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Nathália Machado – MED FTC Tutoria ID: J.C.A., masculino, 27 anos, natural e procedente de Salvador Queixa Principal: “Dor abdominal há 01 ano” HMA: Paciente em consulta no ambulatório de gastroenterologia da UniFTC, refere que apresenta dor abdominal há 1 ano. Refere dor de caráter intermitente, tipo queimor em região epigástrica e relata eventualmente sensação desagradável de retorno do alimento a boca. Refere ainda “pigarro” principalmente à noite, quando vai se deitar. Refere que toma chá de boldo e às vezes Magnésia bisurada. Refere também que já foi prescrito na UPA omeprazol, mas que ele não fez uso. Interrogatório Sistemático: Nega outros sintomas além dos já referidos na HMA. História Patológica Pregressa: Sedentário, dislipidêmico, hipertenso e diabético. História Fisiológica: Refere ritmo intestinal normal, mas que notou ultimamente as fezes mais escura. História Familiar: Genitor diabético, Genitora hipertensa, Avô materno portador de DPOC, avó paterna diabética. História Social: Solteiro, Natural de Salvador, Trabalha como Motoboy, confessa hábitos de vida pouco saudáveis, sedentário, fuma cigarro aos finais de semana, quando consome bebidas alcoólicas (4-5 garrafas de cerveja), nega uso de drogas ou substâncias psicoativas de uso recreacional, não usuário de drogas ilícitas. Mora com os pais e cursa Faculdade de Administração na UniFTC. História Alimentar: Alimenta-se mal, com horários irregulares para as suas refeições. Alimentação pobre em frutas, legumes e verduras, dieta rica em gorduras e carboidratos. Exame Físico: Geral: Bom estado geral, idade aparente compatível com a referida, corado, hidratado, anictérico, normotenso, eupneico em ar ambiente. Altura 1,69m; Peso 92Kg; IMC 32,16 PA: 150x90mmHg; FC 98bpm; FR 18ipm; Tax 35,8ºC Pele: Corado, com turgor e elasticidade normais, mucosas normocoradas, não palpo linfonodos em cadeias cervicais, submandibulares, axilares, infraclavicular, sem alterações dos pelos. Nathália Machado – MED FTC Cabeça: forma normal, sem lesões aparentes. Olhos, ouvidos, nariz e boca sem anormalidades, dentes em perfeito estado de conservação. Orofaringe sem hiperemia em úvula e palato, sem presença de petéquias, sem hipertrofia de amígdalas. Pescoço: nuca livre, traqueia na linha média, istmo da tireoide pouco palpável, lobos palpáveis, sem nódulos, consistência elástica. Ap. Respiratório: Tórax e pulmões: simétrico, sem esforço respiratório (tiragens ou uso de musculatura acessória) Expansibilidade preservada bilateralmente. FTV uniformemente palpável bilateralmente. Som claro atimpânico à percussão. Murmúrio vesicular bem distribuídos sem ruídos adventícios (MVBD s/ RA). Ap. Cardiovascular: Precórdio normodinâmico. Ictus de VE invisível, palpável em 5º EIC na LHCE medindo cerca de 2 polpas digitais, não propulsivo. Ausência de atritos. RCR 2T c/ BNF. Ausência de sopros ou extrassístoles. Ausência de turgência de jugular patológica (TJP) Pulsos arteriais periféricos simétricos, sincrônicos e com boa amplitude. Abdome: Globoso às custas de panículo adiposo, sem lesões de pele, cicatrizes, circulação colateral ou herniações. Peristalse normal presente nos quatro quadrantes e ausência de sopros em focos arteriais abdominais. Hepatimetria medindo cerca de 12 cm (lobo direito). Espaço de Traube livre. Sem visceromegalias. Abdome doloroso à palpação profunda em região epigástrica (intensidade 3/10). Ausência de massas. Membros: Ausência de edema, lesões de pele, sinais de insuficiência venosa ou arterial. Panturrilhas livres. Pulsos periféricos palpáveis simétricos e amplos. Sistema nervoso: lúcido e orientado. Sem déficit motor aparente. Pupilas isocóricas e fotorreagentes. Reflexos superficiais profundos presentes simétricos e sem anormalidades. Ausência de sinais de irritação meníngea. Glasgow 15. Conduta: Solicitado exames laboratoriais, Exames de fezes com parasitológico e pesquisa de sangue oculto nas fezes, EDA com pesquisa de H. Pylori e Manometria. Prescrito esomeprazol magnésio 20mg/dia. INFORMAÇÕES RELEVANTES DO CASO Nathália Machado – MED FTC HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS 1 – DRGE 2 – HDA (DUP, H. pylori) 3 – Síndromes Dispépticas (pirose, dispepsia, SII) O QUE ESTUDAR Principais sintomas do aparelho digestivo As queixas do paciente podem ser consideradas do aparelho digestivo alto ou do aparelho digestivo baixo. A queixa digestiva é considerada alta quando se refere a sintomas provavelemnte decorrentes de alteração esofagogastroduodenal. Porém, mesmo se a queixa for alta, deve investigar o funcionamento intestinal, e se a queixa for baixa, investigar possíveis sintomas altos. Dentre os sintomas de alterações do trato gastrointestinal alto, temos a pirose. Segundo o tratado de gastroenterologia, pirose é definida como uma sensação de queimação ou ardência e que por mais que ao dicionário Aurélio descreva como uma sensação de localização retroesternal, do ponto de vista médico, deve-se considerar também como pirose a sensação de queimação em epigástrio. A pirose é a manifestação mais comum da DRGE com ou sem esofagite, e pode ter início em epigástrio irradiando para a região retroesternal, ou somente retroesternal. A pirose de localização unicamente epigástrica sugere origem gástrica ou duodenal e costuma surgir em tempos variáveis após as refeições, desperta o sono, mas não ocorre durante a deglutição. A melhora obtida com a ingestão de antiácidos ou antissecretores indica a ácido-dependência desse sintoma. A regurgitação é a sensação de retorno dos alimentos à boca, facilitado pela posição supina, mas sem a violência do vômito e sem ser precedido por náuseas. É um forte indicativo