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Operações com Mercadorias – Receitas e CPV Núcleo de Educação a Distância www.unigranrio.com.br Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 25 de Agosto – Duque de Caxias - RJ Reitor Arody Cordeiro Herdy Pró-Reitor de Administração Acadêmica Carlos de Oliveira Varella Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação Emilio Antonio Francischetti Produção: Fábrica de Soluções Unigranrio Desenvolvimento do material: André da Silva Braga Copyright © 2019, Unigranrio Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Unigranrio. Pró-Reitora de Ensino de Graduação Virginia Genelhu de Abreu Francischetti Pró-Reitora de Pós-Graduação Lato Sensu e Extensão Nara Pires Sumário Operações com Mercadorias – Receitas e CPV Objetivos .......................................................................................... 04 Introdução ........................................................................................ 05 1. Receitas: Aspectos Normativos e Práticos do Cálculo e a Contabilização .................................................... 06 1.1 Deduções da Receita Bruta ................................................... 07 1.2 Receita Líquida de Vendas .................................................... 08 1.3 Contabilização das Receitas .................................................. 09 2. CPV: Aspectos Legais, Normativos e Práticos do Cálculo e Contabilização ...................................... 11 3. Tributos sobre as Receitas: Aspectos Legais, Normativos e Práticos do Cálculo e Contabilização .................... 13 3.1 ICMS ................................................................................. 14 3.2 ISS .................................................................................... 16 3.3 PIS .................................................................................... 17 3.4 COFINS .............................................................................. 18 Síntese ........................................................................................... 22 Referências ....................................................................................... 23 4 Contabilidade Geral II Objetivos ▪ Entender a contabilização dos eventos contábeis das principais atividades operacionais relacionadas a receita e os custos ligados a esta operação. ▪ Entender o conceito de receita como objetivo principal da empresa na obtenção de resultado. ▪ Entender as metodologias de aplicação dos custos sobre produtos vendidos. 5Contabilidade Geral II Introdução Os tópicos a serem analisados referentes a Controle de Estoques, Receitas e Custo dos Produtos vendidos estão retratando os objetivos da empresa em prol de resultados. Sua importância no planejamento estratégico não se trata somente de vendas, e sim, do negócio da empresa, desde o caminho a ser percorrido até a margem de lucro esperada. Novamente reforçamos que o controle do estoque tem um papel importante nesta etapa, já que as suas entradas e saídas vão influenciar no controle dos valores dos custos a serem aplicados sobre a mercadoria/produto e na prestação de serviço. Além da questão estratégica, veremos os tipos de receitas, as deduções que incidem sobre as vendas, a composição dos custos, lançamentos contábeis de ambos e toda a legislação aplicada ao assunto. 6 Contabilidade Geral II 1. Receitas: Aspectos Normativos e Práticos do Cálculo e a Contabilização A receita retrata a entrada de elementos para o ativo, sob a forma de dinheiro ou direitos a receber, correspondentes, normalmente, à venda de mercadorias, de produtos ou à prestação de serviços. Uma receita também pode derivar de juros sobre depósitos bancários ou títulos, de aluguéis e outras origens. Às vezes, a receita ocorre em função da redução de um passivo, como um desconto em uma obrigação já emitida, o que, como as outras receitas, na teoria, resultará em um aumento no Patrimônio Líquido. Vejamos algumas classificações da receita: Receita Operacional – São as receitas provenientes do objeto de exploração da empresa, ou seja, elas são decorrentes das operações normais da empresa. Será classificado como operacional o resultado das atividades, principais