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P4 Vet 344 ETIOLOGIA Parvovirus canino tipo 2 (CPV-2) Família Parvoviridae; Subfamília Parvivirinae; Gênero Lentivírus; É um vírus de DNA fita simples esférico, com 18-26 nm de diâmetro, capsídeo icosaédrico e sem envelope; Subtipos CPV-2ª, CPV-2b e CPV-2c. TRANSMISSÃO Exposição oronasal a partículas virais presentes nas fezes, fômites ou ambientes contaminados; Equipamentos veterinários, pessoas, animais, insetos e roedores podem atuar como veículos da doença; A infecção transplacentária é rara. PATOGENIA Exposição ao vírus por via oronasal Replicação nos tecidos linfoides Atinge a corrente sanguínea Viremia (do 1º ao 5º dia tem-se viremia mais intensa e o vírus se dissemina rapidamente para tecidos com células em alta divisão celular) PI: 2-14 dias A excreção do vírus para o ambiente ocorre entre o 3º e 4º dias de infecção No intestino ocorre infecção nas células das criptas que resulta em achatamento das vilosidades associado a necrose epitelial e exposição da lâmina própria, o que leva a ruptura de vasos sanguíneos e, consequentemente, diarreia (que pode ser hemorrágica). SINAIS CLÍNICOS Prostração, anorexia e vômito precedem a diarreia; Diarreia – pode ser profusa, hemorrágica e com odor fétido; Sinais de icterícia; Coagulação intravascular disseminada; Edema pulmonar; Sepse bacteriana; Endotoxemia. Importante: esses sinais podem se agravar devido ao estresse ou doenças concomitantes. TRATAMENTO Se baseia na terapia de suporte para reposição de eletrólitos. Utiliza-se antieméticos, antibióticos de amplo espectro (nos casos de sepse), AINE’s e antivirais. PROFILAXIA E CONTROLE A profilaxia é feita pela vacinação. A vacina contém apenas o subtipo CPV-2c, mas confere imunidade cruzada contra as infecções por CPV-2a e CPV-2b. Pode ocorrer falha vacinal! O controle se dá pelo isolamento de cães infectados durante o período da doença, desinfecção do ambiente com hipoclorito de sódio 0,175% e vazio sanitário por 6 meses. Em canis, deve-se interromper a reprodução de animais infectados e evitar o contato de filhotes não vacinados com os demais animais. ETIOLOGIA Canine distemper vírus (CDV) ou Vírus da Cinomose canina (VCC) Ordem Mononegavirales; Família Paramyxoviridae; Gênero Morbillivirus; É um vírus de RNA fita simples polaridade negativa, grande (150 a 250 nm), de simetria helicoidal, envelopados; Possui 6 proteínas estruturais: 3 internas (L, N e P) e 3 inseridas no envelope (M, H e F). Hospedeiros Canidae (raposas, lobos, chacais e coiotes); Muscidae (lontras, texugos, doninhas e ferrets); Procyoinidae (quatis e guaxinins); Felidae (gatos domésticos e selvagens, leões e tigres). Reservatórios Cães Animais não imunizados de qualquer idade são susceptíveis, porém a doença é mais comum em filhotes de 3 a 6 meses de idade. TRANSMISSÃO Exsudatos respiratórios (aerossóis) Pode ocorrer por via digestiva ou conjuntival; Diversos tecidos e secreções Urina e fezes; Transmissão vertical/transplacentária origina abortos, natimortos, cães fracos e debilitados; A excreção do vírus pode durar até 90 dias após a infecção; A imunidade é forte e duradoura, mas animais que não tenham imunização periódica podem se infectar mediante contato com hospedeiros do vírus, condições de stress e imunossupressão; Cerca de 25 a 75% dos cães tem infecções subclínicas. PATOGENIA Aerossóis Replicação nos macrófagos teciduais do trato respiratório Tonsilas, linfócitos brônquicos (poucas células