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15 LEI DE DROGAS

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Manual Caseiro 
 
Direito Administrativo – De 
na Súmula!!! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LEI DE DROGAS 
Lei nº 11.343/2006 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Ed. 2020 
 
 
 
 
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Manual Caseiro 
 
Direito Administrativo – De 
na Súmula!!! 
 
 
Manual Caseiro 
Instagram: @manualcaseiro 
E-mail: manualcaseir@outlook.com 
Site: www.meumanualcaseiro.com.br 
Lei de Drogas – Lei n º. 11.343/2006 
 
LEI DE DROGAS 
Lei nº 11.343/2006 
 
 
 
Prezado aluno, passaremos nesse momento ao estudo da Lei de Drogas, uma das leis penais especiais 
mais recorrentes em provas de concursos. Assim, merece a nossa total atenção! 
O presente material tem por objetivo reunir todas as informações que o candidato precisa para resolver 
questões dos certames públicos. Dessa forma, nosso material trouxe uma abordagem doutrinária sobre o tema 
objeto de estudo, a legislação (lei seca), questões que já foram cobradas pela Banca CESPE, questões já 
cobradas em concurso público pelas diversas bancas, alterações promovidas pelo PAC, súmulas, e, por fim, 
os informativos. 
Feita as devidas considerações iniciais, vamos ao conteúdo! 
Bons estudos, #TmJuntos! 
 
1. Contextualização da regulamentação legal do tráfico de Drogas no Ordenamento Jurídico 
Brasileiro 
Atualmente, encontra-se vigente no Ordenamento Jurídico Brasileiro regulamentando o tráfico de 
drogas, bem como, o tratamento para o usuário, a Lei n.º 11.343/2006. A Lei é do final de 2006 e revogou 
expressamente a lei de drogas antiga (Lei n. 6.368/1976 e 10.409/2002). 
 
 
 
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Manual Caseiro 
 
Direito Administrativo – De 
na Súmula!!! 
 
 
 
 
Para tratar do tema de Drogas, antes da edição da Lei nº 11.343 de 2006, tínhamos duas legislações 
distintas, uma que tratava do regramento quanto aos crimes (tipificação das condutas) e outra sobre o 
procedimento (lei penal e lei procedimental). No atual cenário, toda a matéria envolvendo drogas, seja a parte 
penal ou a parte investigatória, bem como, procedimental estão previstas na Lei nº 11.343/2006. 
 Em resumo: 
• A legislação que trata sobre o regramento das drogas é a Lei nº 11.343/2006. 
• Atualmente, todo tratamento da matéria encontra-se prevista na Lei nº 11.343/2006, a qual 
revogou expressamente as Leis nº 6.368/76 e 10.409/2002. 
 
- Aspectos da “Nova” Lei de Drogas 
 
• Criação do SISNAD – Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas. 
• Substituição da expressão substâncias entorpecentes por drogas. 
• Tratamento mais rigoroso ao traficante e mais “benéfico” ao usuário. 
A nova lei confere um tratamento mais rigoroso ao traficante e um tratamento mais brando ao usuário, 
isto porque a Lei de drogas antiga permitia a prisão do usuário, o qual tinha pena prevista de até 03 anos. 
Em sentido oposto, com a atual lei de drogas, o usuário não pode mais ser preso. A descarcerização 
do usuário é um grande benefício trazido pela nova Lei (Art. 28, Lei nº 11.343/2006). 
à Não há para o usuário pena privativa de liberdade! 
E quais são as penas aplicadas ao usuário? Nos termos do art. 28, temos as seguintes: 
Penas para o Usuário (Art. 28, Lei nº 11.343/2006) 
I - advertência sobre os efeitos das drogas; 
II - prestação de serviços à comunidade; 
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. 
 
Leis sobre 
Drogas: Lei n. 6.368/1976 
Lei n. 
10.409/2002
Lei n. 
11.343/2006
 
 
 
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Manual Caseiro 
 
Direito Administrativo – De 
na Súmula!!! 
 
 
Em caso de descumprimento dessas penas, o juiz aplicará medidas sancionatórias, e quais são elas? 
Admoestação verbal e multa. 
Art. 28. § 6º Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se refere o caput, nos incisos 
I, II e III, a que injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente a: I - 
admoestação verbal; II - multa. 
Vejamos: 
 
Destaca-se ainda que, não cabe a prisão cautelar para o usuário, isso porque não permite sequer 
de modo definitivo ao término da demanda processual. 
àNão cabe Prisão em Flagrante (2ª fase do flagrante). 
Por outro lado, para o traficante, todavia, o tratamento foi recrudescido – a pena mínima, por exemplo, 
foi aumentada. O tratamento dado ao traficante na nova Lei de Drogas era tão rigoroso que o Supremo 
Tribunal Federal reconheceu a inconstitucionalidade de algumas afirmações, as quais tinham por base a 
vedação em abstrato de determinados benefícios. 
Corroborando ao exposto, preleciona Roque; Távora e Alencar1: 
Dentre inúmeros pontos marcantes que podem ser apontados, no que se refere às distinções entre 
a atual Lei de Drogas e a legislação revogada, devemos enaltecer a substancial distinção levada 
a efeito, no que pertine ao tratamento conferido a usuários e traficantes. Na Lei nº 6.368/76, 
o crime de tráfico estava previsto no art. 12, e previa uma pena de “reclusão, de 3 (três) a 15 
(quinze) anos, e pagamento de 50 (cinqüenta) a 360 (trezentos e sessenta) dias-multa”. Por sua 
vez, a conduta do usuário estava contida no art. 16, cuja pena era de “detenção, de 6 (seis) meses 
a 2 (dois) anos, e pagamento de (vinte) a 50 (cinqüenta) dias-multa”. Na atual legislação, o crime 
do traficante está previsto no art. 33, cuja pena prevista é de “reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) 
anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa”. Por sua vez, o 
crime do usuário tem previsão no art. 28, e não há previsão para pena privativa de liberdade. De 
fato, para o usuário, a Lei nº 11.343/06 previu as seguintes penas: a) advertência sobre os efeitos 
 
1 Legislação Criminal para Concursos. 5ª edição, revista, atualizada e ampliada. Editora Juspodivm. 2020. 
Descumprimento AdmoestaçãoVerbal Multa
 
 
 
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Manual Caseiro 
 
Direito Administrativo – De 
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das drogas; b) prestação de serviços à comunidade; c) medida educativa de comparecimento a 
programa ou curso educativo. 
 
 
 
2. Noções introdutórias 
A Lei de Drogas continua sendo muito alterada ao longo dos anos pelo fato de conter crimes comuns 
na sociedade, gerando bastante demanda processual e muita jurisprudência, proporcionando diversas 
alterações legislativas com novas conceituações em nosso Ordenamento Jurídico. 
O objeto material do crime é a pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta criminosa. Nesse sentido, 
o objeto material nos crimes da lei de drogas é a droga. Nessa perspectiva, proclama o art. 1º, parágrafo 
único da Lei nº 11.343/2006. 
Nesse sentido, iniciamos a nossa contextualização da legislação questionando: se o objeto material 
da lei de drogas é a drogas, qual a compreensão legal do termo drogas? 
- Candidato, o que se entende por droga? 
A Lei de Drogas não trouxe o conceito de seu tipo penal “Droga”, tornando-se, portanto, uma norma 
penal em branco, aquela que o preceito primário vem incompleto, precisando de uma complementação. 
Nessa esteira, a Lei n. 11.343/06 traz apenas em seu artigo 1º parágrafo único: 
 
Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se como drogas as substâncias ou os produtos 
capazes de causar dependência, assim especificados em lei ou relacionados em listas 
atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União. 
 
E então, como saberemos o que é droga para fins de tipificação dos crimes previstos na Lei n. 
11.343/2006? Para suprir essa ausência a definição de drogas para fins penais, a Portaria 344/98 da Secretária 
de Vigilância Sanitária – ANVISA, do Ministério da Saúde dispôs: 
 
Art. 1º Para os efeitos deste Regulamento Técnico e para a sua adequada aplicação, são 
adotadas as seguintes definições: 
 Droga - Substância ou matéria-primaque tenha finalidade medicamentosa ou sanitária. 
 
 Nessa portaria são trazidos ainda em seu anexo, mais de 400 substâncias consideradas como 
substância entorpecente. Atente para o fato do termo droga não se referir apenas a maconha, cocaína, heroína, 
etc. 
 
 
 
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Direito Administrativo – De 
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 Corroborando ao exposto, Roque; Távora e Alencar 2: 
Atualmente, o rol de substâncias prescritas encontra-se na portaria SVS/MS nº 344, de 12 de 
maio de 1998, que “aprova o Regulamento Técnico sobre substâncias e medicamentos sujeitos 
a controle especial”. A propósito, o art. 66 da Lei de Drogas, em comento, estabelece que: “para 
fins do disposto no parágrafo único do art. 1º desta Lei, até que seja atualizada a terminologia da 
lista mencionada no preceito, denominam-se drogas substâncias entorpecentes, psicotrópicas, 
precursoras e outras sob controle especial, da Portaria SVS/MS no 344, de 12 de maio de 1998”. 
 
Uma vez identificado que se trata de uma norma penal em branco, aproveitamos para reforçarmos a 
sua definição. Vejamos! 
 
Relembrando! Normal penal em branco subdivide-se em: 
 
Norma penal em branco homogênea: a sanção vincula-se a um tipo que precisa ser complementado por 
uma mesma lei ou por uma outra lei – originadas da mesma instância legislativas. 
 