de DRGE quando acompanhado de pirose. DRGE Condição crônica que se desenvolve quando ocorre o refluxo do conteúdo gástrico para esôfago e órgãos adjacentes, causando sintomas desagradáveis e complicações. A agressividade do material refluxado se deve a: HCl+, pepsina, sais biliares e tripsina. O diagnóstico é frequentemente baseado: → Na presença de sintomas típicos (pirose e regurgitação) ou sintomas Nathália Machado – MED FTC atípicos e extraesofágicos (dor torácica não cardíaca, tosse, pigarro e disfonia); → Por resposta a terapia supressora de ácido com tratamento empírico usando IBP; → Achados na endoscopia de lesões de mucosa relacionadas ao refluxo e pelo monitoramento prolongado do refluxo pela pHmetria ou impedância-pHmetria esofágica. A importância da DRGE se deve a elevada prevalência, número crescente de novos casos, piora da qualidade de vida do paciente e pela incidência do adenocarcinoma esofágico relacionado ao esôfago de Barret. Fatores de risco: Obesidade Baixo nível educacional Baixo status socioeconômico Genética Tabagismo Consumo de álcool Postura inclinada Refeições noturnas Estresse Mais comum em mulheres Gestação Hernia hiatal: relaciona-se às formas mais graves DRGE ou pirose funcional? Pirose é a sensação de queimação retroesternal que se irradia do manúbrio esternal até a base do pescoço, ocorre em 30-60 min após a ingestão de alimentos, principalmente se grande volume de ingestão de alimentos ou rica em gordura ou ácido. Alivia ao uso de antiácido ou água. Alguns pacientes apresentando pirose, sintoma típico de DRGE, pode apresentar durante a investigação, uma EDA normal, pHmetria prolongada normla e resposta parcial ou ausente aos inibidores de bomba de prótons. Esses representam 10% dos pacientes com pirose e são classificados como portadores de pirose funcional. Pirose funcional: pirose clínica + EDA + pHmetria prolongada normais. A fisiopatologia está relacionada a uma hipersensibilidade visceral, em que a pirose ocorrepor alterações sutis de pH ou por outros fatores como distensão luminal, alterações motoras, como contrações na camada muscular do esôfago. Hipersensibilidade visceral: Hiperativação de receptores sensitivos → amplificação de sinal aferente no córtex. O diagnóstico é realizado por exclusão. Medicamentos podem causar pirose com o uso prolongado: Nathália Machado – MED FTC Fisiopatogenia As lesões características da DRGE ocorrem quando a mucosa do órgão é exposta ao refluxo gástrico que contém agentes agressores como ácido, pepsina, sais biliares e enzimas pancreáticas. Em condições normais, ocorrem episódios de curta duração e rápida depuração, denominado refluxo fisiológico. São vários os fatores que podem contribuir para que o refluxo se torne patológico, com destaque as aberturas transitórias ou relaxamentos transitórios do esfíncter inferior do esôfago. Essas aberturas ou relaxamentos ocorrem independente de deglutição, principalmente em indivíduos com pressão basal normal. Em alguns casos, que são poucos, pode ocorrer hipotensão esfincteriana como principal mecanismo fisiopatológico. Uma observação interessante, é que o refluxo, particularmente o que ocorre no período pós-prandial, se origina de um reservatório gástrico de ácido, sobrenadando o conteúdo gástrico. Essa “bolsa ácida” recém secretada não se mistura com a refeição e pode ser detectada perto da junção esofagogástrica, em torno de 20 minutos após a refeição. Nos pacientes com DRGE, sobretudo aqueles com hérnia hiatal, a bolsa ácida é maior e se estende mais proximamente no esôfago quando comparado aos indivíduos saudáveis. O refluxo provoca diminuição da resistência do epitélio mucoso esofágico com dilatação do espaço intercelular e presença de erosões. Entretanto, a presença de erosões na mucosa pode não ocorrer, caracterizando-se a forma não erosiva da doença. A dilatação do espaço intercelular, por outro lado, é uma das mudanças morfológicas mais precocemente observadas no epitélio esofágico. Ela é Nathália Machado – MED FTC observada tanto em pacientes com a doença erosiva quanto naqueles com a doença não erosiva, podendo, em teoria, ser o mecanismo gerador ou perpetuador dos sintomas, mesmo nos pacientes em tratamento com inibidores da bomba protônica (IBP). A gravidade da esofagite se relaciona com a duração, o tempo de exposição ácida e ao pH do conteúdo gástrico refluído. Na etiopatogenia da DRGE, o refluxo ácido é muito mais comum do que o refluxo não ácido. Mais recentemente, tem sido sugerido maior importância para o refluxo não ácido (ou fracamente ácido) na gênese dos sintomas da doença, sobretudo, tosse, pigarro e globus, em pacientes em tratamento com IBP. A patologia ocorre devido a uma ruptura tênue entre o equilíbrio do mecanismo valvular e o gradiente de pressão transdiafragmático. Fatores protetivos: 1- Secreção salivar rica em HCO3 tampona e neutraliza o ácido refluído (depuração ácida); ondas peristálticas reflexas para menor tempo e volume de ácido refluído (depuração de volume). 2- Epitélio escamoso não queratinizado com complexos juncionais intercelulares firmes. 