ou acessórias, que constituam o objeto social da empresa. As receitas operacionais podem ser decorrentes: ▪ Das vendas de mercadorias; ▪ Da prestação de serviços; ▪ Ou de ambas as atividades. ▪ O produto da venda de bens e serviços. Em outras palavras, podemos afirmar que a Receita Bruta é a receita total decorrente das atividades-fim da organização, isto é, das atividades para as quais a empresa foi constituída, segundo seus estatutos ou contrato social (é o faturamento da empresa). Receitas Financeiras – Receitas financeiras também fazem parte do Não Operacional da empresa, exceto no caso de Instituições Financeiras. As atividades não relacionadas à especialidade da empresa (atividade-fim) devem 7Contabilidade Geral II ser segregadas dos resultados operacionais, pois elas têm uma gestão alheia às operações principais. Podemos citar como exemplos o desconto obtido, o recebimento de juros por atraso de pagamento de direito, bem como o resultado de uma aplicação financeira, ou seja, os rendimentos. Outras Receitas - As receitas que não estão ligadas à sua atividade principal são as chamadas Outras Receitas, ou seja, advindas de outros negócios realizados, como aluguel de um imóvel a terceiros e vendas de Ativo Fixo/Permanente (imobilizado). Como exemplo, temos os ganhos de capital, correspondentes a transações com imobilizados ou com investimentos de natureza permanente, desde que não estejam relacionados com a atividade principal da empresa. 1.1 Deduções da Receita Bruta Da mesma forma que o custo de aquisição de mercadorias pode ser diferente do valor pago ao fornecedor, nas vendas de mercadorias, a receita líquida nem sempre corresponde ao valor recebido dos clientes. Esta diferença se deve às operações que alteram as receitas com vendas. Vejamos algumas a seguir. Devoluções de Vendas - Ocorre quando há retorno da mercadoria ao vendedor por estar em desacordo com o pedido. Também conhecidas como vendas anuladas ou canceladas, as devoluções de vendas correspondem às mercadorias recebidas em devolução pelos mais diversos motivos, como atraso na entrega ou diferenças de quantidade, qualidade ou preço. Nesta operação, incidem os mesmos impostos não cumulativos que incidiram quando da saída das mercadorias. Descontos Incondicionais Concedidos - No momento da negociação de venda, a empresa poderá conceder algum desconto ao cliente. Se este desconto for imediatamente utilizado pelo adquirente, dizemos que tratar- se de um desconto incondicional, ficando definido o valor da operação. Se o desconto concedido ficar pendente de algum futuro, como pagamento antes do vencimento normal da duplicata, trata-se de desconto condicional. Apenas o incondicional altera o valor da venda, uma vez que, por depender do implemento de condição futura, quando utilizado, será considerado como despesa; portanto, são os descontos concedidos pelo vendedor no ato da venda, sem qualquer contraprestação por parte do comprador, devendo constar direto na nota fiscal. 8 Contabilidade Geral II Abatimentos s/ Vendas - Quando há insatisfação do cliente com alguma característica do produto ou da entrega, o vendedor concede um abatimento ao comprador, a fim de evitar a devolução. Impostos Incidentes s/ Vendas - Assim como todas as outras deduções de vendas, os tributos incidentes sobreas vendas são despesas, por uma questão de classificação. São aqueles que guardam proporcionalidade com o preço de venda, mesmo que o montante integre as respectivas bases de cálculo, como o ICMS, ISS e as contribuições ao PIS e COFINS. O IPI não é cumulativo e é cobrado em adição ao preço; assim, não é considerado como imposto sobre vendas nem integra o valor da receita operacional bruta. 