Complementação está contida na mesma lei (homovitelinas); remissão interna: remetem a outros 
dispositivos contidos na mesma lei. Código Penal com Código Penal. 
 
Complementação está contido em outra lei, mas de mesma instância legislativa (heterovitelinas) – 
remissão externa. Remetem a outra lei formal, mas de mesma instância legislativa. Lei que remete a outra 
Lei, Portaria que remete a outra Portaria, Decreto que remete a outro Decreto. 
 
Norma penal em branco heterogênea: Há fonte formal heteróloga, pois remetem a individualização 
(especificação) do preceito a regras cujo autor é um órgão distinto do poder legislativo, o qual realiza o 
preenchimento do branco por meio de sua individualização, p. exemplo, via ato administrativo. 
Exemplo: Lei 11.343/2006 que institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas – 
SISNAD. 
Art. 66. Para fins do disposto no parágrafo único do art. 1o desta Lei, até que seja atualizada a terminologia 
da lista mencionada no preceito, denominam-se drogas substâncias entorpecentes, psicotrópicas, precursoras 
 
2 Legislação Criminal para Concursos. 5ª edição, revista, atualizada e ampliada. Editora Juspodivm. 2020. 
 
 
 
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Direito Administrativo – De 
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e outras sob controle especial, da Portaria SVS/MS no 344, de 12 de maio de 1998. (Fixa as substâncias 
entorpecentes ou que determinam dependência física ou psíquica). 
 
 Candidato, os crimes da Lei de Drogas estão previstos em qual espécie de norma penal em branco? 
Excelência, os crimes da Lei de Drogas conforme se pode extrair da redação do parágrafo único do art. 1º da 
Lei nº 11.343/2006, tanto podem vim a serem complementados por uma Lei (e nesse caso, seria classificado 
nessa hipótese como uma norma penal em branco homogênea) como também por Ato Administrativo (e 
nesse caso a norma penal em branco é heterogênea), inobstante essa dupla possibilidade, atualmente em 
nosso ordenamento jurídico os crimes previstos na lei de drogas estão contidos em norma penal em branco 
heterogênea pois a norma que complementa a legislação vem descrita em ato administrativo da União. 
Assim, contemplamos que quem define conduta criminosa é a Lei, mas o complemento é dado pela Portaria 
da Anvisa (vai definir qual substância é droga) – a ANVISA é uma agência do Poder Executivo da União. 
 Dessa forma, por ser a fonte de complemento uma portaria, fala-se que a lei é uma norma penal em 
branco heterogênea. 
 Na Lei de Drogas, a norma penal em branco é heterogênea, isto porque o complemento é dado por 
ato infralegal – Portaria da ANVISA. 
 Vamos ESQUEMATIZAR? 
Normal Penal em Branco 
Heterogênea Homogênea 
Quando o complemento estiver definido em ato 
infralegal. 
Quando o complemento estiver definido em lei. 
(Divide-se em homóloga – mesma lei - ou heteróloga 
– lei distinta). 
 
 
O art. 2º da Lei 11.3434/06 segue afirmando: 
 
Art. 2º Ficam proibidas, em todo o território nacional, as drogas, bem como o plantio, a cultura, 
a colheita e a exploração de vegetais e substratos dos quais possam ser extraídas ou produzidas 
drogas, ressalvada a hipótese de autorização legal ou regulamentar, bem como o que 
estabelece a Convenção de Viena, das Nações Unidas, sobre Substâncias Psicotrópicas, de 
1971, a respeito de plantas de uso estritamente ritualístico-religioso. 
 
 Uma primeira ressalva a proibição, fica a cargo do caput deste artigo, fazendo menção a Convenção 
de Viena que trata da utilização de substrato de drogas para fins religiosos. (caso em que será necessário 
autorização judicial). 
 Vejamos: 
 
 
 
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Manual Caseiro 
 
Direito Administrativo – De 
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Parágrafo único. Pode a União autorizar o plantio, a cultura e a colheita dos vegetais referidos 
no caput deste artigo, exclusivamente para fins medicinais ou científicos, em local e prazo 
predeterminados, mediante fiscalização, respeitadas as ressalvas supramencionadas. 
 Mais duas ressalvas são feitas em casos de autorização para fins medicinais ou científicos, como trata 
o parágrafo único acima. Portanto, a proibição, exploração, plantio ou cultivo de drogas possuem três 
exceções: A religiosa, a científica e medicinal. 
 Vejamos as ressalvas: 
 
3. Sujeitos do Crime: ativo e passivo 
Em regra geral, os crimes da lei de drogas são crimes comuns ou gerais, que significa que podem ser 
praticados por quaisquer pessoas, não exigem qualidade especial do agente. Contudo, temos uma exceção 
prevista ao teor do art. 38 da Lei nº 11.343/2006, que é classificado como crime próprio ou especial (exige 
qualidade especial do agente), trata-se do crime de prescrição ou ministração culposa de drogas. Vejamos: 
 
 
Prescrição ou Ministração Culposa de Drogas 
Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas necessite o paciente, ou 
fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de 50 (cinqüenta) a 200 
(duzentos) dias-multa. 
Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao Conselho Federal da categoria 
profissional a que pertença o agente. 
 
 
 No tocante ao verbo do tipo “prescrever”, entendimento já consolidado afirma ser crime próprio, pois 
se exige a qualidade especial do agente de “médico, dentista, farmacêutico ou profissional de enfermagem”. 
Apenas profissional da saúde é quem pode prescrever. 
Fins 
religiosos
Fins 
medicinais
Fins 
cientifícos
 
 
 
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No tocante ao sujeito passivo, é a coletividade. Os crimes da lei de drogas são classificados como 
crimes vagos. Entende-se por crime vago aquele que tem como sujeito passivo um ente destituído de 
personalidade jurídica. 
 
4. Crimes de perigo abstrato 
Os crimes previstos na lei de drogas são crimes de perigo abstrato. A prática da conduta prevista em 
lei acarreta a presunção absoluta de perigo ao bem jurídico, não cabendo prova em contrário. Não obstante 
a regra, temos uma exceção. Trata-se do tipo penal do art. 39 da lei em comento. No crime do art. 39 da 
Lei de Drogas, há um crime de perigo concreto: não basta conduzir a embarcação sob o efeito da droga, é 
necessário que haja efetivamente a exposição da incolumidade de outrem a um perigo concreto, real, 
efetivo. 
 Os crimes de perigo abstrato são aqueles em que não são exigidos a colocação dobem jurídico em 
risco real e concreto tampouco a lesão do mesmo. Apenas retratam uma conduta que em si, sem apontar 
resultado específico como elemento expresso do injusto. Então para ser configurado tipo penal incriminador 
basta comportamento comissivo ou omissivo previsto no tipo penal3. 
5. Dos crimes e das penas 
 
5.1 Porte de drogas para o consumo pessoal 
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para 
consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar será submetido às seguintes penas: 
O sujeito ativo do delito do art. 28 é qualquer pessoa, o que significa que se trata de crime comum 
(aquele que pode ser praticado por qualquer pessoa, não exige qualidade especial do agente). Conforme já 
destacamos acima, os crimes da lei de drogas, em regra, são crimes comuns. Contudo, no delito de tráfico 
(art. 33), na modalidade prescrever e ministrar, o delito é classificado como crime próprio (porque exige 
qualidade especial do agente). 
 
3 https://jus.com.br/artigos/73188/crime-de-perigo-abstrato 
 
 
 
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No tocante ao sujeito passivo, o direto/imediato ou eventual é a coletividade, já o indireto/mediato ou 
constante é o Estado. 
O bem jurídico que se pretende tutelar, in casu, é a saúde pública. Trata-se de crime contra a saúde 
pública. O objeto material, por sua vez, é a pessoa ou coisa sobre qual a pessoa ou coisa. No delito do art. 
28, da Lei 11.343, o objeto material é a droga. 
Quais são as condutas criminalizadas pelo art. 28? Trata-se de tipo penal misto alternativo4, 
contemplando cinco verbos, se consumando com a realização de qualquer dos verbos. 
• Adquirir; 
• Guardar; 
• Trazer Consigo; 
• Ter em depósito; 
• Transportar. 
 
Vamos ESQUEMATIZAR? 
ADQUIRIR GUARDAR TER EM 
DEPÓSITO 
TRANSPORTAR TER EM 
DEPÓSITO 
“Adquirir”: traduz a 
ideia de obter, 
conseguir. Trata-se da 
obtenção da posse ou 
propriedade da droga, 
seja a título oneroso 
ou gratuito. Nesta 
modalidade de 
conduta, o crime é 
instantâneo, isto é, 
ocorre a consumação 
de forma imediata, 
com a simples 
aquisição da droga. 
 
“Guardar”: traduz a 
ideia de acondicionar, 
conservar, ocultar, 
proteger, tomar conta, 
ter sob vigilância, em 
geral de forma 
clandestina. Nesta 
modalidade de 
conduta, o crime é 
permanente, isto é, a 
ação do agente se 
protrai no tempo. 
 
“Ter” (em depósito): 
traduz a ideia de 
manter armazenado, 
conservar em 
determinado local. No 
geral, também há a 
ideia de 
clandestinidade, 
ocultação, muito 
embora não seja 
imprescindível, pois o 
depósito pode, em 
certos casos, ser 
exposto ao público. 
Nesta modalidade de 
conduta, o crime é 
permanente. 
“Transportar”: traduz a 
ideia de deslocar a 
droga, levando-a de um 
local para outro. Para a 
caracterização do 
crime, pouco importa 
qual é a forma de 
transporte da droga. 
Contudo, em geral, 
diferencia-se da quinta 
conduta (“trazer 
consigo”) pelo fato de 
que, nessa última, a 
droga é conduzida junto 
ao corpo do agente, ao 
passo que, no 
transporte, ela está, por 
exemplo, 
acondicionada no 
veículo automotor. 
Nesta modalidade de 
conduta, o crime é 
permanente. 
“Trazer” consigo: 
traduz a ideia de 
transportar a droga 
junto ao corpo, ou em 
compartimento que é 
carregado pelo próprio 
agente (ex.: bolsa, 
mochila, etc.). Nesta 
modalidade de 
conduta, o crime é 
permanente. 
 
