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1 RESUMO – HABILIDADES BÁSICAS II PHTLS por IALY FERREIRA Suporte Pré-Hospitalar de Vida no Trauma (PHTLS) Dr. McSwain – pai do PHTLS Dar aos pacientes de trauma a sua maior chance de sobrevivência Fornece compreensão da anatomia e fisiologia, a fisiopatologia do trauma, a avaliação e cuidado ao paciente em trauma, utilizando a abordagem ABCDE e as habilidades necessárias para promover esse cuidado. Os socorristas devem ter e utilizar habilidades de pensamento crítico para tomar e executar decisões específicas para cada paciente A chance de sobrevivência de paciente em trauma que recebe atendimento excelente ao trauma, tanto pré-hospitalar quanto hospitalar, é provavelmente maior do que a de qualquer outro paciente gravemente doente. O trauma é a principal causa de morte em pessoas entre 1 e 44 anos (mais 70% das mortes entre 15 e 24 anos, e mais de 40% das mortes entre 1 a 14 anos). 8ª principal causa de morte em pessoas idosas. O custo é altíssimo: Mais de 5,8 milhões de pessoas morrem anualmente de trauma (9 pessoas morrem a cada minuto) Acidentes de trânsito constituem a principal causa de morte em casos de trauma FASES DO ATENDIMENTO AO TRAUMA O trauma não é um acidente! O socorrista de atendimento pré-hospitalar tem responsabilidades em todas as fases! FASE PRÉ-EVENTO: circunstâncias que levaram à lesão. Esforços focados na prevenção de lesões Preparação dos socorristas para os eventos que não são impedidos pelos esforços da prevenção *As condições médicas presentes antes do evento de trauma podem causar sérias complicações na avaliação pré-hospitalar e no manejo do paciente. FASE DO EVENTO: momento exato do trauma “Não cause mais danos” – você é responsável por si, por seu parceiro e pelos pacientes sob seus cuidados FASE PÓS-EVENTO: consequências do evento traumático. Começa assim que a energia do choque é absorvida. DISTRIBUIÇÃO TRIMODAL DAS MORTES POR TRAUMA: o Primeira fase: dentro dos primeiros minutos até 1h do acidente; provavelmente ocorreriam mesmo com socorro imediato. COMBATE: estratégias de prevenção da lesão e segurança. o Segunda fase: dentro de poucas horas após o acidente. COMBATE: geralmente podem ser prevenidas com bom socorro pré-hospitalar e atendimento no hospital. o Terceira fase: muitos dias ou semanas após o acidente; em geral, por falência múltipla de órgãos. COMBATE: socorro precoce e intensivo no contexto hospitalar pode evitar algumas mortes. HORA DE OURO: pacientes que recebiam atendimento/tratamento definitivo logo após uma lesão apresentaram sobrevida muito maior do que os que o socorro 2 RESUMO – HABILIDADES BÁSICAS II PHTLS por IALY FERREIRA demorou. Tempo entre a ocorrência da lesão e o tratamento definitivo é crítico. Tratamento imediato de hemorragia e preservação da capacidade do corpo de produzir energia para continuar o processo de ressuscitação usando sangue e plasma e para que não se eleve a pressão arterial, utilizando grandes volumes de cristaloide. Controle da hemorragia e restabelecimento da perfusão adequada pela reposição de fluidos o mais parecido possível com o sangue total. Uma das responsabilidades mais importantes de um socorrista é passar o mínimo de tempo possível no cenário do acidente e agilizar o atendimento no local e o transporte do paciente para o serviço adequado. O socorrista deve utilizar o pensamento crítico e considerar o tempo de transporte e os recursos disponíveis no serviço (ex.: capacidade cirúrgica instalada). Devemos lembrar do nosso compromisso com o paciente realizando o seguinte: Avaliação rápida e precisa Identificação de choque e hipoxemia Início das intervenções corretas na hora correta Transporte em tempo adequado para o lugar adequado TRAUMA Evento nocivo que acontece quando há liberação de formas específicas de energia física ou quando há barreiras ao fluxo normal de energia. Sempre haverá trauma quando o limiar de transferência de energia suportada pelo corpo for excedido. Energia mecânica: energia de um objeto em movimento. Ex.: batida de carro Energia química: resulta da liberação de um composto químico com o tecido humano exposto a ele. Ex.: queimaduras por exposição a uma ácido ou base Energia térmica: associada ao aumento da temperatura e calor. Ex.: queimadura com fogo de cozinha Energia por radiação: ondas eletromagnéticas. Ex.: queimaduras solares Energia elétrica: movimentação de elétrons entre dois pontos. Ex.: veículo que bateu em um poste de luz O TRAUMA COMO UMA DOENÇA Tríade epidemiológica (as características de cada um muda conforme o tempo e as circunstâncias): Hospedeiro: homem Agente causador: energia Ambiente: hospedeiro e agente devem se encontrar em um ambiente que permita que os dois interajam MATRIZ DE HADDON Fornece um meio para representar graficamente os eventos ou ações que aumentam ou diminuem as possibilidades de um trauma. Também pode ser usada para identificar estratégias de prevenção. Pré-evento: fatores que podem contribuir para a probabilidade de um acidente, mas a energia ainda está sobre controle. PREVENÇÃO PRIMÁRIA – evitar que o trauma ocorra (programas de educação e uso de EPIs) Evento: fatores que influenciam na gravidade da lesão; a energia descontrolada é liberada e o trauma ocorre se a transferência de energia exceder a tolerância do corpo. PREVENÇÃO SECUNDÁRIA – medidas 3 RESUMO – HABILIDADES BÁSICAS II PHTLS por IALY FERREIRA tomadas para prevenir a progressão de uma lesão aguda, uma vez que ela já tenha ocorrido Pós-evento: afetam o resultado depois de uma lesão ter ocorrido. PREVENÇÃO TERCIÁRIA – reduzir ocorrência de morte e invalidez a longo prazo (programas ativos e agressivos de reabilitação) CLASSIFICAÇÃO DO TRAUMA Trauma intencional: associado a um ato de violência interpessoal ou autoinfligido. Ex.: homicídio, abuso infantil, guerra. Podem ser prevenidos por meio de uma abordagem ampla e multidisciplinar. Traumas não intencionais: não são acidentais! Fatores muito específicos devem se reunir para que ocorram. Ex.: colisões de veículos automotores. Formas de medir a gravidade do trauma: por meio do impacto do trauma na saúde pública; pela análise do número de anos potenciais de vida perdidos; e pelas estimativas de custo do trauma. A segurança do socorrista e de sua equipe deve vir em primeiro lugar! PREVENÇÃO DO TRAUMA Estratégias passivas: exigem pouca ou nenhuma ação por parte do indivíduo (ex.: sistemas de aspersão contra incêndio e air bags) – são mais eficazes porque não necessitam que as pessoas colaborem, mas são mais caras e mais difíceis de implementar Estratégias ativas: exigem a cooperação da pessoa (ex.: cintos de segurança, capacete) EDUCAÇÃO: estratégias educativas a fim de transmitir informações. Estratégia mais fácil de se implementar, depende da adesão do público- alvo. Quando combinada com outras formas e estratégias de implementação, a educação pode ser uma ferramenta valiosa. EXECUÇÃO: explora o poder persuasivo da lei para obrigar a adesão de estratégias simples, mas eficazes de prevenção. É uma medida preventiva ativa porque as pessoas precisam obedecer às leis. Ex.: leis de uso obrigatório de cinto, não dirigir alcoolizado, instalação de placas de sinalização ao longo das estradas e cercas ao redor de piscinas. ENGENHARIA: visam estabelecer uma prevenção de traumas por meio de produtos ou alterações ambientais para que o hospedeiro não tenha que agir de forma diferente para ser protegido. É uma estratégia de prevenção passiva. Estratégia mais cara de ser implementada. Ex.: sistemas automáticos de aspersão contra incêndioem edifícios, cascos flutuantes em barcos e alarmes reservas em ambulâncias. ABORDAGEM EM SAÚDE PÚBLICA Esforço comunitário e multidisciplinar. Trabalha para determinar como mudar o hospedeiro, o agente e o ambiente, para evitar traumas. Vigilância Identificação de fatores de risco Avaliação da intervenção Implementação e avaliação da intervenção CINEMÁTICA DO TRAUMA 4 RESUMO – HABILIDADES BÁSICAS II PHTLS por IALY FERREIRA O manejo de qualquer paciente começa (após a reanimação inicial) com o histórico