômeno da violência contra a 
mulher, que se baseia na ação ou conduta, fundamentada na questão de gênero, que 
retrata qualquer ato que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico 
à mulher, tanto no âmbito público como no privado. 
Ressaltando que está definição é, portanto, ampla e aborda diferentes formas 
de violência, tais como: a violência doméstica – que se caracteriza em atos de 
violência na residência da vítima, se expressando de forma física, psicológica, sexual, 
moral e patrimonial. 
Dessa forma, o trabalho aqui apresentado tem como objetivo analisar a questão 
20 
 
da violência doméstica contra a mulher, procurando assim refletir sobre os prejuízos 
que traz para vida social e comunitária. Visto que a violência doméstica é um problema 
grave que se apresenta no ambiente familiar e atinge mulheres de todas as raças, 
religião, idade, grau de instrução, entre outras. 
O interesse no desenvolvimento deste estudo surgiu da necessidade de vê em 
na realidade transformações que tenha como pressuposto a promoção e o 
enfrentamento da violência contra as mulheres, partindo de uma perspectiva de 
totalidade que englobe ações do governo e da sociedade, na construção de políticas 
públicas que sejam concretizadas. 
Nesse cenário, surge a problemática: se desde de sua entrada em vigor a Lei 
nº 11.340/06 conhecida como Lei Maria da Penha tem tido eficácia no combate a 
violência doméstica contra a mulher? 
Nesse sentido, este tema é socialmente importante porque traz 
esclarecimentos por meio de uma pesquisa bibliográfica a respeito da problemática 
da violência doméstica contra a mulher, tendo como foco mostrar a necessidade de 
medidas protetivas e preventivas, bem como enfrentamento desta problemática em 
nossa realidade. 
Assim, o trabalho foi embasado pela teoria histórico crítica por possibilitar do 
objeto de estudo um resultado reflexivo que tem como base práticas construtivas, 
profícuas e eficazes no fortalecimento da identidade e da autonomia das mulheres 
que são vítimas de violência domésticas. 
Enquanto que a metodologia utilizada para construção do trabalho tem como 
parâmetro a pesquisa bibliográfica que foi imprescindível para a definição clara da 
conceituação de violência doméstica contra a mulher, das normas de diretrizes que 
regem os serviços de atendimento a esse público. 
 No primeiro tópico discute-se sob a caracterização da violência doméstica 
contra a mulher no contexto brasileiro, conceituação da violência doméstica contra a 
mulher, tipologia da violência doméstica contra a mulher, bem como breves 
comentários a respeito da violência contra a mulher através da história. No segundo 
tópico serão expostas as formas de enfrentamento da violência doméstica contra a 
mulher no Brasil, das consequências da violência doméstica, Da formação do Juizado 
Especial de violência doméstica e familiar contra a mulher. O terceiro tópico aborda a 
importância da Lei Maria da Penha no contexto da violência contra mulher, à dignidade 
da pessoa humana no âmbito da proteção à mulher, da Lei 11.340/06: Lei Maria da 
21 
 
Penha, a importância da Lei Maria da Penha para as mulheres, das mediadas 
protetivas estabelecidas a partir da Lei Maria da Penha, bem como as medidas 
legislativas e administrativas no combate e enfrentamento da violência contra mulher. 
 
 
1 CARACTERIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER NO 
CONTEXTO BRASILEIRO 
 
A Organização Mundial da Saúde reconhece a violência como um grave 
problema de saúde pública, além de constituir uma violação dos direitos humanos, 
pelo fato de que representa um risco ao processo vital humano, ou seja, a violência é 
uma ameaça à vida. (SARMENTO; CAVALCANTI, 2009, p. 12). Podendo assim ser 
caracterizada como uma problemática que envolve uma gama de fatores de ordem 
política, cultural, policial, jurídica, e também, de saúde pública. 
A violência é um problema que afeta as pessoas, por isso para sua 
compreensão e enfrentamento deve considerar um conjunto de fatores, que são 
permeados pelas condições de vida, questões ambientais, trabalho, habitação, 
educação, lazer, cultura, entre outros fatores relacionado a vida homem em 
sociedade, nas suas inter/relações. 
Dessa forma, é preciso considerar que a violência acontece no mundo todo e 
atinge pessoas de todas as faixas etárias, independe de sexo, raça, religião, 
nacionalidade, escolaridade, opção sexual ou condição social. (NUDEM, 2011, p. 6). 
Mas é comum vê-se o retrato da violência, nos noticiários e na mídia ressaltada nas 
classes menos favorecidas social e economicamente, visto que estas se deparam 
cotidianamente em condições precárias de sobrevivência. 
O que se observa é que a violência está presente na vida de todas as pessoas, 
independentemente de serem vítimas e/ou agressores, pois se reproduz nas 
estruturas e nas subjetividades expressas nos mais diversos contextos em que o 
indivíduo se insere, seja na família, escola, comunidade, trabalho, seja em instituições. 
Pelo fato de ser a violência um fenômeno socialmente construído, que leva a 
mortalidade e a morbidade, e que precisa ser enfrentado por meio de uma ação 
conjunta entre governo e sociedade. Além disso, a violência situa-se como a segunda 
causa de morte em nossa população. Cerca de 120.000 (cento e vinte mil) mortes são 
provocadas pela violência por ano no Brasil. (NUDEM, 2011, p. 18). 
Nesse contexto, a violência domésticacontra a mulher é um crime, 
22 
 
caracterizado enquanto violação de direitos que repercutir em todas as esferas da 
sociedade, o que se tem de fato é que a violência acontece diariamente e que a cada 
dia fica mais explícito que se precisa de medidas urgentes de enfrentamento. 
Dessa forma, faz-se necessário contextualizar e conceituar a violência 
doméstica, partindo da tipologia até colocar em pauta as medidas preventivas e 
protetivas colocadas em pauta para que a violência doméstica contra a mulher possa 
ser superada. 
 
1.1 Conceituação da violência doméstica contra a mulher 
 
A violência contra a mulher é um fenômeno complexo, com causas culturais, 
econômicas e sociais, aliado a pouca visibilidade, à ilegalidade e à impunidade. Sendo 
assim, considerada um problema de grande amplitude que se apresenta na realidade 
cotidiana das famílias, sendo traduzida no real do poder e da força física masculina 
sobre o feminino, perfazendo uma história de desigualdade cultural entre homens e 
mulheres, por meio dos papéis estereotipados, legitimam ou exacerbam a violência 
(BRASIL, 2008). 
Geralmente a violência contra as mulheres causa enorme sofrimento; deixa 
marcas nas famílias, afetando as várias gerações; e empobrece as comunidades. Pelo 
fato de ser uma forma de impedimento das mulheres se realizem no desenvolvimento 
de suas potencialidades e habilidades. Desse modo, a violência contra a mulher limita 
o crescimento econômico e compromete o desenvolvimento. 
A violência doméstica comumente ocorre no ambiente familiar, espaço que 
deveria oferecer estabilidade, proteção e amor àqueles que o compõem, 
transformando-se muitas vezes em lugar de medo, agressões e insegurança 
(NUDEM, 2011, p. 6). 
Assim, a violência doméstica contra a mulher é fenômeno de conceituação 
complexa e multidimensional, que engloba as mais diversas causas e consequências, 
que transparece na sociedade em todas as esferas, nos aspectos sociais, culturais, 
religiosos e econômicos. 
Nesse sentido, a violência doméstica contra a mulher é considerada um grave 
problema que deve ser remetido há uma totalidade. E que atinge mulheres de todas 
as classes sociais e independe de raça, religião, idade ou grau de instrução. 
Segundo Sarmento e Cavalcanti (2009), 
 
23 
 
quase sempre os agressores são pessoas próximas às vítimas. 
Partilham sua vida cotidiana no ambiente doméstico ou profissional. 
Este fato também influencia no pequeno número de denúncias e na 
grande demanda contida ainda existente. Os agressores dão vazão 
aos seus instintos criminosos movidos pelo alcoolismo, desemprego, 
descontrole emocional, perversidade, abuso de autoridade e outras 
formas de agressividade social (SARMENTO; CAVALCANTI, 2009, 
p.16). 
 
Em que os agressores, em sua maioria, são pessoas que possuem vínculos 
consanguíneos e/ou afetivos com a vítima, como: pai, irmão, filho, tio, primo, 
namorados/as, maridos, companheiros/as, ex-maridos, ex-companheiros/as e ex-
namorados/as (NUDEM, 2011, p. 5). 
Além disso, deve-se destacar o fato de que: 
 
a violência contra a mulher, praticada por um estranho, difere de um 
delito praticado por alguém da estreita convivência da vítima, pois a 
agressão por uma pessoa da convivência da vítima – como o marido 
ou o companheiro – dado a proximidade dos envolvidos, tende a 
acontecer novamente, formando o ciclo perverso da violência 
doméstica, que pode acabar em delitos mais graves; enquanto o 
praticado por estranhos, dificilmente voltará a acontecer (BRASIL, 
2008). 
 