 Os conceitos acima foram extraídos da obra Legislação Criminal para Concursos (2020). Editora Juspodivm. 
 
4 Nas lições do prof. Márcio Cavalcante (Dizer o Direito), o tipo penal misto alternativo é aquele em que o legislador descreveu 
duas ou mais condutas (verbos). Se o sujeito praticar mais de um verbo, no mesmo contexto fático e contra o mesmo objeto 
material, responderá por um único crime, não havendo concurso de crimes nesse caso. 
 
 
 
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Manual Caseiro 
 
Direito Administrativo – De 
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Candidato, é possível pensar em tentativa em relação a esses crimes? É muito difícil falar em tentativa 
nesses casos; em tese, é admissível, mas é difícil pensar em uma situação prática de tentativa. A doutrina 
ressalta que é possível tentar adquirir a droga. A dificuldade da tentativa decorre do fato de que mesmo que 
praticado na forma tentada, é provável que já seja consumada em um dos outros verbos do tipo. 
A Lei não menciona o verbo usar, mas menciona verbos que teoricamente incidem na prévia prática 
do consumo. 
Corroborando ao exposto, Roque; Távora e Alencar 5: 
O art. 28 da Lei de Drogas trata das condutas a serem praticadas pelo usuário. A primeira 
anotação que devemos fazer é, justamente, no sentido de que a Lei não criminaliza o consumo 
em si, mas sim condutas relacionadas à pretensão de consumir a droga. Basta perceber que dentre 
os núcleos do tipo não se encontra o verbo “consumir”. De todo modo, inconcebível que o 
usuário consiga fazer uso da droga sem que realize pelo menos um dos núcleos do tipo – 
“adquirir”, “guardar”, “ter” (em depósito), “transportar” ou “trazer” consigo. 
Candidato, porque a conduta descrita no art. 28 é considerada crime, tendo em vista que somos 
regidos pelo princípio da alteridade? 
O princípio da alteridade basicamente significa dizer que aquele indivíduo que causa lesão a si 
próprio, esta lesão não será punida. No entanto, o sujeito passivo da Lei de drogas é a saúde pública, desta 
forma, não interessa apenas o usuário de drogas, o interesse principal é de que a saúde pública seja 
preservada, caso contrário, a coletividade é diretamente prejudicada com situações de marginalidade, 
problemas de overdose, problemas com a sobrecarga do sistema de saúde. 
 
5.1.1 Figura Equiparada 
Art. 28 § 1º Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva 
ou colher plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produto 
capaz de causar dependência física ou psíquica. 
 Este parágrafo traz as condutas equiparadas ao crime do caput, semear cultivar ou colher. E quais são 
as condutas? 
• Semeia; 
 
5 Legislação Criminal para Concursos. 5ª edição, revista, atualizada e ampliada. Editora Juspodivm. 2020. 
 
 
 
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• Cultiva; 
• Colhe. 
... plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar 
dependência física ou psíquica. 
 
O dispositivo refere-se ao local em que o agente planta uma pequena quantidade de substância ou 
produto capaz de causar dependência física ou psíquica para seu consumo pessoal (Exemplo: plantar um pé 
de maconha em um vaso na varanda do apartamento). 
 
Obs.1: A plantação deve ser com a finalidade específica de consumo pessoal; 
Obs.2: A prática de alguma das condutas já caracteriza o delito, pois trata-se de tipo penal misto 
alternativo. 
Obs.3: Deve ser planta destinada a pequena quantidade. A lei expressamente tratou “pequena 
quantidade”. 
 
 
5.1.2 Punições 
 
Na atual lei de drogas, o usuário não pode mais ser preso. A descarcerização do usuário é um grande 
benefício trazido pela nova Lei (Art. 28, Lei nº 11.343/2006). Não há mais incidência para o usuário pena 
privativa de liberdade! 
E quais são as penas aplicadas ao usuário? Com relação a punição o Art. 28 ainda disciplina em seus 
incisos que: 
 
I - advertência sobre os efeitos das drogas; 
II - prestação de serviços à comunidade; 
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. 
 
 
 O STF se manifestou acerca da tese da “descriminalização” deste artigo, e para a Corte há uma 
despenalização, o legislador manteve a natureza da infração, continua sendo uma infração penal. Tornando-
se um crime de ínfimo menor potencial ofensivo. 
 PenasNÃO privativas de liberdade: advertência sobre os efeitos das drogas, prestação de serviço 
à comunidade e medida educativa de comparecimento à programa ou curso educativo, preferencialmente 
 
 
 
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sobre questões de drogas. Quanto ao prazo, este será de 5 meses se for primário e 10 meses se for reincidente, 
no caso da reincidência o STJ se pronunciou no RESP 1.771.304-ES, e entendeu que se tratava de uma 
reincidência especifica no uso de drogas. 
 Vale ressaltar que de acordo com o Art. 27, é possível aplicar cumulativamente duas ou três penas: 
Art. 27. As penas previstas neste Capítulo poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente, 
bem como substituídas a qualquer tempo, ouvidos o Ministério Público e o defensor. 
 Candidato, condução coercitiva após o descumprimento de um Termo Circunstanciado, para 
comparecimento ao juiz e aplicação de uma advertência por exemplo, é permitida no porte de drogas 
para consumo pessoal? Sim. No entanto vale lembrar que na lei de abuso de autoridade e em julgados do 
STF, o entendimento é de que não se pode conduzir o réu coercitivamente para presença do juiz com fins de 
interrogatório, baseado no princípio da presunção de inocência, e não o princípio de não fazer prova contra 
si mesmo. No caso do portador de drogas para uso pessoal, não há o princípio da presunção de inocência 
tendo em vista que já está condenado a uma pena de advertência. Portanto de acordo com o Enunciado do 
FONAJE (Fórum Nacional dos Juizados Especiais), em caso de ausência injustificada do usuário de drogas 
à audiência de aplicação de pena de advertência, ele poderá ser conduzido coercitivamente. 
A prestação de serviços preferencialmente será na prevenção do consumo ou recuperação de 
usuários e dependentes de drogas, possuindo duas características: A não substitutividade e não 
conversibilidade. Essa pena é autônoma, não substitui nenhuma outra pena, como a pena restritiva de direito 
substitui a pena restritiva de liberdade, bem como uma vez descumprida a pena imposta, esta não será 
convertida em prisão. Sendo assim essas as principais diferenças com as penas restritivas de direitos, a não 
substitutividade e a não conversibilidade. 
Em caso de descumprimento, o juiz aplicará medidas sancionatórias, e quais são elas? Admoestação 
verbal e multa. Destaca-se ainda que, não cabe a prisão cautelar para o usuário, isso porque não permite 
sequer de modo definitivo ao término da demanda processual. Não cabe Prisão em Flagrante (2ª fase do 
flagrante). 
Cuidado, muita atenção aqui, a admoestação verbal e a multa não são penas do Art. 28! Isso é efeito 
extrapenal, com intuito de coagir as devidas penas: advertência, prestação de serviço à comunidade e 
frequência em curso educativo. 
Candidato, pode-se de imediato aplicar a multa em caso de descumprimento de prestação de 
serviço ou frequência em curso educativo? Não. O entendimento pacifico é de que essas medidas 
 
 
 
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coercitivas (admoestação verbal, multa) para garantia do cumprimento das penas do art. 28 são sucessivas. 
Primeiro deve-se admoestar e depois aplicar a multa, não pode ser simultaneamente. 
Candidato, imagine que o usuário foi admoestado, posteriormente aplicado a multa coercitiva 
e mesmo assim não surte efeito no tocante ao cumprimento da pena, chegando ao falecimento deste 
indivíduo, a multa anteriormente arbitrada pode ser cobrada corrigida dos herdeiros? Sim. Não se 
utiliza aqui o princípio da intranscendência da pena, tendo em vista que tanto a admoestação verbal como 
essa multa NÃO SÃO PENAS, são efeitos extrapenais para efeito de coerção ao cumprimento das penas. 
Portanto, os herdeiros responderão na medida do espólio deixado pelo de cujus todas as multas que foram 
arbitradas (a Lei não define até quantas podem ser aplicadas). 
Observação. O Art. 28 gerava reincidência para outros crimes, contudo houve uma mudança de 
entendimento do STJ tendo em vista que, se na lei de contravenções penais que possui uma pena de prisão 
simples não gera reincidência, não tem lógica um crime como o do art. 28 que tem uma pena apenas de 
“advertência”, “prestação de serviços” e “medida educativa” gerar reincidência. Lembrando que a lei de 
contravenções penais informa que se houver uma contravenção penal e a prática de um crime posterior essa 
contravenção não gera reincidência, apenas caso seja uma contravenção e outra contravenção, neste caso 
gera reincidência, bem como na prática de um crime e uma contravenção posterior irá gerar reincidência. 
Nesse sentido, vejamos: 
A condenação pelo art. 28 da Lei 11.343/2006 (porte de droga para uso próprio) NÃO configura 
reincidência: O porte de droga para consumo próprio, previsto no art. 28 da Lei nº 11.343/2006, possui 
natureza jurídica de crime. O porte de droga para consumo próprio foi somente despenalizado pela Lei nº 
11.343/2006, mas não descriminalizado. Obs: despenalizar é a medida que tem por objetivo afastar a pena 
como tradicionalmente conhecemos, em especial a privativa de liberdade. Descriminalizar significa deixar de 
considerar uma conduta como crime. Mesmo sendo crime, o STJ entende que a condenação anterior pelo art. 
28 da Lei nº 11.343/2006 (porte de droga para uso próprio) NÃO configura reincidência. Argumento principal: 
se a contravenção penal, que é punível com pena de prisão simples, não configura reincidência, mostra-se 
desproporcional utilizar o art. 28 da LD para fins de reincidência, considerando que este delito é punido apenas 
com “advertência”, “prestação de serviços à comunidade” e “medida educativa”, ou, seja, sanções menos 
graves e nas quais não há qualquer possibilidade de conversão em pena privativa de liberdade pelo 
descumprimento. Há de se considerar, ainda, que a própria constitucionalidade do art. 28 da LD está sendo 
fortemente questionada. STJ. 5ª Turma. HC 453437/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 
04/10/2018. STJ. 5ª Turma. AgRg-AREsp 1.366.654/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 13/12/2018. 
STJ. 6ª Turma. REsp 1672654/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 21/08/2018 (Info 
632). 
 
