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NÃO FAÇA A PROVA SEM SABER – PARTE 2 PRÉ-EDITAL DPU SUMÁRIO 1. Direito Civl.........................................................................................................02 2. Direito Empresarial...........................................................................................60 3. Direito Processual Civil.....................................................................................83 4. Direito Internacional........................................................................................122 DIREITO CIVIL1 PARTE I – ASSUNTOS MARCANTES E “DECOREBAS” DO CÓDIGO CIVIL - Princípios norteadores do CC/2002: OPERABILIDADE, SOCIALIDADE E ETICIDADE. - Teoria Tridimensional do Direito – Miguel Reale – o Direito é fato, valor e norma. LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO - LINDB - A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro – LINDB trata-se de norma de sobredireito, ou seja, de uma norma jurídica que visa a regulamentar outras normas (lei sobre leis ou lex legum). - Vacatio legis no Brasil: 45 dias, salvo disposição em contrário. Vacatio legis nos Estados estrangeiros: 3 meses. - Princípio da Vigência Sincrônica: a obrigatoriedade da lei é simultânea, porque entra em vigor a um só tempo em todo o país, ou seja, quarenta e cinco dias após sua publicação, não havendo data estipulada para sua entrada em vigor (Art. 1º). OBS: Não se aplica às leis orçamentárias, cujo vigor se inicia no 1° dia do ano. - Princípio da obrigatoriedade das leis: Se, antes de entrar em vigor, ocorrer nova publicação do seu texto, destinada a correção, o prazo de vacatio legis começa a correr da nova publicação. As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova. #LEMBRAR: É vedada a denominada repristinação tácita, somente sendo admitida a modalidade expressa (art. 2º, §3º, LINDB). #NÃOESQUECER: Não se esqueça da diferença de AB-ROGAÇÃO e DERROGAÇÃO: Ab-rogação Derrogação Revogação TOTAL de uma lei Revogação PARCIAL de uma lei 1 Por Diego Alves e Bruna Daronch #ATENÇÃO: Vejamos as regras trazidas pela LINDB sobre a lei aplicável no caso de conflito aparente de leis: - A lei do país em que for domiciliada a pessoa determina as regras cobre começo e fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família. - Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal. - A lei do país em que estiverem situados qualifica os bens e regula as relações a eles concernente. - Para qualificar e reger as obrigações, aplica-se a lei do país em que se constituírem. - A sucessão por morte ou por ausência é regulada pela lei do país em que era domiciliado o morto ou desaparecido. A sucessão de bens de estrangeiros, situados no Brasil, será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não for mais favorável a lei pessoal do de cujus. A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder. - Sociedades e fundações obedecem a lei do Estado em que se constituírem. - Só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer das ações relativas a imóveis situados no Brasil. #QUADRO-RESUMO: Começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família Domicílio Impedimentos dirimentes e formalidades de celebração do casamento realizado no Brasil Lei brasileira (domicílio) Celebração do casamento de estrangeiros Perante autoridades diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes (nacionalidade) Invalidade do casamento, quando os nubentes tiverem domicílio diverso Primeiro domicílio conjugal (domicílio) Regime de bens matrimonial, legal ou convencional Domicílio dos nubentes (se for diverso, primeiro domicílio conjugal) Domicílio do cônjuge e dos filhos não emancipados Domicílio do chefe da família (salvo caso de abandono) Pessoa sem domicílio Residência ou onde se encontrar Bens (para qualificá-los e reger as relações a ele concernentes) Onde estão situados (lex rei sitae) Bens móveis trazidos ou destinados a transporte para outros lugares Domicílio do proprietário Penhor Domicílio do possuidor da coisa apenhada Obrigações (para qualificá-las e regê-las) Onde se constituírem (locus regit actum) Obs.: a obrigação contratual reputa-se constituída no local de residência do PROPONENTE Sucessão por morte ou por ausência Domicílio do defunto ou desaparecido (DDD), qualquer que seja a natureza e a situação dos bens Sucessão de bens estrangeiros situados nos Brasil Lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus Capacidade para suceder Domicílio do herdeiro ou legatário Organizações destinadas a fins de interesse coletivo, como as sociedades e as fundações Onde se constituírem (locus regit actum) Réu domiciliado no Brasil ou quando a obrigação tiver de ser cumprida no Brasil Autoridade judiciária brasileira (domicílio ou lex loci executionis) Ações relativas a imóveis situados no Brasil Autoridade judiciária brasileira (lex rei sitae) Celebração do casamento de brasileiros e atos de Registro Civil e de tabelionato, inclusive o registro de nascimento e de óbito dos filhos de brasileiro ou brasileira nascido no país da sede do Consulado Autoridades consulares brasileiras (nacionalidade) PARTE GERAL DO CÓDIGO CIVIL - Início da personalidade: Podemos destacar três teorias principais que tentam explicar esse dispositivo: NATALISTA PERSONALIDADE CONDICIONAL CONCEPCIONISTA A personalidade jurídica só se inicia com o nascimento. O nascituro não pode ser considerado pessoa. Só será pessoa quando nascer com vida. A personalidade civil começa com o nascimento com vida, mas o nascituro titulariza direitos submetidos à condição suspensiva (ou direitos eventuais). A personalidade jurídica se inicia com a concepção, muito embora alguns direitos só possam ser plenamente exercitáveis com o nascimento. O nascituro é pessoa desde o momento em que ele é concebido (o nascituro é um sujeito de direitos). O nascituro tem apenas expectativa de direitos. O nascituro possui direitos sob condição suspensiva (evento futuro e incerto de nascer com vida). O nascituro possui direitos. Sílvio Rodrigues, Caio Mário, Sílvio Venosa. Washington de Barros Monteiro, Arnaldo Rizzardo. Silmara Chinellato e a grande maioria da doutrina. CAPACIDADE DE DIREITO (todos têm) + CAPACIDADE DE FATO = CAPACIDADE PLENA Diferentemente, a Legitimidade é específica, traduzindo uma pertinência subjetiva (Calmon de Passos) para a prática de certos e determinados atos. Exemplo: Uma pessoa pode ser CAPAZ, mas não ter LEGITIMIDADE para a prática de certo ato. Seria o caso de dois irmãos que, a despeito de serem maiores e capazes, não podem casar entre si. - São ABSOLUTAMENTE INCAPAZES: APENAS os menores de 16 (dezesseis) anos, sendo REPRESENTADOS por terceiros. #NOVIDADE: Muita atenção com a prova objetiva. O Estatuto da Pessoa com Deficiência revogou as demais hipóteses de incapacidade absoluta do Código Civil. Atualmente, apenas os menores impúberes. - São RELATIVAMENTE INCAPAZES: os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; os ébrios habituais e os viciados em tóxico; aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; os pródigos, sendo ASSISTIDOS por terceiros. REFORÇANDO: NÃO SE CHAMA MAIS, NO BRASIL, PESSOA COM DEFICIÊNCIA DE INCAPAZ. #LEMBRAR: A capacidade dos indígenas será regulada por legislaçãoespecial. - COMORIÊNCIA: se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos (art. 8º, CC). - Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau. Eis o que se chama de dano por ricochete, previsto no art. 12, § único do CC/02. A legitimidade, no caso, é do próprio familiar. - Em se tratando de divulgação de escritos, transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem do morto, são partes legítimas para requerer a proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes. - Limitação com base na vocação hereditária: os legitimados para a propositura de ação indenizatória em razão de morte de parentes são o cônjuge ou companheiro(a), os descendentes, os ascendentes e os colaterais, de forma não excludente e ressalvada a análise de peculiaridades do caso concreto que possam inserir sujeitos nessa cadeia de legitimação ou dela excluir (REsp 1291845/RJ). Por isso, o STJ já rechaçou a legitimidade ativa do noivo em relação à pretensão indenizatória (REsp 1076160/AM). - ADI 4815, julgada pelo STF: Ação direta julgada procedente para dar interpretação conforme a Constituição aos arts. 20 e 21 do Código Civil, sem redução de texto, para, em consonância com os direitos fundamentais à liberdade de pensamento e de sua expressão, de criação artística, produção científica, declarar inexigível autorização de pessoa biografada relativamente a obras biográficas literárias ou audiovisuais, sendo também desnecessária autorização de pessoas retratadas como coadjuvantes (ou de seus familiares, em caso de pessoas falecidas ou ausentes). - Decai em 3 anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da PUBLICAÇÃO da sua inscrição no registro. - Decai em 3 anos o direito de anular as decisões da pessoa jurídica que tem administração coletiva, quando violarem a lei ou o estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulação ou fraude. - É de 3 anos o prazo decadencial para que o sócio minoritário de sociedade limitada de administração coletiva exerça o direito à anulação da deliberação societária que o tenha excluído da sociedade, ainda que o contrato social preveja a regência supletiva pelas normas da sociedade anônima. Esse prazo está previsto no art. 48 do Código Civil. Para a fixação do quórum deliberativo assemblear necessário à aprovação da exclusão de sócio minoritário de sociedade limitada, não se pode computar a participação deste no capital social, devendo a apuração da deliberação se lastrear em 100% do capital restante, ou seja, tão somente no capital social daqueles legitimados a votar. STJ. 4ª Turma. REsp 1.459.190-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 15/12/2015 (Info 575). - TEORIA MAIOR DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA: Exige-se o abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial (art. 50, CC). Obs: Teoria Menor é utilizada pelo CDC. - DESCONSIDERAÇÃO INVERSA: a pessoa se utiliza da pessoa jurídica para esconder bens pessoais. #NÃOCONFUNDIR: Desconsideração INDIRETA Desconsideração INVERSA/INVERTIDA Desconsideração EXPANSIVA Uma empresa controladora comete fraudes por meio de empresa controlada ou coligada em prejuízo de terceiro. Sócio esconde patrimônio na sociedade. Atingir patrimônio do sócio oculto da sociedade. #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: O encerramento irregular das atividades da pessoa jurídica constitui abuso da personalidade jurídica? Enunciado 282: O encerramento irregular das atividades da pessoa jurídica, por si só, não basta para caracterizar abuso de personalidade jurídica. PARA FINS CIVIS. Súmula nº 435, STJ: Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente. PARA FINS TRIBUTÁRIOS: DÍVIDA TRIBUTÁRIA E NÃO TRIBUTÁRIA. Enunciado 281: A aplicação da teoria da desconsideração, descrita no art. 50 do Código Civil, prescinde da demonstração de insolvência da pessoa jurídica. Obs: Seria possível a desconsideração de pessoa jurídica com fins não lucrativos? Enunciado 284: As pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos ou de fins não econômicos estão abrangidas no conceito de abuso da personalidade jurídica. � O encerramento irregular das atividades da empresa devedora autoriza, por si só, que se busque os bens dos sócios para pagar a dívida? • Código Civil: NÃO • CDC: SIM • Lei Ambiental: SIM• CTN: SIM - ASSOCIAÇÃO: não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos; o estatuto poderá instituir categorias de associados com vantagens especiais; a qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não dispuser o contrário; é possível a exclusão do associado havendo justa causa, reconhecida em procedimento que assegure a ampla defesa e o contraditório (eficácia horizontal dos direitos fundamentais); compete privativamente à assembleia geral destituir os administradores e alterar o estatuto. - É dispensável o requisito temporal (pré-constituição há mais de um ano) para associação ajuizar ação civil pública quando o bem jurídico tutelado for a prestação de informações ao consumidor sobre a existência de glúten em alimentos. STJ. 2ª Turma. REsp 1.600.172-GO, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 15/9/2016 (Info 591). - A associação não tem legitimidade ativa para defender os interesses dos associados que vierem a se agregar somente após o ajuizamento da ação de conhecimento. STJ. 2ª Turma. REsp 1.468.734-SP, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 1º/3/2016 (Info 579). - FUNDAÇÕES: são instituídas por escritura pública ou testamento; se o estatuto não for elaborado no prazo assinalado pelo instituidor, ou, não havendo prazo, em 180 dias, a incumbência será do Ministério Público; alteração do estatuto da fundação: deliberação de 2/3 dos competentes para gerir e representar a fundação, não contrarie ou desvirtue o fim da fundação e seja aprovada pelo órgão do Ministério Público em 45 dias (caso este denegue, o juiz poderá suprir, a requerimento do interessado). #NOVIDADELEGISLATIVA: A fundação somente poderá constituir-se para fins de: I – assistência social; II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico; III – educação; IV – saúde; V – segurança alimentar e nutricional; VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável; VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de sistemas de gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos; VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos; IX – atividades religiosas; - DOMICÍLIO: o domicílio da pessoa natural que não tenha residência habitual é o lugar onde for encontrada; têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso. Incapaz Servidor público Militar Marítimo Preso Domicílio do representante ou assistente Onde exerce as funções Exército/PM: Onde servir Obs: Militar da Marinha ou Aeronáutica: onde estiver subordinado Navio está registrado Onde cumprir a pena - BENS: para fins legais, são considerados imóveis os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram, bem como o direito à sucessão aberta; não perdem o caráter de imóveis as edificações que, separadasdo solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local, bem como os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem; para fins legais, são considerados móveis as energias que tenham valor econômico, os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes, e os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações; não são considerados benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor; os bens públicos não estão sujeitos a usucapião. #LEMBRAR: Modalidades de bens acessórios: � Frutos: são bens que saem do principal sem diminuir sua quantidade. → Naturais: que decorrem da essência. Ex.: frutas. → Industriais: que decorrem da atividade humana. Ex.: cimento → Civis: que são rendimentos. Ex.: juros, aluguel, etc. � Produtos: são bens que saem do principal diminuindo este. Ex.: pepita de ouro de uma mina. � Pertenças: não constituem parte integrante, servem de modo duradouro ao uso, serviço ou embelezamento de outro bem. Como não são parte integrante são independentes. Podem ser bens móveis incorporados a bens imóveis ou incorporados a bens móveis, ambos pela vontade do homem (ascensão intelectual). Em regra, a pertença não segue o bem principal, salvo se resultar da lei, manifestação da vontade ou circunstâncias do caso. #JÁCAIUNADPU � Partes integrantes: são bens acessórios que estão unidos ao bem principal formando com o último um todo indivisível. Não tem autonomia (diferente das pertenças), ou seja, só tem funcionalidade com o principal. Ex.: lâmpada no lustre. � Benfeitorias: são acréscimos e melhoramentos introduzidos no bem principal, sendo certo que podem ser de três tipos: → Necessárias: conservação e manutenção do bem. → Úteis: facilitam o uso. Ex.: corrimão da escada. → Voluptuárias: mero deleite ou recreio. Ex.: sauna, piscina. #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: Particulares podem ajuizar ação possessória para resguardar o livre exercício do uso de via municipal (bem público de uso comum do povo) instituída como servidão de passagem. Os moradores possuem legitimidade para ajuizar ação de reintegração de posse contra a empresa alegando que a rua que está sendo invadida representa uma servidão de passagem. STJ. 3ª Turma. REsp 1.582.176-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/9/2016 (Info 590). #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: O imóvel da Caixa Econômica Federal vinculado ao Sistema Financeiro de Habitação, como está afetado à prestação de um serviço público, deve ser tratado como bem público, sendo, pois, imprescritível (insuscetível de usucapião). STJ. 3ª Turma. REsp 1.448.026-PE, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 17/11/2016 (Info 594). � DOS FATOS JURÍDICOS: - A incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada pela outra em benefício próprio, nem aproveita aos cointeressados capazes, salvo se, neste caso, for indivisível o objeto do direito ou da obrigação comum. - A impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se for relativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que ela estiver subordinada. - É necessária a ESCRITURA PÚBLICA para a VALIDADE dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a 30 VEZES O SALÁRIO MÍNIMO. - Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente. - CONDIÇÃO: Cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto. São proibidas as condições que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das