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Marketing Estratégico 1 GRADUAÇÃO FUNDAMENTOS DA PESQUISA EM METODOLOGIAS ACADÊMICAS E SUAS PRÁTICAS FUNDAMENTOS DA PESQUISA EM METODOLOGIAS ACADÊMICAS E SUAS PRÁTICAS 1 CENTRO UNIVERSITÁRIO DINÂMICA DAS CATARATAS Núcleo de Educação a Distância FUNDAMENTOS DA PESQUISA EM METODOLOGIAS ACADÊMICAS E SUAS PRÁTICAS CAROLINO, Prof.ª Me. Elisangela Ferruci Material revisado e atualizado por: ALMEIDA, Profª Esp. Glória Fernanda de; SCHEID, Profª Esp. Regina Langwinski Foz do Iguaçu - PR 2015. Revisado por: Prof. Dra Juliana Fatima Serraglio Pasini. Foz do Iguaçu – PR 2019 89 p. Pedagogia - EaD CDU: 37.012 NEAD – Núcleo de Educação a Distância Av. Bartolomeu de Gusmão, 1324 - Centro – CEP: 85.852-130 Foz do Iguaçu – Paraná / ead.udc.br / 3574-6900 FUNDAMENTOS DA PESQUISA EM METODOLOGIAS ACADÊMICAS E SUAS PRÁTICAS 2 APRESENTAÇÃO Prezado (a) Acadêmico (a), Bem-vindo (a) à Graduação na modalidade a distância, ofertado pelo Centro Universitário Dinâmica das Cataratas – UDC. Sabemos que o seu percurso de aprendizagem necessita ser acompanhado e orientado, para que você obtenha sucesso nos estudos e construa um conhecimento relevante à sua formação profissional e acadêmica. Preparamos este material didático com os conteúdos teóricos e as orientações de atividades planejadas pelo professor, possibilitando, assim, guiá-lo no autoestudo ao longo do semestre. Além disso, você conta com o ambiente virtual de aprendizagem como espaço de estudo e de participação ativa no curso. Nele você encontra as orientações para realizar atividades e avaliações on-line, além de recursos que vão enriquecer a proposta deste material didático, tais como links para sites da Internet, vídeos gravados pelo professor e outros por ele sugeridos, textos, animações, ilustrações, dentre outras mídias. Lembre-se, no entanto, de que você deve se organizar para criar sua própria autonomia de estudo. Isso inclui o planejamento do seu tempo de dedicação ao estudo individual e de participação colaborativa no ambiente virtual. Este material é o seu livro-texto e apoio importante no desenvolvimento de sua aprendizagem no curso. Bom estudo! Direção UDC On-line FUNDAMENTOS DA PESQUISA EM METODOLOGIAS ACADÊMICAS E SUAS PRÁTICAS 3 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO .....................................................................................................................2 1.1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................................6 1.2 O QUE É A CIÊNCIA E A QUESTÃO DO CONHECIMENTO .............................................7 1.3 TEORIA DO CONHECIMENTO - PESQUISA E CIÊNCIA ...................................................9 1.3.1. A Emergência do Conhecimento Científico .................................................................... 13 1.3.2 Níveis De Pesquisa Em Educação .................................................................................. 16 1.3.2 Níveis de Conhecimento segundo Cervo, Bervian e Silva (2007) .............................. 24 UNIDADE II – MODALIDADES DE TRABALHO ........................................................ 27 2.2 NORMALIZAÇÃO DE TRABALHOS ACADÊMICOS ABNT.......................................... 28 2.2.1 Trabalhos Acadêmicos .................................................................................................... 28 2.2.2 Elementos essenciais .................................................................................................... 28 2.2.3 Margens ......................................................................................................................... 29 2.2.4 Espaçamento .................................................................................................................. 29 2.2.5 Fonte .............................................................................................................................. 29 2.2.6 Paginação ....................................................................................................................... 30 2.2.7 Numeração Progressiva .................................................................................................. 30 2.2.8 Esquema da Página ........................................................................................................ 31 2.3 SEMINÁRIO ................................................................................................................... 31 2.4 RESUMO ........................................................................................................................ 32 2.5 RESENHA CRÍTICA ....................................................................................................... 32 2.6 FICHAMENTO ................................................................................................................ 33 2.7 RELATÓRIO ................................................................................................................... 33 2.7.1 Relatório Técnico Científico ............................................................................................ 34 2.7.2 Relatório de Aula Prática ................................................................................................. 34 2.7.3 Relatório de Visita Técnica .............................................................................................. 35 2.7.4 Relatório de Estágio ........................................................................................................ 36 2.8 PROJETO DE PESQUISA.............................................................................................. 36 2.8.1 Capa ............................................................................................................................... 37 2.8.2 Folha de Rosto ................................................................................................................ 37 2.9 ESTRUTURA DO PROJETO .......................................................................................... 37 2.9.1 Introdução ....................................................................................................................... 38 2.9.2 Problema ........................................................................................................................ 39 2.9.3 Hipótese .......................................................................................................................... 39 FUNDAMENTOS DA PESQUISA EM METODOLOGIAS ACADÊMICAS E SUAS PRÁTICAS 4 2.9.4 Objetivo Geral ................................................................................................................. 39 2.9.5 Objetivos Específicos ...................................................................................................... 40 2.9.6 Justificativa ..................................................................................................................... 40 2.9.7 Revisão de Literatura ...................................................................................................... 40 2.9.8 Metodologia da Pesquisa ................................................................................................ 40 2.9.9 Tipo de Método de Abordagem ....................................................................................... 41 2.10 RECURSOS .................................................................................................................... 41 2.10.1 Cronograma ..................................................................................................................42 2.10.2 Referências ................................................................................................................... 42 2.10.3 Glossário ....................................................................................................................... 42 2.10.4 Apêndice ....................................................................................................................... 42 2.10.5 Anexo............................................................................................................................ 43 2.11 ARTIGO ........................................................................................................................... 43 2.12 ESTRUTURA .................................................................................................................. 43 2.12.1 Elementos Pré-textuais ................................................................................................. 43 2.12.2 Elementos Textuais ....................................................................................................... 44 2.12.3 Elementos Pós-Textuais ............................................................................................... 44 2.13 MONOGRAFIA, DISSERTAÇÃO E TESE ...................................................................... 44 2.14 ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS ....................................................................................... 46 2.14.1 Capa ............................................................................................................................. 46 2.14.2 Folha de Rosto .............................................................................................................. 47 2.14.3 Dedicatória .................................................................................................................... 49 2.14.4 Agradecimentos ............................................................................................................ 