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06 ESTATUTO DO DESARMAMENTO

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Manual Caseiro 
 
Direito Administrativo – De 
na Súmula!!! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESTATUTO DO 
DESARMAMENTO 
Lei nº 10.826/03 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Ed. 2020 
 
 
 
 
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Manual Caseiro 
 
Direito Administrativo – De 
na Súmula!!! 
 
 
Manual Caseiro 
Instagram: @manualcaseiro 
E-mail: manualcaseir@outlook.com 
Site: www.meumanualcaseiro.com.br 
Estatuto do Desarmamento – Lei nº 10.826/03 
 
ESTATUTO DO DESARMAMENTO 
Lei nº 10.826/03 
 
 
 
 
Prezado aluno, passaremos nesse momento ao estudo sobre o Estatuto do Desarmamento (Lei nº 
10.826/03). O presente material tem por objetivo reunir todas as informações que o candidato precisa para 
resolver questões dos certames públicos. Dessa forma, nosso material trouxe uma abordagem doutrinária 
sobre o tema objeto de estudo, a legislação (lei seca), questões já cobradas em concurso público pelas diversas 
bancas, e, por fim, os informativos. 
O Estatuto do Desarmamento (Lei nº 10.826/03) foi recentemente alterado pelo Pacote Anticrime. 
Desse modo, reforçamos ao leitor a importância do estudo atencioso sobre essas novidades legislativas. Os 
arts. 16, 17, 18, 20 e 34-A do Estatuto do Desarmamento foram objeto de modificações com o advento da 
Lei n. 13.964/2009, entre elas podemos apontar: 
• Previsão de nova forma qualificada para o crime do art. 16; 
• Alteração do quantum da pena do art. 17, além da criação de uma figura equiparada; 
• Alteração do quantum da pena do art. 18, além da criação de uma figura equiparada; 
• Previsão de nova causa de aumento de pena ao teor do art. 20, antes inexistente. 
• E por fim, consagra novo dispositivo legal – o art. 34-A (Criação do banco nacional de perfis balísticos). 
 
Bons estudos, #Tmjuntos! 
 
 
 
 
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Manual Caseiro 
 
Direito Administrativo – De 
na Súmula!!! 
 
 
1. Evolução histórica 
Atualmente, as condutas de porte ilegal, posse irregular, comércio ilegal e o tráfico internacional de 
arma estão regulamentadas pelo Estatuto do Desarmamento, a Lei de nº 10.826/2006. Contudo, a tipificação 
dessas condutas nem sempre estiverem presentes na referida legislação. 
Nesse sentido, faz-se necessário uma análise breve da evolução legislativa. 
 
a) Lei das Contravenções Penais 
 
O primeiro diploma legal a tratar da matéria foi a LEI DE CONTRAVENÇÕES PENAIS em seu 
art. 19, tipificando o Porte Ilegal de Armas. O referido diploma legal foi parcialmente revogado em relação 
as armas de fogo, contudo, aplica-se para as chamadas “armas brancas”. 
O art. 19, §2º, letra C, da Lei das Contravenções Penais ainda continua em vigor somente em relação 
às armas brancas e as de arremesso ou munição e em relação ao inexperiente que se apodera da arma. 
à O porte ilegal de arma de fogo foi, por muito tempo, considerado somente contravenção penal, 
prevista no art. 19 da Lei das Contravenções Penais. 
 
b) Lei das Armas de Fogo (Lei nº 9.437/1997) 
 
Em sequência em 1997, temos a Lei de Armas de Fogo. Com a referida legislação o porte ilegal de 
arma de fogo deixou de ser contravenção penal e passou a configurar crime. 
Desse modo, temos que até 1997, as condutas envolvendo armas de fogo eram apenas contravenção 
penal previstas na lei das contravenções penais (DL 3688). Em 1997, por sua vez, surgiu a Lei nº 9.437. Essa 
lei foi denominada de lei das armas de fogo. 
àAssim, as condutas envolvendo armas de fogo deixaram de ser contravenção e passaram a ser 
crime. Todos os crimes estavam concentrados no art. 10 dessa lei. 
 
c) Estatuto do Desarmamento (Lei nº 10.826/2003) 
 
Em sequência surge a Lei de nº 10.826/2003, o nosso atual Estatuto do Desarmamento. 
àEssa lei também manteve as condutas envolvendo armas de fogo como crimes, além de prever 
várias outras providências, como a restrição à venda, registro e autorização para o porte de arma de fogo, a 
tipificação dos crimes de posse e porte de munição, tráfico internacional de armas de fogo, dentre outras. 
 
 
 
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Manual Caseiro 
 
Direito Administrativo – De 
na Súmula!!! 
 
 
As condutas consideras crimes encontram-se concentradas entre os arts. 12 a 18 da legislação ora 
em estudo. 
Vamos Esquematizar? 
Lei das Contravenções Lei das Armas de Fogo Estatuto do Desarmamento 
O porte ilegal de arma de fogo 
era considerado somente 
contravenção penal, prevista no 
art. 19 da Lei das Contravenções 
Penais. 
As condutas envolvendo armas 
de fogo deixaram de ser 
contravenção e passaram a ser 
crime. Todos os crimes estavam 
concentrados no art. 10 dessa lei. 
Manteve as condutas envolvendo 
armas de fogo como crimes, 
além de prever várias outras 
providências, como a restrição à 
venda, registro e autorização 
para o porte de arma de fogo, a 
tipificação dos crimes de posse e 
porte de munição, tráfico 
internacional de armas de fogo, 
dentre outras. 
 
Desse modo, temos que até 1997 o porte ilegal de arma de fogo era mera contravenção penal, (Art. 
19 da Lei de Contravenção Penal), enquanto a posse ilegal de arma de fogo era fato atípico. 
• Até 1997: Porte ilegal de arma de fogo: mera contravenção; 
• Até 1997: Posse ilegal de arma de fogo: era fato atípico. 
Com o aumento alargado da criminalidade no país, entra em vigor a Lei 9.437/97, Lei das Armas de 
Fogo, e além desta houve a tipificação do porte ilegal de arma de fogo agora considerado crime, bem como 
a posse ilegal que era fato atípico também foi criminalizada. 
• Lei 9.437/97: Porte ilegal de arma de fogo deixa de ser contravenção penal e passa a ser 
considerada crime. 
• Lei 9.437/97: Posse ilegal deixa de ser fato atípico e se torna crime. 
 
2. Decretos Regulamentadores 
 
Os Decretos 3.665/00 e 5.123/04 que regulamentavam questões acerca do Estatuto do Desarmamento, 
ambos foram revogados e atualmente entram em vigor o Decreto nº 10.030/19, 9.845/19 e 9.847/19. 
Destaca-se aqui que no Decreto 9.845/19 foram estabelecidos novos parâmetros para os conceitos de 
arma de fogo de uso permitido e uso proibido, a força cinética do projetil ao sair do cano da arma se tornou 
fundamental para tal classificação, portanto, a arma de fogo será considerada de uso permitido se o projetil 
tiver força cinética menor que 1620 Joules, enquanto que de uso proibido se maior que 1620 Joules. Vejamos: 
 
 
 
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Manual Caseiro 
 
Direito Administrativo – De 
na Súmula!!! 
 
 
Art. 2º Para fins do disposto neste Decreto, considera-se: 
 
I - arma de fogo de uso permitido - as armas de fogo semiautomáticas ou de repetição que sejam: 
a) de porte, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, não atinja, na saída do cano de 
prova, energia cinética superior a mil e duzentas líbras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; 
 b) portáteis de alma lisa; ou 
c) portáteis de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, não atinja, na 
saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas líbras-pé ou mil seiscentos e vinte 
joules; 
 
II - arma de fogo de uso restrito - as armas de fogo automáticas, semiautomáticas ou de repetição que 
sejam: 
 a) não portáteis; 
b) de porte, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, atinja, na saída do cano de prova, 
energia cinética superior a mil e duzentas líbras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; ou 
 c) portáteis de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, atinja, na saí da 
do cano de prova, energia ciné tica superior a mil e duzentas líbras-pé ou mil seiscentos e vinte joules. 
 
Praticamente todas as armas de longas, irão ser de calibre restrito, tendo em vista que possivelmente 
terão mais de mil seiscentos e vinte Joulesde energia cinética, em virtude do tamanho de seu cano, ou seja, 
quanto maior, mais força ganhará o projétil nesse percurso. 
A Portaria do Comando do Exército 1.222 de 12/08/2019 se encarrega de trazer os calibres permitidos 
e restritos. 
 
3. Natureza dos Delitos 
 
De acordo com jurisprudências do STJ e STF, todos os crimes do estatuto do desarmamento são 
crimes de perigo abstrato ou presumido. 
 
Candidato, o que se entende Crime de Perigo Presumido ou Abstrato? 
Excelência, é aquele em que o perigo já é considerado pela lei (de maneira presumida) pela simples 
prática da conduta típica, o tipo penal se limita a descrever a conduta, sem qualquer referência a resultado 
naturalístico, ou seja, há um crime mesmo que não haja perigo concreto ou perigo real. 
Exemplo. Indivíduo portando caixa de munição sem arma no carro, é crime? Sim! Embora aquela 
munição não esteja causando situação real de perigo, tendo em vista que esta desacompanhada da arma. 
 
