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AULA 01 DISCIPLINA - FILOSOFIA MAÇONICA

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Prof. Rodrigo Andrés de Souza Penaloza
A Filosofia Maçônica: 
Valores, Virtudes e 
Verdades
Aula 1
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Conversa Inicial
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Princípios fundamentais:
Crença no Princípio Criador
Imortalidade da alma
1. Poemas homéricos
2. Tragédias
3. Filosofia
4. Mito fúnebre: Ísis e 
Osíris
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“Mas nós somos ridiculamente 
temerosos de uma só morte, 
nós, já tantas [mortes] tendo 
morrido e que [ainda] 
estamos morrendo.” 
ἀλλ' ἡμεῖς ἕνα φοβούμεθα 
γελοίως θάνατον, ἤδη 
τοσούτους τεθνηκότες καὶ
θνήσκοντες. (Plutarco, de e 
citado por Delphos, 392 d.C.)
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Tema 1 – Poemas 
homéricos
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“Nisto erramos: em que vemos a 
morte à frente. Uma parte 
grande dela já ocorreu. Qualquer 
que seja o tempo em nossas 
costas, a morte já se apoderou 
dele.”
“In hoc enim fallimur, quod 
mortem prospicimus. Magna 
pars eius iam praeterit. 
Quicquid aetatis retro est, 
mors tenet.” (Seneca, 
Epistulae ad Lucilium, I.1)
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Usos do termo psyché (ψυχή): 
sombra (σκιά) 
força vital, que se extingue com a 
morte e é aplicável somente aos 
humanos 
Concepção homérica de alma
A alma de Aquiles é confundida com 
uma sombra que vive no Hades, 
mas o verdadeiro Aquiles morreu
1. Poemas homéricos
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Tema 2 – Tragédias
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Começa a haver uma mudança na 
concepção da psyché
Ésquilo (c. 525-455 a.C.) e 
Eurípedes (480-406 a.C.) já 
entendiam a psyché como a força 
vital que anima o corpo
2. Tragédias
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Em Agamêmnon 1455-1457, 
(Ésquilo), o coro diz: 
“Oh, oh, demente Helena/ 
Uma única, muitas, 
muitíssimas/ Almas 
destruíste sob Troia.”
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Em Antígona 175-177, de 
Sófocles (c. 497-405 a.C.), a 
alma aparece como um agente 
psicológico que pensa e planeja 
e é sujeito a sentimentos de 
prazer e dor: 
“É impossível de todo homem 
conhecer/ tanto a alma como a 
vontade e o juízo, até que/ 
pelos princípios e pelas leis 
mostre-se testado.”
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Tema 3 – Filosofia
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Anaxímenes
Heráclito
Demócrito e Leucipo
Sócrates e Platão
Aristóteles
Plotino
Proclo
Marsilio Ficino
3. Filosofia
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Até o século V a.C., psyché era 
expressão da poesia. Com 
Anaxímenes, a alma ganha o status
de princípio e identificada com o ar
Fragmento B2: “Como a nossa alma, 
que é ar, nos mantém, assim
também a respiração (pneuma) e o 
ar envolvem o mundo inteiro.”
3.1. Anaxímenes
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Divergindo de Homero, para 
quem o que era soprado para 
fora do corpo na morte era uma 
sombra que se desvaneceria no 
Hades, para Anaxímenes o que 
era soprado era uma alma, 
constituída de sopro
3.1. Anaxímenes
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Descreve a alma não apenas como 
um princípio vital, mas também 
como um princípio de racionalidade 
e de integridade moral 
Fragmento B117: “Quando um 
homem está embriagado, é guiado, 
cambaleante, por uma criança 
impúbere, não percebendo aonde 
vai, porque está com a alma úmida”
3.2 Heráclito
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Fragmento B85: “É difícil lutar 
contra a paixão, pois o que quer 
que ela deseje, compra a preço 
da alma.”
Esse fragmento aponta para o 
conflito entre as paixões e a 
vontade humana, ou seja, entre 
o desejo do corpo e a vontade 
da alma
3.2 Heráclito
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Fragmento B118: “Um brilho de 
luz é a alma seca, mais sábia e 
melhor.”
3.2 Heráclito
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Demócrito e Leucipo descrevem a 
alma como composta de átomos 
suaves e esféricos que colidem 
no espaço vazio aleatoriamente 
Toda causa é tida como 
mecânica, não como causa final 
O período pré-socrático termina, 
assim, com duas visões 
diametralmente opostas
3.3 Atomistas
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Cicero, De Natura Deorum, II, 
XXXVII, 93.
“Não me admiraria eu de haver
alguém que se persuada de 
que certos corpos sólidos e 
indivisíveis sejam carregados
pela força e pelo peso e de que 
o mundo seja ornadíssimo e 
belíssimo graças ao concurso
fortuito de seus corpos?”
