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MATRIZ DO PARECER 2 Elaborado por: Renata Vannucy Dantas Gonçalves Disciplina: Compliance Turma: Turma 2 3 Cabeçalho Órgão solicitante: Empresa Laboratório Remédios & Medicamentos. Assunto: Analisar um caso ocorrido na empresa Laboratório Remédios & Medicamentos e elaborar um parecer sobre uma situação fática envolvendo o auditor interno e a alta direção da empresa, o posicionamento do funcionário e a reação da alta direção, considerando os princípios, as ideias, o conhecimento teórico e a legislação pertinente sobre o tema. 4 Ementa As obrigações do Auditor, do Compliance Officer e da Governança Corporativa e suas autonomias; A atuação da alta direção sob o prisma do compliance e da governança corporativa; Hierarquia e o Assédio moral; Código do Direito do Consumidor e Anvisa; Considerações finais com valor de juízo. 5 Relatório Analisaremos neste relatório um caso ocorrido na empresa Laboratório Remédios & Medicamentos Ltda. entre a alta diretoria e seu auditor interno. Este, acreditando que seria do interesse da empresa ter conhecimento de dados internos extremamente sensíveis e relevantes, procurou a diretoria para expressar sua preocupação com a descoberta de que grande parte dos remédios injetáveis para crianças a partir de dois anos estavam prestes a vencer, ao que a diretoria, que já tinha conhecimento dos fatos, reagiu informando-lhe que a compra foi feita por um preço mais acessível justamente pelos produtos estarem próximos da data de validade e que aquele assunto não deveria mais tomar sua atenção, ou seja, que ele deveria fingir esquecer sobre o ocorrido e deixar que a alta direção da empresa se responsabilizasse pela situação. Estudaremos este caso tendo como premissa conteúdos que analisam os princípios, as ideias, a teoria e a legislação pertinente ao tema Compliance, Auditoria Interna e Boa Governança, para enfim chegarmos a uma conclusão referente às ações das partes envolvidas, a saber, o funcionário e a alta direção. 6 Fundamentação Partindo do cenário apresentado anteriormente, definiremos o escopo das responsabilidades de um auditor interno, um Compliance Officer e de uma boa governança corporativa e como elas se relacionam. Attie (1992, p. 28) defende que “A auditoria interna é uma função independente de avaliação, criada dentro da empresa para examinar e avaliar suas atividades, como um serviço a essa mesma organização. A proposta da auditoria interna é auxiliar os membros da administração a desincumbirem- se eficazmente de suas atividades. Para tanto, a auditoria interna lhes fornece análises, avaliações, recomendações, assessoria e informações relativas às atividades examinadas.” Sendo assim, Claudio compriu parte de sua obrigação ao comunicar a sua chefia sobre a irregularidade quanto aos medicamentos com datas de vencimento muito próxima. Falando das funções do Compliance Officer, as mesmas podem ser enumeradas e podem mudar de acordo com a extensão da organização, mas, em síntese, podem ser apresentada conforme os elementos a seguir, de acordo com a interpretação de Colares (2014, p.64): “Garantir a aderência e cumprimento de leis; desenvolver e fomentar princípios éticos e normas de conduta; implementar normas e regulamentos de conduta; criar sistemas de informação; desenvolver planos de contingência; monitorar e eliminar conflitos de interesses; realizar avaliações de risco periódicas; desenvolver treinamentos constantes e estabelecer relacionamento com os órgãos fiscalizadores, auditores internos e externos e associações relacionadas ao setor da companhia.” Nota-se nitidamente que o Compliance Officer tem muito mais autonomia em seu escopo de função do que o auditor interno, tendo em vista que que o compliance officer tem uma função fortemente mais prevalecente do que a de um auditor interno, além de ser independente hierarquicamente da direção da empresa que o contratou, mas essas diferenças não eximem o auditor de ser tratado com maior consideração. A Comissão de Valores Mobiliários (2008) afirma que “A governança corporativa é o conjunto de práticas que tem por finalidade otimizar o desempenho da organização, protegendo as partes interessadas, tais como investidores, empregados e credores, para a primazia do capital. Envolve principalmente a transparência, equidade de tratamento e prestação de contas.” Ainda sobre o tema liderança, no mesmo sentido o professor Neves (2018, p. 479) vem