 
 
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Sobre o delito do art. 28 e a reincidência, vale a pena conferirmos o teor do Info 662 do STJ: 
A reincidência de que trata o § 4º do art. 28 da Lei nº 11.343/2006 é a específica: O art. 28 da Lei nº 
11.343/2006 prevê o crime de porte de drogas para consumo pessoal. Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver 
em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo 
com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: I - advertência sobre os efeitos 
das drogas; II - prestação de serviços à comunidade; III - medida educativa de comparecimento a programa ou 
curso educativo. Em regra, as penas dos incisos II e III só podem ser aplicadas pelo prazo máximo de 5 meses. 
O § 4º prevê que: “em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão 
aplicadas pelo prazo máximo de 10 (dez) meses.” A reincidência de que trata o § 4º é a reincidência específica. 
Assim, se um indivíduo já condenado definitivamente por roubo, pratica o crime do art. 28, ele não se enquadra 
no § 4º. Isso porque se trata de reincidente genérico. O § 4º ao falar de reincidente, está se referindo ao crime 
do caput do art. 28. STJ. 6ª Turma. REsp 1771304-ES, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 10/12/2019 (Info 
662). 
 
5.1.3 Competência 
Como já citado anteriormente, o crime previsto no Art. 28 da Lei 11.343/06 é um crime de ínfimo 
potencial ofensivo, portanto a competência para julgar é do Juizado EspecialCriminal, na Justiça Estadual. 
O processo e julgamento do crime do art. 28 segue o procedimento sumaríssimo. É crime de 
competência do Juizado Especial Criminal. 
Assim, temos que o art. 28 da Lei de Drogas é infração de menor potencial ofensivo. Seu processo e 
julgamento seguem o rito sumaríssimo (arts. 60 e seguintes da Lei 9.099/1995). 
Corroborando ao exposto, Victor Eduardo Rios Gonçalves e José Paulo Baltazar Junior (2016):6 
O procedimento em relação a qualquer das condutas previstas no art. 28, salvo se houver 
concurso com crime mais grave, é aquele descrito nos arts. 60 e seguintes da Lei n. 9.099/95, 
sendo, assim, de competência do Juizado Especial Criminal. Dessa forma, a quem for flagrado 
na prática de infração penal dessa natureza não se imporá prisão em flagrante, devendo o autor 
do fato ser imediatamente encaminhado ao juizado competente, ou, na falta deste, assumir o 
compromisso de a ele comparecer, lavrando-se termo circunstanciado e providenciando a 
autoridade policial as requisições dos exames e perícias necessários. Concluída a lavratura do 
 
6 Gonçalves, Victor Eduardo Rios. Legislação penal especial / Victor Eduardo Rios Gonçalves, José Paulo Baltazar Junior; 
coordenador Pedro Lenza. – 2. ed. – São Paulo : Saraiva, 2016. – (Coleção esquematizado®) 1. Direito penal - Legislação - Brasil 
I. Baltazar Junior, José Paulo. II. Título. III. Série. CDU-343.3/.7(81)(094.56). 
 
 
 
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termo circunstanciado, o agente será submetido a exame de corpo de delito se o requerer, ou se 
a autoridade policial entender conveniente, e, em seguida, será liberado. 
 
5.1.4 Princípio da Insignificância 
É majoritário o posicionamento de que o princípio da insignificância não é aplicado ao Art. 28, 
tendo em vista que já é em sua essência um crime de ínfimo potencial ofensivo, baixa ofensividade, possui 
um teor de insignificância. Muito embora exista jurisprudência permitindo sua aplicação. 
Nesse sentido, vejamos o Informativo do STJ. 
INFORMATIVO 541, STJ. 
LEI DE DROGAS: Não se aplica o princípio da insignificância para a 
posse/porte de droga. 
Não se aplica o princípio da insignificância para o crime de posse/porte de 
droga para consumo pessoal (art. 28 da Lei nº 11.343/2006). Para a 
jurisprudência, não é possível afastar a tipicidade material do porte de substância 
entorpecente para consumo próprio com base no princípio da insignificância, 
ainda que ínfima a quantidade de droga apreendida. STJ. 6ª Turma. RHC 35.920-
DF, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 20/5/2014 (Info 541). 
 
Atenção! Porte de Droga para Consumo Pessoal x Princípio da Insignificância! 
Se a pessoa for encontrada com alguns poucos gramas de droga para consumo próprio, é possível 
aplicar o princípio da insignificância? 
àSTJ: não é possível aplicar o princípio da insignificância 
A jurisprudência de ambas as turmas do STJ firmou entendimento de que o crime de posse de drogas 
para consumo pessoal (art. 28 da Lei n° 11-343/06) é de perigo presumido ou abstrato e a pequena 
quantidade de droga faz parte da própria essência do delito em questão, não lhe sendo aplicável o 
princípio da insignificância (STJ. 6• Turma. RHC 35-920-DF, Rei. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 
2o/5f2014.lnfo 541) . 
àSTF: possui um precedente isolado, da 1ª Turma, aplicando o princípio: HC 110475, Rei. Min. 
Dias Toffoli,julgado em 14/02/2012. 
 
 
 
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Obs.: se esse tema for cobrado em prova, você deverá responder que NÃO é possível a aplicação do 
princípio, uma vez que o referido precedente da 1ª Turma do STF não formou jurisprudência. 
Assim: 
STF STJ 
Em regra, não admite. Admitiu de forma 
excepcional. 
Não admite. 
STF: “Ao aplicar o princípio da insignificância, a 1ª 
Turma concedeu habeas corpus para trancar 
procedimento penal instaurado contra o réu e 
invalidar todos os atos processuais, desde a 
denúncia até a condenação, por ausência de 
tipicidade material da conduta imputada. No caso, o 
paciente fora condenado, com fulcro no art. 28, 
caput, da Lei 11.343/2006, à pena de 3 meses e 15 
dias de prestação de serviços à comunidade por 
portar 0,6 g de maconha” (HC 110.475/SC, rel. Min. 
Dias Toffoli, 1ª Turma, j. 14.02.2012, noticiado no 
Informativo 655). 
STJ: “Não é possível afastar a tipicidade material do 
porte de substância entorpecente para consumo 
próprio com base no princípio da insignificância, 
ainda que ínfima a quantidade de droga apreendida” 
(RHC 35.920/DF, rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, 
6ª Turma, j. 20.05.2014, noticiado no Informativo 
541). 
 
 
5.1.5 Habeas Corpus 
Não é possível a impetração de habeas corpus em face da conduta delitiva do art. 28, posto que esse 
crime não oferece nenhum risco ou ameaça à liberdade de locomoção, tendo em vista que a pena não é 
privativa de liberdade. 
5.1.6 Critérios para determinação do consumo 
Na continuidade do artigo, temos parágrafo 2º: 
Art. 28 § 2º Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à 
natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que se 
desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos 
antecedentes do agente. 
 O juiz, portanto, irá verificar a quantidade de droga, as circunstâncias de forma geral, a condição 
financeira do usuário e seus antecedentes por exemplo. 
5.1.7 Prescrição penal 
 
 
 
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Art. 30. Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição e a execução das penas, observado, no 
tocante à interrupção do prazo, o disposto nos arts. 107 e seguintes do Código Penal. 
 
Dispõe o art. 30, da Lei 11.343 que prescrevem em 2 (dois) anos a imposição e a execução das penas, 
observado, no tocante à interrupção do prazo, o disposto nos arts. 107 e seguintes do Código Penal. 
Para o delito do art. 28, da Lei nº 11.343/2006 a prescrição é de 2 anos. Esse prazo é aplicável tanto 
à prescrição da pretensão punitiva como também à prescrição da pretensão executória. 
O presente dispositivo (art. 30) foi objeto de cobrança na prova de Delegado do Estado do Pará. 
Prescrevem, portanto, a prescrição a pretensão punitiva, bem como a prescrição da pretensão 
executória. Uma das menores prescrições existentes no nosso ordenamento jurídico. Todas as regras dos arts. 
107 e seguintes serão aplicadas ao crime do art. 28. Exemplo: Um indivíduo de 19 anos foi preso usando 
drogas, a prescrição desse crime será de 1 ano, vide art. 115. CP; 
Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo 
do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos. 
 
