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Estrutura da placenta: No início do quarto mês, a placenta tem dois componentes: uma porção fetal, formada pelo cório frondoso, e uma porção materna, constituída pela decídua basal. Do lado fetal a placenta é limitada pela placa coriônica; em seu lado materno, tem como limite a decídua basal, da qual a placa decidual é incorporada mais intimamente à placenta. Na zona juncional, o trofoblasto e as células se misturam. Essa região, caracterizada pelas células gigantes deciduais e sinciciais, é rica em material extracelular amorfo. Nessa fase da gestação, a maioria das células citotrofoblásticas vilosas já degenerou. Entre as placas coriônica e decidual se encontram os espaços intervilosos, que são repletos de sangue materno. Eles derivam das lacunas no sinciciotrofoblasto e estão revestidos por ele. As árvores vilosas crescem para dentro dos espaços intervilosos de sangue. Durante o quarto e o quinto meses, a decídua forma numerosos septos deciduais, que se projeta para os espaços intervilosos, mas não alcançam a placa coriônica. Esses septos têm um eixo de tecido materno, mas sua superfície está coberta por uma camada de sinciciotrofoblasto, de modo que a camada sincicial sempre separará o sangue materno presente nos espaços intervilosos do tecido fetal da vilosidade. Como resultado dessa formação septal, a placenta se divide em vários compartimentos, ou cotilédones. Como os septos deciduais não alcançam a placa coriônica, o contato entre os vários cotilédones se mantém. Placenta Como resultado do crescimento contínuo do feto e da expansão do útero, a placenta também cresce. Seu aumento em área superficial acompanha aproximadamente o do útero em expansão e, ao longo de toda gravidez, ela cobre aproximadamente de 15 a 30% da superfície interna do útero. O aumento da placenta em espessura é resultado da arborização das vilosidades existentes e não é causado por penetração adicional nos tecidos maternos. Placenta a termo: A placenta a termo é discoide, com um diâmetro entre 15 e 25 cm, aproximadamente 3 cm de espessura e 500 a 600 g de peso. No nascimento, ela se desprende da parede uterina e, cerca de 30 minutos após o nascimento da criança, é expelida da cavidade uterina. Quando é vista do lado materno, são claramente reconhecíveis de 15 a 20 áreas levemente salientes, os cotilédones, recobertas por uma camada fina de decídua basal. As fossas entre os cotilédones são formadas pelos septos deciduais. A superfície fetal da placenta é completamente recoberta pela placa coriônica. Várias grandes artérias e veias, os vasos coriônicos, convergem para o cordão umbilical. O cório, por sua vez, é recoberto pelo âmnio. A ligação do cordão umbilical em geral é excêntrica e, ocasionalmente, é até mesmo marginal. Entretanto, raramente ele se insere nas membranas coriônicas fora da placenta (inserção velamentosa). Circulação da placenta: Os cotilédones recebem seu sangue por meio de 80 a 100 artérias espiraladas que penetram a placa decidual e entram nos espaços intervilosos mais ou menos regulares. A pressão nessas artérias força o sangue para dentro dos espaços intervilosos e banha as pequenas vilosidades da árvore vilosa com sangue oxigenado. Conforme a pressão diminui, o sangue flui de volta da placa coriônica para a decídua, entrando nas veias endometriais. Assim, o sangue dos espaços intervilosos retorna para a circulação materna pelas veias endometriais. Coletivamente, os espaços intervilosos de uma placenta madura contêm aproximadamente 150 ml de sangue, que são abastecidos cerca de 3 a 4 vezes por minuto. Esse sangue se move ao longo das vilosidades coriônicas, que têm uma áreas superficial entre 4 e 14 m² . Entretanto, a troca placentária não ocorre em todas as vilosidades, apenas nas que têm vasos fetais em contato íntimo com a cobertura de membrana