49 2.14.5 Epígrafe ........................................................................................................................ 49 2.14.6 Resumo na Língua Vernácula ....................................................................................... 49 2.14.7 Resumo em Língua Estrangeira .................................................................................... 50 2.15 LISTAS ........................................................................................................................... 51 2.15.1 Ilustrações .................................................................................................................... 51 2.15.2 Lista de Tabelas e Quadros .......................................................................................... 53 2.15.3 Lista de Abreviaturas e Siglas ....................................................................................... 55 2.15.4 Lista de Símbolos.......................................................................................................... 55 2.15.5 Equações e Fórmulas ................................................................................................... 55 2.15.6 Sumário ........................................................................................................................ 55 2.16 ELEMENTOS TEXTUAIS ............................................................................................... 56 2.16.1 Introdução ..................................................................................................................... 56 FUNDAMENTOS DA PESQUISA EM METODOLOGIAS ACADÊMICAS E SUAS PRÁTICAS 5 2.16.2 Desenvolvimento .......................................................................................................... 56 2.16.3 Análise dos Resultados ................................................................................................. 57 2.16.4 Conclusão ..................................................................................................................... 57 2.17 ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS ....................................................................................... 58 2.17.1 Referências ................................................................................................................... 58 2.17.2 Glossário ....................................................................................................................... 58 2.17.3 Anexos ou Apêndices ................................................................................................... 59 2.18 NOTAS ESCLARECEDORAS ......................................................................................... 60 2.19 REVISTAS ....................................................................................................................... 64 2.19.1 Instruções aos Autores ................................................................................................. 64 2.19.2 Instruções Gerais .......................................................................................................... 64 UNIDADE III – MÉTODOS CIENTÍFICOS ................................................................... 68 3.1 POSTURA CIENTÍFICA DO ALUNO .............................................................................. 68 3.2 MÉTODOS CIENTÍFICOS .............................................................................................. 69 3.2.1 Indução ........................................................................................................................... 69 3.2.2 Dedução ......................................................................................................................... 70 UNIDADE IV – TÉCNICAS DE PESQUISA ................................................................. 71 4.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA ................................................................................. 71 4.2 TÉCNICAS PARA COLETA DE DADOS ....................................................................... 71 4.3 ELABORAÇÕES DE CITAÇÕES E REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................... 72 4.3.1 Citação - De Acordo com a NBR 10520/2002 ................................................................. 72 4.3.2 Regras Gerais ................................................................................................................. 72 4.3.3 Notas de Rodapé ............................................................................................................ 73 4.4 ABREVIATURAS DOS MESES SEGUNDO A NBR 6023/2002 ..................................... 75 4.5 FORMATAÇÃO DE LISTAS ........................................................................................... 76 4.6 FORMATAÇÃO DE TABELA ......................................................................................... 76 4.7 FORMATAÇÃO DE QUADRO ....................................................................................... 77 4.8 EXEMPLO DE LISTA DE SÍMBOLOS LATINOS ........................................................... 77 4.9 EXEMPLO DE EQUAÇÃO ............................................................................................. 78 4.10 FORMATAÇÃO DE REFERÊNCIAS .............................................................................. 78 4.10.1 Citações Indiretas e Diretas e as Formas de Referenciar .............................................. 80 REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 87 FUNDAMENTOS DA PESQUISA EM METODOLOGIAS ACADÊMICAS E SUAS PRÁTICAS 6 UNIDADE I – PESQUISA E FORMAÇÃO PROFISSIONAL 1.1 INTRODUÇÃO A pesquisa é a produção de conhecimento, interpretação e explicação dos fatos e fenômenos naturais e sociais, indicação de novas respostas aos problemas que se apresentam. Trata-se de investigar, levantardados, realizar diagnósticos, sistematizar estes dados visando uma análise rigorosa que contribua na elaboração da ciência, é um processo de descoberta. A gênese da relação entre pesquisa e ciência está implícita nas primeiras investigações realizadas pela humanidade. Na atualidade esta relação amplia-se ao vincular a inovação tecnológica, científica ao desenvolvimento social e econômico. A formação profissional desenvolvida no âmago das instituições de ensino assume a pesquisa como componente formativo desde a proposta por Humboldt, provocando mudanças no processo de ensinar. A investigação supera o ensino transmissivo centrado na reprodução do conhecimento ao incluir a indagação, a dúvida como ponto de partida para a formação. O propósito não é necessariamente formar pesquisadores profissionais, mas reconhecer na atividade investigativa possibilidade de desenvolvimento do sujeito criador, crítico em face de fatos e acontecimentos. O processo de formação associada ao envolvimento na produção de conhecimento torna-se instigadora, deixa a concepção de consumo do conhecimento para provocar, originar, gerar e lançar novas explicações, compreensão e respostas aos problemas existentes. Os cursos de graduação e de pós-graduação ao introduzirem a pesquisa em suas propostas curriculares favorecem uma formação em princípios, métodos e técnicas da resolução de problemas científicos, por meio do ensino baseado na pesquisa, promovendo a iniciação, participação e desenvolvimento de pesquisas. O desenvolvimento da investigação abrange diferentes níveis e tipos de produção do conhecimento nos trabalhos de conclusão de curso, participação em projetos de pesquisa, comunicação em eventos e publicação de artigos. A finalidade FUNDAMENTOS DA PESQUISA EM METODOLOGIAS ACADÊMICAS E SUAS PRÁTICAS 7 da realização de pesquisa está vinculada a melhoria do processo de aprender, fomenta a reflexão, propicia o alargamento da compreensão das ciências e seus princípios, torna possível qualificar-se profissional e pesquisador capaz de contribuir na busca de solução aos problemas. Pesquisar como produtor de ciência é formar-se em mais uma das diversas formas de conhecimento a que o homem tem acesso para interpretar o mundo em que vive. 1.2 O QUE É A CIÊNCIA E A QUESTÃO DO CONHECIMENTO A palavra ciência deriva do latim “scientia” cujo significado é “conhecimento". Para alguns estudiosos segundo Barros e Lehfeld (2007), a ciência é um conjunto de conhecimentos que se dá pela utilização adequada de métodos rigorosos, capazes de controlar os fenômenos e fatos estudados, procurando soluções plausíveis pela utilização de métodos científicos. Os mesmos autores ressaltam que a ciência é construída à base de indagações, buscas e descobertas. Cervo, Bervian e Silva (2007) ressaltam que a ciência não é considerada algo pronto, acabado ou definitivo, mas entendida atualmente como a busca constante de explicações e de soluções e reavaliação de seus resultados. Cerca de 2.500 anos atrás na Grécia, os primeiros filósofos já tinham o seu senso de questionamento inspirados em tudo que o cercavam. Eles viam a Terra e todas as formas de vida, observavam o sol, a lua, as estrelas e os fenômenos naturais, buscando sempre explicações para todas essas coisas e fenômenos. Assim questionavam: Como adquirimos o conhecimento? O conhecimento ou parte dele é inato ou aprendemos tudo a partir da experiência? (KIM, 2011). Os autores Cervo, Bervian e Silva (2007) ressaltam que a ciência que se apresenta atualmente, é relativamente recente, na Idade Moderna que ela adquiriu o caráter científico que temos atualmente. A revolução científica propriamente dita ocorreu nos séculos XVI e XVII, com Copérnico, Bacon e seu método experimental, Galileu, Descartes