Mas é preciso considerar que a violência contra a mulher ocorre em todas as 
fases da vida; muitas vezes, iniciando-se na infância, ressaltando que pode acontecer 
em todas as classes sociais. (SARMENTO; CAVALCANTI, 2009, p. 13). E embora 
seja permeada de questões problemáticas, o que se tem na realidade é que este 
fenômeno ainda se mostra cercado pelo silêncio e pela dor. 
Desse modo, a violência doméstica contra a mulher corresponde a qualquer 
ação e/ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão corporal, ou dano 
psicológico e/ou emocional. 
Podendo assim ser compreendida a partir de práticas de abuso sexual, tortura, 
tráfico de mulheres, prostituição forçada, sequestro e assédio sexual no local de 
trabalho, bem como em instituições educacionais, estabelecimentos de saúde ou 
qualquer outro lugar de convívio comunitário. As quais se enquadram nos tipos de 
violência física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. 
Os agravantes da violência doméstica contra a mulher se enquadram a fatores 
como a questão de gênero, dependência econômica, subordinação, não 
reconhecimento dos valores e direitos. Destacando que são influenciadas por fatores 
que levam a agressão como o descontrole emocional, o desemprego, gênero 
24 
 
(relações de poder), alcoolismo, perversidade, autoridade, entre outros. Como se vê 
esta é decorrente da desigualdade na relação de poder entre o ser masculino e o ser 
feminino. 
 
 
Os indicadores da violência doméstica contra a mulher são considerados o 
seguinte: 
transtornos crônicos, vagos e repetitivos; entrada tardia no pré-natal; 
companheiro muito controlador que reage quando separado da 
mulher; infecção urinária de repetição (sem causa secundária); dor 
pélvica crônica; síndrome do intestino irritável; transtornos na 
sexualidade; complicações em gestações anteriores, abortos de 
repetição; depressão; ansiedade; dor crônica em qualquer parte do 
corpo ou mesmo sem localização precisa; dor que não tem nome ou 
lugar; história de tentativa de suicídio; lesões físicas que não se 
explicam de forma adequada; fibromialgia (BRASIL, 2008). 
 
 
Por ser uma questão permeada por gênero e desigualdade de homem X 
mulher, a história da violência contra a mulher persiste em existir na sociedade ao 
longo da história, sendo considerada uma situação de violação dos direitos da mulher. 
(SARMENTO; CAVALCANTI, 2009, p. 15). 
Diante disso, serão explanados a seguir a tipologia da violência doméstica e 
familiar contra a mulher. 
1.2. Tipologia da violência doméstica contra a mulher 
 
A tipologia da violência doméstica contra mulher pode ser classificada como 
violência de gênero, física, moral, familiar e patrimonial, e suas consequências estão 
em torno de fatores como: descontrole emocional, desemprego, poder e autoridade, 
uso de drogas como o caso do álcool, perversidade, entre outros fatores que trazem 
prejuízos a integridade física e moral da mulher. 
Nesse sentido, a violência de gênero se relaciona a questão de subordinação 
de poder do homem (gênero masculino) sobre a mulher (gênero feminino). No caso 
da violência contra a mulher, esta tem com premissa expressões que se configuraram 
através da história marcada pelas mais diversas formar de convívio social e 
desigualdades permeadas por relações de poder de homem em detrimento da mulher 
(SARMENTO; CAVALTANTI, 2009). A violência de gênero pode se dar através de 
ameaças que causem danos físico, sexual e psicológico, inerente a violação dos 
direitos a liberdade. 
25 
 
A violência física é considerada qualquer conduta que ofenda a saúde da 
mulher e/ou sua integridade corporal, como empurrão, rasteira, chutes, tapa, soco, 
corte, queimadura e/ou golpe com qualquer objeto que deixem marcas visíveis. Bem 
como pode ser considerada violência física quando a mulher fica presa, trancada, 
dentro de casa. 
Nesse sentido, esse tipo de violência é qualquer forma e/ou ação que 
machuque e/ou agrida intencionalmente uma pessoa, por meio da força física, arma 
ou objeto, provocando ou não danos e lesões internas ou externas no corpo. 
A violência psicológica é quando fazem a mulher perder sua autoestima e goste 
menos de si para que seja mais fácil dominar suas ações, comportamentos, crenças 
e suas decisões. (SARMENTO; CAVALTANTI, 2009, p. 12). Este tipo de violência 
acontece na forma de xingamentos, ofensas, intimidação, desqualificação,proibição 
de trabalhar, vestir-se como gosta, estar com os/as amigos/as ou telefonar, 
ridicularização, vigilância, utilização dos/as filhos/as para fazer chantagens com a 
mulher, entre tantas outras coisas (BRASIL, 2008). 
Segundo Sarmento e Cavalcanti (2009) 
 
é qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da 
autoestima, que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou 
que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças 
e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, 
manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, 
insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito 
de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde 
psicológica e à autodeterminação (SARMENTO; CAVALCANTI, 2009, 
p.16). 
 
A partir das afirmações de Sarmento e Cavalcanti (2009) a violência 
psicológica, pode ser conceituada na ação e/ou omissão destinada a degradar ou 
controlar as ações, comportamentos, crenças e decisões de outra pessoa, por meio 
de intimidação, manipulação, ameaça direta ou indireta, humilhação, isolamento ou 
qualquer outra conduta que implique prejuízo à saúde psicológica, à 
autodeterminação ou ao desenvolvimento pessoal. 
A Violência Psicológica ou Agressão emocional, às vezes tão ou mais 
prejudicial que a física, é caracterizada por rejeição, depreciação, discriminação, 
humilhação, desrespeito e punições exageradas. Trata-se de uma agressão que não 
deixa marcas corporais visíveis, mas emocionalmente causa cicatrizes para toda a 
vida (SARMENTO; CAVALCANTI, 2009). 
26 
 
Um tipo comum de Agressão Emocional é a que se dá sob a autoria dos 
comportamentos histéricos, cujo objetivo é mobilizar emocionalmente o outro para 
satisfazer a necessidade de atenção, carinho e de importância. A intenção do agressor 
histérico é mobilizar outros membros da família, tendo como chamariz alguma doença, 
alguma dor, algum problema de saúde, enfim, algum estado que exija atenção, 
cuidado, compreensão e tolerância (COSTA, 2011, p. 29). 
Sarmento e Cavalcante (2009) conceituam a violência sexual como, 
 
qualquer conduta que constranja a presenciar, a manter ou a participar 
de relação sexual não desejada mediante intimidação, ameaça, 
coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de 
qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer 
método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao 
aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou 
manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos 
sexuais e reprodutivos (SARMENTO; CAVALCANTI, 2009, p. 41). 
 
Desse modo, tem-se que a violência sexual, é quando a mulher é obrigada a 
assistir e/ou fazer algum ato sexual contra a sua vontade. Ou mesmo quando é 
impedida de usar métodos anticoncepcionais, forçada ao casamento, ao aborto, à 
prostituição ou transmissão de doenças sexuais (BRASIL, 2006). 
Considera-se que a violência sexual contra a mulher é toda relação sexual em 
que a pessoa é obrigada a se submeter, contra a sua vontade, por meio de força física, 
coerção, sedução, ameaça ou influência psicológica. Sendo considerada crime 
descrita no Código Penal Brasileiro como forma de violência física, psicológica e/ou 
ameaça, bem como compreendendo o estupro e a tentativa de estupro. 
A relação sexual imposta pela força, mesmo entre marido e mulher, 
companheiro e companheira, na constância de uma união estável, ou entre 
namorados, também é violência sexual. Se a vítima é menor de 14 anos ou se é 
portadora de transtornos mentais (com qualquer idade) haverá sempre crime, mesmo 
que a relação sexual não tenha decorrido de violência ou ameaça (NUDEM, 2011, p. 
5). 
A violência patrimonial ou econômica é considerada qualquer conduta que 
configure retenção, subtração, destruição parcial e/ou total de seus objetos, 
instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos 
econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades (SARMENTO; 
CAVALCANTI, 2009, p. 42). 
27 
 