 
 
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Manual Caseiro 
 
Direito Administrativo – De 
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A doutrina moderna (Luiz Flávio Gomes, Damásio, Bittencourt), mencionam que esses crimes de 
perigo abstrato são inconstitucionais. No entanto os crimes de perigo abstrato são constitucionais desde que, 
estejam tipificando comportamentos comprovadamente perigosos de acordo com as regras de experiência. 
Exemplo. Dirigir automóvel embriagado e portar arma de fogo sem registro, sem autorização. Ambos 
são comportamentos comprovadamente perigosos, colocando em risco segurança e saúde das pessoas. 
O STJ E STF afirmam que se o comportamento é comprovadamente perigoso, o legislador tem a 
discricionariedade política de antecipar a tutela penal e punir a simples conduta perigosa antes que ela se 
transforme em dano. Assim o legislador tem a discricionariedade de punir o simples fato de as pessoas 
estarem dirigindo alcoolizadas antes que elas cometam um homicídio de trânsito. 
Diante do exposto, temos que prevalece no STF e no STJ que os crimes do Estatuto do 
Desarmamento são crimes de perigo abstrato. Ou seja, a lesão ao bem jurídico já está presumida na lei. 
Não é necessário comprovar que a conduta gerou algum perigo real, concreto, porque o perigo já está 
presumido na lei. 
 
4. Bem jurídico protegido 
Em geral, a doutrina considera que o Estatuto do Desarmamento busca a proteção da incolumidade 
pública, como bem jurídico. 
Contudo, para o prof. Damásio, a objetividade jurídica dos delitos previstos no Estatuto do 
Desarmamento é múltipla, havendo pois um objeto jurídico principal e imediato, que é a incolumidade 
pública, mas também, a objetividade jurídica mediata e secundária, que busca a proteção da vida, a 
incolumidade física e a saúde dos cidadãos. 
Por fim, Nucci considera que teríamos a proteção de dois bem jurídicos: segurança pública e saúde 
pública. 
 E qual o entendimento do STF e/ou STJ? 
 
 Imediato/ Principal - Incolumidade Pública, 
Segurança Pública. 
STF/ STJ 
 Mediatos/ Secundários Patrimônio – Liberdade, 
Vida, Integridade Física, etc. 
 
 
 
 
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Direito Administrativo – De 
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Os Tribunais Superiores – STF E STJ reconhecem que o bem jurídico principal é a incolumidade 
pública, mas o estatuto do desarmamento protege também reflexivamente os outros bens jurídicos. 
Diante do exposto, temos que o objeto jurídico tutelado é a segurança pública e a incolumidade 
pública, que são interesses vinculados a um corpo social, tendo a coletividade como titular, e, não, a uma 
pessoa isolada ou grupo isolado de pessoas. Portanto, é CRIME VAGO (aquele em que o sujeito passivo é 
uma coletividade sem personalidade jurídica, ou seja, uma comunidade inteira e não apenas uma pessoa). 
 
5. Conceito técnico de Arma de fogo, Acessório e Munição 
 
 
a) Arma de Fogo: arma que arremessa projéteis empregando a força expansiva dos gases gerados pela 
combustão de um propelente confinado em uma câmara que, normalmente, está solidária a um cano que 
tem a função de propiciar continuidade à combustão do propelente, além de direção e estabilidade ao 
projétil. 
Obs.1: Se o artefato não é apto a produzir o referido efeito, não será considerada arma de fogo. 
 
b) Acessório: artefato que, acoplado a uma arma, possibilita a melhoria do desempenho do atirador, a 
modificação de um efeito secundário do tiro ou a modificação do aspecto visual da arma. (Ex. silenciador 
altera o efeito secundário do tipo – altera o som/ bandoleira de arma). 
 
c) Munição: artefato completo, pronto para carregamento e disparo de uma arma, cujo efeito desejado pode 
ser: destruição, iluminação ou ocultamento do alvo; efeito moral sobre pessoal; exercício; manejo; outros 
efeitos especiais. 
 
6. Registro e Porte de Arma de Fogo 
a) Aquisição da Arma 
 
 
 
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Manual Caseiro 
 
Direito Administrativo – De 
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Trata-se do ato da compra da arma. Uma vez interessado (a) em adquirir a arma, qual o 
procedimento a ser feito? A pessoa interessada na aquisição da arma de fogo deve ser maior de 25 anos de 
idade (art. 28, Estatuto do Desarmamento), SALVO nas hipóteses indicadas nos incs. I, II, II, V, VI, VII e X 
do art. 6º. 
 
Regra Exceção (não precisa ter mais de 25 anos de idade). 
Deve ser mais 
de 25 anos. 
I – os integrantes das Forças Armadas; 
II – os integrantes de órgãos referidos nos incisos do caput do art. 144 da 
Constituição Federal; 
III – os integrantes das guardas municipais das capitais dos Estados e dos 
Municípios com mais de 500.000 (quinhentos mil) habitantes; 
ATENÇÃO: para as capitais de Estados não importa a quantidade de 
habitantes, mas, para os Municípios, é necessário número de habitantes 
previamente descrito em lei. 
 
V – os agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteligência e os agentes 
do Departamento de Segurança do Gabinete de Segurança Institucional da 
Presidência da República; 
VII – os integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas prisionais, os 
integrantes das escoltas de presos e as guardas portuárias; 
X - integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita Federal do Brasil e de 
Auditoria-Fiscal do Trabalho, cargos de Auditor-Fiscal e Analista Tributário. 
 
Além da idade mínima, para adquirir a arma de fogo é preciso atender a determinados requisitos 
estipulados no Estatuto do Desarmamento, tais como: 
• Comprovação da idoneidade; 
• Ocupação lícita e residência; 
• Capacidade para manuseio da arma, art. 
Vejamos o teor do art. 4º do Estatuto: 
Art. 4º Para adquirir arma de fogo de uso permitido o interessado deverá, além de declarar a efetiva necessidade, 
atender os seguintes requisitos: 
I – comprovação de idoneidade, com apresentação de certidões negativas de antecedentes criminais fornecidas 
pela Justiça Federal, Estadual, Miliar e Eleitoral e de não estar respondendo a inquérito policial ou a processo 
criminal, que poderão ser fornecidas por meios eletrônicos; 
II – apresentação de documento comprobatório de ocupação lícita e de residência certa; 
III – comprovação de capacidade técnica e de aptidão psicológica para o manuseio de arma de fogo, atestadas 
na forma disposta no regulamento desta Lei. 
 
 
 
 
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Manual Caseiro 
 
Direito Administrativo – De 
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Se presentes os requisitos legais, o SINARM emitirá autorização para compra da arma de fogo, em 
nome do postulante e exclusivamente para a arma indicada. Por sua vez, a compra de munição somente 
poderá ser feita no calibre correspondente à arma adquirida (art. 4°, § 2°). 
Requerimento ao SINARM →Autoriza →Adquiri →realiza o REGISRO. 
 
b) Registro da arma de fogo 
 
Após o ato de aquisição da arma de fogo, o interessado deverá proceder com o registro. Nesse 
contexto, indaga-se: qual será o órgão competente para realizar o registro?DEPENDE. Vejamos: 
a) arma de fogo de uso permitido: será registrada na Polícia Federal, após a anuência do SINARM, 
com validade em todo o território nacional; 
b) arma de fogo de uso restrito: será registrada no Comando do Exército (art. 27 do Estatuto do 
Desarmamento). 
O registro autorizará o proprietário a manter a arma de fogo no interior de sua residência ou 
dependência desta, exclusivamente, ou ainda em seu local de trabalho, desde que seja ele o titular ou 
responsável legal do estabelecimento ou empresa. 
O registro da arma legítima o individuo a possuir a arma, mas não a portar. Dessa forma, possuindo 
apenas o registro o sujeito não poderá sair pelas ruas com a arma. 
Deverá: 
• manter no interior de sua residência ou dependência desta; 
• manter em seu local de trabalho, desde que seja o titular ou responsável. 
 
c) Autorização para o Porte 
 
Conforme estudado acima, percebemos que apenas o registro não autoriza o porte. Nessa linha, para 
trazer consigo a arma de fogo em via pública ou locais distintos, será necessária a autorização para o porte 
(artigo 6° e seguintes). 
Nesse contexto indaga-se, qual o procedimento para conseguir esse porte? 
No Ordenamento Jurídico Brasileiro, em regra, é vedado (proibido) em todo o território nacional 
(art. 6°). Contudo, excepcionalmente, a legislação a autorização para o porte poderá ser concedida em 
algumas hipóteses, seja em caso da função do sujeito (art. 6°), seja em decorrência da obtenção de 
 
 
 
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Manual Caseiro 
 
Direito Administrativo – De 
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autorização junto à Polícia Federal, após a anuência do SINARM, desde que preenchidos os requisitos 
legais (art. 10). 
Art. 6º É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional, salvo para os casos previstos em 
legislação própria (...). 
 
 Desse modo, temos que a autorização para o porte de arma de fogo de uso permitido, em todo 
território nacional, é de competência da Polícia Federal e somente será concedida após autorização do 
Sinarm (Renato Brasileiro de Lima, Legislação Criminal Especial Comentada, 2020). 
 
