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ECONOMIA POL´TICA

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ECONOMIA 
POLÍTICA
Rafael Stefani
Diferenças qualitativas 
e quantitativas 
do crescimento e 
desenvolvimento 
econômico
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Analisar o desenvolvimento como um processo de mudança 
qualitativa.
  Identificar crescimento e desenvolvimento como elementos do pro-
cesso de mudança na perspectiva quantitativa.
  Descrever os processos de evolução e revolução das modificações 
qualitativas e quantitativas.
Introdução
O debate acerca do conceito de desenvolvimento é bastante rico no meio 
acadêmico, principalmente quanto à distinção entre desenvolvimento 
e crescimento econômico, pois muitos autores atribuem apenas aos 
incrementos constantes no nível de renda a condição para se chegar 
ao desenvolvimento. 
Neste capítulo, você vai compreender as principais diferenças entre 
os aspectos quantitativos e qualitativos do crescimento econômico 
e seus impactos para a qualidade de vida da população. Além disso, 
vai identificar o crescimento e o desenvolvimento econômico como 
elementos do processo de mudança na perspectiva quantitativa, ana-
lisando esses processos de modificações qualitativas e quantitativas 
em sua evolução.
Desenvolvimento como processo 
de mudança qualitativa
Vamos iniciar nossa jornada para compreender o desenvolvimento como um 
processo de mudança. Primeiramente, é importante perceber que o termo 
“desenvolvimento” é amplamente utilizado na atualidade. Para a maioria 
das pessoas, ele representa um processo de mudança econômica trazido pela 
industrialização. O termo também implica um processo de mudança social, 
resultando em urbanização, adoção do estilo de vida moderno e novas atitu-
des. Além disso, o termo “desenvolvimento econômico” tem uma conotação 
de bem-estar, o que sugere que essa condição melhora a renda das pessoas 
e seus níveis de educação, condições de moradia e de saúde. Porém, desses 
diferentes signifi cados, o conceito de desenvolvimento é mais frequentemente 
associado com uma mudança econômica. Assim, para a maioria das pessoas, 
desenvolvimento signifi ca progresso econômico (MIDGLEY,1995).
O desenvolvimento econômico do século XX produziu enormes transfor-
mações no mundo frente aos níveis de crescimento sem precedentes, de modo 
que é razoável afirmar que as conquistas econômicas adquiridas no último 
século superam amplamente as conquistas do último milênio, ocasionando 
aumentos significativos nos níveis de bem-estar da sociedade global.
Na literatura especializada em economia, é muito comum vermos a asso-
ciação de desenvolvimento com industrialização, pois a indústria é responsável 
por incrementos positivos no nível do produto, no, assim chamado, crescimento 
econômico. Isso ocorre, principalmente, devido à ampliação da atividade 
econômica advinda dos efeitos de encadeamento oriundos do processo de 
industrialização. Tais efeitos servem para aumentar a crença de que a indus-
trialização é indispensável para se obter melhores níveis de crescimento e de 
qualidade de vida. Essa é a razão pela qual todos os países do mundo almejam 
tanto industrializar seu território (OLIVEIRA, 2002).
A partir de 1950, os países subdesenvolvidos, como o Brasil, deram atenção 
especial à elaboração e à implementação de planos para se alcançar o desen-
volvimento. Porém, esses planos limitavam-se a promover um processo de 
industrialização intensivo que, por ser sinônimo de crescimento econômico, era 
encarado como um processo de desenvolvimento econômico. O crescimento 
econômico, portanto, era idealizado como um sinônimo de bem-estar, na 
tentativa de espelhamento com o padrão de vidas dos EUA e da Inglaterra, 
por exemplo. 
Diferenças qualitativas e quantitativas do crescimento e desenvolvimento econômico2
Nessa rota, o crescimento do produto e da renda estava centrado na acu-
mulação de capital e na industrialização baseada na estratégia de substituição 
de importações. Essa estratégia visava produzir internamente o que antes era 
importado. Para tanto, protegiam-se os produtores internos da concorrência 
estrangeira por meio de taxas e tarifas de importação, além de uma série de 
benefícios concedidos pelos governos, que acreditavam que a industrialização 
era a chave do desenvolvimento. Esse foi o caminho escolhido para se tentar 
romper os laços de dependência que os países periféricos (subdesenvolvidos ou 
em desenvolvimento) mantinham, e, segundo alguns autores, ainda mantêm, 
com os países centrais (desenvolvidos).