Assim a violência patrimonial ou econômica é quando tiram da mulher contra 
sua vontade seus pertences e/ou os danificam, apenas para atingi-la, chantageá-la 
e/ou controla-la de alguma forma. 
Enquanto que à violência moral é tratada como qualquer conduta que configure 
calúnia, difamação ou injúria. Considerando ainda que está é quando a mulher é 
exposta à calúnia, difamação ou injúria, crimes previstos em Lei. 
 Essas são as cinco formas de violência doméstica e familiar contra a mulher 
apresentadas pela Lei Maria da Penha (Lei n. 11.340/06). Dessa forma, deve-se 
considerar que esses tipos de violência são crimes e que precisam de punição ao 
agressor. (SARMENTO; CAVALCANTE, 2009, p. 17). 
E a mulher precisa reconhecer que não precisa continuar na condição de 
sofrimento, pois esses tipos de violência podem acontecer no ambiente doméstico, no 
trabalho ou ambiente externo as suas relações, mas também deve-se considerar que 
pode ocorrer entre os familiares, vizinhos, namorados, entre outros. 
Contudo, os tipos de violência contra a mulher apresentados retratam que em 
suas múltiplas características tem em comum o fato de que a violência contra as 
mulheres causa enorme sofrimento; deixando marcas nas famílias, afetando as várias 
gerações; e empobrecendo as comunidades. Visto que estas independem que as 
mulheres realizem as suas potencialidades, limitando-se ao crescimento econômico e 
compromete o desenvolvimento (SARMENTO; CAVALCANTE, 2009, p. 17). 
Diante disto, é preciso relatar breves comentários que caracteriza a violência 
doméstica e familiar contra a mulher através da história. 
 
1.3 Breves comentários a respeito da violência contra a mulher através da 
história 
 
A mulher ao longo dos anos vem sofrendo vários tipos de violações de direitos 
que ferem a dignidade da pessoa humana, entre as mais diversas formas de violação 
estão aquela que se denomina violência doméstica, que atinge mulheres das mais 
diversas classes sociais, etnia e/ou grau de instrução. Pelo fato de que a violência não 
se concretiza apenas em formas que deixem marcas, ou quando se é agredida 
fisicamente, pois existem diversos tipos de violência que se dão nos aspectos 
psicológicos, físicos, econômicos, sexual e moral. 
Observa-se assim, partindo dessa premissa que a violência doméstica contra 
a mulher corresponde a qualquer ação por parte de terceiros que lhe cause morte, 
28 
 
lesão, sofrimento físico, sexual, psicológico e/ou dano moral ou patrimonial. (GOMES, 
2018, p. 13). 
Geralmente esse tipo de violência ocorre na família, pelo marido/companheiro, 
pai, irmão, filho, tio, entre outros; na sociedade pelo fato de que as mulheres que são 
vítimas passam a ser estereotipadas e/ou discriminadas por sua situação; na violação 
de seus direitos por não ter forças para lutar sozinha para que seus direitos sejam 
efetivados e garantidos por parte do governo e da sociedade; na dupla carga de 
trabalho que acaba sendo estressante e prejudica seu desenvolvimento físico, 
psicológico e/ou emocional; na falta de respostas das políticas públicas de saúde de 
qualidade para acompanhar a gestação, puerpério, climatério e as situações de 
violência. 
Tudo isso contribui para a perpetuação da situação da violência contra a mulher 
na realidade mundial. Mas é preciso considerar que quando se refere a violência 
contra a mulher no âmbito familiar, vê-se que o agressor pode ser o homem ou a 
mulher, com quem a vítima esteja convivendo ou conviveu no interior da sua 
residência, com ou sem laços de parentescos diretos e vínculo amoroso. 
Nesse sentido no quadro a seguir, embora que de forma breve será 
contextualizada as formas principais medidas de enfrentamento da violência contra a 
mulher até chegar a Lei Maria da Penha, Lei n. 11.340 de 07 de agosto de 2006, que 
tornou-se uma importanteconquista para todas as mulheres. (GOMES, 2018, p. 19). 
Pelo fato de que esta Lei reconheceu expressamente que a violência doméstica contra 
a mulher é uma violação de direitos, bem como estabeleceu medidas de prevenção, 
assistência e proteção às mulheres em situação de violência doméstica, pautada na 
perspectiva de gênero. 
Diante do contexto, podem-se destacar os acontecimentos mais importantes de 
lutas em defesa contra violência em mulheres: 
 
1780 Tem início a luta de enfrentamento da violência contra a mulher 
a nível mundial; 1789 Instituição da Carta de Declaração dos Direitos 
do Homem e do Cidadão, como cidadão e sujeito de direitos; 
1791Olympe de Gouges, uma mulher revolucionária, escreveu a 
Declaração dos Direitos da Mulher, na tentativa de incluir a mulher 
como sujeito de direitos na carta de Declaração dos Direitos do 
Homem e do Cidadão; 1793 Olympe de Gouges foi executada na 
guilhotina em 1793; Em 8 de março de 1857, 129 mulheres fizeram 
greve em uma indústria têxtil de Nova York, pois recebiam a metade 
dos salários dos homens e cumpriam jornadas de trabalho 
desumanas. Como reparação, foram queimadas vivas. Por isso, foi 
instituído o 8 de março como Dia Internacional da Mulher; 1916 Código 
29 
 
Civil de 1916, a mulher era relativamente capaz, sendo seu 
responsável um curador, marido ou o pai; 1962 Foi instituído o Estatuto 
da Mulher Casada como “colaboradora” na família; 1988 No Brasil, 
com a Constituição Federal, a mulher passou a ter as mesmas funções 
dos homens na família; 2001 O Estado brasileiro foi condenado pela 
Comissão Interamericana de Direitos Humanos, por negligência e 
omissão em relação a violência doméstica; O papel da mulher e sua 
função na família foi reafirmada no Código Civil de 2002; 2003 O 
Código Civil de 2002, só entra em vigor em janeiro do ano seguinte; 
2006 Sancionada a Lei Maria da Penha, Lei n. 11.340 de 07 de agosto 
de 2006. Esta Lei só entrou em vigor no dia 22 de setembro de 2006. 
(GOMES, 2018, p. 19). 
 
Neste contexto, percebe-se que a luta para o enfrentamento da violência contra 
a mulher teve início na década de 1780, perdurando assim até os dias atuais, pelo 
fato de que é comum ver e ouvir nos noticiários nos meios de comunicação casos de 
violência contra a mulher dando destaque ao caso Maria da Penha. 
 
2 FORMAS DE ENFRENTAMENTO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A 
MULHER NO BRASIL 
 
A sociedade vem se modificando no decorrer do tempo e trazendo inovações 
na forma de ser e existir da sociabilidade humana. (RIBEIRO, 2011, p. 5). Isso nos faz 
pensar e ter a vontade de que exista uma sociedade mais justa e igualitária que vá de 
encontro com a ordem social vigente, e que trate o homem e a mulher em sua 
condição humana, sem exploração, exclusão, discriminação e/ou preconceito. Pelo 
fato de que tanto homem quanto mulher, possuem um papel fundamental na 
constituição da sociedade. 
Nessa perspectiva, no Brasil vemos que as mulheres representam cerca de 
51% (cinquenta e um por cento) da população, e que nas últimas décadas as mulheres 
vem se mostrando como uma nova geração que usufrui de conquistas resultantes de 
um processo de luta que teve início na década de 1960 e perdura até os dias atuais. 
(RIBEIRO, 2011, p. 12). 
Mas é preciso deixar claro que apesar da mulher sair do cenário doméstico para 
o cenário público. Ainda vive-se neste século com grandes os desafios para as 
mulheres. A superioridade masculina e a subordinação feminina ainda é uma 
realidade em vários contextos da nossa sociedade. Mulheres são agredidas física e 
verbalmente. Porém, movimentos de conquistas femininas nas esferas públicas, a 
participação política feminina na história do nosso Brasil, a Lei Maria da Penha e a 
eleição de uma presidenta no país, relevam as contribuições que as mulheres podem 
30 
 