mononucleares infectadas se encontram nos órgãos linfoides) Achados clínicos: febre e leucopenia Multiplicação em folículos linfoides, baço, células de Kupffer (fígado), lâmina própria do estômago e intestino e linfonodos mesentéricos Atinge epitélio e SNC em 9 dia Infecção no SNC Vírus entra no espaço perivascular das meninges e células epiteliais do plexo coroide do 4º ventrículo. SINAIS CLÍNICOS Geralmente depressão e anorexia são seguidas por vômito e diarreia; Alterações oculares como uveíte anterior e neurite óptica; Hipoplasia do esmalte dentário (animal jovem); Sinais neurológicos: cegueira, convulsões, vocalização, ataxias cerebelar, vestibular ou CINOMOSE CANINA PARVOVIROSE CANINA sensorial, mioclonias – associados a linfopenia e leucopenia; O CDV pode persistir nos tecidos nervosos causando encefalite tardia; Pode ser observado também secreção nasal, tosse, pneumonia, pústulas abdominais e hiperqueratose dos coxins plantares. TRATAMENTO A mortalidade é reduzida com o tratamento e os sinais sistêmicos são reversíveis. Já os neurológicos são irreversíveis (exceto os causados por estirpes vacinais) e podem desenvolver sequelas. Medicamentos Broncopneumonias: Amoxicilina, Tetraciclina e Ampicilina; Vômitos e diarreia: antieméticos, fluidoterapia e administração de vitamina B (estabilidade do metabolismo de neurotransmissores nos animais acometidos); Distúrbios neurológicos: Dexametasona (redução do edema cerebral, mantendo doses anti- inflamatórias), anticonvulsivantes (Diazepam e Fenobarbital) e antioxidantes (vitamina C e E para proteção do SNC). Importante: a eutanásia é feita quando os distúrbios forem progressivos e a qualidade de vida do animal for muito baixa, sem apresentar melhoras. PROFILAXIA E CONTROLE Vacinas atenuadas e polivalentes Possuem agentes que previnem outras doenças como Leptospirose, Parvovirose e Hepatite infecciosa canina. O neonato deve receber o colostro, mantendo imunidade entre uma a quatro semanas, e após esse período deve-se estabelecer o protocolo de vacinação (entre 6 e 16 semanas de vida), sendo necessário o reforço com mais duas doses após 3 a 4 semanas da primeira aplicação. A cepa Rockborn é capaz de produzir alta titulação de anticorpos, promovendo proteção por maior período. Entretanto, há relatos de encefalite após a vacinação com a mesma. Controle Higiene, isolamento dos animais infectados, uso de desinfetantes e manutenção de ambiente seco. ETIOLOGIA Canine adenovirus virus 1, CAdV-1 Família Adenoviridae; Gênero Mastadenovirus (mamíferos) e Aviadenovirus (aves); CAdV-1 e CAdV-2 antigenicamente relacionados – CAdV-2: Traqueobronquite infecciosa (Tosse dos canis); CAdV-2: vacina para ambas doenças. CAdV-1 DNA DS linear, sem envelope lipoproteico, 70-90 nm; Moderadamente resistente no ambiente (dias a meses); Destruído por calor: 56-60°C por 5’; Destruído por compostos de amônia quaternária (10’); Imunidade por proteção cruzada CAdV-1/CAdV- 2. EPIDEMIOLOGIA E TRANSMISSÃO Distribuição mundial; Letalidade 25-40%; Excreção viral: saliva, fezes e urina (6-9 meses); Cães de todas idades (cães < 1 ano: + susceptíveis); Raposas e canídeos silvestres: reservatórios. Transmissão (PI: 4-6 dias após a ingestão) Contato direto: via oronasal (+ frequente) ou conjuntival; Contato indireto: alimentos ou fômites contaminados. PATOGENIA HEPATITE INFECCIOSA CANINA SINAIS CLÍNCOS Infecção aguda Maior frequência; Apatia, anorexia e hipertermia (>40°C); Vômito e diarreia; Sensibilidade à palpação