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Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT Faculdade de Engenharia – FAENG Campus Universitário de Várzea Grande - CUVG Fenômenos de Transporte 3 Novembro de 2021 Prof. Dr. Gabriel Henrique Justi prof.ghjusti@gmal.com . gabrielhjusti , Unidade 3 Tópicos: 1. Transporte de massa molecular 2. Equação de Fick 3. Definições molares e mássicas 4. Fluxos Prof. Dr. Gabriel Henrique Justi FT 3 2 1. TRANSPORTE DE MASSA MOLECULAR Em 1815, Parrot observou: ❑ Quantitativamente que uma mistura de gases contendo duas ou mais espécies moleculares; ❑ As concentrações relativas variam de um ponto ao outro; ❑ Um processo natural resulta em diminuir a desigualdade da composição; ▪ Conhecido como difusão molecular. ❑ Considerando o processo de TM ao lado (célula de Arnold). Fonte: O autor. Figura 1. Célula de Arnold. Líquido volátil 100% de A z Escoamento do ar (B) Sumidouro Fonte líquido volátil ar 1) Um líquido volátil (espécie A). 2) A pressão de vapor faz com que as moléculas de A se difundem com o ar; 3) O espaço com o gás dentro não tem agitação externa; 4) As moléculas se movem randomicamente; 5) O fluxo líquido da espécie A é a soma de todas as moléculas de A movendo- 5) se através da seção transversal do tubo; 6) Sumidouro: moléculas de A são varridas pela corrente de ar . 7) Ambas espécies podem ter um gradiente de concentração. 8) Como o ar (espécie B) não tem uma fonte, apenas a espécie A está sujeita à 5) transferência de massa. 9) A presença da espécie B possa afetar sua taxa. 10) Tendência natural. Três exigências para a TM: ❑ Em uma mistura ❑ Uma substância se mova (fonte → sumidouro) ❑ 𝑊𝐴 ∝ ∇𝑥𝐴 Prof. Dr. Gabriel Henrique Justi FT 3 3 2. EQUAÇÃO DE FICK ❑ As leis de TM mostram a relação entre: ▪ Fluxo da substância que se difunde; e o ▪ Gradiente de concentração. ❑ A descrição da difusão molecular (mais complexa). ▪ Do que as de momento e de energia (apenas em uma fase da espécie). ▪ Como a difusão de massa ocorre somente em mistura, deve-se considerar o efeito de cada componente. Exemplo sobre isso... ❑ Saber a taxa de difusão de um componente em específico em relação a velocidade da mistura na qual ele está se movendo. ▪ Cada componente pode apresentar diferentes mobilidade. ▪ Assim, a velocidade da mistura pode ser determinada a partir da média das velocidades dos componentes na mistura. ❑ A partir disso, precisamos considerar algumas definições e relações: ▪ Concentrações; ▪ Velocidades; e ▪ Fluxos. Prof. Dr. Gabriel Henrique Justi FT 3 4 ❑ Considera-se as misturas: ▪ Binárias, ▪ Multicomponentes e ▪ Pseudobinárias. ❑ Binária: ▪ Apenas dois componentes estão presentes. ❑ Multicomponente: ▪ Mais de dois componentes estão presentes (sem dominância populacional). ❑ Pseudobinária: ▪ Um componente é dominante. ▪ E a população da outra espécie é pequena em relação a dominante. ❑ Para gases: espécie dominante é denominada gás de arraste. ❑ Para líquidos: espécie dominante é chamada solvente. 