oferecer. (RIBEIRO, 2011, p. 12). Portanto exige-se uma reflexão e um debate. Um 
repensar e um novo olhar. 
Dessa forma, as conquistas da entrada da mulher no processo reivindicatório, 
por meio do movimento feminista levou a mulher a ser um instrumento fundamental 
para o processo das relações sociais. Pelo fato de que a mulher, enquanto ser social, 
ativo e participativo, passou a ter cada vez mais um espaço maior na sociedade, no 
mercado de trabalho, bem como na estrutura familiar. 
Mas é preciso considerar, que no Brasil essa nova imagem da mulher na 
realidade se apresenta de maneira distinta de região para região, visto que a forma 
como se trata a mulher é oriunda das relações culturais, sociais, de gênero, condição 
econômica, dentre outros aspectos que influenciam o lugar que a mulher ocupa na 
sociedade. 
Mesmo assim é preciso que a sociedade, partindo de um olhar total, conheça 
e reconheça as conquistas femininas, que levaram as mulheres ao patamar de serem 
consideradas possuidoras de direitos. Mas devemos considerar que apesar das 
conquistas, ainda há muito por se lutar, sendo uma das principais e mais importante 
a luta em combate a violência contra a mulher, situação está que deve ser enfrentada 
a qualquer custo através de uma ação conjunta entre governo e sociedade civil. 
(RIBEIRO, 2011, p. 21). 
Partindo dessas pressuposições é preciso compreender o fenômeno da a 
violência contra a mulher, que se baseia na ação ou conduta, fundamentada na 
questão de gênero, que retrata qualquer ato que cause morte, dano ou sofrimento 
físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto no âmbito público como no privado. 
Ressaltando que está definição é, portanto, ampla e aborda diferentes formas de 
violência, tais como: a violência doméstica – que se caracteriza em atos de violência 
na residência da vítima, se expressando de forma física, psicológica, sexual, moral e 
patrimonial; violência na comunidade – que pode ser compreendida a partir de práticas 
de abuso sexual, tortura, tráfico de mulheres, prostituição forçada, sequestro e 
assédio sexual no local de trabalho, bem como em instituições educacionais, 
estabelecimentos de saúde ou qualquer outro lugar de convívio comunitário. 
(RIBEIRO, 2011, p. 31). 
As formas de violência contra a mulher são caracterizadas como forma de 
violação de direitos, que deixam cicatrizes para toda a vida, provocando nas mulheres 
sentimentos de inferioridade, visto que o agressor deprecia a vítima e a diminui, 
31 
 
fazendo com que as mesmas se sintam culpadas pela situação que estão vivenciando. 
O Brasil é signatário de tratados e documentos internacionais que definem medidas 
para a eliminação da violência contra a mulher. (SARMENTO; CAVALCANTI, 2009, 
p. 57). Essas medidas dependem de diferentes atores nos âmbitos do governo e da 
sociedade, bem como da introdução de conhecimentos específicos e tecnologias 
diferenciadas para profissionais que atuam diretamente na atenção à saúde, integrada 
a outras iniciativas, possibilitando, assim, a formação de redes de atenção para 
mulheres e adolescentes em situação de violência doméstica e sexual. (SARMENTO; 
CAVALCANTI, 2009, p. 57). Tais redes de atenção integrada devem trabalhar em 
consonância com as redes e o sistema de proteção de direitos de crianças e 
adolescentes. 
As propostas de resolução para os problemas relacionados à violência contra 
mulheres estão presentes em diversos documentos internacionais – tais como a 
Declaração sobre a Eliminação da Violência contra as Mulheres (ONU, 1993) – 
elaborados a partir de algumas conferências mundiais: Conferência Internacional de 
Direitos Humanos (Viena, 1993), Conferência Mundial da Mulher (Pequim, 1995) e 
Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher 
(CEDAW,1979), da qual o Brasil faz parte desde 1985, apresentando relatórios 
atualizados de dois em dois anos. (ONU, 1993). 
Como conquistas regionais, podemos citar que a Organização dos Estados 
Americanos (OEA) elaborou a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e 
Erradicar a Violência contra a Mulher, ratificadapelo Brasil em 1997. As conquistas 
nacionais ou locais passam pelo apoio do legislativo brasileiro no que se refere à 
aprovação de leis que reconhecem as situações de violência contra a mulher: a Lei nº 
10.778/03 (BRASIL, 2003), que estabelece a notificação compulsória, no território 
nacional, de casos de violência contra a mulher que for atendida em serviços de saúde 
públicos ou privados; a Lei n.º 10.886/04 (BRASIL, 2004), que tipifica a violência 
doméstica no Código Penal Brasileiro e traz a definição jurídica do que é o crime de 
violência doméstica, bem como as penas previstas para o agressor. Outras conquistas 
importantes na área da Saúde em 2005 foram as publicações das Normas Técnicas: 
“Prevenção e Tratamento dos Agravos Resultantes da Violência Sexual contra 
Mulheres e Adolescentes”, “Aspectos Jurídicos do Atendimento às Vítimas de 
Violência Sexual”, “Anticoncepção de Emergência” e “Norma Técnica de Atenção 
Humanizada ao Abortamento”. (SILVA, 2017, p. 44). 
32 
 
A Lei Maria da Penha, sancionada em 2006, é uma lei que protege as mulheres 
contra violência doméstica e familiar. (ROCHA, 2016, p. 12). Nesse sentido, a Lei 
Maria da Penha (Lei 11.340/2006) é uma grande conquista de todas as brasileiras. 
Criada há 6 anos, no dia 07 de agosto de 2006, ela não existiria sem a garra do 
movimento feminista e dos movimentos de mulheres, que, indignadas com a 
negligência com que eram tratadas, exigiram do Estado brasileiro a criação de um 
mecanismo que reconhecesse a violência doméstica e familiar como uma afronta a 
nossos direitos humanos e nos protegesse. 
Mesmo assim é preciso ficar claro que apesar das conquistas que foram 
impostas a partir desta Lei, uma lei pode fazer muito, mas não pode acabar de uma 
vez por toda com a mentalidade machista e racista que ainda existe na sociedade e 
no Estado. Ressaltamos que a Lei Maria da Penha é uma das melhores leis do mundo 
para assegurar uma vida livre de violência às mulheres, ela deve ser implementada, 
e não alterada. 
Sendo assim, é necessário abordar os avanços nas formas de enfrentamento 
de prevenção e combate à violência contra a mulher, deixando sua marca na 
elaboração de Leis, como a Lei Maria da Penha; políticas públicas de proteção à 
mulher, bem como programas de combate a violência contra a mulher. 
 
2.1 Das consequências da violência doméstica 
 
 Diversas vezes, os estragos psicológicos do abuso efeitos físicos são ainda 
mais devastadores que seus efeitos físicos. A experiência do abuso devasta a 
autoestima da mulher, ao risco mais alto do sofrer de problemas mentais como 
depressão, medo, estresse traumático, disposição ao suicídio, isolamento, baixa 
autoestima, problema de ansiedade, consumo abusivo de álcool e drogas e utilização 
descontrolada de remédios psiquiátricos. 
 Os estudos demonstram que as vítimas de violência do parceiro refletem um 
estado de saúde inferior em comparação a mulheres não vítimas de agressões do 
parceiro, conforme Day et al. (2003). 
 Dessa forma, a violência doméstica estupro e abuso sexual na infância 
representam as causas mais frequentes de transtorno de estresse pós-traumático em 
mulheres. Nesta patologia, a paciente passa por sensação bastante intensa em está 
revivendo o evento traumático, adota conduta evitativa, vive indiferença emocional 
tem dificuldades para dormir, para se concentrar e assusta-se facilmente (DAY, et al. 
33 
 
2003). 
 De acordo com o instituto IPAS (Instituto Pernambucano de Assistência à 
Saúde), que desenvolveu o projeto Rhamas (2010), ao qual tem por escopo ajudar 
mulheres vítimas de abuso sexual, mostra que os efeitos da violência física podem 
ser: dores crônicas, alterações no sono, dificuldades de se alimentar hemorragias, 
hematomas, cicatrizes, limitação de paralisias e inclusive a movimentos, perda de 
função de determinado membro ou órgãos, paralisia e inclusive a morte. 
 Nesses termos, as consequências físicas não letais derivam de lesões como 
cones na boca, sangramento no nariz, extrusão do tímpano, inflamação no tórax, 
dificuldade circulatórias, dores físicas que atrapalham a realização de tarefas 
cotidiana, palpitações, tremedeiras, dores na coluna lombar, enxaquecas, queixas 
somáticas, desordens gástricas vinculadas ao stress crônico e hipertensão 
(TAVARES, 2014, p. 31). 
 Por conseguinte a saúde mental das mulheres que sofrem violência doméstica 
vítima do companheiro é afetada sob o modo de transtorno de ordem emocional, 
ansiedade, pequena autoestima, insônia e transtornos de humor (TAVARES, 2014, 
31). 
Em definição do inciso II, do artigo 7° da Lei 11.340/06, a violência psicológica 
constitui qualquer ação que tenha por escopo controlar o comportamento da mulher, 
anulando sua autodeterminação ocasionando-lhe determinado tipo de prejuízo 
emocional e/ou reduzindo sua autoestima, por meio de ofensas, ironias, isolamento 
social forçado, dentre outros meios. Assim, a violência psicológica versa 
essencialmente em condutas omissivas ou comissivas, que resultam em lenta e 
sucessiva destruição da identidade e da capacidade de reação e resistência da vítima 
sendo habitual que evolua para prejuízo relevante a sua saúde mental e física. 
(HERMANN, 2015, p. 108). 
Nessa perspectiva, a violência contra a mulher é produto da desigualdade entre 
homens e mulheres e quando ocorre no ambiente familiar é urna maneira de coação 
que elimina o direito à liberdade e pode acarretar danos psicológicos irreversíveis para 
todos os integrantes da família. 
 Berenice Dias (2014) afirma que a violência psicológica é a mais comum e 
quem sabe a menos delatada, pelo fato que, por diversas vezes, a vítima nem se 
percebe que as agressões verbais, silêncios prolongados, conflitos, manipulações de 
atos e vontades, são violência. No que concerne à configuração do dano, expõe ainda 
34 
 