Todas as medidas promovidas no Brasil conseguiram ampliar seu parque 
produtivo e a produção tecnológica, mas o crescimento econômico trouxe 
consigo a assimetria social. A duras penas o país descobriu que industrialização 
e crescimento não significam, necessariamente, desenvolvimento humano. A 
necessidade de industrializar e crescer deixa turva a visão dos planejadores e 
dificulta que se veja aquilo que realmente importa no processo de desenvolvi-
mento: a qualidade de vida da população. Por muito tempo, esqueceu-se que 
as pessoas são tanto os meios quanto o fim do desenvolvimento econômico. 
O que importa, na verdade, mais do que o simples nível de crescimento ou de 
industrialização, é o modo como os frutos do progresso, da industrialização 
e do crescimento econômico são distribuídos para a população, de modo a 
melhorar a vida de todos.
Os estudos realizados para discutir os problemas dos países atrasados 
apontaram para uma miríade de causas que explicaram o subdesenvolvimento 
de alguns países. Essa falta de consenso entre teóricos proporcionou que, a 
cada momento da história, um fator ganhasse mais destaque do que os demais 
nas explicações do subdesenvolvimento. Os fatores de maior relevância em 
diferentes períodos foram: ora falta de política de redistribuição do excedente 
econômico, ora a necessidade de especialização em setores e produtos com 
notória vantagem competitiva (David Ricardo), ora a falta de diversificação 
da base produtiva (Nicholas Kaldor), ora a escassez de recursos naturais, ora 
justamente a abundância de recursos naturais (Richard Auty), ora a falta de 
capital humano (Theodore Schultz), ora a falta de poupança, ora a falta de ins-
tituições (Thorstein Veblen), ora a presença de uma elite atrasada no comando 
dos países, ora a falta de uma ação consciente e deliberada de transformação 
das estruturas pelas massas com base numa ideologia desenvolvimentista 
(Celso Furtado). 
3Diferenças qualitativas e quantitativas do crescimento e desenvolvimento econômico
Após inúmeros debates e experiências malsucedidas, o que realmente se 
sabe é que o crescimento por si só não é suficiente. Pensa-se, hoje, cada vez 
mais, em como as pessoas são afetadas pelo processo de crescimento, ou, em 
outras palavras, a pergunta capital é se os incrementos positivos no produto 
e na renda total estão sendo utilizados ou direcionados eficientemente para 
promover o desenvolvimento humano. 
Mas é possível chegar ao desenvolvimento econômico? Celso Furtado 
(1974), em seu livro O mito do desenvolvimento econômico, adverte que será 
impossível universalizar o desenvolvimento econômico, ou melhor, o pensador 
entende que o padrão de consumo da minoria da humanidade, que vive nos 
países desenvolvidos, nunca será acessível às grandes massas da população 
pobre do mundo. Caso ocorresse a universalização do padrão de vida dos EUA, 
por exemplo, a pressão sobre os recursos naturais não renováveis e a poluição 
do meio ambiente conduziriam o sistema econômico ao colapso.
Mas essa visão não é mais moderna. As pessoas e seu nível de vida estão 
se tornando o propósito final do desenvolvimento, pois é mais importante 
saber que oportunidades as crianças e os jovens têm de acesso à educação, à 
saúde e a uma moradia digna, enfim, de desfrutar uma longa vida produtiva 
que lhes permita manter uma família —, e é nesse sentido que existe uma 
conscientização dos formadores de política para cada vez mais buscar desen-
volver economicamenteuma nação. 