3- Válvula formada pelo esfíncter inferior do esôfago e pela musculatura diafragmática. Uma falha nessa válvula pode desencadear a doença. Doença do refluxo não erosiva x Doença do refluxo erosiva Não erosiva: A forma mais frequente da doença é definida pela presença de sintomas desagradáveis associados ao refluxo, com ausência de erosões ao exame endoscópico. Demanda a realização de um teste terapêutico, principalmente em pacientes com menos de 45 anos. Erosiva: Apresentação clássica com erosões ao exame endoscópico. Esse exame, apesar de importante, não apresenta especificidade elevada. Fatores que favorecem o refluxo: - Esvaziamento gástrico lento; - Aumento da pressão intra- abdominal (obesidade/gestação); - A nível supraesofágico: xerostomia; - Corpo do esôfago: problemas de hipomotilidade, motilidade inefetiva, peristalse fragmentada, junções debilitadas; - Junção gastroesofágica: hérnia de hiato; - Estômago: retardo no esvaziamento, hipersecreção de ácidos. Curiosidades: H. Pylori: Evidências demonstram que não tem relação a infecção por H.Pylori e a DRGE. Nathália Machado – MED FTC Esôfago de Barret: é a substituição do epitélio escamoso estratificado do esôfago por epitélio colunar contendo células intestinalizadas. É uma condição que ocorre quando a mucosa é exposta ao refluxo crônico. O diagnóstico inicia com suspeita ao exame endoscópico e confirmado com exame histológico de biópsia. Manifestações Clínicas Típicas: - Pirose - Regurgitação ácida Sintomas por 2 ou mais dias por semana, por um período mínimo de 4-8 semanas. Atípicas: - Tosse crônica, asma (exacerba quadros asmáticos), bronquiectasia, pneumonia recorrente (aspiração do conteúdo que ascende; - Rouquidão, pigarro, sinusite crônica; - Halitose, erosão dental, aftas. - Dor torácica não cardíaca (pode simular dor cardíaca), globus faríngeo (sensação de bolo na garganta); As manifestações típicas ajudam no diagnóstico principal, as atípicas costumam auxiliar no diagnóstico diferencial. Complicações: → Esofagite erosiva: ulcerações no esôfago em consequência a exposição crônica. → Esôfago de Barret: metaplasia do tecido esofagiano, alterando o tipo celular para células semelhantes à da mucosa intestinal. É um fator de risco para adenocarcinoma. → Adenocarcinoma esofágico → Estenoses pépticas: pontos de estenose por conta da agressão ácida, essa agressão provoca fibrose do tecido e pontos de estreitamento. Diagnóstico Inicia-se com uma anamnese cuidadosa: Deve identificar os sintomas característicos, definir sua intensidade, duração e frequência. Observar fatores desencadeantes e de alívio, determinar o padrão de evolução ao longo do tempo e o impacto na qualidade de vida dos pacientes. Sintomas típicos: pirose e regurgitação. Quando os sintomas ocorrem isoladamente, apresentam um valor preditivo para DRGE, porém com baixa especificidade. Quando os dois sintomas ocorrem simultaneamente, a probabilidade do paciente apresentar DRGE é bastante elevada, cerca de 90%. Paciente com tosse + regurgitação por dois ou mais dias, com duração de 4-8 semanas, é um forte candidato a DRGE. A pirose costuma ocorrer 30-60 minutos após as refeições, Nathália Machado – MED FTC especialmente quando volumosas e gordurosas. Associados aos sintomas típicos pode ocorrer sialorreia, eructação e sensação de opressão retroesternal. Condições que elevam a pressão intra-abdominal podem exacerbar os sintomas, em especial a obesidade. A intensidade é tão importante quanto a frequência dos sintomas e existe uma relação entre a gravidade e a qualidade de vida. A dor torácica não cardíaca é importante, uma vez que afasta a etiologia cardíaca, a DRGE costuma ser a causa mais comum desse tipo de dor. A tosse crônica, laringite crônica e asma são processos multifatoriais que podem ser o refluxo como fator potencial de agravamento e, por isso, a DRGE pode são ser a única causa dessas manifestações. Manejo O diagnóstico normalmente é clínico, através da observação dos sintomas. O paciente com suspeita de DRGE será submetido a um tratamento empírico de supressão ácida com IBP. IBP: omeprazol, pantoprazol, etc. → Inicia a terapia com uma dose de 20 mg, uma vez ao dia, pela manhã, o ideal é que seja 30 minutos antes da primeira refeição. A terapia terá duração de 8 a 12 semanas. Além do IBP, o paciente deve adotar medidas comportamentais (alimentação, redução de peso,elevação de cabeceira, tabagismo). Caso o paciente apresente refratariedade ao IBP, requisitar a EDA. Após a EDA: → Se confirmado a DRGE, iniciar tratamento medicamentoso e comportamental. → Caso não seja comprovado, encaminhar o paciente para testes de monitorização de refluxo ambulatorial. Se na terapia empírica o paciente já apresentou melhora, o diagnóstico está feito. Teste diagnóstico terapêutico No III Consenso da DRGE Brasileiro baseado em evidências, o teste diagnóstico terapêutico (IBP, administrado em dose plena por um período de quatro semanas) para os pacientes com menos de 45 anos e com manifestações típicas foi classificado como recomendação de grau A, o que quer dizer que é um procedimento válido e suportado pela literatura. Ainda assim, foi explicitamente recomendado que todo paciente com suspeita ou diagnóstico de DRGE realize a endoscopia digestiva alta (EDA) antes do início do tratamento. Nathália Machado – MED FTC Essa orientação baseia-se no fato de que a EDA é um procedimento seguro e facilmente executado, amplamente disponível e de baixo custo em nosso meio. Permite a visualização direta da mucosa e aumenta a acurácia diagnóstica nos casos de DRGE erosiva. Isto, além de identificar precocemente as complicações ou outras eventualidades, como neoplasias de esôfago e estômago. O teste diagnóstico terapêutico é uma conduta interessante, porém, determinados pacientes com DRGE eventualmente podem não apresentar resposta positiva ao teste, ou porque necessitam de dose maior do medicamento ou de sua utilização por período mais prolongado. Exame endoscópico e biópsia do esôfago O exame endoscópico é o método de escolha para o diagnóstico das lesões causadas pelo refluxo gastroesofágico. Permite a caracterização da presença de erosões da mucosa esofágica e possibilita a realização de biópsias. Assim, o exame endoscópico possibilita a classificação da DRGE em doença erosiva ou não erosiva que poderá ter implicações