1.2 Receita Líquida de Vendas A receita líquida de vendas é obtida da equação da receita bruta de vendas menos as deduções. É a quantidade de dinheiro trazida pela empresa ao realizar as suas atividades, seja a venda de produtos ou a prestação de serviços. Ela é a linha de um demonstrativo que vem logo abaixo da receita bruta, onde não são incluídas as devoluções de vendas. Para calcular esse indicador, o contador encarregado da tarefa terá que incluir todas as vendas efetuadas em crédito ou à vista, e contabilizá-las como receita, sobretudo, aquelas que tenham sido efetivamente entregues aos clientes. Nos demonstrativos de resultados, podemos observar com maior clareza, conforme abaixo. De acordo com o CPC 26_R1, a entidade deve apresentar todos os itens de receita e despesa reconhecidos no período na demonstração do resultado. A demonstração do resultado do período deve, no mínimo, incluir as seguintes rubricas, obedecidas também as determinações legais: (a) Receitas; (b) Custo dos produtos, das mercadorias ou dos serviços vendidos; (c) Lucro bruto; (d) Despesas com vendas gerais, administrativas e outras despesas e receitas operacionais; (e) Parcela dos resultados de empresas investidas, reconhecida por meio do método de equivalência patrimonial; 9Contabilidade Geral II (f) Resultado antes das receitas e despesas financeiras; (g) Despesas e receitas financeiras; (h) Resultado antes dos tributos sobre o lucro; (i) Despesa com tributos sobre o lucro; (j) Resultado líquido das operações continuadas; (k) Valor líquido dos seguintes itens. De acordo com a Lei 6404/76 e alterações do Art. 187, a demonstração do resultado do exercício discriminará: I. A receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos; II. A receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto; III. As despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais; IV. O lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras despesas; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009); V. O resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão para o imposto; VI. As participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados, que não se caracterizem como despesa. 1.3 Contabilização das Receitas Para que se possa realizar a perfeita avaliação dos resultados operacionais, é de extrema importância que a receita seja contabilizada no momento oportuno, ou seja, na emissão da nota fiscal. O Decreto 3.000/99 (RIR/99) estabelece vários critérios contábeis, exigindo, para fins de tributação, a observância do período de competência, para fins de apuração do lucro real (artigo 247 e seus 10 Contabilidade Geral II parágrafos e artigo 274). Conclui-se, então, que é dever do contador registrar as receitas pelo regime de competência. Veja o exemplo a seguir. A empresa Beta realizou vendas à vista, com recebimento de 86% conf. cheque nº. 2345 do Banco do Brasil, e 14% em espécie ref. 850 unidades de mercadorias, no valor de R$ 6.890.000,00, ICMS R$ 1.378.000,00, conforme NF 1372, concedendo um desconto condicional de 14% no recebimento. No exemplo, podemos observar que a operação oferece um desconto após a emissão de nota fiscal, ou seja, depois do fechamento da operação, e portanto, uma despesa operacional. D - Banco Conta Movimento R$ 5.095.844,00 D - Desconto concedido R$ 964.600,00 (despesa operacional) D - Caixa R$ 829.556,00 C - Receita com vendas R$ 6.890.000,00 Em uma nova operação, a empresa Beta vende à vista, conforme depósito bancário: 300 unidades de mercadorias no valor de R$ 7.131.000,00 e ICMS R$ 1.212.270,00, com desconto incondicional de 15%. Neste exemplo, o desconto antecede o fechamento do negócio, e portanto, uma redução da receita bruta, ou seja, uma dedução. D - Banco Conta Movimento R$ 6.061.350,00 D - Descontos incondicionais R$ 1.069.650,00 (dedução da Receita) C - Receita com vendas R$ 7.131.000,00 Observação: Nos dois exemplos, somente está sendo contabilizada a operação de reconhecimento da receita, já os lançamentos referentes aos custos serão aplicados no próximo capítulo. 11Contabilidade Geral II Figura 1: Reconhecimento da Receita Fonte: Niyama; Silva (2005). 