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DIREITO E GLOBALIZAÇÃO

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DIREITO E GLOBALIZAÇÃO 
 
1. Usos e Abusos do Termo “Globalização”. 
1.1. Introdução ao Tema: A Polissemia do Termo 
“Globalização”. 
1.2. Sua Utilização em Diferentes Disciplinas e Definições 
Possíveis. 
 
Neste primeiro módulo da disciplina Direito e Globalização 
trataremos de alguns aspectos introdutórios, dentre eles dos usos e abusos 
do termo “globalização”. 
 
A tecnologia desenvolvida nos últimos anos propiciou, no 
século XXI, o “encurtamento” das distâncias, sobretudo no que diz 
respeito ao uso da internet, tendo em vista que inúmeras transações 
financeiras são realizadas, contatos com familiares que moram em países 
distintos são fei tos, compras de produtos estrangeiros são efetuadas. 
 
Mas a internet, com relativa abrangência ao público, não tem 
sequer duas décadas. E representa atualmente somente o topo da pirâmide 
do desenvolvimento tecnológico (que é sempre relativo) e foi alcançad o 
por meio da constituição do amplo alicerce do conhecimento cientifico 
desenvolvido de forma espaçada e cadenciada, de mão em mão, tecido por 
muitas civil izações. 
 
Em meio aos saltos de avanços científicos da humanidade, a 
globalização, embora tenha começado através da embrionária e 
fundamental conexão marítima no contexto antropocêntrico do período 
renascentista, foi potencializada a partir da revolução industrial iniciada 
no século XVIII na Inglaterra. 
 
Um consistente incremento foi possibil itado através das 
tecnologias da comunicação dos séculos XX e XXI. Assim, do alvorecer 
ao esplendor, revolucionou o modo de viver e se relacionar com as coisas. 
 
Dentre os fatos que potencializaram a globalização, a 
maioria dos acontecimentos se sucedeu no século XX, t êm-se na primeira 
metade, duas grandes guerras mundiais. No contexto Internacional pós -
segunda guerra mundial, a globalização comercial promovida pelos 
Estados Unidos da América através da ação global expansiva das multi e 
transnacionais, ganha o domínio dos principais mercados mundiais nos 
países capitalistas. 
 
No tocante à globalização econômica, pode -se afirmar que 
essa evidenciou com mais intensidade os novos mecanismos ideológico -
políticos e econômicos util izados pelo capital para intensificar a produç ão 
e, ao mesmo tempo, sufocar a organização dos trabalhadores. 
 
Por meio de estratégias de retroalimentação do capital , tais 
como: a terceirização, a flexibilização, a informalidade, a busca por mão -
de-obra barata, o controle de qualidade, entre outras, ela colaborou para 
o aumento da precarização, da exploração do tra balho e do trabalhador 
brasileiro. 
 
Com o incremento da exportação, empresários de vários 
setores, vêm investindo em agil idade e aumento do volume de produção 
para poder atender à demanda externa. Para tanto, priorizam a automação, 
empregando cada vez menos pessoas, ou seja, investem em atividades de 
capital intensivo com poucos trabalhadores qualif icados. 
 
Isso nos leva a pensar que a globalização atinge inúmeras 
questões sociais, sobretudo aquelas que se referem ao trabalhador e ao 
trabalho, e mais, que a raiz dos principais problemas sociais vivenciados 
pelos mesmos tem sua origem no modo de produção capitalista que, apesar 
das crises e das retroalimentações sofridas, mantém inalterada a sua base 
exploratória. 
 
Porém, é possível pensar que há formas de intervenção 
político-social , cultural e econômica neste processo. 
 
O termo globalização acabou se tornando uma das palavras -
chave mais em voga nos anos oitenta e sobrevive nos anos noventa, ao 
lado de outras tais como, "privatização", "ecologia", "desenvo lvimento 
sustentável" ou o "fim da história", além dos inúmeros neo - e pós- -ismos, 
como neoliberalismo, pós-fordismo, pós-industrial ou pós-moderno. 
 
No entanto, no caso de globalização, assim como no dos 
demais neologismos citados, uso frequente ou larga mente difundido não é 
garantia de significado claro ou sequer emprego consistente. De maneira 
geral, neologismos são util izados como se fossem novos conceitos quando 
na verdade procuram encobrir o sentido de conceitos pré -existentes bem 
definidos, substituindo-os. Eis como no inicio dos anos de 1970, Hugo 
Radice, argumentava contra o uso da expressão "firmas multinacionais" ao 
invés de "internacionais". 
 
O termo geralmente usado para descrever companhias com 
instalações fabris em mais de um país é empresa ( corporação, firma) 
multinacional. 
 
Usamos o termo "empresa internacional", em parte porque 
é mais acessível, e em parte porque o mesmo enfatiza o movimento de 
capital através e entre "nações" da economia mundial, enquanto que 
"multinacional" tem uma falsa conotação de mais de uma nacionalidade. 
 