5.2 Tráfico de drogas 
Na lei de drogas o termo tráfico de drogas do crime é dado pela doutrina, não existe na legislação 
propriamente o crime de “tráfico de drogas”. 
 Observação. Cumpre destacar de imediato, que os crimes previstos nos Arts. 33 caput e §1º, 
Art. 34, Art. 36 e Art. 37 são o chamado TRÁFICO DE DROGAS. 
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à 
venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, 
entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em 
desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil 
e quinhentos) dias-multa. 
 O art. 33, caput, contempla 18 núcleos. Trata-se de tipo misto alternativo, também denominado de 
crime de ação múltipla ou de conteúdo variado. Se o agente praticar duas ou mais condutas contra o mesmo 
 
 
 
19Manual Caseiro 
 
Direito Administrativo – De 
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objeto material (mesma droga), ele responderá por um único crime. Contudo, se as condutas forem 
praticadas contra drogas diversas, estará caracterizado o concurso de crimes. 
 E quais são as condutas criminalizadas? 
• Importar; 
• Exportar; 
• Remeter; 
• Preparar; 
• Produzir; 
• Fabricar; 
• Adquirir; 
• Vender; 
• Expor à venda; 
• Oferecer; 
• Ter em depósito; 
• Transportar; 
• Trazer consigo; 
• Guardar; 
• Prescrever; 
• Ministrar; 
• Entregar a consumo ou 
• Fornecer drogas 
 Sobre a definição de cada conduta, descreve Victor Eduardo Rios Gonçalves e José Paulo Baltazar 
Junior (2016):7 
Importar consiste em fazer entrar o entorpecente no País, por via aérea, marítima ou por terra. 
O crime pode ser praticado até pelo correio. O delito consuma-se no momento em que a droga 
entra no território nacional. Pelo princípio da especialidade, aplica-se a Lei de Drogas, e não o 
art. 334 do Código Penal (contrabando ou descaminho), delito que, dessa forma, só pune a 
importação de outros produtos proibidos. 
Exportar é enviar o entorpecente para outro país por qualquer dos meios mencionados. 
Remeter é deslocar a droga de um local para outro do território nacional. 
Preparar consiste em combinar substâncias não entorpecentes, formando uma tóxica pronta 
para o uso. 
 
7 Gonçalves, Victor Eduardo Rios. Legislação penal especial / Victor Eduardo Rios Gonçalves, José Paulo Baltazar Junior; 
coordenador Pedro Lenza. – 2. ed. – São Paulo : Saraiva, 2016. – (Coleção esquematizado®) 1. Direito penal - Legislação - Brasil 
I. Baltazar Junior, José Paulo. II. Título. III. Série. CDU-343.3/.7(81)(094.56). 
 
 
 
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Direito Administrativo – De 
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Produzir é criar. É a preparação com capacidade criativa, ou seja, que não consista apenas em 
misturar outras substâncias. 
Fabricação é a produção por meio industrial. 
Adquirir é comprar, obter a propriedade, a título oneroso ou gratuito. Só configura o crime de 
tráfico se a pessoa adquire com intenção de, posteriormente, entregar a consumo de outrem. 
Quem compra droga para uso próprio incide na conduta prevista no art. 28 — porte de droga 
para consumo próprio, que possui pena muito mais branda. 
Vender é alienar mediante contraprestação em dinheiro ou outro valor econômico. 
Expor à venda consiste em exibir a mercadoria aos interessados na aquisição. 
Oferecer significa abordar eventuais compradores e fazê-los saber que possui a droga para 
venda. 
O significado das condutas “guardar” e “ter em depósito” é objeto de controvérsia na doutrina. 
Com efeito, Nélson Hungria entende que “ter em depósito” é reter a droga que lhe pertence, 
enquanto “guardar” é reter a droga pertencente a terceiro. É esse também o entendimento de 
Fernando Capez. Para Vicente Greco Filho, ambas as condutas implicam retenção da substância 
entorpecente, mas a figura “ter em depósito” sugere provisoriedade e possibilidade de 
deslocamento rápido da droga de um local para outro, enquanto “guardar” tem um sentido, pura 
e simplesmente, de ocultação. 
Transportar significa conduzir de um local para outro em um meio de transporte e, assim, difere 
da conduta “remeter” porque, nesta, não há utilização de meio de transporte viário. Enviar droga 
por correio, portanto, constitui “remessa”, exceto se for entre dois países, quando consistirá em 
“importação” ou “exportação”. Por outro lado, o motorista de um caminhão que leva a droga de 
Campo Grande para São Paulo está “transportando” a mercadoria entorpecente. 
Trazer consigo é conduzir pessoalmente a droga. É, provavelmente, a conduta mais comum, 
porque se configura quando o agente, por exemplo, traz o entorpecente em seu bolso ou bolsa. 
Prescrever, evidentemente, é sinônimo de receitar. Por essa razão, a doutrina costuma 
mencionar que se trata de crime próprio, pois só médicos e dentistas podem receitar 
medicamentos. Lembre-se de que há substâncias entorpecentes que podem ser vendidas em 
farmácias, desde que haja prescrição médica. Porém, se o médico, intencionalmente, prescreve 
o entorpecente, apenas para facilitar o acesso à droga, responde por tráfico. O crime consuma-se 
no momento em que a receita é entregue ao destinatário. Se alguém, que não é médico ou 
dentista, falsifica uma receita e consegue comprar a droga, responde por tráfico na modalidade 
“adquirir” com intuito de venda posterior. A prescrição culposa de entorpecente (em dose maior 
que a necessária ou em hipótese em que não é recomendável o seu emprego) caracteriza crime 
específico, previsto no art. 38 da Lei de Drogas. 
 
 
 
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Ministrar é aplicar, inocular, introduzir a substância entorpecente no organismo da vítima — 
quer via oral, quer injetável. Exemplo: um farmacêutico injeta drogas em determinada pessoa 
sem existir prescrição médica para tanto. 
Fornecer é sinônimo de proporcionar. O fornecimento pressupõe intenção de entrega continuada 
do tóxico ao comprador e, por tal razão, difere das condutas “vender” ou simplesmente 
“entregar”. O fornecimento e a entrega, ainda que gratuitos, tipificam o crime. 
Se o indivíduo pratica alguma dessas condutas descritas pelos verbos supracitados, mesmo que 
gratuitamente incorre neste crime, ou seja, não é necessário para a configuração do delito que tenha relação 
financeira. 
No tocante aos sujeitos do crime, trata-se de crime comum ou geral: pode ser praticado por qualquer 
pessoa. A maior parte das condutas previstas no tipo penal do art. 33 da Lei de Drogas são caracterizadas 
como crime comum, ou seja, não exigem qualidade especial do agente. Todavia, no tocante as condutas 
prescrever e ministrar é crime próprio. É considerada crime próprio porque só quem pode prescrever é 
profissional da área de saúde. Por outro lado, referente a conduta ministrar (aplicar a droga) existe 
divergência, pois parte dos defensores argumentam que a aplicação (ministrar) pode ser feita por qualquer 
pessoa. 
O tipo penal do art. 33 da Lei de Drogas possui um elemento normativo que merece a nossa atenção, 
qual seja, “sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar”. Desse modo, para 
a configuração do delito em comento é necessário que a conduta seja praticada sem autorização ou ainda em 
desacordo com determinação legal ou regulamentar. O tráfico só restará configurado se a conduta for 
praticada sem autorização legal. 
Candidato, é possível o comércio lícito de drogas? É possível sim excelência, pois só existe o crime 
se a conduta é realizada “sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar”. 
Exemplo: venda de remédio com receita controlada, pois contém o princípio ativo de alguma droga. 
 O parágrafo 1º traz mais verbos com todas as condutas equiparadas: 
 § 1º Nas mesmas penas incorre quem: 
I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, oferece, fornece, 
tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização 
ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto 
químico destinado à preparação de drogas; 
 
 
 
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 Essa substância é qualquer que seja extraída de entorpecente de droga, não precisa ser o tóxico, desde 
que seja idônea a preparação do dispositivo. A observação deste inciso vai para a importação de semente de 
maconha, esta não configura crime de tráfico. No julgado de 11 de setembro de 2018, Gilmar Mendes afirma 
que: “...a matéria-prima ou insumo devem ter condições e qualidades químicas para, mediante transformação 
ou adição, por exemplo, produzirem a droga ilícita, o que nãoé o caso das sementes da planta Cannabis 
sativa, que não possuem a substância psicoativa (THC) ”. STF, 2º turma HC 144161 SP, Rel. Min. Gilmar 
Mendes (info 915). Em resumo quando não tiver THC, não haverá crime de tráfico. 
 Outro ponto em destaque é acerca da importação de pequenas quantidades de sementes de 
maconha. A 5º turma do STJ entende que SIM, a importação clandestina de sementes de Cannabis sativa 
configura o tipo penal descrito no art. 33, §1º, I, da Lei 11.343/2006, não sendo possível aplicar o princípio 
da insignificância (REsp 1723739/SP). Enquanto que a 6º turma entende que NÃO, tratando-se de 
pequena quantidade de sementes e inexistindo expressa previsão normativa que criminaliza entre as condutas 
do art. 28 da lei de Drogas, a importação de pequena quantidade de matéria prima ou insumo destinado à 
preparação de droga para consumo pessoal, forçoso reconhecer a atipicidade do fato (REsp 1616707/CE). 
Em suma esse é o entendimento majoritário tanto o STF quanto a 6º turma do STJ entendem não 
configurar crime de tráfico a importação da semente da Cannabis sativa. 
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com determinação legal 
ou regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas; 
 Para caracterização desse crime, pouco importa o princípio ativo, diferente da semente abordada no 
inciso anterior, na medida em que a Lei de Drogas só exige que elas sejam destinadas a preparação da droga. 
Portanto, a planta não precisa do princípio ativo. Enquanto a semente, o STF entende que necessita do 
princípio ativo. 
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse, administração, 
guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem 
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de 
drogas. 
 Essa propriedade não necessariamente precisa ter noção de posse, pode apenas ser sob administração 
ou vigilância. Terá também de ser a propriedade cedida para fins de tráfico e não de consumo pessoal. 
Ressalta-se que sendo o imóvel para fins de associação, sem as figuras do tráfico não á crime tipificado neste 
inciso, ou seja, se o imóvel é usado para reuniões de traficantes, mas lá dentro não existe nenhuma das 
condutas do tráfico, este crime não existirá. 
 