 Porte Funcional x Servidor Aposentado 
Candidato, o servidor aposentado tem direito ao porte funcional? 
O porte de arma de fogo a que têm direito os policiais civis não se estende aos policiais aposentados. 
Isso porque, de acordo com o art. 33 do Decreto 5.123/2004, que regulamentou o art. 6º da Lei 10.826/2003, 
o porte de arma de fogo está condicionado ao efetivo exercício das funções institucionais por parte dos 
policiais, motivo pelo qual não se estende aos aposentados. 
STJ. 5ª Turma. HC 267058-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 4/12/2014 (Info 554). 
ATENÇÃO: o tema acima mudou com a edição do novo regulamento do Estatuto do Desarmamento. 
O Decreto nº 9.847/2019 permite que os integrantes das policiais, guardas municipais, ABIN etc. 
continuem a ter o porte de arma mesmo depois de aposentados. 
Deve-se fazer, contudo, uma explicação. 
O policial, guarda municipal etc, quando se aposenta, perde direito ao porte de arma que tinha quando 
era da ativa. Isso porque o porte como policial da ativa está condicionado ao efetivo exercício das funções 
institucionais. Logo, a se aposentar ele perde automaticamente o porte e terá que devolver a arma da 
corporação. 
No entanto, o art. 30 do Decreto nº 9.847/2019 permite que o aposentado conserve a autorização 
de porte de porte de arma de fogo de sua propriedade (arma de fogo particular — a funcional deve ser 
devolvida), desde que cumpridos alguns requisitos, como se submeter a testes de avaliação psicológica, 
realizados de 10 em 10 anos. 
 
Fonte: CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Policiais civis aposentados não têm porte de arma. Buscador Dizer o Direito, 
Manaus. Disponível em: 
 
 
 
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Manual Caseiro 
 
Direito Administrativo – De 
na Súmula!!! 
 
 
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/be53ee61104935234b174e62a07e53cf>. Acesso em: 
14/05/2020. 
 
d) Ausência do registro ou autorização para o porte e adequação típica 
 
Candidato, qual é a consequência jurídica da ausência do registro ou autorização? Aquele que não 
tem registro pratica crime? E aquele que não tem a autorização pratica fato típico? 
A falta do registro de uma arma de uso permitido leva ao crime do art. 12 (Posse ilegal de arma de fogo). 
Por outro lado, quando a arma é de uso permitido, mas o agente não tem a autorização para o porte, ele 
comete o crime de porte ilegal de arma de fogo (art. 14). 
Por fim, quando a arma de fogo é de uso restrito, mas o agente não tem a autorização para o porte ou o 
registro, ele comete o crime do artigo 16 do Estatuto. 
Vamos Esquematizar? 
 
Arma permitida – 
ausência do registro 
Caracteriza o crime de Posse ilegal de arma de fogo - 
art. 12 do Estatuto do Desarmamento. 
Arma permitida – 
ausência de autorização para o porte 
Caracteriza o crime de Porte ilegal de arma de fogo – 
art. 14 do Estatuto do Desarmamento. 
Arma de uso restrito – 
registro ou porte 
Caracteriza o crime do art. 16 do Estatuto do 
Desarmamento. 
 
 
STJ: “É típica e antijurídica a conduta de policial civil que, mesmo autorizado a portar ou 
possuir arma de fogo, não observa as imposições legais previstas no Estatuto do 
Desarmamento, que impõem registro das armas no órgão competente” (STJ: RHC 
70.141/RJ, rel. Min. Rogério Schietti Cruz, 6ª Turma, j. 07.02.2017, noticiado no 
Informativo 587). 
 
Lei 13.870/2019: a autorização para posse de arma de fogo abrange toda a extensão do imóvel rural (e 
não apenas a sede da propriedade) 
 
A lei nº 13.870/2019 altera a Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003, para determinar que, em 
área rural, para fins de posse de arma de fogo, considera-se residência ou domicílio toda a extensão do 
respectivo imóvel. 
Vejamos: 
 
 
 
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Manual Caseiro 
 
Direito Administrativo – De 
na Súmula!!! 
 
 
LEI Nº 13.870, DE 17 DE SETEMBRO DE 2019 
 
Altera a Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003, para 
determinar que, em área rural, para fins de posse de arma 
de fogo, considera-se residência ou domicílio toda a 
extensão do respectivo imóvel. 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte 
Lei: 
Art. 1o O art. 5º da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003, passa a vigorar acrescido do seguinte § 5º: 
“Art. 5º ..................................................................................................................... 
................................................................................................................................... 
§ 5º Aos residentes em área rural, para os fins do disposto no caput deste artigo, considera-se residência ou 
domicílio toda a extensão do respectivo imóvel rural.” (NR) 
Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. 
Brasília, 17 de setembro de 2019; 198o da Independência e 131o da República. 
Vamos compreender o que mudou com a alteração proposta pela Lei n° 13.870/2019. 
 
• Requisitos para aquisição de arma de fogo 
O Estatuto do Desarmamento (Lei nº 10.826/2003) prevê, em seu art. 4º, uma série de requisitos para 
que a pessoa possa adquirir uma arma de fogo de uso permitido: 
 
Art. 4º Para adquirir arma de fogo de uso permitido o interessado deverá, além de declarar a efetiva necessidade, 
atender aos seguintes requisitos: 
I - comprovação de idoneidade, com a apresentação de certidões negativas de antecedentes criminais fornecidas 
pela Justiça Federal, Estadual, Militar e Eleitoral e de não estar respondendo a inquérito policial ou a processo 
criminal, que poderão ser fornecidas por meios eletrônicos; 
II – apresentação de documento comprobatório de ocupação lícita e de residência certa; 
III – comprovação de capacidade técnica e de aptidão psicológica para o manuseiode arma de fogo, atestadas 
na forma disposta no regulamento desta Lei. 
 
• Certificado de Registro de Arma de Fogo 
 
Depois de cumpridos os requisitos legais e expedida a autorização de compra de arma de fogo pelo 
SINARM, o interessado deverá requerer da Polícia Federal o certificado de registro de arma de fogo. 
 
 
 
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Esse certificado conferirá ao titular da arma de fogo o direito de possuí-la no interior de sua residência 
ou domicílio, ou dependência desses, ou, ainda, no local de trabalho, desde que seja ele o titular ou o 
responsável legal pelo estabelecimento. Veja o que diz o caput do art. 5º: 
 
Art. 5º O certificado de Registro de Arma de Fogo, com validade em todo o território nacional, autoriza o seu 
proprietário a manter a arma de fogo exclusivamente no interior de sua residência ou domicílio, ou dependência 
desses, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja ele o titular ou o responsável legal pelo 
estabelecimento ou empresa. 
§ 1º O certificado de registro de arma de fogo será expedido pela Polícia Federal e será precedido de autorização 
do Sinarm. 
(...) 
 
• Posse x porte de arma de fogo 
Vale aqui relembrar a diferença entre posse e porte de arma de fogo. 
 
POSSE PORTE 
Se o indivíduo tem direito à posse, 
significa que ele está autorizado a manter 
a arma de fogo exclusivamente no 
• interior de sua residência ou domicílio; 
ou 
• no seu local de trabalho (desde que seja 
ele o titular ou o responsável legal pelo 
estabelecimento ou empresa). 
Se o indivíduo tem direito ao porte, 
significa que ele está autorizado a carregar 
consigo a arma de fogo mesmo em outros 
ambientes que não sejam a sua residência 
ou trabalho. 
A autorização para posse é concedida por 
meio de certificado expedido pela Polícia 
Federal, precedido de cadastro no Sinarm. 
A autorização para o porte de arma de 
fogo de uso permitido é de competência da 
Polícia Federal e somente será concedida 
após autorização do Sinarm. 
É necessário que o interessado cumpra os 
requisitos previstos no art. 4º da Lei nº 
10.826/2003. 
É necessário que o interessado cumpra os 
requisitos previstos no art. 10, § 1º, da Lei 
nº 10.826/2003. 
O titular deste direito recebe um 
documento chamado “certificado de 
registro de arma de fogo”. 
O titular deste direito recebe um 
documento chamado “porte de arma de 
fogo”. 
O indivíduo que possui ou mantém arma 
de fogo, acessório ou munição (de uso 
permitido) em sua residência ou trabalho, 
sem que tivesse autorização para isso (sem 
que tivesse certificado da Polícia Federal), 
comete o crime de posse irregular de arma 
de fogo (art. 12 da Lei nº 10.826/2003). 
O indivíduo que é encontrado com arma 
de fogo, acessório ou munição (de uso 
permitido) fora de sua residência ou local 
de trabalho sem que tivesse autorização 
para isso (sem que tivesse porte de arma), 
comete o crime de porte ilegal de arma de 
fogo (art. 14 da Lei nº 10.826/2003). 
 
 
• Posse de arma de fogo para indivíduo que mora em zona rural (NOVIDADE LEGISLATIVA) 
 
 
 
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É comum que a Polícia Federal conceda certificado de registro de arma de fogo para pessoas que 
moram em zona rural, tendo em vista que geralmente atendem aos requisitos do art. 4º da Lei nº 10.826/2003. 
Assim, essas pessoas ficam autorizadas a possuir arma de fogo em suas residências ou locais de 
trabalho. 
Ocorre que a estrutura do imóvel rural é diferente dos imóveis urbanos. Isso porque no imóvel rural 
é comum haver um local onde a família efetivamente mora, ou seja, onde dorme, faz as refeições, onde é o 
banheiro etc. Esse local é a casa, que é conhecida como “sede da propriedade”/ “sede da fazenda”. No 
entanto, essa casa (sede da propriedade) é o menor local do terreno, existindo uma vasta área ao redor, onde 
os ocupantes do imóvel desenvolvem as atividades rurais, como plantações, criação de gado, de porcos, aves 
etc. 
Assim, a estrutura do imóvel rural é composta pela sede da fazenda e pelo terreno, sendo este último 
a maior extensão territorial. 
O art. 5º da Lei nº 10.826/2003 afirma que o titular do certificado de Registro de Arma de Fogo tem 
o direito de manter a sua arma de fogo “exclusivamente no interior de sua residência ou domicílio, ou 
dependência desses, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja ele o titular ou o responsável legal 
pelo estabelecimento ou empresa.” 
Para mim, não havia dúvidas de que uma interpretação teleológica permitia que concluíssemos que 
a autorização conferida pelo art. 5º abrangia tanto a sede da fazenda como o restante do terreno. No entanto, 
o legislador entendeu que seria mais adequado e seguro que essa interpretação ficasse expressamente 
consignada na Lei e, portanto, inseriu um parágrafo ao art. 5º com essa informação. 
Confira: 
 
Art. 5º (...) 
§ 5º Aos residentes em área rural, para os fins do disposto no caput deste artigo, considera-se residência 
ou domicílio toda a extensão do respectivo imóvel rural. (Incluído pela Lei nº 13.870/2019) 
 
Ex: João possui uma fazenda de 2 mil hectares onde cria 10 mil cabeças de gado. Ele possui um certificado 
de registro de arma de fogo. Isso significa que ele pode ficar com sua espingarda dentro da casa onde mora 
com a família (sede da fazenda) e também pode andar com ela por toda a extensão dos 2 mil hectares de sua 
fazenda. 
 
