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MATRIZ DO PARECER 2 Elaborado por: Bruna Santos de Oliveira Disciplina: Compliance Turma: Compliance-0721-1_3 3 Cabeçalho Órgão solicitante: Laboratório Remédios & Medicamentos Ltda. Assunto: Auditoria dos remédios injetáveis 4 Ementa Parecer. Análise das atividades realizada pelo Auditor interno em contrapartida as atividades do Compliance Officer. A autonomia do Auditor e do Compliance Officer. Conduta da Alta Gestão. Fundamentos do Compliance e da Governança Corporativa. 5 Relatório Trata-se de um posicionamento jurídico acerca de uma situação fática no Laboratório Remédios & Medicamentos Ltda., onde houve constatação de que os remédios injetáveis adquiridos estavam com vencimento próximo. O descobrimento foi realizado pelo auditor interno, Cláudio, que ao tomar conhecimento e ciente dos riscos para a faixa etária das crianças acima de 02 anos, pelo qual o medicamento é indicado, comunicou a alta direção da companhia urgentemente. Após sua comunicação, foi surpreendido com a forma consciente da alta direção, em ter adquirido os remédios por um preço menor do que o de costume, devido à proximidade da data de vencimento. Logo, diante da prudência de Cláudio, a alta direção determinou que esse assunto não fosse mais discutido. Sendo assim, o objetivo deste parecer será analisar as obrigações de Claudio, em sua função na empresa como auditor interno – fazendo uma comparação com a função do compliance officer -, bem como resaltar as obrigações da Companhia, além de refletir sobre a atuação da alta direção no caso, com base nos fundamentos do e da Governança Corporativa. 6 Fundamentação A) Análise das obrigações de Cláudio como auditor e da empresa como empregadora A Auditoria interna é uma atividade indepentente, de avaliação objetiva e de consultoria, destinada a acrescentar valor e melhorar as operações de uma organização. Otimizando os processos de gestão de riscos, por meio de uma metodologia organizada, disciplinada, respeitando os princípios de governança. Para o caso apresentado, o auditor interno cumpriu com sua função, comunicando a alta direção imediatamente sobre os medicamentos impróprios para circulação. Ao notar que os medicamentos estão próximos ao vencimento e que isso poderia ser um problema na comercialização e prejudicial a saúde dos consumidores. Este caso oferece um risco grande à empresa, a qual poderá ser questionada da qualidade de seus produtos, caso venha ocorrer o pior cenário, sendo certo de que prejudicará sua imagem, possibilitando a perda de valores em sua marca e negócio. Diante do exposto, em que pese a escolha da compra ter sido um ato consciente da alta direção, para obtenção de descontos, Claudio, em sua função de auditor interno, não deve considerar de imediato a imposição da gerência para não tocar mais no assunto. Considerando sua função, ele tem a obrigação de expor com clareza os riscos pelos quais a companhia está exposta na concordância da mercantilização dos remédios, haja vista que o prejuízo em longo prazo poderá ser maior do que o gasto com os remédios dentro da validade. Esta situação deverá ser informada aos consumidores, conforme previsão do art. nº 6, I, II, III aa Lei nº 8.078/90, fala sobre os direitos básicos do consumidor: “Art. 6º São direitos básicos do consumidor: I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos; II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações; III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; (...)” As atividades de um auditor interno e sua essência é a independência. Para tanto, diferentemente de um auditor externo, trata-se de um funcionário da própria companhia a qual se audita, estando subordinado à alta direção. Neste caso, se a alta direção continuar irredutível quanto à troca dos medicamentos, a independência de Claudio estará prejudicada, mesmo que a opção da aquisição foi realizada pela alta direção da empresa que Claudio está subordinado. 7 Contudo, a companhia, em sua posição de empregadora, não deverá punir ou constranger Claudio pelo exercício de sua atividade, por ter apontado uma falha de gestão da alta direção. Ademais, Claudio, em gozo de suas atividades como auditor interno, não pode exercer autoridade direta sobre qualquer membro da companhia, e seu trabalho de maneira alguma isentará os demais membros de suas responsabilidades. B) Análise da atuação da alta direção com base nos princípios do Compliance e também da governança corporativa Compliance significa agir de acordo com uma ordem, um conjunto de regras, utilizado para definir o estado de conformidade com as normas, regulamentos e leis internas e externas, ou seja, está relacionado à conformidade ou até mesmo à integridade corporativa. Uma empresa está em compliance, portanto, quando atende a todas as exigências legais relativas às atividades que desenvolve. Para que uma companhia esteja em Compliance, será necessário estabelecer regras e cumpri- las com efetividade. As regras devem ser regidas com base nos princípios do Compliance: “Suporte dos membros da alta Administração: sem adesão dos gestores da empresa (tone of the top), é impossível implementar e seguir um plano de compliance; Avaliação de risco: este é o primeiro passo do plano, quando são avaliadas as estruturas e práticas existentes para, então, verificar a necessidade de mudanças para reduzir riscos empresariais; Código de ética e conduta: a criação de um código composto por valores internos é essencial para comunicar com clareza as condutas inadequadas e os princípios éticos que devem ser seguidos pelos membros da empresa; Treinamento: o programa de compliance só é colocado em prática se os colaboradores estão bem treinados para segui-lo. É importante treinar os colaboradores de forma continuada, esclarecendo dúvidas e mantendo a comunicação aberta durante a implementação, de modo que só depois seja possível passar às punições; Canais de denúncia: o compromisso da empresa com a