e outros. FUNDAMENTOS DA PESQUISA EM METODOLOGIAS ACADÊMICAS E SUAS PRÁTICAS 8 Para esses autores, o método experimental aos poucos foi aperfeiçoado, desenvolveu-se o estudo da química e da biologia, no século XVIII, surgiu um conhecimento mais objetivo em relação a estrutura e funções dos organismos vivos. No século XIX, surgiram novas informações sobre à evolução, ao átomo, à luz, eletricidade e outros. No século XX, a ciência, com seus métodos objetivos e exatos avançaram não só na área das navegações espaciais, na área de transplantes e outros setores. Já no século XXI, tivemos os avanços como a biotecnologia, pesquisas com DNA, células-tronco, transgênicos entre outros. O conhecimento pode ser definido como a manifestação da consciência de conhecer. O homem, ao nascer, adapta-se aos poucos a um mundo já existente, introduzido em um processo de socialização e vai progressivamente interrogando sobre os significados do universo circundante, buscando cada vez mais respostas convincentes para as suas dúvidas e incertezas (BARROS; LEHFELD, 2007). As civilizações antigas desenvolveram saberes técnicos e invenções, que influenciaram e ainda tem grande repercussão no nosso cotidiano, desde conceitos relacionadas a agricultura, arquitetura, medicina, comunicação, ciências humanas. Atualmente fazer uso da internet, celular, ter energia elétrica a disposição para fazer uso dos mais diversos dispositivos eletrônicos, desde os mais simples como: chuveiro, liquidificador, forno elétrico ou microondas, geladeira, máquina de lavar, notebook e outros, faz parecer que sempre foi assim, e não refletimos acerca da grande evolução do conhecimento, pesquisas realizadas para que tais invenções fossem possíveis. O homem por meio da pesquisa busca soluções dos problemas e respostas para as adversidades que enfrenta, desencadeando um processo crescente e evolutivo do conhecimento, que por meio da pesquisa, deve compreender um fenômeno, explorar atividades sobre a natureza, relações sociais e organizações políticas que se relaciona o tema pesquisado. “O conhecimento representa um processo de maturidade do complexo humano” (BARROS; LEHFELD, 2007, p. 33). FUNDAMENTOS DA PESQUISA EM METODOLOGIAS ACADÊMICAS E SUAS PRÁTICAS 9 1.3 TEORIA DO CONHECIMENTO - PESQUISA E CIÊNCIA Para melhor compreensão e alcance dos objetivos propostos, você deve ter em mente alguns conceitos básicos: O que é saber? O que é sabedoria? O que é o senso comum? Você deve estar pensando: “quantos questionamentos! ”, mas não se preocupe, pois vamos elucidá-los: O saber “é uma forma de compreensão das coisas na qual se integram conhecimentos particulares, numa perspectiva universal, sendo indissociável da consciência dos limites do próprio saber” (FONTES, 2009). Para Lima (2003), a sabedoria é: [...] um perfeito conhecimento de tudo o que os homens podem saber. Inclui a humildade socrática, a disposição para o saber integral, o bom senso e a arte de bem viver a vida. Diferente da ciência, a sabedoria não é para ser acumulada, mas não é para ser esquecida ao ser testada na prática da vida. [...] O princípio da sabedoria é a capacidade do ser humano de unir partes ao todo, integrando-as na vida prática. A sabedoria engloba o conhecimento, ou seja, está presente em todos os fatos da vida, ora na transformação do seu próprio saber, ora na representação desse saber. Por exemplo: a sabedoria de mãe. Mesmo sem curso superior, ela é sábia desde o nascimento de seu filho, orientando-o e transmitindo-lhe valores que podem ser os fundamentos iniciais de toda sua educação. O senso comum é: “considerada primeira forma de conhecimento, gerada basicamente pela interação do ser humano com o mundo e fundamentada na experiência individual” (APPOLINÁRIO, 2004, p. 52). Em outras palavras: é “um conjunto de informações não sistematizadas que aprendemos por processos formais, informais e, às vezes, inconscientes, e que inclui um conjunto de valorações” (MATALLO Jr., 1989, p. 16). Percebam que o sensocomum é o saber que se adquire por meio de experiências vividas ou ouvidas do cotidiano, ele engloba costumes, hábitos, tradições, normas e éticas. Costumamos dizer que é o conhecimento que vai sendo FUNDAMENTOS DA PESQUISA EM METODOLOGIAS ACADÊMICAS E SUAS PRÁTICAS 10 passado de geração em geração. Você saberia conceituar o CONHECIMENTO? O que é CONHECER? Conhecimento é uma relação que se estabelece entre o sujeito que conhece e o objeto conhecido. Conhecer é tomar conhecimento; é mostrar de quanto você é capaz; é ter uma ideia de sua própria capacidade. Quando nos referimos ao conhecimento científico, significa ter um cabedal científico, é ter muitas leituras, saber argumentar, ter produção de conhecimento, publicações etc. No processo do conhecimento, o sujeito cognoscente se apropria do objeto conhecido (CERVO; BERVIAN, 2005, p. 14), que jaz na realidade. O conhecimento sempre implica numa dualidade de realidades: de um lado, o sujeito cognoscente (o que deseja conhecer) e, de outro, o objeto conhecido, que está possuído de certa maneira pelo sujeito cognoscente. Pelo conhecimento, o homem penetra as diversas áreas da realidade para dela tomar posse. Assim, desde um fato ou fenômeno simples isolado, pode-se elevar o pensamento até situá-lo dentro de um contexto mais complexo, observar seu significado, sua função, sua natureza aparente e profunda, sua origem, sua finalidade, sua relação com outros fatos, enfim, suas implicações daí resultantes. A apropriação pode ser física, sensível e intelectual. O pensamento é conhecimento intelectual. O “sentir-pensar”, o agir move o ser humano para o desejo de conhecer; de saber e assim, de saber mais. O conhecimento na concepção de Pascal (apud CORDI et al., 1995, p. 32) quando diz que “o pensamento faz a grandeza do Homem. O conhecimento e a racionalidade nos tornam humanos e superiores em relação aos outros seres”. Para melhor compreensão e valorização do ser humano, veja o que acrescenta o filósofo: o homem é frágil, um grão de matéria no universo, mas “ESSE QUASE NADA”, pensa, raciocina, conhece. FUNDAMENTOS DA PESQUISA EM METODOLOGIAS ACADÊMICAS E SUAS PRÁTICAS 11 Para melhor compreensão e valorização do ser humano, veja o que acrescenta o filósofo: o homem é frágil, um grão de matéria no universo, mas “ESSE QUASE NADA”, pensa, raciocina, conhece. Tais referências apontam para as possibilidades que só o ser humano tem de: • “Sentir-pensar” e conhecer para satisfazer sua curiosidade; • Conhecer para se sentir seguro; • Conhecer para transformar. Além disso, você deseja saber: quem estuda o conhecimento como objeto de pesquisa, como problema? E o que tem a ver com a metodologia de pesquisa? A Epistemologia (episteme) é o conhecimento do conhecimento enquanto objeto questionado. Cada ciência acadêmica tem a sua epistemologia, que se refere à construção daquele ramo de conhecimento. Como foi construída a Biologia, a Sociologia, Economia e os demais conhecimentos de cada ciência e, portanto, os novos conhecimentos. O pesquisador, conforme seu objeto de estudo, pode alcançar com sua construção a criação de conhecimento, eis porque, atinge os níveis epistemológicos. A Metodologia de Pesquisa é a busca de formas, de instrumentos e de caminhos para a construção do conhecimento. É importante lembrar a você, que as duas metodologias, a do ensino e da pesquisa, não se confundem, mas se compreendem e se aproximam, possibilitando interfaces. Ambas constituem processos e não produtos. E ao iniciar o processo de pesquisa/aprendizagem, ambas têm que problematizar a realidade e buscar a relação sujeito e objeto de pesquisa. Você está curioso para saber quem é o sujeito e o objeto do conhecimento? No conhecimento, o sujeito (o homem, o educador) é o que convive com o objeto (a realidade, a realidade da educação) e ele tem a capacidade de conhecê-la e deseja, pela pesquisa, conhecê-la melhor. A validade do conhecimento depende do raciocínio correto e pode ser: indutivo, quando parte do particular para o universal ou geral; e dedutivo, quando parte do universal para o particular. Premissas FUNDAMENTOS DA PESQUISA EM METODOLOGIAS ACADÊMICAS E SUAS PRÁTICAS 12 verdadeiras implicam em conclusão verdadeira. O conhecimento indutivo é um tipo especial de inferência, no qual partimos de uma série de informações ou premissas particulares (geralmente empíricas) para se chegar a uma conclusão geral. Por exemplo: supondo que estamos dirigindo em uma rua secundária e queremos entrar em uma avenida principal. Chegamos à referida avenida e verificamos engarrafamento do trânsito. Observamos, pensamos um pouco e concluímos que a avenida está engarrafada, inviabilizada e procuramos outro caminho. O que fizemos com o nosso pensamento aqui? Nós inferimos sobre as condições do trânsito na avenida, partindo de um dado observado. Esse raciocínio é indutivo. O conhecimento dedutivo parte de pelo menos uma premissa universal que conduz a uma conclusão particular, a uma inferência. A forma clássica da dedução é o silogismo. Um raciocínio dedutivo é válido quando suas premissas, se verdadeiras, fornecem provas convincentes para sua conclusão, isto é, quando as premissas e a conclusão estão de tais formas relacionadas que as premissas não expressam a verdade, a conclusão, tampouco, poderá ser verdadeira. E por falarmos em verdadeira, o que é verdade? O que é conhecimento verdadeiro? Verdade é um devir, acumulando verdades parciais, o conhecimento acumula o saber, tendendo num processo para o infinito, para a verdade total, exaustiva e, nesse sentido, absoluta. E a ciência o que é? Algo difícil para a ciência é dar resposta à pergunta: o que é ciência? Neste sentido, emerge a necessidade de um autoconhecimento do conhecimento científico. A ciência é o saber metódico, sistematizado, que adquirimos pela leitura, pela pesquisa, organizando um conjunto de conhecimentos sobre um determinado objeto, obtidos mediante a observação, a experiência dos fatos e um método próprio. A pesquisa é realizada em determinada situação histórica por um ou mais membros de uma comunidade científica influenciada por essa comunidade e situação e cuja interação se sucede mediante a comunicação dos resultados, isto é, das informações obtidas que, depois de validadas, se transformam em conhecimentos. FUNDAMENTOS DA PESQUISA EM METODOLOGIAS ACADÊMICAS E SUAS PRÁTICAS 13 Para realizá-la são utilizados procedimentos próprios, racionais, sistemáticos, intensivos, científicos que possibilitam o confronto entre o conhecimento teórico e a prática. A pesquisa produz o conhecimento, que validado se torna ciência, assim um dos propósitos que temos de estudarmos e compreendermos como proceder para reconstruir o conhecimento, acreditando na premissa: aprendizagem pela pesquisa e pesquisa para a aprendizagem. 