Dias que não é preciso elaboração de laudo técnico ou realização de perícia. Caso a 
violência psicológica for confirmada pelo Juiz, incumbirá a concessão de medida 
protetiva de urgência, e caso seja cometido algum crime através de violência 
psicológica, competirá majoração da pena, segundo artigo 61, II, “f”do Código Penal. 
 Finalmente, a Violência Patrimonial é deliberada pelo art. 70, inciso IV da Lei 
qualquer conduta que represente retenção, 11.340/06, e pode ser compreendido 
como subtração, aniquilamento parcial ou total de seus pertences e objetos, material 
de trabalho, documentos pessoais bens, valores diretos ou recursos financeiros, 
inclusive os designados a, atender suas necessidades (DIAS, 2014, p. 55). 
 Para a autora, no Código Penal está definida entre os crimes contra o 
patrimônio corno furto, dano e apropriação indébita, simultaneamente nos seus artigos 
155, 163 e 168. Importante ressaltar que a definição apresentada pela Lei Maria da 
Penha, reconhecendo como violência doméstica, não compete mais a isenção da 
pena prevista no artigo 181 do Código Penal. 
 Aqui igualmente acontecerá o agravamento da pena disposto no artigo 61, Il f, 
do Código penal (BRASIL, 1940). 
 Seja qual for o ato, omissão ou conduta que serve para atribuir consternações 
físicas, sexuais ou mentais, direta ou indiretamente, mediante dolos, ameaças, 
coações ou qualquer outra forma, a qualquer mulher e tendo por escopo e como 
decorrência intimidá-la, puni-la ou humilhá-la, ou conservá-la nos papeis 
estereotipados vinculados ao seu sexo, ou abdicar-se a dignidade humana, a 
autonomia sexual, a integridade física, moral, ou desestruturar a sua segurança 
pessoal, o seu amor próprio, sua autoestima ou sua personalidade, ou enfraquecer as 
suas capacidades físicas ou intelectuais (CUNHA; PINTO, 2014, p. 24). 
 Sendo posto, os problemas na saúde reprodutiva são mais comumente 
demonstrados em mulheres vítimas de violência do companheiro íntimo do que 
mulheres não atacadas pelo companheiro. A mulherque é vítima pode ter doenças 
sexualmente transmissíveis, infecções vaginais, baixo libido, dores pélvicas crônicas 
e infecções do trato urinário (TAVARES, 2014, p. 32). 
 Em geral, o setor saúde precisa manter acompanhamento médico e 
psicológico constante proposto a mulheres vitimadas pelo consorte, porquanto as 
consequências dessas agressões podem Prosseguir mesmo depois de parar o ciclo 
violento (TAVARES, 2014, p. 32). 
 Destarte, a violência sexual contra a mulher tem fortes consequências 
35 
 
negativas na saúde reprodutiva da mesma, podendo aumentar a possibilidade da 
mulher ter vários filhos, gestações indesejadas, abortos, partos prematuros e demais 
complicações durante o parto e no período do puerpério; as meninas jovens 
apresentam maior risco de serem agredidas e violentadas durante a gestação; o 
abuso sexual infantil parece aumentar o risco de gravidez na adolescência; podendo 
igualmente causar retardo na procura do pré-natal; problema no aleitamento materno 
e nos cuidados com o recém-nascido. 
 De acordo com o Rhamas (2013), A violência psicológica quase sempre não 
deixa marcas visíveis, porém vai minando aos poucos as defesas da vítima, que acaba 
por várias vezes se responsabilizando pelas agressões sofridas. Portanto, as 
consequências acarretadas por esse tipo de violência são devastadoras para a vida 
da mulher. 
 Por conseguinte, o acompanhamento psicológico para as vítimas que sofrem 
de violência doméstica faz-se cogente para que ela possa achar maneiras de se 
reestruturar emocionalmente, readquirindo sua autoestima, autoconfiança, 
desenvolvendo seu repertório para suportar as situações de crise, resguardando-se 
de futuras agressões e mantendo, desse modo, uma convivência mais saudável em 
suas relações. 
Nesse contexto, o impacto de tipos diferentes de abuso e de diversos episódios 
ao longo do tempo parece ser cumulativo. Para certas mulheres, o peso destas 
agressões e sua desesperança torna-se tão profunda que chega a ser insuportável 
para elas, levando-as até ao suicídio. 
No entanto, a presença de um ou outro indicador físico ou psicológico pode não 
significar, essencialmente, a evento de violência, porém, nenhum sinal deve-se passar 
despercebido, a de se levar a intervenção para tempo tardio, ocasionando 
agravamento do quadro e das sequelas. (WAKSMAN; HIRSCHHEIMER, 2015, p. 35). 
 Portanto, a Organização Mundial de Saúde considera a violência doméstica 
contra a mulher como uma questão de saúde pública, que compromete de modo 
negativo a integridade física e emocional da vitima, seu senso de segurança, instituída 
por círculo vicioso de “idas e vindas” aos serviços de saúde e o decorrente acréscimo 
com os gastos neste campo (PORTO, 2017, p. 30). 
 Todo e qualquer tipo de violência causa, de conformidade com Porto (2017), 
detrimentos nas áreas do desenvolvimento físico, cognitivo, social, moral, emocional 
ou afetivo. As marcas físicas da violência podem ser densas, como as inflamações, 
36 
 
contusões, hematomas, ou crônicas, marcando e deixando sequelas por toda a vida, 
como as limitações no movimento motor, traumatismos, a instalação de deficiências 
físicas, dentre outras. 
 Como antes mencionado e bem enfatizado, os sintomas psicológicos 
comumente localizados em vítimas de violência doméstica são: insônia, pesadelos, 
ausência de concentração, irritabilidade, ausência de apetite e, inclusive, o surgimento 
de graves problemas mentais como a depressão, ansiedade, síndrome do pânico, 
estresse pós-traumático. Ademais destes, também se pode encontrar os 
comportamentos autodestrutivos, como a utilização de álcool e drogas ou também 
tentativas de suicídio (PORTO, 2017, p. 32). 
 O transtorno do estresse pós-traumático pode ser definido como um distúrbio 
da ansiedade caracterizado por um conjunto de sinais e sintomas físicos, psíquicos e 
emocionais. Esse quadro ocorre devido à pessoa ter sido vítima ou testemunha de 
atos violentos ou de situações traumáticas que representaram ameaça à sua vida ou 
à vida de terceiros. Quando ele se recorda do fato, revive o episódio como se estivesse 
ocorrendo naquele momento e com a mesma sensação de dor e sofrimento vivido na 
primeira vez. Essa recordação, conhecida como revivescência, desencadeia 
alterações neurofisiológicas e mentais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.minhavida.com.br/saude/temas/ansiedade
37 
 
 
 
 
 
2.2 Da formação do Juizado Especial de violência doméstica e familiar contra a 
mulher 
 
A Lei Maria da Penha em seu art. 1º. “dispõe sobre a criação dos Juizados de 
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher” (BRASIL, 2006), que tem como a 
finalidade julgar crimes de violência conta a mulher; realizar acolhimento às vítimas; 
realizar atendimento de caráter psicossocial, jurídico e pedagógicas; bem como ser 
um espaço de troca de informações, orientações, encaminhamentos e 
acompanhamentos quando forem comprovados os casos de violência contra a 
mulher. Dessa forma a seguir apresentamos a estrutura de funcionamento do Juizado 
de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher: 
 
 Estrutura e funcionamento da organização: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 I 
 
l 
I 
 
I 
 
 
 
Nesse sentido, as ações dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra 
a Mulher visam à possibilidade de uma melhor articulação da rede social na proteção 
feminina, procurando reduzir os índices de violência doméstica contra a mulher. 
Estagiário de 
Direito 
 
 
 
Escrevente 
Escrivão 
Psicólogo 
Cartório 
Equipe 
Técnica 
Assistente 
do Juíz 
Juiz 
Assistente 
Social 
Estagiários 
de Serviço 
Social 
Estagiário de 
Psicologia 
38 
 
(RIBEIRO, 2011, p. 12). Sendo os recursos humanos necessários para a realização 
das ações, profissionais de diversas áreas, tais como advogado, assistente social, 
psicólogo, defensor público, policial, promotor e estagiários. 
 