Os recursos naturais entram nesse bojo de novas preocupações. A utili-
zação intensa do meio ambiente provocada pela industrialização e reforçada 
nos diversos modos de consumo chama a atenção de pensadores atrelados 
ao desenvolvimento. Os recursos necessários para a produção de bens de 
consumo são limitados, alguns deles são finitos e outros renováveis, porém, 
não podem suportar por muito tempo a extração sem mitigação e em nome 
de um crescimento desenfreado da economia. 
O conceito de desenvolvimento sustentável surgiu no relatório de Brun-
dtland, em 1987, fruto de análises coordenadas pela Comissão Mundial sobre 
o Meio Ambiente e o Desenvolvimento criada em 1983 pela Assembleia Geral 
das Nações Unidas, com o propósito de desenvolver o crescimento econômico 
e superar a pobreza dos países desenvolvidos e em desenvolvimento.
No Brasil, em 1992, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Am-
biente e o Desenvolvimento (também conhecida por Rio 92, Eco 92 ou Cúpula 
da Terra) mostrou para a humanidade a responsabilidade e a necessidade da 
conciliação entre o desenvolvimento econômico, social e a utilização dos 
recursos naturais. Os participantes do evento chegaram a um consenso de 
Diferenças qualitativas e quantitativas do crescimento e desenvolvimento econômico4
que os países desenvolvidos eram os maiores responsáveis pelos danos ao 
meio ambiente e que os países em desenvolvimento necessitavam de apoio 
financeiro e tecnológico para caminhar ao novo conceito de sustentabilidade. 
O desenvolvimento sustentável é composto pelas dimensões econômica, am-
biental e empresarial e seu objetivo é obter crescimento econômico por meio 
da preservação do meio ambiente e pelo respeito aos anseios dos diversos 
agentes sociais, contribuindo, assim, para a melhoria da qualidade de vida 
da sociedade.
Finalmente, o conceito de desenvolvimento sustentável, embora criado 
há vários anos, ainda está em fase de desenvolvimento e sem prazo para 
conclusão. Sua temática provoca discussões em todos os países, ao passo que 
o bem comum da humanidade depende muito do nosso presente, das nossas 
atitudes com as relações econômicas e naturais. Contudo, nota-se que o atual 
modo de vida está impregnado na consciência da maioria da população, que 
o lucro é objeto alvo de qualquer investimento e as questões socioambientais 
são deixadas de lado. Diante desse cenário, fica em evidencia a necessidade 
de construir novos hábitos para as futuras gerações, promovendo uma ree-
ducação ética e moral. Na qualidade de seres racionais, a raça humana tem o 
livre arbítrio, o poder de pensar e realizar ações, e tal virtude nos dá o ônus 
de assumir inteiramente a responsabilidade não só pelas questões ambientais, 
mas também pela busca contínua do desenvolvimento sustentável e da melhora 
da qualidade de vida de todos os seres vivos de nosso planeta. 
Para além do debate acerca do desenvolvimento sustentável, cabe salientar o 
perigo de acreditar que ele funcionará como uma fórmula mágica para resolver 
os problemas socioambientais. Seu maior mérito talvez resida no fato de que 
se abre um espaço para o debate acerca de responsabilidade individual que 
é capaz de atingir uma escala global. Somente dessa maneira será possível 
avançar no tema e nas questões ligadas à natureza e seu entorno.
Ficou curioso e quer saber mais sobre a Cúpula da Terra? Então acesse o link a seguir 
e confira.
https://qrgo.page.link/8tbAX
5Diferenças qualitativas e quantitativas do crescimento e desenvolvimento econômico
Crescimento e desenvolvimento: elementos 
do processo de mudança na perspectiva 
quantitativa
Vamos, agora, compreender o desenvolvimento como mudança na perspectiva 
quantitativa. Para os economistas, sempre foi necessário mensurar o desenvol-
vimento econômico. Por esse motivo, utiliza-se o processo mais prático, que é 
o quantitativo, e que inicialmente foi associado com a ideia única e exclusiva 
do crescimento da produção. Porém, a mensuração do desenvolvimento tomou 
novos rumos e proporções.
