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Resumo - Diagnóstico e Avaliação do Transtorno do Espectro Autista

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Diagnóstico e Avaliação do 
Transtorno do Espectro Autista 
Laura P. da Encarnação 
 Diagnóstico segundo DSM-V 
 
Especificar a gravidade atual: 
 
A gravidade baseia-se em prejuízos na comunicação social e em padrões 
de comportamento restritos e repetitivos 
 
 
 
Critérios: 
 
A. Déficits persistentes na comunicação social e na interação social 
presentes em múltiplos contextos; 
1. Déficits na reciprocidade socioemocional. 
2. Déficits nos comportamentos comunicativos não verbais. 
3. Déficits para desenvolver, manter e compreender relacionamentos. 
 
B. Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou 
atividades, conforme manifestado por pelo menos dois dos seguintes; 
1. Movimentos motores, uso de objetos ou fala estereotipados ou repetitivos. 
2. Insistência nas mesmas coisas, adesão inflexível a rotinas ou padrões 
ritualizados de comportamento verbal ou não verbal. 
3. Interesses fixos e altamente restritos que são anormais em intensidade ou 
foco. 
4. Hiper ou hipo reatividade a estímulos sensoriais ou interesse incomum por 
aspectos sensoriais do ambiente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
C. Os sintomas devem se manifestar no período do desenvolvimento, embora 
possam não ser totalmente manifestos até que o indivíduo enfrente 
demandas sociais que excedam suas capacidades limitadas; 
 
D. Os sintomas causam prejuízo significativo no funcionamento social, 
profissional e/ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo no 
presente. 
 
E. Essas perturbações não são mais bem explicadas por deficiência 
intelectual (transtorno do desenvolvimento intelectual) ou por atraso global 
do desenvolvimento. 
 
 
 
 Características dos critérios diagnósticos 
 
As características diagnósticas básicas surgem no período do 
desenvolvimento, embora possam ser mascaradas por intervenções, 
compensações e apoio. Manifestações do transtorno também variam muito 
de acordo com a gravidade da condição autista, do nível de desenvolvimento 
e da idade cronológica; por essa razão se utiliza o termo espectro. Os critérios 
diagnósticos são preenchidos quando o indivíduo apresenta padrões limitados 
e repetitivos de comportamento, interesses e/ou atividades desde a infância 
ou à partir de algum momento do passado mesmo que os sintomas não 
estejam mais presentes. 
Os prejuízos na comunicação e na interação social especificados no 
Critério A são globais e sustentados. A análise dos déficits verbais e não 
verbais na comunicação social dependem da idade, nível intelectual e 
capacidade linguística do indivíduo, assim como a história de tratamento e 
apoio atual. Os déficits de linguagem, podem variar de ausência total da fala, 
atrasos na linguagem, compreensão reduzida da fala, fala em eco, linguagem 
explicitamente literal ou afetada. 
Déficits na reciprocidade socioemocional são claramente evidentes em 
crianças pequenas com o transtorno, podem apresentar pequena ou 
nenhuma capacidade de iniciar interações sociais, compartilhar emoções, 
imitação reduzida ou ausente do comportamento de outros – quando há 
linguagem, costuma ser usada para solicitar algo ou rotular. Adultos podem 
apresentar dificuldades de processamento e resposta em diálogos, e em 
situações novas ou sem apoio, sofrem com o esforço e a ansiedade para 
compreender o que é socialmente aceito para a maioria dos indivíduos. 
Déficits em comportamentos de comunicação não verbal são indicados 
pelo uso atípico de contato visual, gestos, expressões faciais, orientação 
corporal, entonação da fala, dificuldade para seguir o gesto de apontar ou o 
olhar indicador de outras pessoas, evidenciando prejuízo na atenção 
compartilhada. Entre adultos, pode ser percebida como uma linguagem 
corporal estranha ou exagerada durante as interações. O repertório de gestos 
Deficiência intelectual ou transtorno do espectro autista 
costumam ser comórbidos; para fazer o diagnóstico desta 
comorbidade, a comunicação social deve estar abaixo do 
esperado para a fase de desenvolvimento.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
é menor do que o de outros, causando dificuldade em se expressar com 
espontaneidade na comunicação. 
Déficits para desenvolver, manter e compreender as relações devem ser 
julgados de acordo com a idade, gênero, cultura e relacionamentos do 
indivíduo. O interesse social é atípico, manifestado por rejeição, passividade 
ou abordagens que aparentam ser agressivas. É comum observar essa 
dificuldade em crianças pequenas, evidenciado pela falta de jogo social e 
imaginação compartilhados, e pela insistência em brincar seguindo regras 
muito fixas. Adultos enfrentam problemas para entender qual comportamento 
é apropriado em dada situação, ironias, piadas e mentirinhas. Apresentam 
preferência em realizar atividades sozinhos ou com pessoas muito mais 
jovens ou mais velhas. Possuem o desejo de estabelecer amizades embora 
não compreendam o que isso significa. 
Comportamentos estereotipados ou repetitivos, especificados no 
Critério B, incluem estereotipias motoras simples, como abanar as mãos e 
estalar os dedos, uso repetitivo de objetos e fala repetitiva podendo 
apresentar ecolalia, repetição de palavras ouvidas, uso de “tu” ao referir-se a 
si mesmo. São extremamente restritos às suas rotinas e padrões de 
comportamento, apresentando resistência a mudanças e/ou padrões 
ritualizados, como percorrer um perímetro. Possuem interesses limitados e 
fixos, de intensidade ou foco anormais, como uma criança pequena muito 
apegada a uma panela. A Hiper ou hipo reatividade a estímulos sensoriais se 
manifesta por meio de respostas exageradas a sons e texturas específicos, 
hábito de cheirar ou tocar objetos excessivamente, encantam-se por luzes ou 
objetos giratórios e, em certos casos, são indiferentes a dor, calor ou frio. Em 
virtude disto, apresentam rituais envolvendo o gosto, cheiro, textura ou 
aparência da comida ou restrições alimentares. 
 