No caso de globalização, o termo é usado 
indiscriminadamente, para explicar fenômenos do capitalismo 
contemporâneo, para justif icar medidas econômicas de governos nacionais 
e até políticas urbanas de governos loca is. O que é geral é que na maioria 
dos casos a palavra "globalização" vem com uma conotação de inexorável, 
acompanhante inevitável do rolo compressor da modernidade. 
 
 
 
2. As Principais Visões sobre a Globalização. 
2.1. Hiperglobalistas. 
2.2. Céticos. 
2.3. Transformacionistas. 
 
Para os autores comumente classificados como 
representantes de uma corrente hiperglobalista, a globalização é algo novo 
e potencialmente revolucionário, pois a partir da crescente influência 
exercida pelas empresas multinacionais e pelos mercados cada vez mais 
integrados, diferentes países estariam sendo levados a se adequarem a um 
padrão mundial de produção e gestão da política econômica. 
 
Tal processo conduziria a uma homogeneização dos modos 
de produção e condução macroeconômica no mundo, condicionados pelas 
práticas fomentadas pelas empresas com unidades produtivas em 
diferentes partes do globo e pelo surgimento de um mercado global, bem 
como pela pressão exercida pelos capitais em nome da rentabil idade. 
 
Neste cenário, os Estados nacionais perderiam poder, ao 
serem submetidos a uma lógica dissociada do caráter nacional, cuja origem 
está em empresas e detentores de grandes capitais atuantes em âmbito 
global. 
 
A competitividade surge aqui como condição necessária para 
a atração dos investimentos provenientes de empresas multinacionais, algo 
que supera em muito a noção de competitividade associada aos produtos 
exportados por este ou por aquele país. Assim, a globalização é 
apresentada pelos autores da corrente “hiperglo balista” como um processo 
que afeta os países, mas cuja lógica não obedece aos interesses destes. 
 
Entre os autores desta corrente, podem ser identificados os 
que são otimistas em relação ao fenômeno (neoliberais) e os que o vêm de 
forma negativa – marxistas como David Held – mas reconhecendo-o como 
uma força capaz de tornar inócuas as políticas sociais tradicionais, de 
caráter local. 
 
Outros, como Manuel Castels, são mais moderados, mas 
reconhecem na globalização uma “nova realidade histórica”, na qual 
predomina “uma economia capaz de operar como uma unidade em tempo 
real em escala planetária”. 
 
Tal concepção é criticada pelos céticos, que ao apresentarem 
dados que evidenciam o caráter fortemente nacional ainda presente nos 
negócios das empresas multinacionais, bem como a concentração do 
comércio mundial naqueles países em que estas empresas estão sediadas, 
buscam fundamentar a tese de que os Estados nacionais são ainda 
detentores de grande parte do controle sobre os processos característicos 
da globalização. 
 
Outro ponto criticado pelos autores de postura mais cética 
seria a crença na existência de um modo de produção padronizado e 
difundido ao redor do globo através da atuação de empresas 
multinacionais. 
 
Segundo estes autores, estas empresas adotariam e m 
diferentes lugares práticas muito distintas, de acordo com as características 
das sociedades locais. Desta forma, o processo de adaptação teria seusentido invertido em relação ao que era apregoado pelos hiperglobalistas, 
ou seja: não são somente as sociedades que se adaptam a um padrão global; 
também as empresas de atuação multinacional buscam se adaptar às 
condições locais, o que faz com que a globalização não tenha um sentido 
único e pré-definido, mas muito pelo contrário. Isto seria suficiente para 
que a ideia de globalização enquanto “homogeneização” também seja 
descartada. 
 
O que teria ocorrido no bojo da globalização seria, na 
verdade, uma redefinição das relações entre centro e periferia, na qual as 
diferenças entre certos países (ou entre blocos r egionais) pode até 
aumentar em função de uma maior especialização produtiva, condizente 
com a nova lógica da produção transnacional. 
 
Neste sentido, cada país tenderia a conservar – e até 
aprofundar – certas características específicas, de acordo com sua 
modalidade de inserção no sistema produtivo mundial. Assim, os sistemas 
econômicos nacionais estariam longe de ser “suplantados” por uma nova 
ordem econômica mundial. Seriam, de fato, transformados para atenderem 
a um novo contexto, mas continuariam determ inando (e sendo 
determinados por) trajetórias nacionais específicas. 
 
Outros autores, defendem que a globalização não é um 
fenômeno com sentido definido – e inexorável – como afirmam os 
hiperglobalistas. Mas ainda assim, trata -se de um fenômeno 
revolucionário, capaz de alterar as lógicas políticas e econômicas pré -
existentes, ao contrário do que pensam os mais céticos. 
 