partes (condições puramente potestativas). - TERMO: Evento futuro e certo, sendo que o termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito. - ENCARGO: O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo quando expressamente imposto, no negócio jurídico, como condição suspensiva. Condição suspensiva “se” Termo “quando” Encargo “para que” Suspende a aquisição e o exercício do direito. Não tem direito adquirido. Suspende o exercício, mas não a aquisição do direito. Tem direito adquirido. Não suspende a aquisição nem o exercício do direito. Tem direito adquirido. � DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO * O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante. * O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental quando, a seu despeito, o negócio jurídico seria realizado, embora de modo diverso. * O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve; se o dolo for do representante convencional, o representado responderá solidariamente com ele por perdas e danos. * Coação: fundado temor de dano iminente e considerável à pessoa, família ou aos bens. A análise é feita no caso concreto, não levando em consideração a ideia do homem médio. * Estado de perigo: ocorre quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa. Exige-se o DOLO DE APROVEITAMENTO. * Lesão: ocorre quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. NÃO EXIGE O DOLO DE APROVEITAMENTO. Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito. #SELIGANADIFERENÇA: ESTADO DE PERIGO LESÃO EXIGE DOLO DE APROVEITAMENTO NÃO SE EXIGE DOLO DE APROVEITAMENTO * Fraude contra credores: os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos. Só os credores que já o eram ao tempo desses atos poderão pleitear a anulação. Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente, quando a insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida do outro contratante. Anulados os negócios jurídicos, a vantagem resultante reverterá em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores. #LEMBRAR: A anulação deve ser requerida por meio de ação pauliana e ação revocatória. *É de 4 anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico por defeito. No caso de coação, o prazo corre do dia em que cessar. No caso de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, o prazo corre do dia em que se realizou o negócio jurídico. - São NULOS os negócios jurídicos: celebrados por pessoa absolutamente incapaz; que tiver objeto ilícito, impossível ou indeterminado; o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; não revestir a forma prescrita em lei; for preterida alguma solenidade que a lei considera essencial para a sua validade; tiver por objetivo fraudar a lei imperativa; a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir- lhe a prática, sem cominar-lhe sanção (nulidade virtual). - É NULO o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. SIMULAÇÃO É VÍCIO SOCIAL. - O negócio jurídico NULO não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo. - Além dos casos expressamente declarados em lei, são ANULÁVEIS os negócios jurídicos: por incapacidade relativa do agente; por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores. - Quando a lei estabelecer que determinado ato é anulável, mas sem estabelecer prazo, este será de dois anos, a contar da conclusão do ato. #IMPORTANTE! O menor, entre 16 e 18 anos,não pode, para eximir-se de um a obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior. #ATENÇÃO #SELIGANADIFERENÇA: NULIDADE ANULABILIDADE Negócio é nulo. No CC/16 se falava em nulidade absoluta. No CC/02 nulidade é sempre absoluta Negócio é anulável. No CC/16 se falava em nulidade relativa. No CC/02 anulabilidade é sempre relativa Ação declaratória de nulidade – (1) majoritária - imprescritível, com base no art. 169 do CC, jurisprudência e doutrina. (2) prescreve em 10 anos, que é prazo geral de prescrição no art. 205 CC. Caio Mário. (3) declaração de nulidade é imprescritível, mas para desafazer os efeitos patrimoniais, teria um prazo de 10 anos. – Stolze e enunciado 536/CJF. Ex tunc Ação anulatória – prazo especial. Estão espalhados no Código Civil (ex: vícios de consentimentos – prazo de 04 anos). Há um prazo geral, quando não houver prazo específico – art. 179, CC- 2 anos. Ex. a anulação da venda de ascendente para descente. Art. 496. Súmula 494, STF, está superada. Ex nunc Hipóteses: (1) art. 166 + 167 (2) casos expressos espalhados pelo CC - nulidades expressas (3) quando a lei proíbe a prática de um ato e não sem estabelecer sanção – nulidade virtual. Art. 166, VII. Hipóteses: art. 171 (1) incapacidade do agente (2) vícios de consentimento do CC (3) casos expressos (ex: fraude contra credores). Interesse público (norma de ordem pública). Coisa julgada erga omnes Interesse particular (norma de ordem privada) Coisa julgada inter partes Juiz deve declarar de ofício Juiz não pode declarar de ofício Não pode ser sanado/suprido/convalidado, mas pode ser objeto de conversão. Pode ser suprido/sanado – confirmação ou assentimento/convalidado (gênero). Ex. simples decurso do tempo Por fim, conclui-se que, se ação anulatória não é proposta no prazo legal, o NJ anulável continuará gerando efeitos. Pontes de Miranda denominava de eficácia interimística os efeitos que o ato produz até que seja invalidado. - PRINCÍPIO DO APROVEITAMENTO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS: Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta for separável. - Não são convalidáveis os negócios jurídicos celebrados com o intuito de alterar o quadro societário de sociedade empresária por meio da falsificação de assinatura de sócio, ainda que o próprio sócio prejudicado pelo falso tenha, por escritura pública, concedido ampla, geral e irrevogável quitação, a fim de ratificar os negócios jurídicos. STJ. 3ª Turma. REsp 1.368.960-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 7/6/2016 (Info 585). - ABUSO DE DIREITO: titular do direito, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. A RESPONSABILIDADE CIVIL PELO ABUSO DE DIREITO É OBJETIVA! - Caracteriza abuso de direito ou ação passível de gerar responsabilidade civil pelos danos causados a impetração do habeas corpus por terceiro com o fim de impedir a interrupção, deferida judicialmente, de gestação de feto portador de síndrome incompatível com a vida extrauterina. STJ. 3ª Turma. REsp 1.467.888-GO, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/10/2016 (Info 592) - PRESCRIÇÃO: Não corre a prescrição: entre cônjuges, na constância da sociedade conjugal; entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar; entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela; contra os absolutamente incapazes; contra os ausentes do país em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios; contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas; pendendo condição suspensiva; não estando vencido o prazo; pendendo ação de evicção. Quando a ação de originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva. Interrompem a prescrição: despacho do juiz, mesmo incompetente, que determinar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual; por protesto, nas condições do item antecedente; por protesto cambial; pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores; por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor (confissão de dívida). - Prazos prescricionais importantes: 10 anos, quando a lei não haja fixado prazo menor; 1 ano, a pretensão do segurado contra o segurador, ou deste contra aquele; 3 anos, a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa; de responsabilidade civil e do seguro DPVAT; em 5 anos, a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular. - É de 1 ano o prazo de prescrição da pretensão do segurador, sub-rogado nos direitos do segurado, de indenização pela deterioração de carga em navio por falha em contêiner. Aplica-se, neste caso, o art. 8º do Decreto-Lei 116/1967, que trata sobre o prazo prescricional envolvendo as ações por extravio, perdas e avarias de carga. Não se aplica o art. 206, § 3º, V, do CC, considerando que se trata de norma geral e, por isso, não revogou o art. 8º do DL nº 116/1967, que é considerado norma especial. Aplica-se à presente situação a Súmula 151 do STF que, apesar de antiga, continua vigente: Súmula 151-STF: Prescreve em um ano a ação do segurador sub-rogado para haver indenização por extravio ou perda de carga transportada por navio. STJ. 4ª Turma. REsp 1.278.722-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 24/5/2016 (Info 586). - A pretensão de ressarcimento veiculada em ação de locupletamento pautada no art. 48 do Decreto nº 2.044/1908 prescreve em 3 anos, contados do dia em que se consumar a prescrição da ação executiva. STJ. 3ª Turma. REsp 1.323.468-DF, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 17/3/2016 (Info 580). - Prescreve em 10 anos (art. 205 do CC) a pretensão de cobrar dívida decorrente de conserto de automóvel por mecânico que não tenha conhecimento técnico e formação intelectual suficiente para ser qualificado como profissional liberal. STJ. 3ª Turma. REsp 1.546.114-ES, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 17/11/2015 (Info 574). - DECADÊNCIA: Não se aplicam à decadência as normas que suspendem, impedem ou interrompem a prescrição, salvo no caso dos absolutamente incapazes. Pode ser legal ou convencional. É nula a renúncia à decadência fixada em lei. - O prazo decadencial para herdeiro do cônjuge prejudicado pleitear a anulação da fiança firmada sem a devida outorga conjugal é de dois anos, contado a partir do falecimento do consorte que não concordou com a referida garantia. STJ. 4ª Turma. REsp 1.273.639-SP, Rel. Luis Felipe Salomão, julgado em 10/3/2016 (Info 581). - CASOS ESPECIAIS DE PRESCRIÇÃO a) Prazo para demandar por abandono afetivo - O STJ, julgando o Resp 1298576/RJ, decidiu que o prazo prescricional para se formular pretensão indenizatória por abandono efetivo começa a fluir com a maioridade do interessado. b) O STJ, com base em diversos precedentes, tem decidido que o prazo prescricional para a cobrança, amparada para ação monitória fundada em cheque prescrito é de 5 anos (Resp 1339.874/RS). #SELIGANASÚMULA: Súmula 503-STJ: O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de cheque sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte à data de emissão estampada na cártula. #SELIGANASÚMULA: Súmula 504-STJ: O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de nota promissória sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte ao vencimento do título. c) O prazo prescricional para a cobrança de seguro DPVAT é de 3 anos – #SELIGANASÚMULA: Súmula 405 STJ.Súmula 573-STJ: Nas ações de indenização decorrentes de seguro DPVAT, a ciência inequívoca do caráter permanente da invalidez, para fins de contagem do prazo prescricional, depende de laudo médico, exceto nos casos de invalidez permanente notória ou naqueles em que o conhecimento anterior resulte comprovado na fase de instrução. d) STJ, no Resp 1139030/RJ, entendeu que o prazo prescricional aplicável à PRETENSÃO de cobrança de cotas condominiais é de cinco anos. e) Pretensão indenizatória contra a Fazenda Pública - segundo o Professor Rodrigo Leite, após oscilação em sua jurisprudência, com acórdãos que ora aplicavam o prazo de três anos do CC, ora aplicavam o prazo de cinco anos do decreto nº 20910/32, o tema foi submetido a julgamento sob a sistemática dos recursos repetitivos, prevalecendo a tese de que é de cinco anos o prazo para se deduzir pretensão de reparação civil contra a Fazenda Pública. f) Em relação à suspensão e à interrupção de prazo prescricional em contrato de seguro, foi considerada correta pela banca CESPE a seguinte alternativa na prova do TJDFT, aplicada em 2016: “O prazo prescricional anual é suspenso com o pedido administrativo do pagamento, voltando a correr pelo tempo restante a partir da eventual negativa da seguradora, mas se há pagamento parcial o prazo é interrompido voltando a correr por inteiro.” DIREITO DAS OBRIGAÇÕES - Se a obrigação for solidária, convertendo-se em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade. Atenção: isso não ocorre com a obrigação indivisível. - A um dos credores solidários NÃO pode o devedor opor as exceções pessoais oponíveis aos outros. #SELIGANASDIFERENÇAS: OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS/INDIVISÍVEIS OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS A origem está na natureza da prestação. Decorrem da lei ou da vontade das partes. Por isso, sua origem é considerada objetiva, referente à prestação (cavalo ou dinheiro). Por isso, sua origem é considerada subjetiva, referente às pessoas (credor e devedor). Obrigação alternativa Obrigação facultativa Obrigação composta. Obrigação simples (existe uma obrigação, já que a outra prestação é meramente Ou seja: obrigação “a” ou “b”. facultativa, cabendo ao devedor cumprir, se quiser). Ou seja: há um dever + faculdade (2º opção do devedor). O credor pode exigir quaisquer das obrigações. Essa faculdade não pode, em nenhuma hipótese, ser exigida pelo credor. #PARA LEMBRAR: Facultativa vem de faculdade. Ex: obrigação de entregar um cavalo ou, se o devedor quiser, pode pagar em dinheiro. Portanto, o credor não pode exigir o dinheiro, mas tão somente a entrega do cavalo. - CESSÃO DE CRÉDITO: Dispensa a concordância do devedor; não tem eficácia em relação ao devedor enquanto a este não for notificada; cessão pro soluto: cedente responde pela existência e legalidade do crédito, mas não pela solvência; cessão pro solvendo: cedente responde pela solvência do devedor; salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do devedor. - ASSUNÇÃO DE DÍVIDA: Exige a concordância do credor (consentimento expresso); Silêncio = recusa; o novo devedor não pode opor ao credor as exceções pessoas que competiam ao devedor primitivo. - TEORIA DA IMPREVISÃO: Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação. - A quitação sempre poderá ser feita por instrumento particular. - Vencimento antecipado de dívidas: no caso de falência do devedor, ou do concurso de credores; se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outro credor; se cessarem, ou se tornarem insuficientes, as garantias de débito, fidejussórias, ou reais, e o devedor, intimado, se negar a reforça-las. - PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO: opera-se de pleno direito em favor do credor que paga a dívida do devedor comum; do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a o credor hipotecário; terceiro que efetiva o pagamento da hipoteca para não ser privado do direito sobre o imóvel; do terceiro juridicamente interessado que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte. A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o devedor principal de os fiadores. - DAÇÃO EM PAGAMENTO: o credor consente em receber prestação diversa da que lhe é devida. - NOVAÇÃO: ocorre quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir a anterior; quando novo devedor sucede ao antigo, ficando quite com o credor; quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é substituído ao antigo, ficando o devedor quite com este. A novação por substituição do devedor pode ser efetuada independentemente do consentimento deste. Extingue os acessórios e garantias da dívida, sempre que não houver estipulação em contrário. Não podem ser objeto de novação as obrigações nulas ou extintas; as anuláveis podem. - Não cumprida a obrigação, responde o devedor por: perdas e danos; juros; atualização monetária e honorários de advogado. - MORA: considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer. Mora ex lege: ocorre de pleno direito quando do advento do termo; mora ex persona: não havendo termo, a mora se constitui mediante interpelação judicial ou extrajudicial. O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o atraso; salvo se provar isenção de culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada. - Incorre de pleno direito o devedor na CLÁUSULA PENAL, desde que, culposamente, deixe de cumprir obrigação ou se constitua em mora. O valor da cominação imposta na cláusula penal não pode exceder o da obrigação principal. - CLÁUSULA PENAL COMPENSATÓRIA x MORATÓRIA: Não se pode cumular multa compensatória prevista em cláusula penal com indenização por perdas e danos decorrentes do inadimplemento da obrigação. Enquanto a cláusula penal moratória manifesta com mais evidência a característica de reforço do vínculo obrigacional, a cláusula penal compensatória prevê indenização que serve não apenas como punição pelo inadimplemento, mas também como prefixação de perdas e danos. A finalidade da cláusula penal compensatória é recompor a parte pelos prejuízos que eventualmente decorram do inadimplemento total ou parcial da obrigação. Tanto assim que, eventualmente, sua execução poderá até mesmo substituir a execução do próprio contrato. Não é possível, pois, cumular cláusula penal compensatória com perdas e danos decorrentes de inadimplemento contratual. Com efeito, se as próprias partes já acordaram previamente o valor que entendem suficiente para recompor os prejuízos experimentados em caso de inadimplemento, não se pode admitir que, além desse valor, ainda seja acrescido outro, com fundamento na mesma justificativa – a recomposição de prejuízos. Ademais, nessas situações sobressaem direitos e interesses eminentemente disponíveis, de modo a não ter cabimento, em princípio, a majoração oblíqua da indenização prefixada pela condenação cumulativa em perdas e danos. REsp 1.335.617-SP, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 27/3/2014. - CLÁUSULA PENAL NO CONTRATO ADVOCATÍCIO: é lícita para situações