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FUNDAMENTOS TEÓRICOS 
Atributos Desejáveis para um Coordenador de Grupo 
David E. Zimerman 
Resumo: Isso se deve ao fato de que a inauguração do recurso grupoterápico começou 
com este tisiologista americano que, a partir de 1905, em uma enfermaria com mais de 
50 pacientes tuberculosos, criou intuitivamente, o método de “classes coletivas”, as 
quais consistiam em uma aula prévia, ministrada por Pratt, sobre a higiene e os 
problemas da tuberculose, seguida de perguntas dos pacientes e da sua livre discussão 
com o médico. 
 Esse método, que mostrou excelentes resultados na aceleração da recuperação física 
dos doentes, está baseado na identificação desses com o médico, compondo uma 
estrutura familiar-fraternal e exercendo que hoje chamamos "função continente" do 
grupo. 
 Da mesma forma, sentimos uma emoção fascinante que sentimos ao percebermos que 
na atualidade a essência do velho método de Pratt está sendo revitalizada e bastante 
aplicada justamente onde ela começou, ou seja, no campo da medicina, sob a forma de 
grupos homogêneos de autoajuda, e coordenada por médicos (ou pessoal do corpo de 
enfermagem) não-psiquiatras. 
 Embora nunca tenha trabalhado diretamente com grupoterapias, Freud trouxe valiosas 
contribuições específicas à psicologia dos grupos humanos tanto implícita (petos 
ensinamentos contidos em toda a sua obra) como também explicitamente, através de 
seus 5 conhecidos trabalhos: As perspectivas futuras da terapêutica psicanalítica 
(1910), Totem e tabu (1913), Psicologia das massas e análise do ego (1921), O futuro 
de uma ilusão (1927) e Mal-estar na civilização (1930). 
 Em Totem e tabu, através do mito da horda selvagem, ele nos mostra que, por 
intermédio do inconsciente, a humanidade transmite as suas leis sociais, assim como 
particularmente o mais importante para o entendimento da psicodinâmica dos grupos, e 
nele Freud traz as seguintes contribuições teóricas: uma revisão sobre a psicologia das 
multidões; 
 Bion formulou três tipos de supostos básicos: o de dependência (exige um líder 
carismático que inspire a promessa de prover as necessidades existenciais básicas), o 
de luta e fuga (de natureza, paranoide, requer uma liderança de natureza tirânica para 
enfrentar o suposto inimigo ameaçador) e o de pareamento (também conhecido como 
“acasalamento”. 
• A relação que o establishment mantém com o indivíduo místico, sentido como 
um ameaçador portador de ideias novas, adquire uma dessas formas: simplesmente o 
expulsam, ou ignoram, ou desqualificam, ou cooptam através da atribuição de funções 
administrativas, ou ainda, decorrido algum tempo, adotam as suas ideias, porém 
divulgam-nas como se elas tivessem partido dos pró-homens da cúpula diretiva. 
 Assim, desde o primeiro grupo natural que existe em todas as culturas – a família 
nuclear, onde o bebê convive com os pais, avós, irmãos, babá, etc., e, a seguir, 
passando por creches, escolas maternais e bancos escolares, além de inúmeros grupos 
de formação espontânea e os costumeiros cursinhos paralelos –, a criança estabelece 
vínculos diversificados. 
 Com base nessas premissas, é legítimo afirmar que todo indivíduo é um grupo (na 
medida em que, no seu mundo interno, um grupo de personagens introjetados, como 
os pais, irmãos, etc., convive e interage entre si), da mesma maneira como todo grupo 
pode comportar-se como uma individualidade. 
 Pode servir de exemplo a situação de uma “serialidade” de pessoas, como no caso de 
uma fila à espera de um ônibus: essas pessoas compartem um mesmo interesse, 
apesar de não estar havendo o menor vínculo emocional entre elas, até que um 
determinado incidente pode modificar toda a configuração grupal. 
 Assim, além de ter os objetivos claramente definidos, o grupo deve levar em conta a 
preservação de espaço (os dias e o local das reuniões), de tempo (horários, tempo de 
duração das reuniões, plano de férias, etc.), e a combinação de algumas regras e outras 
variáveis que delimitem e normatizem a atividade grupal proposta. 
 • É inevitável a formação de um campo grupal dinâmico, em que gravitam 
fantasias, ansiedades, mecanismos defensivos, funções, fenômenos resistências e 
transferenciais, etc., além de alguns outros fenômenos que são próprios e específicos 
dos grupos, tal como pretendemos desenvolver no tópico que segue. 