O desenvolvimento econômico muda o foco da análise, mas mantém a 
forma e as métricas de avaliação, afinal, ainda é preciso medir para efeitos de 
comparação e a adoção de correção ou manutenção. A Organização Mundial 
da Saúde (OMS), por meio do Grupo de Qualidade de Vida, desenvolveu um 
conjunto de esforços, agregando cientistas de todo o mundo, para estabelecer 
consensos sobre medidas de desempenho entre outras definições. O mérito da 
OMS está na validação do inquestionável aspecto subjetivo sobre qualidade 
de vida, ou seja, a perspectiva do indivíduo é o que deve estar no centro das 
avaliações. 
Mas é possível medir a qualidade de vida?
Apesar de não ser tarefa fácil, existem diversos esforços e inúmeros in-
dicadores capazes de quantitativamente indicar o processo de mudança na 
qualidade de vida do ser humano. O Índice de Desenvolvimento Humano 
(IDH) é uma das formas mais tradicionais de se mensurar o bem-estar de 
grandes populações, pois tem como objetivo ser um indicador sintético ali-
cerçado na noção de capacidades, ou seja, numa leitura ampla do conceito 
de desenvolvimento humano, no qual, por exemplo, saúde e educação são 
dimensões importantes. Mas há outras propostas quantitativas que procuram 
sempre identificar se o indivíduo está em um processo evolutivo do ponto de 
vista de seu desenvolvimento. Vamos conferir?
Os instrumentos para avaliação da qualidade de vida variam de acordo 
com a abordagem e os objetivos do estudo. No Brasil, há uma tentativa de 
avaliar as múltiplas esferas que envolvem a qualidade de vida com a tradução 
e aplicação do Questionário Genérico de Avaliação da Qualidade de Vida, 
o SF-36. O instrumento é constituído de 36 itens, fornecendo pontuação em 
oito dimensões da qualidade de vida: capacidade funcional, limitação por 
aspectos físicos, dor, estado geral de saúde, vitalidade, aspectos sociais, 
aspectos emocionais e saúde mental. A pontuação varia de 0 (pior resultado) 
a 100 (melhor resultado). 
Diferenças qualitativas e quantitativas do crescimento e desenvolvimento econômico6
Ficou curioso e quer saber mais sobre o Questionário Genérico de Avaliação da 
Qualidade de Vida (SF-36), que foi originalmente criado na língua inglesa e é de fácil 
administração e compreensão? Acesse o link a seguir e saiba mais.
https://qrgo.page.link/Lbdwj
Outro importante indicador quantitativo que procura medir de forma quali-
tativa a qualidade de vida população foi desenvolvido pela OMS em um grupo 
intitulado World Health Organization Quality of Life (WHOQOL). O material 
foi traduzido e avaliado para o Brasil e tem como objetivo avaliar a qualidade 
de vida geral das pessoas com diferentes culturas. A versão “longa” considera 
seis domínios para análise: físico, psicológico, nível de independência, relações 
sociais, ambiente e aspectos espirituais/religião/crenças pessoais. Amplamente 
utilizado por diversas áreas do conhecimento, o WHOQOL tem especial 
destaque na área da saúde, considerando as necessidades de ampliação nas 
avaliações em saúde de grupos e sociedades, e apresenta uma vantagem de 
permitir a comparação de seus resultados entre diferentes populações por ser 
validado de forma similar para muitos países e apresentar uma abordagem 
multicultural. 
O WHOQOL é uma avaliação de qualidade de vida desenvolvida pelo WHOQOL 
Group com quinze centros internacional e que procura desenvolver uma avaliação de 
qualidade de vida que seria aplicável transculturalmente. Saiba mais no link a seguir.
https://qrgo.page.link/k3wND
Em suma, os instrumentos de medida quantitativos continuam sendo 
desenvolvidos para a compreensão do estado de saúde e bem-estar geral 
da população em uma determinada situação. É muito difícil transformar a 
complexidade humana em números, contudo, é a maneira que ainda persiste 
na tentativa de compreender, sob o prisma de medidas, a comparação temporal 
e multidimensional do indivíduo.