abdominal (imobilidade); Palidez de mucosas (icterícia pouco comum); Faringite, tonsilite (linfadenite cervical); Taquicardia e taquipneia. o Casos graves Diátese hemorrágica; Melena; Pneumonia (corrimento nasal e ocular, tosse); Sinais neurológicos: dano vascular no SCN desorientação, ataxia e convulsões; Ascite serosanguinolenta; Hepatomegalia e esplenomegalia. Infecção superaguda Óbito em poucas horas. DIAGNÓSTICO Análise laboratorial Leucopenia (neutropenia e linfopenia na fase inicial); Trombocitopenia ↓ coagulação e ↓ TPC; ↑ ALT e FA Lesão hepática difusa Casos+ graves; Proteinúria (início albuminúria) Dano renal; Hipoglicemia; ↑ ácidos biliares (sangue). SNAP test (Imunocromatografia) Sorologia HI e ELISA Isolamento viral Imunofluorescência Histopatologia Necrose centrolobular e inclusões virais intranucleares. Diagnóstico diferencial Cinomose, Parvovirose e Leptospirose. TRATAMENTO Tratamento de suporte e sintomático: Repouso; Equilíbrio hidroeletrolítico com aporte glicídico (Ringer simples com glicose 50%); Alimentação: controlar formação de nitrogênio; Transfusão de sangue (casos + graves); Silimarina (Legalon®); Antibióticos de amplo espectro (infecções secundárias); Prognóstico reservado. CONTROLE E PROFILAXIA Vacinação Vírus vivo modificado (CAdV-2): imunidade cruzada contra o CAdV-1; Vacinas multivalentes: antígenos de outros agentes virais e bacterianos; CAdV-1 CAdV-2: lesões oculares em cães vacinados com cepas atenuadas de CAdV-1; 1ª dose: 6-10 semanas vida 3 doses com intervalos de 3-4 semanas Reforço anual. ETIOLOGIA Feline leukaemia virus (FeLV) Família Retroviridae; Subfamília Oncornaviridade; Gênero Gammaretrovirus; RNA fita simples, senso +, envelopado; Transcriptase reversa; Sensível ao calor e detergentes comuns. EPIDEMIOLOGIA Distribuição mundial; Animais jovens são mais susceptíveis; Prevalência: gatos indoor 1-8% / Gatos outdoors ou em abrigos/gatis 33%; Sem predisposição sexual; Alta morbidade e mortalidade; No gato, aproximadamente 70% dos linfomas estão associados à leucemia viral felina (FeLV) – gatos FeLV + possuem risco 60x maior de desenvolverem linfoma. TRANSMISSÃO Transmissão horizontal CD/CI saliva (106 pv/mL) – principal via; Urina, leite, lágrima e fezes: pequenos títulos virais; Comportamento social (lamber, morder) e compartilhamento de recipientes; Iatrogênica Agulhas, instrumentos e transfusão de sangue; Pulgas podem ser fonte de transmissão; Gato assintomático persistentemente virêmico – excreção do vírus por meses até anos Reservatório do FeLV; LEUCEMIA FELINA (FeVL) Contato frequente ou prolongado: elevada densidade populacional, desfrute dos mesmos fômites e vasilhas sanitárias. Transmissão durante o coito Macho morde a fêmea durante a cópula; Sêmen, fluidos vaginais e epitélio urogenital. Transmissão vertical Intrauterina: gestantes infectadas/persistentemente infectadas 80% de mortalidade (abortamento/reabsorção fetal); Lambedura do filhote; Via leite: mães FeLV negativas com infecção isolada em glândulas mamárias. PATOGENIA Fatores virais e relacionados ao hospedeiro Genótipo viral; Dose infectante; Status imune; Idade do animal; Condições ambientais. Importante: patogenia caracterizada por 6 estágio sequenciais. Indução da resposta imune (RI) 1º estágio: RI celular eficiente Eliminação da infecção; 3° estágio: produção de anticorpos neutralizantes contra a ptn gp70 Impedimento da evolução da doença (filhotes de fêmeas com estes anticorpos ficam protegidos até 6 sem