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CAPÍTULO 5 – CONDUÇÃO TRANSIENTE DISCIPLINA: TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA 1 PROF. DR. SANTIAGO DEL RIO OLIVEIRA • As condições térmicas mudam com o tempo. • São problemas chamados de não-estacionários ou transientes. • Surgem quando as condições de contorno de um sistema são alteradas. • Objetivos: 1. Determinar a dependência da distribuição de temperaturas no interior de um sólido em relação ao tempo durante um processo transiente. 2. Determinar a transferência de calor entre o sólido e a vizinhança. 5.1 O MÉTODO DA CAPACITÂNCIA GLOBAL • Imersão de um corpo com iTT = em 0<t num fluido com iTT <∞ . • Em 0≥t a temperatura do sólido irá diminuir até que ∞ =TT . • Hipótese do método da capacitância global: ( ) ( )tTtxT ≈, . • Essa hipótese implica que os gradientes de temperatura no interior do sólido sejam desprezíveis. • Isso ocorre quando no interior do sólido ∞→k ou 0→condR . • Na prática, a hipótese de gradientes desprezíveis é aproximada quando a resistência à condução no interior do sólido for pequena em comparação à resistência à convecção entre o sólido e sua vizinhança. • A resposta transiente da temperatura é obtida por um balanço global de energia no sólido: { { ⇒=+− == acugse EEEE &&&& 00 acus EE && =− ⇒++==− == 321321 00 )()( dt EPd dt ECd dt dU dt dEq acuconv dt dUqconv =− • Fazendo ( ) ∞ −= TThAq sconv e mdudU = obtém-se: ( ) dt du mTThAs =−− ∞ • Sabendo que Vm ρ= e cdTdu = obtém-se: ( ) dt dTVcTThAs ρ=−− ∞ • Introduzindo a diferença de temperaturas ∞ −= TTθ tem-se que: ( ) { dt d dt dT dt dT dt d dt dT θθθ =+=+= = ∞ ∞ 0 • Substituindo θ e dtdθ e separando variáveis obtém-se: θ θρ d hA Vcdt s −= • Sabendo que ( ) iTtT == 0 pode-se integrar a equação anterior: ∫∫ ∞ ∞ −= −= −= TT TTs t ii d hA Vcdt θ θ θ θρ 0 [ ] [ ] [ ] −=⇒−−=−⇒−= is i ss t hA Vc t hA Vc t hA Vc t i θ θρθθρθρ θθ lnlnln0ln0 ⇒ −= ishA Vc t θ θρ ln − − −= ∞ ∞ TT TT hA Vc t is lnρ • A expressão anterior pode ser utilizada para determinar o tempo necessário t para alcançar uma dada temperatura T . • Expressando T em função de t obtém-se: ⇒ −= − − ⇒= − − − ∞ ∞ ∞ ∞ t Vc hA TT TT t TT TT hA Vc s iis ρ ρ lnln −= − − ∞ ∞ t Vc hA TT TT s i ρ exp • A expressão anterior pode ser utilizada para determinar a temperatura T em algum tempo t . • Os resultados anteriores indicam que a diferença entre ( )tT e ∞ T diminui exponencialmente para zero conforme ∞→t . • A grandeza ( )shAVcρ pode ser interpretada como uma constante de tempo térmica: ( ) tt s t CRVchA = = ρτ 1 (unidade de tempo) • tR é a resistência térmica de convecção e tC é a capacitância térmica global do sólido. • Um aumento de tR e/ou tC causará uma resposta mais lenta do sólido a mudanças no seu ambiente térmico. • O total de energia transferida Q até um instante t é dado por: ( )∫∫ ∞−== t s t dtTThAqdtQ 00 • Substituindo ∞ −TT obtém-se: ( ) ( )∫∫ −−= −−= ∞∞ t s is t s is dttVc hATThAdtt Vc hATThAQ 00 expexp ρρ • Fazendo ( )tVchAa s ρ−= obtém-se ( )dahAVcdt sρ−= e assim: ( ) ( )( ) ( ) ( )∫∫ ∞∞ −−=−−= t i t sis daaTTVcdahAVcaTThAQ 00 expexp ρρ ( ) = −−−= ∞ t s i tVc hATTVcQ 0 exp ρρ ( ) −− −−−= ∞ 0expexp Vc hA t Vc hATTVcQ ssi ρρρ ( ) −−= −−−= ∞ t i s i tVct Vc hATTVcQ τ θρρρ exp1exp1 • Obviamente, Q está relacionada à mudança na energia interna do sólido: acuEQ ∆=− 5.2 VALIDADE DO MÉTODO DA CAPACITÂNCIA GLOBAL • Considere uma superfície mantida a 1,sT e outra exposta a um fluido com temperatura 1,sTT <∞ de tal maneira que 1,2, ss TTT <<∞ . • Um balanço de energia na superfície a 2,sT se reduz a: ( ) ( ) ∞ −=−⇒=⇒= TThATT L kAqqEE sssconvcondse 2,2,1,&& ( ) ( ) ( ) ( ) Bi12, 2,1, ==== − − ∞ k hL R R hA kAL TT TT conv cond s ss • Bi é o NÚMERO DE BIOT e fornece uma medida da “queda de temperatura no sólido em relação à diferença de temperaturas entre a superfície e o fluido”. • Para 1Bi << é razoável supor uma distribuição de temperaturas uniforme no interior do sólido em qualquer instante durante o processo transiente, ou seja, convcond RR << . • Como condição para a utilização do método da capacitância global tem-se que: 1,0Bi <= k hLc • cL é o comprimento característico, definido como sc AVL = . Parede plana de espessura L2 : L Hw LHw A VL s c === 2 2 Cilindro longo: 22 2 o o o s c r Lr Lr A VL === pi pi Esfera: 34 68 2 3 o o o s c r r r A VL === pi pi • O expoente ( )VcthAs ρ pode ser representado por: Bi.Fo22 ==== c c c c c s L t k hL L t c k k hL cL ht Vc thA α ρρρ • Fo é o número de Fourier (tempo adimensional): 2Fo cL tα = 5.3 ANÁLISE GERAL VIA CAPACITÂNCIA GLOBAL • Condução transiente no interior de um sólido pode surgir devido a vários processos de transferência de energia, que podem agir individualmente ou em conjunto: 1. Convecção para ou de um fluido adjacente (já mostrado). 2. Troca líquida por radiação com uma vizinhança (separação com um gás ou vácuo). 3. Fluxo térmico sobre toda a superfície ou parte dela (aquecedor elétrico delgado). 4. Geração de energia térmica (passagem de corrente elétrica). • Considerando que ( ) iTtT == 0 , que ∞≠ TTi e vizi TT ≠ , que "sq age sobre )(hsA , que " radq e " convq agem sobre ( )rcsA , tem-se que: ( ) ( ) ( ) dt dTVcAqAqEAqEEEE rcsradrcsconvghssacugse ρ=−−+⇒=+− ,","" &&&&& • Substituindo as equações de taxas para "convq e " radq obtém-se: ( ) ( ) ( )[ ] ( ) dt dTVcATTTThEAq rcsvizghss ρεσ =−+−−+ ∞ ,44" & • A equação anterior é uma equação diferencial ordinária, não- linear de primeira ordem, não-homogênea, que não pode ser integrada para se obter uma solução exata. • 1o CASO: sem fluxo térmico, sem geração interna de energia e sem convecção térmica. ( )44 , vizrs TTAdt dTVc −−= εσρ • Separando as variáveis e integrando de uma condição inicial até algum tempo t tem-se que: ∫∫ − = T T viz t rs i TT dTdt Vc A 440 , ρ εσ • Efetuando as integrais e rearranjando, o tempo necessário para alcançar a temperatura T se torna: − + − + − − + = −− viz i viziviz iviz viz viz vizrs T T T T TT TT TT TT TA Vc t 113 , tantan2lnln 4εσ ρ • 2o CASO: sem radiação térmica. ( ) ( ) dt dTVcATThEAq csghss ρ=−−+ ∞ ," & ( ) ( ) dt dTTT Vc hA Vc EAq csghss =−− + ∞ρρ , " & • Introduzindo ∞ −= TTθ onde dtdTdtd =θ e fazendo ( )VchAa cs ρ,= e ( )( ) ][ " VcEAqb ghss ρ&+= obtém-se: 0=−+ ba dt