sincicial. Nessas vilosidades, o sinciciotrofoblasto frequentemente tem uma borda em escova que consiste em numerosas microvilosidades, as quais aumentam muito a área superficial e, consequentemente, a taxa de troca entre as circulações materna e fetal. A membrana placentária, que separa o sangue materno fetal, inicialmente é composta por quatro camadas: (1) a camada endotelial de vasos fetais; (2) o tecido conjuntivo no eixo da vilosidade; (3) a camada citotrofoblástica; e (4) o sinciciotrofoblasto. Do quarto mês em diante, a membrana placentária torna-se mais fina porque a cobertura endotelial dos vasos fica em contato íntimo com a membrana sincicial, aumentando enormemente a taxa de troca. Algumas vezes chamada de barreira placentária, a membrana placentária não é uma barreira verdadeira, já que muitas substâncias passam por ela livremente. Como o sangue materno nos espaços intervilosos é separado do sangue fetal por um derivado coriônico, a placenta humana é considerada do tipo hemocorial. Normalmente, não há mistura entre os sangues materno e fetal; entretanto, uma pequena quantidade de células sanguíneas fetais ocasionalmente escapa por intermédio de defeitos microscópicos na membrana placentária. Função da placenta: As principais funções da placenta são: (1) troca de produtos metabólicos e gasosos entre as correntes sanguíneas materna e fetal; e (2) produção de hormônios. Troca de gases: A troca de ases – como oxigênio, dióxido de carbono e monóxido de carbono – é realizada por difusão simples. A termo, o feto extrai entre 20 e 30 ml de oxigênio por minuto da circulação materna, e mesmo uma interrupção breve do suprimento de oxigênio é fatal para o feto. O fluxo sanguíneo placentário é crítico para o fornecimento de oxigênio, já que a quantidade que chega ao feto depende principalmente da distribuição, e não da difusão. Troca de nutrientes: A troca de nutrientes e eletrólitos, como aminoácidos, ácidos graxos livres, carboidratos e vitaminas, é rápida e aumenta conforme a gravidez avança. Transmissão de anticorpos maternos: A competência imunológica começa a se desenvolver no final do primeiro trimestre, no momento qual o feto sintetiza todos os componentes do complemento. As imunoglobulinas consiste, quase completamente em imunoglobulina G materna (IgG), que começa a ser transportada da mão para o feto aproximadamente na décima quarta semana. Desse modo, o feto adquire imunidade passiva contra várias doenças infecciosas. Os recém-nascidos começam a produzir sua própria IgG, mas níveis adultos não são alcançados antes dos 3 anos de idade. Produção hormonal: No final do quarto mês, a placenta produz progesterona suficiente para manter a gravidez se o corpo lúteo for removido ou não conseguir funcionar adequadamente. Todos os hormônios são sintetizados no trofoblasto sincicial. Além da progesterona, a placenta produz quantidades crescentes de hormônios estrogênicos, predominantemente o estriol, até um pouco antes do final da gravidez, quando se alcança o nível máximo. Esses altos níveis de estrógenos estimulam o crescimento uterino e o desenvolvimento das glândulas mamárias. Durante os primeiros 2 meses de gravidez, o sinciciotrofoblasto também produz gonadotrofina coriônica humana (hCG), que mantém o corpo lúteo. Esse hormônio é excretado pela urina da mãe e, nos estágios iniciais da gestação, sua presença é utilizada como um indicador da gravidez. Outro hormônio produzido pela placenta é a somatomamotrofina (anteriormente é chamado de lactogênio placentário). Trata-se de uma substância semelhante ao hormônio do crescimento que dá ao feto prioridade sobre a glicose sanguínea materna e torna a mãe diabetogênica até certo grau. Ele também promove o desenvolvimento mamário para a produção de leite. Âmnio e Cordão Umbilical: A linha oval de reflexão entre o âmnio e o ectoderma embrionário (junção âmnio-ectodérmica) é o anel umbilical primitivo. Na quinta semanado desenvolvimento, as seguintes estruturas passam pelo anel (1) o pedúnculo embrionário, contendo o alantoide e os vasos umbilicais, que consistem em duas artérias e uma veia; (2) o pedúnculo vitelino (ducto vitelino), acompanhado dos vasos vitelinos; e (3) o canal que conecta as cavidades intraembrionária e extraembrionária. A própria vesícula vitelínica ocupa um espaço na cavidade coriônica, ou seja, o espaço entre o âmnio e a placa coriônica. Com a progressão do desenvolvimento, a cavidade amniótica aumenta rapidamente à custa da cavidade coriônica e o âmnio começa a envolver os pedúnculos embrionários e da vesícula vitelínica, comprimindo-os e dano origem ao cordão umbilical primitivo. Distalmente, o cordão contém o pedúnculo da vesícula vitelínica e os vasos umbilicais; mais proximalmente, ele contém algumas alças intestinais e o remanescente do alantoide. A vesícula vitelínica, encontrada na cavidade coriônica, está conectada ao cordão umbilical por seu pedúnculo. No final do terceiro mês, o âmnio se expande de tal modo que entra em contato com o cório, obliterando a cavidade coriônica. A vesícula vitelínica geralmente regride e é gradualmente obliterada. A cavidade abdominal fetal é temporariamente muito pequena para as alças intestinais, que se desenvolvem rapidamente, e algumas delas são empurradas para o espaço extraembrionário no cordão umbilical. Essas alças intestinais expulsas formam a hérnia umbilical fisiológica. Ao final do terceiro mês, as alças são de novo incorporadas ao corpo do embrião, e a cavidade do cordão é obliterada. Quando o alantoide e o ducto vitelino com seus vasos também são obliterados, tudo o que permanece no cordão são os vasos umbilicais cercados pela geleia de Wharton. Esse tecido, que é rico em proteoglicanos, funciona como uma camada protetora para os vasos sanguíneos. A parede das artérias é muscular e contém muitas fibras elásticas, as quais contribuem para que a constrição e a contração dos vasos umbilicais sejam rápidas após uma dobra no cordão. Modificações placentárias no final da gestação: No final da gravidez, várias alterações placentárias indicam redução nas trocas entre a circulação materna e a fetal, dentre as quais: (1) aumento de tecido fibroso no eixo da vilosidade; (2) espessamento das membranas basais nos capilares fetais; (3) alterações que obliteram os pequenos capilares das vilosidades; e (4) deposição de fibrinoide na superfície da vilosidade na zona juncional e na placa coriônica. A formação excessiva de fibrinoide frequentemente causa infarto nos espaços intervilosos ou, algumas vezes, até mesmo em um cotilédone inteiro que, então, adota uma aparência esbranquiçada. Líquido amniótico: A cavidade amniótica é preenchida por um líquido claro que é produzido em parte pelas células amnióticas, mas é derivado principalmente do sangue materno. O volume líquido aumenta de aproximadamente 30 ml em 10 semanas de gestação para 450 ml em 20 semanas, e de 800 para 1000 ml em 37 semanas. Durante os meses iniciais da gravidez, o embrião fica suspenso pelo cordão umbilical no líquido, que funciona como amortecedor protetor. O líquido absorve solavancos, evita a adesão do embrião ao âmnio e possibilita os movimentos fetais. O volume de líquido amniótico é reposto a casa 3 horas. A partir do inicio do quinto mês, o feto engole seu próprio líquido amniótico e estima-se que ingira cerca de 400 ml por dia, quase metade do volume total. A urina fetal soma-se diariamente ao líquido amniótico no quinto mês, mas ela é composta principalmente por água, já que a placenta funciona como meio de troca para as escórias metabólicas. Durante o parto, a membrana amniocoriônica forma uma cunha hidrostática que ajuda a dilatar o canal cervical.
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