idade); Anticorpos anti-FOCMA (antígeno tumoral específico das membranas celulares tumorais induzido pelo FeLV Quando os vírus entram em contato com a célula do gato, imprimem este antígeno e a célula pode ser reconhecida pelo SI como infectada) Prevenção de doenças neoplásicas relacionadas ao FeLV. SINAIS CLÍNICOS Sinais clínicos iniciais: febre, anorexia, perda de peso, vômito. Manifestações clínicas – viremia persistente (FeLV) Mais frequentes: Anemia (comumente arregenerativa); Gengivite/estomatite crônica; Imunossupressão (predisposição a outras infecções); Linfoma (tímico, alimentar, mediastínico, multicêntrico ou atípico, com ou sem leucemia); Leucemia eritróide e mieloide. Importante: a maioria dos gatos com viremia persistentes morre por volta de 3,5 anos pós-infecção. Lesões menos comuns, atípicas: Doença imunomediada (anemia hemolítica, glomerulonefrite, poliartrite); Enterite crônica (necrose de criptas intestinais); Desordens reprodutivas (reabsorção fetal, abortamento, fetos mumificados e morte neonatal); Neuropatias periféricas (anisocoria, midríase, síndrome de Horner, vocalização anormal, hiperestesia, paresia, paralisia). DIAGNÓSTICO Apresentação clínica e anamnese Detecção do antígeno viral em sangue e saliva ELISA Detecção da p27 (proteína do capsídeo); IFI na detecção de antígenos virais (p27) no citoplasma de leucócitos em esfregaços sanguíneos; Sorologia é pouco empregada Gatos virêmicos e imunotolerantes não possuem sorologia positiva. Citologia, histopatologia e imunohistoquímica; PCR – pode detectar persistentemente infectados (medula óssea). ETIOLOGIA Feline immunodeficiency virus (FIV) Família Retroviridae; Subfamília Orthoretrovirinae; Gênero Lentivirus; RNA fita simples, senso +, envelopado, 100 nm; Transcriptase reversa; Subtipos A, B, C, D e E – variação na sequência de aminoácidos da proteína do envelope. EPIDEMIOLOGIA Vírus muito instável no ambiente Sensível ao calor e detergentes/desinfetantes comuns Sem necessidade de vazio sanitário; Inativado por etanol a 50%, isopropanol a 35%, formol a 0,5%, água oxigenada a 0,3% ou por extremos de pH; Distribuição mundial; FIV ou “AIDS” felina; Maior frequência em adultos (5-10 anos); Maior prevalência em machos; Doença do “gato não amistoso” Taxa de infecção 2-3x mais alta em machos em relação às fêmeas; Risco maior para gatos de vida livre ou conviventes em aglomerações de gatos. TRANSMISSÃO Horizontal (sangue e saliva) Mordidas (brigas, acasalamento) Rota mais importante; FIV Saliva, sangue, soro, plasma e LCR; Uso coletivo de vasilhames e lambeduras (não comum). Vertical (pouco comum) Intrauterina/perinatal ↑ títulos virais no sangue e leite na fase aguda da infecção. Iatrogênica (transfusão sanguínea) Importante: gatos infectados com FIV são persistentemente infectados apesar da sua capacidade de produzir resposta imune humoral e celular. PATOGENIA Tropismo viral Linfócitos T (CD4+ – gp120 liga-se principalmente ao receptor desta célula – e CD8+); Macrófagos (peritoneais e cerebrais); Células dendríticas; Epitélio da glândula salivar; Fibroblastos. Importante: o tropismo viral e a capacidade de induzir efeitos citopático depende da cepa viral. Replicação nas células dendríticas, macrófagos e linfócitos T CD4+ Pico de viremia: início em 4 semanas; Decréscimo de viremia: junto ao ↑ de anticorpos específicos. SINAIS CLÍNICOS Curso clínico dividido em 5 estágios distintos. Fase aguda Início 4-6 semanas pós-infecção; Febre com duração de vários