Fonte: https://www.dizerodireito.com.br/2019/09/lei-138702019-autorizacao-para-posse-de.html | 
Comentado por Márcio André Lopes (Dizer o Direito). 
 
 
 
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Antecipação da Tutela Penal – “crimes de obstáculo” 
O Estatuto do Desarmamento prevê tipos penais preventivos. Tipos preventivos são aqueles que criam 
os chamados crimes obstáculo, ou seja, aqueles em que o legislador antecipa a tutela penal, incriminado um 
ato preparatório de forma autônoma. 
 
 
HABEAS CORPUS. PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO COM NUMERAÇÃO 
RASPADA. ARMA DESMUNICIADA. CRIME DE PERIGO ABSTRATO. REGIME 
INICIAL DE CUMPRIMENTO DA PENA. FIXAÇÃO DO REGIME MAIS GRAVOSO 
UNICAMENTE EM RAZÃO DA GRAVIDADE ABSTRATA DO DELITO. 
REINCIDÊNCIA. SÚMULAS 269 E 440/STJ E 718 E 719/STF. PARECER ACOLHIDO. 
1. É irrelevante aferir a eficácia da arma para a configuração do tipo penal estabelecido no 
art. 16, parágrafo único, IV, da Lei n. 10.826/2003, pois a lei visa proteger a incolumidade 
pública, transcendendo a mera proteção à incolumidade pessoal. Para tanto, basta a 
probabilidade de dano, e não a sua efetiva ocorrência. Trata-se de delito de perigo abstrato, 
que tem como objeto jurídico imediato a segurança pública e a paz social, assim, para a 
configuração do crime, é suficiente o simples porte de arma desmuniciada. Precedente da 
Sexta Turma. 
2. De acordo com as Súmulas 440/STJ e 718 e 719/STF, a imposição de regime prisional 
mais severo do que o quantum da pena autoriza requer motivação idônea. 
3. É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados à pena 
igual ou inferior a 4 anos se favoráveis, como no caso, as circunstâncias judiciais (Súmula 
269/STJ). 
4. Ordem concedida em parte, para fixar o regime inicial semiaberto.(HC 211.823/SP, Rel. 
Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 22/03/2012, DJe 
11/04/2012). 
 
 Registro de arma de fogo e Lei Maria da Penha: Aplicação de Medida protetiva de Urgência – 
Suspensão da Posse ou Restrição do Porte 
 
A Lei Maria da Penha prevê a suspensão da posse ou restrição do porte de armas no caso de violência 
doméstica ou familiar contra a mulher. Se o sujeito permanecer com a arma de fogo, ele cometerá o crime 
previsto no artigo 12 ou no art. 16 do Estatuto do desarmamento, a depender da espécieda arma de fogo. 
Vejamos. 
 
Lei Maria da Penha, Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a 
mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto 
ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras: 
 
 
 
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I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão 
competente. 
 
7. Crimes em Espécie 
Os crimes previstos no Estatuto do Desarmamento são crimes são dolosos, exceto pelo crime de 
omissão de cautela do art. 13, caput, que prevê uma conduta culposa. 
 
a. Posse irregular de arma de fogo de uso permitido. 
 
Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em 
desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta, 
ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou 
empresa: Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa 
 
 A conduta do art. 12 do Estatuto sanciona a falta de registro.Trata-se de crime de médio potencial 
ofensivo, pois possui pena mínima de um a três anos, e multa. Admite a suspensão condicional do processo 
(art. 89, da Lei nº 9.099/95). 
O artigo faz questão de mencionar a expressão “no interior de sua residência ou dependência 
desta”. A doutrina afirma que este termo significa a dependência “intramuros”, ou seja, não só os cômodos 
da casa, mas uma churrasqueira, área da piscina, o quintal. Se você está com a arma na cintura, mas ainda se 
desloca por dentro de seus muros, você prática o crime de posse, diferentemente do porte, que seria a 
dependência “extramuros”, do muro para fora. 
No final do artigo trata-se ainda acerca da posse no local de trabalho, não bastando apenas o 
trabalhador estar neste lugar, sendo um requisito essencial ser titular ou responsável legal do estabelecimento 
ou empresa. Portanto temos um crime próprio para o segundo trecho do artigo, pois a Lei trata de uma 
qualidade especial do autor. 
 Observação.¹ Caso do caminhoneiro e taxista. Ambos com arma de fogo em seus veículos justificando 
que são residência ou seu local de trabalho. Para o STJ não são considerados residência (caso do 
caminhoneiro que dorme na boleia), tendo em vista que não exerce essa residência com animus definitivo. 
Bem como local de trabalho, tendo em vista que se tratam apenas de objeto de trabalho, instrumento. O local 
de trabalho de ambos é a rua. Ambos, portanto, praticam porte (art.14 da 10.826/03) e não posse (art.12 da 
10.826/03) nessas situações. 
 
 
 
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 Observação.² Posse na casa de terceiro. Manter arma na casa de outra pessoa não é posse, tendo em 
vista não ser sua residência, portanto, caracteriza o crime de porte. 
Observação.³ Simulacro de arma de fogo. Fato atípico, simulacro não é arma, é um produto de 
circulação controlada/proibida, art. 26 do Estatuto do Desarmamento. A importação irregular deste configura 
crime de contrabando e não é aplicável princípio da insignificância. REsp 1.727.222/PR, vejamos; 
RECURSO ESPECIAL. CONTRABANDO. IMPORTAÇÃO DE SIMULACRO DE ARMA DE 
FOGO. TIPICIDADE. ARTIGO 26 DA LEI N. 10.826/2003. BEM JURÍDICO TUTELADO. 
SEGURANÇA E INCOLUMIDADE PÚBLICAS. NÃO INCIDÊNCIA DO PRINCÍPIO DA 
INSIGNIFICÂNCIA. 1. Nos termos do artigo 26 da Lei n. 10.826/2003, são vedadas a fabricação, a 
venda, a comercialização e a importação de brinquedos, réplicas e simulacros de armas de fogo, que 
com estas se possam confundir. 2. A importação de arma de brinquedo capaz de ser confundida com 
verdadeira configura o delito de contrabando, diante da proibição contida no artigo 26 da Lei n. 
10.826/2003, considerando os riscos à segurança e incolumidade públicas. 3. No crime de contrabando 
a tutela jurídica volta-se não apenas ao interesse estatal patrimonial, mas também à segurança e à 
incolumidade pública, de modo a afastar a incidência do princípio da insignificância. Precedentes. 4. 
Recurso provido. 
 
 Observação. ⁴ Vale ressaltar uma mudança no Art.5 §5 do Estatuto do Desarmamento. Vejamos: 
 
 Art. 5o O certificado de Registro de Arma de Fogo, com validade em todo o território nacional, autoriza 
o seu proprietário a manter a arma de fogo exclusivamente no interior de sua residência ou domicílio, 
ou dependência desses, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja ele o titular ou o responsável 
legal pelo estabelecimento ou empresa. (Redação dada pela Lei nº 10.884, de 2004). 
 
5º Aos residentes em área rural, para os fins do disposto no caput deste artigo, considera-se residência ou 
domicílio toda a extensão do respectivo imóvel rural. (Incluído pela Lei nº 13.870, de 20191). 
 
 Desta feita, não importa se a terra tem mil hectares e a casa que está nessa propriedade seja de 50m², 
TODA a extensão do respectivo imóvel será considerada residência, os mil hectares. 
 
a.1) Objetividade Jurídica 
Como dito anteriormente o bem principal é a Incolumidade Pública e os Bens Reflexamente 
Protegidos são o patrimônio, a vida, etc. 
 