A questão envolveria uma transformação “qualitativa” do 
antigo fenômeno da internacionalização, que levaria a uma maior 
interdependência entre diferentes regiões e países. No entanto, esta 
crescente “interdependência” tornaria a globalização um fenômeno de 
caráter contraditório, ao passo em que características locais (culturais, 
sociais, econômicas) seriam realçadas e valorizadas, ao mesmo tempo em 
que passariam a enfrentar os constrangimentos trazidos por elementos 
externos cada vez mais presentes. O resultado desta interação seria incerto, 
e não teria seu sentido pré -definido por nenhuma grande tendência global. 
 
Outros autores encaram a globalização a partir de uma visão 
“transformacionista”, tanto no sentido de que ela representa em si uma 
grande transformação, quanto no de que ela pode sofrer transformações a 
partir da interação entre os envolvidos. 
 
Além das três correntes j á apresentadas (hiperglobalistas, 
céticos e transformacionistas), devemos também mencionar uma 
abordagem crítica alternativa, que apesar de não adotar a mesma postura 
cética diante da globalização, acredita que seu conteúdo é determinado por 
ações locais. 
 
No entanto, estas ações locais estariam inseridas num 
contexto mais próximo das concepções “transformacionistas”, no sentido 
de que os rumos da globalização não estariam definidos. 
 
Para os autores desta última corrente, seria possível 
identificar tendências e contra-tendências no interior do mesmo processo 
de globalização. Mas ao contrário do que ocorre na visão 
“transformacionista”, o peso das ideologias – presentes inclusive nas 
diferentes interpretações da globalização – é fundamental. 
 
Desta forma, a globalização deixa de ser um fenômeno 
“autônomo” (enquanto resultado imprevisível de diversos níveis de 
interações), passando a ser um processo histórico cujo sentido político 
está em disputa. 
 
Nesta disputa, grupos sociais com diferentes i nteresses irão 
se articular politicamente, tentando imprimir tendências específicas ao 
processo de globalização. 
 
Esta articulação pode ocorrer tanto em âmbito nacional 
(local) quanto internacional, em torno de um projeto político em comum, 
que disputará com outros projetos políticos a hegemonia sobre os rumos 
da globalização. 
 
3. A Globalização como Processo Multidimensional. 
 
As dimensões da globalização são contraditórias entre si , 
tendo em vista que, como iremos salientar, a ideologia (e a política) d a 
globalização tende a "ocultar" e legitimar a lógica desigual e excludente da 
mundialização do capital . 
 
Globalização como ideologia do capital tende a impulsionar, 
em si, o processo civil izatório humano -genérico, isto é, o desenvolvimento 
das forças produtivas humanas, que são l imitadas (ou obstaculizadas) - 
pelo próprio conteúdo da mundialização (ser a mundialização do capital). 
 
Qualquer leitura (ou análise) do fenômeno da globalização 
que não procure apreender o seu sentido dialético - e, portanto, 
contraditório - tende a ser unilateral, não sendo capaz de ver o fenômeno 
da globalização tanto como algo progressivo, quanto regressivo, tanto 
como um processo civil izatório, quanto como um avanço da barbárie, e 
tanto como a constituição de um "globo" na mesma medida em que t ente 
a contribuir para a sedimentação de particularismo locais e regionais. 
 
Nas últimas duas décadas do século XX todos os estados, 
povos e indivíduos do planeta tornaram-se progressivamente parte de um 
mundo global. Da mesma forma que aconteceu em outr os momentos de 
grandes mudanças históricas, as relações entre as diversas partes do todo 
sofreram profundas alterações com a chegada da nova ordem global. 
 
A globalização foi extraordinariamente acelerada pelo fim 
da Guerra Fria e o colapso da União Sovié tica. A década de 1990 foi 
marcada simultaneamente pela intensificação da globalização econômica e 
pela erosão da governabil idade baseado nos estados nacionais. 
 
De acordo com a teoria da globalização multidimensional, a 
globalização não deve ser pensada c omo uma condição singular, mas como 
um processo ou conjunto de processos interconectados que se 
desenvolvem em varias dimensões (basicamente: econômica, política, 
militar, ecológica, social e cultural). Não surpreende então que em diversos 
momentos do processo essas dimensões adquiram relevância diferenciada. 
 
Assim como na década de 1990 se verificou que a ordem 
mundial girou, praticamente, em torno da economia, deve ser assumido 
que, após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, está 
produzindo-se uma reestruturação da ordem que levará as questões de 
segurança e governabil idade a comandar as relações internacionais. 
 