de trauma do paciente – história do impacto e da troca de energia que resultou desse impacto. A compreensão dos princípios da cinemática melhora o nível de hipóteses para determinados traumas quanto ao padrão de lesões. A energia é transformada em lesão quando é absorvida pelo corpo. Durante o evento, três impactos ocorrem: 1. O impacto de dois objetos (ex.: veículo e árvore) 2. O impacto dos passageiros dentro do veículo (ex.: passageiro com o volante, o para-brisa ou o cinto) 3. O impacto dos órgãos vitais dentro dos passageiros (colidindo com as paredes de um compartimento do corpo ou sendo arrancados de suas estruturas de apoio) *Em uma queda, apenas o segundo e o terceiro impactos estão envolvidos. O termo colisão não se refere apenas a uma colisão automobilística! O número de partículas de tecido afetado é determinado pela densidade do tecido e pelo tamanho da área de contato do impacto. Quanto mais denso o tecido, maior o número de partículas que vão ser afetadas por um objeto em movimento e maior a taxa de quantidade total de energia trocada. Se toda a energia de impacto se concentrar em uma área pequena, e esta força exceder a resistência da pele, o objeto irá atravessar a pele (trauma penetrante); se a força for distribuída ao longo de uma área maior e a pele não for penetrada há um trauma fechado. Quando as partículas dos tecidos do corpo humano são deslocadas para fora de sua posição normal, criando um buraco ou uma cavidade, tem-se um processo chamado de cavitação. Cavidade temporária: distensão dos tecidos no momento do impacto, no qual, devido às propriedades elásticas do tecido do corpo, parte ou todo o conteúdo retornam à posição anterior Cavidade permanente: ocorre após colapso da cavidade temporária, é a parte visível da destruição tecidual. A cavitação ocorre tanto no trauma fechado, quanto no penetrante. Geralmente, no trauma fechado há apenas uma cavidade temporária, enquanto no trauma penetrante há uma cavidade permanente e uma cavidade temporária. A cavidade temporária criada a partir de um projétil se espalha para longe tanto na direção lateral quanto frontal. Cisalhamento: resultado de um órgão ou estrutura que muda de velocidade mais rapidamente do que outro órgão ou estrutura, havendo cisalhamento e separação das partes. Ex.: ruptura de aorta torácica. Compressão: um órgão ou estrutura sendo diretamente comprimido entre outros órgãos ou estruturas. Ex.: intestino sendo comprimido entre a coluna vertebral e o interior da parede abdominal anterior em um paciente usando apenas um tipo de cinto de segurança. COLISÕES COM VEÍCULOS 1. Impacto frontal: o motorista vai para frente e seu tórax colide com a coluna de direção. Quando o esterno interrompe o movimento de avanço em relação ao painel, a parede torácica posterior continua até que a energia seja absorvida pela flexão e possível fratura 5 RESUMO – HABILIDADES BÁSICAS II PHTLS por IALY FERREIRA das costelas. Esse processo também irá esmagar o coração e os pulmões. Embora o veículo repentinamente deixe de avançar, o passageiro continua a se mover: por cima ou por baixo. Trajetória por cima Cabeça colide com para-brisa ou com o teto – fratura de crânio A coluna cervical é a parte menos protegida da coluna vertebral – fratura de coluna cervical O peito ou o abdômen colidem com a coluna de direção: lesões torácicas, cardíacas, pulmonares e na aorta; compressão e esmagamento de órgãos parenquimatosos, lesões por hiperpressão e ruptura de órgãos ocos, cisalhamento de rins, baço e fígado Trajetória por baixo Joelho estendido - fratura da articulação do tornozelo; joelho dobrado - joelhos se chocam contra o painel do carro: luxação da articulação do joelho com lesão da artéria poplítea (identificação e tratamento precoces diminuem as complicações de uma isquemia distal - perfusão deve ser restabelecida em até 6h) OU rompimento de fêmur e luxação da articulação acetabular. Após o movimento dos joelhos e das pernas, a parte de cima do corpo irá se dobrar sobre a coluna de direção ou o painel de carro, podendo