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Prova de Tributário 
Questão Aberta 
Questão:
Suponha que você fosse advogado especialista em tributação da renda pessoa física e jurídica e que tivesse atendido um cliente via Call Conference, interessado em esclarecer algumas dúvidas sobre o Imposto de Renda. O cliente narrou o seguinte: “Sou sócio-administrador de uma Pessoa Jurídica que se dedica à prestação de serviços de Consultoria em Gestão. Todo ano optamos, na Pessoa Jurídica, pelo regime do lucro presumido. Agora em 2020 tínhamos essa mesma intenção. Porém, com a crise do COVID-19, tivemos vários contratos imediatamente cancelados e a expectativa que tínhamos de receita para 2020 se reduziu consideravelmente (nossa previsão é que somente vamos receber cerca de 20% da receita que estimávamos receber). Não temos a intenção de reduzirmos nossos custos e despesas, uma vez que acreditamos na recuperação da economia no último trimestre de 2020 e precisamos estar bem posicionados no mercado para nos recuperarmos (nossos custos e despesas representavam cerca de 45% do valor das receitas que estimávamos receber). No que tange a esse ponto, gostaríamos de saber: 
a) se seria recomendável mantermos, para 2020, nosso hábito de optarmos pelo lucro presumido para apuração do IRPJ? 
Primeiramente, cabe ressaltar que o lucro Real é um regime que parte do lucro contábil do contribuinte (confronto de receitas e despesas/custos) que, após os ajustes previstos na legislação (adições e exclusões temporárias ou permanentes), resultará em uma base tributável. Esse regime é apurado de forma trimestral, mas é facultado ao contribuinte optar pelo seu regime anual, com antecipações mensais.
Por outro lado, o lucro presumido é um regime que observará apenas receitas e ganhos auferidos pela entidade. Como custos e despesas são desconsiderados, a legislação prevê a aplicação de percentuais de presunção do lucro auferido para que seja encontrada a base de cálculo dos dois tributos. 
Esses percentuais, por sua vez, são previstos pela legislação de acordo com a atividade despenhada, como 8% para venda de mercadoria ou 32% para prestações de serviço em geral. Diferentemente do lucro real, esse regime é sempre apurado trimestralmente.
Entre as diversas variáveis, uma que tem grande impacto na decisão do regime de apuração é a margem de lucro que se espera obter com a operação. 
Matematicamente, o regime do lucro real pode ser positivo ou negativo (prejuízo fiscal), sendo certo que é possível que as perdas fiscais sejam compensadas com lucros posteriores. Por outro lado, a presunção de lucratividade leva o contribuinte sempre a um resultado positivo, mesmo que os imprevistos tenham reduzido suas receitas e mantido (ou aumentado) suas despesas e custos.
Em situações como essa, aqueles contribuintes que acreditaram que o regime do lucro presumido seria o mais indicado para a sua operação podem se encontrar em uma situação de ter que desembolsar IRPJ e CSLL, mesmo incorrendo em prejuízo contábil.
Dessa forma, tendo em vista que o cliente só receberá 20% da receita que objetivava conseguir, seria recomendável mudar o lucro presumido para lucro real. 
b) qual o prazo para decisão sobre o regime de tributação aplicável?
Com fulcro no art. 587, §4º, do Regulamento do Imposto de Renda de 2018, a opção pelo lucro presumido apenas se opera com "o pagamento da primeira ou da quota única do imposto sobre a renda devido correspondente ao primeiro período de apuração de cada ano-calendário", ou seja, com o desembolso referente ao primeiro trimestre de 2020, encerrado em 31 de março.
Ora, sendo o vencimento da primeira quota ou quota única verificado apenas em 30 de abril a opção pelo lucro presumido ainda não foi efetivamente realizada por qualquer contribuinte para o ano-calendário de 2020. Portanto, há previsão legal expressa para que a pequena ou média empresa que esteja nesta situação possa apurar seus tributos com base no lucro real que, na realidade, é a regra geral.
c) caso a opção por um ou por outro regime se mostre prejudicial, quando poderemos alterá-la?”
Conforme dispõe os art. 26, da Lei 9.430/96 e art. 229, da Lei 9580/18, a alteração do regime escolhido só será possível no próximo exercício financeiro, sendo irretratável por todo ano-calendário.