2. CPV: Aspectos Legais, Normativos e Práticos do Cálculo e Contabilização Se um gasto foi consumido com a finalidade de produzir um bem, produto ou serviço relacionado à atividade da empresa, ele será classificado como custo. A apuração do custo das mercadorias vendidas está diretamente relacionada aos estoques da empresa, pois representa a baixa efetuada nas contas dos estoques por vendas realizadas no período. Para se encontrar o Custo das Mercadorias Vendidas, basta somar o estoque inicial e as compras, subtraindo o estoque final. Veja a composição da fórmula: CMV = EI + C – EF No caso de produtos (bens produzidos por uma indústria), a fórmula é semelhante ao CMV: soma-se o estoque inicial, mais matérias-primas, materiais de embalagem e outros materiais aplicados, menos o estoque final, conforme descrição da fórmula abaixo: CPV = EI + (In + MO + GGF) – EF T=1 T=2 T=3 T=4 Compra de matéria-prima Fabricação Venda Recebimento Ciclo de produção longo e certeza da venda Ciclo de produção longo e certeza da venda Ponto de partida Pagamento duvidoso Reconhecimento da Receita 12 Contabilidade Geral II O § 1º do art. 13 do Decreto-Lei 1.598/77 dispõe que o custo de produção dos bens ou serviços vendidos compreenderá, obrigatoriamente: 1. O custo de aquisição de matérias-primas e quaisquer outros bens ou serviços aplicados ou consumidos na produção, observado o disposto neste artigo; 2. O custo do pessoal aplicado na produção, inclusive de supervisão direta, manutenção e guarda das instalações de produção; 3. Os custos de locação, manutenção e reparo e os encargos de depreciação dos bens aplicados na produção; 4. Os encargos de amortização diretamente relacionados com a produção; 5. Os encargos de exaustão dos recursos naturais utilizados na produção. Em relação aos custos dos serviços vendidos em uma empresa de serviços, a sistemática será semelhante à anterior, sendo saldo inicial dos serviços em andamento, mais mão de obra direta aplicada nos serviços vendidos e Gastos Diretos (locação de equipamentos, subcontratações etc.) aplicados nos serviços vendidos, e ainda Gastos Indiretos (luz, mão de obra indireta, depreciação de equipamentos, etc.) aplicados nos serviços vendidos, menos o Final dos Serviços em Andamento, conforme fórmula descrita abaixo: CSV = Sin + (MO + GDS + GIS) – Sfi A empresa Beta realizou vendas à vista com recebimento de 86% conf. cheque nº. 2345 do Banco do Brasil e 14% em espécie ref. 850 unidades de mercadorias no valor de R$ 6.890.000,00, ICMS R$ 1.378.000,00, conforme NF 1372, concedendo um desconto condicional de 14% no recebimento. O custo foi apurado por meio da média ponderada pelo valor de R$ 2.500.000,00. No primeiro exemplo, apresentamos a contabilização do custo da mercadoria vendida e a efetiva baixa no estoque de mercadorias. D – CMV C – Mercadorias R$ 2.500.000,00 13ContabilidadeGeral II Em uma nova operação, a empresa Beta presta serviços à vista, conforme depósito bancário: O valor da receita fora de R$ 7.131.000,00 e ISS R$ 1.212.270,00, com desconto incondicional de 15%. Após a execução do orçamento, fora considerado como custo na prestação dos serviços o consumo de produtos em um montante de R$ 3.500.000,00. Contabilmente, o que acontece é o seguinte: quando a empresa presta um serviço, ela acumula os custos (mão de obra, material aplicado, custos indiretos) de um serviço em uma conta de estoque, que podemos chamar de Estoque de Serviços em Andamento. Exemplificando, ficaria da seguinte forma: D - Estoque de Serviços em Andamento (Ativo Circulante) C - Caixa Após o término do serviço, o valor acumulado na conta Estoque de Serviços em Andamento será transferido para a conta de Estoque de Serviços Acabados. Assim: D - Estoque de Serviços Acabados C - Estoque de Serviços em Andamento R$ 3.500.000,00 3. Tributos sobre as Receitas: Aspectos Legais, Normativos e Práticos do Cálculo e Contabilização A definição de tributo é dada, por meio do artigo 3° do Código Tributário Nacional – CTN (Lei nº 5.172/66): “Art. 3° Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção por ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada” Curiosidade O IPI não é cumulativo. Ele é cobrado em adição ao preço, assim, não é considerado como imposto sobre vendas nem integra o valor da receita operacional bruta. 