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Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 1 Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 2 Reumatologia ➢ O que é reumatologia? Normalmente falamos “o paciente tem reumatismo”, e isso é errado, porque reumatismo é uma palavra que envolve 193 tipos de doenças reumatológicas. Então, dentro da reumatologia, temos 193 doenças reumatológicas ou até mais. A Reumatologia é a especialidade médica que pesquisa, diagnostica, investiga e trata de doenças relacionadas com os ossos, colágeno e articulações. Podemos resumir a atuação da reumatologia como a área da medicina que aborda as doenças do tecido conjuntivo. • E onde está o tecido conjuntivo? Praticamente no corpo inteiro! Então diagnostica, investiga e trata essas patologias. O tecido conjuntivo, ao contrário dos outros tipos de tecidos histológicos encontrados no organismo, tem como principal componente estrutural a matriz extracelular e tem como funções dar forma e auxiliar na estrutura do corpo conectando células e órgãos e dando suporte às diferentes partes do corpo. ➢ E onde está esse tecido conjuntivo e essa matriz extracelular? Está no tecido adiposo, no sangue (existe reumatismo no sangue? NÃO, mas existem doenças reumatológicas que podem interferir nas alterações hematológicas), no tecido conjuntivo fibroso, no tecido conjuntivo frouxo, no tecido ósseo e no tecido cartilaginoso. Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 3 Antes de entender as doenças reumatológicas, precisamos realizar a semiologia reumatológica e dentro da semiologia reumatológica entra o exame físico locomotor. ➢ Semiologia reumatológica Na semiologia reumatológica precisamos saber o que esse paciente sente. A maioria das consultas reumatológicas é dor. Mas que tipo de dor (dor crônica, dor aguda, dor de caráter psicológico, dor de caráter traumático)? Sabendo o tipo de dor que esse paciente tem, o cerco vai se fechando e a gente consegue chegar em um diagnóstico. Primeira coisa que a gente faz é identificar o paciente. • Identificação o Idade – muito importante dentro da reumatologia devido à prevalência de algumas doenças. As doenças reumatológicas graves acometem principalmente jovens, mulheres que ainda menstruam, mulheres em idade fértil. Doenças mais prevalentes em idosos: osteoporose e artrose. Em jovens: lúpus, artrite reumatoide. Gota – mais prevalente em pessoas acima dos 40/50 anos de idade. Febre Reumática – mais comum em crianças Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) – mais comum em mulheres em idade fértil Espondilite Anquilosante – mais comum em homens até 45 anos o Sexo – importante devido à prevalência Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 4 Todas as doenças reumatológicas são mais comuns em mulheres. Exceto duas: a gota e a espondilite anquilosante. Mulher: artrite reumatoide, lúpus (10 mulheres para cada homem – 10:1 feminino), fibromialgia, ... o Raça A artrite reumatoide e osteoporose incidem mais em brancos que em negros. Os negros têm mais predisposição para desenvolver artrose de quadril. As doenças de Behçet (doença que os pacientes possuem aftas de repetição – autoimune) e de Kawasaki (inflamação autoimune pós viral das coronárias nas crianças) são mais comuns na raça amarela. o Profissão – algumas dores são relacionadas à profissão do paciente É importante porque o tipo de atividade física do indivíduo pode estar intimamente relacionado com o tipo de doença apresentada. São alguns exemplos: cotovelo de tenista; epitrocleíte de golfista; esclerodermia em pessoas que se expõem a solventes de tinta, tricloroetileno e sílica; lombalgia nos indivíduos com profissão sedentária. O que acontece: a região medial do cotovelo é muito relacionada a dor principalmente em pacientes que jogam golfe; já quem joga tênis, tem muita dor na região lateral do cotovelo (a faixa que os atletas usam são para proteção, não para propaganda). Por exemplo: bancário paciente que digita e mexe com as mãos o dia inteiro – esse paciente vai ter mais chance de ter uma síndrome do túnel do carpo, uma artralgia em punhos; diferente de um pedreiro, que vai ter mais chances de ter uma lombalgia. Principalmente pacientes sedentários, onde os pacientes vão ter mais chances de ter dor. • Anamnese Localização anatômica da dor. Onde dói? Irradia para algum lugar? Início e cronologia. 1- Aguda – menos que 7 dias 2- Subaguda – de 7 dias até 6 semanas 3- Crônica – acima de 6 semanas Padrão de envolvimento articular. 1- Simétrico x Assimétrico – importante pois em algumas doenças o acometimento é simétrico Por exemplo: paciente tem uma dor o cotovelo – mas seu cotovelo esquerdo dói a mesma quantidade que seu cotovelo direito? Não, só dói o direito → então é uma dor de caráter assimétrico. Se o paciente tem uma dor no joelho esquerdo que é igual a dor no joelho direito → dor de caráter simétrico. Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 5 Artrite (artralgia é dor, artrite é dor com processo inflamatório → calor, rubor e edema) reumatoide, por exemplo, é simétrico. 2- Monoartrite x Oligoartrite x Poliartrite Monoartrite é uma articulação; oligoartrite é até três articulações; poliartrite acima de quatro articulações. 3- Pequena x Grande Articulação Grandes articulações: joelho, coluna e quadril; o resto é pequena articulação (punho, ombro, cotovelo, dedos, ...) Importante saber anatomia da mão. Punho → metacarpo falangeanas → interfalangeanas proximais → interfalangeanas distais. → Acometimento assimétrico. Gota. → Acometimento simétrico. AR. Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 6 Paciente com 29 anos, monoartrite de joelho (ou seja, só o joelho dele está inflamado), sem comorbidades, refere uso de drogas injetáveis. 1 mandamento Toda monoartrite deve ser puncionada. Punção é a retirada do líquido sinovial, através do procedimento chamado artrocentese (punção articular). Monoartrite só pode ser 2 diagnósticos: gota (processo inflamatório pelo excesso de ácido úrico) ou artrite séptica (bactéria dentro da articulação). Portanto, a punção vai dar o diagnóstico ou de gota ou de artrite séptica. Se não houver bactéria no estudo do líquido sinovial, o diagnóstico é gota que é tratada com anti-inflamatório para reduzir o ácido úrico. Se for artrite séptica, é necessário internar o paciente e administrar antibiótico. Homem, 48 anos, com quadro de MONOARTRITE AGUDA de joelho direito. Sem relato de trauma. Refere febre de 38°C. Nega quadro anterior semelhante, história de nefrolitíase (pedra nos rins) e epidemiologia para DST. Hipertensão arterial, com uso de losartan 50 mg/dia + hidroclorotiazida 25 mg/dia. Hemograma com leucocitose 11500/mm³, 6 bastões (um pouco de desvio) e 70 segmentados, VHS=35 (elevado, VR é até 20), ácido úrico = 7,0 mg% (elevado, VR é 6%). Qual a conduta mais apropriada? É um paciente que está com o joelho igual o da foto: Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 7 A. Infiltração articular com triancinolona hexacetonida. B. Betametasona IM. C. Anti-inflamatórios não-esteroides. D. Cochicicina e alopurinol. E. Artrocentese e estudo do líquido sinovial Possíveis diagnósticos: gota ou artrite séptica Continuando com a anamnese... o Intensidade. 1- Leve x Moderada x Intensa Existe uma escala analítica de dor → 0 é nenhuma dor e 10 é a pior dor da sua vida. o Irradiação. Paciente tem uma dor cervical que irradia para o braço → importante saber, pois pode ser uma doença neurológica. o Caráter 1- Insidiosa 2- Aguda 3- Contínua 4- Intermitente o Fatores de melhora o Fatores de piora 2 mandamento Diferenciar dor mecânica de dor inflamatória. A dor mecânica é aquela que ocorre quando pega peso, quando faz movimento errado, quandofaz movimento excessivo, quando há torcicolo, quando já possui um desgaste nas juntas nos idosos. A dor de caráter inflamatória é aquela que precisa ser investigada, pois o paciente possui uma doença reumatológica, pode ter até um quadro neoplásico ou uma infecção. Como eu vou diferenciar uma dor mecânica de uma dor inflamatória? • Acorda com dor? Se acordar no meio da madrugada devido a dor é de origem inflamatória. • Tem rigidez matinal? Se a rigidez durar menos de 30 minutos é mecânica; se a rigidez durar mais de 30 minutos é inflamatória. • De quanto tempo? A dor mecânica é contínua e a inflamatória não tanto. • Melhora com repouso ou movimento? Paciente com dor inflamatória gosta de se exercitar, porque a dor melhora com o movimento. Toda dor que melhora com Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 8 atividade física ou movimento é de característica inflamatória. Já a dor mecânica, não melhora com o movimento. • Melhora com AINES? Se melhora com anti-inflamatório, é dor de caráter inflamatório. Ritmo da dor: Artrite reumatoide É inflamação na sinóvia (membrana que cobre a cartilagem), chamada de sinovite. É uma doença reumatológicas que acomete principalmente as pequenas articulações, mas também pode acometer as grandes articulações, porém, poupa principalmente, a coluna → a artrite reumatoide gosta da sinóvia, e não tem sinóvia na coluna. Acomete mais as mulheres, entre 30 e 40 anos e sua incidência aumenta com a idade. → Paciente já tem edemas → Conforme vai passando a idade, se esse paciente não se tratar, podem ocorrer deformações Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 9 Não confunda artrite reumatoide com osteoartrite → osteoatriste é artrose, é o desgaste pelo movimento excessivo da articulação ou até mesmo pela idade. Onde tem membrana sinovial, que recobre a cartilagem, é ali que vai ocorrer a inflamação, essa inflamação é através da presença de macrófagos, linfócitos, ..., isso tudo se dá através de reação autoimune → essa reação autoimune pode ter alguns gatilhos, alguma inflamação, algum estresse e até mesmo alguma herança genética. Então, o que o paciente com artrite reumatoide tem? Ele tem uma dor inflamatória: • Rigidez articular matinal durando pelo menos 1 hora • Artrite em pelo menos três áreas articulares (poliartrite) • Artrite de articulações das mãos: punhos, interfalangeanas proximais (articulação do meio dos dedos) e metacarpofalangeanas (entre os dedos e mão) • Artrite simétrica (por exemplo no punho esquerdo e no direito) • Presença de nódulos reumatoides • Presença de Fator Reumatoide no sangue (quando vai fazer o diagnostico a gente pede o FR) • Alterações radiográficas (conforme vai passando a idade, se não tratar começam a ter): erosões articulares ou descalcificações localizadas em radiografias de mãos e punhos. → Nódulos reumatoides No raio-X conseguimos ver as deformidades e as erosões. Dica para a prova: AR não acomete interfalangeanas distais. Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 10 → Raio-X com perda de densidade óssea de um paciente com AR: percebemos uma perda do espaço articular das interfalangeanas proximais e metacarpofalangeanas. Não conseguimos visualizar os ossos do punho → erosões ósseas. Provavelmente ele não faz mais movimentação das mãos. Não da para diagnosticarmos apenas com o exame radiológico, precisamos da clínica. Acima de 7 pontos o paciente fecha diagnóstico de AR: Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 11 PCR e VHS são provas de atividade inflamatória. Artrite reumatoide → Tem uma interfalangeana distal acometida. Esse paciente apresenta psoríase ungueal (diagnóstico diferencial é onicomicose). → Não há simetria entre essas duas mãos → Não há simetria entre essas duas mãos, mas há processo inflamatório → Não há simetria Qual doença dá artrite nas mãos mas não há simetria? Artrite psoriásica. Não existe artrite reumatoide com psoríase. Paciente que tem artrite e psoríase, tem artrite psoriásica. Então a diferença entre artrite reumatoide e artrite psoriásica, é que na psoriásica tem psoríase, é assimétrica e acomete interfalanges distais. Quando esses pacientes chegam, é importante procurar pelo corpo. Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 12 Osteoartrite Essa mão abaixo é artrite reumatoide ou artrite psoriásica? Resposta: artrite psoriásica. Acometeu interfalanges distais. Mas e se falar que essa paciente tem piora da dor com o movimento (dor mecânica) e que tem rigidez de 10 minutos pela manhã? O diagnóstico seria de osteoartrite. Não é uma doença grave, é uma doença de idade, benigna, mas que pode causar dores incômodas ao paciente. Não tem cura, mas tem que prevenir para que os pacientes não percam a mobilidade. O que fazer? Não ganhar peso e não forçar muito aquela articulação. Normalmente se passa colágeno pra esse paciente. Não tem sinais flogísticos. 3 mandamento Apenas osteoartrite e artrite psoriásica acometem as interfalangeanas distais. Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 13 Como diferenciar uma da outra? Uma o paciente vai ter lesão de psoríase. O caráter de dor vai ser diferente. Pode ter oseoartrite de joelho, de quadril, de coluna, ... É o que o leigo chama de bico de papagaio. Conforme a idade, conforme as mudanças degenerativas, conforme o paciente movimenta muito aquela articulação, ele tem um componente genético, ele vai perdendo aquela articulação, vai perdendo o colágeno e vai ocorrendo uma diminuição do espaço articular, então um osso começa a encostar no outro e isso causa dor → hora que ele vai movimentar, ele sente muito atrito. No raio-X normal é possível ver o espaço entre a tíbia e o fêmur, já no raio-X de um paciente com osteoartrose de joelho, a gente não consegue ver esse espaço → isso é muito doloroso. Tem cura? Tem → prótese. Paciente que tem osteoartrose de quadril. Começa a diminuir o espaço articular. O tratamento é prótese de quadril: Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 14 Prevenção → atividade física e não ganhar peso. Na imagem abaixo: osteoartrite ou artrite reumatoide? Resposta: osteoartrite. Está tendo acometimento das interfalangeanas distais. Mas poderia ser uma artrite psoriásica, porém, esse diagnóstico não teria como ser feito apensa pelo raio-X, precisaria da clínica do paciente. PODE SER ARTRITE PSORIÁSICA? Pode. Vai depender da sintomatologia do paciente. COMO DIFERENCIAR DE OSTEOARTRITE? Caráter da dor. EXISTE ARTRITE PSORIÁSICA SEM TER PSORÍASE? Existe. Basta ele te rum parente de primeiro grau que ele vai pontuar como se fosse para ter diagnostico de artrite psoriásica. Pega os critérios de CASPAR e se ele pontuar três pontos ou mais, fecha diagnóstico para artrite psoriásica. Por exemplo: paciente tem uma dactilite (inflamação do dedo) mais uma psoríase atual = três pontos → ponta. Se pegar um paciente quem tem histórico familiar (parente de primeiro grau), tem alteração na unha e inflamação do dedo → pode fechar artrite psorásica sem ter psoríase. Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 15 Na imagem abaixo osteoartrite ou artrite reumatoide? Resposta: AR, há deformidade no punho (erosão óssea, deformidades ósseas, não dá nem para fazer diferenciação entre os ossos dos punhos), metacarpo falangeanas, interfalangeanas proximais. A assimetria pode estar presente no raio-X, mas não na sintomatologia. Há um calo ósseo no dedo indicador da mão esquerda. Tem que iniciar o tratamento da AR o quanto antes para não chegar nesse ponto de erosão óssea. Há perda da movimentação. Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 16 Lúpus eritematoso sistêmico → Selena teve que fazer até um transplante renal devido ao lúpus. • Prevalência Acomete principalmente mulheres em idade fértil.Lúpus → vem de lobo, devido à mancha rash malar. • Etiopatogenia 1- Fatores imunológicos 2- Radiação ultravioleta → os raios UV induzem o processo inflamatório 3- Hormonal → casos de homens induzindo o lúpus pelo uso de anabolizantes 4- Emocional 5- Medicamentoso Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 17 O lúpus é um processo inflamatório autoimune sistêmico. E ele pode causar várias reações autoimunes em qualquer órgão. Se ele deposita no rim, vai dar nefrite; se ele se deposita na articulação, vai dar artrite; se ele se deposita no coração, pode dar cardite, pode dar derrame pericárdico; se ele se deposita na pleura do pulmão, ele causa um processo inflamatório e pode dar derrame pleural. ➢ Para diagnóstico de LES, precisamos de quatro dos onze critérios. Paciente com leucócitos de mil e FAN positivo → NÃO tem lúpus. FAN = fator anti-nuclear. Qualquer paciente com doença autoimune pode positivar o FAN. Na prática é muito comum os médicos pedirem o FAN → e aí o FAN vem positivo e acham que tem lúpus, mas para fazer o diagnóstico de lúpus, precisamos de pelo menos quatro dos critérios. 4 mandamento Nem tudo é lúpus. FAN não é lúpus. Comum as meninas irem no dermatologista por queda de cabelo → fazer FAN e dar positivo. Para ser considerado queda de cabelo, tem que ter alopecia, ou seja, não ter mais crescimento do cabelo. → Alopecia Alopecia entra como critério para lúpus, mas queda de cabelo não. Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 18 → Queda de cabelo NEM TUDO É LÚPUS. FAN PODE POSITIVAR EM 30% DA POPULAÇÃO SEM NECESSARIAMENTE O PACIENTER TER UMA DOENÇA AUTOIMUNE. Tireoidite de Hashimoto, silicone e prótese (é um corpo estranho), ... → podem positivar o FAN, visto que o FAN mostra que tem complexo antígeno-anticorpo. Paciente com lúpus é muito sensível aos raios UV → fotossensibilidade → acomete principalmente a região periorbitária. Fotossensibilidade → em decote → local onde paciente tem contato direto da pele com os raios UV. Lúpus discoide → é um processo inflamatório na pele → vai deixar cicatriz. Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 19 Aftas orais de repetição → no lúpus as aftas são no palato. São de difícil cicatrização. Não é esse tipo de afta: Derrame pleural de repetição Espondilite anquilosante Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 20 Conhecida também como a posição do esquiador. Antigamente era comum ver pacientes idosos andando nessa posição, hoje em dia não mais, pois existe tratamento. Qual a diferença entre espondilite e artrite? A AR acomete a sinóvia, a espondilite acomete a entese (é a estrutura que liga tendão/músuclo ao osso) → a entese é como se fosse uma colinha. O calcanhar tem muita entese, a articulação sacro-ilíaca tem muita entese e a coluna lombar tem muita entese. Por isso, o paciente que tem AR não tem acometimento na coluna, porque só tem entese → exceto na região C1-C2 que pode ter sinóvia. A espondilite gosta das grandes articulações. Raio-X normal: Raio-X com espondilite anquilosante: Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 21 Raio-X de coluna normal: Raio-X de coluna com espondilite anquilosante: Inflama tanto que ele calcifica. Isso se chama coluna em bambu. Paciente perde todos os movimentos da coluna. Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 22 É uma doença que tem tratamento, uma doença que gosta de jovens, homens com entre 15-45 anos, com dor na coluna, que acorda de noite, que acorda de manhã rígido. Dor que melhora com atividade física. Esse paciente acha que tem esporão, ele fica no ortopedista achando que é hérnia de disco e na verdade ele tem uma espondilite que está evoluindo → quando ele chega no reumatologista pode ser tarde demais. Não existe cirurgia. Não existe prevenção. Atividade física produz colágeno sistêmico. Laboratório em reumatologia ➢ O QUE O CLÍNICO DEVE SABER? o Testes diagnósticos são importantes o Teste negativos também são úteis o Nenhuma doença reumática é estabelecida apenas por testes diagnósticos. o Testes também tem função de monitorização de resposta terapêutica, efeitos tóxicos de drogas e prognóstico. 