diretas na forma de abordagem terapêutica. As biópsias de esôfago têm indicação limitada apenas às complicações da doença: esôfago de Barrett, úlceras de esôfago e estenose, além de caracterizar o adenocarcinoma esofágico. O III Consenso Brasileiro da DRGE sinaliza que, em pacientes refratários ao tratamento com IBP, a observação das dimensões do espaço intercelular do epitélio do esôfago distal aumenta a probabilidade de certeza diagnóstica e permite a análise da resposta terapêutica. A dilatação do espaço intercelular pode, preferencialmente, ser observada à microscopia eletrônica, embora o diagnóstico nessa instância seja oneroso e não facilmente acessível. Convém lembrar que um número relativamente elevado de pacientes não mostra alterações da mucosa ao exame (erosões) ou revela alterações inespecíficas como, por exemplo, edema e eritema que não são características da DRGE e, portanto, não permitem estabelecer o diagnóstico. É a ausência de alterações endoscópicas que, na dependência da ocorrência de sintomatologia típica, pode corresponder à forma não erosiva da enfermidade. Raio x contrastado de esôfago: baixa sensibilidade e especificidade para diagnóstico de DRGE. Cintilografia: pode demonstrar o refluxo do conteúdo após ingestão de contraste. Exame caro e pouco disponível, mas tem sido muito usado em diagnóstico de DRGE em crianças. Manometria Nathália Machado – MED FTC O diagnóstico de DRGE não pode ser baseado nos resultados do esofagograma ou da manometria, quer seja convencional ou de alta resolução. Manometria convencional: tem valor diagnóstico bastante limitado e está indicado em algumas condições: antes do exame pHmétrico para ajudar a precisar a localização do sensor de pH, no pré-operatório de DRGE – para afastar distúrbios de motilidade, pois esses contraindicam a fundoplicatura. Na investigação complementar de disfagia, principalmente quando se suspeita de alterações motoras de esôfago como o “esôfago em quebra-nozes” e o espasmo esofágico difuso. Manometria de alta resolução: mais específicos para determinar os tipos de acalasia, obstrução funcional da junção esofagogástrica e na definição do espasmo esofágico. Não tem muita vantagem em relação ao convencional quando se pensa em DRGE. pHmetria esofágica de 24 horas: Detecta episódios de refluxo medindo as diminuições do pH esofágico. Cateteres de impedância e pH posicionados por via transnasal no esôfago, avaliam a mudança da resistência elétrica conforme a composição química do material refluído e medem a direção do fluxo (anterógrado ou retrógrado), assim como, o pH esofágico. Assim, este último método é capaz de medir refluxos ácidos e não ácidos. É uma ferramenta valorosa para suspeita de DRGE, mas possui limitações, é preciso considerar quando usar cada método. A pHmetria prolongada é incapaz de determinar o volume ácido do refluxato, mas ainda assim, é considerado um método específico e sensível. Indicado: Para documentar a exposição ácida em paciente com endoscopia negativa, quando considerado para intervenção endoscópica ou cirúrgica. Na avaliação de pacientes com sintomas típicos de refluxo que apresentam endoscopia negativa e que são refratários ao tratamento com IBP. Não deve ser indicado rotineiramente, mas em certas condições pode ser útil: Na documentação da adequação do tratamento com IBP para controle ácido gástrico em pacientes com complicações como esôfago de Barrett. Na avaliação de pacientes com sintomas atípicos que apresentam a endoscopia negativa e que são refratários ao tratamento com IBP. pHmetria sem fio: A cápsula é afixada temporariamente por sucção na mucosa do esôfago distal, de onde transmite, via radiotelemetria, sinais para o receptor que é preso ao cinto do paciente. Após o período de Nathália Machado – MED FTC exame, a cápsula se desprende espontaneamente e é eliminada pelo tubo digestivo, e os sinais são analisados por um programa instalado em computador. Vale dizer que a utilização da cápsula sem fio ainda é restrita. É possível que a redução de custo venha tornar o seu uso mais disponível. Impedância esofágica: Este capta o registro da resistência elétrica gerada pela passagem do bolo, permitindo a obtenção de medidas de alta resolução da motilidade gastrointestinal e transporte do bolo. A impedância é a medida da resistência elétrica resultante de uma corrente elétrica gerada entre pares de eletrodos quando da passagem do bolo alimentar. O método é capaz de diferenciar o trânsito esofágico de sólidos ou líquidos, tanto no sentido anterógrado quanto no sentido retrógrado (refluxo gastroesofágico). A impedância não caracteriza o refluxo de natureza ácida e, por isso, a monitoração do volume e conteúdo ácido do material refluído não pode ser determinado pelo método. Para obviar essa deficiência, é incorporado ao sistema um eletrodo de pH (impedância- pHmetria), que permite que o refluxato possa ser categorizado nas seguintes categorias: → ácido (pH < 4); → fracamente ácido (pH entre 4 e 7); → fracamente alcalino (pH > 7); O método de impedância-pHmetria pode ser útil nos seguintes casos: Na avaliação de pacientes com sintomas de pirose e regurgitação e endoscopia negativa, a despeito de terapia adequada com IBP. Vale dizer que a acurácia diagnóstica aumentada da impedância sobre a pHmetria convencional é ainda maior quando o exame é realizado na vigência do tratamento com IBP. Em pacientes com queixas primárias de dor torácica ou sintomas extraesofágicos (refratários ao tratamento), embora nesse caso a utilidade do método não tenha sido efetivamentecomprovada. Tratamento A grande maioria dos pacientes se beneficia com o tratamento clínico, que deve abranger medidas comportamentais e farmacológicas, as