14 Contabilidade Geral II Sobre o consumo, são considerados os que incidem sobre a cadeia produtiva. Enquadram-se o IPI, o ICMS, o PIS, o ISS, a CIDE, o II e a COFINS; já aqueles que guardam proporcionalidade com o preço de venda, mesmo que o montante integre as respectivas bases de cálculo, são: ▪ ICMS ▪ ISS ▪ PIS ▪ COFINS 3.1 ICMS O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços é de competência dos Estados e do Distrito Federal, de acordo com o Inciso II, Art. 155 da Constituição Federal (1988): Artigo 155 - Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: II - Operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior. ▪ Sua regulamentação constitucional está prevista na Lei Complementar 87/1996 (a chamada “Lei Kandir”); ▪ Para o estudo e análise de operações sujeitas ao ICMS, é fundamental observar a legislação de cada Estado; ▪ A legislação está consolidada no Decreto nº 27.427/00, mais conhecido como Regulamento do ICMS (RICMS). (PÊGAS, 2017) No Rio de Janeiro, as principais legislações que regulam este tributo são: ▪ Lei no 2.657/96 – Lei do ICMS; ▪ Regulamento do ICMS - Decreto Estadual nº 27.427/00; 15Contabilidade Geral II ▪ Resolução nº 720/2014 – Consolidação da legislação tributária relativa ao ICMS. O imposto sobre circulação de mercadorias e serviços é de competência dos Estados e do Distrito Federal. Já o Inciso II, Art. 155 da Constituição Federal diz que: Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: II - Operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior. No Rio de Janeiro, as principais legislações que regulam este tributo são: ▪ Lei nº 2.657/96 – Lei do ICMS; ▪ Regulamento do ICMS - Decreto Estadual nº 27.427/00; ▪ Resolução nº 720/2014 – Consolidação da legislação tributária relativa ao ICMS. O ICMS é um imposto estadual, dessa forma, suas alíquotas podem variar de acordo com a legislação de cada Estado. As operações interestaduais (de um estado para outro estado) são reguladas pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (CONFAZ), por meio de convênios. A regra geral estabelece que as alíquotas interestaduais sejam as seguintes nas operações: a. Realizadas por contribuintes das regiões Norte, Nordeste ou Centro-Oeste e do Estado do Espírito Santo: ▪ Aplicar a alíquota de 12%, qualquer que seja a região em que estiver localizado o destinatário. b. Realizadas por contribuintes das regiões Sudeste e Sul: ▪ Aplicar a alíquota de 12%, quando o destinatário também estiver localizado nas regiões Sudeste ou Sul; 16 Contabilidade Geral II ▪ Aplicar a alíquota de 7%, quando o destinatário estiver localizado nas regiões Norte, Nordeste ou Centro-Oeste ou no Estado do Espírito Santo. De acordo com o art. 114 do Código Tributário Nacional, fato gerador da obrigação tributária principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência. Fato gerador principal do ICMS: O ICMS tem como fato gerador a operação relativa à circulação de mercadoria e à prestação de serviço de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que a operação ou a prestação se inicie no exterior. Exemplo de contabilização: D - ICMS sobre vendas C - ICMS a recolher 3.2 ISS O ISS é um imposto de competência dos municípios e do Distrito Federal (DF). O DF, no território sob sua jurisdição, pode instituir e cobrar os impostos municipais conforme art. 147 da Constituição Federal. (BRASIL, 1988) Os municípios podem redigir as leis para os seus municípios, mas a alíquota mínima a ser adotada de ISS será de 2%, e a máxima de 5%. O fato gerador é a prestação de serviços constantes da Lista de Serviços contida na LC nº 116/03 (BRASIL, 2003), ainda que eles não constituam a atividade preponderante do prestador, de acordo com o art. 1º, por exemplo: serviços de informática e congêneres; serviços de pesquisas e desenvolvimento de qualquer natureza; serviços prestados mediante locação, cessão de direito de uso e congêneres; serviços de saúde, assistência médica e congêneres etc. 17Contabilidade Geral II O imposto incide sobre o preço do serviço prestado conforme a Lista de Serviços contida na LC nº 116/03, e também sobre o serviço proveniente do exterior ou cuja prestação aí se tenha iniciado. Segundo Fabretti (2017), O ISS não incide: a. Sobre as exportações de serviços; b. Serviços de empregados, trabalhadores avulsos, diretores ou membros dos conselhos consultivos e fiscais das sociedades e fundações, bem como dos sócios-gerentes e dos gerentes delegados. A base de cálculo é o preço do serviço, conforme o art. 7º da LC nº 116/03, e o contribuinte é o prestador do serviço de acordo com o art. 5º. Em alguns casos, o tomador do serviço se torna o responsável pela retenção e recolhimento do ISS para os cofres municipais. Exemplo: Uma empresa presta serviços de programação e cobra um valor de R$ 2.000,00 