• Da mesma forma, no campo grupal circulam ansiedades – as quais podem ser 
de natureza persecutória, depressiva, confusional, aniquilamento, engolfamento, perda 
de amor ou a de castração – que resultam tanto dos conflitos internos como podem 
emergir em função das inevitáveis, e necessárias, frustrações impostas pela realidade 
externa. 
• Por conseguinte, para contrarrestar a essas ansiedades, cada um do grupo e 
esse como um todo mobilizam mecanismos defensivos, que tanto podem ser os muito 
primitivos (negação e controle onipotente, dissociação, projeção, idealização, defesas 
maníacas, etc.) como também circulam defesas mais elaboradas, a repressão, 
deslocamento, isolamento, formação reativa, etc. 
• Em particular, para aqueles que coordenam grupoterapias psicanalíticas, é 
necessário ressaltar que a psicanálise contemporânea alargou a concepção da 
estrutura da mente, em relação à tradicional fórmula simplista do conflito psíquico 
centrado no embate entre as pulsões do ld versus as defesas do ego e a proibição do 
superego. 
 Explico melhor com um exemplo tirado da minha prática como grupoterapeuta, para 
ilustrar o fato de que, diante de uma mesma situação – a vida genital de uma mulher 
jovem e solteira – foi vivenciada de forma totalmente distinta em duas épocas distantes 
uns vinte anos uma da outra. 
 Assim, na década 60, uma jovem estudante de medicina levou mais de um ano para 
“confessar” ao grupo que mantinha uma atividade sexual com o seu namorado, devido 
às suas culpas e ao pânico de que sofreria um repúdio generalizado pela sua 
transgressão aos valores sociais vigentes naquela época. 
 Vale ressaltar que, indo muito além do importante papel de figura transferencial que 
qualquer condutor de grupo sempre representa, a ênfase do presente texto incidirá de 
forma mais particular na pessoa real do coordenador, com o seu jeito verdadeiro de ser, 
e, por conseguinte, com os atributos humanos que ele possui, ou lhe faltam. 
 Se realmente for essa a impressão deixada, peço ao leitor que releve, pois tudo se 
passa de forma simultânea, conjunta e natural, e a quantidade de itens descritos não é 
mais do que um esquema de propósito didático- Destarte, seguindo uma ordem mais de 
lembrança do que de importância, vale os seguintes atributos como um conjunto de 
condições desejáveis e, para certas situações, imprescindíveis. No entanto, atrevo-me 
a dizer que, particularmente na coordenação de grupos, esse aspecto adquire uma 
relevância especial, porquanto a gestalt de um grupo, qual um "radar", capta com mais 
facilidade aquilo que lhe é "passado" pelo coordenador, seja entusiasmo ou enfado, 
verdade ou falsidade. 
 Respeito vem de re (de novo) + spectore (olhar), ou seja, é a capacidade de um 
coordenador de grupo voltar a olhar para as pessoas com as quais ele está em íntima 
interação com outros olhos, com outras perspectivas, sem a miopia repetitiva dos rótulos 
e papéis que, desde criancinha, foram-lhes incutidos, Igualmente, faz parte deste 
atributo a necessidade de que haja uma necessária distância ótima entre ele e os 
demais, uma tolerância pelas falhas e limitações presentes em algumas pessoas do 
grupo, assim como uma compreensão e paciência pelas eventuais inibições e pelo ritmo 
peculiar de cada um. 
 Tudo isso está baseado no importante fato de que a imagem que uma mãe ou pai (o 
terapeuta, no caso de uma grupoterapia) tem dos potenciais dos seus filhos (pacientes) 
e da família como um todo (equivale ao grupo) se torna parte importante da imagem que 
cada indivíduo virá a ter de si próprio.Esse atributo alude originariamente a uma capacidade que uma mãe deve possuir para 
poder acolher e conter as necessidades e angústias do seu filho, ao mesmo tempo que 
as vai compreendendo, desintoxicando, emprestando um sentido, um significado e 
especialmente um nome, para só então devolvê-las à criança na dose e no ritmo 
adequados às capacidades desta. 
 Não há porque um coordenador de um grupo qualquer ficar envergonhado, ou culpado, 
diante da emergência de sentimentos "menos nobres" despertados pelo todo grupal, ou 
por determinadas pessoas do grupo, como podem ser, por exemplo, um sentimento de 
ódio, impotência, enfado, excitação erótica, confusão, etc., desde que ele reconheça a 
existência dos mesmos, e assim possa conter e administrá-los. 
bastante útil que um coordenador de grupo, seja qual for a natureza deste, permaneça 
atento para perceber se os participantes sabem pensar as ideias, os sentimentos e as 
posições que são verbalizados, e ele somente terá condições de executar essa tarefa 
se, de fato, possuir esta função de saber pensar. 
