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apelação atividade 6 npj..

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA XX VARA CRIMINAL DE XXXXXX - XX
PROC. Nº: XXXXXXXXXXXXX
AUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
ACUSADO: CÉSAR CASTRO
CÉSAR CASTRO, já devidamente qualificado nos autos da presente ação penal, vem, com o devido respeito à presença de Vossa Excelência, por intermédio de seu patrono que ora assina, alicerçado no art. 593, inc. I, da Legislação Adjetiva Penal, interpor, tempestivamente (CPP, art. 593, caput), c/c o artigo 82 da Lei 9.099 de 95 o presente
RECURSO DE APELAÇÃO
em razão da referida sentença de fls.xxx do processo em espécie, a qual condenou o César ao crime de calúnia, como incurso no art. 138 do CPP, onde, por tais motivos, apresenta as Razões do recurso ora acostadas.
Desse modo, com a oitiva do Ministério Público Estadual, requer-se que Vossa Excelência conheça e admita este recurso, com a consequente remessa do mesmo ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do xxxxxx.
Nestes termos, 
pede deferimento.
Local e data.
Advogado
OAB/UF 
XXXXX
 RAZÕES DO RECURSO DE APELAÇÃO
APELANTE: CÉSAR CASTRO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL 
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ 
COLENDA TURMA JULGADORA
NOBRES DESEMBARGADORES 
1- DOS FATOS
No dia x, e horário xx, o apelante, ora ré, e a vítima, realizavam juntos uma obra, sendo o apelante na posição de servente de pedreiro e a vítima Pedro Santos na figura de Engenheiro Civil. 
Ocorre que no dia em questão, enquanto realizavam o trabalho, César após desentendimento com Pedro, o caluniou. Sendo assim, foi feito o boletim de ocorrência e o termo circunstanciado, onde foi oferecido a denúncia ao apelante. 
Iniciada a audiência de conciliação o membro do Ministério Público não ofereceu transação penal e as vítimas não chegaram a um acordo.
Por esta razão, logo após a instrução processual, César foi condenado pela prática do crime de calúnia, previsto no artigo 138 do CPP, sendo sancionada com a pena prevista no artigo referido.
2. DOS REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE RECURSAL
No que tange aos pressupostos recursais objetivos, é possível a notoriedade que o melhor recurso cabível para atacar sentença do juizado especial criminal é de fato o recurso apelatório, com base, na forma do artigo 76, parágrafo quinto, da Lei 9.099/95. 
A petição de interposição de recurso, acompanhada das razões recursais, atende à regularidade formal descrita no 82, parágrafo primeiro, da Lei 9.099/95. No tocante à tempestividade, a lei determina que o recurso apelatório seja manejado no prazo de 10 (dez) dias, constados da ciência da sentença, nos moldes do artigo 82, parágrafo primeiro, da Lei 9.099/95.
3- DO MÉRITO
3.1 NULIDADE ABSOLUTA DO FEITO
O direito a transação penal consiste em um direito subjetivo do que deve ser necessariamente proposto ao acusado no caso de preenchidas as condições para o mesmo, conforme previsto artigo 76 da lei 9.099 de 1995, onde o MP e o acusado firmam um acordo para antecipar a aplicação de penas e o processo ser arquivado.
Conforme analisa do caso em tela, percebesse que César, apesar de possuir antecedente criminal, o mesmo não fora condenado a pena privativa de liberdade em sentença transitada em julgado e nem realizou uma transição penal nos últimos 5 anos, conforme previsto no artigo ante exposto. Sendo assim, faz o apelante jus do direito de transação penal que no devido curso processual não foi observado e proposto pelo membro do Ministério Público, onde este deveria observar o rol do artigo 76, inciso II da lei 9.099 de 1995 e oferecer obrigatoriamente a transação penal. Cabe ressaltar a previsão da transação penal na CRFB/88, em seu artigo 98, inciso I, sendo assim, no caso em tela, o descumprimento da proposição da transação penal, desrespeitou também norma constitucional. 
Tendo em vista o ante exposto requer o apelante a nulidade absoluta do feito, para a correta aplicação da transação penal.