para executar um serviço em seu cliente. Sobre esse valor, incidirá 2% de ISS (R$ 40,00), que deverá ser recolhido para o município. Exemplo de contabilização: D - ISS sobre serviços C - ISS a recolher 3.3 PIS O Programa de Integração Social (PIS) e o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP) são contribuições criadas em 1970, com objetivo de integrar os trabalhadores na vida e no desenvolvimento das empresas. No início, a contribuição para PIS/PASEP era caracterizada como uma contribuição parafiscal, com os recursos geridos pelo ente estatal, mas pertencendo de forma efetiva aos contribuintes, que tinham suas contas individuais e poderiam utilizar os recursos em certas condições. 18 Contabilidade Geral II Depois, a partir da Constituição de 1988, o PIS/PASEP deixou de ser uma contribuição parafiscal, cujos recursos eram aplicados nas contas individuais dos trabalhadores, para ser uma contribuição social, com seus recursos direcionados parao pagamento do seguro-desemprego aos trabalhadores que perdessem seus empregos. A seguir, a partir de fevereiro de 1999, as contribuições ao PIS/ PASEP passaram a ser cobradas sobre todas as receitas obtidas pelas empresas. A legislação, de forma arbitrária, modificou o conceito de faturamento, definindo-o como correspondente à Receita Bruta. E pior, definiu receita bruta como a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica. A partir de dezembro de 2002, o PIS/PASEP passou a ser cobrado pelo método não cumulativo para as empresas que utilizam o lucro real como forma de tributação. As empresas tributadas pelo lucro presumido ou com seu lucro arbitrado permaneceram calculando PIS/PASEP no formato anterior, pelo método cumulativo. Finalmente, em maio de 2009, a Lei nº 11.941/09 revogou o § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, passando a cobrar PIS e COFINS apenas sobre a receita bruta das empresas tributadas pelo lucro presumido ou arbitrado. A revogação do artigo, porém, teve validade a partir da data de instalação do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, órgão criado pelo Ministério da Fazenda, na Portaria MF 256, de 23 junho de 2009. Exemplo de contabilização: D - PIS sobre vendas C - PIS a recolher 3.4 COFINS Em se tratando de COFINS, a Constituição Federal autorizou a criação de contribuições sociais, com o objetivo de financiar a seguridade social (art. 195). No final de 1991, foi criada a Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS), com o objetivo de tributar o faturamento mensal das empresas. A partir de abril de 1997, as sociedades de profissão regulamentada foram incluídas entre as empresas contribuintes da COFINS (art. 56 da Lei nº 9.430/96). Em relação às Receitas Financeiras, e de acordo com o Decreto nº 8.426/2015, restabelece a cobrança do PIS 0,65% e da COFINS 4%; já os Juros Sobre o capital Próprio continuam com as alíquotas de PIS 1,65% e a COFINS 7,6%. Comentário 19Contabilidade Geral II A partir de fevereiro de 1999, a COFINS sofreu o mesmo acréscimo do PIS/PASEP, sendo cobrada sobre todas as receitas, em vez de sobre o faturamento (receita bruta), como foi até janeiro daquele ano. Além disso, sua alíquota que era 2% passou para 3%, sendo que no primeiro ano da nova alíquota (1999), o acréscimo percentual de 1% pôde ser compensado com a CSLL. Em maio de 2009, a Lei nº 11.941/09 revogou o § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, passando a cobrar PIS e COFINS apenas sobre a receita bruta das empresas tributadas pelo lucro presumido ou arbitrado, mas, a COFINS, desde sua criação, teve como característica principal ser cumulativa, ou seja, cobrada em todas as etapas da produção, onerando assim, o preço final do produto. As empresas tributadas pelo lucro presumido ou com seu lucro arbitrado devem calcular PIS e COFINS com base na regra cumulativa, utilizando alíquotas de 0,65% e 3%, respectivamente, sobre a receita bruta, menos as exclusões permitidas. Essas exclusões também valem para as empresas tributadas pelo lucro real. A apuração do PIS e da COFINS é mensal e o recolhimento se dá até o último dia útil da primeira quinzena do mês subsequente ao da ocorrência do fato gerador. Exemplo 1: Uma empresa optante pelo lucro real (regime