1.3.1. A Emergência do Conhecimento Científico A teoria do conhecimento ou epistemologia se apresenta com um longo percurso histórico do conhecimento humano, desde os fundamentos do saber filosófico, ocidental e oriental até as formas assumidas pelos saberes científico. Sabe-se que um problema, de início filosófico, pode vir a ser tratado posteriormente como científico. O debate sobre os fatos observáveis para os físicos, o debate sobre o valor e a riqueza para os economistas e, atualmente, o debate sobre a complexidade, a ecologia e, outros temas, foram tratados do ponto de vista filosófico e, posteriormente, se transformaram em problemas de tratamento científico. Então, é importante sabermos: Como se deu o desenvolvimento do pensamento científico? Não pretendemos trazer uma informação filosófica exaustiva. Todavia, apenas, uma incursão histórica para trazer como se desenvolveu o pensamento humano até tornar-se científico, sinalizandoas diferentes contribuições do pensamento metafísico, empirista, linear, dialético, complexo, entre outros. A intencionalidade desse percurso reflexivo é a de iniciar a compreensão sobre o nível e dimensões da pesquisa em educação na atualidade. É o homem que age no mundo e sobre o mundo? Dotado de consciência, ele também precisa saber como a realidade o afeta, o que o auxilia e o que o impede de realizar-se. Vamos viajar um pouco, com nosso pensamento voltado aos clássicos que, pensando, construíram concepções teóricas, algumas ainda vigentes nos dias atuais. FUNDAMENTOS DA PESQUISA EM METODOLOGIAS ACADÊMICAS E SUAS PRÁTICAS 14 O legado aristotélico permaneceria por séculos, pois Aristóteles deixou-nos a crença de que a explicação científica é verdadeira, no sentido de corresponder exatamente à realidade. A verdade emerge do contato com a realidade e manter a verdade como critério de cientificidade ainda permanece, somente, recentemente, os filósofos têm conseguido deixar de lado e, ainda, com dificuldades. A crença de que os fatos podem revelar a verdade ocorreu no século XVII, até que aparece Francis Bacon (1561-1626), na Inglaterra, que se levanta contra o rígido sistema metafísico de Aristóteles, substituindo o caminho para chegar à revelação mística da verdade pelo controle metódico e sistemático da observação. Trata-se do método que se tornou conhecido como empirismo. Bacon substituiu a especulação e a ortodoxia, quer dizer a radicalidade teológica da Idade Média pela investigação científica descomprometida. Promove-se então, o enfoque experimental na investigação e sua aplicação na resolução dos desafios surgidos na vida prática cotidiana. Do ponto de vista metodológico chega à realidade subjacente aos fatos, por meio da indução verdadeira, em oposição ao dogmatismo de posições – a priori. Bacon mostra o método como um modo de desbloquear o intelecto e se apegou DESCARTES para nos indicar um método? O francês René Descartes (1596-1650) apreendeu a ideia de que o domínio e a compreensão do mundo exigem a aceitação de um poder especial da mente que assegura a verdade: a razão humana. Considera a observação criteriosa que, ainda, é importante, mas só dará segurança pelo bom uso da razão. Foi um gênio que deu muitas contribuições à Filosofia, à Matemática e ao Quantitativíssimo e etc. Propôs um método de pensamento e para a prática da ciência denominado racionalismo. Usar bem a razão é o único método seguro, conhecido como: Dúvida Metódica. O que resulta de Descartes em acréscimo ao empirismo e a substituição da metafísica aristotélica pela metafísica da razão como faculdade máxima do Conhecimento? Para os pensadores Locke, Berkeley e Hume, a consciência, a mente, a razão, o sujeito, originariamente, são como uma folha de papel em branco, cujas impressões sensíveis vêm registrar suas imagens, que são nossas ideias. Só conhecemos aquilo que for registrado em nossa mente pelas impressões sensíveis. Trata-se de uma posição subjetivista empirista e toda filosofia da Idade Moderna é de natureza subjetivista, pois, privilegia o sujeito, quer dizer o lado FUNDAMENTOS DA PESQUISA EM METODOLOGIAS ACADÊMICAS E SUAS PRÁTICAS 15 subjetivo no processo do conhecimento. Prosseguindo em nossa descoberta sobre o percurso do caminho do conhecimento científico, vamos nos deter, agora, na teoria positivista do conhecimento. No positivismo o método absorve de tal maneira a teoria que o conhecimento só se torna válido mediante uma rigorosa metodologia com a pretensão de chegar à universalidade do saber. Nessa perspectiva, o conhecimento é concebido como algo pronto e acabado, a ser transmitido de maneira sistematizada. A partir do século XIX, o caminho científico mais empregado nas ciências naturais como: biologia, física e química, tornou-se igualmente o mais adotado para a pesquisa do mundo social. Com essa visibilidade aplicada às ciências sociais, mais especialmente, à sociologia, destacam-se os filósofos franceses Augusto Comte e Émile Durkheim. Segundo Comte, o verdadeiro conhecimento do mundo só era possível por meio das experiências vividas. Trata-se da posição empírica, segundo a qual, a única fonte confiável de conhecimento é a experiência, pois envolve os sentidos. De acordo com o pesquisador positivista e, também, para o interpretativo, o objetivo da pesquisa é buscar o entendimento e realizar a descrição do fenômeno do mundo, participando desse entendimento. Os dados coletados pelos positivistas são geralmente numéricos, utilizam à estatística, de maneira que suas pesquisas são sempre quantitativas. Durkheim via a sociedade como um organismo biológico, cada órgão com uma função. Sua perspectiva é conhecida como funcionalista na sociologia. A objetividade é regra na investigação científica, bem como a exterioridade, quer dizer a externalidade do mundo está posta independente dos seres humanos. Segundo ele, são características do fato social, bem como a coercitividade e a generalidade. Para esse sociólogo, o mundo social é tão significativo que os atores sociais constroem e reconstroem as realidades de sua vida social, utilizando conceitos, regras e interpretações que constituem as “Regras do Método Sociológico” desse pensador. Mediante este caminho percorrido, no século XVIII, o criticismo de Kant representou a tentativa de sintetizar as várias orientações anteriores, buscando integrar aspectos do idealismo e do empirismo. A filosofia de Kant implicava dois movimentos: um de penetração da “coisa em si”, a que denominava o absoluto; e o FUNDAMENTOS DA PESQUISA EM METODOLOGIAS ACADÊMICAS E SUAS PRÁTICAS 16 outro movimento de explicitação do absoluto nas suas múltiplas formas. O século XIX destaca-se como o mais fértil para o desenvolvimento do conhecimento científico. Entre outras correntes de pensamento, surge a fenomenologia de Husserl e Scheler. E, ainda, procurando unir a dialética de Hegel com o naturalismo - a sociologia e a economia- surge na sequência o marxismo de Marx, Engels e Feuerbach. Com eles se consolidou a tradição dialética no século XIX, todavia, ela tem origens muito antigas. Marx, discordando da posição metafísica idealista de Hegel, aproveita sua lógica dialética. Aplica-a ao mundo da realidade histórica concreta, ou seja, à natureza e, sobretudo, à sociedade. Pelo exposto, podemos constatar que a questão da evolução do pensamento da modernização, qualquer que seja a vertente considerada, é a questão da difusão do conhecimento. Portanto, é questão pertinente à educação. 