7Diferenças qualitativas e quantitativasdo crescimento e desenvolvimento econômico
Os processos de evolução das modificações 
qualitativas e quantitativas
A construção do conceito de desenvolvimento passou por importantes trans-
formações nas últimas décadas atreladas aos modelos econômicos vigentes e 
à melhoria das condições de vida dos indivíduos. Devido à sua importância, 
o desenvolvimento desponta como um dos conceitos mais empregados nos 
estudos acadêmicos. Apesar disso, mesmo nos dias atuais, a compreensão do 
seu signifi cado ainda passa por um processo de transição. 
Podendo ser visto desde como sinônimo de crescimento econômico até 
como o maior transformador social capaz de garantir a preservação do meio 
ambiente e da qualidade de vida, o significado de desenvolvimento foi sendo 
ampliado ao longo da história, evoluindo do reducionismo econômico para o 
desenvolvimento sustentável. Durante esse processo de transformação, foram 
inseridos novos paradigmas no conceito e o debate em torno do seu significado 
foi ampliado (PEREIRA, 2018).
Constata-se que esse termo, já pesquisado por diversos autores, com dife-
rentes enfoques, pode ser classificado em três principais correntes: 
  desenvolvimento como crescimento econômico; 
  desenvolvimento diferente de crescimento econômico; 
  desenvolvimento como sustentabilidade. 
A primeira corrente sugere que desenvolvimento é sinônimo de crescimento 
econômico e que se restringe à acumulação de capital (BRESSER-PEREIRA, 
2006). Por outro lado, a segunda corrente enxerga que o desenvolvimento vai 
além do acúmulo de riqueza e que também inclui outros aspectos, tais como: 
ética, política e questões sociais. Já a terceira corrente propõe uma visão 
adicional ao significado de desenvolvimento ao defender que esse termo deve 
estar aliado à preservação ambiental a longo prazo (PEREIRA, 2018).
É de relativo consenso que, logo após a Segunda Guerra Mundial, ma-
nifestava-se uma corrente divergente de teoria do desenvolvimento — de-
senvolvimento diferente de crescimento econômico — que se preocupou 
com o desenvolvimento aliado ao crescimento econômico, porém, não sendo 
sinônimo dele. Tendo como pano de fundo as elevadas taxas de crescimento 
que tanto os países centrais quanto os periféricos começaram a experimentar, 
a problemática do desenvolvimento passou a ser discutida de forma intensa 
no meio acadêmico. 
Diferenças qualitativas e quantitativas do crescimento e desenvolvimento econômico8
O fato é que, antes do término da Grande Guerra, o atraso econômico e 
social das regiões pobres do mundo não recebia grande atenção da ciência 
econômica e as discussões sobre desenvolvimento desses países restringiam-se, 
basicamente, às agências da ONU e a algumas organizações internacionais. 
Após a Guerra, a eficácia de muitas afirmações ditadas pelo pensamento 
econômico clássico começaram a ser questionadas, em função de não terem 
conseguido lidar com as crises do capitalismo e com a enorme disparidade 
do nível de renda entre países ricos e pobres.
Ao procurar compreender e equacionar as distorções entre os países, a 
Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL) foi um importante 
agente para contribuir na formação de um novo modelo para análise dos 
problemas econômicos e sociais dos países “capitalistas retardatários”. Seus 
estudiosos, conhecidos como cepalinos ou estruturalistas, levaram em conta, 
principalmente, as diferentes formas de dependência entre os países centrais 
e os países periféricos. Os autores se depararam com os limites da teoria 
vigente sobre desenvolvimento, que se moldava no contexto econômico dos 
países ricos e industrializados e utilizava a mesma premissa desses países 
para interpretar a realidade dos países menos avançados (PEREIRA, 2018).