3. DEFINIÇÕES MOLARES E MÁSSICAS 3.1. Concentrações Fonte: Adaptado de Welty, Rorrer e Foster (2017). Figura 2. Célula de Arnold. Prof. Dr. Gabriel Henrique Justi FT 3 5 ❑ A TM podem ocorrer em: ▪ Gases, ▪ Líquidos e ▪ Sólidos. ❑ Gases: ▪ As moléculas não se tocam, embora colidam com frequência. ❑ Líquidos: ▪ As moléculas estão em uma fase condensada, mas ainda se movem livremente, com velocidades menores do que as dos gases. ❑ Sólidos: ▪ Um ou mais componentes estão conectados em uma estrutura de grade ou ligados em um estado amorfo. Fonte: Toda Matéria (2020). Figura 3. Estado físico da matéria. 3. DEFINIÇÕES MOLARES E MÁSSICAS 3.1. Concentrações Prof. Dr. Gabriel Henrique Justi FT 3 6 ❑ Concentração mássica (𝜌): ▪ Espécie A: 𝜌𝐴 = 𝑚𝐴 𝑉 (3.1) ▪ Total ou densidade: 𝜌 = 𝑚𝑇 𝑉 = 𝑖=𝐴 𝑛 𝜌𝑖 (3.2) ▪ Fração mássica (𝑤): • Espécie A: 𝑤𝐴 = 𝑚𝐴 𝑚𝑇 3.3 𝑤𝐴 = 𝜌𝐴 σ𝑖=𝐴 𝑛 𝜌𝑖 = 𝜌𝐴 𝜌 (3.4) ▪ Equação de restrição mássica: 𝑖=𝐴 𝑛 𝑤𝑖 = 1,0 (3.5) ❑ Concentração molar (𝑐): ▪ Espécie A: 𝑐𝐴 = 𝑛𝐴 𝑉 3.6 𝑐𝐴 = 𝑝𝐴 𝑅𝑇 (gases ideais) 3.7 ▪ Total: 𝑐 = 𝑛𝑇 𝑉 = 𝑖=𝐴 𝑛 𝑐𝑖 (3.8) 𝑐 = 𝑃 𝑅𝑇 (gases ideais) 3.9 ▪ Fração molar (𝑥 e 𝑦): • Espécie A: 𝑥𝐴 = 𝑐𝐴 𝑐 (misturas líquidas) 3.10 𝑦𝐴 = 𝑝𝐴 𝑃 (misturas gasosas) 3.11 3. DEFINIÇÕES MOLARES E MÁSSICAS 3.1. Concentrações Prof. Dr. Gabriel Henrique Justi FT 3 7 ❑ Concentração molar (𝑐): ▪ Equação de restrição molar: 𝑖=𝐴 𝑛 𝑥𝑖 = 1,0 misturas líquidas 3.12 𝑖=𝐴 𝑛 𝑦𝑖 = 1,0 misturas gasosas (3.13) ❑ Relações: ▪ Massa e mol (𝑀): 𝑐𝐴 = 𝜌𝐴 𝑀𝐴 3.14 ▪ Fração mássica para fração molar: 𝑥𝐴 ou 𝑦𝐴 = Τ𝑤𝐴 𝑀𝐴 Τ𝑤𝐴 𝑀𝐴 + Τ𝑤𝐵 𝑀𝐵 3.15 ▪ Fração molar (líquidos) para fração mássica: 𝑤𝐴 = 𝑥𝐴𝑀𝐴 𝑥𝐴𝑀𝐴 + 𝑥𝐵𝑀𝐵 3.16 ▪ Fração molar (gases) para fração mássica: 𝑤𝐴 = 𝑦𝐴𝑀𝐴 𝑦𝐴𝑀𝐴 + 𝑦𝐵𝑀𝐵 3.17 3. DEFINIÇÕES MOLARES E MÁSSICAS 3.1. Concentrações Prof. Dr. Gabriel Henrique Justi FT 3 8 EF 3.1 Uma mistura gasosa contém em base molar 15,00% de oxigênio (O2), 4,00% de monóxido de carbono (CO), 17,00% de dióxido de carbono (CO2) e o restante de nitrogênio (N2), em base molar, está submetida a 500,0℃ e 2,0 atm. Determine: a) A concentração molar total. b) As concentrações molares de cada espécie. c) As frações mássicas de cada espécie. d) A concentração mássica total Resposta: a) 𝑐 = 3,152 × 10−2 Τkgmol m3 b) 𝑐𝐴 = 4,729 × 10 −3 Τkgmol m3 ; 𝑐𝐵 = 1,261 × 10 −3 Τkgmol m3 ; 𝑐𝐶 = 5,359 × 10 −3 Τkgmol m3 ; 𝑐𝐷 = 2,018 × 10 −2 Τkgmol m3 c) 𝑤𝐴 = 15,32%;𝑤𝐵 = 3,58%; 𝑤𝐶 = 23,88%;𝑤𝐷 = 57,22% d) 𝜌 = 0,987 Τkg m3 