apresentar muitas das lesões da trajetória por cima, se estiver sem cinto 2. Impacto traseiro: quando um veículo (veículo-alvo) mais lento ou parado é atingido por trás por outro veículo (veículo-projétil) com velocidade maior. Se o encosto da cabeça estiver mal posicionado, a cabeça começa o movimento para frente depois do torso, levando à hiperextensão do pescoço, cisalhamento e alongamento dos ligamentos e outras estruturas de sustentação do pescoço Se o veículo-alvo se mover para frente sem colidir com nada até parar o movimento, não haverá muitos traumas significativos, se o encosto da cabeça estiver posicionado corretamente, pois a maior parte do movimento do corpo é sustentada pelo assento Se o veículo atingir outro veículo ou objeto, ou se o motorista pisar no freio e parar o carro de repente, os passageiros seguem adiante imitando o padrão característico de um impacto frontal 3. Impacto lateral: os passageiros podem ser feridos ao serem acelerados lateralmente ou no momento em que a cabine de passageiros é deformada para dentro. Clavícula – pode ser fraturada se houver força contra o ombro Peito – a compressão do tórax pode causar fratura nas costelas, contusão pulmonar, traumas por hiperpressão, cisalhamento da aorta Abdômen e pelve – lesões de baço e fígado; fratura da pelve, cabeça do fêmur é empurrada através do acetábulo 6 RESUMO – HABILIDADES BÁSICAS II PHTLS por IALY FERREIRA Pescoço – flexão e rotação lateral, o lado contralateral da coluna vertebral será aberto e o lado homolateral será comprimido, podendo haver fratura de vértebras, luxação ou lesão da medula espinhal Cabeça – pode bater no esquadro da porta 4. Impacto angular: causam lesões que são um misto de lesões vistas em impactos frontais e laterais. O passageiro continua a se mover para frente e, em seguida, é atingido pela lateral do veículo conforme o veículo gira em torno do ponto do impacto. O passageiro mais próximo do ponto de impacto provavelmente sofrerá os ferimentos mais graves. 5. Capotamento: o veículo pode sofrer vários impactos em diversos ângulos diferentes, assim como os passageiros e seus órgãos internos. Muitas vezes, um passageiro com cinto de segurança sofre ferimentos com cisalhamento, pois os órgãos internos continuam se movendo. Quem está sem cinto sofre lesões ainda mais graves, podendo ser ejetados do veículo conforme ele capota e sendo esmagados por ele ou sendo atropelados por outros veículos, ou sofrendo impacto contra o solo. ACIDENTES ENVOLVENDO MOTOCICLETAS Um fator adicional que leva ao aumento das mortes, invalidez e traumas é a ausência de um quadro estrutural em torno da motocicleta. 1. Colisão frontal: a moto vai pender para frente e o piloto vai colidir sobre o guidão – ferimentos na cabeça, tórax, abdômen ou pelve. Fraturas pélvicas em livro- aberto ocorrem quando os pés do motociclista permanecem nos pedais e as coxas atingem o guidão, de forma que o movimento vai ser absorvidopela diáfise do fêmur causando fraturas bilaterais do fêmur. 2. Impacto angular: a moto cairá sobre o piloto ou o piloto será esmagado entre a moto e o objeto atingido. Lesões nos MMII ou MMSS podem ocorrer, resultando em fraturas e lesão das partes moles; assim como lesões nos órgãos da cavidade abdominal. 3. Impacto de ejeção: o motociclista continua voando até que a cabeça, tórax, abdômen ou pernas se choquem com outro objeto. Lesões vão ocorrer no ponto de impacto e serão irradiadas para 7 RESUMO – HABILIDADES BÁSICAS II PHTLS por IALY FERREIRA o resto do corpo quando a energia for absorvida. LESÕES A PEDESTRES 1. O impacto inicial é nas pernas e, às vezes, no quadril 2. O tronco rola sobre o capô do veículo (e pode atingir o para-brisa) 3. A vítima cai para fora do veículo, no chão, geralmente de cabeça, com possibilidade de trauma de coluna cervical Os adultos são geralmente atingidos primeiro pelo para-choque do veículo na parte inferior das pernas, fraturando tíbia e fíbula. Ao rolar sobre o capô podem haver fraturas da parte superior do fêmur, pelve, costelas e coluna