 Vou me permitir observar que: "muitos indivíduos pensarn que pensam, mas não 
pensam, porque estão pensando com o pensamento dos outros (submissão ao 
pensamento dos pais, professores, etc.), para os outros (nos casos de "falso self'), 
contra os outros (situações paranoides) ou, como é nos sujeitos excessivamente 
narcisistas: "eu penso em mim, só em mim, a partir de mim, e não penso em num com 
os outros, porque eu creio que esses devem gravitar em tomo do meu ego". 
 Particularmente para um coordenador de grupo, este atributo ganha relevância em 
razão de um possível jogo de intensas identificações projetivas cruzadas em todas as 
direções do campo grupal, o qual exige uma clara discriminação de "quem é quem", sob 
o risco do grupo cair em uma confusão de papéis e de responsabilidades. 
 Para atestar a importância da função de comunicar — tanto no conteúdo quanto na 
forma da mensagem emitida — cabe a afirmativa de que a linguagem dos educadores 
determina o sentido e as significações das palavras e gera as estruturas da mente. 
 atributo de um coordenador de grupo em saber comunicar adequadamente é 
particularmente importante no caso de uma grupoterapia psicanalítica, pela 
responsabilidade que representa o conteúdo de sua atividade interpretativa, o seu estilo 
de comunicá-la e, sobretudo, se ele está sintonizado no mesmo canal de comunicação 
dos pacientes (por exemplo, não adianta formular interpretações em termos de 
complexidade simbólica para pacientes regressivos que ainda permanecem numa etapa 
de pensamento concreto, e assim por diante). 
 Um aspecto parcial da comunicação é o que diz respeito à atividade interpretativa, e 
como essa está intimamente ligada ao uso das verdades, como antes foi ressaltado, 
torna-se necessário estabelecer uma importante conexão entre a formulação de uma 
verdade penosa de ser escutada e a manutenção da verdade. 
 Dessa forma, se ele for exageradamente obsessivo (embora com a ressalva de que 
uma estrutura obsessiva, não excessiva, é muito útil, pois determina seriedade e 
organização), vai acontecer que o coordenador terá uma absoluta intolerância a 
qualquer atraso, falta e coisas do gênero, criando um clima de sufoco, ou gerando uma 
dependência submissa. 
 Isso, entre outras razões, deve-se ao modelo exercido pela figura do coordenador do 
grupo, pela maneira como ele enfrenta as dificuldades, pensa os problemas, estabelece 
limites, discrimina os distintos aspectos das diferentes situações, maneja com as 
verdades, usa o verbo, sintetiza, integra e dá coesão ao grupo. 
 Tal como designa a etimologia desta palavra [as raízes gregas são: em (dentro de) + 
pathos (sofrimento)], empatia refere-se ao atributo do coordenador de um grupo de 
poder se colocar no lugar de cada um do grupo e entrar dentro do "clima grupal" Isso é 
muito diferente de simpatia (que se forma a partir do prefixo sim, que quer dizer ao lado 
de e não dentro de). 
 empatia está muito conectada à capacidade de se poder fazer um aproveitamento útil 
dos sentimentos contratransferenciais que estejam sendo despertados dentro do 
coordenador do grupo, porém, para tanto, é necessário que ele tenha condições de 
distinguir entre os sentimentos que provêm dos participantes daqueles que pertencem 
unicamente a ele mesmo. 
conceituação de síntese alude à capacidade de se extrair um denominador comum 
dentre as inúmeras comunicações provindas das pessoas do grupo e que, por vezes, 
aparentam ser totalmente diferentes entre si, unificando e centralizando-as na tarefa 
prioritária do grupo, Numa visualização macro-sociológica — uma nação, por exemplo 
—, as mesmas considerações valem para a pirâmide que governa os destinos do país, 
desde a cúpula do presidente coordenando o seu primeiro escalão de auxiliares diretos, 
cada um desses exercendo a função de coordenar os respectivos subescalões, em uma 
escalada progressiva, passando pelos organismos sindicais em direção às bases. 
Palavras-chave: Grupoterapia, contratransferencias, estrutura e comportamento. 
Referência 
Como trabalhar com grupos – David E. Zimerman – Cap. 1 e 3 – Atributos Desejáveis 
para um Coordenador de Grupo – FUNDAMENTOS TEÓRICOS

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