Na última década do século XX, no mundo constituído pelos 
países desenvolvidos de renda alta e os países emergentes de renda média 
houve uma aceleração simultânea das quatro sub -dimensões da 
globalização econômica: comercial (grande crescimento do comercio 
internacional), f inanceira (grande expansão de mercados financeiros de 
escopo global), produtiva (transnacionalização crescente d as cadeias 
produtivas intra-corporativas e intercorporativas) e tecnológica 
(extraordinária onda de inovação tecnológica com grande crescimento da 
produtividade sistêmica da economia). A aceleração da globalização 
econômica manteve o alto nível de integraç ão social das sociedades 
desenvolvidas. 
 
Nas sociedades de renda média (como Brasil e várias outras 
da América Latina), a aceleração da globalização tendeu a manter ou 
aumentar a marginalidade/exclusão de vastos setores da população. A 
maior parte dos países de renda baixa se mantiveram excluídos da 
globalização econômica, tendo havido neles um extraordinário 
crescimento do sofrimento humano. 
 
 
 
4. As Características Fundamentais e as Diversas Dimensões da 
Globalização. 
4.1. Características Fundamentais d o Processo de Globalização. 
4.2. As Principais Dimensões da Globalização. 
4.2.1. Militar. 
4.2.2. Econômica. 
4.2.3. Política. 
4.2.4. Sociocultural. 
4.2.5. Ambiental. 
 
O Fenômeno da globalização é resultado de múltiplas 
determinações sócio-históricas (e ideológicas), isto é, destacaremos as três 
dimensões da globalização que não podem ser separadas e que compõem 
uma totalidade concreta sócio -histórica, completa e integra l. 
São elas: 
1 - No plano do processo civil izatório humano -genérico; 
2 - Aglobalização como mundialização do capital ; 
3 - A globalização como ideologia. 
 
É do nosso interesse demonstrar que a globalização é um 
fenômeno sócio-histórico intrinsecamente con traditório e complexo que 
caracteriza, em nossa perspectiva, uma nova etapa de desenvolvimento do 
capitalismo moderno. 
 
Procuraremos salientar que o fenômeno da globalização é 
resultado de múltiplas determinações sócio -históricas (e ideológicas), isto 
é, destacaremos as três dimensões da globalização que não podem ser 
separadas e que compõem uma totalidade concreta sócio -histórica, 
completa e integral. 
São elas: 
1. A globalização como ideologia 
2. A globalização como mundialização do capital 3. A 
global ização como processo civil izatório humano -genérico. 
 
Portanto, o fenômeno da globalização tende a constituir 
novas determinações sócio -históricas no: 
(1) plano da ideologia e da política; 
(2) no plano da economia e da sociedade e 
(3) no plano do processo civil izatório humano-genérico, 
vinculado ao desenvolvimento das forças produtivas humanas. 
 
O que significa dizermos que tais dimensões da globalização 
compõem uma totalidade histórico -social intrinsecamente contraditória? 
 
As dimensões da globalização são contraditórias entre si , 
tendo em vista que, como iremos salientar, a ideologia (e a política) da 
globalização tende a “ocultar” e legitimar a lógica desigual e excludente da 
mundialização do capital e a mundialização. 
 
A Globalização como ideologia do capital tende a 
impulsionar, em si, o processo civil izatório humano -genérico, isto é, o 
desenvolvimento das forças produtivas humanas, que são l imitadas (ou 
obstaculizadas)- pelo próprio conteúdo da mundialização (ser a 
mundialização do capital). 
 
Qualquer leitura (ou análise) do fenômeno da globalização 
que não procure apreender o seu sentido dialético – e portanto, 
contraditório - tende a ser unilateral, não sendo capaz de ver o fenômeno 
da globalização tanto como algo progressivo, quanto regressivo, tanto 
como um processo civil izatório, quanto como um avanço da barbárie, e 
tanto como a constituição de um “globo” na mesma medida em que tente 
a contribuir para a sedimentação de particularismo locais e regionais. 
 
Portanto, o fenômeno da globalização tende a constituir 
novas determinações sócio -históricas no plano do processo civil izatório 
humano-genérico vinculado ao desenvolvimento das forças produtivas 
humanas no plano da economia e da sociedade e no plano da ideologia e 
da política. 
 
Deste modo, para Giovanni Alves, a globalização oculta o 
totalitarismo da economia, o que não é novidade, tendo em vista que é 
próprio do modo de produção capitalista o primado da economia sobre 
quaisquer outras esferas da vida social . 
 
Só que, talvez seja isto que Ramonet queira destacar, sob a 
globalização, o primado da economia aparece com mais vigor, tal como um 
totalitarismo de mercado que neutraliza os próprios avanços da democracia 
no Ocidente. 
 
A ideia de globalitarismo supõe a debil id ade estrutural dos 
Estados. Sob o regime globalitário, os Estados não têm meios de se opor 
aos mercados. A globalização liquidou o mercado nacional, que é um dos 
fundamentos do poder do Estado -nação. 
 