1.3.2 Níveis De Pesquisa Em Educação Para a operacionalização de ideias, reconstrução e produção de conhecimentos, é mister, saber fazer. Como? Entre outros autores, apresentamos a você como uma das linhas de pensamento para o desenvolvimento da pesquisa em educação, as orientações de Pedro Demo (1991-92; 2000), que julgamos sumamente pertinentes. Segundo esse autor, a pesquisa educacional necessita ser entendida como: princípio científico e como princípio educativo. Vamos ao entendimento de como cada um se processa? - Como princípio científico: A pesquisa implica diálogo constante com a realidade, a fim de descobrir e criar conhecimento fundamentado no confronto entre teoria, método, experiência e prática. No plano da teoria, é mister exigir capacidade própria de elaboração e no plano da prática, capacidade de recriar a teoria e de unir saber e o mudar. - Como princípio educativo: A pesquisa promove a transformação pessoal e social. A prática investigativa suscita o questionamento criativo, a capacidade de criar soluções próprias para desafios, de descobrir ou criar relações alternativas entre os dados descobertos na pesquisa; impulsiona a motivação e atitude emancipatória, levando o sujeito à recusa de ser tratado como objeto (DEMO, 1991, p.78- 94).FUNDAMENTOS DA PESQUISA EM METODOLOGIAS ACADÊMICAS E SUAS PRÁTICAS 17 SAIBA MAIS Para maior aprofundamento, você pode consultar DEMO (1991- 92; 2000), igualmente, Antônio Joaquim Severino (2007, p. 47-61). A pesquisa como procedimento educativo básico tem que estar presente desde a educação infantil até o curso superior. No entanto, não podemos esquecer que existem níveis de realização científica para cada uma das etapas. O autor cita cinco níveis: interpretação reprodutiva; interpretação própria; reconstrução; construção e criação/descoberta (novidade). No primeiro nível, busca-se a “INTERPRETAÇÃO REPRODUTIVA” no sentido de tomar um texto e sintetizar, reproduzindo-o com fidedignidade. Esse tipo de reprodução que contém fidedignidade supõe alguma criatividade, pois de alguma forma se faz a interpretação. No segundo, elabora-se uma “INTERPRETAÇÃO PRÓPRIA”, isto é, tomar uma construção em vigor como ponto de partida e, refazendo-a, exprimir com palavras próprias, cabendo a interpretação ativa e discussão com o texto. Agora vejamos o que é “RECONSTRUÇÃO DE CONHECIMENTO”, é quando tomamos um texto como ponto de partida e o refazemos todo conteúdo com uma proposta, utilizando uma comunicação própria. O produtor do conhecimento movimenta-se com autonomia no meio do que já existe, questiona, discute o que está dado, contudo, reconstrói a proposta própria. No quarto nível, define-se como se alcança uma “CONSTRUÇÃO” própria. É quando tomamos o que existe como simples referência e abrimos caminhos novos. Você ocupa um espaço científico próprio produtivo no contexto das teorias, sendo assim, questiona o que está em vigor e lança novos caminhos alternativos. O quinto nível, trata-se da “CRIAÇÃO E DESCOBERTA”, essa fase exige a introdução de novos paradigmas teóricos, metodológicos ou práticos. Esse nível consiste em negar as fases anteriores, questionar radicalmente, opor- se fundamentalmente à existência de paradigmas, outros, desejando impor o novo como tal (DEMO, 1994, p. 42). FUNDAMENTOS DA PESQUISA EM METODOLOGIAS ACADÊMICAS E SUAS PRÁTICAS 18 Em síntese, todos esses níveis estão relacionados, mas acontecem numa escala de complexidade e de aperfeiçoamento crescentes. Compreende-se que a interpretação e a reversibilidade discursiva proporcionam a oportunidade de refazer o texto. Portanto, a formação do docente e do orientador acadêmico como profissionais reflexivos devem enfatizar a dupla necessidade de tornarem-se professores pesquisadores no campo da educação. A atitude investigativa faz parte da prática pedagógica do professor, garantindo, possivelmente o exercício do magistério de maneira muito mais crítica, reflexiva e autônoma. A pesquisa deve ser parte integrante do trabalho do professor. Esse movimento que defende tal articulação é recente no Brasil de forma objetiva (1980- 1990). A combinação de pesquisa, de prática de ensino e de formação docente e discente, pode articular pesquisa e aprendizagem e diálogo de saberes na prática escolar com experiência exitosa. O professor possui uma condição ativa na formação de uma sociedade e detém da possibilidade de instrumentalizar a pesquisa e da prática pedagógica. Para tanto, é importante salientar: a) Possibilitar o acesso às pesquisas realizadas, pois muitas investigações permanecem nas agências financiadoras ou em bibliotecas de pós- graduação; b) Considerar em que direção aponta as pesquisas realizadas, no sentido de permitir novas interpretações e novos caminhos a serem pesquisados; c) O avanço teórico de algumas pesquisas possibilita a indicação de novas buscas para a problemática da prática pedagógica, bem como a de novos enfoques metodológicos (FAZENDA, 1992). E qual a finalidade didática da pesquisa? A pesquisa exerce um papel mediador no preparo de professores para que venham ter uma atuação docente eficaz em sala de aula (ANDRÉ, 2001). Para tal fim, faz-se necessário utilizar uma metodologia de aprendizagem pela pesquisa que viabilize a participação ativa do aluno em seu processo de aprender, como uma mediação entre teoria e prática pedagógica e como fonte de reflexão e análise crítica da própria prática docente. FUNDAMENTOS DA PESQUISA EM METODOLOGIAS ACADÊMICAS E SUAS PRÁTICAS 19 Consequentemente, a pesquisa na formação do professor pesquisador confirma os pressupostos de que princípio formativo científico educativo busca a construção e reconstrução do conhecimento e garante a qualidade da aprendizagem e de entendimentos epistemológicos. Tenho certeza que você está ansioso (a) para saber o que significa uma pesquisa quantitativa e qualitativa. Pois bem, vejamos o que são essas pesquisas. Vamos iniciar pela pesquisa quantitativa. A abordagem quantitativa é uma modalidade de pesquisa sobre um problema humano ou social, baseado em testagem de uma teoria composta de variáveis, quantificadas em número e analisadas via procedimentos estatísticos, de forma a determinar se as generalizações previstas na teoria se sustentam ou não. A abordagem quantitativa caracteriza-se pelo uso da quantificação, tanto na coleta quanto no tratamento de informações, por meio de técnicas estatísticas, desde as mais simples, como percentual, média, desvio-padrão, às mais complexas, como coeficiente de correlação, análise de regressão etc. “Logo, o método quantitativo constitui-se em quantificar dados obtidos pelas informações coletadas por meio de questionários, entrevistas, observações e utilização de técnicas estatísticas” (OLIVEIRA, 2007, p. 24). A pesquisa quantitativa ofereceu suporte ao pensamento científico até meados do século XX. Nesse período, era considerado científico o conhecimento produzido a partir das bases estabelecidas pelo método positivista, apoiado na experimentação, mensuração e controle rigoroso dos fatos. Na abordagem quantitativa, a objetividade é garantida pelos instrumentos e técnicas de mensuração e pela neutralidade do pesquisador frente à investigação da realidade. E o que se entende por pesquisa qualitativa? A abordagem qualitativa é uma modalidade de pesquisa voltada para o entendimento de fenômenos humanos, cujo objetivo é alcançar uma visão detalhada, complexa e holística dos mesmos, por meio da forma como os informantes configuram e apreendem esses fenômenos. Uma ênfase é dada à linguagem e à percepção dos informantes. FUNDAMENTOS DA PESQUISA EM METODOLOGIAS ACADÊMICAS E SUAS PRÁTICAS 20 A pesquisa qualitativa é uma “modalidade de pesquisa na qual os dados são coletados através de interações sociais (exemplo: estudos etnográficos e pesquisas participantes) e analisados subjetivamente pelo pesquisador” (APPOLINÁRIO, 2004, p. 155). Essa abordagem possibilita maior liberdade teórico-metodológica para realizar seu estudo. Os limites de sua iniciativa são fixados pelas condições exigidas a um trabalho científico, mas ela deve apresentar estrutura coerente, consistente, originalidade e nível de objetivação capaz de merecer a aprovação dos cinetistas num processo intersubjetivo de apreciação (DIEHL, 2004). A pesquisa qualitativa delimita alguns pressupostos básicos: ➢ A preocupação primária com processos e não com resultados ou produtos; ➢ O interesse central no significado: a forma como as pessoas explicam suas vidas e experiências, bem como estruturam seu mundo; ➢ O trabalho de campo é necessário: o pesquisador vai ao “campo” selecionado para observar e/ou coletar informações tidas como pertinentes junto aos participantes; ➢ A ênfase na descrição e explicação do fenômeno, na medida em que o interesse está na apreensão de processos e significado alcançado via linguagem, filmes ou fotografias; ➢ A utilização de processos indutivos, na medida em que o pesquisador constrói abstrações, conceitos, hipóteses e teorias. Por isto, a pesquisa qualitativapreocupa-se com o significado dos fenômenos e processos sociais, considerando as motivações, crenças, valores, representações sociais que permeiam a rede de relações sociais. Como esses aspectos não são passíveis de mensuração e controle, sua cientificidade tem sido, às vezes, questionada. A esse respeito, Denzin e Lincoln (2006, p. 21) mencionam que a Pesquisa qualitativa, enquanto conjunto de práticas envolve, dentro de sua própria multiplicidade de histórias disciplinares, tensões e contradições constantes em torno do projeto propriamente dito, incluindo seus métodos e as formas que suas descobertas e suas interpretações assumem. FUNDAMENTOS DA PESQUISA EM METODOLOGIAS ACADÊMICAS E SUAS PRÁTICAS 21 Quais são, então, as múltiplas práticas educativas possibilitadas pela pesquisa qualitativa? ➢ Não privilegia nenhuma única prática metodológica em relação à outra; ➢ Não possui uma teoria ou um paradigma nitidamente próprio; ➢ Múltiplos paradigmas que alegam empregar os métodos e as estratégias – estudos construtivistas, culturais, feminismo, marxismo, modelos étnicos de estudo; ➢ Métodos de análise – semiótica, da narrativa, do conteúdo, de arquivos, fonêmica, até mesmo as estatísticas, as tabelas, os gráficos e os números; ➢ Utilizam as abordagens, os métodos e as técnicas da etnometodologia, da fenomenologia, da hermenêutica, do feminismo, do desconstrucionismo, da etnografia, das entrevistas, da psicanálise, dos estudos culturais, da pesquisa baseada em levantamentos e da observação participante; Cada um carrega os traços de sua própria história disciplinar – etnografia e etnologia na educação, observação participante e a da etnografia na antropologia, na