ética empresarial deve ser cumprido com a avaliação de denúncias recebidas, que devem ser investigadas. O canal deve permitir a comunicação de irregularidades sem consequências para quem denuncia, garantindo o fácil acesso a todos os stakeholders; 8 Due dilligence: este é o processo de avaliar as relações da empresa com parceiros, fornecedores e outros agentes. A ideia é garantir que a empresa se relacione apenas com aqueles que também se comprometam com o rígido controle de compliance; Monitoramento e controladoria: acompanhar o cumprimento de normas é um trabalho contínuo, que deve ser feito tanto de forma interna quanto por auditoria externa independente.” Considerando a conduta da alta direção, podemos analisar que a decisão tomada no caso em tela não compreende os princípios do Compliance. Como podemos verificar, é muito importante que a alta direção respeitem as normas implementadas na companhia, para que o compliance possa acompanhar a boa gestão da empresa, minimizando problemas futuro. O posicionamento da alta direção ao auditor interno é um grave desrespeito ao funcionário e a companhia. Considerando tal atitute, ficou claro uma tentativa de coibição ao funcionáriopara que não houvesse prejuízo intermante para a alta direção, sem haver a avaliação do risco em geral e sabendo que é natural Claudio, auditor interno temer a perda de seu emprego. Vale ressaltar que não houve observância dos princípios da Governança Corporativa, faltando com transparência e responsabilidade com todos os envolvidos, desde o funcionário e acionistas. È recomendável que para um bom funcionamento de uma companhia os agentes de governança devem zelar pela viabilidade econômico-financeira das organizações, reduzir as externalidades negativas de seus negócios e aumentar as positivas. Sendo assim, para que ocorra um bom funcionamento, será necessário que todos estejam em sinergia para que possam avalizar seus métodos de gestão e esteja completamente imergida no plano de compliance e Boa Governança Corporativa, observando as devidas punições dos responsáveis pelas más decisões. Dessa forma, é possível gerenciar uma companhia integra e sem práticas ilícitas. C) Acerca do vínculo de Cláudio aos gestores da Organização e da independência dos Auditores e Compliance Officers Conforme exposto anteriormente, o auditor interno tem uma atividade indepentente, de avaliação objetiva e de consultoria, destinada a acrescentar valor e melhorar as operações de uma organização. Otimizando os processos de gestão de riscos, por meio de uma metodologia organizada, disciplinada, respeitando os princípios de governança. O Compliance Officer tem como função estabelecer e assegurar que os procedimentos e normas internas sejam respeitados, de acordo com os padrões éticos e com observância da lei. Cumpre ressaltar que a sua função não deve ser acumulada com qualquer outra. Ambas as funções se complementam em uma rotina empresarial, buscando conformidade ética e legal para a companhia. ¹ADVOGADOS, Gleber, 2020. 9 Assim, pode-se concluir que até o Compliance Officer será objeto de análise da auditoria interna. Claudio, auditor interno e funcionário da companhia, respeitando os limites de sua função, subordinado da empregadora, deve observar os limites da alta direção, para que sua atividade não seja contaminada pelo temor de ter seu emprego comprometido. Sua função é mitigar os riscos para a companhia, dando orientações e suporte aos gestores sobre o acontecimento. A companhia deverá utilizar sempre do Compliance Officer para regularizar/sanar possíveis desavenças e erros internos para não haver prejuízos da companhia. É importante destacar que tanto o auditor quanto o compliance Officer devem possuir independência no exercício de suas atividades, para que a efetividade de seus trabalhos não seja prejudicada. De acordo com o parecer, tais atividades se complementam de forma colaborativa dentro de uma empresa. Contudo, deve observar a diferença do grau de subordinação da relação de emprego – que ambos possuem com a alta direção. 10 Considerações finais Conforme análise do parecer, conclui-se que o auditor agiu corretamente dentro de suas funções ao levar os fatos possíveis de riscos a companhia com a venda dos remédios com a validade próxima ao vencimento. Contudo, sua função se encerra quando relata e orienta a alta direção dos fatos, não tendo como ser responsabilizado pela decisão dos gestores em dar continuidade. Sendo assim, a alta direção deve agir em conformidade com os princípios do Compliance e da boa governança, para diminuir os riscos possíveis da companhia. Tais danos, a longo prazo, serão impactantes para a marca e a imagem da organização no mercado, trazendo prejuízos maiores do que o valor despendido na implementação e fiscalização de um programa de compliance. 11 Referências bibliográficas ADVOGADOS. Gleber. “Princípios e Pilares do Compliance e da Boa Governança Corporativa”. 2020. Disponível em: https://grebler.com.br/conteudo/compliance-e-governanca-corporativa/ - Acesso em 27.08.2021. COELHO, Claudio; SANTOS, Milton. “Compliance”. Apostila Fundação Getúlio Vargas – FGV. Agosto/2021 FACHINI, Thiago. “O que é compliance? Tema bastante comum no direito em âmbito corporativo”. Jus Brasil. 2015. Disponível em: https://tiagofachini.jusbrasil.com.br/artigos/173198731/o-que-e- compliance - Acessado em: 27.08.2021. DONELLA, Geovana. “Explicando Compliance – Descubra o significado desse conceito e por que sua aplicação é crucial dentro das empresas” – Capital Aberto. 2019. Disponível em: https://capitalaberto.com.br/secoes/explicando/o-que-e-compliance/ - Acessado em: 27.08.2021. https://grebler.com.br/conteudo/compliance-e-governanca-corporativa/ https://tiagofachini.jusbrasil.com.br/artigos/173198731/o-que-e-compliance https://tiagofachini.jusbrasil.com.br/artigos/173198731/o-que-e-compliance https://capitalaberto.com.br/secoes/explicando/o-que-e-compliance/
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