A globalização, sustentada por regimes globalitários, i sto é, 
governos que promulgaram o monetarismo, a desregulamentação, o l ivre -
comércio, o l ivre fluxo de capitais e as privatizações maciças, tenderam a 
diminuir o papel dos poderes públicos. 
 
Veja bem: a globalização é, portanto, resultado, nessa 
perspectiva, de regimes globalitários, de dirigentes políticos que 
permitiram, através de atos políticos, a transferência de decisões capitais 
(em matéria de investimento, emprego, saúde, educação, cultura, proteção 
do meio ambiente) da esfera pública para a esfera privada. 
 
Foram os políticos l iberais e conservadores que permitiram 
a privatização da coisa pública, contribuindo para que algumas decisões 
importantes para a vida social passassem para as mãos da economia 
privada. 
 
 
 
5. Os Atores da Globalização Hegemônica e da Globalização Contra -
Hegemônica. 
5.1. Os Atores da Globalização. 
5.2. Sociologia das Relações Internacionais e da Globalização. 
5.3. A Multiplicidade dos Atores. 
5.4. Relações entre o Estado e os Atores Não -Governamentais. 
 
O atual mundo globalizado é resultado de mais de 500 anos 
de conquistas relativas às interligações globais. 
 
Desde a época das grandes navegações, a partir do final do 
século XV, diferentes povos e mercados passaram a ser alcançados cada 
vez mais rapidamente. 
 
O impulso relevante da revolução industrial aferiu novas 
possibil idades - infinitas - ao percurso da conquista científica e dos 
sistemas de produção e apropriação da natureza. 
 
Esse percurso foi fomentado pelo avanço tecnológico 
humano na forma e eficácia de transformação cada vez mais rápida da 
natureza. 
 
As matrizes energéticas da sociedade de consumo se tornou 
determinante para o alvorecer da sociedade da informação do século XX e 
XXI. 
 
Interligados, os mercados globais são unidos pelos objetivos 
comuns de alavancar mais rapidamente conquistas expressivas no atual 
mundo competitivo. 
 
Em meio a toda essa transformação a natureza continua a 
ser sumariamente desprezada e subjugada. 
 
Nesse contexto hoje em dia há de se ter em mente a 
importância da reflexão sobre os procedimentos atuais e futuros, dado a 
encruzilhada que o homem globalizado se encontra, conhecedor do mundo 
através dos satélites conectados, não como desprezar o momento históri co 
que determinará o horizonte da humanidade. 
 
Abertura de mercados ao comércio internacional, migração 
de capitais, uniformização e expansão tecnológica, tudo isso, capitaneado 
por uma frenética expansão dos meios de comunicação, parecem ser forças 
incontroláveis a mudar hábitos e conceitos, procedimentos e instituições. 
 
Nosso mundo aparenta estar cada vez menor, mais restrito, 
com todos os seus cantos explorados e expostos à curiosidade e à ação 
humana. É a globalização em seu sentido mais amplo, cujos reflexos se 
fazem sentir nos aspectos mais diversos de nossa vida. 
 
As circunstâncias atuais parecem indicar que a globalização 
da economia, com todas as suas consequências sociais e culturais, é um 
fenômeno que, no mínimo, irá durar. O fim da bipola ridade ideológica no 
cenário internacional, a saturação dos mercados dos países mais ricos e a 
ação dos meios de comunicação, al iados a um crescente fortalecimento do 
poder das corporações e inversa redução do poder estatal (pelo menos nos 
países que não constituem potências de primeira ordem) são apenas alguns 
dos fatores que permitem esse prognóstico. O meio ambiente, em todos 
os seus componentes, tem sido e continuará cada vez mais sendo afetado 
pelo processo de globalização da economia. 
 
Os impactos da globalização da economia sobre o meio 
ambiente decorrem principalmente de seus efeitos sobre os sistemas 
produtivos e sobre os hábitos de consumo das populações. Alguns desses 
efeitos têm sido negativos e outros, positivos. 
 
Está havendo claramente uma red istribuição das funções 
econômicas no mundo. Um mesmo produto final é feito com materiais, 
peças e componentes produzidos em várias partes do planeta. Produzem -
se os componentes onde os custos são mais adequados. E os fatores que 
implicam os custos de produção incluem as exigências ambientais do país 
em que está instalada a fábrica. 
 
Este fato tem provocado em muitos casos um processo de 
"migração" industrial . Indústrias são rapidamente montadas em locais 
onde fatores como disponibil idade de mão -de-obra, salários, impostos, 
facil idades de transporte e exigências ambientais, entre outros, permitem 
a otimização de custos. 
 
Como a produção de componentes é feita em escala global, 
al imentando indústrias de montagem em várias partes do mundo, pequenas 
variaçõesde custos produzem, no final, notáveis resultados financeiros. 
O processo de migração industrial , envolvendo fábricas de componentes e 
materiais básicos, pode ser notado facilmente nos países do Sudeste 
Asiático e, mais recentemente, na América Latina. 
 