5 mandamento ÁCIDO ÚRICO ELEVADO NÃO É GOTA Gota é um processo inflamatório articular muito associado ao aumento de ácido úrico. Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 23 A gota é uma monoartrite bastante dolorosa, aguda, muito associada a alimentação. 6 mandamento FAN NÃO É LÚPUS Estudo mostrando dosagem de FAN em indivíduos hígidos. Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 24 O FAN é uma célula. Se corar, vai mostrar qual tipo de FAN que é. Às vezes cora o núcleo → aí é um FAN nuclear; às vezes cora o retículo → é um FAN reticular; ... Existem vários tipos de FAN e existe até um consenso brasileiro sobre FAN. Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 25 ➢ LIMITAÇÕES Não possibilita diagnóstico definitivo Prevalência alta em população sadia ➢ EXAMES DE TRIAGEM Sensibilidade de 90 a 95% Alto valor preditivo negativo Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 26 FAN positivo principalmente em doenças autoimunes. Como vem o resultado do exame: FAN 1:80 é negativo. Só consideramos um FAN positivo acima de 160. FAN pontilhado fino é o mais comum. 7 mandamento Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 27 O FAN E FATOR REUMATÓIDE NÃO É EXAME DE ROTINA. ➢ Fator reumatoide Na artrite reumatóide Estabelecida 70% Precoce 50% Doença agressiva e extra articular Título importa para o prognóstico Não é marcador de atividade Anticorpo IgM contra a porção Fc da IgG humana. Pode positivar em outras doenças: neoplasia, infecções, doença linfoproliferativas, idade, ... ➢ Anti CCP??? Um teste CCP pode ser solicitado em conjunto ou após um teste de fator reumatoide (FR) para ajudar no diagnóstico de Artrite reumatoide (AR). Segundo este, aproximadamente 95% dos pacientes com CCP positivo irão desenvolver artrite reumatoide no futuro. Anti-CCP positivo é patognomônico de AR, diferentemente de FR. Exame é caro. Em 2007, a Liga Européia de Reumatologia (EULAR) publicou diretrizes para o diagnóstico precoce de AR, incluindo o Anti-CCP como o principal teste no diagnóstico precoce da Artrite Reumatóide. Com o teste sorológico do Anti- CCP, 80% ou mais casos de Artrite Reumatóide poderão ser diagnosticados. 8 mandamento ASLO NÃO É FEBRE REUMÁTICA Criança com dor no joelho, dor de crescimento, vai no médico e ele pede ASLO. É para mostrar se teve contato com estreptococcus beta hemolítico. Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 28 • Anticorpo contra estreptolisina O – componente celular do estreptococo. • Os títulos de ASLO elevam-se a partir da 2 semana e chegam ao nível máximo entre a 3ª e 5ª semana. • Não há relação entre os níveis de ASLO e gravidade e duração da Febre Reumática. • Alguns pacientes após surto, podem permanecer com níveis elevados de ASLO por longo tempo, sem se manifestar nenhum quadro clínico. Dois critérios maiores ou um critério maior e dois critérios menores fecham diagnóstico → contando que ele teve contato com a bactéria do estreptococcus. Coreia de Sydenham fecha sozinho o diagnóstico de febre reumática. ➢ Reagentes de fase aguda São os exames utilizados para acompanhar o paciente para ver se está tendo boa resolutividade do processo inflamatório. Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 29 o Marcadores inespecíficos da presença de inflamação. o Obrigatório em pacientes com suspeita de doença inflamatória. o Úteis no monitoramento, tratamento e prognóstico. o São proteínas com síntese hepática. ➢ Velocidade de hemossedimentação (VHS) o Marcador de processo inflamatório o Alta sensibilidade o Baixa especifidade o A normalidade não exclui inflamaçãoPedir quando suspeitar de um processo inflamatório. Quanto mais tem processo inflamatório, mais essas hemácias vão ser aglutinadas e maior vai ser o VHS. Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 30 O VHS é anormal acima de 20 em uma hora. Laboratório solta o resultado em uma hora. Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 31 ➢ Proteína C reativa o Proteína de fase aguda produzida pelo fígado. o Altera-se rapidamente frente a um estímulo inflamatório inespecífico. o Alta sensibilidade o Meia vida curta (8 a 12h) o Eleva-se rapidamente após estímulo inflamatório – 4 a 6h (marcador precoce) o Na ausência de estímulo inflamatório normaliza em 3-4 dias. Pede-se mais em processo infeccioso por se alterar mais rapidamente. PCR é normal até 5. Exemplo: paciente com PCR em 100 e diagnosticado com pielonefrite → pede internação; dali 48 horas dosa PCR novamente e está em 80 → tratamento está indo bem. VHS e PCR se complementam. o PCR alteração mais rápida em relação as mudanças na atividade inflamatória, mais sensível, técnica mais completa. o VHS, resultado em 1 hora, técnica simples. o Após 24h, VHS é complementar a PCR. 1- Monoartrite é igual a punção articular. 2- Dor mecânica x inflamatória. 3- Apenas Osteoartrite e Artrite psoriásica acometem as interfalangeanas distais Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 32 4- Nem tudo é Lúpus. 5- Ácido úrico elevado não é gota. 6- FAN não é Lúpus. 7- FAN e Fator Reumatoide não são exames de rotina. 8- ASLO não é febre reumática. 9- Não solicite aquilo que não saiba avaliar. 10- ESTUDEM!!!!!!! Insuficiência renal aguda e crônica É importante saber diferenciar a aguda da crônica. Insuficiência: perda da função → também podemos usar o termo deficiência. ➢ Revisão da anatomia do sistema urinário O sistema urinário é formado por 2 rins, 2 ureteres, bexiga e uretra. Função: elaborar e remover o principal fluido excretório (urina) + regulam a excreção hídrica e salina do corpo + removem substâncias sanguíneas. Rim: órgão par, em formato de feijão, localizado extraperitonealmente no retroperitônio. Importante saber que a altura normal é de 10-13cm, pois a insuficiência renal crônica (IRC) leva à perda de altura e tamanho do rim. Na insuficiência renal aguda (IRA) não há perda do tamanho. Largura: 5-7 cm Peso: 120-180g Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 33 Néfron: é a parte funcional do rim, responsável pela formação da urina. Cada rim tem 1.200.000 néfrons e esse número diminui com a evolução da IR. A função do néfron é filtrar os elementos do plasma sanguíneo e eliminar através da urina as excretas indesejadas. A gente tem que mudar alguns conceitos → nem todo paciente que tem IR para de urinar, pode só reduzir o volume ou até continuar normal, mas ele vai ter alteração de função renal. ➢ Funções renais Manutenção do equilíbrio hídrico: mantém constate a quantidade de água do organismo em cerca de 60-70% → é isso que o rim faz, para que não desidrate o paciente ou não faça uma hipervolemia. Quando a gente fala que o balanço hídrico é positivo, o paciente está com bastante líquido, como é o caso da anasarca (cirrose, IR, ICC) e o balanço hídrico negativo é o paciente desidratado, com hemorragia... Manutenção do equilíbrio eletrolítico: manter dentro de uma faixa estreita da normalidade a concentração de diversos eletrólitos (sódio, potássio, cálcio, magnésio, fósforo) no líquido extracelular. o Atenção ao potássio: quando o paciente evolui para IR, ele começa a ter principalmente retenção de K+, que leva a acidose metabólica. Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 34 Manutenção do equilíbrio ácido-básico: juntamente com os rins e os pulmões, manutenção do pH do líquido intracelular, extracelular e fluídos biológicos dentro dos valores muito estreitos e rígidos → pH 7,35 a 7,45. O pulmão pela pressão de CO2 e o rim pelo bicabornato. Excreção de catabólitos: eliminação de uma série de substâncias resultantes do catabolismo orgânico de proteínas, lipídios e carboidratos. Faz o catabolismo para essa excreção. Função reguladora hormonal: secretam diversas substâncias que agem como hormônios reguladores do funcionamento do organismo. o Eritropoetina: paciente renais podem ter anemia por deficiência desse hormônio → pois estimula a formação da medula óssea, a formação de hemácias. o Renina (SRAA): aumentos pressóricos no paciente com IR. o Vitamina D ativa (1,25 diidroxicolecalciferol): importância na saúde e no crescimento da criança e do adolescente. Não adianta dar a vitamina D normal, porque ela não vai ser metabolizada pelo rim, por isso é necessário dar a vitamina D na forma ativa (calcitriol). Atenção a crianças e adolescentes para evitar osteoporose e deficiências ósseas. ➢ Avaliação da função renal Como eu vou avaliar se esse rim está funcionando ou não? Através da ajuda de exames laboratoriais. CLEARANCE DE INULINA (PADRÃO OURO) → Não é usado porque é caro e invasivo. o Substância sem ação fisiológica, injetada na circulação e medida posteriormente na urina → É filtrada, não é reabsorvida, secretada ou metabolizada pelos rins, então ela é excretada por completo e você espera que o tanto injetado seja o mesmo tanto excretado depois de um certo tempo. o Considerado padrão ouro para avaliar TFG, por ser filtrada livremente pelos glomérulos, sem ser reabsorvida, secretada ou metabolizada pelo rim. o Porém é cara e invasiva. CREATININA SÉRICA o Substância derivada do metabolismo da creatina presente no músculo esquelético e na dieta (carnes). o Liberada no plasma de forma constante (mantém platô contínuo), filtrada livremente no glomérulo e não é nem absorvida e nem metabolizada no rim. o Seu aumento pode indicar que não