quais devem ser implementadas simultaneamente. As medidas comportamentais ou de correção de hábitos de vida visam prevenir condições e alimentos que promovam ou facilitem o refluxo. Pacientes com distúrbio do sono, por exemplo, que pode ser consequente à pirose noturna, costumam se beneficiar com a elevação da cabeceira da cama. No entanto, essa recomendação pode ser desnecessária para aqueles sem sintomas noturnos. A redução do peso corporal deve ser recomendada rotineiramente para Nathália Machado – MED FTC os pacientes obesos ou com sobrepeso, dada a forte associação entre o aumento do índice de massa corporal e a probabilidade de aparecimento de sintomas relativos à DRGE. A inibição da secreção ácida gástrica é benéfica no tratamento dos pacientes com DRGE, haja vista ocorrer a melhora dos sintomas e a cicatrização da esofagite. A probabilidade de cicatrização da esofagite está diretamente relacionada com a potência do efeito antissecretor da medicação utilizada. No plano do tratamento farmacológico, os fármacos disponíveis são: → Alcalinos (ou antiácidos) e sucralfato são empregados para neutralizar a secreção ácida gástrica, servindo apenas para controle imediato dos sintomas. Há escassez de evidências que suportem o seu uso e o ganho terapêutico é muito pequeno. São raramente empregados, estando indicados apenas em situações especiais para fornecer alívio sintomático passageiro para indivíduos com sintomas esporádicos. → Alginato: é um polissacarídeo natural extraído da alga marrom que se polimeriza quando exposto ao ácido, formando uma matriz de gel sobrenadante ao conteúdo gástrico que posteriormente é estabilizada por íons cálcio. Assim, uma combinação de alginato- antiácido tem se mostrado efetiva em prevenir o refluxo originário da bolsa ácida, compondo, desse modo, o racional para sua utilização na DRGE. A combinação de um inibidor da bomba protônica (IBP) com o alginato tem ganhado interesse crescente após a recente descoberta da bolsa ácida na porção proximal do estômago. → Bloqueadores dos receptores H2 da histamina (cimetidina, ranitidina, famotidina e nizatidina): apresentam bons resultados para a cicatrização de esofagite erosiva leve, mas não são ideais para o tratamento de doença moderada a intensa ou quando longo período é necessário, já que apresentam taquifilaxia. São eventualmente prescritos em situações em que não pode ser utilizado o IBP. → Procinéticos (metoclopramida, domperidona e bromoprida): são eficazes para o alívio da pirose quando comparados a placebo. Porém, devem ser considerados medicamentos de exceção, uma vez Nathália Machado – MED FTC que não aumentam o índice de cicatrização da esofagite. Podem ser utilizados apenas em associação com IBP em pacientes com quadro de dismotilidade associada à DRGE (p. ex., empachamento pós-prandial). → Inibidores da bomba de prótons: constituem a classe de fármacos mais indicada para o tratamento da DRGE, apresentando resultados significativamente melhores do que as classes anteriormente citadas de medicamentos. Os índices de cicatrização são elevados, portanto, são seguras e eficazes para o tratamento prolongado. Os IBPs devem ser considerados medicamentos de escolha (em ciclo de 4 a 8 semanas de tratamento para a fase aguda). São indicados em dose plena para o tratamento inicial da DRGE não complicada ou em dose dobrada para pacientes com complicações (estenose, úlcera ou esôfago de Barrett) ou com manifestações atípicas (por período prolongado, em geral, de seis meses de tratamento). Evidências sugerem fortemente os benefícios da utilização de IBP no tratamento de manutenção da DRGE (com ou sem esofagite erosiva). As doses do tratamento de manutenção costumam ser inferiores àquelas utilizadas no tratamento da fase aguda da enfermidade e, nesse sentido, os diferentes IBP se comportam de modo semelhante. Os eventos adversos mais comuns dos IBP são: cefaleia, diarreia, constipação e dor abdominal. Atenção especial deve ser dada ao uso dos IBP durante a gravidez, uma vez que, nessa condição, o omeprazol está enquadrado na categoria C e os outros IBP, assim como os antagonistas do receptor H2, na categoria B. Tratamento cirúrgico A princípio, o tratamento clínico constitui-se na primeira forma de abordagem no controle do refluxo e queixas do paciente. Boa parte melhora apenas com tratamento sintomático e a reeducação, centralizada em atividades físicas regulares e constantes, anteriormente referidas. A indicação cirúrgica da DRGE tem opiniões controversas. Os consensos nacionais ou internacionais, que abordam o tema, sugerem a correção cirúrgica nas seguintes condições: → esofagites recidivantes após tratamentos bem conduzidos, de no mínimo seis meses; Nathália Machado – MED FTC → pacientes que apresentem complicações da DRGE, inclusive as extraesofágicas; → perspectiva de uso de inibidores da bomba de prótons por longos anos; → hérnias de grande volume em pacientes com risco de volvo ou perfuração; → baixa idade. Quando os sintomas afetam a qualidade de vida do paciente, a indicação pode ser também subjetiva. É interessante ressaltar que os melhores resultados das operações ocorrem precisamente nos casos em que o tratamento clínico promoveu bom resultado e, por entendimento entre o médico e o paciente, houve opção pela conduta cirúrgica Operação antirrefluxo, quer pela via laparotômica quer pela videolaparoscópica, é desenhada para diminuir a exposição esofágica ao suco gástrico pela criação de um mecanismo antirrefluxo sobre o esfíncter esofágico inferior. Como uma câmara de ar circular envolvendo o esôfago abdominal, quando ela se expande pela presença de ar deglutido durante a alimentação, “estrangula” o esôfago distal, a peristalse axial