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1 Bioquímica II – L.M metabolismo de carboidratos Carboidrato é um macronutriente formado fundamentalmente por moléculas de carbono, hidrogênio e oxigênio. Classificação: os carboidratos classificam-se em monossacarídeos, dissacarídeos e polissacarídeos Fontes: • Existem apenas três fontes de carboidratos na dieta humana normal. (1) sacarose, dissacarídeo popularmente conhecido como açúcar da cana; (2) lactose, dissacarídeo encontrado no leite; (3) amidos, grandes polissacarídeos presentes em quase todos os alimentos de origem não animal, como batata e grãos. • Outros carboidratos ingeridos em menor quantidade são amilose, glicogênio, álcool, ácido láctico, ácido pirúvico, pectinas, dextrinas e quantidades ainda menores de derivados de carboidratos da carne • Tem ainda a celulose, porém nenhuma enzima é capaz de hidrolisar a celulose é secretada no trato digestivo humano. Consequentemente, a celulose não pode ser considerada alimento para os seres humanos DIGESTÃO DOS CARBOIDRATOS Digestão dos carboidratos é catalisada pro enzimas do tipo glicosidases Boca: o alimento é mastigado e ele se mistura com a saliva (processo mecânico), contendo enzima digestiva ptialina (α-amilase), secretada pelas glândulas parótidas • Amilase salivar: Hidrolisa as ligações glicolídicas do amido e do glicogênio do tipo α1-4 • Os produtos da digestão resultantes da ação bucal contêm uma mistura de oligossacarídeos não ramificados e ramificados, conhecidos como dextrinas Estômago: A amilase é inativada pelo pH alto no estômago e a digestão do amido continua por cerca de 1h antes do alimento ser misturado às secreções gástricas Duodeno: a secreção ácida do bolo alimentar adquirida no estômago é neutralizada pelo bicarbonato secretada pelo pâncreas e o bolo alimentar sofre ação da amilase pancreática Amilase pancreática: cerca de 15 a 30 minutos depois que o quimo chega ao duodeno e mistura-se com o suco pancreático, praticamente todos os carboidratos terão sido digeridos Os carboidratos são quase totalmente convertidos em maltose e/ou outros pequenos polímeros de glicose antes de chegar no jejuno Jejuno: o processo final inclui a ação de varias dissacaridasses (isomaltase, maltase, sacarase, lactase) Enzimas do epitélio intestinal (dissacaridasses): • Maltose → maltase → glicose (2) • Sacarose → sacarase → glicose + frutose • Lactose → lactase → galactase + glicose VIAS DE UTILIZAÇÃO DA GLICOSE • Via glicolítica é utilizada em todos os tecidos para a quebra da glicose • Objetivo: fornece energia, na forma de ATP, e intermediários para outras vias metabólicas 2 Bioquímica II – L.M • Centro do metabolismo dos carboidratos • Série de 10 reações aeróbica para formar o piruvato • Alternativamente, há a redução do piruvato para o NADH para formar lactato na ausência de oxigênio, a glicólise anaeróbica REAÇÕES DA GLICÓLISE FASE PREPARATÓRIA OU DE INVESTIMENTO Formas fosforiladas dos intermediários são sintetizadas, à custa de ATP 1. Fosforilação da glicose pela enzima hexocinase, fromando a glicose 6-fosfato; primeira, das três reações irreversíveis da glicólise; gasta 1 ATP 2. Isomerização da glicose-6-fosfato pela enzima fosfoglicose-isomerase, formando frutose-6- fosfato 3. Fosforilação da frutose-6-fosfato pela enzima fosfofrutocinase-1 (PFK1) em frutose-1,6-bifosfato; segunda reação irreversível; a PFK1 é controlada pelas concentrações disponíveis de seus substratos, ATP e frutose-6-fosfato 4. Clivagem da frutose-1,6-bifosfato pela enzima aldolase, formando a di-hidroxiacetona-fosfato e o