vertebral, esmagamento e cisalhamento intra- abdominal ou intratorácico, lesões na face e cabeça. Quando a vítima é jogada para longe do veículo e atinge o asfalto, pode ferir o quadril, o ombro, a cabeça, pode haver fratura de coluna vertebral. As crianças são inicialmente atingidas mais no corpo, geralmente perna acima do joelho ou pelve, lesionando fêmur ou cintura pélvica. O segundo impacto atinge o tórax da criança e a cabeça e o rosto batem contra a parte de cima do capô do veículo. A criança normalmente não é jogada para longe, pode cair de lado e ter os MMII atropelados ou cair de costas e ficar completamente sob o veículo podendo ter todo tipo de lesão. Geralmente, adulto tende a tentar escapar, sendo atingido nas costas ou na lateral, enquanto crianças tendem a olhar para o carro em curiosidade, expondo a parte anterior do corpo e a face a lesões. QUEDAS Pontos importantes: Altura que a vítima caiu Superfície sobre a qual se chocou Parte do corpo atingida primeiro Quedas de mais de 6m para adultos e 3m para crianças são consideradas graves. Síndrome de Don Juan: traumas em quedas que acometem primeiro os pés – fraturas bilaterais do calcâneo, compressão ou fraturas de cisalhamento dos tornozelos e fraturas tibiais distais ou fibulares. Podem ocorrer fraturas de ossos longos e de quadril. O corpo é comprimido pelo peso da cabeça e do tronco – fraturas de compressão da coluna vertebral nas áreas torácica e lombar, fratura em seu “S”. Vítima cai para frente com as mãos estendidas – fratura de Colles (compressão bilateral e fraturas por flexão dos pulsos). Vítima cai de cabeça – todo o peso e a força do tronco, pelve e pernas em movimento comprimem a cabeça e a coluna cervical, sendo a fratura de coluna cervical frequente. EXPLOSÕES Grande número de vítimas e múltiplos ferimentos penetrantes. Uma explosão impulsiona fragmentos em velocidades superiores a milhares de metros por segundo. Se o indivíduo estiver perto o suficiente, há cisalhamento de órgãos internos, principalmente os que são cheios de gás – mais comum em explosões em ambiente fechado Ruptura da membrana do tímpano Pneumotórax, embolia, enfisema intersticial e subcutâneo, e pneumomediastino Lesões fechadas Lesões por esmagamento Queimaduras, lesões inalatórias e asfixia 8 RESUMO – HABILIDADES BÁSICAS II PHTLS por IALY FERREIRA Vítimas de incidentes significativos que não se queixam de lesões devem ser avaliados como se tivessem ferimentos graves! AVALIAÇÃO E TRATAMENTO DO DOENTE Todas as etapas são realizadas de forma rápida e eficiente com o objetivo de minimizar o tempo gasto na cena. As principais preocupações na avaliação e tratamento iniciais do traumatizado são: 1. Via aérea 2. Oxigenação 3. Ventilação 4. Controle da hemorragia 5. Perfusão 6. Função neurológica Essa sequência protege a capacidade do organismo de ser oxigenado e a habilidade das hemácias de distribuir oxigênio aos tecidos. O controle da hemorragia é temporário na cena, mas definitivo no centro cirúrgico e depende do transporte rápido feito pelos socorristas e da presença de uma equipe de trauma imediatamente disponível na chegada do doente ao hospital. Sempre que possível, o tempo na cena não deve exceder 10 minutos. (HORA DE OURO) ESTABELECIMENTO DE PRIORIDADES 1. Avaliação da cena 2. Reconhecer a existência de incidentes com múltiplas vítimas ou com vítimas em massa – a prioridade é salvar o maior número de doentes possível ao invés de destinar os recursos aos doentes mais graves 3. Avaliação de cada doente a. Condições que possam resultar em morte b. Condições que possam resultar em perda de um membro c. Todas as outras condições que não resultem em risco a vida ou um membro AVALIAÇÃO PRIMÁRIA A prioridade do tratamento é a identificação e o tratamento rápidos das condições que colocam a vida em risco (exceção: vítimas em massa). IMPRESSÃO GERAL: visão geral simultânea da condição dos sistemas respiratório, circulatório e neurológico do doente. Se o paciente estiver respondendo de forma coerente e confortável as perguntas, então