de mora e/ou inadimplemento (ex: multa pelo atraso no pagamento dos honorários). Não é permitida para as hipóteses de renúncia ou revogação do mandato (ex: multa pelo fato de o cliente ter decidido revogar o mandato e constituir outro advogado). STJ. 4ª Turma. REsp 1.346.171-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,julgado em 11/10/2016 (Info 593). #SELIGANASTABELAS: Cláusula penal Perdas e danos - o valor é fixado antecipadamente pelos próprios contratantes. - por se tratar de uma estimativa feita pelos contratantes, pode ficar aquém de seu montante real. - O credor não precisa comprovar o prejuízo. - o valor é fixado pelo juiz, com base nos prejuízos alegados e provados. - por abrangerem o dano emergente e o lucro cessante, possibilitam o completo ressarcimento do prejuízo. Princípio da reparação INTEGRAL. - deve ser comprovado, exaustivamente, o prejuízo. Semelhanças: destinam-se a ressarcir os prejuízos sofridos pelo credor em razão do inadimplemento do devedor. Cláusula penal Multa simples ou cláusula penal pura - constitui prefixação da responsabilidade pela indenização decorrente da inexecução culposa da obrigação. - constituída de determinada importância, que deve ser paga em caso de infração de certos deveres, como a imposta pelo empregador ao empregado, ao infrator das normas de trânsito, etc. Não tem a finalidade de promover o ressarcimento de danos, nem tem relação com o inadimplemento contratual. Cláusula penal Multa penitencial - instituída em benefício do CREDOR, a quem compete escolher entre cobrar a multa compensatória OU exigir o cumprimento da prestação. - instituída em benefício do DEVEDOR, a quem compete escolher entre pagar a multa penitencial ou cumprir a prestação. Cláusula penal Arras penitenciais (dá direito de arrependimento) - atua como elemento de coerção, para evitar o inadimplemento contratual. - por admitirem o arrependimento, facilitam o descumprimento da avença, pois as partes sabem que a pena é reduzida, consistindo na perda do sinal dado ou em sua devolução + equivalente (dobro), nada mais podendo ser exigido a título de perdas e danos (art. 420). - pode (deve) ser reduzida pelo juiz, em caso de inadimplemento parcial da obrigação ou de montante manifestamente excessivo. (art. 413) - não podem ser reduzidas pelo juiz. (mas, a doutrina diverge: Enunciado 165 do CJF: “Em caso de penalidade, aplica-se a regra do art. 413 ao sinal, sejam as arras confirmatórias ou penitenciais”). - torna-se exigível apenas se ocorre o inadimplemento do contrato. - são pagas por antecipação no início do contrato. - aperfeiçoa-se com a simples estipulação no instrumento (caráter convencional). - aperfeiçoam-se com a entrega de dinheiro ou outro bem móvel (caráter real). Semelhanças: têm natureza acessória e visam a garantir o adimplemento da obrigação, constituindo seus valores prefixação das perdas e danos. Arras confirmatórias Arras penitenciais Confirmam o NJ Atuam como pena convencional Mínimo de indenização Prefixação de perdas e danos Não dá direito de arrependimento Dá direito de arrependimento (contrato é passível de resolução) Como não cabe arrependimento, a lei concede a suplementação de perdas e danos. Como a lei concede o arrependimento, a lei não concede a suplementação de perdas e danos. CONTRATOS EM GERAL - Proibição da pacta corvina: não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva. - Ações edilícias: redibitória e quanti minoris. ABATIMENTO RESOLUÇÃO Ação Quanti Minoris ou Estimatória Ação Redibitória Sentença de natureza condenatória Sentença de natureza constitutiva negativa (desconstitutiva) - VÍCIO REDIBITÓRIO: a coisa recebida em virtude de contrato comutativo ou de doação onerosa pode ser rejeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem impróprias para o uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor. Ao invés de rejeitar, é possível pedir o abatimento proporcional do preço. PRAZOS: 30 dias, se a coisa móvel; 1 ano, se imóvel, ambos contados da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo contar-se-á da alienação, reduzido à metade; no caso de vício oculto, o adquirente tem os mesmos prazos (30 dias/ 1 ano), desde que os vícios se revelem no prazo máximo de 180 dias, se móvel, ou de 1 ano, se imóvel, fluindo do conhecimento do defeito. - Mediante cláusula expressa, as partes podem reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa. - RESOLUÇÃO POR ONEROSIDADE EXCESSIVA: Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar equitativamente as condições do contrato. - EVICÇÃO: é a garantia que socorre o adquirente em face do alienante, na ocasião em que o bem é reavido pelo verdadeiro titular. Requisitos: a) perda total ou parcial da propriedade, posse ou uso da coisa alienada; b) contrato oneroso; c) boa-fé do adquirente (desconhecimento da litigiosidade da coisa); c) perda da posse ou domínio. Segundo o STJ, não depende de sentença judicial. - A pretensão deduzida em demanda baseada na garantia da evicção submete-se ao prazo prescricional de 3 anos. Em outras palavras, é de 3 anos o prazo prescricional para que o evicto (que perdeu o bem por evicção) proponha ação de indenização contra o alienante. STJ. 3ª Turma. REsp 1.577.229-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 8/11/2016 (Info 593). - Vamos analisar as formas de extinção dos contratos: RESILIÇÃO RESOLUÇÃO RESCISÃO Opera-se quando há o desfazimento de um contrato por simples MANIFESTAÇÃO DE VONTADE de uma ou de ambas as partes Opera-se quando houver INADIMPLEMENTO, ou seja, quando uma das partes descumpre o contrato: absoluto, relativo ou violação positiva do contrato (deveres anexos) Tem dois sentidos: TEORIA CLÁSSICA (FRANCESCO MESSINEO): opera-se quando houver LESÃO ou ESTADO DE PERIGO. Ou seja: Vícios do NJ. TEORIA PRAGMÁTICA (jurisprudência brasileira): mesmo sentido de resolução. TEORIA MODERNA: Gênero das espécies resilição e resolução. “NÃO DÁ MAIS” - não interessa mais o vínculo contratual Aplica-se, especialmente, a contratos de atividades ou serviços por tempo indeterminado. Normalmente, os contratos trazem uma cláusula resolutiva expressa. EXEMPLOS: resilição de contrato de linha de celular ou de canal por assinatura ou renúncia de mandato ou manifestação do locatário de não continuar na locação. Pergunta de prova oral: que nome se dá ao ato jurídico que concretiza uma resilição? Depende do tipo de resilição: BILATERAL: é o DISTRATO UNILATERAL: é a DENÚNCIA Havendo uma cláusula resolutória EXPRESSA, a resolução é imediata. Lembrar que o leasing, ainda que tenha cláusula expressa, exige a NOTIFICAÇÃO. O que é EXCEPTIO NON ADIMPLENTI CONTRACTUS? Trata-se de uma defesa conferida à parte demandada, no sentido de apontar o descumprimento prévio da prestação cabível à parte adversa. REQUISITO: notificação prévia, para a denúncia, (artigo 473, parágrafo único) SEM CLÁUSULA EXPRESSA, o inadimplemento demanda uma notificação para a resolução. CONTRATOS EM ESPÉCIE � COMPRA E VENDA: é lícita a compra e venda entre os cônjuges, com relação a bens excluídos da comunhão. � RETROVENDA: o vendedor da coisa pode reservar-se o direito de recobrá-la no prazo decadencial de 3 anos, restituído o preço recebido e reembolsando as despesas do comprador, inclusive as que, durante o período de resgate, se efetuaram com a sua autorização escrita, ou para a realização de benfeitorias necessárias. O direito à retrovenda é cessível a herdeiros e legatários, podendo ser exercido contra o terceiro adquirente. � VENDA ACONTENTO: realizada sob uma condição suspensiva, de modo que não se reputará perfeita enquanto o adquirente não manifestar o seu agrado. Até o momento dessa manifestação, as obrigações do comprador são de mero comodatário. � PREEMPÇÃO OU PREFERÊNCIA: impõe ao comprador a obrigação de oferecer ao vendedor a coisa que aquele vai vender, ou dar em pagamento; o direito de preferência será exercido em 180 dias, se móvel, e em 2 anos, se imóvel; não se pode ceder e nem passa aos herdeiros, diferentemente da retrovenda. � VENDA COM RESERVA DE DOMÍNIO: na venda de coisa MÓVEL, o vendedor pode reservar para si a propriedade, até que o preço seja integralmente pago; será estipulada por escrito e depende de registro no domicílio do comprador para valer contra terceiros; no caso de mora, poderá o vendedor mover contra o comprador a ação de cobrança, ou poderá recuperar a posse da coisa vendida. #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: - É nulo o contrato firmado entre particulares de compra e venda de imóvel de propriedade da União quando ausentes o prévio recolhimento do laudêmio e a certidão da Secretaria do Patrimônio da União (SPU), ainda que o pacto tenha sido registrado no Cartório competente. Antes de o ocupante vender o domínio útil do imóvel situado em terreno de marinha, ele deverá obter autorização da União, por meio da SPU, pagando o laudêmio e cumprindo outras formalidades exigidas. Somente assim esta alienação será possível de ser feita validamente. STJ. 2ª Turma. REsp 1.590.022-MA, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 9/8/2016 (Info 589). - O direito de preferência previsto no art. 504 do CC aplica-se ao contrato de compra e venda celebrado entre condômino e terceiro, e não àquele ajustado entre condôminos. Art. 504. Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos, se outro consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não se der conhecimento da venda, poderá, depositando o preço, haver para si a parte vendida a estranhos, se o requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de decadência. STJ. 4ª Turma. REsp 1.137.176-PR, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 16/2/2016 (Info 577). - É válida cláusula inserta em contrato de promessa de compra e venda de imóvel situado em terreno de marinha que estipule ser da responsabilidade do promitente-adquirente o pagamento do laudêmio devido à União, embora a referida cláusula não seja oponível ao ente público. STJ. 4ª Turma. REsp 888.666-SE, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 15/12/2015 (Info 575). #SELIGANASÚMULA: SÚMULA 543 do STJ: Na hipótese de resolução de contrato de promessa de compra e venda de imóvel submetido ao Código de Defesa do Consumidor, deve ocorrer a imediata restituição das parcelas pagas pelo promitente comprador - integralmente, em caso de culpa exclusiva do promitente vendedor/construtor, ou parcialmente, caso tenha sido o comprador quem deu causa ao desfazimento. Segunda Seção, aprovada em 26/8/2015, DJe 31/8/2015. � DOAÇÃO: pode ser feita por escritura ou por instrumento particular. Admite-se a doação verbal, se, versando sobre bens móveis e de pequeno valor, for seguida da tradição. A doação de ascendente a descendente, ou de um cônjuge a outro, importará adiantamento de herança. A doação que excede a legítima é nula. - A cláusula de incomunicabilidade imposta a um bem transferido por doação ou testamento só produz efeitos enquanto viver o beneficiário, sendo que, após a morte deste, o cônjuge sobrevivente poderá se habilitar como herdeiro do referido bem, observada a ordem de vocação hereditária. A cláusula de incomunicabilidade imposta a um bem não interfere na vocação hereditária. Assim, se o indivíduo recebeu por doação ou testamento bem imóvel com a referida cláusula, sua morte não impede que seu herdeiro receba o mesmo bem. STJ. 4ª Turma. REsp 1.552.553-RJ, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 24/11/2015 (Info 576). - Para aferir a eventual existência de nulidade em doação pela disposição patrimonial efetuada acima da parte de que o doador poderia dispor em testamento, a teor do art. 1.176 do CC/1916, deve-se considerar o patrimônio existente no momento da liberalidade, isto é, na data da doação, e não o patrimônio estimado no momento da abertura da sucessão do doador. AR 3.493-PE, Rel. Min. Massami Uyeda, julgado em 12/12/2012. � MÚTUO: empréstimo de coisas fungíveis. � COMODATO: empréstimo de coisas infungíveis. - O comodante pode fixar aluguel de forma unilateral em caso de mora do comodatário na restituição da coisa emprestada, desde que em montante não superior ao dobro do valor de mercado. O art. 582, 2ª parte, do CC dispõe que o comodatário constituído em mora, além de por ela responder, pagará, até restituir a coisa, o aluguel que for arbitrado pelo comodante. A natureza desse aluguel é de uma autêntica pena privada, e não de indenização pela ocupação indevida do imóvel emprestado. O objetivo central do aluguel não é transmudar o comodato em contrato de locação, mas sim coagir o comodatário a restituir o mais rapidamente possível a coisa emprestada, que indevidamente não foi devolvida no prazo legal REsp 1.175.848-PR, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino. Julgado em 18/9/2012. � MANDATO: pode ser instituído por instrumento particular; ainda que instituído por instrumento público, o substabelecimento pode ser feito por instrumento particular; pode ser expresso ou tácito, verbal ou escrito; a outorga do mandato está sujeita à forma exigida por lei para o ato a ser praticado; em termo gerais, só confere poderes de administração. � TRANSPORTE: cláusula de incolumidade – a responsabilidade contratual do transportador por acidente com o passageiro não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva. � FIANÇA: o contrato de fiança é feito por escrito e não admite interpretação extensiva; pode ser estipulada ainda que sem o consentimento do devedor ou contra a sua vontade; as obrigações nulas não podem ser suscetíveis de fiança, exceto se a nulidade resultar apenas de incapacidade pessoal do devedor. BENEFÍCIO DE ORDEM: o fiador demandado pelo pagamento da dívida tem direito a exigir, até a contestação da lide, que sejam primeiro executados os bens do devedor. Ao alegar o benefício de ordem, o fiador deve nomear bens do devedor, sitos no mesmo município, livres e desembargados, quantos bastem para solver o débito. #SELIGANASÚMULA: SÚMULA 549 STJ: É válida a penhora de bem de família pertencente a fiador de contrato de locação. Segunda Seção, aprovada em 14/10/2015, DJe 19/10/2015. - É lícita cláusula em contrato de mútuo bancário que preveja expressamente que a fiança prestada prorroga-se automaticamente com a prorrogação do contrato principal. REsp 1.253.411-CE, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 24/6/2015, DJe 4/8/2015. - O fiador de mútuo bancário não tem legitimidade para, exclusivamente e em nome próprio, pleitear em juízo a revisão e o afastamento de cláusulas e encargos abusivos constantes do contrato principal. REsp 926.792-SC, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 14/4/2015, DJe 17/4/2015. RESPONSABILIDADE CIVIL - O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem a obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes. A indenização será equitativa e não terá lugar quando privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem. - A responsabilidade dos pais por filho menor (responsabilidade por ato ou fato de terceiro) é objetiva, nos termos do art. 932, I, do CC, devendo-se comprovar apenas a culpa na prática do ato ilícito daquele pelo qual são os pais responsáveis legalmente (ou seja, é necessário provar apenas a culpa do filho). Contudo, há uma exceção: os pais só respondem pelo filho incapaz que esteja sob sua autoridade e em sua companhia; assim, os pais, ou responsável,que não exercem autoridade de fato sobre o filho, embora ainda detenham o poder familiar, não respondem por ele. Desse modo, a mãe que, à época de acidente provocado por seu filho menor de idade, residia permanentemente em local distinto daquele no qual morava o menor - sobre quem apenas o pai exercia autoridade de fato - não pode ser responsabilizada pela reparação civil advinda do ato ilícito, mesmo considerando que ela não deixou de deter o poder familiar sobre o filho. STJ. 3ª Turma. REsp 1.232.011-SC, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 17/12/2015 (Info 575). - #MUITOIMPORTANTE: Na responsabilidade civil extracontratual, se houver a fixação de pensionamento mensal, os juros moratórios deverão ser contabilizados a partir do vencimento de cada prestação, e não da data do evento danoso ou da citação. Não se aplica ao caso a súmula 54 do STJ, que somente tem incidência para condenações que são fixadas em uma única parcela. Se a condenação for por responsabilidade extracontratual, mas o juiz fixar pensão mensal, neste caso, sobre as parcelas já vencidas incidirão juros de mora a contar da data em que venceu cada prestação. Sobre as parcelas vincendas, em princípio não haverá juros de mora, a não ser que o devedor atrase o pagamento, situação na qual os juros irão incidir sobre a data do respectivo vencimento. STJ. 4ª Turma. REsp 1.270.983-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 8/3/2016 (Info 580). - O fato de a vítima de ato ilícito com resultado morte possuir, na data do óbito, idade superior à expectativa média de vida do brasileiro não afasta o direito de seu dependente econômico ao recebimento de pensão mensal, que será devida até a data em que a vítima atingiria a expectativa de vida prevista na tabela de sobrevida (Tábua Completa de Mortalidade) do IBGE vigente na data do óbito, considerando-se, para os devidos fins, o gênero e a idade da vítima. STJ. 3ª Turma. REsp 1.311.402-SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 18/2/2016 (Info 578). - A Google não é responsável pelos prejuízos decorrentes de violações de direito autoral levadas a efeito por usuários que utilizavam a rede social Orkut para comercializar obras sem autorização dos respectivos titulares, uma vez verificado (a) que o provedor de internet não obteve lucro ou contribuiu decisivamente com a prática ilícita e (b) que os danos sofridos antecederam a notificação do provedor acerca da existência do conteúdo infringente. REsp 1.512.647-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 13/5/2015, DJe 5/8/2015. - Danos morais em favor de Nascituro e Recém-nascido: Não há dúvidas sobre a possibilidade de recém-nascido sofrer dano moral, eis que a jurisprudência já reconheceu danos morais até para o nascituro (REsp 1291247/RJ, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 19/08/2014, DJe 01/10/2014). A jurisprudência tem, de regra, conferido soluções diversas a ações i) ajuizadas pelo falecido, ainda em vida, tendo o espólio assumido o processo posteriormente; ii) ajuizadas pelo espólio pleiteando danos experimentados em vida pelo de cujus; e iii) ajuizadas pelo espólio, mas pleiteando direito próprio dos herdeiros (como no caso). 