há filtração correta no rim. o Situações que aumentam a taxa de creatinina sem lesão renal 1- Jovem 2- Afro descendência 3- Grande Massa Muscular 4- Grande ingesta de carne ou suplementos ricos em creatina (praticantes de academia) 5- Medicamentos (Bactrim, cimetidina) Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 35 o Reduzem 1- Idosos 2- Hispânicos ou asiáticos 3- Amputados 4- Desnutridos 5- Vegetarianos Pode ter creatinina normal na IR assim como pode ter alta na creatinina sem IR. Qual exame eu uso para saber se o rim está funcionando bem/para eu avaliar a função desse rim? ➢ Clearance de creatinina: depuração de creatinina na urina em 24h. Cl Cr: Cr urinária X Volume Urinário das 24h --------------------------------------------------- Cr Plasmática X 1440 Clearance = Creatinina urinária x volume urinário de 24h dividido pela Creatinina plasmática x 1440 o VR = 80-150ml/min → isso significa que o glomérulo filtra de 80 a 150 ml por minuto. o Se o paciente chegar ao PS com suspeita de estar entrando em IR, você não pode esperar 24h colhendo a urina para confirmar sua suspeita, então existem outras contas para identificar. Geralmente o clearance é a nível ambulatorial, quando não tem pressa de ter o resultado. Considerando a falta de praticidade para a obtenção do clearance de inulina e da creatinina na urina de 24h, além da inexatidão da creatinina sérica para quantificação da função renal, foram criadas fórmulas para ESTIMAR o clearance de creatinina: 1- Com a fórmula de Cockroft-Gault (saber) 2- Equação abreviada do Modification of Diet in Renal Disease → MDRD (não precisa saber). Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 36 Por que preciso saber a fórmula de Cockroft-Gault? Porque muitas vezes vai ser necessário alterar a posologia de algum medicamento a depender do clereance de creatinina. • Clereance de Creatinina ClCr: (140-idade) x Peso _______________________ Creatinina plasmática x 72 OBSERVAÇÃO:para mulheres devemos multiplicar o resultado por 0,85 (porque mulher tem 15% a menos de massa do que o homem). o Caso A: mulher, 28 anos, 65kg, creatinina = 0,7. ▪ Clearance estimado = 122ml/min/1,73m². o Caso B: homem, 45 anos, 50kg, creatinina = 1,8. ▪ Clearance estimado = 36ml/min/1,73m². ➢ Estadiamento e classificação da DRC • Estágio 0 e 1: paciente considerado normal, mesmo tendo risco. • Estágio 2: paciente tem IR leve • Estágio 3: o paciente já tem alterações laboratoriais, como as eletrolíticas. • Estágio 4: IR severa, paciente tem clínica • Estágio 5: terminal Estágios 2 a 5: tem IR. Esse estadiamento é importante porque pacientes grupo 3 ou mais são contraindicados para uso de contraste em TC de tórax, por exemplo ou pode influenciar na posologia de medicamentos. Exemplo: estágios 4 ou 5 só podem usar Levofloxacino a cada 48h e 0 a 2 pode usar a cada 12h. Paciente que usa IECA ou BRA → contraindicado usar nos estágios 4 e 5. Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 37 Não precisa decorar!!!! Lembrar que além de considerar a creatinina, idade e gênero, inclui ETNIA. ➢ Insuficiência renal • Conceito IRA é definida como a redução aguda da função renal em horas ou dias. Refere-se principalmente a diminuição do ritmo de filtração glomerular e/ou do volume urinário, porém, ocorrem também distúrbios no controle do equilíbrio hidroeletrolítico e ácido- básico → principalmente levando o paciente a acidose metabólica. A Azotemia, que é a retenção de elementos nitrogenados, como ureia ou creatinina, é o elemento constante na IRA. Oligúria não é obrigatório!!! (< 500ml/dia) Definição AKIN: define e classifica a IRA. Não precisa saber a tabela, mas lembrar de ficar de olho na creatinina sérica do paciente, acompanhando sempre! Exemplo: a gente internou a dona Maria no OS com quadro de pneumonia. A creatinina de entrada da dona Maria era de 1. Ela internou, começou antibiótico e tá em choque séptico → depois de 24 horas, repetimos a creatinina dela e foi pra 1,3, aumentando de 150-200% do valor basal → isso significa que a dona Maria tem alto risco de disfunção renal → preciso tomar cuidado com isso, já liga um alerta: por que a dona Maria está piorando a função renal? Suponha que após 48 horas essa creatinina da dona Maria pulou pra 2 e de 2 pulou pra 3 → teve um aumento de 200-300% do valor basal → significa que já tem uma lesão renal → já preciso tomar conduta. Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 38 • Estágio I: alto risco de disfunção renal • Estágio II: Lesão renal • Estágio III: Falência Renal ➢ Quadro clínico • Manifestações gastrointestinais → anorexia, náuseas (a ureia dá muita náusea), vômitos, diarreia ou íleo metabólico (diagnóstico diferencial de abdome agudo obstrutivo, o intestino para de funcionar pela alteração metabólica). • Encefalopatia urêmica → confusão mental, mioclonia, flapping, hiperreflexia tendinosa, agitação psicomotora. • Sobrecarga de volume → hipertensão, crepitações pulmonares, edema periférico, derrame pleural e pericárdico, ascite, aumento de peso. • Distúrbios hidroeletrolíticos→ hipercalemia, hiponatremia (dilucional), hipocalcemia, hipermagnesemia e hiperfosfatemia, acidose metabólica (é uma causa de parada cardiorrespiratória). • OLIGÚRICA Débito urinário menor que 400ml/dia Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 39 • NÃO OLIGÚRICA Débito urinário maior que 400ml/dia • ANÚRICA Débito urinário menor que 100ml/dia ➢ Classificação quanto a fisiopatologia • PRÉ RENAL (55% A 60%) o Mais comum. o Causadas pela hipoperfusão renal, a integridade do parênquima renal está preservada. o Reversível com infusão de volume. O rim entra em IR por hipoperfusão renal. Ocorre em pacientes desidratados, em choque... nos pacientes com sepse, olhar volemia do paciente para saber se é IR renal (volemia normal) ou pré-renal (volemia alterada). • RENAL (35% A 40%) o Mais comum em pacientes críticos, envolvendo o parênquima renal. o Sepse é a principal causa. o Não responde a volume. O problema é no rim. Medicamentos também podem causar. O tratamento varia com a causa (trocar medicamento, tratar sepse, tratar doença autoimune). • PÓS RENAL (5%) o Obstrução do fluxo urinário → como câncer de bexiga, cálculo renal, cálculo na uretra o Geralmente oligoanúrica. o Tratado com desobstrução da via urinária. O tratamento varia de acordo com essa classificação. ➢ Lesão pré-renal ↓ volume intravascular: Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 40 Hemorragias, perdas gastrointestinais (diarreia), perdas renais, perdas insensíveis superiores à ingestão de líquidos (idosos, hipertermia, queimados) → precisa hidratar muito esse paciente. ↓ débito cardíaco: IAM, arritmias, hipertensão arterial maligna, tamponamento cardíaco, miocardiopatias, disfunções valvares, hipertensão pulmonar, TEP, Ventilação assistida com pressão positiva. ↓ volume arterial efetivo: ICC, hipoalbuminemia, perda para terceiro espaço, vasodilatação sistêmica, secundária a agentes externos. Redução do volume arterial efetivo: paciente que está em anasarca, mas o líquido não está no intravascular. ➢ Lesão renal • Necrose Tubular Aguda: Isquemia secundária a hipoperfusão renal, toxinas e medicamentos (aminoglicosídeos, antifúngicos, imunossupressores, quimioterápicos, antivirais, AINE, contrastes radiológicos, endotoxinas bacterianas, solventes orgânicos), toxinas endógenas (rabdomiólise, hemólise, hiperuricemia, mieloma) o Exemplo: paciente com choque séptico está com hipoperfusão. Se o choque não for resolvido, o rim fica muito hipoperfundido e há lesão renal. • Nefrites intersticiais: Medicamentos (penicilina, cefalosporinas, rifampicina, sulfonamindas diuréticos, AINH), auto-imunes (LES, Sjoegren, doença mista do tecido conjuntivo), infecções (pielonefrites), infiltrações (linfomas, leucemias e sarcoidose), rejeição celular aguda pós-transplante ➢ Lesão pós-renal • Ureteral e pélvica: Obstrução intrínseca (coágulo, cálculo, infeções), obstrução extrínseca (hiperplasia prostática benigna, CA próstata, tumores ginecológicos ou metastáticos, ligadura iatrogênica) • Bexiga: Obstrutivas (cálculos, coágulos, hipertrofia ou neoplasia prostática, CA bexiga, bexiga neurogênica, anticolinérgicos) • Uretra: Estreitamento, cicatrizes, fimose ➢ Diagnóstico • Renal ou Pré Renal??? Será que era um quadro pré-renal que se transformou em renal? • Será que era um quadro PRÉ RENAL que se transformou em um RENAL??? • Três métodos complementares: o Bioquímica urinária Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 41 o Exames de imagem o Biópsia Renal → evita-se ao máximo Como diferenciar renal (NTA – necrose tubular aguda) da pré-renal? ➢ Exame de urina (EAS/urina 1) → volume de urina não é um bom parâmetro o Pré Renal: cilindros hialinos (formado em urina concentrada, a partir de constituintes normais da urina). o Pós Renal: hematúria (coágulo) o Renal (intríseca): cilindros granulosos pigmentares. ➢ Ultrassom o Avaliar cálculos renais, tamanho e ecogenicidade do rim, hidronefrose. Hidronefrose: aumento de tamanho, edema do rim. Verificar o que está obstruindo, se é CA de próstata, se é cálculo... ➢ Tomografia Computadorizada o Cuidado com contraste!!! Causa NTA ➢ Ressonância Magnética o Gadolíneo contra indicado em Cl Cr menor que 30 pelo risco de Fibrose Sistêmica Nefrogênica. ➢ Biópsia renal (sempre evita). Nunca biopsiar por cálculo, em paciente desidratado, com creatinina aumentada... Excluir causas pré e pós renais. Evitar sempre que possível!!! o Indicação: 1- Suspeita de doença sistêmica 2- HAS grave na ausência de hipervolemia 3- Oligúria prolongada (> 4 semanas) 4- Anúria na ausência de quadro obstrutivo Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 42 5- Suspeita denecrose cortical ou nefrite intersticial por drogas que sejam necessárias ao paciente. Exemplo: paciente com HIV usando coquetel que tem piora da função renal. A piora da função renal é devido ao do coquetel ou por causa do HIV? Pode biopsiar para saber se a causa é do medicamento ou da evolução da doença. ➢ Tratamento • Pré renal: Reposição volêmica e suporte • Renal: Tratamento da doença de base. Suporte clínico. Controle do distúrbio hidroeletrolítico. Suspensão de fatores nefrotóxicos. Diálise: 1- acidose metabólica, hipercalemia e hipervolemia graves e refratárias. 