São conhecidas as preocupações dos sindicatos norte -
americanos com a mudança de plantas industriais - notadamente da 
indústria química - para a margem sul do Rio Grande. O fortalecimento da 
siderurgia brasileira, além, é claro, de favoráveis condições de 
disponibil idade de matéria -prima, pode ser, em parte, creditado a esse 
fenômeno. 
 
Há uma clara tendência, na economia mundial, de 
concentrar-se nos países mais desenvolvidos atividades mais l igadas ao 
desenvolvimento de tecnologias, à engenharia de produtos e à 
comercialização. Por outro lado, a atividade de produção, mesmo com 
níveis altos de automação, tenderá a concentrar -se nos países menos 
desenvolvidos, onde são mais baratos a mão -de-obra e o solo e são 
contornadas, com menores custos, as exigências de proteção ao meio 
ambiente. 
 
Essa tendência poderá mascarar o cumprimento de metas de 
redução da produção de gases decorrentes da queima de combustíveis 
fósseis, agravadores do "efeito estufa", pois a diminuição das emissões nos 
países mais ricos poderá se r anulada com o seu crescimento nos países em 
processo de industrial ização. 
 
Outro fator que tem exercido pressão negativa sobre o meio 
ambiente e que tem crescido com a globalização da economia é o comércio 
internacional de produtos naturais, como madeira s nobres e derivados de 
animais. Este comércio tem provocado sérios danos ao meio ambiente e 
colocado em risco a preservação de ecossistemas inteiros. 
 
 
 
6. Globalização e Desenvolvimento. 
6.1. Globalização: Fenômeno Irreversível? 
6.2. Questionamentos sobre o Futuro da Globalização: Relações 
entre Justiça Social e Desenvolvimento Econômico; Relações entre 
Representatividade, Legitimidade e Ética na Política Mundial. 
 
A racionalidade impõe que as políticas de desenvolvimento, 
norteadas pelo refrear dos desequil íbrios, sejam chamadas a “regular” os 
efeitos nefastos da globalização que, sempre acompanhada da procura 
desenfreada da competitividade, há de estimular, a curto prazo, e 
porventura também a médio prazo o crescimento desigual e, numa óptica 
interna, pernicioso, das regiões metropolitanas. 
 
No entanto, tempo virá, se não está já aí , em que nos valores 
do desenvolvimento hão de pesar cada vez menos as condições materiais 
de vida, em que as necessidades básicas, satisfeitas as mais elementares e 
primárias, passem a situar -se aos níveis de exigência mais elevados do 
conhecimento, da cultura, do ambiente, da qualidade de vida; e assistir -se-
á então à procura dos espaços geográficos deixados antes. 
 
Importante será, contudo – é a racionalidade a justificá-lo –
, que não se deixem degradar mais tais espaços, por inércia, por incúria, 
por falta de voluntarismo, porque será então muito mais elevado o preço 
a pagar pela sua fruição, e porque a sua descaracterização gerando 
empobrecimento, é um risco real no arrastamento da sua degradação. 
 
Da globalização sempre se desejará retirar apenas o que 
sejam vantagens para o desenvolvimento humano, e a abertura dos espaços 
que à globalização é inerente não pode deixar de ser vista como promissora 
de uma comunidade mais “global”, mais interactuante e, espera -se, mais 
solidária. 
 
O mundo atual está marcado pelo que se conhece como o 
processo de globalização, ou seja, pela crescente gravitação dos processos 
econômicos, sociais e culturais de caráter mundial sobre aqueles de caráter 
nacional ou regional. 
 
Embora não se trate de um processo novo as suas raízes 
históricas são profundas, as drásticas mudanças nos espaços e tempos, 
geradas pela revolução das comunicações e informação, ampliaram as 
dimensões, trazendo transformações qualitativas com relação ao passado. 
 
Consequentemente, houve uma demanda, por parte dos 
países da região, para que a Secretaria centralizasse a discussão do 
Vigésimo Nono Período de Sessões da CEPAL no tema da globalização e 
desenvolvimento. 
 
A globalização oferece, sem dúvida, oportunidades para o 
desenvolvimento. Compreendemos que as estratégias nacionais devem ser 
desenhadas em função das possibil idades apresentadas, assim como os pré-
requisitos para uma maior incorporação à economia mundial. 
 
Simultaneamente, este processo traz riscos originados de 
novas fontes de instabil idade (tanto comercial quanto, e em especial , 
f inanceira), riscos de exclusão para aqueles países não adequad amente 
preparados para as fortes demandas de competitividade próprias do mundo 
contemporâneo, e riscos de acentuação da heterogeneidade estrutural entre 
setores sociais e regiões dentro dos países que se integram, de maneira 
segmentada e marginal, à economia mundial. 
 