gástrica distal fisiológica empurra progressivamente o ar para o duodeno, e a válvula vai gradativamente afrouxando, livrando a zona esfincteriana da compressão pneumática extrínseca. Os procedimentos cirúrgicos mais utilizados são as fundoplicaturas totais e parciais feitas pela via laparoscópica, nas quais o esôfago distal é envolvido pelo fundo do estômago em 360° e 270°, respectivamente. Associa-se a elas o fechamento do hiato esofágico, fazendo-o retornar ao seu diâmetro normal. Nesses casos, o objetivo é restaurar o segmento intra-abdominal do esôfago, mantendo-o em posição anatômica, recriando uma zona de alta pressão na junção esofagogástrica. Aumenta-se, assim, a competência do esfíncter e indiretamente melhora-se a habilidade de clareamento do corpo esofágico e desaparecimento do processo inflamatório péptico que o refluxo estava promovendo. Das técnicas, a mais utilizada internacionalmente é a fundoplicatura total para os quadros de DRGE sem alteração da motilidade. Quanto a esta, sabe-se que em 93% dos casos ela é consequente à inflamação esofágica já referida e que, uma vez corrigido o refluxo com a operação, o esôfago volta ao movimento peristáltico normal. Contudo, atenção especial deve ser dedicada a esses casos, e estudo manométrico é necessário para descartar dismotilidade por outra causa que não o refluxo, por exemplo, a acalasia. Nathália Machado – MED FTC Caso se comprove que há alteração motora orgânica e não somente a funcional reacional, as fundoplicaturas parciais são aceitas como indicação preferencial e realizadas com válvulas longas. As hérnias paraesofágicas têm amesma forma de abordagem cirúrgica que as de deslizamento, devendo ser adicionada ao procedimento a ressecção do saco herniário, que normalmente é volumoso. Mais recentemente, foi introduzida uma nova tecnologia à abordagem cirúrgica, o Linx®, ainda não disponível no Brasil. Este consiste em um sistema que utiliza um pequeno anel expansível composto por contas de titânio magneticamente imantadas que promove o aumento mecânico da função do esfíncter esofágico inferior. O aparelho é implantado por via laparoscópica no esôfago distal ao nível da junção esofagogástrica. A atração magnética entre cada conta aumenta a pressão do esfíncter esofágico inferior. Quando ocorrem pressões maiores, as forças magnéticas são sobrepassadas, permitindo funções com deglutição, eructação e vômitos. A eficácia e a segurança desse aparelho foram prospectivamente testadas e apresentaram redução significativa dos sintomas relacionados com a DRGE, com relevante melhora na qualidade de vida dos pacientes relacionada à DRGE e 80% dos pacientes atingindo a normalização do pH esofágico. Houve redução significativa da dose do IBP utilizada e, na maioria dos pacientes, a sua suspensão. Não foram observados efeitos adversos importantes. O procedimento não altera significativamente a anatomia gástrica e pode ser revertido, se necessário. Dúvida: Devo enviar todos os pacientes com sintomas de DRGE para a EDA? Se: Paciente < 40 anos: sintomas típicos de DRGE, sem sinais de alarme, a conduta será tratamento empírico por um mês, com reavaliação após o final do prazo. Se sintomas atípicos, tratamento empírico por 8-12 semanas e reavalia. Paciente > 40 anos: sintomas típicos ou atípicos, com ou sem sinais de alarme, a conduta é endoscopia para investigação de complicações de DRGE. O consenso recomenda que mesmo que seja possível dar o diagnóstico apenas através da clínica, é aconselhável que os pacientes com sintomas crônicos de refluxo e com > 40 anos, sejam submetidos a uma EDA em algum momento do acompanhamento. Não necessariamente na primeira consulta, mas deve ser encaminhado em algum momento. Nathália Machado – MED FTC Doença Ulcerosa Péptica Anatomia - Cárdia - Fundo - Corpo Células parietais - Antro Dividindo o antro e o corpo, existem as incisuras angulares. Suprimento sanguíneo - Tronco Celíaco: irrigação artéria principal Artérias gástricas D e E -> curvatura menor; Artérias gastroepiplóica D e E -> curvatura maior; Artérias frênicas inferiores e gástricas curtas. - Veias gástricas D e E -> desaguam na veia porta. - Veia gastroepiplóica D -> desagua na veia mesentérica superior. - Veia gastroepiplóica E -> desagua na veia esplênica. Drenagem linfática Importante quando pensamos em doenças malignas, porém em caso de doenças benignas, como a doença ulcerosa péptica, a drenagem linfática não terá tanta relevância. A drenagem é composta por 4 grupos de linfonodos: Linfonodos gástrico superiores Linfonodos suprapilóricos Linfonodos subpilóricos Linfonodos pancreáticolienais Inervação A inervação simpática será pelo plexo celíaco. A inervação parassimpática será pelo nervo vago direito e esquerdo: Vago esquerdo -> divido em ramo hepático e nervo anterior de Latarjet. Nathália Machado – MED FTC O ramo esquerdo emite um ramo que inerva o piloro. Vago direito -> ramo para plexo celíaco. Existem três tipos de vagotomia: Trancular: secção feita antes da subdivisão do nervo em hepático e Latarjet. Nesse tipo ocorre uma denervação de todo o estômago e do piloro. A denervação do piloro faz com que ele fique hipertônico, pois não existem mais as fibras simpáticas para fazer o relaxamento. Pode ser realizada a cirurgia de vagotomia troncular + piloroplastia, a piloroplastia serve para expandir o piloro e diminuir o problema ocasionado pelo hipertonismo. Seletiva: será seccionado o vaso abaixo da subdivisão. Nesse caso, seccionando apenas o vago direito, teremos uma denervação do estômago, mas a inervação do piloro estará mantida e, portanto, funcionando perfeitamente. Não será necessário realizar piloroplastia. Super seletiva: secção de ramos terminais para o