Com relação ao Imposto de Renda Pessoa Física, o cliente ainda lhe fez os seguintes questionamentos: “Os únicos rendimentos que obtive em 2019 como pessoa física são provenientes: 1) da distribuição de lucros da PJ (R$ 240.000,00/ano); 2) de aplicações financeiras (Fundos de Investimento e CDB’s – R$ 52.000,00/ano). Além disso, também em 2019 (no mês de março), vendi um imóvel pelo preço de R$ 1,5 milhões. O custo de aquisição deste imóvel foi de R$ 890.000,00, em setembro de 2014. O valor obtido com a alienação do imóvel foi utilizado integralmente para aquisição de outro imóvel residencial, em junho de 2019. O custo de aquisição deste novo imóvel foi de R$ 2.500.000,00 e, para complementar o pagamento, utilizei os valores de doação recebida de meus pais, também em junho de 2019, no importe de R$ 700.000,00. Diante disso, pergunto:
 d) sou obrigado a apresentar, em 2020, a declaração de ajuste do IRPF, relativa aos rendimentos recebidos em 2019? 
Com fulcro no art.2°, inciso II, INn°1924, de 19/02/2020, estão obrigados a apresentar Declaração de Ajuste Anual referente ao exercício de 2020 as pessoas físicas residentes no Brasil que, no ano-calendário de 2019 que recebeu rendimentos isentos, não tributáveis ou tributados exclusivamente na fonte, cuja soma foi superior a R$ 40.000,00. De tal forma que, no contexto fático colacionado acima, analisa-se que a soma dos rendimentos isentos, seja eles distribuição de lucros da Pj e das aplicações financeiras, ultrapassaram o valor de 40 mil reais, totalizando 292 mil reais, sendo obrigado a apresentar a declaração de ajustes do IRPF.
e) qual o tratamento, no IRPF, dos rendimentos por mim recebidos (distribuição de lucros e rendimentos de aplicações financeiras)? 
As Aplicações Financeiras quanto os rendimentos de Distribuição de Lucros estão sujeitas à tributação exclusiva na fonte ou definitiva, portanto, não estão sujeitas a ajustes posteriores.  Desta forma, deverão ser declaradas, no entanto, não terão repercussão na obrigação de complementar o Imposto de Renda retido e nem no que diz respeito ao recebimento de restituição (a declaração de ajuste não tem efeito).
Todavia, considerando a distribuição de lucros, conforme dispõe o art. 10, da Lei 9.249/95, não há necessidade de declaração, “os lucros ou dividendos calculados com base nos resultados apurados a partir do mês de janeiro de 1996, pagos ou creditados pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado, não estão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte, nem integrarão a base de cálculo do imposto de renda do beneficiário, pessoa física ou jurídica, domiciliado no país ou no exterior.” Isto significa dizer que esses tipos de rendimentos são isentos de declaração, pois já são retidos na fonte, ou seja, tributo diretamente da pessoa jurídica. 
f) quais as repercussões, no que diz respeito ao IRPF, da alienação do imóvel realizada em 2019?
São isentos do Imposto de Renda o ganho auferido por pessoa física residente no País na venda de imóveis residenciais, desde que o alienante aplique o produto da venda na aquisição de imóveis residenciais localizados no País, no prazo de 180 dias contado da celebração do contrato, conforme art. 39 da Lei nº 11.196/05.
Para esse efeito, considera-se imóvel residencial a unidade construída em zona urbana ou rural para fins residenciais, segundo as normas disciplinadoras das edificações da localidade em que se situar. Essa isenção não é aplicável à:
a) hipótese de venda de imóvel residencial com o objetivo de quitar, total ou parcialmente, débito remanescente de aquisição a prazo ou à prestação de imóvel residencial já possuído pelo alienante;
b) venda ou aquisição de terreno;
c) aquisição somente de vaga de garagem ou de boxe de estacionamento.g) qual o tratamento tributário, no IRPF, da doação recebida de meus pais?
A doação não está sujeita à cobrança de Imposto de Renda, mas precisa ser declarada tanto pelo doador como pelo donatário (quem recebe a doação) para justificar o acréscimo no patrimônio do donatário.
Embora não pague Imposto de Renda, a doação em dinheiro de uma pessoa física para outra está sujeita à cobrança de um imposto estadual, o ITCMD (Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos). As regras de cobrança e de isenção variam de Estado para Estado.
 h) com base nas informações prestadas, qual seria o melhor modelo de declaração de ajuste a ser por mim apresentada, a completa ou a simplificada?”.
O modelo simplificado é a melhor opção para quem não tem muitas despesas para deduzir. Utiliza um abatimento padrão de 20% sobre a soma de todos os rendimentos tributáveis recebidos ao longo de 2019. Esse abatimento é limitado a R$ 16.754,34. Pode ser usado por qualquer contribuinte, independentemente do tamanho da renda total ou do número de fontes pagadoras. O imposto recolhido no ano passado, seja pela retenção em fonte, seja por meio do recolhimento obrigatório mensal (carnê-leão), deverá ser informado, pois será descontado do cálculo final do IR a pagar. 
Já o modelo completo O modelo completo é indicado para quem tem muitas despesas para deduzir, como gastos com plano de saúde, dependentes, etc. 
Como o cliente não tem deduções para serem feitas o modelo mais acertado seria o modelo simplificado.

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