1 Atenção – trata-se de novidade legislativa. Alteração de 2019, com alta possibilidade de cobrança em prova! 
 
 
 
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O bem jurídico protegido é a incolumidade pública (segurança pública), bem como o controle sobre 
a propriedade das armas de fogo. 
a.2) Condutas 
Candidato, nas condutas possuir e manter sob a guarda há alguma diferença? 
Para FERNANDO CAPEZ, possuir significa guardar a própria arma, enquanto manter sob a guarda, 
significa guardar a arma para terceiro. SILVIO MACIEL destaca que esse entendimento não é o mais 
acertado, tendo em vista que se o indivíduo está guardando a arma, ele comete o crime de porte previsto no 
Art. 14. Deve-se preferir, portanto, o entendimento esboçado por NUCCI, para quem possuir e manter sob a 
guarda significa a mesma coisa, ou seja, estar na posse de uma arma. 
OBSERVAÇÃO, Se o concurso abordar a diferença na conduta de possuir e guardar, possuir significa 
guardar a própria arma e manter sob a guarda, significa guardar a arma para terceiro, PROVAVELMENTE 
está será a certa, tendo em vista que o examinador pode seguir a doutrina do CAPEZ ou de outros apoiadores 
desta tese. 
ATENÇÃO. Vale ressaltar que não é necessário o contato físico entre o infrator e a arma para 
configuração do crime. O indivíduo pode estar trabalhando e a arma ilegal em casa, inclusive em situação de 
flagrante. Esse entendimento é pacificado. 
a.3) Objeto Material 
 
Os objetos materiais do crime são: arma de fogo; munição e acessório. 
Objeto Material Arma de fogo – Munição – Acessório (Todos de USO PERMITIDO) 
 
 
a.4) Elemento Normativo do Tipo ou Elemento Espacial do Tipo 
O elemento está na expressão “no interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu 
local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa “contida no 
Art. 12. 
Eis aqui a diferença entre posse e porte. 
 
 
 
 
 
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POSSE PORTE 
Ocorre na residência do infrator ou na dependência 
da residência (intramuros). 
Em qualquer outro local. 
Local de trabalho do infrator, desde que o infrator 
seja o proprietário do local de trabalho ou o seu 
responsável legal. 
 
 
Exemplo 1. Indivíduo guarda uma arma no quarto, nessa situação, teremos o crime de posse. Se ele 
pega a arma e caminha pela rua com ela, há porte. 
Exemplo 2. O gerente do posto e o frentista ambos então trabalhando armados, o gerente comete 
posse ilegal, mas o frentistacomete o porte ilegal de arma de fogo, tendo em vista que o frentista não é 
proprietário ou responsável legal do posto. 
 
a.5) Elemento Normativo do Tipo 
 Outro elemento normativo do tipo está na expressão “Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em 
depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou 
ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar: “contida no Art. 14º. 
POSSE LEGAL POSSE ILEGAL 
Fato atípico Fato típico 
É a posse da arma com registro. É a posse da arma sem registro. 
 
 
 Desde que entrou em vigor, o Estatuto do Desarmamento de 23.12.03 até 23.10.05, o Governo Federal 
foi editando Medidas Provisórias que foram posteriormente convertidas em Leis, concedendo sucessivos 
prazos para regularização de armas, diante disso o STF e STJ entenderam que nesse período não houve crime, 
acontece, portanto, uma abolitio criminis temporária ou atipicidade momentânea, vacatio legis indireta. 
Portanto a posse de arma permitida e proibida não configurou crime. 
Do dia 24.10.05 até 31.12.09, o Governo Federal continuou editando Medidas Provisórias, 
concedendo mais prazo para que as pessoas pudessem regularizar a posse de arma permitida. Neste período 
continuou não sendo crime, enquanto que a posse de arma proibida passou a ser crime. De 01.01.10 até hoje, 
a posse de arma permitida ou proibida passou a ser crime, mas a entrega espontânea da arma é causa extintiva 
da punibilidade. 
OBSERVAÇÃO. 
 
 
 
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A abolitio criminis temporária, só se aplicou para posse, o porte de arma desde 23 de dezembro de 
2003 é crime, isto é, desde o primeiro dia de vigência do Estatuto. 
 
Súmula 513 do STJ - A 'abolitio criminis' temporária prevista na Lei n. 10.826/2003 aplica-se ao crime de posse 
de arma de fogo de uso permitido com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, 
suprimido ou adulterado, praticado somente até 23/10/2005.(Súmula 513, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 
11/06/2014, DJe 16/06/2014). 
 
Se a pessoa entrega de livre espontânea vontade a arma, está extinta a punibilidade, mas se em um 
caso hipotético a polícia entra na casa do indivíduo e encontra a arma, obviamente configura crime e a 
punibilidade não estará extinta. 
 
Art. 31. Os possuidores e proprietários de armas de fogo adquiridas regularmente poderão, a qualquer tempo, 
entregá-las à Polícia Federal, mediante recibo e indenização, nos termos do regulamento desta Lei. 
 
Art. 32. Os possuidores e proprietários de arma de fogo poderão entregá-la, espontaneamente, mediante recibo, 
e, presumindo-se de boa-fé, serão indenizados, na forma do regulamento, ficando extinta a punibilidade de 
eventual posse irregular da referida arma. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) Parágrafo único. O 
procedimento de entrega de arma de fogo de que trata o caput será definido em regulamento. (Incluído pela 
Medida Provisória nº 417, de 2008) (Revogado pela Lei nº 11.706, de 2008) 
 
Curiosamente houve um caso em que o indivíduo foi entregar a arma e acabou sendo preso por porte 
ilegal de arma de fogo. O ato de ir até a delegacia com a arma no carro configurou o crime de porte ilegal 
segundo o Delegado de Polícia. Chegando até o STJ, a Corte decidiu que falta a esta ação, antinormatividade, 
teoria da tipicidade conglobante, vejamos; 
 
PENAL. DISPARO DE ARMA DE FOGO. ART. 10, DA LEI Nº 9.437/97. PORTE ILEGAL DE ARMA DE 
FOGO. REGISTRO. OBRIGATORIEDADE. PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO. UM SÓ CONTEXTO 
FÁTICO. IMPOSSIBILIDADE DE CONFIGURAÇÃO DE DELITOS AUTÔNOMOS. ENTREGA DE 
ARMAS PARA A POLÍCIA. CONDUTA PERMITIDA. I - Esta Corte vem entendendo que a absorção do 
delito de porte de arma pelo de disparo não é automática, dependendo, assim, do contexto fático do caso 
concreto. Por conseguinte, em se tratando de contextos fáticos distintos, há a possibilidade de configuração 
de delitos autônomos. II – In casu, não há imputação de eventual fato delituoso pré-existente ao contexto 
fático narrado na prefacial acusatória (contexto do disparo de arma de fogo). Vale dizer, a denúncia não 
descreve fato anterior que esteja inserido em outro contexto fático, de modo a possibilitar a configuração de 
delitos autônomos. Assim sendo, considerando a narração contida na denúncia, que descreve um único 
contexto fático, deve o delito tipificado no art. 14 da Lei nº 10.826/03 (porte ilegal de arma de fogo) ser 
absorvido pelo disparo de arma de fogo (art. 15 do mesmo diploma legal). III - De outro lado, a conduta de 
 
 
 
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quem se dirige até delegacia de polícia para entregar arma de fogo de uso permitido não pode ser 
equiparada ao delito de porte ilegal de arma de fogo e ser, por conseguinte, tida como típica e ilícita, 
uma vez que este comportamento é autorizado pelo Estado (artigos 30, 31 e 32, da Lei nº 10.826/2003). 
Falta, portanto, a esta ação, antinormatividade. Ordem concedida. 
(STJ - HC: 94673 MS 2007/0270829-7, Relator: Ministro FELIX FISCHER, Data de Julgamento: 27/03/2008, 
T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: --> DJe 18/08/2008, --> DJe 18/08/2008) 
Abolitio Criminis Temporária 
Art. 30. Os possuidores e proprietários de arma de fogo de uso permitido ainda não registrada deverão solicitar 
seu registro até o dia 31 de dezembro de 2008, mediante apresentação de documento de identificação pessoal 
e comprovante de residência fixa, acompanhados de nota fiscal de compra ou comprovação da origem lícita da 
posse, pelos meios de prova admitidos em direito, ou declaração firmada na qual constem as características da 
arma e a sua condição de proprietário, ficando este dispensado do pagamento de taxas e do cumprimento das 
demais exigências constantes dos incisos I a III do caput do art. 4o desta Lei. 
*Art. 20. Ficam prorrogados para 31 de dezembro de 2009 os prazos de que tratam o § 3o do art. 5º e o art. 30, 
ambos da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003. 
 
Súmula 513-STJ: A abolitio criminis temporária prevista na Lei n. 10.826/2003 aplica-se ao crime de posse 
de arma de fogo de uso permitido com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, 
suprimido ou adulterado, praticado somente até 23/10/2005. 
 
- Retroatividade da abolitio temporária 
STJ: Com base no art. 5º, inciso XL, da Constituição Federal e no art. 2º, do Código Penal, a abolitio criminis 
temporária DEVE RETROAGIR para beneficiar o réu apenado pelo crime de posse de arma de fogo seja de 
um permitido ou restrito com ou sem numeração suprimida, perpetrado na vigência da Lei nº 9.473/97. 
STF: No caso dos autos, é atípica a conduta atribuída ao Paciente, uma vez que a busca efetuada em sua 
residência ocorreu em 08/04/1997, ou seja, antes do período de abrangência para o armamento, qual seja, 23 
de Dezembro de 2003 a 23 de Outubro de 2005, motivo pelo qual se encontra abarcada pela excepcional vocatio 
legis indireta nos arts. 30 e 32 da Lei nº 10.826/03. (HC 164.321/SP. Rel. Ministra Laurita Vaz, Quinta Turma, 
Dje 28;06/2012). 
 
a.6) Sujeitos do Crime 
 
O sujeito ativo poderá ser qualquer pessoa por se tratar de um crime comum. O sujeito passivo será a 
coletividade, por se tratar de um crime vago (aquele que tem como sujeito passivo entidade sem 
personalidade jurídica, que não possui uma vítima determinada, como a sociedade e a família, por exemplo). 
Em resumo: 
 
 
 
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a) Sujeito ativo: pode ser qualquer pessoa, trata-se de crime comum ou geral (não se exige qualidade 
especial do agente), inclusive o proprietário da arma que a possuir sem o devidoregistro. 
b) Sujeito passivo: a coletividade. Trata-se de crime vago. Crime vago é aquele que tem como sujeito 
passivo um ente destituído de personalidade jurídica. 
 
a.7) Elemento Subjetivo 
Será o dolo, sendo desnecessária qualquer finalidade especifica. STJ; Para existir o crime basta o dolo 
de possuir ou manter sob a guarda uma arma ilegalmente, pouco importando a finalidade especifica. 
 
a.8) Consumação e Tentativa 
 O crime do art. 12 consuma-se no exato momento em que o agente entrar na posse da armam do 
acessório ou da munição, de uso permitido, se dentro de sua residência ou local de trabalho (Renato 
Brasileiro, 2020). 
O crime de Posse Irregular de Arma de Fogo é um crime permanente, pois a sua consumação se 
prolonga no tempo pela vontade do agente, enquanto o sujeito possuir ou mantiver sob sua guarda a arma 
sem o registro este estará ocorrendo, admitindo-se a prisão em flagrante (CPP, art. 303). 
 Nesse sentido, vejamos o entendimento do STJ. 
 