estômago. Conceito A Doença Dispéptica é caracterizada conforme o Consenso de Roma IV: Presença de pelo menos um dos seguintes sintomas nos últimos 3 meses, com início há 6 meses, no mínimo: Plenitude pós-prandial Saciedade precoce Dor epigástrica Queimação epigástrica A dispepsia pode evoluir para uma úlcera péptica, que é uma solução de continuidade da mucosa secundárias ao efeito corrosivo do HCL e da pepsina, entendendo-se através da mucosa muscular, submucosa e podendo chegar a muscular própria. Lesões superficiais que não atingem a submucosa são chamadas de erosões e não deixam cicatrizes. Se > 0.5 cm: úlcera péptica Se < 0.5 cm: erosão Relevância É uma doença com grande incidência: 4 milhões de novos casos ao ano. Acomete 5-15% dos indivíduos nas populações ocidentais. É responsável por cerca de 4mil mortes anuais no mundo. Após a descoberta do H.pylori, tem-se observado um declínio da doença. Nathália Machado – MED FTC Patogênese Fatores protetivos: Renovação celular e prostaglantinas; Fluxo sanguíneo e fatores de crescimento; Secreção de bicarbonato e produção de muco. Fatores agressivos: Isquemia, AINEs e hipóxia; Ingestão de álcool, tabagismo, refluxo de bile; Pepsinas; H. pylori e secreção de HCL. O desequilíbrio desses fatores protetivos e agressivos será responsável para o desenvolvimento de lesão da mucosa e, consequentemente, da evolução para úlcera. H. pylori Prevalência de 60% no Brasil. É o principal vilão na patogênese dessas úlceras, em 90% das úlceras duodenais e 75% das gástricas terão a presença do H. pylori. Quanto o maior o tempo de contato desse agente com a mucosa, maior o risco de neoplasia. O H. pylori atua como um potente produtor de urease, transformando ureia em amônia e bicarbonato, aumenta a quantidade de gastrina, atrai neutrófilos e citocinas inflamatórias -> todo esse contexto atuará aumentando a secreção ácida e levando a lesão de mucosa. AINEs Não inibidores de COX1, inibem a produção de prostaglandinas na mucosa. O uso crônico pode favorecer o aparecimento de úlceras gástricas. Seu uso contínuo aumenta em até 10 vezes o risco de complicações gastrointestinais. Hipersecreção ácida Alguns fatores podem contribuir com a hipersecreção ácida, que é um fator que pode desencadear lesão de mucosa. Esses fatores são: etilismo, tabagismo, corticoesteróides em longa duração, infecções, etc. Síndrome de Zollinger-Ellison Síndrome que causa uma hipersecreção ácida, nessa síndrome as úlceras costumam se formar em locais distintos dos habituais. Diagnóstico diferencial: paciente redicivantes apesar de erradicação do H. pylori e terapia antisecretora. As úlceras são múltiplas ou em localizações atípicas. Associada a doenças típicas de síndromes endócrinometabólicas. Fatores de risco 55-65 anos; Sexo masculino; Uso de AINEs; Classes socioeconômicas inferiores; Tabagismo; Etilismo; Corticóides. Nathália Machado – MED FTC Manifestações Clínicas Dor abdominal: Mesogástrica; Alivia com a alimentação; Dor noturna (devido ao jejum); Empachamento pós-prandial; Saciedade precoce; Perfuração: 5-17% Dor intensa, de início súbito, associada a taquicardia. Dor epigástrica súbita + peritonite + pneumoperitônio. Mortalidade: aproximadamente 15%. Conduta: Debridar a borda da úlcera, encaminhar amostra para pesquisade malignidade, e fechar o orifício. Em alguns casos, pode suturar parte do omento para reforçar a sutura. Sangramento: Complicação mais comum; Perfuração da artéria gastroduodenal; Paciente chega hipocorado e com dor abdominal, pode chegar hipotenso e com sudorese; Pode ter melena, enterorragia e hematêmese. MOV + jejum + IBP venoso dose de ataque + reanimação volêmica + EDA em até 24h com pesquisa de H.pylori. Classificação de sangramento - FORREST Terapia endoscópica - Eletrocoagulação, injeções de etanol ou adrenalina, clips hemostáticos. - Bem-sucedido em até 75% - Recidiva pode ser tratada via EDA, terceira recidiva deve ser tratado cirurgicamente. Omeprazol (IBP) - 80mg IV - 8mg/h por 72h Tratamento cirúrgico: - Se paciente com hemorragia grave com choque refratário, tendo feito + de 6 concentrados de hemácias. - Se hemorragia contínua, dando mais de 3 hemoconcentrados por dia. Vaso mais susceptível - artéria gastroduodenal por erosão da parede posterior. Obstrução: Inflamação duodenal aguda ou crônica com fibroses repetidas e estenose. Nathália Machado – MED FTC Sensação de empachamento mais importante, vômitos após se alimentar, e com o tempo essa obstrução vai aumentando. Retardo do esvaziamento gástrico, anorexia, náuseas e vômitos. Mais comum em úlceras duodenais ou gástricas tipo III. Conduta: descompressão por sonda nasogástrica + correção de distúrbios hidroeletrolíticos + terapia antissecretória + biópsia guiada por EDA antes de proposta cirúrgica. Localização Gástricas: Sempre biopsiar para fazer diagnóstico diferencial com carcinoma gástrico. Tipo II e III sangram e obstruem mais. Duodenais: Baixíssima chance de evoluir para lesão maligna. A maior parte das vezes se deve a infecção por H. pylori. As úlceras gástricas podem ser tipificadas de acordo com a sua localização: Tipo 1 Tipo 2 Tipo 3 Tipo 4 Nathália Machado – MED FTC Tipo 5 Várias úlceras e são induzidas por fármacos. Radiografia Tórax em ortostase; Pode ser utilizado na ausência de outros meios diagnósticos, utilizando contraste, mas tem baixa sensibilidade e especificidade. Importante para quando se suspeita de úlcera perfurada, ao raio x pode-se encontrar dois sinais importantes: - Sinal de Rigler Nesse sinal podemos perceber que houve entrada de ar na cavidade peritoneal –> pneumoperitônio. As alças intestinais em condições fisiológicas, sairiam juntinhas ao RX, mas quando se tem entrada de ar na cavidade, esse ar