2- Síndrome urêmica franca(encefalopatia) 3- Algumas intoxicações (metanol, salicilato) Nem sempre é diálise → tentar resolver de outras formas. • Pós Renal: Desobstrução do fluxo urinário. Normalmente isso é com o urologista. ➢ Insuficiência renal crônica Pode ser por doenças de base que comprometeram a função renal ou uma IRA que evoluiu para IRC. Doença renal crônica é preferível, pois insuficiência renal é restrita a uma fase mais avançada. A doença renal crônica consiste em lesão renal e perda progressiva e irreversível da função dos rins (glomerular, tubular e endócrina). Em sua fase mais avançada (chamada de fase terminal de insuficiência renal crônica - IRC), os rins não conseguem mais manter a normalidade do meio interno do paciente. Anormalidades funcionais e estruturais por mais de 3 meses. TFG < 60ml/min/1,73m2 Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 43 ➢ Etiologia o Diabetes – Principal causa no mundo: DM o Hipertensão Arterial – Principal causa no Brasil (não é DM porque os diabéticos tendem a morrer antes de evoluírem para IRC no Brasil). o Glomerulonefrites Crônicas o Pielonefrites Crônicas o Doenças Autoimunes o Rins Policísticos o Malformações Congênitas o Anti-inflamatórios não esteroides (uso contínuo) o Necrose Cortical Bilateral o IRA Prolongada ➢ Manifestações clínico laboratoriais o Estágio 0, 1 e 2: Geralmente não tem sintomas atribuíveis a redução da TFG, além da hipertensão. o Estágio 3: Podem aparecer hipertensão, anormalidades do fósforo (incomum), elevação do potássio e anemia. o Estágio 4: Aparecem anormalidades eletrolíticas importantes, acidose metabólica, hipercalemia e hiperfosfatemia. Anemia é comum e pode haver perda de apetite e diminuição da massa muscular. o Estágio 5: Graves anormalidades hidroeletrolíticas e a anemia é comum. Anorexia, náuseas, insônia, fadiga, piora da hipertensão, síndrome urêmica. ➢ Marcadores de dano renal (um ou mais): a) albuminúria (≥ 30mg/24h ou razão albuminúria/creatininúria ≥ 30mg/g) b) anormalidades do sedimento urinário c) anormalidades eletrolíticas ou outras devido a doenças tubulares d) anormalidades detectadas por histologia e) anormalidades estruturais detectadas por exames de imagem (rim já começa diminuir de tamanho) ➢ Exames laboratoriais o Dosagem de creatinina sérica para estimar TFG Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 44 o Relação proteína/creatinina em amostra isolada o Exame de sedimento urinário o Exame de Imagem (USG) o Eletrólitos o pH urinário o Concentração ou diluição urinária (densidade e osmolaridade) ➢ Principais achados que sugerem DRC o Rins simétricos e de tamanho reduzido (<8,5cm) o Perda da relação córtico medular o Anemia o Hiperfosfatemia e hipocalcemia o PTH elevado o Sedimento urinário inativo ou com proteinúria e cilindros grosseiros o Desproporção entre grau de azotemia e sintomas ➢ Anemia da DRC o Deficiência de Eritropoetina (CAUSA MAIS IMPORTANTE) o Deficiência de Ferro o Deficiência de Folato o Redução da sobrevida dos eritrócitos o Sangramentos gastrointestinais (por exemplo úlcera gástrica que pode evoluir para uma anemia ferropriva) ➢ Tratamento e acompanhamento Tratamento não é = diálise! Existem várias formas de estabilizar o paciente não o deixar evoluir para os próximos estágios. o Diminuir ingestão de sódio (menor que 2g/dia) correspondente a 5g de cloreto de sódio, em adultos. o Abandono de Tabagismo. o IMC alvo entre 20-25 Kg/m2. o Dieta com restrição proteica (0,8 g de proteína/ kg de peso /dia) para pacientes com TFG menor que 30 ml/min. Deve-se atentar para desnutrição desses pacientes. o Vacinações o Prevenir ou tratar rapidamente distúrbios hemodinâmicos evitando desidratação (diarreia, vômito, uso excessivo de laxantes ou diuréticos) ou episódios de hipotensão arterial. o Controle pressórico com valores menores que 140/90. o Controle glicêmico nos diabéticos, com valores de hemoglobina glicada em torno de 7% o Evitar medicamentos nefrotóxicos (como AINE, aminoglicosídeos, lítio) e ajustar dose quando necessário (como benzodiazepínicos, colchicina, digoxina, fenofibrato, metformina e glibenclamida); o Pacientes com proteinúria, em especial diabéticos, se beneficiam com o uso de Inibidor da Enzima Conversora de Angiotensina (IECA) ou Bloqueadores de Receptores da Angiotensina (BRA) o Estatinas reduzem mortalidade e eventos cardiovasculares em pacientes com TFG reduzida (estágios 1 a 3) e dislipidemia. Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 45 o Betabloqueadores reduzem mortalidade e eventos cardiovasculares em pacientes com TFG reduzida e insuficiência cardíaca. Terapia e substituição renal o Estágio 4 = encaminhar ao Nefrologista(preparo) o ** Melhor modalidade TSR é o transplante: qualidade de vida e sobrevida o Indicações: ▪ Urgência: acidose metabólica/ hipercalemia/ hipervolemia graves e refratárias, síndrome urêmica franca com encefalopatia, intoxicações exógenas. ▪ Crônica: indicada nos primeiros sinais e sintomas de síndrome urêmica, com clerance de creatinina <10ml/min ou mais precoce < 15ml/min em casos especiais como DM. Então no estágio 4 já deixa a fístula pronta para caso necessite de hemodiálise. ➢ Casos clínicos Caso clínico 1: J.A.F, 78 anos, diabético, hipertenso controlado, portador de Hiperplasia prostática benigna, procura Pronto Socorro do HUAV com queixa de algúria há 24 horas associado a dor abdominal em região hipogátrica. • Exame físico: MVF sem RA BRNF em 2t ausência de sopros, PA 130x 80mmHg Abdome livre, massa palpável em região de hipogastro com dor a palpação, Giordano negativo • Exames laboratoriais de Pronto Socorro: Hb: 13,5 HT: 38 Leucócitos: 9800 Plaquetas: 252.000 VHS: 60 Ureia: 208 Creatinina: 9,6 • Hipótese diagnóstica??? Conduta??? IRA pós-renal. Bexigoma. Hiperplasia prostática: procurar o urologista, pode ser que precise de prostatectomia. Após passagem de sonda vesical de alívio foi retirado 1500 ml de diurese amarelo citrino com melhora do quadro de dor abdominal. • Exames laboratoriais após 24horas: Creatinina: 1,3 Ureia: 55 Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 46 Caso clínico 2: M.A.F, 39 anos, portadora de HIV, em tratamento adequado com antiretrovirais, procura o Pronto Socorro com queixa de astenia, fadiga, cansaço e prostração. Refere quadro de diarreia há 4 dias com presença de muco associado a febre. • Ao exame: REG, hipocorada+/+4, febril (38,2º C), anictérica, perfusão capilar lentificada, pele pegajosa (está chocada). PA: 80 x50 mmHg FC: 108bpm MVF sem RA BRNF em 2t, presença de sopro mitral +/+6 Abdome livre, RHA presentes. • Exames laboratoriais Hb: 9,8 Ht: 29 VCM: 80 HCM: 30 Leucócitos: 3100 Linfócitos: 800 Plaquetas:130.000 Sódio: 130 Potássio: 5,8 Uréia: 130 Creatinina: 2,1 VHS: 50mm PCR: 50mg/L • Observação: a anemia pode ser por doença crônica pelo HIV. • Precisa hidratar e depois verificar se é IRA ou IRC. Nesse caso seria IRA pré- renal. Realizada hidratação venosa rigorosa com Soro Fisiológico 0,9%. Antibioticoterapia para Gastroenterite infecciosa. Exames após 24 horas de hidratação: Potássio: 3,8Sódio: 138 Creatinina: 0,8 Ureia: 38 Síndrome nefrítica e nefrótica OBSSERVAÇÃO: insuficiência renal • Pré-renal: choque, hipovolemia. • Renal: problemas renais. Síndrome nefrítica e nefrótica. • Pós-renal: obstrução na saída da urina. Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 47 ➢ O que é síndrome nefrítica? Nefrite é diferente de pielonefrite. A pielonefrite é a infecção renal por meio de bactérias, enquanto a nefrite é um processo inflamatório do glomérulo. As condições que “inflamam” os glomérulos originam sinais, sintomas e achados clássicos, facilmente reconhecíveis, definidos dentro do conceito de SÍNDROME NEFRÍTICA. O processo inflamatório no rim causa migração de leucócitos, que se concentram, aumentam em número e obstruem as fendas de filtração renal → causando OLIGÚRIA (redução da diurese) → com a oligúria, há maior retenção de líquido, com balanço hídrico positivo e congestão sistêmica, que causa EDEMA (MMII, anasarca, derrame pleural) → com o edema, há aumento da pressão dos vasos sanguíneos, o que leva a HAS. O paciente evolui para IRA. Então, a tríade da síndrome nefrítica é: oligúria + edema + HAS. Glomérulo normal: Glomérulo cheio de leucócitos: Esses leucócitos provenientes do processo inflamatório vão causar: • OLIGÚRIA • EDEMA • HIPERTENSÃO • HEMATÚRIA ➢ Causas de hematúria Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 48 O processo inflamatório causa hematúria, que nem sempre é macroscópica (urina avermelhada, vista a olho nu). Algumas vezes é microscópica e o EAS que identifica. Ao verificar presença de hematúria, é necessário identificar de onde está vindo esse sangue: é de origem glomerular (do rim) ou não (fora do rim)? Causas glomerulares: lúpus, doença de Berger (mais comum), púrpura de Henoch- Schönlein (vamos ver muito em pediatria), nefrites, síndrome de Alport (membrana renal) o Síndrome de Alport: doença genética em que o paciente tem hematúria e deficiências auditivas e visuais. Causas não glomerulares: cálculo na bexiga, nefrolitíase (migra e sangra o canal da urina), tumor de bexiga, trauma abdominal, queimadura, tabagismo, exercícios físicos, fístulas, medicamentos (AAS, anticoagulantes). ➢ Existe alguma característica especial da hematúria que confirme a origem glomerular?? EXISTE. Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 49 Esse exame se chama dismorfismo eritrocitário → no exame de urina que indica hematúria, se houver dismorfismo eritrocitário, podemos falar que é uma hematúria de origem glomerular → o sangue está vindo do glomérulo, está vindo do rim. Então o que é esse dismorfismo eritrocitário? É uma deformidade das hemácias, pois elas passam pela filtração e não voltam ao normal (deformadas irreversivelmente). Ficam distorcidas e fragmentadas na urina ao microscópio. Isso ajuda a reduzir possíveis causas de origem não glomerular. Presença de dismorfismo eritrocitário = Hematúria de origem glomerular. ➢ Síndrome nefrítica pode dar proteinúria? Isso ocorre quando o rim começa a inflamar e perder sua função. o Sim. o Entre 150mg a 3,5 gramas em urina de 24h. o Acima devemos considerar Síndrome Nefrótica. • Até 150mg de perda de proteína em 24h, isso é normal. • Acima de 3,5g em 24h devemos considerar síndrome nefrótica – CAI NA PROVA ➢ E quais as principais causas? • Doenças primárias dos glomérulos → Doença de Berger O que é essa doença de Berget? Doença autoimune com nefropatia por depósito de IgA, que causa inflamação. Principal causa de hematúria em países desenvolvidos. 90% dos casos: o paciente tem apenas hematúria macroscópica, que aparece após esforço físico, quando há infecção, ao usar alguns medicamentos, pois esses fatores podem causar mais depósito de IgA no rim e aumentar essa inflamação. Esses pacientes não têm edema, HAS e alterações de função renal. o Não é uma doença grave, mas 10% dos pacientes podem evoluir para IR e até mesmo hemodiálise. • Doenças secundárias dos glómerulos 1. Infecciosas Pós Estreptocócica Não Estreptocócica (Endocardite, abscesso, hepatite B e C) 2. Não Infecciosas Lúpus eritematoso Crioglobulinemia → autoimune Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 50 Caso clínico 1: Escolar 8 anos de idade, previamente hígido, chega ao pronto socorro com quadro de dispnéia há 3 dias. A mãe nega febre no período e o escolar refere cefaléia intermitente e urina avermelhada nos últimos dias. Ao exame de entrada seu estado era regular, glasgow 15, taquidispnéico, FR 40iom, FC 100bpm, PA 160 x100mmHg, MV presente bilateralmente com estertores em base. Abdomen plano, fígado palpável a 3 cm do RCD, BRNF com B3 sem sopros, edema +/+4 em membros inferiores. No raio-X há índice cardiotorácico aumentado. Qual o diagnóstico? A. Choque séptico de foco pulmonar B. Tuberculose C. Cardiopatia descompensada D. Síndrome Nefrítica E. Síndrome Nefrótica Resposta: síndrome nefrítica. Tem hematúria + edema + HAS, com balanço hídrico positivo. Por isso, esse paciente tem cardiomegalia e fígado palpável. Está em anasarca. Por que a síndrome nefrítica? Possível glomerulonefrite pós-estreptocócica. ➢ Glomerulonefrite pós estreptocócica (GNPE) O paciente tem uma infecção estreptocócica de pele ou de garganta e, após isso, tem a glomerulonefrite por desregulação do sistema imune. • Definição → inflamação glomerular que ocorre como sequela de infecção estreptocócica (faringoamigdalite ou piodermite). Estreptococus beta hemolíticos do grupo A. É a bactéria que ataca o rim? Não!! Esse processo inflamatório é decorrente do sistema imune confuso. o O estreptococo tem a proteína M em sua superfície. O glomérulo também apresenta essa proteína, então o sistema imune se confunde e Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 51 começa a atacar a proteína M da bactéria e do glomérulo, o que causa inflamação glomerular e a síndrome nefrítica. É uma doença autoimune. • Incidência Crianças de 5-12 anos, rara antes dos 3 anos, sexo masculino 2:1 É uma síndrome nefrítica pura. Na criança, o prognóstico é excelente, 95% se recuperam completamente. o Tratamento: controlar a pressão, retirar o líquido (diurético, dieta hipossódica). ➢ 4 questionamentos: 1. Houve algum episódio recente de faringite ou piodermite? Não precisa estar acontecendo a infecção enquanto se observa a síndrome nefrítica, então questionar sobre episódios prévios. 2. O período de incubação é compatível? Via faríngea: 1-3 semanas Via cutânea: 2- 6 semanas 3. A infecção foi realmente estreptocócica? O ASLO documenta se houve a infecção, mas muitos pacientes podem ter ASLO positivo (lembrar que ASLO não é febre reumática – lembrar os critérios de Jones). Se a infecção foi recente, o ASLO vai estar muito alto. Ele demora 15 dias para subir e 3 meses para cair. ASLO >333 4. Há queda de complemento sérico? Queda de C3 e CH 50 (via alternativa), C4 e C1q (via clássica) normal. Complemento: é ativado quando há depósito antígeno-anticorpo para remover esse complexo. Nesse caso, o complemento está baixo porque remove o complexo antígeno- anticorpo e será mais depurado. ➢ Tratamento NÃO EXISTE TRATAMENTO ESPECÍFICO. Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 52 • Tratamento de suporte • Restrição Hidrossalina • Diuréticos • Vasodilatadores • Diálise se necessário ➢ Indicações de biópsia renal na GNPE Segundo a SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria): 1. Anúria ou oligúria por mais de 72h 2. Hipocomplementemia por mais de 8 semanas 3. Proteinúria nefrótica (> 3,5g) 4. HAS ou hematúria macroscópica por mais de 6 semanas 5. Azotemia (ureia) acentuada ou prolongada Se acontecer algum dos pontos acima, pensar em causas não estreptocócicas. Caso clínico 2: Gustavo, 10 anos, chega ao pronto socorro com história de olhos inchados, urina escura e emvolume reduzido há 3 dias. Relatava dor de garganta há 10 dias. Ao exame, apresentava edema palpebral bilateral e em membros inferiores. PA: 140 x90mmHg. Quais exames você solicitaria? ASLO, complemento sérico, urina com dismorfismo eritrocitário, hemograma, ureia, creatinina. Síndrome nefrótica Caso clínico 1: Francisco, 5 anos, apresenta história de edema mole generalizado, principalmente no período matutino, depressível, cacifo positivo +++. Exame de urina: proteína+++/+4, ausência de cilindros hemáticos. Mãe nega infecções recentes. PA: 100x70 mmHg MVF com crepitações em base BRNF em 2t sem sopros. Abdome livre, sinal do piparote presente, RHA diminuídos o Ausência de cilindros hemáticos: não há hematúria. o Piparote: ascite. Diagnóstico? Síndrome nefrótica Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 53 Não fecha síndrome nefrítica porque não tem HAS nem hematúria. A síndrome nefrótica tem edema mais importante, pois ele evolui com hipoalbuminemia. O edema periorbitário matutino chama atenção. Diferente de outras síndromes → definição é laboratorial Excreção de proteínas maior que 3,5 gramas ao dia em adultos. Crianças maior que 50mg/kg/dia. • Se perde proteína: 1. Hipoalbunemia → a pressão oncótica reduz e leva a ascite, edema de MMII, anasarca. É um edema que chama muito mais atenção do que o da síndrome nefrítica. 2. Edema periorbital e matutino (redução pressão oncótica) 3. Hiperlipidemia e lipíduria (lipídios perdidos atrelados a lipoprotéinas → Aumenta estímulo a produção hepática exacerbada destas proteínas) → o colesterol aumenta muito e é perdido na urina. Se há perda de proteína na urina, há perda de lipídios nas lipoproteínas. Para manter o nível de lipídios, o fígado começa a produzir muito, causando hiperlipidemia importante. 4. Anemia Ferropriva (perde muita transferrina) → perda de transferrina atrelada à perda de proteínas na urina. ➢ Complicações o Síndrome Nefrótica = Edema + complicações • Alta susceptibilidade a infecções (principalmente germes encapsulados → Isso ocorre porque as imunoglobulinas IgG e complemento são perdidas junto com as proteínas e essas são as principais responsáveis no combate a germes encapsulados. Precisa ser vacinado contra estreptococo.) o Perda de Imunoglobulinas do tipo IgG e complemento o Germes encapsulados → Streptococus pneumoniae • Estado de Hipercoagulabilidade Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 54 o Perda de antitrombina III (anticoagulante) na urina → hipercoagulabilidade → tromboses o TVP, especialmente de veias renais (principalmente). o Embolia pulmonar ➢ Diagnóstico o Urina de 24 horas o Relação proteína / creatinina urinária em amostra isolada (o laboratório faz um resultado equivalente a 24h). o Colesterol total e frações o Triglicerídeos (muito aumentado). o Proteínas totais e frações (diminuídas). o Ureia e Creatinina Biópsia renal: é mais comum do que na síndrome nefrítica. Será sempre sinônimo de biópsia durante a investigação etiológica, exceto em crianças. Indicado biópsia em crianças se: 1. Hematúria 2. Hipertensão arterial (não é comum na nefrótica, por isso precisa biopsiar). 