STJ: “Não é ilegal a prisão realizada por agentes públicos que não tenham competência para 
a realização do ato quando o preso foi encontrado em estado de flagrância. Os tipos penais 
previstos nos arts. 12 e 16 da Lei n. 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento) são crimes 
permanentes e, de acordo com o art. 303 do CPP, o estado de flagrância nesse tipo de crime 
persiste enquanto não cessada a permanência” (HC 244.016/ES, rel. Min. Jorge Mussi, 
5ª Turma, j. 16.10.2012, noticiado no Informativo 506). 
 
Trata-se de crime de perigo abstrato (ou de perigo presumido), o que significa que o crime se 
consuma com a mera exposição do perigo ao bem jurídico, não reclama lesão efetiva ao bem jurídico, sendo 
suficiente a exposição do bem jurídico a uma probabilidade de dano. A lei presume de forma absoluta a 
situação de perigo (não cabendo prova em sentido contrário). 
Trata-se de crime de mera conduta (ou simples atividade), o tipo penal se limita a descrever uma 
conduta ilícita, não há resultado naturalístico. O crime se consuma com a mera posse ilegal de arma de fogo. 
 
 
 
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É crime plurissubsistente – admite tentativa. Nesse sentido, Renato Brasileiro (2020) “por se tratar 
de crime plurissubsistentem admite-se a tentativa, pelo menos em tese”. 
 Guarda de Arma de Fogo com Registro Vencido 
 
Candidato, o fato de o agente possuir arma de fogo com registro vencido configura crime? 
Excelência, a resposta é negativa. NÃO. Não configura o crime de posse ilegal de arma de fogo (art. 12 da 
Lei nº 10.826/2003) a conduta do agente que mantém sob guarda, no interior de sua residência, arma de fogo 
de uso permitido com registro vencido. Se o agente já procedeu ao registro da arma, a expiração do prazo é 
mera irregularidade administrativa que autoriza a apreensão do artefato e aplicação de multa. A conduta, no 
entanto, não caracteriza ilícito penal. 
Assim, temos que a consequência jurídica será a irregularidade administrativa. 
 
STJ: “Manter sob guarda, no interior de sua residência, arma de fogo de uso permitido com 
registro vencido não configura o crime do art. 12 da Lei 10.826/2003 (Estatuto do 
Desarmamento). O art. 12 do Estatuto do Desarmamento afirma que é objetivamente típico 
possuir ou manter sob guarda arma de fogo de uso permitido, em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar, no interior de residência. Entretanto, relativamente ao 
elemento subjetivo, não há dolo do agente que procede ao registro e, depois de expirado 
prazo, é apanhado com a arma nessa circunstância. Trata-se de uma irregularidade 
administrativa” (APn 686/AP, rel. Min. João Otávio de Noronha, Corte Especial, j. 
21.10.2015, noticiado no Informativo 572). Em sentido contrário: RHC 60.611/DF, rel. Min. 
Rogério Schietti Cruz, 6ª Turma, j. 15.09.2015, noticiado no Informativo 570. 
 
 
b. Omissão de cautela 
Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou 
pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja 
de sua propriedade: 
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. 
 
Trata-se de infração penal de menor potencial ofensivo, pois tem pena máxima não superior a dois 
anos. 
O parágrafo único contempla uma figura equiparada. 
 
 
 
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O crime de omissão de cautela é um crime próprio, só quem é possuidor ou proprietário da arma pode 
praticar, também é um crime na modalidade culposa, “deixar de observar as cautelas necessárias” (único 
crime culposo do Estatuto do Desarmamento), se doloso, isto é, a entrega de arma de fogo para menor de 
idade dolosamente, constituirá o crime do Art. 16 do mesmo dispositivo. 
 Quanto a omissão de cautela de acessório ou munição, temos uma contravenção penal do Art. 19, 
§2º, “c”, do Decreto 3.688/41. Exemplo. Se temos uma situação em que uma criança acha munições e começa 
a brincar, o indivíduo responsável é enquadrado nesta contravenção. 
 Cuidado. Em relação a venda ou fornecimento de arma branca para menor, temos o Art. 242 do ECA; 
Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança ou 
adolescente arma, munição ou explosivo: 
 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003). 
 
 
 
 Note que o referido artigo trata da palavra “arma”, sendo assim, por interpretação extensiva entende-
se enquadrada a arma branca. 
Ainda no Art. 13, parágrafo único, é tratada da omissão de cautela do proprietário ou diretor 
responsável de empresa de segurança e transporte de valores, vejamos; 
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor responsável de empresa de 
segurança e transporte de valores que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia 
Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou munição que 
estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato. 
 Nesta última expressão a doutrina defende o posicionamento de que seja 24 horas a partir do 
conhecimento do fato, e não de ocorrido o fato. Temos aqui um crime próprio e omissivo próprio, tendo em 
vista que o responsável legal deixa de observar essas duas obrigações, não admitindo modalidade culposa. 
 
b.1) Objetividade Jurídica 
 
O bem jurídico protegido é a segurança pública, e, mediatamente, a integridade física do menor de 
18 anos de idade ou doente mental. 
 
b.2) Sujeitos do Crime 
 
 
 
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a) Sujeito Ativo: pode ser qualquer pessoa, trata-se de crime comum ou geral. 
b) Sujeito Passivo: coletividade, pois é crime contra a segurança pública e também o menor e portador 
de doença mental. 
 
b.3) Elemento Subjetivo 
O elemento subjetivo é a culpa, que consiste em deixar de observar as cautelas necessárias é 
negligência (modalidade de culpa). 
 
Trata-se do único crime culposo previsto no Estatuto do Desarmamento. 
 
b.4) Consumação e Tentativa 
Trata-se de crime material, depende da produção de um resultado naturalístico. Assim, não é 
suficiente que o agente seja negligente, deixando de tomar as cautelas necessárias, é preciso ainda que o 
menor ou doente mental se apodere da arma. 
Trata-se de crime de perigo abstrato. 
Não admite tentativa. 
 
b.5) Figura Equiparada 
Art. 13. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor responsável de empresa de 
segurança e transporte de valores que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal 
perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob suaguarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato. 
 
Assim, temos que nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor responsável de empresa de 
segurança e transporte de valores que: 
• Deixarem de registrar ocorrência policial; 
• De comunicar à Policia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de 
fogo, acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) horas 
depois de ocorrido o fato. 
 
 
 
 
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Dessa forma, temos que o Estatuto estabelece também a obrigatoriedade de seu proprietário ou diretor 
comunicar a subtração, perda ou qualquer outra forma de extravio a ela referentes. Assim, se não for efetuado 
o registro da ocorrência e não houver comunicação à Polícia Federal, em um prazo de vinte e quatro horas a 
contar do fato, haverá crime. 
 
b.5.1) Objetividade Jurídica 
O tipo penal protege a veracidade dos cadastros das armas de fogo perante o SINARM, bem como o 
registro perante os órgãos competentes. 
 
b.5.2) Sujeitos do Delito 
 
Sujeito ativo: trata-se de crime próprio ou especial, pois somente pode ser praticado pelo proprietário 
ou pelo diretor responsável pela empresa de segurança ou ou diretor responsável de empresa de segurança e 
transporte de valores. 
Assim, comtemplamos que o sujeito ativo só pode ser o proprietário ou diretor responsável de 
empresa de segurança ou de empresa de transporte de valores. Portanto, trata-se de crime próprio, pois exige 
uma qualidade especial do sujeito ativo. 
Sujeito passivo: coletividade. 
O sujeito passivo é a coletividade (crime vago). 
 
Observações Pontuais 
• As armas de fogo utilizadas pelas empresas de segurança e de transporte de valores deverão 
pertencer a elas, ficando também sob sua guarda e responsabilidade; 
• O registro e a autorização para o porte, expedidos pela Polícia Federal, deverão ser elaborados em 
seu nome (art. 7°, caput). 
• A empresa deve apresentar ao SINARM, semestralmente, a relação dos empregados habilitados que 
poderão portar as armas. Esse porte restringe-se ao serviço. 
Se um funcionário da empresa for surpreendido portando a arma fora do horário de serviço, 
ele responderá pelo crime de porte ilegal de arma de fogo. 
 
b.5.3) Consumação e Tentativa 
 
 
 
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Trata-se de crime a prazo, nessa situação o tipo penal condiciona a consumação ao transcurso de 
determinado tempo, in casu, 24 horas. O crime só restará consumado quando já tiver ultrapassado esse 
período de 24 horas sem que tenha ocorrido a comunicação. 
 à O dispositivo menciona “nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato”. Portanto, 
o crime só se consuma após 24h da ocorrência do fato. Antes disso não há crime ainda. Esses crimes que só 
se consumam após determinado prazo são chamados de CRIME A PRAZO. 
Esse crime não admite tentativa (crime omissivo próprio). 
 
c. Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido 
Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que 
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou 
munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a arma de fogo estiver 
registrada em nome do agente. 
 