ele apresenta via aérea permeável, função ventilatória suficiente para permitir um diálogo, perfusão cerebral adequada e funcionamento neurológico razoável. Se o doente for incapaz de responder ou aparentar angústia deve-se iniciar a avaliação primária detalhada. A – TRATAMENTO DA VIA AÉREA E ESTABILIZAÇÃO DA COLUNA CERVICAL: Examinar se a via aérea está permeável o Se estiver comprometida deverá ser aberta (elevação de mento ou tração da mandíbula) e realizar a remoção de fatores obstruentes o Se houver equipamento e tempo disponíveis, utilizar cânula oro ou nasofaríngea, dispositivos supraglóticos e intubação endotraqueal ou métodos transtraqueais 9 RESUMO – HABILIDADES BÁSICAS II PHTLS por IALY FERREIRA Garantir que a cabeça e o pescoço sejam mantidos em posição neutra (estabilizados) durante todo o processo de avaliação B – VENTILAÇÃO: fornecer eficazmente oxigênio para os pulmões do doente para ajudar a manter o processo metabólico aeróbico. Verificar se o doente está ventilando Se em apneia, iniciar imediatamente o procedimento de ventilação com dispositivo de máscara com válvula e balão e suplementação de oxigênio o Se a via aérea estiver desobstruída, prosseguir com meios de proteção a via aérea (cânulas, dispositivos supraglóticos, intubação, etc) Se o doente estiver ventilando, estimar a frequência e profundidade ventilatória e medir a saturação de O2 (deve estar superior a 90%) C – CIRCULAÇÃO E HEMORRAGIA: hemorragia é a causa mais comum de morte evitável decorrente do trauma. A hemorragia externa deve ser identificada e controlada – aplicação de pressão direta no local controlará grande parte do sangramento. Se a hemorragia não for controlada, não importa quanto O2 ou fluido o doente receba, a perfusão não melhorará na presença de hemorragia ativa (Em casos de exsanguinação, deve-se, primeiro, controla-la mesmo antes de avaliar as vias aéreas). Se houver suspeita de hemorragia interna, o tórax, o abdômen, a pelve e os MMII devem ser expostos, inspecionados e palpados para identificar possíveis sinais de lesões – a hemorragia interna só pode ser controla no centro cirúrgico, portanto, é necessário rápido transporte do doente. O estado geral do sistema circulatório pode ser avaliado ao verificar pulso periférico, cor (perfusão adequada produz coloração rosada da pele; palidez ou cianose indica perfusão deficiente), temperatura (pele fria indica perfusão diminuída)e umidade (pele seca indica boa perfusão; pele úmida indica choque e perfusão diminuída) da pele do doente. D – DISFUNÇÃO NEUROLÓGICA: exame da função cerebral é uma medida indireta da oxigenação cerebral. O objetivo é determinar o nível de consciência e verificar o potencial para hipóxia. O socorrista pode inferir que um doente confuso, combativo ou não cooperativo está em hipóxia, até que se prove o contrário. O rebaixamento do nível de consciência pode indicar: 1. Oxigenação cerebral diminuída 2. Lesão do SNC 3. Intoxicação por drogas ou álcool 4. Distúrbio metabólico (diabetes, convulsão, parada cardíaca) Utilizar a Escala de Coma de Glasgow para determinar o nível de consciência: abertura ocular, melhor resposta motora e melhor resposta verbal. Se o paciente estiver intubado, avalia apenas a resposta ocular e a motora, adicionando uma letra “i” para assinalar a incapacidade de avaliar a resposta verbal. Realizar, também, a avaliação das pupilas. E – EXPOSIÇÃO/AMBIENTE: remover as roupas do doente traumatizado para identificar todas as lesões. Depois de examinar todo o corpo, o 1 0 RESUMO – HABILIDADES BÁSICAS II PHTLS por IALY FERREIRA socorrista deve cobrir o doente novamente para evitar hipotermia. MEDIDAS AUXILIARES À AVALIAÇÃO PRIMÁRIA Oximetria de pulso (SpO2 > 95%) Monitoramento do dióxido de carbono ao final da expiração (ETCO2) – pode ser útil na confirmação do posicionamento do tudo endotraqueal e na orientação da frequência ventilatória Monitoramento eletrocardiográfico (ECG) Monitoramento automático não invasivo da pressão arterial
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