 
 
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Assim, no caso do inc. III, o agente empresta o carro, a casa para o tráfico de drogas. Esse local pode 
ser imóvel (terreno, casa, apartamento) ou móvel (carro, avião). O crime é doloso, ou seja, somente estará 
caracterizado quando o proprietário/possuidor do local conhece a natureza da substância. 
Na sequência, temos uma novidade acrescida pelo Pacote Anticrime. 
IV - vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à 
preparação de drogas, sem autorização ou em desacordo com a determinação legal ou 
regulamentar, a agente policial disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis 
de conduta criminal preexistente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). 
 Trata-se de novidade trazido pelo Pacote Anticrime (PAC): agente disfarçado. Até o advento do PAC, 
a conduta do agente se disfarçar para poder comprar a droga não poderia acontecer porque configuraria um 
crime impossível, agora quem vender ou entregar ainda que por agente disfarçado a droga, vai responder por 
crime de tráfico. Lembrando que não pode faltar elementos probatórios razoáveis de conduta criminal 
preexistentes, uma câmera que a polícia civil já tinha filmando e então o policial disfarçado vai e comprova 
por exemplo. 
Observação¹. Presente o elemento da conduta criminal preexistente, a venda ou a entrega ao agente policial 
disfarçado ensejará o flagrante nos termos do art. 33, §1º, IV da Lei 11.343/06. 
Observação². Ausente o elemento de conduta criminal preexistente, mas o criminoso prontamente entrega a 
droga pedida pelo policial disfarçado, só será viável o flagrante nas modalidades de “ter em depósito, 
transportar, trazer consigo ou guardar e a tipificação ficará no art. 33 caput, da Lei 11.343/06. 
Observação³. Ausente o elemento da conduta criminal preexistente, e o agente policial disfarçado solicita a 
droga ao traficante e este vai buscá-la em outra localidade, a prisão em flagrante será considerada, 
inevitavelmente, ilegal, nos termos da Súmula 145 do STF. Tendo em vista que não trazia consigo, não 
guardava, etc. o policial provoca ele a ir a outro lugar. 
Súmula 145 STF. Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível 
a sua consumação. 
 
Nessa linha, corroborando ao exposto, William Garcez e Davi André Costa e Silva 8(2020): 
 
8 https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2020/04/08/figura-policial-disfarcado-e-mitigacao-flagrante-preparado/ 
 
 
 
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Diante desse novo cenário jurídico, entendemos que, em outras palavras, a lei deixa claro que a 
venda e entrega de droga a agente policial disfarçado não configuram o flagrante preparado, 
desde que presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente. 
Repare-se que a lei traz um elemento normativo condicionador, o qual funciona como um 
requisito para a configuração típica. O flagrante só será válido quando presentes elementos 
probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente. Se, diversamente, não houver prova de 
conduta criminal preexistente e o policial disfarçado receber a droga do traficante, a prisão em 
flagrante se dará com base no art. 33, caput, da Lei 11.343/06, e somente nos verbos 
configuradores de crime permanente (ter em depósito, transportar, trazer consigo ou guardar) se 
presentes no cenário fático. 
Assim, três situações podem ocorrer: a) Presente o elemento da conduta criminal preexistente, a 
venda ou a entrega ao agente policial disfarçado ensejará o flagrante nos termos do art. 33, §1°, 
IV, da Lei 11.343/06; b) Ausente o elemento de conduta criminal preexistente, mas o criminoso 
prontamente entrega a droga pedida pelo policial disfarçado, só será viável o flagrante nas 
modalidades de ter em depósito, transportar, trazer consigo ou guardar e a tipificação ficará no 
art. 33, caput, da Lei 11.343/06; c) Ausente o elemento de conduta criminal preexistente, o agente 
policial disfarçado solicita droga ao traficante e este vai buscá-la em outra localidade, a prisão 
em flagrante será considerada, inevitavelmente, ilegal, nos termos da Súmula 145 do STF. 
 
Observação 4. 
a) Agente disfarçado: não precisa de autorização judicial. Art. 33 §1º, IV. Situação em que o policial se 
passa por comprador ou mero adquirente. (Presente na lei de drogas e no estatuto do desarmamento). 
b) Agente provocador: aquele que instiga alguém a pratica de delito sem que a pessoa tenha esse propósito. 
Caracteriza a figura do Crime impossível. (Teoria da armadilha). 
c) Agente infiltrado: previsto na Lei 12.850/13 (organização criminosa) necessita de autorização judicial. 
 
5.2.1 Classificação 
É crime próprio no verbo prescrever (médico, odontólogo, etc.) e crime comum nos demais verbos, 
sendo um crime formal doloso (consciência e vontade), comissivo (cuja conduta é uma ação), de perigo 
abstrato (sujeito passivo é a coletividade), tipo misto alternativo (se praticada mais condutas no mesmo 
contexto fático será punido por apenas um crime), não cabendo princípio da insignificância. 
5.2.2 Modalidades permanentes 
 
 
 
 
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• Expor a venda: Enquanto estiver exposto está acontecendo o crime; 
• Ter em depósito: Enquanto mantiver em depósito está acontecendo o crime; 
• Transportar:Enquanto estiver transportando está acontecendo o crime 
• Trazer consigo: Enquanto estiver trazendo consigo está acontecendo o crime; 
• Guardar: Enquanto estiver guardando está acontecendo o crime. 
Possibilitando, portanto, a prisão em flagrante, pois é necessária a condição do crime estar 
acontecendo. 
Candidato, quando que é autorizada a quebra da inviolabilidade domiciliar para fins de 
flagrante de leis de drogas? A principal situação é que deverá se saber a probable cause, que seriam as 
circunstâncias que permitam uma pessoa razoável (homem médio) acreditar, ou ao menos suspeitar, COM 
ELEMENTOS CONCRETOS, que um crime está sendo cometido no interior da residência. 
Conforme entendimento do STJ (entendimento válido para os certames), a mera intuição de que 
está havendo tráfico de drogas na casa não autoriza o ingresso sem mandado judicial ou consentimento do 
morador. Exemplo. A polícia percebe uma aglomeração de pessoas em local conhecido pelo tráfico, um 
indivíduo nota a presença policial e corre para sua casa, a autoridade portando o segue e adentra sua 
residência, encontrando drogas, dinheiro e balança de precisão, este fato NÃO configuraria justa causa, tendo 
em vista que a mera intuição da fuga não autoriza a entrada na residência. 
Nesse sentido, vejamos o Informativo do STJ. 
O ingresso regular da polícia no domicílio, sem autorização judicial, em caso de flagrante 
delito, para que seja válido, necessita que haja fundadas razões (justa causa) que sinalizem 
a ocorrência de crime no interior da residência. 
A mera intuição acerca de eventual traficância praticada pelo agente, embora pudesse 
autorizar abordagem policial, em via pública, para averiguação, não configura, por si só, 
justa causa a autorizar o ingresso em seu domicílio, sem o seu consentimento e sem 
determinação judicial. 
STJ. 6ª Turma. REsp 1574681-RS, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 20/4/2017 
(Info 606). 
 
 
 
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Cuidado. O encontro fortuito de prova é aplicável para lei de drogas. Exemplo. Um mandado que 
autoriza a entrada na residência para busca de arma de fogo, adentrando o local é encontrado drogas, mesmo 
o mandado não mencionando drogas, como a autoridade policial estava autorizada a adentrar e encontra as 
drogas, esta foi encontrada de forma fortuita. No entanto, se um mandado autoriza a entrada no domicílio 
para apreensão de uma ave que está no quintal, a autoridade policial entra e sai vasculhando todas as áreas 
atrás de outras coisas para incriminar o indivíduo e ache drogas, neste caso não haverá encontro fortuito, 
tendo em vista que foi além do que permitia o mandado. 
Observação¹. A propriedade da droga é irrelevante (para consumar-se, não é necessário que a droga 
seja do agente). Logo o agente que guarda em sua residência em nome de terceiro, pratica o delito de tráfico. 
Até porque ter em depósito e guardar são condutas englobadas também pelo tipo penal. 
Observação². Adquirir mesmo que para outra pessoa, configura o delito de tráfico. 
Observação³. A conduta de negociar a aquisição de droga por telefone é o suficiente para a 
configuração do delito de tráfico, consumado na modalidade adquirir, mesmo que haja intervenção policial 
e a consequente apreensão da droga, fazendo com que ela não chegue até o agente. (STF HC 71.853 RJ). 
Vejamos: 
Consumação do crime de tráfico de drogas na modalidade adquirir pelo simples fato de a 
droga ter sido negociada por telefone 
A conduta consistente em negociar por telefone a aquisição de droga e também disponibilizar o 
veículo que seria utilizado para o transporte do entorpecente configura o crime de tráfico de 
drogas em sua forma consumada (e não tentada), ainda que a polícia, com base em indícios 
obtidos por interceptações telefônicas, tenha efetivado a apreensão do material entorpecente 
antes que o investigado efetivamente o recebesse. Para que configure a conduta de "adquirir", 
prevista no art. 33 da Lei nº 11.343/2006, não é necessária a tradição do entorpecente e o 
pagamento do preço, bastando que tenha havido o ajuste. Assim, não é indispensável que a 
droga tenha sido entregue ao comprador e o dinheiro pago ao vendedor, bastando que tenha 
havido a combinação da venda. STJ. 6ª Turma. HC 212.528-SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, 
julgado em 1º/9/2015 (Info 569). 
 
