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Enfermidades infecciosas dos animais domésticos Panleucopenia Felina É uma doença viral aguda altamente contagiosa causada pelo parvovírus felino que acomete felídeos domésticos e selvagens. Tropismo por células em divisão, principalmente as do intestino, tecido hematopoiético e cerebelo. o Manifestações gastrointestinais, alterações hematológicas e distúrbios neurológicos e visuais em gatos infectados no período pré- natal tardio e neonatal. o Panleucopenia = diminuição de todos os leucócitos. Etiologia Parvovírus felino da família Parvoviridae e subfamília Parvovirinae e gênero Parvovirus. DNA vírus fita simples, esférico. Não envelopado confere resistência ambiental. Resiste a altas temperaturas: até 30 minutos em 56ºC. Inativado em 80ºC em 2 h. Viável por muitos anos em temperaturas baixas e tolera variação de pH entre 3 e 9. Resistente a álcool 70%, diluição de ácido, éter, clorofórmio, fenol, iodo, etc. Inativado apenas por hipoclorito de sódio a 6%, formaldeído 4% e glutaraldeído 1% em 10 min e em temperatura ambiente. Epidemiologia Tem distribuição mundial. Pela capacidade contagiosa e pela resistência. Acomete todos os felinos, visons e guaxinins. Tem alta morbidade (ocorre pela facilidade de transmissão) e alta mortalidade. A forma subclínica é comum em animais abaixo de 1 ano, animais jovens não vacinados (pela imunidade transmitida pela mãe) e animais velhos vacinados e irá ocorrer na maioria dos casos. O animal assintomático continua transmitindo. A forma clínica ocorre em animais com mais de 1 ano não vacinados, filhotes vacinados e tem a letalidade de 50 – 90%. O filhote vacinado tem a forma clínica recebe anticorpos da mãe pelo colostro e pela placenta, quando se vai vacinar o animal, é colocado um antígeno dentro do animal, e como o animal já possui anticorpos, esses Ac atacam o antígeno. O animal fica vulnerável porque os anticorpos já existentes foram consumidos e o sistema imune não irá produzir anticorpos porque o antígeno foi debelado pelo Ac da mãe. A principal via de transmissão é a orofecal. O vírus é eliminado em todas as secreções corpóreas durante a fase ativa da doença, principalmente pela urina e fezes*. Também pode ocorrer transmissão transplacentária. o Infecção dos fetos e desenvolvimento da síndrome cerebelar em neonatos. Contágio indireto por fômites contaminados é favorecido pela capacidade do vírus em manter a sua infectividade por longos períodos de tempo. A prevalência da doença varia de acordo com a proporção de gatos imunizados na população, a virulência do agente e a ocorrência de doenças bacterianas intestinais secundárias. Acomete animais jovens e 2 a 4 meses de idade, mas acomete felinos de qualquer faixa etária. Patogenia Ingestão ou inalação do vírus Vírus penetra na orofaringe e se replica inicialmente no tecido linfoide faríngeo e linfonodos oronasais. Ocorre uma infecção subclínica ou um quadro de viremia de 2 a 7 dias O que determina se será infecção subclínica ou viremia é a quantidade de anticorpos para segurar a infecção. A viremia livre ou associada a células, disseminando o vírus a outros órgãos e tecidos e tecidos via corrente sanguínea. o Medula óssea causa leucopenia o Jejuno e íleo as microvilosidades possuem criptas entre si que tem células que repõe as vilosidades quando elas se desgastam. As células das criptas estão em divisão celular. Como há destruição das criptas, as vilosidades não são repostas e por isso o animal apresenta diarreia hemorrágica cujo sangue é proveniente de uma desestruturação da homeostase e um processo de desequilíbrio do que sai da corrente sanguínea e vai para o lúmen do intestino e vice versa, desidratação, necrose intestinal, isquemia local, diminuição da proteína sérica e endotoxemia bacteriana (é causada pela desequilíbrio na microbiota que começa a produzir toxinas que são absorvidas pelo intestino em função da sua permeabilidade aumentada e isso causa choque/falência que leva a uma septicemia, DIC e morte). o Órgãos linfoides causa necrose e leucopenia intensa (intensifica a leucopenia produzida pela medula óssea). A replicação ocorre no núcleo das células em divisão, já que o genoma do vírus não codifica a enzima DNA polimerase, que é necessária para a conversão do DNA viral de fita simples em fita dupla. A enzima só é codificada durante a mitose celular (fase S ou início da G2). A depender da fase de gestação que o animal se encontra o animal tem diferentes sintomas. o Terço inicial – perde completamente a gestação, infertilidade, reabsorção embrionária ou fetal. o Terço médio – aborto ou mumificação do feto. o Terço final – animal nasce debilitado, fraco e com sintomatologia nervosa. Atrofia de nervo ótico Retinopatia Hidroencefalia Hipoplasia cerebelar Deficiência neurológica variável Principal fator de patogenicidade do vírus: especificidade por células em divisão para a replicação. A produção de citocinas, em especial o fator de necrose tumoral pode desenvolver efeitos citotóxicos secundários em células não infectadas e isso aumenta a gravidade da infecção. Sintomatologia clínica Sinais iniciais: 1 a 3 dias. Depressão profunda (as células liberam mediadores inflamatórios que interferem a nível de SNC) Hipertermia 40ºC. (É induzida pelo SNC para inativar os antígenos e nesse processo será aumentado o gasto de energia). Vômito Desidratação Morte. Se o animal não morre ele tem evolução dos sinais clínicos. Sinais posteriores: 3 a 4 dias. Panleucopenia Diarreia hemorrágica ou não Dor abdominal à palpação CID (gera petéquias porque consome as plaquetas e em alguns locais há extravasamento de sangue) Hipotermia (principalmente pela perda de líquidos). Coma Quadro neurológico permanente por infecção neonatal ou intrauterina: Ataxia Hipermetria Tremor Membros afastados Quedas Degeneração de retina Sinais clínicos brandos. Quanto maior a leucopenia, pior o prognóstico. Diagnóstico Anamnese é muito importante. Diagnóstico presuntivo = leucopenia + histórico e sinais compatíveis. Saber se o animal foi vacinado, se teve contato com outro animal doente ou outros gatos. Ver se há presença de panleucopenia a contagem de leucócitos diminui consideravelmente (<200 leucócitos/dL) Diagnóstico laboratorial Microscopia eletrônica das fezes Isolamento viral o Sorologia Vírus neutralização IFI ELISA Inibição da hemaglutinação o Histopatológico o PCR das fezes e células o Teste de hemaglutinação Diagnóstico diferencial Intoxicação Parasitismo intestinal maciço Toxoplasmose aguda CE gastrointestinais (especialmente os perfurantes) Abcessos ou granulomas mesentéricos Septicemia bacteriana aguda Linfoma Profilaxia Vacinação (vacina inativada e vivas modificadas - atenuada). o Os animais não vacinados apresentam uma forma clínica mais severa. 1ª dose: 6-8 semanas 2ª dose 10 – 12 semanas de idade (2-4 semanas depois da primeira dose) Revacinação a cada 3 anos. Tratamento Terapia de suporte com: Restaurar equilíbrio eletrolítico Minimizar perdas contínuas de líquido (vômito e diarreia) Recuperação do epitélio intestinal Prevenir infecções secundárias Antieméticos Transfusão de plasmas ou sangue em gatos muito anêmicos, hipotensão ou hipoproteinemia A doença é de prognóstico desfavorável.
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