Trata-se de crime de elevado potencial ofensivo, sendo incompatível com os institutos 
despenalizadores da Lei do Juizado Especial Criminal. 
O entendimento do Supremo é no sentido de que serão considerados inafiançáveis apenas aqueles 
crimes que a Constituição Federal considera como tais. A lei não pode impedir a fiança com base a gravidade 
em abstrato. 
O parágrafo único foi declarado inconstitucional pelo STF na ADIN 3.112-1. O entendimento atual 
é de que crimes inafiançáveis são apenas aqueles em que a Constituição Federal declara como tais, ou seja, 
a lei não pode, em abstrato, rotular um delito como inafiançável. Mas, cuidado, no caso concreto o juiz pode 
negá-la. 
Observação: Apesar da previsão legal, o Supremo Tribunal Federal decretou a inconstitucionalidade 
deste parágrafo único (ADI 3112-1/07), constituindo crime afiançável, com fundamento na Individualização 
da Pena. 
O referido artigo traz a presença de inúmeros verbos, o que não significa dizer que se o indivíduo 
praticar mais de uma dessas ações responderá por mais de um crime, estamos diante de um tipo misto 
alternativo, ou seja, constitui apenas a prática de um único crime independentemente da quantidade de ações. 
A quantidade de ações será determinante apenas para a dosimetria da pena. 
 
 
 
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Tipo Misto Alternativo 
Embora a denominação legal do delito seja “porte ilegal de arma de fogo de uso permitido”, o tipo 
possui abrangência muito maior, já que existem inúmeras outras condutas típicas. As ações nucleares, além 
de portar, são: deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, 
emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar. Trata-se, portanto, de crime de ação 
múltipla, também chamado de tipo misto alternativo, em que a realização de mais de uma conduta típica, em 
relação ao mesmo objeto material, constitui crime único. 
O art. 14 constitui-se em tipo misto alternativo (crime de ação múltipla ou de conteúdo variado). 
Existem dois ou mais núcleos, e se o agente praticar duas ou mais condutas contra o mesmo objeto material 
responderá por um único delito. 
 
c.1) Objeto Material 
Objeto Material Arma de fogo – Munição – Acessório (Todos de USO PERMITIDO) 
 
c.2) Sujeitos do Crime 
 
O sujeito ativo poderá ser qualquer pessoa por se tratar de um crime comum. O sujeito passivo será a 
coletividade, por se tratar de um crime vago (aquele que tem como sujeito passivo entidade sem 
personalidade jurídica, que não possui uma vítima determinada, como a sociedade e a família, por exemplo). 
 
c.3) Elemento Subjetivo 
 
Será o dolo, sendo desnecessária qualquer finalidade especifica. STJ; Para existir o crime basta o dolo 
de possuir ou manter sob a guarda uma arma ilegalmente, pouco importando a finalidade especifica. 
 
c.4) Consumação e Tentativa 
 O crime é de mera conduta, portanto consuma-se pela simples posse da arma, ainda que não ocorra 
nenhuma situação real de perigo. 
Trata-se de crime de mera conduta, se esgotando no porte ilegal de arma de fogo. 
 
 
 
 
 
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c.5) Questões abertas 
 
Candidato, se a arma de fogo estiver quebrada, o crime estará configurado? “Não está 
caracterizado o crime de porte ilegal de arma de fogo quando o instrumento apreendido sequer pode ser 
enquadrado no conceito técnico de arma de fogo, por estar quebrado e, de acordo com laudo pericial, 
totalmente inapto para realizar disparos” (AgRg no AREsp 397.473/DF, rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, 
5ª Turma, j. 19.08.2014, noticiado no Informativo 544). Em igual sentido - STJ: REsp 1.451.397/MG, rel. 
Min. Maria Thereza de Assis Moura, 6ª Turma, j. 15.09.2015, noticiado no Informativo 570. 
 
Candidato, arma de brinquedo configura crime? Não. Trata-se um ilícito administrativo, podendo 
ser apreendida e confiscada, mas não configura crime. Destaca-se que a lei de armas de fogo (9.437/97) 
previa, em seu Art. 10, §1º, II, que a utilização de arma de brinquedo para o fim de cometer crimes era crime. 
O simples porte de arma de brinquedo não foi incriminadopelo Estatuto do Desarmamento. 
Entretanto, a Lei 10.826/2003 veda a fabricação, a venda, a comercialização, a importação de réplicas e 
simulacros de armas de fogo. Vejamos: 
Art. 26. São vedadas a fabricação, a venda, a comercialização e a importação de brinquedos, réplicas e 
simulacros de armas de fogo, que com estas se possam confundir. Parágrafo único. Excetuam-se da proibição 
as réplicas e os simulacros destinados à instrução, ao adestramento, ou à coleção de usuário autorizado, nas 
condições fixadas pelo Comando do Exército. 
 
 
Candidato, a arma sem munição, configura crime? A arma sem munição configura crime, pois se 
trata de delito de perigo abstrato/presumido. Mesmo que a arma não esteja gerando risco naquele momento. 
Para o STF, há crime quando o sujeito porta ilegalmente uma arma de fogo desmuniciada. Vejamos: 
 
“Asseverou-se que o tipo penal do art. 14 da Lei 10.826/2003 contemplaria crime de mera 
conduta, sendo suficiente a ação de portar ilegalmente a arma de fogo, ainda que 
desmuniciada” (HC 95.073/MS, rel. orig. Min. Ellen Gracie, red. p/ o acórdão Min. 
Teori Zavascki, 2ª Turma, j. 19.03.2013, noticiado no Informativo 699). 
 
Candidato, se o agente tem a posse ou o porte de arma para a prática do crime de roubo ou 
homicídio, este responderá por ambos os delitos? Se a posse ou porte ocorreu exclusivamente para o 
cometimento do roubo fica absorvido como crime meio. Mas se o indivíduo possui ou porta ilegalmente uma 
arma de fogo e eventualmente comete um homicídio ou roubo, haverá concurso dos dois crimes. Não á bis 
inidem, pois os crimes estão ofendendo bens jurídicos diferentes. Exemplo. Se o indivíduo tem uma arma 
 
 
 
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ilegal em sua casa há um ano e um dia decide sair com a arma para roubar, ele responderá pelo crime de 
posse ilegal de arma de fogo em concurso com o crime de roubo, com a causa de aumento de pena da arma 
de fogo. Não há bis in idem neste caso, pois a posse ilegal tutela a segurança pública e o roubo tutela o 
patrimônio, ou seja, cada um protege um bem jurídico diferente. 
 
Candidato, o porte simultâneo de duas ou mais armas de fogo constitui quantos crimes? 
Excelência, prevalece o entendimento de que há um único crime de porte ilegal de arma de fogo. A 
pluralidade de armas influi na dosimetria da pena. 
 
“O crime de manter sob a guarda munição de uso permitido e de uso proibido caracteriza- 
se como crime único, quando houver unicidade de contexto, porque há uma única ação, 
com lesão de um único bem jurídico, a segurança coletiva, e não concurso formal” (HC 
148.349/SP, rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, 6ª Turma, j. 22.11.2011, noticiado no 
Informativo 488). 
 
 ATENÇÃO: Há decisão recente do STJ na qual o indivíduo estava portando uma arma permitida e 
outra proibida e, como uma era proibida, o STJ entendeu pela presença de concurso formal de crimes. 
 
d. Disparo de arma de fogo 
 
Art.15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em via 
pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável 
 
 Só pratica esse crime quem dispara a arma ou aciona munição em lugar habitado ou em suas 
adjacências, em via pública ou em direção a elas. Destaca-se que não é necessário ter pessoas no local, 
basta ser habitado. Portanto o disparo em local ermo e inabitado ou se o disparo for acidental, estes 
configuram fato atípico, tendo em vista que o tipo penal só traz conduta dolosa. 
 A conduta prevista ainda neste artigo não pode ter finalidade a prática de outro crime, pois existe uma 
subsidiariedade expressa, isto é, o indivíduo deve apenas querer disparar ou acionar a munição naquele local, 
se ele tinha intenção de matar outra pessoa por exemplo, mas erra todos os tiros, este não será processado 
pelo crime de disparo de arma de fogo, mas sim por tentativa de homicídio. Caso o indivíduo não tivesse 
 
 
 
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autorização para portar ou possuir a arma de fogo (Art. 12 e 14), estes crimes serão absorvidos, tendo em 
vista que se enquadram no mesmo contexto fático, salvo se a posse ou o porte for de uso restrito, neste caso 
não será absorvido devido a maior pena. 
d.1) Condutas 
Disparar arma de fogo ou acionar munição. Embora contenha o verbo disparar, pode haver o crime 
sem o disparo, apenas com o mero acionamento da munição, ou seja, se atirar e a munição falhar por exemplo 
já é suficiente para configurar o crime. 
 
d.2) Objeto Material 
Apenas munição, pouco importando se é permitida ou proibida. 
 