dias, leucopenia por 4-9 semanas e linfoadenopatia; Enterite aguda (diarreia), estomatite, dermatite, conjuntivite, infecções respiratórias; Fase geralmente assintomática (difícil de ser diagnosticada). Fase assintomática Maioria dos animais sobrevive à fase anterior Portador assintomático por período de meses a anos; Clinicamente saudáveis; Vírus não está latente. Fase de linfoadenopatia generalizada ↑ generalizado dos linfonodos (linfoadenomegalia); Febre, anorexia e perda de peso (sinais inespecíficos); Alterações comportamentais. Importante: pode durar anos. IMUNODEFICIÊNCIA FELINA (FIV) Fase ARC (AIDS related complex) – crônica Doenças de natureza crônica Doenças dermatológicas, respiratórias ou entéricas; Gengivites, estomatites, periodontites tem sido os sinais clínicos mais comuns; ↓ razão CD4+/CD8+; Em menor frequência: neoplasias, doenças neurológicas, uveíte anterior linfocítica plasmática e glaucoma. Fase terminal (Síndromeda imunodeficiência adquirida) Síndrome similar à AIDS humana; Progressiva (agravamento do 4° estágio) e fatal; Infecções oportunistas, mielossupressão, neoplasias, caquexia e doenças neurológicas; Comprometimento renal associado com glomerulonefrite imunomediada; ↓ ↓ ↓ da razão CD4+/CD8+. DIANGÓSTICO Apresentação clínica e anamnese Fase aguda Neutropenia e linfopenia; Fase assintomática Parâmetros normais, ocasionalmente leucopenia; Fase terminal Hipergamaglobulinemia, citopenias e transtornos relativos a doenças concorrentes. Sorologia ELISA (p24), IFI e Immunoblotting Anticorpos circulantes: 2-4 semanas PI e detectáveis para toda vida; Alguns gatos não produzem anticorpos por meses pós-infecção. Detecção do DNA pró-viral por PCR DIAGNÓSTICO Ensaio imunoenzimático (Imunocromatografia, ELISA) TRATAMENTO Não há cura Terapia de suporte Antibióticos (inf. 2ªs) + fluidoterapia + controle da dor + transfusão sanguínea (quando necessário) + nutrição. Drogas antivirais Inibidores de transcriptase reversa, melhora do estado clínico e imunológico Análogos de nucleosídeos (AZT) Tóxicos, efeito transitório Não eliminam infecção persistente Uso clínico limitado. Drogas imunomoduladoras: resposta imunoprotetora. PROFILAXIA Identificação e isolamento do animal infectado; Condições satisfatórias de higiene ambiental (FIV/FeLV sensíveis a desinfetantes e detergentes comerciais); Evitar acesso à rua; Introduzir somente animais testados FIV/FeLV negativos com quarentena prévia; O teste inicial deve ser repetido após 12 semanas; Ideal avaliar todos os gatos em testes a cada 6- 12 meses; FIV Não há vacinas comerciais, apenas experimentais; Vacinas Vírus total inativado (FeLV, +/- adjuvante): 2 doses para proteção inicial seguida de reforço anual (algumas licenciadas para 3 anos); 1ª dose (8-9 sem), intervalo de 3-4 semanas para 2ª dose; Eficácia controversa; Sarcomas no local de injeção (1 tumor para cada 1.000-10.000 vacinas); Não é útil em casos positivos ou com infecção latente. ETIOLOGIA Atual nomenclatura: Carnivore protoparvovirus 1 Nome popular: vírus da panleucopenia felina ou parvovírus felino. Importante: diferente do Parvovírus, causa hipoplasia cerebelar em crias; Família Parvoviridae Gênero Protoparvovirus Vírus DNA fita simples pequeno, não envelopado (extremamente resistente no ambiente e a desinfetantes). PATOGENIA A infecção ocorre principalmente pelo contato com ambientes contaminados com o vírus, através de secreções, como fezes e vômitos – gatos doentes excretam o vírus em elevadas