Senão vejamos o entendimento doutrinário:
“Desde que presentes as condições da transação, o Ministério Público está obrigado a fazer a proposta ao autuado. A expressão, hoje, tem o sentido de dever. Presentes suas condições, a transação impeditiva do processo é um direito penal público subjetivo de liberdade do autuado, obrigando o Ministério Público à sua proposição. No sentido de que se trata de um direito do autor do fato.  Caso o Ministério Público não proponha a transação ou se recuse a fazê-lo, deve fundamentar a negativa”. Por Damásio Evangelista de Jesus.
Vale a observação de que mesmo em ações penais privadas, cabe a aplicação e oferecimento da transação penal por parte do Ministério Público, como podemos ver ilustre entendimento jurisprudencial do STJ que dispõe o Fórum dos Juizados Especiais – FONAJE e em “seu enunciado 112 (substitui o enunciado 90) que “na ação penal de iniciativa privada cabe transação penal e a suspensão condicional do processo, mediante proposta do Ministério Público” (FONAJE, 2010) ”.
Segue no mesmo entendimento a Jurisprudência:
PENAL E PROCESSUAL PENAL. AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA. QUEIXA. INJÚRIA.
TRANSAÇÃO PENAL. AÇÃO PENAL PRIVADA. POSSIBILIDADE. LEGITIMIDADE DO QUERELANTE. JUSTA CAUSA EVIDENCIADA. RECEBIMENTO DA PEÇA ACUSATÓRIA.
I - A transação penal, assim como a suspensão condicional do processo, não se trata de direito público subjetivo do acusado, mas sim de poder-dever do Ministério Público (Precedentes desta e. Corte e do c. Supremo Tribunal Federal).
II - A jurisprudência dos Tribunais Superiores admite a aplicação da transação penal às ações penais privadas. Nesse caso, a legitimidade para formular a proposta é do ofendido, e o silêncio do querelante não constitui óbice ao prosseguimento da ação penal.
III - Isso porque, a transação penal, quando aplicada nas ações penais privadas, assenta-se nos princípios da disponibilidade e da oportunidade, o que significa que o seu implemento requer o mútuo consentimento das partes.
IV - Na injúria não se imputa fato determinado, mas se formulam juízos de valor, exteriorizando-se qualidades negativas ou defeitos que importem menoscabo, ultraje ou vilipêndio de alguém.
V - O exame das declarações proferidas pelo querelado na reunião do Conselho Deliberativo evidenciam, em juízo de prelibação, que houve, para além do mero animus criticandi, conduta que, aparentemente, se amolda ao tipo inserto no art. 140 do Código Penal, o que, por conseguinte, justifica o prosseguimento da ação penal.
Queixa recebida.
(APn 634/RJ, Rel. Ministro FELIX FISCHER, CORTE ESPECIAL, julgado em 21/03/2012, DJe 03/04/2012)”
Ainda nesta linha, destaco jurisprudência:
APELAÇÃO CRIMINAL.LESÕES CORPORAIS LEVES E AMEAÇA.TRANSAÇÃO PENAL NÃO OFERTADA. REQUEISITOS LEGAIS PREENCHIDOS. NULIDADE.
A inexistência de proposta de transação penal quando preenchidos os requisitos legais é causa de nulidade por inobservância ao disposto no art.76 da Lei 9.099/95. Nulidade decretada a contar da sentença condenatória, a fim de que seja oportunizado ao réu o benefício da transação penal. PROCESSO ANULADO. (Recurso Crime nº71006072839, Turma Recursal Criminal, Turmas Recursais, Relator: Luis Gustavo Zanella Piccinin. Julgado em 04/07/2016)
(TJ-RS – RC: nº71006072839, RS, Relator: Luis Gustavo Zanella Piccinin, Julgado em 04/07/2016, Turma Recursal Criminal, Data da Publicação: Diário da Justiça do dia 13/07/2016) ”.
4. DOS PEDIDOS
Ante o exposto requer o apelante o recebimento e reconhecimento do presente recurso de apelação e consequentemente a que seja deferido o peido de nulidade absoluta do processo, onde a nulidade decretada contará da sentença condenatória, com fins de dar a oportunidade e tutelar o direto do acusado a transação penal, com base nos artigos 76, inciso II da Lei 9.099 de 1995 e no artigo 198, inciso I da CRFB/88 e Enunciado 112 do FONAJE. 
Nestes termos,
Pede deferimento.
Advogado
OAB/UF XXXXX

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