Assim as ações são realizadas com base na estruturação de parcerias com 
órgãos, programas e projetos de nível governamental e de organizações que fazem 
parte da esfera privada, visando o melhor atendimento das usuárias dos serviços de 
enfrentamento da violência doméstica. Diante disso, o Poder Judiciário é uma 
instituição hierárquica, conservadora e permeada por contradições. 
 
3 - A IMPORTÂNCIA DA LEI MARIA DA PENHA NO CONTEXTO DA VIOLÊNCIA 
CONTRA A MULHER 
 
3.1 A dignidade da pessoa humana no âmbito da proteção à mulher 
 
 
 Pode-se dizer que a dignidade da pessoa humana é produto do 
desenvolvimento do conhecimento científico, como dos movimentos políticos e sociais 
do século XX e o surgimento da globalização que geraram intensas transformações 
na estrutura da família, proporcionando novos ideais, outros arranjos familiares, outros 
valores para as entidades familiares (GONÇALVES, 2015, p. 47). 
 Dessa forma, referente à Dignidade da Pessoa Humana, Afonso da Silva 
(2003) assevera tratar-se de um valor supremo que norteia o conteúdo de todos os 
demais direitos fundamentais do homem, desde o direito à vida. 
 Porquanto, Dignidade da Pessoa Humana, de conformidade com Sarlet, pode 
ser conceituada como: 
 
A qualidade inerente e constitutiva reconhecida em cada ser humano 
que merece o mesmo respeito e estima por parte do Estado e da 
comunidade, decorrendo, nesta acepção, um complexo de direito e 
deveres fundamentais que garantam a pessoa tanto contra todo e 
qualquer ato de caráter humilhante e desumano; como venham a lhe 
afiançar as condições existenciais mínimas para uma vida saudável, 
além de favorecer e promover sua participação ativa e corresponsável 
nos destinos da própria existência e da vida em comunhão com os 
outros seres humanos, por meio do devido respeito aos demais seres 
que fazem parte da rede da vida (SARLET, 2014, p. 67). 
 
 
 Nos ensinamentos de Lôbo (2013), o Princípioda Dignidade da Pessoa 
Humana instituído pela Carta Magna, é uma esplêndida mudança de paradigmas, 
porque no aspecto tradicional a família era percebida como totalidade, onde se 
39 
 
anulavam as pessoas que a, integravam, sobretudo os desiguais, como a mulher e os 
filhos. 
 Desse modo, não era o campo apropriado para a realização da dignidade das 
pessoas, ao não oposto do que acontece atualmente, tendo em vista que a família é 
o lugar onde incide a efetivação existencial de cada um de seus integrantes e, corno 
assevera o autor, como espaço preferencial de afirmação de suas dignidades. 
 Assim, no Estado Democrático de Direito brasileiro, o princípio da dignidade 
da pessoa humana está presente no art. 1', inciso III, na Constituição da República 
Federativa Brasil. 
 
Se a dignidade é presentemente um princípio constitucional, ou seja, 
uma implicação de uma conquista histórica. É a legitimação de que 
não interessam quais sejam as circunstâncias ou qual o regime ou 
sistema político, que se tenha. Pois, todo ser humano precisa ter 
reconhecido pelo estado pessoa e a segurança, na prática, de uma 
personalidade que jamais deve ser desprezada ou subestimada por 
nenhum poder. Exigir através de norma constitucional que o Estado 
reconheça a dignidade da pessoa humana, é exigir que ela avalize a 
todos direitos que podem ser estimados válidos para um ser humano 
capaz de entender o que é o bem (PEREIRA, 2016, p.98). 
 
 
 Para tanto, Moraes (2015) esclarece que o alicerce jurídico do princípio da 
dignidade da pessoa humana revela-se no princípio da igualdade, isto é, no direito de 
não auferir tratamento discriminatório, na Certeza de ter direitos iguais garantidos a 
todos, conforme a mais simples aplicação do postulado “todos são iguais perante a 
lei.” 
 Em complemento, ainda, a dignidade da pessoa humana, enquanto principio 
possui dupla dimensão, negativa e positiva. Em outros termos, é a garantia negativa 
de que a pessoa não será alvo de afrontas ou humilhações, mas igualmente vincula 
caráter positivo na acepção do pleno desenvolvimento da personalidade de cada 
sujeito (MORAES, 2015). 
 Na concepção de Dias (2014), dignidade humana representa-se como valor 
central da ordem constitucional. Tartuce (2015) recomenda que não existe ramo do 
Direito Privado em que a dignidade da pessoa humana tenha mais intervenção ou 
atuação do que o Direito de Família. 
 Sendo assim, o Princípio Fundamental à igualdade entre ambos os sexos 
implica, de início, ter presente que a dignidade da pessoa humana se reporta ao 
homem e a mulher, ou seja, tanto ao gênero masculino, como ao gênero feminino. 
 Dessa forma, abordar a respeito da dignidade da pessoa humana e as 
40 
 
relações de gênero pressupõe, inicialmente, entrar em um campo que abrange 
desarmonias concernentes a sua própria conceituação, visto que esta tem uma 
dimensão cultural que relativiza sua definição e, por mostrar traços que perpassam 
diversas culturas, é avaliado um direito universal, reivindicado por todos os povos. 
(GONÇALVES, 2015, p. 49). 
 Nesse contexto, expor sobre a dignidade da pessoa humana e as relações de 
gênero implica primeiramente, adentrar num campo do qual envolve desarmonias 
atinentes a sua que esta traz uma dimensão cultural que relativiza sua própria 
definição, uma vez conceituação e, por apresentar traços que decorrem várias 
culturas, é avaliado um direito universal, exigido por todos os povos. 
 Assim, um Estado Democrático de Direito precisa proporcionar condições de 
vida digna a todos seus habitantes, por meio da aplicação de política pública em ações 
que causem a por respeito às mulheres, conquanto tenham elevado isonomia entre 
as pessoas. (GONÇALVES, 2015, p. 47). No que diz respeito às mulheres, conquanto 
tenha elevado condição de expressiva emancipação, muitas se mantêm submissão 
em suas residências ou em suas famílias, em pretexto da convicção de que sua vida 
é dependente prontamente, menos digna - que daqueles a quem acha dever 
satisfação. 
 Posto que, o art. 1° da Declaração Universal da Organização das Nações 
Unidas exprime que “todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e 
direitos. Dotados de razão e consciência, devem agir uns para com os outros em 
espírito e fraternidade” (SARLET, 2014, p. 67). 
 Destarte, ao consagrar o princípio da igualdade, a Declaração Universal dos 
Direitos Humanos mostra que todas as pessoas, conquanto todas as 
heterogeneidades biológicas e culturais que os diferenciam entre si, merecem igual 
respeito. Pois, esse é o reconhecimento universal da igualdade. 
 Todavia, faz-se preciso ressaltar que, no contexto da procura do direito à 
dignidade da pessoa humana, os Direitos Fundamentais servem como mecanismo de 
garantia desta, visto que a unidade dos Direitos Fundamentais se localiza no ser 
humano, cujo é o fundamento e o fim do Estado de Direito. Assim, a dignidade da 
pessoa humana é o escopo dos Direitos Fundamentais. Essa relação acha-se em 
graus de vinculação diferenciados, posto que determinados Direitos Fundamentais 
especifiquem a dignidade da pessoa humana, ao passo que outros direitos são deles 
consequente (SARLET, 2014, p. 68). 
41 
 
 Nessa conjuntura de promoção da dignidade da pessoa humana nas relações 
de gênero por meio dos Direitos Fundamentais, o constituinte brasileiro presumiu na 
lista do art. 5° da Carta Maior o direito de igualdade entre homens e mulheres: 
 
Art. 5°. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes 
nos países a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, 
à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
- Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações nos termos 
desta Constituição. (BRASIL, 1988). 
 