Muitos destes riscos acompanham duas características 
preocupantes do atual processo de globalização. A primeira é o desvio que 
se observa na globalização dos mercados: junto com a mobilidade dos 
capitais, bens e serviços, existem fortes restri ções à l ivre mobilidade da 
mão-de-obra. 
 
Isto se reflete no caráter assimétrico e incompleto da agenda 
internacional que acompanha a globalização, que não inclui, por exemplo, 
temas como a mencionada mobilidade de mão -de-obra, nem mecanismos 
que garantam a coerência global das políticas macroeconômicas das 
economias centrais pautas internacionais para obter uma adequada 
tributação do capital e acordos de mobilização de recursos para compensar 
as tensões distributivas que a globalização gera, tanto entre os países como 
no interior deles. 
 
Estas deficiências, por sua vez, refletem um problema ainda 
mais inquietante: a ausência de uma governabil idade adequada para o 
mundo de hoje, não só econômica -como se fez particularmente evidente 
no campo finance iro- mas também em muitos outros terrenos, devido ao 
enorme contraste entre os problemas de alcance mundial e os processos 
políticos, que continuam tendo como âmbito as nações e inclusive, 
progressivamente, os espaços locais. 
 
Uma importante dimensão do processo de globalização não 
a mais destacada quando se aborda o tema é a gradual generalização de 
ideias e valores em torno dos direitos civis e políticos, por um lado, e dos 
econômicos, sociais e culturais, por outro, que vão dando sustentação ao 
conceito de cidadania global. 
 
Ninguém encarna melhor este aspecto do processo de 
globalização do que as Nações Unidas. Sua carta constitutiva consagrou 
ideias e valores globais em torno desses direitos, que foram 
progressivamente ratif icados pelos governos nas su cessivas cúpulas 
mundiais. 
 
A primeira parte deste documento analisa a globalização sob 
uma perspectiva integral. O Capítulo 1 destaca o caráter multidimensional 
do processo, inscreve a fase atual dentro do processo histórico de 
internacionalização da economia mundial, e examina as dimensões sociais, 
políticas e culturais. 
 
O Capítulo 2 revisa a evolução das facetas econômicas do 
processo de globalização: comércio e investimento, finanças e regimes 
macroeconômicos, e mobilidade internacional da mão -de-obra. A evolução 
das desigualdades de renda e as assimetrias fundamentais que caracterizam 
o ordenamento global. 
 
 
 
7. Globalização, Interdependência e Mudança nos Paradigmas do 
Estado e das Relações Internacionais. 
 
É a partir do século XX que as Relações Internacionais 
ganham espaço de forma definitiva dentro do contexto mundial, 
principalmente após o término da Segunda Grande Guerra. 
 
Com a nova ordem mundial que se formou desde então, 
surgiram Organismos Internacionais (ONU, OEA, CEPAL, etc.) , os quais 
proporcionaram e impuseram um estreitamento das relações entre os 
Estados membros, através de uma mundialização das relações, sobretudo 
do ponto de vista diplomático e comercial.O processo de descolonização, que deu origem a outros 
tantos países que passaram a fazer parte do contexto internacional, 
também é fator que contribuiu para a consolidação das Relações 
Internacionais como disciplina. 
 
Mas ainda havia o obstáculo da chamada Guerra Fria , 
advinda do pós-guerra, que através de seu rançoso binômio Capit alismo X 
Socialismo, dificultava em muito as Relações Internacionais entre os países 
pertencentes a cada bloco. 
 
Com a queda do Muro de Berlim (inimaginável durante 
muitos anos) e o surpreendente desmembramento da União Soviética, que 
culminou com a abertura e desmembramento também do Leste Europeu, 
sucedeu-se uma enorme guinada na ordem mundial. 
 
Com a afirmação do capitalismo e a mundialização das 
relações, as perspectivas passaram a ser vistas sob um prisma ainda mais 
global, sem barreiras ideológi cas, o que sem dúvida impulsionou o estudo 
das Relações Internacionais. 
 
Por todo o exposto, constata -se que a disciplina das 
Relações Internacionais está diretamente l igada à ordem mundial e à 
atualidade dos valores que envolvem o seu respectivo contexto . 
 
Em verdade, analisando a evolução histórica da disciplina 
desde os seus primórdios até os dias atuais, é possível dizer que as 
“Relações Internacionais podem ser entendidas, em sua vertente 
acadêmica, como o estudo sistemático da ordem mundial, isto é, das 
relações entre Estados e atores relevantes do sistema internacional, assim 
como das transformações desse sistema ao longo do tempo.” 
 