 Avaliação do autismo 
 
A avaliação de um sujeito com TEA deve seguir algumas orientações 
para que o indivíduo se sinta confortável e realize o processo sem maiores 
dificuldades. É necessário estender o tempo de rapport, chamar a criança pelo 
nome e garantir o contato visual, usar reforçadores, realizar sessões mais 
breves ou intervalos maiores entre sessões normais, orientar as instruções 
pausadamente e de forma clara, permitir que um responsável acompanhe a 
testagem, certificar que o material está dentro do campo de visão da criança, 
incentivar a análise das opções apresentadas para que não haja respostas 
impulsivas. A avaliação é feita com o uso de testes padronizados, com 
propriedades psicométricas adequadas para avaliar: 
 
 
 
Inteligência Memória Atenção
Habilidades 
perceptuais
Habilidades 
motoras
Funções 
executivas
Habilidades 
acadêmicas
Viso 
construção
Linguagem
Cognição 
social
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Anamnese:
Busca compreender a história do sujeito, realiza a identificação da 
queixa atual à partir de uma investigação da história e progressão 
dos sintomas, do histórico pré, peri e pós-natal, da história médica e 
do desenvolvimento neuropsicomotor. Convém avaliar o 
desenvolvimento sociocomunicativo, se foram aplicadas 
intervenções terapêuticas e o histórico familiar e educacional; a vida 
social e as habilidades cognitivas; o desenvolvimento da linguagem, 
quais e quando foram suas primeiras vocalizações, palavras e 
frases; e outros padrões incomuns de desenvolvimento. 
Avaliação Indireta:
Uso de escalas breves, com informações limitadas, para determinar a 
necessidade de uma avaliação compreensiva. Embora não sejam 
suficientes para o diagnóstico, ajudam a complementar a avaliação 
direta, avaliando sintomas que se relacionam com a cognição. 
Convém aplicara Escala M-CHAT, Autism Behavior Checklist –
ABC, Childhood Autism Rating Scale – CARS.
PROTEA-R:
Pode ser aplicado em indivíduos de 24 até 60 meses, deve ser 
aplicada uma entrevista de anamnese e três sessões de observação 
do comportamento, a devolutiva é realizada em apenas uma sessão. 
Avalia o Transtorno de Espectro Autista à partir dos comportamentos 
sociocomunicativos: RAC e IAC (direcionamento, contato visual, 
expressões, gestos, sons, imitação), engajamento social, sorriso 
social, resposta ao contato físico, busca de assistência, 
retraimento/evitação/protesto; da brincadeira: Exploração dos 
brinquedos em relação à forma, quantidade e contextos, 
coordenação visomotora, brincadeira funcional e simbólica; e dos 
movimentos repetitivos e estereotipados: mãos, corpo, se realiza 
autolesão.
Bayley-III:
•Pode ser aplicado em indivíduos de 1 a 42 meses, a avaliação 
auxilia na identificação de déficits no desenvolvimento e no 
planejamento de intervenções nos domínios cognitivo, linguístico, 
motor, socioemocional e comportamento adaptativo.
WISC-IV:
•Aplicado em indivíduos com TEA para avaliar a diminuição 
significativa na velocidade de processamento, compreensão, 
semelhanças, raciocínio matricial e prejuízos comunicativos.
WISCONSIN:
•Teste de classificação de cartas utilizado na avaliação da 
flexibilidade, automonitoramento e inibição. É importante observar o 
número de categorias completadas, os ensaios administrados, 
respostas conceituais, erros perseverantes, perda de contexto e 
quantidade de erros até completar a categoria.
Escala de Regulação Emocional:
•Pode ser aplicado em indivíduos de 3 a 12 anos, avalia a expressão 
das emoções, empatia e autoconsciência emocional.
Escala de Labilidade/ Negatividade Emocional:
•Avalia a falta de flexibilidade, desregulação de raiva e instabilidade 
de humor.

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