concentrações, principalmente nas fezes, e a transmissão ocorre por via orofecal; O contato indireto é a via mais comum de infecção e o vírus pode ser transportado através de veículos ou fômites (calçados e vestuários), o que significa que gatos que não saem de casa também possuem risco de contaminação; Também pode ocorrer transmissão intrauterina, com infecção de recém-nascidos. SINAIS CLÍNICOS O vírus possui tropismo por células com alta taxa mitótica, como enterócitos e células hematopoiéticas, o que resulta em grave enterite necrótica e pancitopenia; Acomete principalmente animais jovens com até 12 meses de idade, onde a mortalidade pode chegar em até 100%; FeLV e FIV PANLEUCOPENIA FELINA Dependendo do tipo de células infectadas os sinais podem incluir vômito, anorexia e diarreia hemorrágica (principais sinais); linfopenia e neutropenia seguidas de trombocitopenia e anemia; imunossupressão transitória em gatos adultos; ataxia em crias devido a hipoplasia cerebelar, aborto, natimortos e mumificação fetal na transmissão intrauterina. DIAGNÓSTICO A abordagem de diagnóstico abrange a técnica de PCR (sangue total ou fezes), ELISA, hemaglutinação, inibição da hemaglutinação, imunofluorescência direta, isolamento viral, microscopia eletrônica, hibridização in situ, achados de necropsia e histopatologia e técnica imuno- histoquímica; O antígeno ainda pode ser detectado nas fezes através do teste de aglutinação de látex ou testes de Imunocromatografia. Importante: o snap test (kit rápido) passou a ser mais usado para detecção de antígeno, substituindo a aglutinação por látex; Os testes sorológicos não são recomendados, pois não distinguem a infecção da vacinação. TRATAMENTO E CONTROLE A terapia de suporte diminui significativamente as taxas de mortalidade; Em casos de enterite, deve-se realizar a administração de antibióticos de amplo espectro injetável contra bactérias gram – e anaeróbias para evitar septicemia; O interferon-ômega recombinante felino pode ser eficaz; Quarentena para os casos suspeitos/confirmados; Desinfetantes que contenham hipoclorito de sódio, (lixívia), ácido peracético, formaldeído ou hidróxido de sódio são eficazes; Colostragem, vacinação e soro anti-FVP (injeção subcutânea ou intraperitoneal para proteção de 2-4 semanas, mas não é indicado) para as crias – Importante: a vacinação de fêmeas gestantes deve ser feita com vacina inativada e não com a viva atenuada, pois o vírus vacinal pode passar para o feto e causar sinais clínicos relacionados a transmissão transplacentária. ETIOLOGIA Os agentes virais são o Calicivirus felino (FCV) e Herpesvirus felino (FeHV-1). FCV Família Caliciviridae; Gênero Vesivirus; Vírus RNA, não envelopado; Nome popular: calicivirose felina. FeHV-1 Família Herpesviridae; Subfamília Alphaherpesviridae; Gênero Varicellovirus; Vírus DNA, envelopado; Nome popular: rinotraqueíte viral felina. PATOGENIA Calicivirus felino (FCV) As vias de infecção pelo FCV são predominantemente respiratória, oral e conjuntival, sendo que a replicação viral ocorre inicialmente nos tecidos epiteliais do trato respiratório e cavidade oral, induzindo necrose epitelial e ulcerações. As cepas de FCV diferem em relação ao tropismo e a virulência, resultando numa grande variedade de manifestações clínicas podem ser observados. Herpesvirus felino (FeHV-1) As vias de infecção pelo FHV-1 são as mucosas nasal, oral e conjuntival. A replicação viral ocorre predominantemente na mucosa do septo nasal, nasofaringe e