d θθ • Introduzindo a variável a b −=θθ ' de tal forma que dtddtd θθ =' obtém-se: 0' ' =+ θθ a dt d • Separando variáveis e integrando de 0 até t ( 'iθ até 'θ ) segue: ( )at i −= exp ' ' θ θ • Substituindo as definições de 'θ e 'iθ obtém-se: ( ) ( ) ( )atabTT abTT i −= −− −− ∞ ∞ exp • Rearranjando obtém-se: ( ) ( )[ ]at TT ab at TT TT ii −− − +−= − − ∞∞ ∞ exp1exp • 3o CASO: sem fluxo térmico e sem geração interna de energia. ( ) ( )[ ] ( )rcsviz ATTTThdt dTVc , 44 −+−= ∞ εσρ • A solução desta equação diferencial pode ser obtida por integração numérica no tempo (Runge-Kutta). • Uma alternativa aproximadaconsiste em expressar o termo de radiação na forma linearizada e combinar os coeficientes de convecção e radiação, ou seja: ( ) ( )( ) ( )( )∞∞ −=−+= TTAhTTAhhdt dTVc rcscrcsr ,,ρ • Foi admitido que ∞ =TTviz e que rc hhh += . • A solução para esse caso é igual à apresentada no início desse tópico e consiste em: ( ) − − −= ∞ ∞ TT TT Ah Vc t ircsc ln , ρ ou ( ) −= − − ∞ ∞ t Vc Ah TT TT rcsc i ρ ,exp • No cálculo do coeficiente de radiação, pode-se aproximar a temperatura superficial pela média aritmética no intervalo de tempo considerado, ou seja: ( ) ( ) 2 0 , tTtTT ssms += = • O coeficiente de radiação é calculado então como: ( )( )22 ,, vizmsvizmsr TTTTh ++= εσ 5.4 EFEITOS ESPACIAIS • Gradientes de temperatura no interior do meio não são mais desprezíveis. Para uma parede plana de espessura L2 , com condução unidimensional em x, sem geração de energia interna e com k constante, a equação do calor se reduz a: } t T cq z Tk zy Tk yx Tk x ∂ ∂ =+ ∂ ∂ ∂ ∂ + ∂ ∂ ∂ ∂ + ∂ ∂ ∂ ∂ = == ρ 0 00 & 4847648476 t T c x Tk x ∂ ∂ = ∂ ∂ ∂ ∂ ρ ⇒∂ ∂ = ∂ ∂ ∂ ∂ t T k c x T x ρ t T x T ∂ ∂ =∂ ∂ α 1 2 2 • A solução da equação diferencial parcial anterior fornece ( )txT , . • A condição inicial é: ( ) iTxT =0, • As condições de contorno são: 0 0 =∂ ∂ =xx T e ( )[ ] ∞ = −=∂ ∂ − TtLTh x Tk Lx , • Fica evidente que as temperaturas na parede dependem de: ( )hkLTTtxTT i ,,,,,,, α∞= • Para reduzir a dependência funcional de T faz-se a adimensionalização das equações do problema. • A adimensionalização consiste no agrupamento das variáveis relevantes do problema em grupos adimensionais apropriados. • TEMPERATURA ADIMENSIONAL: ∞ ∞ − − = TT TT i *θ • COORDENADA ESPACIAL ADIMENSIONAL: L x x =* • TEMPO ADIMENSIONAL: Fo2 * == L t t α • Com os adimensionais, a formulação é reescrita como: Fox ∂ ∂ =∂ ∂ * 2* *2 θθ ( ) 10,** =xθ 0 0 * * * =∂ ∂ =x x θ ),1(Bi ** 1 * * * t x x θθ −=∂ ∂ = • Nota-se agora que a dependência funcional é na forma: ( )Bi,Fo,** xf=θ • Fica evidente a vantagem de ( )Bi,Fo,** xf=θ sobre ( )hkLTTtxTT i ,,,,,,, α∞= . • Para uma dada geometria, a distribuição transiente de temperaturas é uma função universal de ,*x Fo e Bi. • O número de Fourier é um tempo adimensional, embora ele tenha uma interpretação alternativa em problemas nas quais a transferência de calor por condução através de sólidos é concorrente com o armazenamento de energia pelo sólido: Fo22 ===∆ ∆ = L t cL kt t TALc L TkA E q acu cond α ρρ& • O número de Fourier fornece uma medida da efetividade com a qual um sólido conduz e armazena energia térmica. 