nos acrescentar o seguinte: “A decisão da liderança da empresa em adotar uma postura ética nos negócios deve se materializar em documentos e atitudes visíveis e inequívocas.” Percebemos então que para que a boa governança corporativa seja efetiva ela deve estar alinhada com, não só o Compliance Officer e todas as medidas que ele tenha incorporado à empresa, mas também com a auditoria interna que tem o papel de avaliar, examinar e reportar e gerenciar riscos. Uma pequena observação sobre os medicamentos injetáveis infantis com vencimento em três meses. O Código do Direiro do Consumidor e uma norma da ANVISA expressada no § 2º do Art 51 da RDC N° 44, de 17 de agosto de 2009, firma que além da obrigação de se colocar um alerta claro e uma descrição no ‘Procedimento Operacional Padrão’ (POP) sobre o vencimento próximo de um medicamento, é também vedado fornecer medicamentos perto do vencimento cuja posologia para o tratamento não possa ser concluída dentro do prazo de validade. 7 Considerações finais Aprendi desde muito cedo em minha vida profissional que nenhuma informação é insignificante o suficiente para ser descartada, ou seja, toda e qualquer informação levantada sobre uma entidade deve ter alguma relevância e peso em pelo menos uma grande tomada de decisão. O fato é que a alta diretoria agiu com pensamento simples e unicamente comercial, o que os impediu de pensar de forma mais ética, técnica, moral e legal sobre a informação que o auditor interno tinha acabado de aprensentar. É claro que em sua resposta a alta direção afirmou ser conhecedora dos fatos pelo auditor interno apresentados, mas será que a direção tinha realmente prospectado todas as nuances da decisão de se adquirir produtos próximos ao vencimento de forma menos dispendiosa? Será que levaram em consideração os impactos não só monetários, mas também reputacionais da empresa? A meu ver, a alta direção reagiu sem levar em consideração o reflexo negativo que sua atitude poderia trazer à sua reputação e principalmente, o que tal postura poderia trazer de malefício ao seu relacionamento com stakeholders, clientes, acionistas e até mesmo funcionários. Sem falar que os diretores, dentro de seu escopo de funções, devem manter um bom relacionamento com seus funcionários evitando a prática de assédio em qualquer de seus níveis e principalmente manter uma harmonia corporativa ao ser ético e transparente em suas responsabilidades. Uma empresa de sucesso é aquela onde percebe-se que seus subordinados respeitam e vivem as normas porque seguem o exemplo de seus líderes. Concluo que pelo auditor interno não ter a mesma amplitude e independência de função quanto um Compliance Officer, ele fez o que estava dentro de suas limitações para buscar uma solução para o problema, porém a atitude da alta direção deixa claro o absurdo da leviandade comercial que poderia provocar implicação administrativa, civil e criminal. A melhor orientação a se transmitir ao auditor seria fazer a notificação por escrito de forma bem embasada, através de relatórios, fotos e pareceres. Acredito que neste mesmo email ele deveria expor as recomendações e consequências futuras caso alguma atitude ética não seja tomada e se houver na empresa um programa de integridade e / ou compliance, indico também acioná-lo na cadeia de emailspara que um órgão com maior independência e voz mais ativa possa intervenir e trazer princípios práticos para a solução deste tipo de situação antes que a empresa sofra penas muito maiores e abrangentes do que a economia monetária que ela fez ao comprar os medicamentos próximos da data de validade. 8 Referências bibliográficas ATTIE, William. Auditoria interna. 1. ed. São Paulo: Atlas, 1992 ANVISA. Disponível em: < https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2009/rdc0044_17_08_2009.pdf> Acesso em 25 oct. 2021 COLARES, Wilde. Ética e Compliance nas empresas de outsourcing. Monografia (Pósgraduação Lato Sensu em Direito – LLM). Insper Instituto de Ensino e Pesquisa, São Paulo, p. 21-192, 2014. CVM - Comissão de Valores Mobiliários. Cartilha de Governança Corporativa. Rio de Janeiro: CMV. 2006. Online. Disponível em: <http://conteudo.cvm.gov.br/export/sites/cvm/decisoes/anexos/0001/3935.pdf>. Acesso em 25 oct. 2021 NEVES, Edmo Colnaghi. Compliance Empresarial: o tom da Liderança. São Paulo: Trevisan Editora, 2018. MATRIZ do parecer Cabeçalho Ementa Relatório Fundamentação Considerações finais Referências bibliográficas