gliceraldeído-3-fosfato 5. Isomerização da di-hidroxiacetona-fosfato pela enzima triose-fosfato-isomerase, produzindo 2 moléculas de gliceraldeído-3-fosfato FASE DE PAGAMENTO OU DE PRODUÇÃO 6. Oxidação do gliceraldeídp-3-fosfato pela enzima gliceraldeído-3-fosfato-desidrogenase, formando o 1,3-bifosfatoglicerato; sendo a primeira reação de oxidação-redução; quantidade limitada de NAD+ na célula, o NADH produzido nessa reação deve ser reoxidado a NAD+ para que a glicose continue 7. Síntese do 1,3-bifosfoglicerato, com formação de ATP, em 3-fosfoglicerato, pela enzima fosfoglicerato-cinase; nessa reação há a reposição de ATP 8. Troca do grupo carbono 3 para o 2, nesse reação apenas há a troca da posição do grupo fosfato de carbono, transformando a 3-fosfoglicerato em 2- fosfoglicerato pela enzima fosfoglicerato-mutase 9. Hidratação do 2-fosfoglicerato em fosfoenolpiruvato (PEP) pela enzima enolase 10. Formação do piruvato, com produção de ATP, realizada pela enzima piruvato-cinase, a terceira e última reação irreversível, resultando no produto final da glicólise, o piruvato DEFICIÊNCIA DA PIRUVATO-CINASE: um eritrócito maduro não apresenta mitocôndrias, sendo totalmente dependente da produção de ATP pela glicólise. Quando há a ausência dessa enzima, uma anemia hemolítica é observada, consequência da redução da velocidade da glicólise, levando à diminuição na produção da ATP. As alterações do eritrócito levam a mudança no formato da célula e, por fim, à sua fagocitose por células do sistema reticuloendotelial ENVENENAMENTO PELO ARSÊNICO: O arsenato substitui o Pi na reação da gliceraldeído-3-fosfato (reação F) desidrogenase e assim não há produção de ATP na glicólise. 3 Bioquímica II – L.M REDUÇÃO DO PIRUVATO EM LACTATO • Na glicólise anaeróbica, isto é, na falta de oxigênio, o piruvato se converte a lactato pela enzima lactato-desidrogenase • O lactato é importante em órgãos como os olhos, medula renal, testículos, leucócitos e nos eritrócitos, onde são pobremente vascularizados e/ou privados de mitocôndrias No músculo: no musculo esquelético em exercício, a produção de NADH excede a capacidade oxidativa da cadeia respiratória, favorecendo a redução do piruvato a lactato. Durante um exercício intenso, o lactato se acumula no músculo, podendo causar cãibras (diminuição no pH intracelular) Consumo do lactato no fígado: o piruvato pode ser convertido em glicose pela gliconeogênese, ou oxidado no ciclo do ácido cítrico. O musculo cardíaco oxida o lactato a CO2 e H2O, via ciclo do ácido cítrico Acidose láctica: é a concentração elevada de lactato no plasma. A falha em levar quantidade adequadas de oxigênio aos tecidos resulta em prejuízo na fosforilação oxidativa e em diminuição na síntese de ATP SALDOS FINAIS DA GLICÓLISE AERÓBICA: 2NADH + 2ATP + 2 piruvato → ciclo do ácido cítrico → 3 a 5 ATP + 25 ATP = 30 a 32 ATP por molécula de glicose ANAERÓBICA: 2 ATP para cada molécula de glicose DESTINO DO PIRUVATO Descarboxilação oxidativa: a piruvato-desidrogenase converte o piruvato em acetil-CoA, principal combustível do ciclo de Krebs; reação irreversível Carboxilação do piruvato a oxalacetato: a piruvato- carboxilase, dependente de biotina; reação importante pois repõe o intermediário do ciclo do ácido cítrico Redução de piruvato a etanol (microorganismos): pelo piruvato-descarboxilase, ocorre em leveduras e em certos microorganismos VIAS ALIMENTARES DA GLICÓLISE Outros monossacarídeos entram na via glicosídica: - Manose: manose-6-fosfato → frutose-6-fosfato - Frutose: frutose-1-fosfato → gliceraldeído _ di-hidroxiacetonafosfato → gliceraldeído-3-fosfato - Galactose: UDP-galactose → UDP-glicose → glicose-1-fosfato - Glicogênios da dieta (tirealose, lactose, sacarose, amido e endógeno): glicose → glicose-6-fosfato 4 Bioquímica II – L.M • O encéfalo, os eritrócitos, a medula renal, o cristalino e a córnea, os testículos e o músculo em exercício necessitam de suprimento contínuo de glicose como combustível metabólico • Durante um jejum prolongado, porém, os depósitos de glicogênio hepático são exauridos, e a glicose é formada a partir de precursores comoo lactato, o piruvato, o e os a-cetoácidos 5 Bioquímica II – L.M PRECURSORES DA GLICONEOGÊNESE GLICEROL O glicerol é liberado durante a hidrólise dos triacilgliceróis, no tecido adiposo e levado ao fígado pelo sangue O glicerol é fosforilado pela glicerol-cinase, resultando em glicerol-fosfato, que é o oxidado pela glicerol-fosfato-desidrogenase, produzinfo di- hidroxiacetona-fosfato, o intermediário da glicólise LACTATO Pelo ciclo de cori, o lactato armazenado nos músculos é liberado para o sangue, é captato pelo fígado e reconvertido a glicose, que volta a ser liberada para a circulação AMINOÁCIDOS • Os aminoácidos obtidos pela hidrólise de proteínas teciduais são as principais fontes de glicose no jejum • Os a-acetoácidos, como o a-cetoglutarato, são produzidos pelo metabolismo de aminoácidos glicogênicos • Essas substancias podem entrar no cítrico do ácido cítrico e produzir oxalacetato (precursor direto do fosfoenolpiruvato CONTORNOS DA GLICONEOGÊNESE Para a gliconeogênese acontecer, as reações irreversíveis da glicólise devem ser contornadas 1º CONTORNO: PIRUVATO → PEP Carboxilação do piruvato: a enzima piruvato-cinase impede que o piruvato transforme-se em fosfoeneolpiruvato; portanto o piruvato é primeiramente carboxilado pela piruvato-carboxilase, produzindo OAA, que é então convertido em PEP pela ação da PEP-carboxicinase Transporte do oxalacetato para o citosol: O OAA deve ser convertido em PEP para que a gliconeogênese possa continuar. O OAA é incapaz de atravessar a membrana mitocondrial para o citosol, para isso o OAA se reduz a malato pela enzima malato-desidrogenase- mitocondrial, gastando um NADH e já no citosol, o malato retorna a OAA pela enzima malato desidrogenase-citosólica, com a formação de um novo NADH Descarboxilação do OAA citosólico: O oxalacetato é descarboxilado e fosforilado no citosol pela PEP- carboxicinase (também chamada PEPCK), produzindo PEP. A reação utiliza energia da hidrólise de trifosfato de guanosina (GTP). O PEP sofre então as reações da glicólise, andando no sentido inverso, até chegar à frutose-1,6-bisfosfato 6 Bioquímica II – L.M 2º CONTORNO: FRUTOSE-1,6-BIFOSFATO → FRUTOSE-6-FOSFATO Desfosforilzação da frutose-1,6-bifosfato: a hidrólise da frutose-1 ,6-bisfosfato pela frutose-1,6-bisfosfatase contorna a reação irreversível da fosfofrutocinase-1 e fornece uma via energeticamente favorável para a formação de frutose-6-fosfato 3º CONTORNO: GLICOSE-6-FOSFATO → GLICOSE A hidrólise da glicose-6-fosfato pela glicose-6-fosfatase contorna a reação irreversível da hexocinase e fornece uma via energeticamente favorável para a formação de glicose livre. O fígado e o rim são os únicos órgãos que liberam glicose livre a partir da glicose-6-fosfato DÉBITO DA GLICONEOGÊNESE • Energeticamente dispendiosa • Para cada molécula de glicose são GASTOS: 4 ATP + 2 GTP + 2 moléculas de NADH REGULAÇÃO DA GLICONEOGÊNESE A regulação momento a momento da gliconeogênese é determinada principalmente pelos níveis circulantes de glucagon e pela disponibilidade de substratos