sociologia, na comunicação e nos estudos culturais, da análise textual, hermenêutica, feminista, psicanalítica, semiótica e da narrativa no cinema e nos estudos literários, da análise de arquivos, da cultura material e histórica e de documentos na história, na biografia e na arqueologia, e da análise de discurso e da análise conversacional na medicina, nas comunicações e na educação (DENZIN; LINCOLN, 2006, p. 20-22).A diversidade de práticas metodológicas da pesquisa qualitativa permite que o pesquisador assuma imagens múltiplas: cientista, naturalista, pesquisador de campo, jornalista, crítico social, artista, atuador, músico de jazz, produtor de filmes, confeccionador de colchas e ensaísta.Essa multiplicidade de opções, de acordo com Denzin e Lincoln (2006) coloca o pesquisador no papel de bricoleur11: um indivíduo que confecciona colchas reúne imagens transformando-as em montagens. Assim, o pesquisador qualitativo bricoleur utiliza as ferramentas estéticas e materiais do seu ofício, empregando 1 “Os bricoleurs lutam para conectar o ato de pesquisa à emoção e ao coração da experiência vivida”. Podemos assim definir o pesquisador que pratica a bricolagem como atividade de pesquisa. A bricolagem envolve não apenas a melhoria da qualidade da pesquisa, mas também um aumento da possibilidade de ser humano. Avança na compreensão de novos modos de pensar, ensinar e aprender; abandona a miopia de padrões predeterminados e corretos. Os bricoleurs enxergam de um ponto de vista multidimensional, com uma visão da complexidade social. Criticam o sistema de produção do conhecimento, com seus tapa-olhos epistemológicos, que algemaram a agência humana ao evangelho daquilo que se chama lei natural e procedimentos científicos em nome de uma noção etnocêntrica de progresso científico, que tentou manter os indivíduos ignorantes acerca de seus potenciais e confundiu diferença cultural com deficiência cultural. Os bricoleurs dão importância fundamental às tradições críticas e hermenêuticas, e a sua preocupação com essas dimensões humanas, entendendo que a pesquisa que não consegue tratar da ontologia da situação existencial humana, com toda a sua dor, seu sofrimento, sua alegria e seu desejo, tem valor limitado; os bricoleurs buscam novas formas de se conectar com esse domínio e iluminá-lo. Nesse contexto, muito é possível (KINCHELOE; BERRY, 2007). FUNDAMENTOS DA PESQUISA EM METODOLOGIAS ACADÊMICAS E SUAS PRÁTICAS 22 efetivamente estratégias, métodos ou materiais empíricos que estejam ao seu alcance. Para tal, costura pedaços da realidade num processo que gera e traz uma unidade psicológica e emocional para a experiência interpretativa, elaborando um texto complexo, “de performance”, que pode ser entendido com uma sequência de representações que ligam as partes ao todo. Denzin e Lincoln classificam o pesquisador (Bricoleur) qualitativo em: ➢ Bricoleur metodológico: é um perito na execução de diversas tarefas, que variam desde a entrevista até uma autorreflexão e introspecção intensiva; ➢ Bricoleur teórico: lê muito e é bem-informado a respeito dos diversos paradigmas interpretativos (feminismo, marxismo, estudos culturais, construtivismo, teoria quer) que podem ser trazidos para determinado problema. Trabalha entre e dentro de paradigmas e perspectivas concorrentes; ➢ Bricoleur interpretativo: para ele a pesquisa é um processo interpretativo influenciado pela história pessoal, pela biografia, gênero, classe social, raça e etnicidade dele e daquelas pessoas que fazem parte do cenário. O produto de seu trabalho é uma pesquisa (bricolage) complexa; um conjunto de imagens e de representações mutáveis, interligadas, que vai da parte ao todo. Os textos da pesquisa qualitativa, elaborados pelo Bricoleur interpretativo, apresentam como características: ➢ A dialogicidade; ➢ Presumem uma audiência ativa, favorecendo a interação porque criam espaços para troca de ideias entre leitor e escritor; ➢ Transformam o outro além do objeto do olhar das ciências sociais; ➢ Fazem ver a situação por múltiplos olhares, cada um com uma “cor”, uma importância. Por outro lado, os leitores podem: ➢ Explorar visões concorrentes do contexto; ➢ Imergir/fundir em novas realidades a serem compreendidas. ➢ Bricoleur político: a ciência significa poder, pois todas as descobertas da pesquisa têm implicações políticas. Não existe ciência livre de valores. ➢ Bricoleur narrativo: sabe que todos os pesquisadores contam histórias sobre os mundos que estudaram, é marcado pelo gênero. FUNDAMENTOS DA PESQUISA EM METODOLOGIAS ACADÊMICAS E SUAS PRÁTICAS 23 Aspectos significativos que diferem a pesquisa qualitativa da quantitativa PESQUISA QUANTITATIVA PESQUISA QUALITATIVA Enfatiza o ato de medir (mede e quantifica os fenômenos). Ressalta a natureza construída da realidade. socialmente Analisa as relações causais entre as variáveis (isola as causas e os efeitos). Íntima relação entre o pesquisador e o que é estudado. Permite a descobertas. generalização das Ênfase sobre as qualidades e sobre os processos. Realça o modo como à experiência social é criada e adquire significado. Materiais e métodos empíricos dedutivos Uso de entrevistas e observação detalhada – métodos interpretativos. Ética baseada em probabilidades: casos selecionados aleatoriamente. Estudo de caso específico. Generalizações. Valorizam as descrições detalhadas. Utilizam modelos matemáticos, as tabelas estatísticas e os gráficos. Empregam a prosa etnográfica, as narrativas históricas, as histórias de vida, os “fatos” transformados em ficção e os materiais biográficos e autobiográficos. Empregam prosas impessoais (terceira pessoa). Relatos em primeira pessoa. Como nos valer das estratégias dessas abordagens para as pesquisas na área educacional? Pois bem, as professoras Menga Lüdke e Marli André nos dão essa resposta ao salientarem que: Cada vez mais se entende o fenômeno educacional como situado dentro de um contexto social, por sua vez inserido em uma realidade histórica, que sofre toda uma série de determinações. Um dos desafios atualmente lançados à pesquisa educacionalé exatamente o de tentar captar essa realidade dinâmica e complexa do seu objeto de estudo, em sua realização histórica (LÜDKE; ANDRÉ, 2007, p. 5). É importante ressaltar que as duas abordagens não são excludentes, já que ambas se preocupam com o ponto de vista do indivíduo. A pesquisa qualitativa pela FUNDAMENTOS DA PESQUISA EM METODOLOGIAS ACADÊMICAS E SUAS PRÁTICAS 24 proximidade do sujeito por meio da entrevista e a quantitativa por meio de materiais e métodos empíricos e, portanto, são úteis para os estudos a serem desenvolvidos na área educacional. Portanto, você deve estar se perguntando: posso utilizar as duas abordagens em um mesmo estudo? Sim, a combinação das duas abordagens é denominada de pesquisa quantitativa. Vimos que quando o pesquisador está interessado em dimensionar, avaliar a aplicação de uma técnica, a introdução de uma variável, ele pode recorrer ao estudo quantitativo, mas quando deseja observar o fenômeno, entendê-lo, compreendê-lo de uma forma integral tem-se a preferência pela pesquisa qualitativa. De que maneira ambos podem ser concomitantemente usados para as pesquisas na área educacional? Uma pesquisa que tem como tema: Evasão e fracasso escolar na escola x, município y, no período z. Nesse estudo, pode-se optar pelo estudo quantitativo na medida em que se dimensionar e/ou mensurar a faixa etária, o sexo dos alunos, os índices de evasão por período. Desse modo, pela pesquisa qualitativa quando investigar as causas, os efeitos, as consequências da evasão para os alunos, o que sentem, o que pensam, como se relacionam e os sujeitos envolvidos na pesquisa. 1.3.2 Níveis de Conhecimento segundo Cervo, Bervian e Silva (2007) 1.3.2.1 O Conhecimento Empírico É aquele adquirido pela própria pessoa na sua relação com o meio social, por meio da interação na forma de ensaios e tentativas que resultam em erros e em acertos. Os conhecimentos que você possui são transmitidos de uma pessoa para outra, de geração para geração. “O conhecimento empírico é constituído de experiências vivenciadas pela pessoa em seu cotidiano [...]” (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007, p.61). FUNDAMENTOS DA PESQUISA EM METODOLOGIAS ACADÊMICAS E SUAS PRÁTICAS 25 1.3.2.2 O Conhecimento Científico Vai além do empírico procurando compreender além do objeto, do fato e do fenômeno, sua organização e funcionamento, suas causas e leis. Parra Filho e Santos (2001) descrevem um exemplo interessante, que é o caso de um agricultor que tem o conhecimento recebido de geração para geração (empírico), em relação à época certa do plantio, ao tipo de cultura, à quantidade de água necessária, à época da colheita e como armazenar o produto para obter os bons resultados. Para esse agricultor, nunca houve a curiosidade de saber o motivo da época do plantio, da quantidade de água etc. O conhecimento científico é aquele que busca as respostas. Sendo assim, estabelecer previamente um roteiro, um caminho, ou seja, um método do que lhe permita respostas verdadeiras. “O conhecimento científico configura um método, prende-se aos fatos, isto é, tem uma referência empírica, e, embora parta deles, transcende-os” (FACHIN, 2006, p.42). 1.3.2.3 O Conhecimento Filosófico Distingue-se do conhecimento científico pelo objeto de investigação e pelo método. Para Marconi e Lakatos (2010), o conhecimento filosófico é caracterizado pelo esforço da razão pura para questionar os problemas humanos e assim discernir entre o certo e o errado, recorrendo às luzes da própria razão humana. “A filosofia tem, antes, a finalidade de compreender a realidade e fornecer conteúdos reflexivos e lógicos de mudança e transformação dessa realidade” (BARROS; LEHFELD, 2007). 