5.2.3 Equiparação ao crime hediondo 
 
 
 
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O tráfico de drogas não é crime hediondo, mas sim equiparado a este. Tal equiparação foi feita pela 
Constituição Federal (Art. 5º, XLIII) e também pela própria Lei dos crimes hediondos (Lei 8.07290, art. 2º, 
caput). 
5.2.4 Regime de cumprimento de pena 
 
Inicialmente, cumpre recordarmos que o tráfico de drogas é um crime equiparado ao hediondo. 
Assim, todo o regramento aplicável aos crimes hediondo, também se aplicará ao tráfico, todas os 
consectários. 
Nessa esteira, a lei de crimes hediondos no art. 2º, § 1º, em sua redação original previa o regime 
integralmente fechado. Ocorre que após a Lei posterior fazer a modificação para regime inicialmente 
fechado, o STF determinou que ambos os termos eram inconstitucionais, afirmando que a pena poderia ser 
fixada em regime semiaberto ou regime aberto aos condenados por crimes hediondos ou equiparados, 
inclusive o tráfico. 
5.2.5 Progressão de regime 
Antes da Lei 11.464/2007 era utilizado o cumprimento de 1/6 da pena privativa de liberdade para 
obtenção de progressão no regime. Após essa Lei, passou a vigorar o cumprimento de 2/5 da pena se o réu 
for primário, e cumprimento de 3/5 da pena se reincidente (reincidência genérica). Súmula 471 STJ. 
Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da Lei 
n. 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei n. 7.210/1984 (Lei de Execução 
Penal) para a progressão de regime prisional. 
 Atualmente houve mais uma alteração no regramento do tempo de cumprimento da pena para fins 
de progressão de regime. A mudança encontra amparo normativo no art. 122 da LEP e foi alterado pelo 
advento do PAC – Pacote Anticrime. Desse modo, temos uma nova realidade quanto aos parâmetros 
objetivos dos requisitos para fins de progressão de regime. 
 Vejamos: 
 
% de cumprimento 
 
Crimes hediondos OU EQUIPARADOS 
40% Crime hediondo ou equiparado (primário) 
 
 
 
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50% Crime hediondo ou equiparado, com resultado 
MORTE (primário). 
60% Reincidente na prática de crime hediondo ou 
equiparado. 
70% Reincidente em crime hediondo ou equiparado 
com resultado MORTE. 
 
Observação. Como no crime de tráfico não tem resultado morte em seu tipo penal, atente-se as 
porcentagens de 40%, 60% e no caso 50% se o indivíduo comete o tráfico em comando, individual ou 
coletivo de organização criminosa estruturada para prática de crime hediondo ou equiparado. 
5.2.6 Substituição de pena privativa de liberdade por restritiva de direito 
Após o julgamento da ordem de HC n° 82.959/SP pelo STF, a jurisprudência passou a admitir a 
substituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva de direito nos crimes hediondos e 
equiparados, uma vez que o único óbice que existia (regime integralmente fechado) não existe mais, em 
razão de sua declaração de inconstitucionalidade. Portanto, é plenamente possível a substituição da pena 
privativa de liberdade por uma pena restritiva de direitos caso preenchido os devidos requisitos, mesmo no 
tráfico que é um crime equiparado a hediondo. 
5.3 Indução, instigação ou auxílio ao uso 
 Inicialmente cumpre destacar que o Art. 33 § 2º da Lei 11.343/2006 NÃO É EQUIPARADO A 
CRIME HEDIONDO POR NÃO SER TRÁFICO! 
§ 2º Induzir, instigar ou auxiliar alguémao uso indevido de droga: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa. 
 Induzir significa criar na vítima a ideia de usar a droga. Diferentemente de Instigar que significa 
alimentar/reforçar essa ideia. Enquanto que Auxiliar consiste na prestação de qualquer ajuda material 
prestada à vítima para que ela use a droga. 
 Cuidado. Trata-se de um crime material tendo em vista que se consumará apenas com o efetivo uso 
da droga por terceiro, e não com a simples conduta de induzir, instigar ou auxiliar. 
 
 
 
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Candidato, se induzir, instigar ou auxiliar é crime previsto no § 2º do art. 33, a marcha da 
maconha se enquadra neste artigo? Não. O STF na ADI 4274 se pronunciou afirmando que “as 
manifestações públicas realizadas, nas quais se pleiteia a liberação do uso de drogas, NÃO configura esse 
delito, em razão da garantia constitucional do direito de manifestação do pensamento, do direito de 
expressão, do direito de acesso À informação e do direito de reunião”. 
Os Ministérios Públicos locais argumentavam que a marcha da maconha estaria induzindo ou 
instigando ao uso da maconha. A questão chegou ao Supremo Tribunal Federal – o STF decidiu de forma 
emblemática, por 11 a 0, que a marcha da maconha não é crime de induzimento ou instigação ao uso da 
maconha. ADI n. 4.274. O STF diz que pode ser que na marcha da maconha existam pessoas praticando o 
crime do §2o do art. 33, mas a marcha da maconha em si não constitui esse crime. O objetivo da marcha da 
maconha é questionar a criminalização do usuário, defendendo a legalização da maconha. Não há o objetivo 
de induzir e instigar as pessoas a usar a droga. A democracia pressupõe que os cidadãos possam questionar 
as leis, o que não os desobriga de obedecer as leis. A marcha da maconha consiste no exercício democrático 
da liberdade de expressão. 
5.4 Uso compartilhado 
§ 3º Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, 
para juntos a consumirem: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil 
e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28. 
Atente para o fato de que no § 2º tínhamos dois sujeitos necessários, quem induz, instiga ou auxilia e 
quem usa, enquanto que o primeiro não necessariamente precisa usar. Neste § 3º é fundamental que os dois 
juntos consumam. Esse verbo oferecer e a expressão sem objetivo de lucro, se diferem também do crime de 
tráfico no tocante a esta expressão final do § 3º “PARA JUNTOS COMUMIREM”, ficando claro, portanto 
a principal diferença do art. 33, caput e do art. 33 § 2º. 
Corroborando, Victor Eduardo Rios Gonçalves e José Paulo Baltazar Junior (2016):9 
O presente dispositivo tem por finalidade punir quem tem uma pequena porção de droga e a 
oferece, por exemplo, a um amigo ou à namorada, para consumo conjunto. 
 
9 Gonçalves, Victor Eduardo Rios. Legislação penal especial / Victor Eduardo Rios Gonçalves, José Paulo Baltazar Junior; 
coordenador Pedro Lenza. – 2. ed. – São Paulo : Saraiva, 2016. – (Coleção esquematizado®) 1. Direito penal - Legislação - Brasil 
I. Baltazar Junior, José Paulo. II. Título. III. Série. CDU-343.3/.7(81)(094.56). 
 
 
 
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Para a configuração dessa figura mais brandamente apenada, são exigidos os seguintes 
requisitos: 
a) que a oferta da droga seja eventual; 
b) que seja gratuita; 
c) que o destinatário seja pessoa do relacionamento de quem a oferece; d) que a droga seja 
para consumo conjunto. 
 
 
Candidato, se o indivíduo oferece droga a pessoa de seu relacionamento para juntos 
consumirem, sem objetivo de lucro, mas essa pessoa tem a capacidade mental reduzida, desprovida da 
capacidade de se entender a situação do uso de drogas se enquadraria em qual tipo penal? A doutrina 
entende neste caso que o indivíduo seria enquadrado no crime de tráfico Art. 33, caput. Tendo em vista que 
neste caso especifico, como a pessoa não tem a capacidade de entender o uso de drogas, o especial fim de 
agir é muito mais abrasivo, a questão de juntos consumirem vira praticamente uma imposição. 
5.5 Causa de diminuição de pena (Tráfico privilegiado) 
§ 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de 
um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos , desde que o agente 
seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre 
organização criminosa. (Vide Resolução nº 5, de 2012). 
 Essa vedação a conversão em penas restritivas de direito já foi considerada inconstitucional, o STF 
entende que é possível a conversão da pena restritiva de liberdade por pena restritiva de direitos mesmo em 
caso de crimes hediondos ou equiparados. 
 Note que este artigo traz a possibilidade de redução de 1/6 a 2/3 pelo fato do agente ser primário e 
não se dedicar a atividades criminosas, e não integrar organização criminosa, a doutrina e jurisprudência 
denominam a presente situação como tráfico privilegiado. 
 No tocante ao tráfico privilegiado, importante destacarmos o entendimento do STF sobre essa 
modalidade não ser equiparada a crime hediondo. Vejamos: 
Tráfico privilegiado não é hediondo (cancelamento da Súmula 512-STJ) 10 
 
10 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Tráfico privilegiado não é hediondo (cancelamento da Súmula 512-STJ). Buscador 
Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: 
 
 
 