gliconeogênicos GLUCAGON Produzido pelas células a das ilhotas pancreáticas, estimula a gliconeogênese por meio de três mecanismos Alterações em efetores alostéricos: o glucagon diminui os níveis de frutose-2,6-bisfosfato, resultando na ativação da trutose-1,6-bisfosfatase e na inibição da fosfofrutocinase-1, favorecendo o terceiro retorno da gliconeogênese em detrimento da glicólise Modificação da atividade enzimática por ligação covalente: o glucagon liga-se ao seu receptor, o qual é acoplado à proteína G, e, via aumento nos níveis de 7 Bioquímica II – L.M AMP cíclico (AMPc). Estimula a conversão da piruvato- cinase hepática em sua forma inativa (fosforilada). Isso diminui a conversão do PEP em piruvato, tendo o efeito de redirecioná-lo para a síntese de glicose Indução da síntese de enzimas: o glucagon aumenta a transcrição do gene da PEP-carboxicinase, DISPONIBILIDADE DE SUBSTRATO A disponibilidade de precursores gliconeogênicos, especialmente de aminoácidos glicogênicos, influência de modo considerável a velocidade da síntese hepática de glicose. Níveis diminuídos de insulina favorecem a mobilização de aminoácidos a partir das proteínas musculares e fornecem esqueletos carbonados para a gliconeogênese OXIDAÇÃO DO ÁLCOOL INIBE A GLICONEOGÊNESE 8 Bioquímica II – L.M AÇÃO DA INSULINA A insulina em geral ativa proteínas fosfatases(PP1) causando desfosforilação de diversas enzimas INTOLERÂNCIA À LACTOSE Deficiência ou desaparecimento da maior parte ou de todas atividade lactásica das células epiteliais intestinais Com a maior concentração de lactose no organismos, há o aumento da osmolaridade do conteúdo intestino e maior retenção de água, assim como o aumento de produtos tóxicos no intestino grosso e o aparecimento de cãibras abdominais e diarreia REGULAÇÃO COORDENADA DA GLICÓLISE E DA GLICONEOGÊNESE Como já foi dito anteriormente, três reações da glicólise, de tão exergônicas, são essencialmente irreversíveis: I. As catalisadas por hexocinase II. PKK-1 III. Piruvato-cinase A gliconeogênese usa desvios em cada uma dessas etapas irreversíveis Em cada um dos três pontos onde as reações são glicolíticas são desviadas por reações gliconeogênicas alternativas, a operação simultânea de ambas as vias consome ATP sem realizar nenhum trabalho químico ou biológico Essa processo simultâneo antieconômico é denominado ciclo fútil Exemplo: AS HEXOCINASES DO MÚSCULO E DO FÍGADO A hexocinase catalisa a entrada da glicose na via catalítica Os humanos têm quatro isoenzimas hexocinase (designinadas I a IV) HEXOCINASE I E II A hexocinase I e II é predominante dos miócitos e tem alta afinidade pela glicose Essas isoenzimas são inibidas alostericamente por seu produto, a glicose-6-fosfato Sempre que a concentração intracelular de glicose se eleva acima do seu nível normal, a glicose-6-fosfato atua inibindo a enzima hexocinase, de forma temporária e reversível 9 Bioquímica II – L.M HEXOCINASE IV O fígado é fundamental para manter a homeostasia da glicose sanguínea, produzindo ou consumindo açúcar, dependendo da sua concentração sanguínea A hexocinase IV, ou glicocinase, é a isoenzima predominante no fígado A hexocinase IV não é inibida pela glicose-6-fosfato e, por isso, pode continuar agindo quando o acúmulo do substrato inibe completamente as hexocinase I-III A hexocinase IV está sujeita à inibição pela interação reversível com uma proteína reguladora específica do fígado A glicose compete com a frutose-6-fosfato presente no fígado e causa a dissociação da proteína reguladora da hexocinase, removendo a inibição Após uma refeição rica em