1.3.2.4 O Conhecimento Teológico Implica sempre uma atitude de fé diante de um conhecimento revelado. Este tipo de conhecimento é relacionado à obra do criador divino, suas evidências não são verificadas, ou seja, está sempre implícita uma atitude de fé perante um conhecimento revelado, consistem em revelações das divindades (MARCINI; FUNDAMENTOS DA PESQUISA EM METODOLOGIAS ACADÊMICAS E SUAS PRÁTICAS 26 LAKATOS, 2010). Para Fachin (2006), o conhecimento teológico está ligado à fé e à crença divina, a Deus, Jesus Cristo, Maomé ou a Buda, ou seja, uma autoridade suprema a qual o ser humano se relaciona por sua fé e crença religiosa. “O conhecimento teológico é um conjunto de verdades ao quais as pessoas chegaram não com o auxílio de sua inteligência, mas mediante a aceitação dos dados da revelação divina” (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007, p.52). Materiais Complementares Dica de Leitura: Para aprofundar o estudo sobre a evolução da Ciência e a Tecnologia para o bem-estar social, leia o artigo em pdf dos autores Rosemari Monteiro Castilho Foggiatto Silveira e Walter Antonio Bazzo, acessando o google, escreva o seguinte título: FUNDAMENTOS DA PESQUISA EM METODOLOGIAS ACADÊMICAS E SUAS PRÁTICAS 27 UNIDADE II – MODALIDADES DE TRABALHO A pesquisa científica tem diferentes finalidades e pode ser classificada de diferenciadas formas, critérios e pontos de vista. A pesquisa pura é realizada por meio de questões de ordem intelectual, amplia o saber e estabelece princípios científicos. A pesquisa aplicada é realizada por meio de questões imediatas, é prática e busca soluções para problemas concretos. Além disso, a classificação da pesquisa deve seguir diferentes critérios. Fonte: Brasília, Metodologia Científica s/n. 2.1 MODALIDADES DE TRABALHO Todo trabalho acadêmico atenderá normas, sendo em termos de estrutura, alguns procedimentos para apresentação escrita de produção acadêmico-científica como Projetos de Pesquisa, elaboração de Trabalho de Conclusão de Curso – TCC e Monografias e Artigos Científicos. Destacam-se como parte integrante deste manual as "Normas de publicação das Revistas Eletrônicas do Grupo Educacional", bem como seus respectivos cadernos. Para a elaboração deste documento foram utilizadas as normas e diretrizes da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. Ressalta-se que este é um roteiro básico que poderá ser adaptado de acordo com as especificidades de cada curso. FUNDAMENTOS DA PESQUISA EM METODOLOGIAS ACADÊMICAS E SUAS PRÁTICAS 28 Apresenta as NBR utilizadas; a estrutura para a construção de projetos e os elementos pré-textuais; textuais e pós-textuais para a estruturação de trabalhos acadêmico-científicos. Abordando modelos de Capa; Folha de Rosto; Resumo e Abstract; Listas de Ilustração – Tabelas – Quadros – Abreviaturas – Siglas e símbolos de forma ilustrativa. Abrangendo também as formas de citação e notas de rodapé contempladas na ABNT NBR 15287/2011 e ABNT 14724/2011 com os respectivos exemplos. Espera-se que este material possa contribuir para a elaboração da parte técnica dos trabalhos acadêmico-científicos. 2.2 NORMALIZAÇÃO DE TRABALHOS ACADÊMICOS ABNT 2.2.1 Trabalhos Acadêmicos Projetos – ABNT NBR 15287/2011 Monografias, Dissertações, Teses – ABNT NBR 14724/2011 Artigos – ABNT NBR 6022/2003 Referências – ABNT NBR 6023/2002 Numeração Progressiva – ABNT NBR 6024/2003 2.2.2 Elementos essenciais Resumo – ABNT NBR 6028/2003 Sumário – ABNT NBR 6027/2003 Numeração Progressiva – ABNT NBR 6024/2003 Ilustrações – ABNT NBR 14724/2011 Tabelas – IBGE/1993 Citações – ABNT NBR 10520/2002 Notas de Rodapé – ABNT NBR 15287/2011 e ABNT NBR 14724/2011 Referências Bibliográficas – ABNT NBR 6023/2002 FORMATAÇÃO PARA PROJETOS, MONOGRAFIAS E TCC - ABNT NBR 15287/2011 - ABNT NBR 14724/2011 (NBR 15287:2011 - NBR 14724:2011) http://ava.grupouninter.com.br/tead/armando/html5/normas/index.htm#video1 FUNDAMENTOS DA PESQUISA EM METODOLOGIAS ACADÊMICAS E SUAS PRÁTICAS 29 2.2.3 Margens a.Superior: 3 cm da borda superior da folha; b. Inferior: 2 cm da borda inferior da folha; c. Esquerda: 3 cm da borda esquerda da folha; d. Direita: 2 cm da borda direita da folha; e. Citação longa: Deve constituir um parágrafo distinto, a 4 cm da margem esquerda terminando na margem direita; f. Nota de rodapé: Utiliza-se a margem de parágrafo; g. Título das seções: deve obedecer à margem esquerda; h. Títulos sem indicativo numérico (errata, agradecimento, listas de ilustrações, listas de abreviaturas e siglas, listas de símbolos, resumo, sumário, referências, glossário, apêndices, anexos, índices) devem ser centralizados. 2.2.4 Espaçamento Todo o trabalho deve ser digitado em espaço 1,5 com exceção de: i. Citações longas (mais de 3 linhas): Espaço simples entre as linhas e espaço 1,5 entre as citações e os parágrafos anterior e posterior. j. Notas de rodapé: Digitadas em espaço simples a partir da margem esquerda, sem espaço entre elas. k. Referências: Devem ser separadas entre si por um espaço simples em branco. 2.2.5 Fonte Deve ser utilizado, conforme recomendação da ABNT (NBR 14724/2011), fonte tamanho 12 para todo o texto. As citações longas, notas de rodapé, paginação, títulos das ilustrações, tabelas e legenda/fonte devem ser apresentadas em fonte tamanho 10. A ABNT não faz menção ao tipo de letra que deve ser utilizado. Porém, recomenda-se que utilize as letras Times New Roman ou Arial. FUNDAMENTOS DA PESQUISA EM METODOLOGIAS ACADÊMICAS E SUAS PRÁTICAS 30 2.2.6 Paginação Todas as folhas do trabalho, a partir da folha de rosto, devem ser contadas sequencialmente, mas não numeradas. A numeração deve figurar-se após a primeira folha da parte textual, aparecendo no canto superior da folha e a 2 cm da borda superior, em algarismos arábicos. No caso da utilização de apêndices e anexos, as folhas devem ser numeradas de maneira contínua e sua paginação deve dar seguimento à do texto principal. Se o trabalho possuir mais de um volume, manter a sequência numérica das páginas em todos os volumes. 2.2.7 Numeração Progressiva Deve-se seguir a norma ABNT NBR 6024/2003, para melhor distribuição do conteúdo do trabalho. Dessa maneira, sugere-se usar numeração progressiva para as seções do texto, destacando-se os títulos das seções, utilizando os recursos de negrito, itálico ou grifo, caixa alta ou versal e outro. O título das seções (primárias, secundárias etc.) deve ser colocado após sua numeração, dele separado por um espaço. O texto deve iniciar-se em outra linha. Para enumerar os diversos assuntos de uma seção que não possuem título, deve ser subdividido em alíneas. O texto que antecede a alínea deve terminar com dois pontos. A partir daí, pode usar alíneas, caracterizadas por letras minúsculas, seguidas de parênteses e ordenadas alfabeticamente. A disposição gráfica das alíneas obedece às seguintes regras: a. A alínea começa com o recuo de parágrafo (1,5cm) e a partir da segunda e as seguintes linhas começam sob a primeira letra do texto da própria alínea; b. O texto da alínea começa por letra minúscula e termina em ponto e vírgula, exceto a última que termina em ponto. FUNDAMENTOS DA PESQUISA EM METODOLOGIAS ACADÊMICAS E SUAS PRÁTICAS 31 2.2.8 Esquema da Página Fonte: ULBRA – Normalização de trabalhos acadêmicos segundo a ABNT, 2011. 2.3 SEMINÁRIO Para Marconi e Lakatos (2010), seminário é uma técnica de estudo que inclui pesquisa, discussão e debate. Um seminário pode ser apresentado de forma individual ou em grupo, onde as regras para a apresentação serão estipuladas pelo professor ou orientador, como por exemplo, o tema, tempo de apresentação, as orientações sobre o que é fundamental conter na apresentação, etc. FUNDAMENTOS DA PESQUISA EM METODOLOGIAS ACADÊMICAS E SUAS PRÁTICAS 32 2.4 RESUMO “É a condensação do texto; é o ato de condensar ideais principais ou centrais. Isso porque o resumo põe a comunicação expressa em linguagem corrente e reduzida, seja ela narrativa, descritiva ou dissertativa” (BARROS; LEHFELD, 2007, p. 67). Ao reescrever um texto, atente-se as ideias principais e apresente os pontos chaves do conteúdo lido. Recomenda-se que discorra o texto em um número reduzido de linhas, e para isso siga alguns passos importantes como: • Comece com uma leitura minuciosa do texto, com intuito de compreender por completo o assunto; • Após, leia parágrafo por parágrafo e marque as palavras-chaves para que tenha uma base do seu resumo; • Em seguida, elabore um resumo de cada parágrafo, de acordo as palavras- chave marcadas anteriormente; • Releia o seu texto, conforme for anotando, a fim de confirmar se as ideias expostas estão claras e coerentes, ou seja, você sintetiza o que leu. • Finalize, com uma análise dos conceitos expressados, segundo a opinião do autor, pois não se admite em um resumo comentários pessoais, ou seja, não interpretar as palavras, deve ter o mesmo vocabulário do autor e seguir a mesma ordem do texto. 