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO (EF) Prof. Dr. Gabriel Henrique Justi FT 3 9 ❑ Em um sistema multicomponentes: ▪ Normalmente, as espécies se movem em diferentes velocidades. ▪ Com isso, o cálculo da velocidade de uma mistura gasosa requer o cálculo da média das velocidades das espécies presentes. ❑ Em uma mistura multicomponente: ▪ A velocidade mássica média: 𝑣 = σ𝑖=1 𝑛 𝜌𝑖𝑣𝑖 σ𝑖=1 𝑛 𝜌𝑖 = σ𝑖=1 𝑛 𝜌𝑖𝑣𝑖 𝜌 3.18 onde: 𝑣𝑖 → é a velocidade absoluta da espécie 𝑖. ▪ A velocidade molar média: 𝑉 = σ𝑖=1 𝑛 𝑐𝑖𝑣𝑖 σ𝑖=1 𝑛 𝑐𝑖 = σ𝑖=1 𝑛 𝑐𝑖𝑣𝑖 𝑐 3.19 3. DEFINIÇÕES MOLARES E MÁSSICAS 3.2. Velocidades Prof. Dr. Gabriel Henrique Justi FT 3 10 ❑ Definição: ▪ É uma grandeza vetorial. ▪ Quantidade de uma espécie (molar ou mássica) que passa por uma unidade de tempo em um unidade de área normal ao vetor. fluxo molar de 𝐴 na mistura = mols transferidos da espécie 𝐴 área de seção transversal ∙ tempo kgmol 𝐴 m2 ∙ s ❑ Difusão molecular: ▪ A primeira lei de Fick: 𝐉𝐴 = −𝐷𝐴𝐵𝛁𝑐𝐴 3.20 ▪ Difusão do componente A em um sistema isobárico e isotérmico é proporcional ao gradiente de concentração. ▪ Sinal negativo (−)... Por quê? Adolf Eugen Fick • O gradiente é negativo porque o componente 𝐴 se move para a menor concentração ao longo do eixo 𝑧. 4. FLUXOS Prof. Dr. Gabriel Henrique Justi FT 3 11 ❑ Para difusão unidirecional: 𝐽𝐴,𝑧 = −𝐷𝐴𝐵 𝑑𝑐𝐴 𝑑𝑧 3.21 ❑ Equação proposta por de Groot (1951): ▪ Não é restrita a sistemas isobáricos e isotérmicos. ▪ Concentração total, 𝑐, é constante em condições a 𝑃 e 𝑇 constantes. 𝐽𝐴,𝑧 = −𝑐𝐷𝐴𝐵 𝑑𝑦𝐴 𝑑𝑧 3.22 ▪ Expressão equivalente para o fluxo mássico, 𝑗𝐴,𝑧: 𝑗𝐴,𝑧 = −𝜌𝐷𝐴𝐵 𝑑𝑤𝐴 𝑑𝑧 3.23 𝑗𝐴,𝑧 = −𝐷𝐴𝐵 𝑑𝜌𝐴 𝑑𝑧 3.24 𝐽𝐴,𝑧 ≠ 𝑗𝐴,𝑧 4. FLUXOS Prof. Dr. Gabriel Henrique Justi FT 3 12 ❑ A massa pode ser transferida com frequência simultaneamente de dois modos: 1) Como resultado de diferenças de concentração (lei de Fick). 2) Por diferenças de convecção induzidas por diferenças de densidade. 1) Corante sendo lançado em um lago (em repouso): ▪ O corante se difundirá em todas as direções radiais pela água a partir da fonte. 2) Corante sendo lançado em um lago: ▪ O corante tanto se difundirá como será carregado na direção da própria corrente. Fonte: Gfycat (2020). Figura 4. Dispersão de corante em água(repouso). Fonte: Auin (2010). Figura 5. Dispersão de resíduo industrial em um córrego. 