 
 
 Nesse contexto, compreende que a mulher pode ser considerada tanto como 
parte do campo da natureza, quanto como intermediária entre a natureza e seu meio 
social, mormente sob o ponto de vista cultural. Em síntese, assevera que o sistema 
para distinguir homens de mulheres tem sido essencialmente, a dicotomia 
essencialista entre natureza e cultura, dentro da qual o campo da cultura torna o 
campo da natureza subordinado a ele. 
3.2 Da Lei 11.340/06: Lei Maria da Penha 
 
 
 Segundo a Organização Mundial da Saúde, em seus estudos estatísticas 
aproximadamente a metade das mulheres vítimas de homicídio são mortas esposo ou 
namorado, só pelo ex como ainda pelo atual. Do mesmo modo, pesquisa feita pela 
Anistia em cinquenta nações apresentou dados que comprovaram que uma em cada 
três mulheres foi vítima de violência doméstica, como igualmente coagida a manter 
relações sexuais ou obrigadas a outros tipos de violência. (SABADELL, 2015, p 77). 
 Em especial, no que se refere à violência contra a mulher e à violência 
doméstica, existe uma justificativa adicional para a sua enorme ocorrência no Brasil. 
Ela não está vinculada apenas à dialética da pobreza, ou desigualdade social e 
cultural. Igualmente está associada de forma direta ao preconceito, à discriminação e 
ao abuso de poder que tem o agressor para com a sua vítima. A mulher, em virtude 
de suas particularidades aparência física, idade e submissão econômica, encontram-
se em uma condição de vulnerabilidade na relação social (HIRIGOYEN, 2006, p. 17). 
 Em implicação a sua relação de poder e à dominação que há no 
relacionamento afetivo, comumente o agressor, em relação à mulher que ele ataca 
através da força física e o poder econômico, passa a forjá-la, violá-la e insultá-la 
psicológica, moral e fisicamente. 
42 
 
 Por conseguinte, diante dessa triste realidade, a violência contra a mulher 
ganha proporção assustadora. Assim, em respostas a esta situação, surge,no dia 07 
de agosto de 2006, Lei 11.340 (igualmente chamada Lei Maria da Penha) que, de 
modo inédito, cria elementos importantes para refrear a violência doméstica e familiar 
contra a mulher, instituindo medidas e ações de prevenção, assistência e proteção às 
mulheres em situação de violência. 
 
 A Lei Maria da Penha trouxe como fundamento uma gama de fatores 
para sua criação. Primeiramente, compete descrever a respeito da 
primeira Conferência Mundial sobre a Mulher, concretizada no México, 
que inspirou na elaboração da Convenção sobre a Eliminação de 
Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres, entrando em 
vigor no ano de 1981 (CAMPO, 2017, p. 42). 
 
 
 Provém, a partir desse evento, o estímulo à busca do reconhecimento dos 
direitos humanos das mulheres, conquanto esse resultado tenha sido bastante 
moroso. Somente no ano de 1984, o Brasil passou a ser signatário dessa Convenção 
da Mulher, ou CEDAW - que significa: convenção para a Eliminação de Todas as 
Formas de Discriminação contra a Mulher -, discutindo sobre a necessidade dos 
Estados constituírem legislação relacionada à violência doméstica contra a mulher. 
 Assim, a situação somente tomou outras dimensões depois do caso da 
cearense Maria da penha Maia Fernandes. Ela, durante o seu casamento, com o 
então Marco Antônio Heredia Viveiros, conviveu Com o seu agressivo e violento 
temperamento, não ousando, portanto, a separar-se do marido por medo da sua 
reação. 
 De conformidade com Campo (2017, p. 42), lamentavelmente a situação ficou 
mais perigosa e gravosa. No ano de 1983, Maria da Penha levou um tiro, disparado 
pelo seu marido, que tentou assassiná-la. Por sorte, ele não obteve êxito no intento, 
todavia, Mara da Penha ficou em estado de paraplegia irreversível. 
 Constata-se, nesse episódio, a brutalidade acometida contra Maria da Penha, 
representando as diversas mulheres semelhantes a esta situação, vítimas de todo tipo 
de agressão a que seus companheiros lhes obrigam a passar. 
 Por conseguinte, dias depois do acontecido, outra vez o marido de Maria da 
Penha procurou assassiná-la, numa tentativa abominável de eletrocutá-la quando ela 
estava tomando banho. Foi quando a vítima, cansada das investidas do agressor, 
decidiu procurar por seus direitos humanos. 
 
43 
 
Passou em torno de quinze anos para o processo ser instaurado pelo 
Ministério Público, em 1984, sem que existisse qualquer posição da 
Justiça Brasileira quanto à condenação do acusado, que se achava 
em liberdade. Foi quando a vítima procurou os órgãos internacionais 
protetores dos Direitos Humanos, que expuseram o caso à OEA, pela 
omissão e negligência do Estado Brasileiro que, mesmo depois de 
todas as denúncias apresentadas pela vítima, não tinha decidido sobre 
alguma medida contra o agressor, ao longo de tantos anos (CAMPOS, 
2017. p. 44). 
 
 
 Na concepção de Hermann, a Lei Maria da Penha confirma seu desígnio em: 
 
 
Instituir mecanismos para impedir e precaver a violência doméstica e 
familiar contra a mulher, na dicção do § 8° do art. 226 da Constituição 
Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de 
Violência contra a Mulher, da Convenção Interamericana para 
Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher e de demais 
tratados internacionais ratificados pela República Federativa do Brasil: 
Mulher; prevê ê sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica 
e Familiar contra a determina medidas de assistência e proteção às 
mulheres em situação de violência doméstica e familiar (HERMANN, 
2015, p. 50). 
 
 
 Dessa forma, a Lei 11.340/06, Lei Maria da Penha é empregada quando a 
mulher, independente da idade, sofrer violência de parentes ou de quem quer que seja 
próximo ou não à família. E adverte-se ainda que mulher que sofre violência cometida 
por outra mulher merece o mesmo tratamento pela Lei. 
 Cabe destacar que hoje em dia, depois da criação da Lei Maria da Penha, 
observa-se um maior aumento no acesso das mulheres vítimas de violência a serviços 
de proteção. Logo, existiu e ainda existe o aumento na quantidade de delegacias 
especializadas de atendimento à mulher, como um processo que principia a se firmar 
e angariar espaço, uma conquista das mulheres. 
 Nesses termos, a delegacia da mulher é uma das importantes políticas de 
enfrentamento em situações de violência, porquanto ela é a porta de entrada para os 
outros órgãos de ajuda às vítimas, como assistências médicas, psicológicas e 
judiciais. Assim, relevante mencionar que cada vez mais as mulheres vêm pondo em 
evidência e denunciando as agressões sofridas. 
 
3.3 A importância da Lei Maria da Penha para as mulheres 
 
 
 Desde a Constituição Federal Brasileira de 1988, foi que as mulheres passaram 
a ter reconhecidos os seus direitos humanos e cidadania plena. (DIAS, 2014, p. 57). 
44 
 
Essa conquista resultou, sobretudo, das amplas mobilizações feitas pelas próprias 
mulheres, por meio de ações dirigidas ao Congresso Nacional, mostrando emendas 
populares e elaborando movimentos que resultaram na inclusão da igualdade de 
direitos sob no contexto de gênero, raça e etnias. 
 A despeito desses fatores, o Estado Brasileiro assinou e sancionou dois 
tratados internacionais que se atribuem excepcionalmente à procedência e defesa dos 
direitos humanos das mulheres, quais sejam, como já citado anteriormente: 
Convenção da Organização das Nações Unidas sobre Eliminação de todas as Formas 
de Discriminação contra a Mulher e Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e 
Erradicar a Violência contra a Mulher (PORTO, 2017, p. 44). 
 Nesse contexto, para Campos (2017, p. 45), a Constituição, como documento 
jurídico e político dos cidadãos, procurou irromper com um sistema legal 
profundamente discriminatório contra as mulheres e colaborou para que o Brasil se 
agregasse ao sistema de proteção internacional dos direitos humanos, exigência 
histórica da sociedade. 
 No que diz respeito ao enfrentamento da violência contra a mulher, a Lei 
11.340/06, Lei Maria da Penha elabora medidas integradas de prevenção, através de 
unidas articulações de ações da União, Estados, Distrito Federal, Municípios e de 
ações não governamentais, sob o aspecto multidisciplinar, institui a integração do 
Poder Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública, com as áreas da segurança 
pública, assistência social, saúde, educação, trabalho e habitação (DIAS, 2014, p. 57). 
 Por conseguinte, enfatiza a relevância da promoção e efetivação de 
campanhas educativas de prevenção da violência doméstica e familiar contra a 
mulher, assim como da propagação da Lei e dos mecanismos de proteção dos direitos 
humanos das mulheres. Soma-se a importância de inclusão nos currículos das 
escolas de todos os níveis de ensino para os conteúdos respectivos a direitos 
humanos, à igualdade de gênero e de raça, etnia e ao problema da violência 
doméstica e familiar contra a mulher. 
 Destarte, pode-se dizer que a composição da Lei Maria da Penha vem envolvida 
nomeadamente no princípio da dignidade da pessoa humana, disposto no art. 1°, 
inciso III da Carta Magna de 1988. 
 Nessa esteira, o legislador da Lei Maria da Penha vinculou à aludida legislação 
uma menção no que trata do reconhecimento dos direitos da mulher, como nivelados 
aos dos homens, enquanto ser humano. (SOUZA, 2017, p. 53). 
45 
 
 Desse modo, está manifesto no art. 2° e 3° da citada Lei, os direitos da mulher, 
in verbis: 
 
Art. 2°. Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, 
orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião, 
goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-
lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem 
violência, preservar sua saúde física e mentale seu aperfeiçoamento 
moral, intelectual e social. (BRASIL, 2006). 
 