5.5 A PAREDE PLANA COM CONVECÇÃO 5.5.1 SOLUÇÃO EXATA ( ) ( )* 1 2* cosFoexp xC n n nn ζζθ ∑ ∞ = −= ( )nn n nC δδ δ 2sen2 sen4 + = Bitan =nn ζζ 2Fo Ltα= • As quatro primeiras raízes da equação transcendental são fornecidas no Apêndice B.3 do livro-texto. 5.5.2 SOLUÇÃO APROXIMADA • Para 2,0>Fo a solução em série infinita pode ser aproximada pelo primeiro termo da série: ( ) ( )*1211* cosFoexp xC ζζθ −= ou ( )*1** cos xo ζθθ = onde ( )Foexp 211* ζθ −= − − = ∞ ∞ C TT TT i o o 5.5.3 TRANSFERÊNCIA TOTAL DE ENERGIA • É útil saber a energia total que deixou (ou entrou) a parede até um dado tempo t em um dado processo transiente. • Da conservação da energia aplicada num intervalo de tempo de 0=t até 0>t tem-se que: acusaient EEE ∆=− • Fazendo saiEQ = , 0=entE e ( ) ( )0EtEEacu −=∆ obtém-se: ( ) ( )[ ]0EtEQ −−= ou ( )[ ]dVTtxTcQ i∫ −−= ,ρ • É conveniente introduzir a quantidade máxima de transferência de energia que poderia ocorrer se o processo se estendesse até ∞=t : ( ) ∞ −= TTcVQ io ρ • Pode-se então escrever a razão entre a quantidade total de energia transferida a partir da parede ao longo do intervalo de tempo t e a transferência máxima possível: ( )[ ] ( )dV VV dV TT TtxT Q Q i i o ∫∫ −= − −− = ∞ *11, θ • Utilizando a forma apropriada de *θ obtém-se: * 1 1sen1 o oQ Q θζ ζ −= • Os resultados anteriores podem ser utilizados para uma parede plana com espessura L e isolada em um dos seus lados ( )0* =x . • Para utilização das tabelas acima, deve-se recalcular Biot: k hL =Bi (parede plana) k hro =Bi (cilindro infinito e esfera) 5.6 SISTEMAS RADIAIS COM CONVECÇÃO 5.6.1 SOLUÇÕES EXATAS Cilindro Infinito ( ) ( )*0 1 2* Foexp rJC n n nn ζζθ ∑ ∞ = −= ( ) ( ) ( )nn n n n JJ JC ζζ δ δ 2120 12 + = ( ) ( ) Bi0 1 = n n n J J ζ ζζ 2Fo ortα= • 1J e 0J são funções de Bessel de primeira espécie, tabeladas no Apêndice B do livro-texto. • Raízes da equação transcendental ( )( ) Bi0 1 = n n n J J ζ ζζ podem ser encontradas em livros textos especializados. Esfera ( ) ( )* * 1 2* sen 1Foexp r r C n nn nn ζζζθ ∑ ∞ = −= ( ) ( )[ ] ( )n2sen2 cossen4 ζζ ζζζ − − = n nnn nC Bicot1 =− nn ζζ 2Fo ortα= • Raízes da equação transcendental Bicot1 =− nn ζζ podem ser encontradas em livros textos especializados. 5.6.2 SOLUÇÕES APROXIMADAS • Para 2,0>Fo a solução em série infinita pode ser aproximada pelo primeiro termo da série: Cilindro Infinito ( ) ( )*10211* Foexp rJC ζζθ −= ( )*10** rJo ζθθ = ( )Foexp 211* ζθ −= − − = ∞ ∞ C TT TT i o o ( )11 1 *21 ζζ θ JQ Q o o −= Esfera ( ) ( )*1* 1 2 11 * sen 1Foexp r r C ζζζθ −= ( )*1* 1 ** sen 1 r r o ζζθθ = ( )Foexp 211* ζθ −= − − = ∞ ∞ C TT TT i o o ( ) ( )[ ]1113 1 * cossen 31 ζζζζ θ −−= o oQ Q 5.6.3 CONSIDERAÇÕES ADICIONAIS • Os resultados anteriores podem ser usados para predizer a resposta transiente de cilindros longos e de esferas submetidos a uma súbita mudança na temperatura superficial. • Para tal, um número de Biot infinito é estabelecido, e a temperatura no fluido ∞ T é substituída pela temperatura superficial constante sT . RESULTADOS DE CONDUÇÃO TRANSIENTE
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