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O chamado "tráfico privilegiado", previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343/2006 (Lei de 
Drogas), não deve ser considerado crime equiparado a hediondo. STF. Plenário. HC 118533/MS, 
Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 23/6/2016 (Info 831). O tráfico ilícito de drogas na sua 
forma privilegiada (art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006) não é crime equiparado a hediondo e, 
por conseguinte, deve ser cancelado o Enunciado 512 da Súmula do Superior Tribunal de Justiça. 
STJ. 3ª Seção. Pet 11796-DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 23/11/2016 
(recurso repetitivo) (Info 595). O que dizia a Súmula 512-STJ: "A aplicação da causa de 
diminuição de pena prevista no art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006 não afasta a hediondez do 
crime de tráfico de drogas." Pacote anticrime Em 2019, foi editada a Lei nº 13.964/2019, que 
acrescentou o § 5º ao art. 112 da LEP positivando o entendimento acima exposto: Art. 112 (...) 
§ 5º Não se considera hediondo ou equiparado, para os fins deste artigo, o crime de tráfico de 
drogas previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006. 
 Lembre-se que a aplicação desse tráfico privilegiado (a redução de 1/ a 2/3) só é aplicável por 
entendimento majoritário aos delitos do art.33, caput e § 1º. 
 5.5.1 Requisitos CUMULATIVOS para tráfico privilegiado 
 a) Primariedade do agente: Não pode ter sentença condenatória transitado em julgado, respondido 
por outros crimes. 
 b) Bons antecedentes: Passagens e demais condições que devem contar para o réu. 
 c) Não se dedicar a pratica de atividades criminosas: Não ter a sua vida voltada para crimes. 
 d) Não integrar organização criminosa: Se esse infrator responder pela Lei 12.850/13 ele 
automaticamente estará excluído do tráfico privilegiado. 
 Candidato, se o indivíduo responde no art. 33 e não na Lei 12.850, mas no art. 35 (associação 
para o tráfico), o requisito de não participar de organização criminosa seria ainda considerado e faria 
jus ao tráfico privilegiado? Sim. Embora até pouco tempo a doutrina e a jurisprudência era pacifica no 
sentido de que se respondeu na Lei 12.850 ou no art. 35 da Lei de drogas, o tráfico privilegiadoseria afastado. 
Mas o STF entendeu que: “ a previsão da redução de uma pena contida no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343/06 
tem como fundamento distinguir o traficante costumaz e profissional daquele iniciante na vida criminosa, 
bem como do que se aventura na vida da traficância por motivos que, por vezes, confundem-se com a sua 
própria sobrevivência e/ou de sua família. Assim, para legitimar a não aplicação do redutor, é essencial a 
 
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/72cad9e1f9ae79872b8d6ac34fc2851c>. Acesso em: 
21/06/2020. 
 
 
 
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fundamentação corroborada em elementos capazes de afastar um dos requisitos legais, sob a pena de 
desrespeito ao princípio da individualização da pena e de fundamentação das decisões judiciais. Desse modo, 
a habitualidade e o pertencimento a organizações criminosas deverão ser comprovados, não valendo a 
simples presunção. Não havendo prova nesse sentido, o condenado fará jus à redução da pena. ” 
Em resumo, deve-se analisar o fato concreto. Exemplo. Caso em que o indivíduo traficante costumaz 
conhecido pela polícia vende suas drogas todos os dias, mas para embalar fazia com que sua esposa o 
ajudasse. Observe que tem uma estabilidade e permanência, os dois sendo enquadrados no art. 33 e no art. 
35 (associação de duas ou mais pessoas). Acontece que a defesa da esposa invocou a aplicação do § 4º do 
art. 33, afirmando que era réu primária, com bons antecedentes e não fazia parte de organização criminosa, 
o juiz de 1ºgrau não aceitou e assim por diante, até chegar no STF que se pronunciou afirmando que pode 
acontecer de haver uma associação a uma pessoa, mas não ao tráfico, nesse caso ela era submetida as 
vontades do seu esposo, e então foi aplicada a causa de diminuição de pena do art. 33§ 4º. STF 2º TURMA. 
HC 154694. AgR/SP, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em 
4/02/2020 (Info 965). 
Candidato, a “mula” (pessoa paga apenas para o transporte) integra a associação criminosa? 
Não. Embora sempre tenha se entendido que a mula integrava toda a cadeia de traficância, sendo essencial 
para os fins do tráfico, portanto, enquadrada na associação, hoje o STF e STJ entendem que a pessoa que 
transporta drogas ilícitas, conhecida como mula, nem sempre integra a organização criminosa. De acordo 
com recente decisão da 5º Turma do Superior Tribunal de Justiça. Por unanimidade, o colegiado mudou o 
entendimento de que prevalecia entre os seus integrantes, para entender que é possível reconhecer o tráfico 
privilegiado ao agente que transporta as drogas. É possível sim reconhecer o tráfico privilegiado para a mula, 
principalmente pela permanecia de integrar a organização, tendo em vista que por vezes são pessoas 
aleatórias, que praticam o crime esporadicamente, ocasional. 
Observação. Inquéritos policiais e/ou ações penais em curso podem ser utilizados para afastar a 
aplicação do privilégio. De acordo com o STJ, a existência de inquéritos policiais e/ou ações penais em curso 
denotam que o réu se dedica às atividades criminosas, servindo de fundamento para afastar a aplicação ao 
privilégio. 
STJ e STF divergem. Vejamos: 
 
 
 
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É possível que o juiz negue o benefício do § 4º do art. 33 da Lei de Drogas pelo simples fato de o acusado 
ser investigado em inquérito policial ou réu em outra ação penal que ainda não transitou em julgado?11 
É possível que o juiz negue o benefício do § 4º do art. 33 da Lei de Drogas com base no fato de o acusado ser 
investigado em inquérito policial ou ser réu em outra ação penal que ainda não transitou em julgado? • STJ: 
SIM. É possível a utilização de inquéritos policiais e/ou ações penais em curso para formação da convicção de 
que o réu se dedica a atividades criminosas, de modo a afastar o benefício legal previsto no art. 33, § 4º, da Lei 
n.º 11.343/2006. STJ. 3ª Seção. EREsp 1.431.091-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 14/12/2016 (Info 
596). STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 539.666/RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 05/03/2020. • STF: NÃO. 
Não se pode negar a aplicação da causa de diminuição pelo tráfico privilegiado, prevista no art. 33, § 4º, da Lei 
nº 11.343/2006, com fundamento no fato de o réu responder a inquéritos policiais ou processos criminais em 
andamento, mesmo que estejam em fase recursal, sob pena de violação ao art. 5º, LIV (princípio da presunção 
de não culpabilidade). Não cabe afastar a causa de diminuição prevista no art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006 
(Lei de Drogas) com base em condenações não alcançadas pela preclusão maior (coisa julgada). STF. 1ª Turma. 
HC 173806/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 18/2/2020 (Info 967). STF. 1ª Turma. HC 166385/MG, 
Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 14/4/2020 (Info 973). STF. 2ª Turma. HC 144309 AgR, Rel. Min. Ricardo 
Lewandowski, julgado em 19/11/2018. 
5.6 Tráfico de objeto/maquinário para produção 
 
Conforme leciona, Victor Eduardo Rios Gonçalves e José Paulo Baltazar Junior (2016):12 as condutas 
típicas (do art. 34) são semelhantes às do art. 33, caput: Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, 
vender, distribuir, entregar a qualquer título, possuir, guardar ou fornecer, ainda que gratuitamente. 
Entretanto, são elas relacionadas a máquinas ou objetos em geral destinados à fabricação, preparação, 
produção ou transformação de substância entorpecente. Vejamos: 
Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender, distribuir, entregar a qualquer 
título, possuir, guardar ou fornecer, ainda que gratuitamente, maquinário, aparelho, 
instrumento ou qualquer objeto destinado à fabricação, preparação, produção ou transformação 
de drogas, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
 
11 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É possível que o juiz negue o benefício do § 4º do art. 33 da Lei de Drogas pelo simples 
fato de o acusado ser investigado em inquérito policial ou réu em outra ação penal que ainda não transitou em julgado?. Buscador 
Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: 
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/5301c4d888f5204274439e6dcf5fdb54>. Acesso em: 
21/06/2020. 
12 Gonçalves, Victor Eduardo Rios. Legislação penal especial / Victor Eduardo Rios Gonçalves, José Paulo Baltazar Junior; 
coordenador Pedro Lenza. – 2. ed. – São Paulo : Saraiva, 2016. – (Coleção esquematizado®) 1. Direito penal - Legislação - Brasil 
I. Baltazar Junior, José Paulo. II. Título. III. Série. CDU-343.3/.7(81)(094.56). 
 
 
 
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Manual Caseiro 
 
Direito Administrativo – De 
na Súmula!!! 
 
 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 1.200 (mil e duzentos) a 2.000 
(dois mil) dias-multa. 
 Para que o crime seja caracterizado, deve haver uma prova da destinação ilícita, pois tais objetos 
podem ser utilizados em condutas lícitas. É necessário, portanto, provar que este objeto é usado no processo 
criativo de drogas. A consumação está no momento em que realizada a conduta independentemente da 
possível fabricação da droga e admite-se tentativa. 
Ressalta-se ainda que se o instrumento for para consumo, como laminas que separam cocaína, ou 
papel para embalar a maconha não será enquadrado neste artigo, mas sim no Art. 28 da Lei de Drogas. 
5.7 Associação para o tráfico 
Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não, 
qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 desta Lei: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e 
duzentos) dias-multa. 
Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa para a prática 
reiterada

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