carboidratos, quando a glicose sanguínea estiver alta, ela entra nos hepatócitos via GLUT2 e ativa a hexocinase por esse mecanismo. Durante o jejum, a frutose-6-fosfato provoca a inibição da hexocinase IV pela proteína reguladora, de forma que o fígado não compete com outros órgãos pela glicose escassa MECANISMO DE INIBIÇÃO PELA PROTEÍNA REGULADORA: a proteína ancora a enzima dentro do núcleo, onde ela fica segregada das outras enzimas da glicólise no citosol. Quando a concentração da glicose no citosol se eleva, ela equilibra com a glicose no núcleo pelo transporte por meio dos poros nucleares. A glicose causa a dissociação da proteína reguladora, e a hexocinase passa para o citosol e inicia a fosforilação da glicose FOSFOFRUTOCINASE-1 (PFK-1) E FRUTOSE-1,6-BIFOSFATASE (FBPASE-1) PFK-1 A reação catabólica da reação frutose-1,6-bifosfato em gliceraldeído-3-fosfato é catalisa pela PFK-1 Essa enzima tem vários sítios reguladores aos quais seligam os ativadores ou inibidores aloestérico ATP: o ATP, quando em alta concentração, sinaliza que ele está sendo produzido mais rapidamente do que está sendo consumido, o mesmo inibe a PFK-1, o que reduz a sua finalidade pelo substrato frutose-6-fosfato ADP E AMP: quando suas concentrações aumentam à medida que o consumo de ATP suplanta a produção, atuam alostericamente para liberar a inibição pelo ATP, liberando a ação da PFK-1 na glicólise CITRATO: o citrato é a forma ionizada do ácido cítrico; concentrações alta de contrato aumenta o efeito inibidor do ATP, reduzindo ainda mais o fluxo de glicose pela glicólise FBPASE-1 A etapa correspondente na gliconeogênese é a conversão da frutose-1,6-bifosfato em frutose-6- fosfato, catalisada pela enzima FBPase Essa enzima é fortemente inibida pelo AMP 10 Bioquímica II – L.M Quando o suprimento de ATP é baixo, diminui a síntese de glicose que requer ATP Assim, as enzimas PFK-1 e FBPase-1 reagem de forma oposta em uma mesma reação Quando há concentração suficiente de acetil-CoA ou de citrato, ou ainda de ATP, a gliconeogense é favorecida Quando o nível de AMP aumenta, isso promove a glicólise pela estimulação da PFK-1 FRUTOSE-2-6-BIFOSFATO (F26B) Quando a glicose sanguínea está alta, a insulina sinaliza para o fígado usar o açúcar como combustível e como precursor na síntese e no armazenamento de glicogênio e triacilglicerol A regulação hormonal rápida da glicólise e da gliconeogênese é medida pela frutose-2,6- bifosfato, efetor alostérico das enzimas PFK-1 e FBPase-1 Quando a frutose-2,6-bifosfato se liga ao seu sítio alostérico na PFK-1, ela aumenta a afinidade dessa enzima pela frutose-6-fosfato e reduz a afinidade pelos inibidores alostéricos ATP e citrato A PFK-1 fica praticamente inativa na ausência da F26B O efeito é oposto sobre a FBPase-1, na qual a F26B reduz a afinidade pela frutose-6-fosfato, reduzindo a gliconeogênese SÍNTESE E OXIDAÇÃO DA F26B: ela se forma pela fosforilação da frutose-6-fosfato, catalisada pela fosfofrutosecinase (PFK-2) e é degrada pela frutose-2,6-bifosfatase (FBPase-2). Essas duas enzimas são atividades enzimáticas separadas da glicólise 11 Bioquímica II – L.M PIRUVATO-CINASE NA GLICÓLISE: É encontrado pelo menos três isoenzimas da piruvato- cinase na corpo humano Altas concentrações de ATP, acetil-CoA e ácidos graxos de cadeia longa inibem alostericamente as isoenzimas da piruvato-cinase A isomeria do fígado (forma L), está sujeita à regulação adicional por fosforilação Quando a redução da glicose sanguínea causa a liberação de glucagon, a proteína-cinase dependente de cAMP fosforila a isoenzima L, inativando-a, causando