d.3) Sujeitos do Crime 
Sujeito Ativo: Trata-se de crime comum ou geral. Pode ser praticado por qualquer pessoa. 
Sujeito Passivo: É a incolumidade pública, em específico, a segurança pública. 
 
d.4) Elemento Subjetivo 
É o dolo genérico de disparar, sendo desnecessária qualquer finalidade especifica. STJ: não é 
necessária nenhuma finalidade específica no delito de disparo. 
 
d.5) Elemento Espacial do Tipo 
Está na Expressão do Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em 
suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a 
prática de outro crime. 
Se o disparo acontecer em lugar ermo, não habitado, não há crime. Fato atípico. O STJ afirmou que 
também é um crime abstrato, ou seja, há crime embora não haja risco concreto para ninguém. 
 
d.6) Consumação e Tentativa 
 
 
 
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Trata-se de crime de mera conduta, se consumando com o disparo da arma de fogo ou o acionamento 
da munição. A tentativa é possível. 
Esse tipo penal está punindo duas condutas diferentes: disparar arma de fogo e acionar munição, 
mesmo que não dispare. 
• Disparar arma de fogo ou 
• Acionar munição, ainda que ela não seja disparada. 
 
 
d.7) Observações pontuais 
a) Trata-se de crime de perigo abstrato. 
b) Pluralidade de disparos, no mesmo contexto fático: O agente responde por um único delito, contudo a 
pluralidade de disparos será levada em conta na dosimetria da pena. 
c) Veracidade do projetil: é necessário que se trate de projétil verdadeiro. O disparo de bala de festim ou de 
borracha, por exemplo, não caracteriza esse crime. 
d) Crime mais grave e absorção: na hipótese de o agente efetuar o disparo como meio de execução de um 
crime mais grave, responderá apenas por este delito (ex: latrocínio). Nessa situação, o disparo fica absorvido. 
e) Porte ilegal e disparo de arma de fogo: na hipótese de o agente, além de portar ilegalmente uma arma de 
fogo, também efetuar o disparo, ele responderá por quais crimes? Depende do caso concreto (as condutas 
possuem nexo entre si ou não). 
Vejamos: 
1ª SITUAÇÃO 2ª SITUAÇÃO 
Em sua residência, o sujeito vai até a rua, 
efetua o disparo e volta para casa. Ele 
portou ilegalmente a arma de fogo apenas 
para efetuar o disparo. Nesse caso, o 
disparo absorve o porte ilegal. 
O sujeito já estava portando ilegalmente a 
arma de fogo e, prestes a chegar em sua 
casa, ele efetua o disparo e ingressa no 
imóvel. Nessa hipótese, há contextos 
fáticos diversos, e concurso de crimes 
entre porte ilegal e o disparo. 
 
e. Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito 
 
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que 
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório 
ou munição de uso restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar:Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. 
 
 
 
 
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Assim como no Art. 14, temos aqui mais um crime do tipo misto alternativo, vários verbos 
descrevendo condutas que se praticadas no mesmo contexto fático serão punidas por apenas um crime. Veja 
que anteriormente tínhamos a expressão restrito e proibido, com a alteração do pacote anticrime temos um 
parágrafo 2º como qualificadora que descreve este segundo tipo. 
O parágrafo primeiro do referido artigo traz condutas equiparadas a posse e porte de armas de fogo 
de uso restrito que também se aplicam a arma, acessório ou munição de uso permitido. Porém diante das 
peculiaridades dos incisos do parágrafo primeiro, o autor responde pelas penas do Art. 16. 
§ 1ºNas mesmas penas incorre quem: (casos de equiparação) 
I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou artefato; 
 Mesmo com uma arma de fogo de uso permitido, se efetuar esses tipos de alterações, o autor responde 
pelas penas deste artigo. 
O tipo penal pune o responsável pela supressão (eliminação completa) ou alteração (mudança) da 
marca ou numeração. Cumpre destacarmos que, se não houver prova desse delito, incidirá o tipo penal 
contido no artigo 16, parágrafo único, inc. IV. 
 
II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso 
proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, 
perito ou juiz; 
 Transformar uma arma semiautomática (uso permitido) em automática (uso restrito). Na hipótese do 
inc. II temos a tipificação de duas condutas diversas. Vejamos: 
1ª Figura Típica 2ª Figura Típica 
(modificar as características de arma de fogo, de 
forma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso 
proibido ou restrito...) pune apenas o responsável 
pela modificação. Qualquer outra pessoa que a 
porte ou a possua responde pelo artigo 16, caput. 
(modificar as características de arma de fogo, para 
fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro 
autoridade policial, perito ou juiz) é crime formal, que 
afasta a incidência do delito de fraude processual 
(CP, art. 347). 
 
A primeira figura pune apenas o responsável pela modificação. 
A segunda figura típica, por sua vez, pune a conduta daquele que busca modificar as características 
de arma de fogo, para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz. 
 Princípio da especialidade - Esse crime é especial em relação ao crime de fraude processual do art. 
347 do CP. Ou seja, esse inciso II é norma especial em relação ao inciso 347 do CP. 
 
 
 
 
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III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou em 
desacordo com determinação legal ou regulamentar; 
 IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qualquer 
outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado; 
 O indivíduo possui um revolver cal. 38 (uso permitido), mas raspou a numeração, é enquadrado neste 
inciso como posse ou porte de arma de uso restrito. 
 V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou 
explosivo a criança ou adolescente; e 
 Aqui difere do art. 13 que é uma modalidade culposa, este inciso trata-se de uma modalidade dolosa. 
 Princípio da especialidade 
 
Art. 16, §1º, V, Lei 10.826/03 Art. 242 do ECA 
O inciso V pune a conduta de vender, entregar ou 
fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, 
acessório, munição ou explosivo a criança ou 
adolescente. 
O Art. 242 do ECA pune as condutas de vender, 
entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma, 
acessório, munição ou explosivo a criança ou 
adolescente. 
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A doutrina entende que vender, entregar ou fornecer arma de FOGO é crime previsto no Estatuto do 
Desarmamento, no entanto, vender, entregar ou fornecer arma BRANCA é crime do Art. 242 do ECA. Ou 
seja, o crime do Art. 242 do ECA está parcialmente revogado pelo crime do Estatuto do Desarmamento, 
salvo quando se tratar de arma branca. 
 
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição 
ou explosivo. 
 Para que o indivíduo possa recarregar munição dentro de casa, tem que possuir o Certificado de 
Registro do exército e deve apostilar a função de recarga de munição. 
 
§ 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º deste artigo envolverem arma de fogo de uso 
proibido, a pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.2 
 
Neste parágrafo como mencionado anteriormente temos uma novidade incluída pelo pacote 
anticrime, agora arma de fogo de uso proibido e apenas o termo “arma de fogo”. 
 
2 Trata-se de alteração incluída pelo PACOTE ANTICRIME. 
 
 
 
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Manual Caseiro 
 
Direito Administrativo – De 
na Súmula!!! 
 
 
O Art. 2º, II e V, do Decreto 9.845/19, conceitua arma de fogo de uso proibido e munição de uso 
proibido: (pacote anticrime). 
III - arma de fogo de uso proibido: 
a) as armas de fogo classificadas de uso proibido em acordos e tratados internacionais dos quais a 
República Federativa do Brasil seja signatária; ou 
b) as armas de fogo dissimuladas, com aparência de objetos inofensivos; 
Exemplo. Caneta revólver, uma aparente caneta inofensiva, que possui uma munição calibre .22 
(permitida), ao ser quando acionada deflagra a munição. 
V - munição de uso proibido - as munições que sejam assim definidas em acordo ou tratado internacional 
de que a República Federativa do Brasil seja signatária e as munições incendiárias ou químicas; 
 
e.1) Objeto Material 
 
Objeto Material Arma de fogo – Acessório ou Munição de uso Proibido/Restrito. 
 
 
e.2) Sujeitos do Crime 
O sujeito ativo poderá ser qualquer pessoa por se tratar de um crime comum. O sujeito passivo será a 
coletividade, por se tratar de um crime vago (aquele que tem como sujeito passivo entidade sem 
personalidade jurídica, que não possui uma vítima determinada, como a sociedade e a família, por exemplo). 
 
e.3) Elemento Subjetivo 
Será o dolo, sendo desnecessária qualquer finalidade específica. STJ. Para existir o crime basta o dolo 
de possuir ou manter sob a guarda uma arma ilegalmente, pouco importando a finalidade específica. 
 
e.4) Elemento Normativo 
“Sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar”. 
A aquisição de arma de fogo de uso restrito deve ser concedida pelo Comando do Exército, e seu 
registro também será feito nesse órgão. 
Quem possui o porte funcional poderá portar uma arma de uso restrito? Sim, pois o porte funcional 
vale para qualquer arma de fogo, de uso permitido ou restrito. 
 
 
 
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Manual Caseiro 
 
Direito Administrativo – De 
na Súmula!!! 
 
 
e.5) Consumação e Tentativa 
 O crime é de mera conduta, portanto consuma-se pela simples posse da arma, ainda que não ocorra 
nenhuma situação real de perigo. Crime de mera conduta e de perigo abstrato, não sendo possível, portanto 
a tentativa. 
É considerado crime de mera conduta, pois o tipo penal se limita a descrever uma conduta sem prever 
resultado naturalístico. 
 
f. Comércio ilegal de arma de fogo 
 
Atualmente temos os Art. 16 § 2º, Art. 17 e Art. 18 como crimes hediondos, bem como as penas 
também foram aumentadas. 
Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, 
remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, 
no exercício de atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização

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