2. Nas hipóteses de ações ajuizadas pelo falecido, ainda em vida, tendo o espólio assumido o processo posteriormente (i), e nas ajuizadas pelo espólio pleiteando danos experimentados em vida pelo de cujus (ii), a jurisprudência tem reconhecido a legitimidade do espólio. 3. Diversa é a hipótese em que o espólio pleiteia bem jurídico pertencente aos herdeiros (iii) por direito próprio e não por herança, como é o caso de indenizações por danos morais experimentados pela família em razão da morte de familiar. Nessa circunstância, deveras, não há coincidência entre o postulante e o titular do direito pleiteado, sendo, a rigor, hipótese de ilegitimidade ad causam. (REsp 1143968/MG, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 26/02/2013, DJe 01/07/2013) - No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações: no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família; na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável da vida da vítima. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu (o prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez). #SELIGA: Em sede de responsabilidade, se houver condenação na ação judicial, é imprescindível ter conhecimento do termo a quo dos juros moratórios e correção monetária. Detalhe: diferencia-se conforme o tipo de dano. Aí vem o Dizer o Direito e sintetiza nessas tabelas: DANOS MATERIAIS Juros MORATÓRIOS CORREÇÃO MONETÁRIA 1)Responsabilidade extracontratual: os juros fluem a partir do EVENTO DANOSO (art. 398 do CC e Súmula 54 do STJ). 2) Responsabilidade contratual: 2.1) Obrigação líquida (mora ex re): contados a partir do VENCIMENTO. 2.2) Obrigação ilíquida (mora ex persona): contados a partir da CITAÇÃO. Incide correção monetária a partir da data do efetivo PREJUÍZO (Súmula 43 do STJ). DANOS MORAIS Juros MORATÓRIOS CORREÇÃO MONETÁRIA 1)Responsabilidade extracontratual: os juros fluem a partir do EVENTO DANOSO (art. 398 do CC e Súmula 54 do STJ). 2) Responsabilidade contratual: 2.1) Obrigação líquida (mora ex re): contados a partir do VENCIMENTO. 2.2) Obrigação ilíquida (mora ex persona): contados a partir da CITAÇÃO. A correção monetária do valor da indenização do dano moral incide desde a data do ARBITRAMENTO (Súmula 362 do STJ). DIREITO DAS COISAS - Quem é possuidor? Aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade. Detentor: aquele que, achando-se em relação de dependência para com o outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas. - É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária. É de boa-fé a posse se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa. Salvo disposição em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida. #LEMBRAR: A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres. - Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância, assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade. MANUTENÇÃO DE POSSE REINTEGRAÇÃO DE POSSE INTERDITO PROIBITÓRIO Turbação Esbulho Ameaça à posse. #LEMBRAR: Os atos de defesa, ou de desforço (autotutela da posse) não podem ir além do indispensável à manutenção ou restituição da posse. - Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. § 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas. § 2o São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem(VEDAÇÃO AO ABUSO DE DIREITO). § 3o O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação, por necessidade ou utilidade pública ou interesse social, bem como no de requisição, em caso de perigo público iminente. § 4o O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante. (DESAPROPRIAÇÃO JUDICIAL). § 5o No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores. - A notificação prévia dos ocupantes não é documento essencial à propositura da ação possessória. STJ. 4ª Turma. REsp 1.263.164-DF, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 22/11/2016 (Info 594). - 1) particular invade imóvel público e deseja proteção possessória em face do PODER PÚBLICO: não é possível. Não terá direito à proteção possessória. Não poderá exercer interditos possessórios porque, perante o Poder Público, ele exerce mera detenção. 2) particular invade imóvel público e deseja proteção possessória em face de outro PARTICULAR: terá direito, em tese, à proteção possessória. É possível o manejo de interditos possessórios em litígio entre particulares sobre bem público dominical, pois entre ambos a disputa será relativa à posse. STJ. 4ª Turma. REsp 1.296.964-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 18/10/2016 (Info 594). - O ex-mutuário de imóvel dado em garantia hipotecária em financiamento do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) não tem direito à retenção pelas benfeitorias realizadas no bem antes da adjudicação. Quanto às benfeitorias realizadas após a adjudicação, deve-se analisar se há boa-fé ou má-fé na posse. Havendo má-fé do ex-mutuário possuidor (o que é a regra), ele não tem direito de retenção pelas benfeitorias realizadas no imóvel após a adjudicação, mas poderá ser indenizado pelas benfeitorias necessárias (art. 1.220 do CC). STJ. 3ª Turma. REsp 1.399.143-MS, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 7/6/2016 (Info 585). - É cabível o ajuizamento de ações possessórias por parte de invasor de terra pública contra outros particulares. A ocupação de área pública, sem autorização expressa e legítima do titular do domínio, não pode ser confundida com a mera detenção. Aquele que invade terras e nela constrói sua moradia jamais exercerá a posse em nome alheio. Não há entre ele e o proprietário uma relação de dependência ou subordinação. Ainda que a posse não possa ser oposta ao ente público, senhor da propriedade do bem, ela pode ser oposta contra outros particulares, tornando admissíveis as ações possessórias entre invasores. STJ. 3ª Turma. REsp 1.484.304-DF, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 10/3/2016 (Info 579). - USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIO: REGULAR/COMUM = Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis. POR POSSE-TRABALHO = Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo. - USUCAPIÃO ORDINÁRIA: REGULAR/COMUM = Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos. - USUCAPIÃO POR POSSE-TRABALHO = Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico. - USUCAPIÃO CONSTITUCIONAL ESPECIAL RURAL - usucapião agrária ou pro labore - art. 191, caput CF, art. 1239 CC, lei 6969/1981: Não são exigidos o justo título e a boa-fé. Doutrina e jurisprudência NÃO ADMITEM, neste caso, A ADIÇÃO da posse, pois requer requisitos personalíssimos incompatíveis com a aludida soma. Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir- lhe-á a propriedade. Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião. #IMPORTANTE: Não obsta o pedido declaratório de usucapião especial urbana o fato de a área do imóvel ser inferior a correspondente ao "módulo urbano" (a área mínima a ser observada no parcelamento de solo urbano por determinação infraconstitucional). STJ. 4ª Turma. REsp 1.360.017-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 5/5/2016 (Info 584). STJ. 4ª Turma. REsp 1.040.296-ES, Rel. originário Min. Marco Buzzi, Rel. para acórdão Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 2/6/2015 (Info 566). Preenchidos os requisitos do art. 183 da Constituição Federal, o reconhecimento do direito à usucapião especial urbana não pode ser obstado por legislação infraconstitucional que estabeleça módulos urbanos na respectiva área em que situado o imóvel (dimensão do lote). STF. Plenário. RE 422349, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 29/04/2015 (Info 783 STF). - USUCAPIÃO CONSTITUCIONAL OU ESPECIAL URBANA – URBANA INDIVIDUAL OU PRO MISERO: Art. 183 CF, art. 1240 CC e art. 9º Estatuto da Cidade. “Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. § 1º - O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil. § 2º - Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. § 3º - Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.” Entende-se por "área urbana" o imóvel edificado ou não, inclusive unidades autônomas vinculadas a condomínios edilícios. - USUCAPIÃO ESPECIAL URBANA POR ABANDONO DO LAR: Art. 1.240-A DO CC. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex- cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. § 1o O direito previsto no caput não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. - USUCAPIÃO ESPECIAL URBANA COLETIVA: Art. 10 da lei 10.257/2001 – Estatuto da Cidade. Art. 10. As áreas urbanas com mais de duzentos e cinquenta metros quadrados, ocupadas por população de baixa renda para sua MORADIA, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, onde não for possível identificar os terrenos ocupados por cada possuidor, são susceptíveis de serem usucapidas coletivamente, desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural. Aqui, há acessio possessiones. #OLHAOGANCHO: O imóvel da Caixa Econômica Federal vinculado ao Sistema Financeiro de Habitação, como está afetado à prestação de um serviço público, deve ser tratado como bem público, sendo, pois, imprescritível (insuscetível de usucapião). STJ. 3ª Turma. REsp 1.448.026-PE, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 17/11/2016 (Info 594).- O indivíduo que tem a propriedade de um veículo que, no entanto, está registrado em nome de um terceiro no DETRAN, possui interesse de agir para propor ação de usucapião extraordinária (art. 1.261 do CC) já que, com a sentença favorável, poderá regularizar o bem no órgão de trânsito. STJ. 3ª Turma. REsp 1.582.177-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 25/10/2016 (Info 593). - A decisão que reconhece a aquisição da propriedade de bem imóvel por usucapião prevalece sobre a hipoteca judicial que anteriormente tenha gravado o referido bem. REsp 620.610-DF, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 3/9/2013. - A alegação da União de que determinada área constitui terreno de marinha, sem que tenha sido realizado processo demarcatório específico e conclusivo pela Delegacia de Patrimônio da União, não obsta o reconhecimento de usucapião. REsp 1.090.847-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 23/4/2013. - O § 5º do art. 219 do CPC ("O juiz pronunciará, de ofício, a prescrição") não autoriza a declaração, de ofício, da usucapião. Não confundir prescrição aquisitiva (sinônimo de usucapião) com prescrição como extinção da pretensão. REsp 1.106.809-RS, Rel. originário Min. Luis Felipe Salomão, Rel. para acórdão Min. Marco Buzzi, julgado em 3/3/2015, DJe 27/4/2015. BEM DE FAMÍLIA #SELIGANALEGISLAÇÃO: Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido: I - em razão dos créditos de trabalhadores da própria residência e das respectivas contribuições previdenciárias (REVOGADO PELA LC 150/15); II - pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo contrato; III -- pelo credor de pensão alimentícia; IV - para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em função do imóvel familiar; V - para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou pela entidade familiar; VI - por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens. VII - por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação. (Incluído pela Lei nº 8.245, de 1991) - O art. 3º da Lei nº 8.009/90 traz as hipóteses em que o bem de família legal pode ser penhorado. O inciso V afirma que o imóvel poderá ser penhorado, mesmo sendo bem de família, se ele foi dado como hipoteca (garantia real) de uma dívida em favor da entidade familiar e esta, posteriormente, não foi paga. Neste caso, o bem de família poderá ser alienado e seu produto utilizado para satisfazer o credor. Vale ressaltar que não é necessário que a hipoteca esteja registrada no cartório de Registro de Imóveis. Assim, a ausência de registro da hipoteca em cartório de registro de imóveis não afasta a exceção à regra de impenhorabilidade prevista no art. 3º, V, da Lei nº 8.009/90. Em outras palavras, o fato de a hipoteca não ter sido registrada não pode ser utilizado como argumento pelo devedor para evitar a penhora do bem de família. STJ. 3ª Turma. REsp 1.455.554-RN, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 14/6/2016 (Info 585). - A impenhorabilidade do bem de família no qual reside o sócio devedor não é afastada pelo fato de o imóvel pertencer à sociedade empresária. STJ. 4ª Turma. EDcl no AREsp 511.486-SC, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 3/3/2016 (Info 579). - Na execução civil movida pela vítima, não é oponível a impenhorabilidade do bem de família adquirido com o produto do crime, ainda que a punibilidade do acusado tenha sido extinta em razão do cumprimento das condições estipuladas para a suspensão condicional do processo. Aplica-se, no caso, a exceção prevista na primeira parte do inciso VI do art. 3º da Lei nº 8.009/90 ("por ter sido adquirido com produto de crime"). A Lei nº 8.009/90 permite a penhora do bem de família adquirido com produto de crime sem que para isso precise existir condenação na esfera criminal. STJ. 4ª Turma. REsp 1.091.236-RJ, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 15/12/2015 (Info 575). SISTEMA FINANCEIRO HABITACIONAL - No contrato de financiamento habitacional regido pelo Plano de Comprometimento da Renda – PCR (Lei nº 8.692/93) as parcelas que irão ser pagas pelo mutuário deverão ser fixadas em um valor que não ultrapasse 30% da sua renda bruta mensal. Em caso de redução da renda, a Lei determina que o mutuário deverá procurar a instituição financeira e renegociar as condições de amortização. Assim, a parcela irá ser reduzida para ficar no máximo legal, mas haverá dilação do prazo de liquidação do financiamento. Determinado mutuário adquiriu uma casa por meio de financiamento bancário regido pelo SFH em conformidade com o PCR. Houve uma redução de sua renda mensal e, em razão disso, ele ajuizou ação de consignação em pagamento pedindo a quitação e extinção de suas obrigações tão somente por meio da consignação dos valores que ele unilateralmente entende como devidos. Esta ação deverá ser julgada improcedente. A solução prevista pela Lei para esta situação é a renegociação da dívida, com a redução negociada das parcelas mediante prolongamento do prazo de pagamento. STJ. 4ª Turma. REsp 886.846-DF, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 7/6/2016 (Info 586). - A cláusula contratual que impõe ao comprador a responsabilidade pela desocupação de imóvel que lhe é alienado pela CEF não é abusiva. Não há abusividade porque a alienação se dá por preço consideravelmente inferior ao valor real do imóvel, exatamente pela situação peculiar que o imóvel possa se encontrar. A obrigação do adquirente de ter que tomar medidas para que o terceiro desocupe o imóvel é um ônus que já é informado pela CEF aos interessados antes da contratação. Tal informação consta expressamente no edital de concorrência pública e no contrato que é celebrado. A rápida alienação do imóvel, no estado em que se encontre, favorece o SFH porque libera recursos financeiros que serão revertidos para novas operações de crédito em favor de famílias sem casa própria. STJ. 3ª Turma. REsp 1.509.933-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 4/10/2016 (Info 592). - O ex-mutuário de imóvel dado em garantia hipotecária em financiamento do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) não tem direito à retenção pelas benfeitorias realizadas no bem antes da adjudicação. Quanto às benfeitorias realizadas após a adjudicação, deve-se analisar se há boa-fé ou má-fé na posse. Havendo má-fé do ex-mutuário possuidor (o que é a regra), ele não tem direito de retenção pelas benfeitorias realizadas no imóvel após a adjudicação, mas poderá ser indenizado pelas benfeitorias necessárias (art. 1.220 do CC). STJ. 3ª Turma. REsp 1.399.143-MS, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 7/6/2016 (Info 585). - A CEF não tem responsabilidade sobre vícios de construção quando atua meramente como agente financeiro em sentido estrito, assim como as demais instituições financeiras públicas e privadas; A CEF terá responsabilidade quando atuar como agente executor de políticas federais para a promoção de moradia para pessoas de baixa ou baixíssima renda, ou seja, quando participar da elaboração do projeto com suas especificações, escolheu a construtora e/ou negociou os imóveis, ou seja, quando realiza atividade distinta daquela própria de agente financeiro estrito senso (REsp 897.045/RS). - Por outro lado, em relação ao Programa de Arrendamento Residencial – PAR, a CEF será responsabilizada quanto à reparação dos referidos vícios ou à devolução dos valores adimplidos pelos arrendatários que não mais desejem residir em imóveis com precárias condições de habitabilidade. (REsp 1352227/RN). - É obrigatória a contratação de seguro habitacional perante o SFH. Contudo, não há obrigatoriedade
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