2.5 RESENHA CRÍTICA Resenha Crítica aborda as ideais principais do livro ou documento, mas permite você fazer uma análise mais crítica, inserindo aspectos positivos e negativos, apontando sua opinião pessoal ou de outros autores. A resenha é um tipo de resumo crítico que permite comentários e opiniões relativos à obra estudada, pois inclui julgamentos de valor comparações com outras obras da mesma área e avaliação da relevância do estudo quando comparado a outros do mesmo gênero (ANDRADE 2004 p. 61). Estruturalmente descrevem-se as propriedades da obra relatando as ideias do autor e assim resume-se o conteúdo do material pesquisado apresentando a metodologia nele empregada e sua conclusão. Deste modo, expõe o quadro de FUNDAMENTOS DA PESQUISA EM METODOLOGIAS ACADÊMICAS E SUAS PRÁTICAS 33 referências em que o autor se apoiou (narração) e finalmente efetua-se uma avaliação da obra e apresenta a que público-alvo, ela se destina (dissertação) (MEDEIROS 2000). Para elaborar esse modelo de texto devemos seguir alguns passos importantes: • Identificar o texto que está resenhando por meio da referência; • Escrever o texto propriamente dito, iniciando com a apresentação dos nomes do autor e do material utilizado. Na primeira etapa a biografia do autor do texto, resume-se brevemente. Após essa descrição, um resumo da obra deve ser apresentado, ou seja, a que conclusão o autor chegou, qual metodologia utilizou e qual teoria usou como base. Na segunda etapa finaliza-se com a crítica do resenhista expondo seus comentários e indicações finais a respeito da obra. É importante observar que não utilizamos títulos e subtítulos no texto da resenha. 2.6 FICHAMENTO No fichamento permite-se ordenar o assunto em forma de ficha, com informações objetivas de determinado documento, contendo uma síntese das principais ideais da obra consultada com interpretação pessoal do que estava escrito ou ser composto por citações fiéis as ideais do texto fichado. O fichamento também é uma forma de trabalho acadêmico. Por meio dele, o estudante registra os estudos de um livro e/ou de um texto. Este trabalho possibilita além da facilidade na execução de outros trabalhos dessa natureza a assimilação e construção do conhecimento. Existem três tipos básicos de fichamento: o fichamento bibliográfico; o fichamento de resumo ou conteúdo e o fichamento de citações. Cada professor pode seguir um modelo próprio, tendo em vista que não existe um padrão pronto e/ou determinado. 2.7 RELATÓRIO É um documento que expõe resultados parciais ou totais de uma determinada atividade da pesquisa, projeto, evento etc., que esteja finalizado ou ainda em andamento. Seguem alguns modelos de relatórios (UNIVERSIDADEFUNDAMENTOS DA PESQUISA EM METODOLOGIAS ACADÊMICAS E SUAS PRÁTICAS 34 TUIUTI DO PARANÁ, 2012): 2.7.1 Relatório Técnico Científico Para a Associação Brasileira de Normas Técnicas- NBR 10719 “é um documento que descreve formalmente o progresso ou resultado de pesquisa científica e/ou técnica”. QUADRO 1 – ESTRUTURA DE UM RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTÍFICO Pré-textuais Capa (opcional) Folha de rosto (obrigatório) Errata (opcional) Resumo e palavras-chave na língua do texto (obrigatórios) Lista de ilustrações (opcional) Lista de tabelas (opcional) Lista de abreviaturas e siglas (opcional) Lista de símbolos (opcional) Sumário (obrigatório) Textuais Introdução (obrigatório) Desenvolvimento (obrigatório) Considerações finais (obrigatório) Pós-textuais Referências (opcional) Apêndice(s) (opcional) Anexo(s) (opcional) Formulário de identificação (opcional) 2.7.2 Relatório de Aula Prática Deve registrar o desenvolvimento experimental realizado extraclasse, por exemplo, em laboratórios, oficinas ou outro tipo de área experimental. QUADRO 2 – ESTRUTURA DE UM RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA Pré-textuais Capa (opcional) Folha de rosto (obrigatório) FUNDAMENTOS DA PESQUISA EM METODOLOGIAS ACADÊMICAS E SUAS PRÁTICAS 35 Errata (opcional) Resumo e palavras-chave na língua do texto (obrigatórios) Lista de ilustrações (opcional) Lista de tabelas (opcional) Lista de abreviaturas e siglas (opcional) Lista de símbolos (opcional) Sumário (obrigatório) Textuais Introdução (obrigatório) Procedimento Experimental (obrigatório) Resultados e Discussão (obrigatório) Considerações Finais ou Conclusão (obrigatório) Pós-textuais Referências (opcional) Apêndice(s) (opcional) Anexo(s) (opcional) 2.7.3 Relatório de Visita Técnica Deve registrar informações técnicas à determinada área de estudo, como por exemplo, visita à determinada empresa, propriedade rural, estúdio, escola e outros. QUADRO 3 – ESTRUTURA DE UM RELATÓRIO DE VISITA TÉCNICA Pré-textuais Capa (opcional) Folha de rosto (obrigatório) Errata (opcional) Resumo e palavras-chave na língua do texto (obrigatórios) Lista de ilustrações (opcional) Lista de tabelas (opcional) Lista de abreviaturas e siglas (opcional) Lista de símbolos (opcional) Sumário (obrigatório) Textuais Introdução (obrigatório) Desenvolvimento (obrigatório) Considerações finais (obrigatório) Pós-textuais Referências (opcional) Apêndice(s) (opcional) Anexo(s) (opcional) FUNDAMENTOS DA PESQUISA EM METODOLOGIAS ACADÊMICAS E SUAS PRÁTICAS 36 2.7.4 Relatório de Estágio Deve registrar a experiência e atividades desenvolvidas pelo aluno em determinada empresa ou instituição. QUADRO 4 – ESTRUTURA DE UM RELATÓRIO DE ESTÁGIO Pré-textuais Capa (opcional) Folha de rosto (obrigatório) Errata (opcional) Resumo e palavras-chave na língua do texto (obrigatórios) Lista de ilustrações (opcional) Lista de tabelas (opcional) Lista de abreviaturas e siglas (opcional) Lista de símbolos (opcional) Sumário (obrigatório) Textuais Introdução (obrigatório) Desenvolvimento (obrigatório) Considerações finais (obrigatório) Pós-textuais Referências (opcional) Apêndice(s) (opcional) Anexo(s) (opcional) Assinaturas 2.8 PROJETO DE PESQUISA Segundo a ABNT NBR 15287/2011 é parte integrante da pesquisa, cujo objetivo principal da pesquisa é descobrir respostas para os problemas mediante o emprego de procedimentos científicos. Para alcançar tal intuito necessita-se fazer um planejamento utilizando o projeto de pesquisa que se constitui nos procedimentos e planos de ação do Trabalho Final de Conclusão de Curso (TCC) ou da Monografia. O planejamento deve considerar tanto o problema a ser investigados, como a natureza, a situação e o espaço-temporal a ser analisada, quanto à natureza e o nível de conhecimento, sobre o assunto. De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas-NBR 15287, o projeto de pesquisa “compreende uma das fases da pesquisa, é a descrição da sua FUNDAMENTOS DA PESQUISA EM METODOLOGIAS ACADÊMICAS E SUAS PRÁTICAS 37 estrutura”. É uma proposta que descreve os planos, fases e procedimentos de um processo de investigação científica a ser realizado. QUADRO 5 – ESTRUTURA DE UM PROJETO DE PESQUISA Pré-textuais Capa (opcional) Folha de rosto (obrigatório) Lista de ilustrações (opcional) Lista de tabelas (opcional) Lista de abreviaturas e siglas (opcional) Lista de símbolos (opcional) Sumário (obrigatório) Textuais Tema (obrigatório) Problema (obrigatório) Hipótese(s) (obrigatório) Objetivo(s) Justificativa(s) Referencial Teórico Metodologia Recursos Cronograma Pós-textuais Referências (opcional) Apêndice(s) (opcional) Anexo(s) (opcional) 2.8.1 Capa A capa é um elemento opcional, segundo a NBR 14724/2011. 2.8.2 Folha de Rosto A folha de rosto é um elemento obrigatório, segundo a NBR 14724/2011. As Listas, o Sumário, Espaçamento, Notas de Rodapé, Indicativos de Seção, Paginação e Numeração seguem o modelo apresentado anteriormente. 2.9 ESTRUTURA DO PROJETO Conforme a NBR 15287/2011, a apresentação do Projeto de Pesquisa http://ava.grupouninter.com.br/tead/armando/html5/normas/index.htm#video1 FUNDAMENTOS DA PESQUISA EM METODOLOGIAS ACADÊMICAS E SUAS PRÁTICAS 38 constitui Elementos Textuais2 que seguem a seguinte estrutura: Estrutura do Projeto 2.9.1 Resumo 2.9.2 Introdução 2.9.3 Problema 2.9.4 Hipótese 2.9.5 Objetivo Geral 2.9.6 Objetivos Específicos 2.9.7 Justificativa 2.9.8 Revisão de Literatura 2.9.9 Metodologia da Pesquisa 2.9.9.1 Tipo de Abordagem 2.9.9.2 Tipo de Pesquisa 2.9.9.3 Tipo de Delineamento 2.9.9.4 Coleta de Dados 2.9.9.5 Tratamento de Dados 2.10 Recursos 2.10.1 Cronograma 2.10.2 Referências 2.10.3 Glossário (opcional) 2.10.4 Apêndice (opcional) 2.10.5 Anexo (opcional) 2.9.1 Introdução A introdução deve criar uma expectativa positiva e o interesse do leitor para a continuação da análise de todo artigo. A introdução apresenta o assunto e delimita o tema, analisando a problemática que será investigada, definindo conceitos e especificando os termos adotados a fim de esclarecer o assunto. 2 Além das normas da ABNT, utilizou-se Marconi e Lakatos (1991); Gil (2000); Stein (2008). FUNDAMENTOS DA PESQUISA EM METODOLOGIAS ACADÊMICAS E SUAS PRÁTICAS 39 Apresentação concisa dos pontos relevantes de um documento. (ABNT NBR 6022/2003). Parte inicial do artigo, onde devem constar a delimitação do assunto tratado, os objetivos da pesquisa e a metodologia utilizada para alcança-los. 2.9.2 Problema O problema de pesquisa normalmente envolve uma situação teórica ou prática para a qual o pesquisador busca respostas ou soluções. Algumas condições se impõem para que se determine o problema: a) O problema deve ser concreto e apresentado de forma clara e precisa; b) Deve ser representativo sendo ainda possível de ser generalizado; c) Deve apresentar certa originalidade; d) A população a ser pesquisada deve ser delimitada; e) Deve ser formulado de forma interrogativa. 2.9.3 Hipótese É uma suposta resposta ao problema a ser investigado, poderá ser aceita ou rejeitada. Aparece de forma explícita apenas nas pesquisas explicativas. Nas pesquisas descritivas, "logo após a formulação dos problemas procede- se à especificação dos objetivos em lugar da apresentação das hipóteses. Já nas pesquisas exploratórias, as hipóteses costumam aparecer como produto final." (GIL, 2000, p. 52). 2.9.4 Objetivo Geral É o que se pretende alcançar com a realização da pesquisa, deve iniciar sempre com um verbo de ação no infinitivo tais como: analisar, avaliar, averiguar, comparar,
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