4. FLUXOS Prof. Dr. Gabriel Henrique Justi FT 3 13 ❑ Stefan (1872) e Maxwell (1877): ▪ Empregando a teoria cinética dos gases, provaram que o fluxo de massa, em relação a um sistema fixo de coordenadas, era o resultado de duas contribuições: • Gradiente de concentração e • Movimento global. massa total transportada = massa transportada por difusão + massa transportada pelo movimento global do fluido ou 𝑁𝐴,𝑧 = 𝐽𝐴,𝑧 + 𝑐𝐴𝑉𝑧 3.25 ❑ Para um sistema binário com velocidade média constante na direção 𝑧, o fluxo molar será expresso por: 𝐽𝐴,𝑧 = 𝑐𝐴 𝑣𝐴,𝑧 − 𝑉𝑧 3.26 ▪ Igualando-se as equações (3.21) e (3.26), obtém-se: (definição) 4. FLUXOS Prof. Dr. Gabriel Henrique Justi FT 3 14 𝐽𝐴,𝑧 = 𝑐𝐴 𝑣𝐴,𝑧 − 𝑉𝑧 e 𝐽𝐴,𝑧 = −𝐷𝐴𝐵 𝑑𝑐𝐴 𝑑𝑧 𝐽𝐴,𝑧 = 𝑐𝐴 𝑣𝐴,𝑧 − 𝑉𝑧 = −𝑐𝐷𝐴𝐵 𝑑𝑦𝐴 𝑑𝑧 ▪ Rearranjando a equação acima; ▪ Considerando um sistema binário; e ▪ Relembrando que, os termos 𝑐𝐴𝑣𝐴,𝑧 e 𝑐𝐵𝑣𝐵,𝑧 são os fluxos dos componentes 𝐴 e 𝐵 (𝑁𝐴,𝑧 e 𝑁𝐵,𝑧), obtemos: 𝑁𝐴,𝑧 = −𝑐𝐷𝐴𝐵 𝑑𝑦𝐴 𝑑𝑧 + 𝑦𝐴 𝑁𝐴,𝑧 + 𝑁𝐵,𝑧 3.27 4. FLUXOS Prof. Dr. Gabriel Henrique Justi FT 3 15 ❑ A equação (3.21) pode ser generalizada e escrita na forma vetorial como: 𝐍𝐴 = −𝑐𝐷𝐴𝐵𝛁𝑦𝐴 + 𝑦𝐴 𝐍𝐴 + 𝐍𝐵 3.28 ▪ Para uma mistura multicomponente, têm-se: 𝐍𝐴 = −𝑐𝐷𝐴−𝑚𝑖𝑠𝑡𝛁𝑦𝐴 + 𝑦𝐴 𝑖=1 𝑛 𝐍𝑖 3.29 ❑ Para o fluxo de massa em um sistema binário, têm-se: 𝐧𝐴 = −𝜌𝐷𝐴𝐵𝛁𝑤𝐴 + 𝑤𝐴 𝐧𝐴 + 𝐧𝐵 3.30 onde: 𝐧𝐴 = 𝜌𝐴𝐯𝐴 𝐧𝐵 = 𝜌𝐵𝐯𝐵 4. FLUXOS Prof. Dr. Gabriel Henrique Justi FT 3 16 EF 3.2 A partir das informações do Exercício de Fixação 3.1 e sabendo que as velocidades absolutas na direção 𝑧 (𝑣𝑖,𝑧) do oxigênio, do monóxido de carbono, do dióxido de carbono e do nitrogênio são 10, 13, 19 e 11 cm/s, respectivamente, calcule: a) As velocidades molar e mássica média da mistura. b) As velocidades de difusão das espécies na mistura, utilizando como referência a velocidade molar. c) O fluxo molar total das espécies. Resposta: a) V𝑧 = 12,293 Τcm s; v𝑧 = 12,831 Τcm s b) 𝑐𝐴 = 4,729 × 10 −3 Τkgmol m3 ; 𝑐𝐵 = 1,261 × 10 −3 Τkgmol m3 ; 𝑐𝐶 = 5,359 × 10 −3 Τkgmol m3 ; 𝑐𝐷 = 2,018 × 10 −2 Τkgmol m3 c) 𝑣𝐴,𝑧 − V𝑧 = −2,293 Τcm s ; 𝑣𝐵,𝑧 − V𝑧 = 0,707 Τcm s ; 𝑣𝐶,𝑧 − V𝑧 = 6,707 Τcm s ; 𝑣𝐷,𝑧 − V𝑧 = 1,293 Τcm s d) 𝑁𝐴,𝑧 = 4,729 × 10 −4 Τkgmol m2 s ; 𝑁𝐵,𝑧 = 1,639 × 10 −4 Τkgmol m2 s ; 𝑁𝐶,𝑧 = 1,018 × 10 −3 Τkgmol m2 s ; 𝑁𝐷,𝑧 = 2,220 × 10 −3 Τkgmol m2 s EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO (EF) Prof. Dr. Gabriel Henrique Justi FT 3 17 EF 3.3 Para uma mistura binária de A e B, usando as definições de concentrações, velocidades e fluxos, mostre que: a) 𝑥𝐴 = 𝑤𝐴 𝑀𝐴 𝑤𝐴 𝑀𝐴 + 𝑤𝐵 𝑀𝐵 b) 𝑑𝑥𝐴 = 𝑑𝑤𝐴 𝑀𝐴𝑀𝐵 𝑤𝐴 𝑀𝐴 + 𝑤𝐵 𝑀𝐵 2 a) 𝑑𝑤𝐴 = 𝑀𝐴𝑀𝐵𝑑𝑥𝐴 𝑥𝐴𝑀𝐴 + 𝑥𝐵𝑀𝐵 2 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO (EF) Prof. Dr. Gabriel Henrique Justi FT 3 18 REFERÊNCIAS E LINKS ➢ CREMASCO, M. C. Fundamentos de transferência de massa. 3ª edição. São Paulo: Blucher, 2016. ➢ WELTY, J. R.; RORRER, G. L.; FOSTER, D. G. Fundamentos de transferência de momento, de calor e de massa. 6ª edição. São Paulo: LTC, 2017. [1] [1] Disponível em: <https://tinalison.wixsite.com/savenature/single-post/2015/10/19/11-REFERENCE-LIST>. Acesso em: 06 de ago. de 2020.
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