preenche os espaços entre as alças, formando o sinal de Rigler. - Pneumoperitônio Na radiografia de tórax, em casos de abdome agudo perfurativo, pode se observar pneumoperitônio, caracterizado pelo ar livre coletado entre o fígado e o diafragma e entre o fundo gástrico e o diafragma. Nesse exemplo, temos um pneumoperitônio bilateral. Diagnóstico EDA Exame sensível; Possibilita a biópsia para neoplasia e H. pylori; Possibilita realizar a terapêutica em caso de sangramento e obstrução. Nathália Machado – MED FTC Quando indicar a EDA Idade > 45 anos; ou Sinais de alerta: sangramento, perda ponderal, disfagia, vômitos persistentes, massa epigástrica, doença ulcerosa péptica prévia e HF de câncer gástrico; ou Refratário ao teste terapêutico e tratamento para H. pylori. Diagnóstico de H. pylori ➔ Não invasivos Sorologia: importante valor diagnóstico, porém não serve para avaliar erradicação, uma vez que os títulos permanecem elevados por um longo período, mesmo após erradicação da bactéria. Teste respiratório de urease: possui importante valor diagnóstico, mas existe o risco de falso negativo caso seja utilizado em até 4 semanas após o tratamento. É o método de escolha para controle de erradicação. ➔ Invasivos - EDA com biópsia Ensaio rápido da urease: coleta uma amostra, insere no potinho contendo um reagente. Na presença do H. pylori, o líquido mudará de cor; Histologia; Cultura. Classificação de SAKITA Classificação das úlceras levando em consideração a inflamação. É dividida em: A – Active -> ativa H – Healing -> em processo de cicatrização S – Scar -> cicatrizada Teste respiratório da urease Nathália Machado – MED FTC Tratamento Consiste em: Alívio sintomático Cicatrização de úlceras Evitar recidivas Tratamento clínico Erradicar H. pylori; Inibir/neutralizar secreção ácida; MEV: Tabagismo, AINEs, álcool, café, alimentação. Inibição/neutralização da secreção ácida - Antiácidos Reagem com o HCL formando sal e água. Tem efeito transitório, serve para alívio momentâneo de sintomas. - Antagonistas do receptor de H2 Meia-vida relativamente curta. - IBP (4 semanas) Cicatrização mais rápida que antagonistas H2; Necessitam de meio ácido para se ativarem; Não utilizar em combinação com antiácidos ou antagonistas H2. Recidiva: 75% sem tratamento 25% com H2/IBP 2% com tratamento para erradicação de H. pylori Esquema triplo (IBP + 2ATB) - Amoxicilina + claritromicina + IBP - PyloriPac: lansoprazil 30mg + claritromicina 500mg + amoxicilina 1g, 2 vezes ao dia, por 7-14 dias. Esquema quádruplo (IBP + 2ATB + Bismuto) Usado quando há falha em esquema triplo. Quando repetir a EDA? ➔ Deve repetir nos casos de úlcera gástrica, mesmo se a biópsia der negativa para malignidade. Se na segunda EDA a úlcera ainda está presente, provavelmente a lesão não se trata de uma úlcera e sim de um câncer, então uma nova biópsia deve ser realizada. Deve ser feito em 8-12 semanas após o início do tratamento. Úlceras refratárias Se tratou e na segunda EDA a úlcera ainda estava presente e a segunda biópsia deu negativa, verificar os fatores associados. Fatores associados: Falha na erradicação do HP Uso de AAS/AINE Nathália Machado – MED FTC Baixa adesão ao tratamento Úlcera não péptica Hipersecreção ácida Iniciar IBP em dose plena e nova endoscopia após 8 semanas. Se ainda refratária: Se novamente não resolver a úlcera, considerar como intratabilidade clínica e o paciente ganha uma passagem para a cirurgia. Tratamento cirúrgico Será submetido a cirurgia aquele paciente com úlcera que não foi possível tratar clinicamente. Eletivos: - Suspender antissecretores 72h antes. Essa medida tem o objetido de permitir a acidez gástrica normal e evitar contaminação por hipercrescimento bacteriano. - Erradicar h. pylori previamente. Objetivos: - Reduzir secreção ácida: vagotomia - Inibir secreção de gastrina: antrectomia É possível associar as duas se for necessário. E se a úlcera for duodenal? Não precisa retirar a úlcera. O objetivo é reduzir a hipercloridria. Vagotomia troncular com piloroplastia; Vagotomia troncular com antrectomia (nessa será retirado o antro e o piloro); Duas opções de reconstrução: Billroth I e Billroth II. Vagotomia gástrica proximal (superseletiva). Piloroplastia: Billroth 1 Nathália Machado – MED FTC Billroth 2 Úlcera gástrica Distúrbios funcionais esofágicos São sintomas crônicos, tipicamente associados à doença esofagiana, mas sem que sejam identificadas quaisquer alterações anatômicas ou motoras que possam justificar o quadro. O consenso de Roma III definiu os distúrbios esofagianos e distinguiu em 4: Para o diagnóstico de síndromes funcionais de esôfago é essencial excluir alterações estruturais ou metabólicas que possam provocar os sintomas, a sintomatologia deve estar presente durante os últimos 3 meses e devem ter iniciado há 6 meses. Deve-se excluir DRGE através da EDA, pHmetria e testeterapêutico, excluir desordem motora como acalasia e esclerodermia. Nathália Machado – MED FTC Dispepsia funcional A dispepsia consiste em um grupo heterogêneo de sintomas persistentes ou recorrentes, localizados na região superior do abdome (epigástrio). Os sintomas dispépticos podem estar associados a uma doença digestiva específica (p. ex., úlcera péptica, neoplasia gástrica, parasitoses intestinais, dentre outras), classificada como orgânica. Contudo, a maioria dos pacientes com queixas dispépticas crônicas que se submetem a investigações laboratoriais, endoscópicas e ultrassonográficas não apresenta qualquer alteração que justifique os sintomas – são, portanto, considerados portadores de dispepsia funcional, um dos distúrbios gastrointestinais funcionais mais frequentes da prática clínica.
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