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pscanálise - ORIGEM DA ALMA

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INTERPRETAÇÃO DO TEXTO: ORIGEM DA ALMA 
Em análise do texto “Origem da Alma” percebe-se que a psicologia não surgiu, no primeiro 
momento, como uma ciência, mas sendo um ramo da filosofia. Seguiu uma longa trajetória, foram mais de 
dois mil anos, até se consubstanciar como ciência. Evidencia-se que diante tantos fatos e discussões, torna-se 
como objeto dessa ciência, o homem. Mas o homem além do físico. Ele emergido em experiências, 
comportamentos, sonhos e eventos, envolvendo-se e constituindo-se de sua “Psyché”. 
A primeira grande definição de psicologia surge como estudo da alma e perdurou durante bastante 
tempo. No entanto, o termo “alma” pode ser compreendido de várias formas. A reflexão sobre esse tema 
sempre provocou muitos questionamentos. 
É importante destacar que a procedência da palavra psicologia decorre da mitologia grega, sendo 
psi vindo de Psyché, equivalente à alma. Inicialmente a alma era compreendida como uma essência da 
natureza, como um vento, ligado simbioticamente com as forças próprias da vida. Nesse momento 
acreditava-se que a alma era tida como uma ficção, ou seja, uma “instância responsável pela respiração e 
pelo movimento do sangue” e estava “implícita nas concepções de homem e de seu destino”. Por muito 
tempo, e até hoje, muitos pensam na alma como algo incorpóreo, espiritual, sendo inútil investigá-la dentro 
dos limites da ciência. No entanto, cabe a psicologia a responsabilidade de não desconsiderar a alma, vez que 
ela peregrina por um caminho que transcende daquilo que é estritamente científico. 
O conceito de alma muda de direção entre os séc. VII e VI a.C., onde a humanidade encarava um 
novo jeito de ver a vida, surgindo uma forma de pensar racional, cujas transformações seriam com 
fundamentos da matemática, de forma doutrinária, tendo como estrutura a observação dos fenômenos 
diários. Assim, surgiu “o pensamento de que tudo tem uma origem, ao mesmo tempo é passível de originar”. 
Tales, Pitágoras, Heráclito, Parmênides são alguns dos pensadores dessa época, denominados como pré-
socráticos. 
Novamente temos nova compreensão no séc. V a.C. – a era socrática - onde penetramos no 
discurso da subjetividade humana. Sócrates vinculava a alma com a questão da moralidade. Assim, 
acreditava que “razão, caráter, justiça, virtude, direito, felicidade, beleza compõem a verdadeira essência do 
homem, estão dentro dele em estado puro, e podem ser encontradas se esse homem se dispuser a apreender 
o verdadeiro conhecimento”. Sócrates, em sua filosofia, buscava mostrar autoconhecimento humano, sendo 
ele capaz de reconhecer sua própria ignorância e buscar recursos para garantir sua firmeza moral. 
Em seguida, surge Platão (428-347 a.C.), mostrando uma compreensão diferente de alma em 
ralação à Sócrates. Platão agregou ás contribuições de Sócrates, procurando “organizar” a alma, ou seja, 
sendo ela um lugar de razão dentro do corpo humano. Assim, ele dividiu o homem em corpo e alma. Ele 
acreditava a alma sendo um “mundo das ideias”, uma estrutura inteligente que habitava e se tornava 
prisioneira de um corpo. Platão professava mais que espiritualidade e a moralidade da alma sugerida por 
Sócrates, mas a sua imortalidade. 
Um novo conceito aparece em 384-322 a.C. com Aristóteles, chegando ao ponto mais alto da 
Filosofia Grega. Segunda ele alma é a “causa e o principio do corpo vivo”, ou seja, essência presente em 
cada ser, mas que expira com a sua morte. Ele defende que cada espécie possui um tipo de alma. Para ele 
vivemos, percebemos e pensamos porque há uma alma habitando em nós; ela é algo do corpo; e o corpo para 
ser funcional precisa dela. 
Entre os séculos III a.C. e III d.C., os romanos apropriaram-se da cultura grega e houve o 
surgimento de várias escolas se preocupando com a natureza da alma, entre elas destaca-se o estoicismo 
(capacidade de negar impulsos, objetivando a firmeza da alma), o epicurismo (alma não se distingue do 
corpo, mas cabe difundir a vida pelo organismo e permitir atividades psíquicas, afetivas, intelectuais), o 
ceticismo (entendendo a alma como algo indeterminado, vago, que divulga princípios desconhecidos, 
entretanto possui efeitos conhecidos como o que sentimos em nós mesmos, ou seja para o ceticismo é 
impossível tentar encontrar o conhecimento sobre ela), o neo-platonismo (a alma está na inteligência e o 
corpo está na alma) e o cristianismo (ver a alma do ponto de vista da redenção: “a origem e destino da alma 
estão ligados às ideias de uma vida eterna”). 
Na Idade Média, entre os séculos V e XIV, surge a igreja exercendo um papel de domínio, 
sistematizando, organizando e divulgando a doutrina cristã. Este foi período de conflitos de todas as 
naturezas. Santo Agostinho e São Tomás de Aquino foram os personagens mais influentes sobre o 
pensamento da alma, substituindo “o mundo das ideais” pela “consciência de Deus”. Assim, Santo 
Agostinho destaca a alma como algo acima da razão, da moral e da ciência, possuindo distintos graus e 
funções, participando além do mundo sensível, mas possuindo conhecimentos que não passam pelos 
sentidos. São Tomás de Aquino destacou a alma com diversas naturezas e retoma aos pensamentos de 
Aristóteles, no sentido da alma ser imortal. Aquino entendeu que a alma é “o ato de um corpo, o princípio de 
que dependem os seus movimentos suas ações… é incorporal e insubstancial… não se dissolve com o 
organismo, e o desejo de imortalidade sentido pelo homem se justifica ontologicamente”. 
Após a Idade Média, surgiu um personagem importante, René Descarte, filósofo, que simbolizou a 
passagem do Renascimento para o período moderno da ciência. Ele defendia a divisão copo e alma, 
inserindo o psiquismo no próprio centro de suas preocupações. Ele entendia o corpo sendo responsável pelas 
funções de sobrevivência e a alma como algo abstrato, mas que se situava no cérebro, ou seja, uma “mente”, 
com a exclusiva função de promover o pensamento. Nasceu assim a ideia de “mundo mental”. A partir de 
Descartes o desenvolvimento do pensamento foi extremamente veloz. 
Ainda vale ressaltar que para Descartes há duas espécies de ideias na mente: ideias derivadas 
(originadas através da experiência sensorial), e as ideias inatas (exclusivamente desenvolvidas a partir da 
mente, independente da experiência sensorial, inata do ser). 
Chegamos então na Idade Moderna (séc. XVII e XVIII) caracterizada pela força da razão natural. 
Surge então o Iluminismo na Inglaterra, profundamente racionalista, elencando questões da real capacidade 
do homem conhecer sua realidade. Essa corrente nasceu a partir da influência das considerações dos 
filósofos empiristas, sobretudo de John Locke (1632-1704). Locke rejeita a doutrina de Descartes de que 
nossas ideias são fonte, por essência, da verdade ou do erro. Assim, rejeita o inatismo de Descartes e de 
Platão. Para ele o espírito é passivo, como se fosse uma folha em branco (tábula rasa) e está destinado a 
receber às ideias simples pela fonte da sensação e da reflexão. A alma, para Locke, é espiritual, mas sua 
existência não está demonstrada.

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