Inflada por esse debate, em meados da década de 1970, cresce a ideia de 
que, além da multiplicação de riqueza material, o desenvolvimento econô-
mico também deveria envolver ética, política e questões sociais. Além disso, 
equidade, igualdade e solidariedade estão inseridas no “novo” conceito de 
desenvolvimento, como consequências alcançáveis em longo prazo. O cres-
cimento seria uma condição necessária, mas não suficiente para o alcance de 
uma vida melhor. A crítica centrava na ideia de que o crescimento econômico 
(per se) traria prosperidade e distribuiria a força de trabalho, contudo, mesmo 
com os esforços quanto à mudança dos novos sentidos dados ao caráter de 
desenvolvimento, o que ocorreu foi um aumento da desigualdade entre as 
classes sociais (SACHS, 2004).
Aprofunda-se o consenso de que o desenvolvimento econômico seria apenas 
o aumento da produção de uma economia, medido normalmente pela variação 
do PNB (Produto Nacional Bruto) ou do PIB (Produto Interno Bruto), em que 
se apresentava apenas como um processo de mudança de caráter predominante 
quantitativo e passa a se tornar um processo mais abrangente, envolvendo, 
também, mudanças sociais que se relacionam com outros elementos e es-
truturas, configurando um complexo sistema de interações. Dessa maneira, 
reforça-se que o desenvolvimento vai além de mudanças econômicas, incluindo, 
também, melhoras em indicadores sociais como pobreza, desigualdade, saúde, 
moradia e educação. 
9Diferenças qualitativas e quantitativas do crescimento e desenvolvimento econômico
Foi a partir da década de 1970 que o amadurecimento dos conceitos sobre 
desenvolvimento tomou novo corpo, especialmente a partir do filósofo e 
economista Amartya Sen, que trouxe novas perspectivas sobre o conceito 
de desenvolvimento, desvinculando-o definitivamente da ideia comumente 
aceita do termo associado ao crescimento do PNB. Sen (2000) descreve cinco 
tipos de liberdade de caráter instrumental: a liberdade política, econômica, 
social, de transparência e de segurança protetora. A primeira diz respeito à 
democracia e à oportunidade que o indivíduo tem de escolher quem o governa 
e de expressar sua opinião política. A segunda refere-se às oportunidades que 
os indivíduos têm para utilizar os recursos econômicos com propósitos de 
consumo, produção ou troca. Já as oportunidades sociais dizem respeito ao 
direito a saúde, educação e cultura. A liberdade de transparência fala sobre a 
capacidade das pessoas de lidarem com a sinceridade das outras, e, por fim, 
a liberdade de segurança protetora está ligada à necessidade de impedir que 
a população mais pobre chegue à miséria ou morra (SEN, 2000). 
Esse enfoque dado pelo autor ilustra sua teoria do desenvolvimento como 
liberdade. A ideia de desenvolvimento de Sen, construída a partir do aumento 
das liberdades humanas, foca na eliminação de privações de liberdade que 
limitam as escolhas e as oportunidades das pessoas de exercer ponderadamente 
sua condição de agente. As liberdades como a de receber educação, saúde e 
participar da política contribuem para o desenvolvimento e, como uma via 
de mão dupla, a privação de uma dessas liberdades contribui para a privação 
de outras, formando um processo de influências diretamente interligadas. 
Dessa forma, o conceito evolui de métodos unicamente quantitativos para 
elementos qualitativos, em que o enfoque à liberdade humana contrasta com 
concepções mais estreitas do desenvolvimento, como as que o identificam 
com o crescimento do produto nacional bruto ou com o aumento da renda 
pessoal, ou com a industrialização, ou com o avanço tecnológico, ou com a 
modernização social. Ver o desenvolvimento em termos da expansão das 
liberdades dirige a atenção para os fins que tornam o desenvolvimento im-
portante, antes que meramente para os meios, que cumprem apenas uma parte 
no processo (SEN, 2000).
A partir de 1990, outra abordagem sobre desenvolvimento entra no cenário 
mundial: a do desenvolvimento sustentável. Essa terceira e última abordagem 
sobre o tema inicia com a repercussão das desigualdades e dos desastres oca-
sionados pelo sistema capitalista globalizado, o qual priorizava o crescimento 
econômico frente ao desenvolvimento humano (PEREIRA, 2018). 