a redução no uso da glicose pelo fígado Em resposta à adrenalina, o cAMP ativa a degradação do glicogênio e a glicólise e fornece o combustível necessário para a resposta de luta ou fuga NA GLICONEOGÊNESE: A concentração aumentada de acetil-CoA inibe o complexo da piruvato- desidrogenase, diminuindo a formação de acetil-CoA a partir de piruvato, estimulando a gliconeogênese A gliconeogênese é estimulado então pela ativação da piruvato-carboxilase, permitindo a conversão do excesso de piruvato em oxalacetato, terminado em glicose O oxalacetato assim formado é convertido em fosfoenolpiruvato (PEP) na reação pela PEP-carboxinase DIFERENÇAS NA REGULAÇÃO DO METABOLISMO DE CARBOIDRATOS NO FÍGADO E MÚSCULO 12 Bioquímica II – L.M Depois de sua captação para o interior da célula, a glicose pode ser usada imediatamente para liberar energia ou pode ser armazenada sob a forma de glicogênio, que é um grande polímero da glicose Esse armazenamento acontece principalmente no fígado e em menor quantidade nos músculos GLICOGÊNESE – SÍNTESE DE GLICOGÊNIO Ocorre no citosol das células e requer energia do ATP e UTP A enzima glicogênio-sintase é responsável pela formação das ligações alfa(1→4) no glicogênio Para ocorrer a glicogênese é necessário o aumento do nível de energia da glicose Etapas: 1. O ATP da glicose é quebrado, liberando ADP, a glicose se transforma em glicose-6-fosfato 2. O fosfato da molécula muda de posição, para o carbono 1, formando a glicose-1-fosfato – passo para possibilitar a ligação com outras moléculas de glicose 3. A célula gasta então um UTP (uracila), investindo a energia necessária para a síntese completa, formando o UDP-Glicose, com 2 fosfato Essa última etapa é facilmente reversível, para tornar- se irreversível, os dois fosfato da molécula é retirado na forma de um novo UDP, tendo agora energia suficiente para acrescentar a glicose à cadeia do glicogênio O glicogênio é formado por uma cadeia altamente ramificada, através de ligações glicosídicas, essa ramificação tem início na ligação de uma molécula de glicogenina com uma molécula de glicose As sucessivas ligações de glicoses são feitas pelos carbono alfa(1-→4) das moléculas de glicose A ramificação é vantajoso pois torna o glicogênio mais solúvel em água e sua catalisação acontece mais rapidamente quando preciso GLICOGENÓLISE – QUEBRA DO GLICOGÊNIO A catalisação do glicogênio forma novas moléculas de glicose e não é inverso a glicogênese Há primeiramente o encurtamento das cadeias, que cliva as ligações glicosídicas alfa(1→4) por meio de fosforólise simples, catalisada pela enzima glicogênio-fosforilase Uma enzima de desramificação remove as ramificações do glicogênio A glicose-1-fosfato, resultado da quebra do glicogênio, é convertida no citosol em glicose-6-fosfato pela fosfoglicomutase No fígado, a glicose-6-fosfato é transportada para o RE e depois para o citosol 13 Bioquímica II – L.M Essa glicose é levado na corrente sanguínea para manter os níveis de glicemia até que a via gliconeogênica esteja ativamente produzindo glicose REGULAÇÃO DA SÍNTESE E DEGRADAÇÃO DO GLICOGÊNIO No musculo esquelético, a degradação do glicogênio ocorre durante o exercício, e a síntese começa assim que o músculo entra novamente em repouso A ligação de hormônios a receptores da membrana acoplados à proteína G sinaliza a necessidade de o glicogênio ser degradado, tanto para elevar os níveis da glicose sanguínea como para fornecer energia ao músculo em exercício Ativação da proteína-cinase: a ligação do glucagon ou da adrenalina aos seus receptores específicos acoplados