 
 Em alusão ao assunto, expõe Souza (2017, p. 52) que o legislador da Lei 
reafirmou que a mulher, sendo ser humano igual, traz os mesmos direitos 
reconhecidos aos que os homens têm. 
 Sobre o artigo 3° da Lei Maria da Penha, prevê que: 
 
 
Art. 3° Serão asseguradas às mulheres as condições para o exercício 
efetivo dos direitos à vida, à segurança, à saúde, à alimentação, à 
educação, à cultura, à moradia, ao acesso à justiça, ao esporte, ao 
lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e 
à convivência familiar e comunitária. 1° O poder público desenvolverá 
políticas que visem garantir os direitos humanos das mulheres no 
âmbito das relações domésticas e familiares no sentido de resguardá-
las de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, 
crueldade e opressão. § 2° Cabe à família, à sociedade e ao poder 
público criar as condições necessárias para o efetivo exercício dos 
direitos enunciados no caput. (BRASIL, 2006). 
 
 
A norma legal cuida mais especialmente do princípio da dignidade humana, 
assim como cita Souza: 
 
O art. 3º institui direitos que são contemplados na Constituição 
Federal, porém que agora aparecem incluídos em uma norma 
específica, em prol da mulher, tendo o legislador adotado uma redação 
muito próxima àquela que o constituinte incluiu no art. 227 da 
Constituição, em prol da criança e do adolescente. Todavia, de 
qualquer modo, é como se tivesse de forma expressa (reiterado) que 
a mulher precisa ser respeitada em sua "dignidade humana" e que 
incumbe ao Poder Público e à sociedade velar por esse respeito 
(SOUZA, 2017, p. 53). 
 
 
Nesse prisma, percebe-se na redação do artigo acima mencionado, a 
necessidade de sancionar que os direitos fundamentais, como sendo direitos da 
pessoa humana, se ampliam em relação à mulher, não apenas ao homem, que 
diversas vezes acha-se detentor da vida de suas esposas. 
Sendo posto, primeiramente, o artigo acima mencionado pode estar se 
referindo ao óbvio, por tratar de questões já garantidas na legislação constitucional, 
46 
 
contudo, tem justificativa real. No entendimento de Cunha: 
 
 
 
É sem dúvida, historicamente, que a construção legal e conceituai dos 
direitos humanos ocorreu, primeiramente, com a exclusão da mulher. 
Conquanto os basilares documentos internacionais de direitos 
humanos e provavelmente todas as Constituições da era 
contemporânea consagrem a igualdade de todos. Essa igualdade, 
lamentavelmente, continua sendo entendida em seu aspecto formal e 
estamos ainda distante de conseguir a igualdade verdadeira, 
substancial entre as mulheres e homens. Porquanto, a Convenção 
sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a 
mulher foi, dentre as Convenções da ONU, a que mais auferiu 
reservas por parte dos países que a ratificaram. E, em razão da 
enorme pressão das entidades não governamentais é que teve o 
reconhecimento de que os direitos da mulher igualmente são direitos 
humanos, ficando assinalado na Declaração e Programa de Ação de 
Viena (item 18) que: os direitos humanos das mulheres e das meninas 
são inalienáveis e representam parte integral e indivisível dos direitos 
humanos universais (CUNHA, 2016, p. 25). 
 
 
Nesse cenário de desigualdade entre homens e mulheres, é que a Lei Maria da 
Penha vem procurar equilíbrio nas relações sociais entre os gêneros, agindo em favor 
das cidadãs do sexo feminino, direitos intrínsecos à pessoa humana, quando feridos 
por sujeitos fisicamente e socialmente “superiores” a elas, ao menos em sua 
concepção. 
Por este motivo, o legislador da Lei Maria da Penha aprova em seu art. 6° que: 
 “Art. 6°. A violência doméstica e familiar contra a mulher constitui uma 
das formas de violação dos direitos humanos’’. (BRASIL, 2006). 
 
 
 Nessa perspectiva, o Estado cuidou de legislar em prol das mulheres, 
analisando a principal função dos regramentos sociais, que é o humanismo, ainda que 
não aconteça de forma plena, de acordo com entendimento jurisprudencial: 
 
Os direitos e garantias individuais não possuem caráter absoluto. Não 
existe, no sistema constitucional brasileiro, direitos ou garantias que 
se revistam de caráter absoluto, mesmo porque motivos de relevante 
interesse público ou exigências dimanadas do princípio de convivência 
das liberdades legitimam, ainda que unicamente, a adoção, por parte 
dos órgãos estatais, de medidas restritivas das garantias individuais 
ou coletivas, contanto que respeitados os termos determinados pela 
própria Constituição. O estatuto constitucional das liberdades públicas, 
ao delinear o regime jurídico a que estas estão sujeitas — e 
considerado o substrato ético a que as informa - admite que sobre elas 
advenham limitações de ordem jurídica, destinadas, de um lado, a 
proteger a integridade do interesse social e, de outro, garantir a 
coexistência harmoniosa das liberdades, porquanto nenhum direito ou 
47 
 
garantia pode ser cumprido em prejuízo da ordem pública ou com 
desrespeito aos direitos e garantias de terceiros. (MS 23.452/RJ — 
Tribunal Pleno — Rel. Min. Celso de Mello — DJ 12.05.2000, p. 20). 
 
 
 Nessa esteira, observa-se a existência de uma nova dimensão acrescentada 
aos direitos fundamentais, analisando-se além da compreensão igualitária 
constitucional clara: as percepções de gênero, visto que não é suficiente somente a 
igualdade expressada pela lei, se não for eficaz no meio social. Por conseguinte, a 
nova legislação em prol da mulher não procurou tão somente garanti-las de seus 
direitos fundamentais, já consagrados pela Constituição, porém, sobretudo garantir a 
efetividade do exercício desses direitos, com o amparo de políticas públicas, 
contempladas na Lei. 
 Em síntese, a Lei Maria da Penha (BRASIL, 2006), protegeu à mulher o 
exercício dos direitos apresentados nos artigos 1°, II e III; 3°, I, III, e IV; 4° II; 5° I e §§ 
1°, 2°, 3° e 4° da Constituição Federal do Brasil de 1988, atribuindo possível, portanto, 
a reabilitação das vivências sociais entre os gêneros, por meio da igualdade jurídica 
por ela declarada. 
 
3.4 Medidas protetivas estabelecidas a partir da Lei Maria da Penha 
 
 
A Lei Maria da Penha nº 11.340/06, rompe com a cruel realidade vivenciada 
pelas mulheres e com um sistema autoritário e preconceituoso estabelecendo 
medidas de proteção e segurança a mulher. Dessa forma, do ponto de vista do valor 
proteção à família, abarca aspectos de uma nova perspectiva social, no que concerne 
ao tratamento pelo qual a mulher sempre foi e vai ser merecedora. 
Segundo Ribeiro (2011): 
 
O rompimento que se dá no nível do valor proteção à família destaca 
uma nova forma de relacionamento do homem e da mulher. A mulher 
é fisicamente mais frágil que o homem. A mulher tem um déficit 
histórico no que concerne à sua cidadania, pois, por exemplo, até há 
poucas décadas nem tinha o direito de voto e, atualmente, nem tem 
um tratamento igual nas relações de emprego, mesmo em países 
desenvolvidos, salvo no serviço público. A mulher, culturalmente, 
continua sendo vista como uma fêmea reprodutora, nas palavras da 
filósofa Simone de Beauvoir. Portanto, no que concerne a esse ponto, 
a lei determina um novo tratamento à mulher. Impõe mais rigor ao 
homem abusador e maior proteção à mulher, assim aplicando o valor 
proteção à família, constante da Constituição Federal, pois é 
indiscutível a preponderância da mulher no âmbito familiar – a mãe 
(RIBEIRO, 2011, p. 5). 
 
48 
 
 
Dessa forma, é preciso observar que a Lei Maria da Penha tem como objetivo 
principal retirar a mulher da situação de violência e opressão em que ela se encontra 
dentro de seu ambiente familiar. Sendo assim criados os mecanismos de proteção. 
Pode-se considerar que a Lei Maria da Penha impõe medidas de proteção para que 
os direitos humanos das vítimas não sejam violados,

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