não cumulativo) teve as seguintes operações no mês de janeiro: Receita de Vendas 145.000,00 Receita de Serviços 100.000,00 Devolução de Vendas 10.000,00 Pagamento de aluguel (PJ) 5.000,00 Energia elétrica 2.500,00 Descontos obtidos 5.000,00 Brindes 3.000,00 Apuração do PIS e da COFINS: 20 Contabilidade Geral II Receita de Vendas 145.000,00 Receita de Serviços 100.000,00 Devolução de Vendas (10.000,00) Pagamento de aluguel (PJ) (5.000,00) Energia elétrica (2.500,00) Base de cálculo 227.500,00 PIS (1,65%) 3.753,75 COFINS (7,6%) 17.290,00 Receita Financeira Descontos obtidos 5.000,00 PIS (0,65%) 32,50 COFINS (4%) 200,00 Total da apuração PIS - R$ 3.786,25 COFINS - R$ 17.490,00 Exemplo 2: Uma empresa optante pelo lucro presumido (regime cumulativo) teve em janeiro as seguintes operações: Receita de Vendas 145.000,00 Receita de Serviços 100.000,00 Descontos concedidos 10.000,00 Devolução de Vendas 10.000,00 Descontos obtidos 5.000,00 Descontos incondicionais 5.000,00 Receita de dividendos 10.000,00 *Sabe-se que a empresa tem R$ 1.000,00 de PIS a compensar e R$ 5.000,00 de COFINS a compensar (tributos retidos na fonte). Apuração: Receita de Vendas 145.000,00 Receita de Serviços 100.000,00 Devolução de Vendas (10.000,00) exclusões Descontos incondicionais (5.000,00) exclusões Base de cálculo 230.000,00 21Contabilidade Geral II PIS – 0,65% 1.495,00 COFINS – 3% 6.900,00 Exemplo de contabilização: D - COFINS sobre vendas C – COFINS a recolher 22 Contabilidade Geral II Síntese Nesta unidade de aprendizagem, abordamos conceitos relacionados às receitas, seus tipos e características, suas deduções e seu papel no desempenho operacional da empresa em prol do resultado, acrescentando a sua aplicabilidade legal, bem como desenhando por meio de demonstrativos contábeis à sua alocação. Outro ponto que tratamos foi a questão de aplicabilidade relacionada aos custos, visto que eles possuem uma forte participação no resultado, tratando de sua diversidade e de acordo com o tipo de receita, bem como sua contabilização e fórmula de alcance de valores. E o terceiro tópico a ser absorvido se deu sobre os tributos que incidem sobre as receitas, também conhecidos como deduções de impostos. 23Contabilidade Geral II Referências BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Emendas Constitucionais de Revisão. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 07 jan. 2019. ______. Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999. Regulamenta a tributação, fiscalização, arrecadação e administração do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3000.htm>. Acesso em: 07 jan. 2019. ______. Decreto-lei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977. Altera a legislação do imposto sobre a renda. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/decreto-lei/Del1598.htm>. Acesso em: 07 jan. 2019. ______. Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5172.htm>. Acesso em: 07 jan. 2019. ______. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6404consol.htm>. Acesso em: 07 jan. 2019. ______. Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998. Altera a Legislação Tributária Federal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ LEIS/L9718compilada.htm>. Acesso em: 07 jan. 2019. ______. Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11941.htm>. Acesso em: 07 jan. 2019. 24 Contabilidade Geral II ______. Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003. Dispõe sobre o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, de competência dos Municípios e do Distrito Federal, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp116.htm>. Acesso em: 07 jan. 2019. CPC 26_R1. Apresentação das Demonstrações Contábeis. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/ Pronunciamento?Id=57>.Acesso em: 11 jan. 2019. FABRETTI, L. C. Contabilidade Tributária. 16 ed. São Paulo: Atlas, 2017. NIYAMA, J. K.; SILVA, C. A. T. Contabilidade e seu ambiente no Brasil. Brazilian business review. Vitória, v.2, n.1, jan./jun. 2005. Disponível em: <http://bbronline.com.br/index.php/bbr/article/view/483>. Acesso em: 11 jan. 2019. PÊGAS, P. H. Manual de Contabilidade tributária. 9 ed. São Paulo: Atlas, 2017.
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