Proteína G (RAPG) nos hepatócitos, ou aos receptores RAPG da adrenalina nos miócitos, resulta na ativação da adenilato-ciclase mediada por proteína G. essa enzima catalisa a síntese de AMPc, o qual ativa a proteína-cinase A dependente de AMPc (PKA). A PKA fosforila enzimas do metabolismo do glicogênio, afetando suas atividades Ativação da fosforilase-cinase: a fosforilase-cinase existe em duas formas: uma inativa”b” e uma forma ativa “a”. A PKA ativada fosforila a e forma b inativa da fosforilase-cinase, resultando na ativação para usar a forma a Ativação da glicogênio-fosforilase: também existe em duas formas: a forma inativa b, desfosforilada, e a forma ativa a, fosforilada. A fosfoliase-cinase ativada, fosforila a glicogênio-fosforilase b, gerando a forma ativa “a”, que dá início à degradação do glicogênio Glicogênio-sintase: essa enzima também existe em sua forma ativa a e inativa b. a forma ativa é desfosforilada, enquanto a inativa é fosforilada. A glicogênio-sintase a é convertida na forma b por fosforilação em vários sítios da enzima. A glicogênio-sintase b pode ser transformada novamente em sintase a pela proteína- fosfatase-1, que remove hidrolicamente os grupos fosfato Regulação alostérica: a glicogenólise é aumentada quando níveis de energia e de glicose estiverem baixos. No estado alimentado, a glicogênio-sintase b, no fígado e no músculo, é alostericamente ativada por glicose-6-fosfato quando esta estiver presente em concentrações elevadas.Em contraste, a glicogênio-fosforilase é inibida alostericamente por glicose-6-fosfato, bem como por ATP 14 Bioquímica II – L.M Ativação da degradação pelo AMP: A glicogênio-fosforilase muscular é ativada na presença de altas concentrações de AMP, que ocorrem no músculo sob condições extremas de anoxia e de depleção de ATP DOENÇAS DE ARMAZENAMENTO DE GLICOGÊNIO Essas constituem um grupo de doenças genéticas resultantes de um defeito em uma das enzimas necessárias para a síntese ou para a degradação do glicogênio. Elas resultam na formação de glicogênio com estrutura anormal ou no acúmulo de quantidades excessivas de glicogênio normal em tecidos específicos, em consequência de uma degradação prejudicada Gravidade das doenças de armazenamento (depósito) do glicogênio (DDG) varia desde as fatais, no início da infância, até transtornos leves, que não ameaçam a vida. 15 Bioquímica II – L.M Carboidratos, proteínas e outras moléculas, quando obtidas da dieta em excesso em relação às necessidades desses compostos, podem ser convertidos em ácidos graxos, que são armazenados como triglicerídeos Em humanos, a síntese dos ácidos graxos ocorre principalmente no fígado e nas glândulas mamárias em lactação e, em menor extensão, no tecido adiposo O processo incorpora carbonos a partir da acetil-CoA na cadeia de ácido graxo em crescimento, usando ATP e nicotinamida-adenina-dinucleotídeo-fosfato (NADPH) reduzido A glicogenólise não é o único processo que permite a degradação da glicose para fornecer energia. O segundo mecanismo importante para a quebra e oxidação da glicose é chamado via da pentose fosfato (ou via do fosfogliconato), que é responsável por até 30% da quebra da glicose no fígado e até mesmo mais do que isso, nas células adiposas. Essa via é especialmente importante, porque pode fornecer energia independente de todas as enzimas do ciclo do ácido cítrico e é via alternativa para o metabolismo energético. Ocorre um desvio para a produção de NADPH e ribulose sai da glicose 6-fosfato → via das pentoses → frutose 6-fosfato
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