3. Hipocompletenemia 4. Idade < 1 ano ou > 8 anos 5. Insuficiência renal Não precisa saber as indicações, só precisa entender que na síndrome nefrítica é raro biopsiar e que na nefrótica é mais comum. Diabetes mellitus não biopsia = nefropatia diabética (DM + proteinúria) → sabe que há proteinúria em pacientes com nefropatia diabética. RESUMINDO... Precisa saber diferenciar síndrome nefrítica e nefrótica até mesmo para encaminhar para o tratamento. ➢ QUESTÕES DE RESIDÊNCIA MÉDICA Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 55 Questão 1 → UFRJ 2017 -Menino, 4 anos, portador de síndrome nefrótica, a partir de um quadro de ascite evolui com peritonite espontânea. O provável agente infeccioso é: A. Rotavírus B. Estreptococo beta hemolítico grupo A C. Streptococus pneumoniae D. Escheria coli E. Staphylococus aureus Resposta: letra C. não confundir com estreptococo β-hemolítico grupo A, que é a GNPE!! Nesse caso, há evolução para peritonite por conta dos germes encapsulados. Questão 2 → IAMSPE 2017- Menino de 3 anos vem ao pronto socorro com quadro de edema periorbital bilateral progressivo há 3 dias. Ele teve um quadro de infecção de via aérea há 10 dias. Mãe notou diminuição do volume urinário, com urina mais escurecida e espumosa. Ao exame físico, peso no percentil 75, altura percentil 50, temperatura normal, FC 96bpm, PA 96 x 62mmHg. Ele tem edema periorbitário bilateral sem hiperemia, edema tibial e escrotal. Dos seguintes exames o mais provável de ser encontrado é: A. ASLO positivo B. Hematúria maciça C. Hiperalbunemia D. Proteinúria maciça Resposta: letra D. É uma síndrome nefrótica, pois há PA normal e edema intenso. Questão 3 → SUS SP 2015 – Analisando-se os casos de pacientes com proteinúria de 24 horas, variando de 4 a 6 gramas, o achado MENOS provável, dos abaixo é: A. Suscetibilidade aumentada a infecções bacterianas B. Estado de hipercoagubilidade C. Hipervolemia D. Hiperlipidemia Resposta: letra C. É uma síndrome nefrótica. Não tem relação com balanço hídrico positivo, a hipervolemia tem relação com síndrome nefrítica. Questão 4 → RJ 2016 – A tríade que caracteriza a glomerulonefrite difusa aguda pós estreptocócica é: A. Hipertensão, proteinúria e insuficiência cardíaca B. Hipertensão, edema e hematúria C. Poliúria, proteinúria e edema D. Proteinúria, hipertensão e edema Resposta: letra B. É uma síndrome nefrítica. Litíase renal ➢ Ureter Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 56 Ureter proximal: mais próximo ao rim. Ureter distal: próximo à bexiga. O ureter vai ficando com menor diâmetro próximo à bexiga, então a maioria dos casos de cálculos sintomáticos ocorrem porque ele chega no ureter distal, que é onde o diâmetro vai diminuir. O cálculo pode estar no cálice renal, na pelve renal ou no ureter. Quando na pelve e no cálice, o paciente não tem muito sintoma. Os sintomas aparecem quando o cálculo obstrui o ureter, causa acúmulo de urina no rim, o rim dilata, há hidronefrose e o paciente tem dor pela distensão renal. A hidronefrose, se persistente, pode levar a insuficiência renal pós-renal. ➢ Epidemiologia o Doença mais frequente no trato urinário o Desenvolver cálculo urinário decurso da vida = 5,4% o Incidência variável o Adultos 5-15% o Subdiagnóstico → pois algumas vezes não tem sintomas ou alguns sinais e sintomas podem ser sutis e inespecíficos. o Sinais e sintomas sutis e inespecíficos o Sem predomínio de idade Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 57 o Sexo masculino (3:1) o História familiar positiva (40%) • Prevalência aumenta com a idade até 70 anos o Homem > Mulher (3:1) o Brancos > Negros o Pico máximo entre 30-50 anos Não é muito comum encontrar idosos com cólica renal. O diagnóstico diferencial de cólica renal nesses casos pode ser dissecção de aorta – tem que tomar muito cuidado. o Caráter familiar o Rara entre negros e índios ➢ Fatores de risco o Sexo (masculino mais comum) o Idade (jovem: 3 a ou 4 a década de vida) o Alterações anatômicas do trato urinário (duplicidade pielocalicial → dois cálices renais, rins policísticos, rim em ferradura, rim espôngiomedular, etc) o Fatores genéticos / familiares → há maior tendência de indivíduos com familiares acometidos também serem afetados o Distúrbios metabólicos (Hipercalciúria idiopática, Hiperexcreção de Ácido Úrico, Hiperoxalúria, Cistinúria, Hipocitratúria, Hipomagnesiúria) Os cálculos renais não são apenas à base de cálcio, existem diferentes composições de cálculos. Estenose da junção ureteropélvica (JUP): nesses casos, o cálculo, por menor que seja, pode obstruir facilmente o ureter → podemosobservar que a eliminação de urina fica prejudicada. Se obstruir essa saída pode evoluir com IR pós renal. o Infecção do Trato Urinário (principalmente por germes produtores de uréase → pois modificam o pH) o Doenças Endócrinas que interferem sobre o metabolismo de cálcio (mais comumente Hiperparatireoidismo primário → aumenta a calcemia, levando à maior filtração de cálcio nos rins, que pode depositar e formar cálculos) o Alterações do pH urinário (pH alcalino: acidose tubular renal ou infecção por germes produtores de urease ; pH ácido: diátese gotosa) Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 58 o Redução do volume urinário → pacientes que ingerem pouca água têm urina mais concentrada. o Uso de drogas litogênicas (por indução de alterações metabólicas ou precipitação da própria droga ou de seu metabólito) → Hidroclorotiazida. ➢ Fatores extrínsecos o Geografia Regiões montanhosas e tropicais são mais comuns pela baixa ingestão de água ou por maior desidratação. o Clima Meses quentes (mais perda de água). o Dieta Proteína animal; desnutrição o Ingestão hídrica Baixa ingestão hídrica o Ocupação Ambientes quentes (5 x) o Condição sócio-econômica / nível educacional Pela alta ingesta de proteína ➢ Fisiopatologia Os cálculos podem se formar pelas alterações metabólicas, como aumento do cálcio, magnésio, ácido úrico ou por doenças hereditárias do metabolismo. Isso pode ser somado a uma alteração morfológica subjacente, como tubulopatia ou malformação nefrourológica (estenose de JUP, duplicidade pielocalicial) ou a uma ITU. • Alteração metabólica/ morfológica subjacente (>75%) o Tubulopatia o Doença hereditária do metabolismo o Infeção trato urinário o Malformação nefro-urológica • Nutrição • Desequilíbrio entre promotores / inibidores Por exemplo: o paciente tem excesso de ácido úrico, mas tem pouca enzima que degrada esse ácido → isso não precisaremos saber, é muito de especialização em urologia → precisamos saber que esses pacientes precisam ser estudados, precisamos saber quando encaminhar e por quê encaminhar. ➢ Doenças hereditárias do metabolismo (DHM) Promove mais alterações e inibe menos. • Litíase secundária a DHM é rara, porém mais grave que a secundária a infecção, malformação ou alteração nutricional • A sua identificação tem importantes consequências terapêuticas e de aconselhamento genético Importante identificar e encaminhar. A litíase renal, assim como a anemia, pode ser indicadora de uma doença, precisa procurar. Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 59 • Quando devo suspeitar de DHM? o Início precoce o Antecedentes familiares de litíase renal o Consanguinidade o Cálculos bilaterais e múltiplos o Recidivas frequentes o Nefrocalcinose associada o Disfunção tubular → um exemplo é o paciente com deficiência de uma enzima que degrada o ácido úrico. o Poliúria, Acidose metabólica, défict de concentração o Alterações extra-renais específicas → um paciente que tem gota, por exemplo. o Algumas doenças que causam nefrolitíase e são associadas a fatores genéticos: • Síndrome de Lesh Nyahn: Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 60 o A Síndrome de Lesch-Nyhan é uma condição genética caracterizada pela incapacidade de produzir uma enzima conhecida como hipoxantina- guanina fosforibosiltransferasa (HGPT). Esta condição é ligada ao X, aparecendo apenas em meninos, embora as mulheres que carregam a condição podem experimentar alguns problemas de saúde. o O paciente não consegue catabolizar o ácido úrico, que começa a depositar. O paciente tem alguns sintomas como: nefrolitíase de repetição, poliúria intensa, alterações psiquiátricas, retardo mental. o Uma das características mais marcantes da Síndrome de Lesch-Nyhan é que ela causa espasmos musculares involuntários e reações acompanhadas de automutilação, como morder, mastigar e coçar. ➢ Tipos de cálculos ÁCIDO ÚRICO → muito presente em carnes vermelhas e industrializados o 8% dos cálculos em países industrializados o 25% pacientes apresentam gota o Doenças mieloproliferativas, tratamento quimioterápico o Diarréia crônica, ileostomia, desidratação o O ácido úrico é metabólito da degradação de purinas (DNA). o Urina muito ácida - Precipitação Acido úrico • Prevenção: melhorar a dieta do paciente e alcalinizar a urina do paciente, como orientando-o a tomar uma colher de bicarbonato antes das refeições. CÁLCULOS DE CISTINA o Ocorrem na cistinúria (alteração hereditária do metabolismo de aminoácidos) o Característica autossômica recessiva o 15% de todos os cálculos o Pouco solúveis na urina CÁLCULOS DE ESTRUVITA (fosfato amoníaco magnesiano) o Muito associados a infecção de urina prévia em que há desdobramento da ureia, produzindo amônia e alcalinizando a urina. Essa alcalinização da urina leva a precipitação e formação de cálculos renais. o O fator primário da formação desses cálculos é a enzima bacteriana urease, que hidrolisa a ureia. ▪ CO2 e amônia Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 61 o Agentes etiológicos: Proteus, Pseudomonas, Klebsiella. o Mais frequente em mulheres, pois elas têm mais ITU. o Cálculo coraliforme (estrutiva e carbonato de cálcio → se molda nos contornos do sistema coletor e ocupa mais de uma porção dele). CÁLCULOS DE OXALATO DE CÁLCIO E DE FOSFATO DE CÁLCIO o São os mais frequentes. o Decorrentes de alterações do metabolismo de cálcio o Hipercalciúria idiopática o Hipercalciúria reabsortiva ▪ Hiperparatireóide primário o Hipercalciúria absortiva ▪ Aumento da absorção intestinal de cálcio → pode acontecer em pacientes que fazem uso excessivo de vitamina D, que tem a função de aumentar a absorção do cálcio no intestino. • Forma mais frequente • Sem contar que o excesso de cálcio pode depositar nas coronárias e levar a um IAM. o Hipercalciúria