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Hic ego non mirer esse
quemquam qui sibi
persuadeat corpora 
quaedam solida atque
individua vi et gravitate ferri
mundumque effici
ornatissimum et 
pulcherrimum ex eorum
corporum concursuine
fortuita?
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Fédon: a alma humana é a pessoa 
real e é imortal
A alma e o corpo são apresentados 
como substâncias distintas 
A alma do filósofo deve evitar e 
desprezar o corpo, almejando ficar 
sozinha consigo mesma, 
transformar-se a si mesma a fim de 
conhecer a Verdade
3.4 Sócrates e Platão
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Fédon 65d1-2: “Não é lá [no 
pensamento] que a alma do 
filósofo despreza muitíssimo o 
corpo e foge dele e procura 
transformar-se segundo si 
mesma?” 
“οὐκοῦν καὶ ἐνταῦθα ἡ τοῦ
φιλοσόφου ψυχὴ μάλιστα 
[65δ] ἀτιμάζει τὸ σῶμα καὶ
φεύγει ἀπ᾽ αὐτοῦ, ζητεῖ δὲ αὐτὴ
καθ᾽ αὑτὴν γίγνεσθαι?”
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A alma é, assim, a pessoa 
interna
Não fica claro quão pessoal é 
essa pessoa interna, embora a 
maior parte das vezes ela seja 
tomada como sendo de 
natureza intelectual 
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A alma não é física, mas é 
influenciada pelo físico. A 
natureza dessa influência é 
órfica, ou seja, tem o caráter 
de purificação pelo 
comprometimento com o 
conhecimento
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Além do princípio cognitivo e da 
pessoa interna, Sócrates toca em 
outros três sentidos da alma: 
Como força vital (como em 
Homero)
Como intermediária 
ontologicamente entre os 
objetos perceptíveis e as 
formas
Como dotada de um fluido vital 
que permeia o corpo e o liga ao 
espírito
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Em De Anima, I.2 (403b1, 404b1), 
Aristóteles faz uma revisão das 
teorias e conclui que: 
Todos reconhecem duas 
características que distinguem 
corpos com alma de corpos sem: 
movimento e sensação
A alma deve ser identificada com a 
origem do movimento: 
É o que dá vida ao corpo animado
3.5 Aristóteles
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Hilemorfismo: Todas as coisas 
são matéria (passiva, potência) e 
forma (ativa, enteléquia ou ato)
ἐντελέχεια = ἐν+τέλος+ἔχειν = 
ter finalidade: realização 
completa de uma potência
Três tipos de alma:
Vegetativa
Sensitiva
Racional
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A alma vegetativa tem três 
funções:
Nutrição 
Crescimento 
Geração
Note que há uma ordem:
O crescimento pressupõe a 
nutrição 
A geração pressupõe a 
nutrição e o crescimento
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A alma sensitiva tem três 
funções:
Sensação
Apetite
Movimento
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Sensação  fantasia 
(φαντασία, imagens), memória 
(conservação das imagens) e 
experiência (acúmulo de 
memórias)
Apetite: deriva da sensação 
(pelo menos o tato)  (prazer 
e dor)  desejo
Movimento: deriva do desejo
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Alma intelectiva ou racional 
possui intelecção
A vida intelectiva se divide 
em: 
Atividade de conhecimento 
(inteligência) 
Atividade de apetência 
(vontade)
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A inteligência é a capacidade e 
potência de conhecer as 
formas puras. Esse é o 
intelecto potencial. No entanto 
há o intelecto em ato 
(agente), que capta em ato a 
forma que está em potência 
nas sensações: quid est? O 
intelecto ativo é separado, é 
uma dimensão suprafísica, 
espiritual
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Concebeu o universo como uma 
estrutura quádrupla. Numa 
ordem descendente de 
emanação: 
O Uno (ἥν πρῶτη) 
A Mente Divina (νοῦς) ou 
Mundo Inteligível (κόσμος
νοητός)
3.6 Plotino (204-270 d.C.) 
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A Alma (ψυχή), com duas 
porções: um aspecto superior 
voltado para a Mente Divina, e 
outro aspecto inferior, que 
penetra a natureza e a matéria 
e
A Matéria (ὕλη), que 
corresponde ao Mundo Estético 
(κόσμος αἰσθητός)