Os paradigmas interpretativos consistem nos modelos 
indicativos de interpretação dos distintos fluxos de interesse en tre os 
Estados. Em outras palavras, os paradigmas interpretativos das Relações 
Internacionais são modelos de interpretação que variam conforme a carga 
axiológica que carregam. É o modo pelo qual o cientista visualiza, analisa 
e compreende a ordem mundial, direcionado pelos valores que o modelo 
de interpretação util izado delimita. 
 
A doutrina, ao longo da evolução da disciplina, estabeleceu 
a existência de quatro paradigmas interpretativos das Relações 
Internacionais: o modelo idealista, o modelo realista, o modelo da 
dependência e o modelo da interdependência. 
 
O MODELO IDEALISTA foi formado no período havido 
entre a Primeira e Segunda Guerra Mundial. Sofreu em sua origem, fortes 
influências dos pensamentos de Jean -Jaques Rosseau, principalmente de 
sua clássica obra o Contrato Social , que pregava a existência de uma 
sociedade perfeita. O principal apoiador deste paradigma foi Woodrow 
Wilson, presidente dos Estados Unidos da América, reconhecidamente 
adepto do liberalismo. 
Este paradigma exerceu sua maior inf luência no cenário 
mundial com o advento da Liga das Nações, que tinha como objetivo maior 
a pacificação da ordem mundial, como reação moral e política aos horrores 
da Primeira Grande Guerra. Visava, na prática, evitar um novo conflito e 
tinha por escopo a definição da justiça como arcabouço das relações entre 
os Estados, centrando seus fundamentos nos valores na paz universal. 
Sua principal contribuição para a as Relações Internacionais 
foi o estabelecimento de certos princípios, inspirados em certas regr as 
éticas, os quais fizeram com que as Relações Internacionais passassem a 
ser mais abertas, transparentes e democráticas. Com o desencadeamento 
da Segunda Grande Guerra, o paradigma idealista acabou sendo posto de 
lado pela doutrina, em virtude do seu aparente fracasso em evitar o novo 
conflito bélico. 
 
O PARADIGMA REALISTA surge a partir da Segunda 
Guerra Mundial, apresentando-se como reação ao paradigma idealista. Suas 
origens são encontradas na obra de Nicolau Maquiavel, denominada "O 
príncipe" (1532), e na obra de Thomas Hobbes, denominada "O Leviatã" 
(1615). A partir do realismo político, as Relações Internacionais passaram 
a ser regidas pelo grau de poder de cada Estado. A política doméstica é 
tida como distinta da política internacional e o Estado é o único ator 
reconhecido. 
Nas Relações Internacionais, o que passa a imperar é um 
sistema anárquico, prevalecendo a força e o conflito na busca do poder. 
Os princípios morais e democráticos são aplicados apenas no âmbito da 
política interna. A paz somente é possível quando há o equil íbrio entre o 
poder e a força dos Estados oponentes. 
Como forma de crítica ao realismo político (realismo 
tradicional), que não se adequava perfeitamente ao panorama global que 
se formou após a Segunda Guerra, surgiu na década de sessenta o chamado 
neorrealismo (ramificação do paradigma do realismo), pelo qual se 
sustentava a busca da segurança como causa última da prática política no 
sistema internacional (argumento central desta nova visão do realismo 
consiste em destacar a l imitação da soberania e a paralela redução da 
insegurança decorrente dos compromissos institucionais. 
 
O PARADIGMA DA DEPENDÊNCIA, por sua vez, 
procura analisar as Relações Internacionais sob o ponto de vista 
econômico. Coloca-se em debate a questão do desenvolvimento dos países 
menos favorecidos economicamente e as desigualdades existentes entre o 
“centro” e a “periferia” mundial. Sua origem é encontrada na clássica obra 
Dependência e desenvolvimento na América Latina, elaborada em 1969 
por Fernando Henrique Cardoso e Enzo Faletto. 
O paradigma da dependência recebe ainda o aporte teórico 
da corrente marxista e da corrente estruturalista, procurando questionar 
respectivamente os problemas do imperialismo e a situação de 
marginalidade em que vivem certos Estad os. Para os adeptos deste 
paradigma, não só o Estado funciona como ator nas Relações 
Internacionais, mas também as organizações não governamentais, as 
organizações internacionais, as empresas transnacionais e os movimentos 
de l ibertação, entre outros. 
 
O MODELO DA INTERDEPENDÊNCIA, também 
conhecido como paradigma do transnacionalismo, do multicentrismo ou 
do pluralismo, surgiu no final dos anos sessenta juntamente como 
paradigma da dependência. Por este paradigma, não só dimensão 
econômica mundial é importante nas Relações Internacionais, mas também 
o desenvolvimento das tecnologias das comunicações em massa e o poder 
das empresas transnacionais (16). Com essa visão, afasta -se a ideia do 
paradigma realista, de que as Relações Internacionais são apenas 
representadas por conflitos, demonstrando-se que estas podem ser também 
cooperativas.

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