tonsilas. A infecção gera áreas de necrose epiteliais multifocal com infiltração neutrofílica e exsudação com fibrina, podendo levar a dano osteolítico. SINAIS CLÍNICOS O FCV atinge principalmente a mucosa oral, o palato e os pulmões, e é muito característico o aparecimento de ulcerações na boca. Já o FeHV-1 atinge sobretudo a conjuntiva, a mucosa e os seios nasais e a traqueia, provocando principalmente letargia, estridor respiratório, secreção ocular e nasal. Existem sinais clínicos semelhantes como espirros, tosses, corrimento nasal, estridor respiratório, conjuntivite, queratite e Hipersalivação. Importante: O Herpesvirus faz latência e a infecção se restringe ao trato respiratório superior. Já o Calicivirus não faz latência e é mais profundo, podendo causar pneumonia, além de também estar relacionado ao acúmulo de imunocomplexos em outros órgãos como rins (azotemia), fígado e baço. DIAGNÓSTICO O diagnóstico é feito com base na história clínica e sintomas apresentados e alguns exames podem ser solicitados pelo médico veterinário a fim de avaliar o estado geral do gato. Como não é possível diferenciar apenas pelas lesões, a imunohistoquímica e o isolamento viral são técnicas importantes. Pode ser realizado de forma presuntiva, analisando os sinais clínicos, e também através da realização de exames como raspado de tecidos para exame histopatológico e métodos de identificação viral através de swab nasal e ocular, isolamento em cultivo celular, imunofluorescência direta e indireta. O PCR (reação em cadeia da polimerase) se destaca por ser mais especifico,pois detecta o vírus na fase aguda e crônica (apenas para Calicivirose, já que o Herpesvirus não é detectado pois faz latência). CONTROLE Vacinação A vacinação contra o Herpesvirus tipo 1 não protege 100% dos gatos, porém minimiza os sintomas e o curso doença, evitando complicações e risco de desenvolver sequelas. COMPLEXO RESPIRATÓRIO VIRAL FELINO Já a vacinação contra o Calicivirus é importante e minimiza os sintomas, devendo vacinar os gatos que também já tiveram a doença. VACINAS COMERCIAIS CÃES E FELINOS Para a vacinação em cães é utilizada a vacina polivalente (V8, V10 ou V11), que promove a proteção não apenas para o Parvovirus CPV2, como também para o vírus da hepatite infecciosa canina (Adenovirus virus 1, CAdV-1) e da Cinomose canina (VCC). As vacinas possuem agentes vivos atenuados e o esquema profilático geral é a primeira dose aos 45 dias de vida, a segunda aos 75 dias, a terceira aos 105 dias e reforço anual. Para a vacinação em gatos também é utilizada a vacina polivalente (V3, V4 ou V5), que além da proteção para Calicivirus e Herpesvirus felino tipo 1 (Complexo respiratório viral felino), também protege contra os vírus da Panleucopenia felina (V4) e Leucemia felina (V5). A vacina contém os vírus vivos e o protocolo profilático é semelhante ao realizado em cães. Em relação a vacina contra o vírus da Raiva, é utilizada cepa inativada e a primeira dose só é realizada com 16 semanas de vida, após isso mantém-se reforço anual. Importante: Como as vacinas polivalentes são vacinas com vírus vivos atenuados, não devem ser aplicadas em fêmeas gestantes devido principalmente a presença do Parvovirus CPV2 (agente abortivo) É difícil achar a vacina inativada; O Adenovirus 2 é o agente causador da Tosse dos Canis e confere proteção cruzada para a Hepatite Infecciosa Canina. É o agente utilizado na confecção da vacina, pois o Adenovirus 1 estava causando depósito de