3.6 Plotino (204-270 d.C.) 
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Essa partição tem a ver com a 
passagem entre o reino do 
Uno Absoluto ao reino do 
Múltiplo
O aspecto noético da alma 
refere-se ao princípio 
espiritual, ou melhor, às 
características do princípio 
individual que participa da 
Mente Divina, ou seja, o 
intelecto
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O aspecto hilético ou 
material corresponde aos 
instintos materiais e à 
porção material da alma
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Proclo, ao tratar da imortalidade 
da alma, argumenta que a alma 
possui três veículos: 
(a) carnal 
(b) pneumático
(c) divino ouuniversal
3.7 Proclo (412-485 d.C.)
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Proposição 184 da Elementa
Theologiae: 
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“Toda alma ou é divina ou 
sujeita à mutação da 
inteligência para a ignorância 
ou intermédia entre essas 
ordens, sendo ela, por um lado, 
inteligente, por outro, inferior 
às almas divinas” 
(πᾶσα ψυχὴ ἢ θεία ἐστιν, ἢ
μεταβάλλουσα ἀπὸ νοῦ εὶς 
ἄνοιαν, ἢ μεταξὺ τούτων ἀεὶ μὲν 
νοοῦσα, καταδεεστέρα δὲ τῶν 
θείων ψυχῶν)
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O veículo...
Carnal refere-se ao corpo 
material
Pneumático é retirado dos 
elementos planetários, o que 
pode ser uma referência ao 
corpo perispiritual, de natureza 
sutil e semimaterial
Divino é obviamente o 
princípio espiritual
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Tanto para Proclo como para 
Porfírio (c. 233-c. 309 d.C.), 
somente o veículo divino é 
imortal, no sentido de que o 
carnal é evidentemente 
perecível, mas que o 
pneumático é purificado 
gradualmente até seu 
completo desaparecimento, 
após isso, atingir-se-ia a 
perfeição
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Há quatro tipos de causa: 
eficiente, final, material e formal 
Quando os antigos aplicavam 
essa classificação ao homem 
(corpo-alma), diziam que sua 
causa eficiente era a natureza 
universal, sua causa final a 
felicidade, a causa material o 
corpo e a causa formal a alma
3.8 Marsilio Ficino
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“Quatro causas das coisas 
naturais são enumeradas 
pelos físicos: eficiente, de fim, 
pela matéria e pela forma. A 
causa eficiente do homem é a 
natureza universal e o 
homem; a de fim é a felicidade 
humana; a pela matéria é o 
corpo; a pela forma é a alma.”
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(Quattuor naturalium rerum
causae a physicis numerantur, 
efficiens, finis, materia, forma. 
Efficiens hominis causa est 
natura universalis et homo; 
finis humana felicitas; materia
corpus; forma est anima
[Ficino, TP, V, cap. 5, 1].)
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Se algo existe sem que haja uma 
causa, diz-se que esse algo existe 
per se
Somente Deus é incausado e, 
portanto, somente Deus existe per 
se, é absoluto (absolutus), ou seja, 
Ele se soluciona (solutus) junto a 
(ab) Si mesmo; não necessita de 
causa externa a Ele 
Em outras palavras, Deus prescinde 
de todos os tipos de causa
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Já o corpo em particular ou a 
matéria em geral precisam da 
simultaneidade de todas as 
quatro causas 
Essa é a natureza passiva da 
matéria, muitas vezes 
representada alegoricamente 
como um receptáculo ou taça 
(patera, κράτηρ [kráter]), apta a 
receber
A matéria existe integralmente 
por outros, omnino per alia
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Deus e matéria são, portanto, 
dois extremos opostos em 
termos causais: enquanto 
Deus prescinde das quatro 
causas, a matéria necessita de 
todas 
Deve haver, por isso, entre 
Deus e matéria, algo que não 
seja nem per se nem omnino
per alia. Esse algo intermédio 
é a alma (anima)
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“A terceira essência, embora 
não dependa da matéria − 
feita, entretanto, longínqua de 
Deus e próxima da matéria − a 
ela [à matéria] de certo modo 
se inclina, em razão de cuja 
inclinação é dita alma. E 
embora se incline, não 
depende, porém, da mesma 
[da matéria].” [Ficino, TP, V, 
cap. 5, 5]
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Essentia tertia, licet a materia
non dependeat, tamen a deo
facta longinquior et propinqua
materiae, ad eam
quodammodo inclinatur, ob
quam inclinationem anima 
nuncupatur. Et licet inclinetur, 
non tamen ab ipsa dependet.
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Tema 4 – Mito 
fúnebre: Ísis e Osíris
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“Porquanto nada, para o homem, 
é mais grandioso receber, nem, 
para Deus, é mais augusto 
agraciar que a verdade”. 
(Plutarco, De Iside et Osiride, 1)
ὡς οὐδὲν ἀνθρώπωι λαβεῖν μεῖζον 
οὐδὲ χαρίσασθαι θεωῖ σεμνότερον 
ἀληθείας
4. Mito fúnebre: Ísis e Osíris
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