Diferençasqualitativas e quantitativas do crescimento e desenvolvimento econômico10
A degradação ambiental condicionada pela racionalidade econômica e 
tecnológica do modelo dominante de desenvolvimento gerou desequilíbrios: 
por um lado, houve progresso econômico e social, por outro, também houve 
miséria e degradação ambiental. Diante da realidade de se considerar a so-
ciedade atual como insustentável a médio ou a longo prazo, surge o desen-
volvimento sustentável, procurando conciliar o crescimento econômico com 
a preservação ambiental.
O conceito de desenvolvimento sustentável surge para dar respostas à crise 
ambiental e tentar harmonizar os processos econômicos com o meio ambiente. 
Há, centralmente, a defesa da harmonização entre o desenvolvimento econô-
mico, ambiental e social. Além disso, observa-se que a proposta de desenvol-
vimento sustentável, na medida em que propõe o aumento da produtividade 
e do crescimento econômico com menores riscos socioambientais, busca a 
manutenção do atual modelo de produção capitalista com modificações, e 
não, necessariamente, a transformação ou a revolução para um novo modelo 
de manutenção da vida moderna.
Em suma, é possível afirmar que o processo de mudança do conceito de 
desenvolvimento ocorreu influenciado diretamente pelas transformações 
econômicas e históricas da sociedade. Fica claro que a evolução do conceito de 
desenvolvimento não aconteceu de forma simples, mas a partir de um processo 
complexo e dinâmico, espelhado diretamente pela economia de mercado, pela 
acumulação de capital e pelo padrão de vida dos indivíduos. 
Logo, o conceito de desenvolvimento utilizado nos dias de hoje — desen-
volvimento sustentável —, apesar de transcender a perspectiva meramente 
econômica, continua relacionando-se à possibilidade da evolução do sistema 
capitalista, porém, aliado à preservação ambiental. Nesse sentido, o termo 
desenvolvimento sustentável é frequentemente criticado devido à falta de uma 
delineação mais clara. Pouco se sabe ainda sobre a verdadeira potencialidade 
do desenvolvimento sustentável, mas pode-se afirmar que esse tipo de desen-
volvimento não remete apenas à conservação da natureza. Em uma concepção 
mais ampla, seu significado aponta para novos modelos de progresso e para 
transformações sociais. Ressalta-se ainda que, além da sua amplitude, esse 
termo deve ser analisado dependendo do contexto e do tempo, sendo, portanto, 
aberto e dinâmico.
Finalmente, é importante reconhecer que o conceito de desenvolvimento é 
um paradigma em construção que não deve ser investigado como algo único. 
Dessa forma, ainda há espaço para novas formulações e concepções que 
alterem a forma e a maneira de compreensão e de mensuração de algo que 
deve ter como fim a melhora da qualidade de vida de todos.
11Diferenças qualitativas e quantitativas do crescimento e desenvolvimento econômico
BRESSER-PEREIRA, L. C. O conceito histórico do desenvolvimento econômico. Fundação 
Getúlio Vargas, 2006. 
FURTADO, C. O mito do desenvolvimento econômico. São Paulo: Círculo do Livro, 1974.
MIDGLEY, J. Social Development: The Developmental Perspective in Social Welfare. 
London, Thousand Oaks, CA and New Delhi: Sage, 1995.
OLIVEIRA, G. B. Uma discussão sobre o conceito de desenvolvimento. Revista da FAE, 
Curitiba, v. 5, n. 2, p. 37-48, maio/ago. 2002.
PEREIRA, R. C. A. Desenvolvimento: uma análise do processo de mudança de seu 
significado. Revista Contribuciones a la Economía, 2018.
SACHS, I. Desenvolvimento: includente, sustentável, sustentado. Rio de Janeiro: Gara-
mond, 2004. 
SEN, A. K. Desenvolvimento como liberdade. São Paulo: Cia das Letras, 2000.
Leitura recomendada 
VIEIRA, E. T. Industrialização e políticas de desenvolvimento regional: o Vale do Paraíba 
paulista na segunda metade do século XX. 2009. Tese (Doutorado em História Eco-
nômica) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.
Diferenças qualitativas e quantitativas do crescimento e desenvolvimento econômico12

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