renal ▪ Deficiência na reabsorção tubular de cálcio ➢ Avaliação diagnóstica detalhada e sistemática o História clínica pessoal e familiar o Exame objetivo o Estudo imaginológico o Avaliação laboratorial o Cálculos renais são sinais avisos de doença! (assim como anemia) ➢ Quadro clínico • Cálculos pequenos o Geralmente assintomáticos. Geralmente não opera, podem ser expelidos sozinhos. • Obstrução → o cálculo sai da pelve e obstrui o ureter. Leva a distensão do parênquima renal e da cápsula, com dor lombar intensa. Tirar a dor imediatamente e depois examinar. A cólica renal é muito dolorosa, o paciente pode chegar a desmaiar de dor. o Dor lombar ▪ Distensão parênquima, cápsula • Cólicas o Hiperperistaltismo, espasmo musculatura lisa • Náuseas e vômitos • Distensão abdominal o Íleo paralítico • Hematúria macro/microscópica → devido ao deslocamento do cálculo e possível lesão • Febre, calafrios → tomar cuidado com pielonefrite associada. o Infecção associada • Ureter depende localização Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 62 • Ansioso e inquieto • Diferente paciente com irritação peritoneal (chega mais quieto) • Sinal de Giordano positivo → percussão punho lombar. Cuidado, ter bom senso ao fazer porque o paciente pode já estar sofrendo muito com a dor. • Testículo homolateral “hipersensível” → a dor pode irradiar para a região do testículo, principalmente para o testículo ipsilateral. Mulheres podem queixar de dor perineal. o Quando acontecer isso, avaliar o testículo para ver se não pode ser torção testicular, que é uma emergência. Se for dor referida, avaliar litíase renal. OBSERVAÇÃO: um diagnóstico diferencial é apendicite, quando o cálculo migra no ureter distal e pode causar dor na FID. ➢ Avaliação laboratorial Dosar na urina 24h o quanto de determinados metabólitos estão presentes. • Condições predisponentes o Hipercalciúria o Hiperoxalúria o Hipocitratúria • Avaliação sistemática o Identificaçãoda condição subjacente o Terapêutica atempada e dirigida o Evitar complicações o Algumas crianças têm mais do que um fator / condição subjacente o Rastreio dos familiares o Suspeita de doença hereditária do metabolismo ➢ Urina o Avaliação de pH ▪ Infecção de urina → pH ácido o Densidade → se alta, urina concentrada. o Análise microscópica de sedimento o Hematúria glomerular / não glomerular o Contagem de glóbulos brancos o Detecção de cristais (cistina, fármacos, cálcio) o Urocultura Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 63 o Doseamento de creatinina, cálcio, ácido úrico, oxalatos, fosfato, magnésio e citrato o Cistina (cromatografia de aa) o Pode ajudar no diagnóstico de diferentes doenças. o Exemplo de laudo: ➢ Valores de referência na urina 24h: ➢ Sangue o Cálcio, fósforo, magnésio, ácido úrico, fosfatase alcalina, pH, bicarbonato e creatinina o PTH, vitamina D, vitamina A (hipercalciúria), oxalatos (hiperoxalúria primária) Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 64 ➢ Exames de imagem • 90% radiopacos → ou seja, a gente consegue ver no raio-X • 10% radiotransparentes, muito pequenos (-2mm), sobrepostos a estruturas ósseas → não são bem vistos • A radiodensidade varia com a composição • Diagnóstico diferencial o Flebolitos o Cálculos biliares o Calcificações de cartilagens costais o Comprimidos no trato intestinal O RX não mostra tão bem a anatomia, mostra melhor a parte óssea. Pode gerar confusão se é cálculo biliar, se é um comprimido tomado recentemente, se é flebolitos, se são calcificações de cartilagens costais... O paciente pode ter interposição de alças, muitos gases... isso dificulta a visualização. Cálculo coraliforme: fácil de visualizar. ➢ Composição x radiodensidade: • Fosfato de cálcio: muito radiopaco. • Oxalato de cálcio: radiopaco. • Fosfato amoníaco magnesiano: moderadamente radiopaco. • Cistina: levemente radiopaco. • Ácido úrico: radiotransparente. ➢ Ultrassom o Facilmente disponível o Ausência de radiação ionizante o Possível visualizar a anatomia trato urinário o Mostra hidronefrose / outras malformações o Geralmente a melhor escolha inicial e a única necessária Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 65 o Hidronefrose / outras malformações o Cálculos 1,5-2 mm o Menos sensível que tomografia ▪ TC mostra cálculos de menores dimensões ▪ Ureteres / pelve ➢ Tomografia o Mostra cálculos no ureter distal, que não são vistos no ultrassom. o Anatomia do sistema urinário é vista com clareza. o Imagem: hidronefrose (mais grave no rim esquerdo), distensão da pelve renal. O paciente pode evoluir para insuficiência renal pós-renal. o Urgência urológica → paciente pode evoluir para IR pós renal • Imagem: TC evidenciando importante aumento renal esquerdo (seta) quando comparado ao rim direito e associado a hidronefrose (asterisco). Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 66 ➢ Tratamento → medidas gerais As medidas gerais são as de prevenção. o Hidratação ▪ (2-3L/m2/dia – diurese 2-3mL/kg/hora) ▪ Intervalos regulares durante o dia e a noite o Evitar uso abusivo de sal, que pode precipitar a formação de cristais. o Nutrição ▪ Controle ingestão sódio (NaCl) • 4-8 anos: 1.2-1.9 g/dia • 9-18 anos: 1.5-2.3 g/dia ▪ Ingestão de potássio (citrato de potássio, frutos e vegetais) • 4-8 anos: 3.8 g/dia • 9-18 anos: 4.5 g/dia ▪ Na/K (u) < 2.5 → cálculo feito pelo nefrologista: Na/K. Se menor que 2,5, propicia formação de cálculos. ▪ Controle consumo proteínas de origem animal devido ao ácido úrico. ➢ Tratamento farmacológico • Cálculos de cálcio o Hipercalciúria e hipocitratúria ▪ Citrato de potássio (pH alcalino promove a formação de cálculos de fosfato de cálcio…) ▪ Hidroclorotiazida o Hiperoxalúria ▪ Primária: hidratação, diuréticos tiazídicos, magnésio, citrato, (restrição), piridoxina, colonização intestinal com Oxalobacter formigenes ▪ Secundária (idiopática, secundária a alteração GI): correção da patologia primária, restrição ingestão oxalato, aumento ingestão cálcio, colonização intestinal com Oxalobacter formigenes Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 67 • Cálculos relacionados com infecção o Proteus spp., Staphylococcus aureus, Klebsiella spp. Estruvite, apatite o Tratamento da infeção o Correção da anomalia trato urinário o Correção da anomalia trato urinário o Remoção do cálculo • Cálculos de ácido úrico o Devido a excreção elevada / baixo pH urinário o Alcalinização (citrato potássio) o Dieta pobre em purinas ➢ Cólica renal Nesses casos, se você hidratar o paciente e dar soro para ele, há mais produção de urina e maior distensão da cápsula renal. Sendo assim, não orientar ingesta hídrica no paciente com crise renal. • Tratamento combate à dor o Analgésicos o Anti-inflamatórios não hormonais o Antiespasmódicos o Opiáceos NÃO HIPERHIDRATAR → MAIOR DISTENSÃO → AUMENTO DA DOR • Conservador o Cálculos assintomáticos nos cálices o Cálculos ureterais < 5mm o Cálculos coraliformes em pacientes de alto risco • Tratamento cirúrgico o Dor refratária. o Cálculo maior que 5mm, que não consegue ser expelido ou que está levando a IR. o Litíase + infecção no TU: acúmulo de bactérias. É a pielonefrite obstrutiva. Não adianta dar antibiótico. É uma emergência urológica. o Obstrução: ▪ LECO: litotripsia extracorpórea por ondas de choque. ▪ Endo urologia. ▪ Cirurgia aberta. ▪ Duplo J: dilata o ureter. Pode ser uma medida de emergência. Uma extremidade fica na bexiga e a outra na pelve renal. • Cálculo obstrutivo com rim infectado ou evolução para IR = urgência. Os dois fatores preditivos mais importantes para a passagem de cálculos ureterais são o tamanho dos cálculos e sua localização. Cálculos ureterais distais de 5mm ou menores tem cerca de 50-70% de probabilidade de serem eliminados espontaneamente. A chance de eliminação espontânea de cálculos de 5-10 mm é inferior a 50%. • Acima de 10mm é muito difícil expelir. • Indicação para remoção do cálculo o Sintomas que não melhoram (dor, hematúria). Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 68 o Obstrução causada pelo cálculo. o Crescimento do cálculo. o Cálculo > 15mm. o Preferência do paciente. o Situação social: viajantes, profissão... • Pelve na tomografia dilatada (hidronefrose) • Tratamento: duplo J O que é o duplo J → através da uretra você entra na bexiga, vai até o rim, dilata o ureter e com isso, consegue escoar e desobstruir a via. Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 69 • Duplo J no raio-X: • LECO Infecção do trato urinário ITU: É a invasão microbiana de qualquer tecido do trato urinário, desde a uretra até o rim Inclui: Próstata Epidídimo Exclui: DST Infecções Vaginais ➢ Epidemiologia Carollayne Mendonça Rocha | TXXXIX 70 o 11% das mulheres em cada ano apresentam ITU o Cistite aguda: 3,6 milhões de consultas / ano – 18 a 65a – custo de 1,6 bilhões o E. coli: 75-90% de cistite aguda não complicada o S. Saprophyticus: 5-15% - mulheres jovens o 40% das infecções hospitalares (10% graves) o Acomete 1% dos RN o ITU está associada a elevada morbidade e mortalidade em gestantes, pacientes com processos obstrutivos do trato urinário, crianças e em idosos o Representam 5% dos problemas de ambulatório o Representam o tipo mais comum de infecção hospitalar, ocorre em cerca de 2% dos internados → pode ser explicada pelo uso de sonda, por exemplo. o Mulheres adultas têm 50 vezes mais chances de adquirir ITU do que os homens e 30% das mulheres apresentam ITU sintomática ao longo da vida. Como a principal rota de contaminação do trato urinário é por via ascendente, atribui-se esse fato à menor extensão anatômica da uretra feminina e à maior proximidade entre a vagina
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