imunocomplexos nos olhos de cães e doença do olho azul. ETIOLOGIA Coronavírus felino Ordem Nidovirales; Família Coronaviridae; Gênero Coronavírus; Vírus RNA fita simples senso positivo, genoma 29 kb, envelopado e com Nucleocapsídeo helicoidal. Dois sorotipos antigênico e morfologicamente idênticos: Tipo I (FECV) – predominante na população felina; dificuldade de crescimento em cultivo celular; Tipo II (FIPV) – recombinação genética entre o FCoV tipo I (FECV) e o CCV; fácil crescimento em cultivo celular. Coronavírus entérico felino (FECV) Extremante disseminado na população felina; Causa infecção entérica subclínica a moderada; Replica em enterócitos. Vírus da peritonite infecciosa felina (FIPV) Esporádico; Leva à Peritonite Infecciosa Felina (PIF): doença grave, progressiva e fatal; Replica em macrófagos e monócitos. EPIDEMIOLOGIA Distribuição mundial; Brasil: felinos selvagens, de cativeiro e vida livre; Alta prevalência em gatos domésticos no sul do Brasil; ↓ morbidade, ↑ mortalidade (quase 100%); Maior incidência de 6 meses a 5 anos de idade; Gatos > de 10 anos: ↓ sistema imune; 1:5000 Gatos criados isolados; 5% gatos criados em gatis. TRANSMISSÃO PATOGENIA CORONAVIROSE FELINA PIF EFUSIVA (úmida/exsudativa) Acúmulo de exsudato asséptico: Cavidade peritoneal Distensão abdominal progressiva, não dolorosa; Cavidade pleural Dispneia, intolerância ao exercício, fadiga, cianose e apatia. PIF NÃO EFUSIVA (seca) Forma crônica (menos frequente): Lesões piogranulomatosas em órgãos parenquimatosos, SNC e olhos (úvea); Sinais clínicos dependem dos órgãos afetados: SNC Ataxia, paraparesia, nistagmo, convulsões e alterações comportamentais; Olhos Uveíte necrosante e piogranulomatosa Turvação de humor aquoso e vítreo, edema corneano, deslocamento e hemorragias na retina. DIAGNÓSTICO Anamnese e exame físico; Análise do exsudato peritoneal e pleural: cor âmbar e ↑ densidade específica; Hemograma: anemia, neutrofilia com ↑ de neutrófilos segmentados, linfopenia e eosinopenia; Bioquímica sérica: azotemia com proteinúria, ↑ ALT e FA, hiperglobulinemia (↓ albumina); Relação albumina/globulina: < 0,8 (≤ 0,4) 92% PIF; 0,8 61% não PIF. Ultrassonografia e radiografia; Testes sorológicos: IFA (indireta) e ELISA (titulação > 1:3200 – PIF) IFA infusão: + (100% PIF) / - (ainda há 47% PIF); Teste de Rivalta: ≠ transudato/exsudato 150 mL água destilada + 0,1 mL ácido acético glacial + 1 gota do derrame: Positivo → 86% PIF; Negativo → 96% Não PIF. RT-PCR; Exame histopatológico (biopsia); Exame post mortem (necropsia); Diagnóstico diferencial: PIF efusiva: gestação, piometra, peritonite bacteriana, piotórax, doença hepática ou renal, cardiopatia e neoplasias; PIF não efusiva: linfossarcoma, infecções micóticas e toxoplasmose. TRATAMENTO Terapia de suporte; Centese e drenagem do fluido; Imunossupressão: Dosagem alta de corticosteroide + agente alquilante citotóxico; Corticosteroides (predinisolona) + ciclofosfamida (ou azatioprina ou clorambucil); Talidomida: preserva a imunidade celular. Imunomodulador: IFN-ω recombinante felino, IFN-α humano; Antivirais: Ribavirina eficaz in vitro. PROFILAXIA Evitar aglomeração de felinos; Cuidados na introdução de animais em gatis (sorologia ou RT-PCR negativos para FCoV); Vacinação: Vacina com vírus vivo mutante termossensível; Administração e replicação intranasal; Gatos 16 semanas: 2 doses (3-4 semanas, RA); Eficiência 50-75% (Sn negativo ou ↓ títulos de FCoV).
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