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1 EPIFISIÓLISE DO FÊMUR PROXIMAL Gizelle Felinto INTRODUÇÃO ➢ A epifisiólise do fêmur proximal é uma das patologias mais comuns que acometem crianças e adolescentes ➢ SINÔNIMO → o nome mais utilizado para essa patologia é “Coxa Vara” ➢ Placas/Fises de Crescimento → as crianças, diferentemente dos adultos, apresentam fises/placas de crescimento, que são os locais por onde o osso irá crescer: • No fêmur → essa placa de crescimento fica logo abaixo da cabeça femoral • As fises são divididas nas seguintes camadas: ▪ Pré-Calcificação ▪ Hipertrófica → é a camada onde ocorre a fratura ▪ Germinativa ▪ Proliferativa • Exemplo → no rádio tem-se a placa de crescimento distal e a placa de crescimento proximal, sendo uma mais responsável pelo crescimento do que a outra. No caso do rádio, a fise que é mais responsável pelo crescimento ósseo é a distal ➢ DEFINIÇÃO → essa patologia se caracteriza pelo aumento da espessura e consequentemente o enfraquecimento da placa de crescimento proximal no fêmur • O escorregamento ocorre na camada hipertrófica, durante o estirão do crescimento → isso ocorre nessa camada hipertrófica devido ao fato de ela ser maior que as demais camadas da placa de crescimento, e por isso as células presentes nessa camada hipertrófica, que são células gigantes, ficam mais espassadas (distantes umas das outras), fazendo com que essa camada se torne mais frágil. Dessa forma, é devido a isso que o escorregamento/fratura ocorre nessa camada hipertrófica • A cabeça/epífise femoral mantém sua relação com o acetábulo, pois a placa de crescimento fica abaixo da cabeça do fêmur → assim, não ocorre a luxação (perda da congruência articular, quando o osso sai por completo de sua posição anatômica) ▪ O que ocorre é que da placa de crescimento para baixo haverá o deslocamento EPIDEMIOLOGIA ➢ A epifisiólise do fêmur proximal é a enfermidade do quadril mais comum nos adolescentes, sendo mais comum nas seguintes faixas-etárias: • Sexo Feminino → 11 – 13 anos (logo após o primeiro ciclo menstrual - Menarca) • Sexo Masculino → 13 – 15 anos ➢ Acomete mais negros e o sexo masculino ➢ Biotipos mais acometidos: • Obesos, adiposo-genitais com atraso do desenvolvimento sexual secundário ▪ Ex: adolescente baixinho, obeso, com atraso no desenvolvimento sexual (geralmente sem pelos pubianos, meninos com voz mais aguda e meninas sem o crescimento dos mamilos, por exemplo) • Altos e magros, com crescimento rápido em curto período de tempo ▪ Adolescentes muito altos e magros para a idade que apresentam ➢ O lado mais acometido é o esquerdo ➢ Quando se tem a patologia, geralmente, cerca de 50% dos casos ocorre Bilateralmente ➢ Uma vez a coxa vara diagnosticada de um lado, o risco de ocorrer no outro lado é maior nos próximos 18 meses após o aparecimento dos primeiros sintomas • Assim, quando se está diante de uma paciente com apenas um lado acometido e que não tem uma boa condição socioeconômica, deve-se, no tratamento, fixar também o lado contralateral, pois a chance de ele evoluir com a epifisiólise desse outro lado é muito grande e não se sabe se ele teria condições financeiras de retornar para novo tratamento. Dessa forma, se isso não for feito, é possível que no futuro, se o paciente retornar, ele apresente uma deformidade muito mais acentuada ➢ Nos seguintes casos deve-se investigar a presença de distúrbios endócrinos: • Criança < 10 anos com coxa vara • Indivíduo ≥ 18 anos com coxa vara ETIOLOGIA ➢ A etiologia não é bem definida, existindo várias teorias ➢ Teoria Traumática → má postura • Foi estudada a má postura dos adolescentes na sala de aula, observando-se que ao escreverem sentados na cadeira, pelo fato de a grande maioria ser destro, esses estudantes colocavam um peso maior do corpo sobre o quadril esquerdo. Assim, isso causava microtraumas na placa de crescimento, fazendo com que ocorresse o descolamento. Por isso que se tem na epidemiologia que o quadril esquerdo é o mais acometido ➢ Teoria Anatômica → acentuada retroversão do fêmur • Estudou-se a anatomia do fêmur dessas crianças e viu-se que as crianças mais acometidas tinham uma retroversão acentuada do fêmur ➢ Teoria Familiar: • Observou-se uma hereditariedade em 2 a 7% dos casos ➢ Teoria Autoimune → sinovite • Está relacionada a uma inflamação da articulação (sinovite), que seria tão exacerbada ao ponto de subluxar a cabeça do fêmur e, a partir dessa subluxação, ocorreria a epifisiólise por excesso de peso e carga na região femoral ➢ TEORIA HORMONAL → é a etiologia mais aceita! • Incidência aumentada na puberdade (descarga hormonal acentuada) → observou-se que as crianças mais acometidas são aquelas que estão passando pela puberdade, que é justamente a época em que se tem uma descarga hormonal acentuada. Assim, na puberdade, esses indivíduos 2 EPIFISIÓLISE DO FÊMUR PROXIMAL Gizelle Felinto começam a crescer rapidamente, o que fragiliza a camada hipertrófica, fazendo com que haja o deslocamento • Doenças Endócrinas relacionadas: ▪ Hipotireoidismo (é a mais comumente relacionada) ▪ Hipogonadismo ▪ Hipopituitarismo ▪ Hiperparatireoidismo QUADRO CLÍNICO ➢ ASPECTO GERAL → a criança pode se encontrar abatida, triste, sem sinais de queda ou trauma e não consegue praticar determinados esportes, como jogar bola, além de apresentar alguns outros sintomas ➢ SINAIS E SINTOMAS: • Claudicação (“mancar”): ▪ O paciente anda “puxando” uma perna, pois ele não consegue dar passos contínuos • Atitude de rotação externa do membro inferior afetado: ▪ Essa rotação externa é uma atitude de conforto, pois ocorre para que haja a distensão da cápsula articular, o que acaba aliviando a dor • Dor: ▪ De intensidade variável relacionada com esforço físico → quanto maior o esforço, maior será a dor ▪ Localizada na região inguinal, podendo irradiar para a região ântero-medial da coxa → paciente sente dor no quadril ou no joelho ✓ Essa irradiação da dor se deve a um nervo que passa próximo à crista ilíaca, que é o nervo cutâneo femoral lateral, ramo do nervo obturador o Em um acesso cirúrgico, se houver a lesão desse nervo cutâneo femoral lateral acaba- se causando uma patologia chamada Meralgia Parestésica, na qual o paciente não consegue mais sentir a parte ântero- medial da coxa • Não há história de trauma: ▪ Na grande maioria das vezes não há história de trauma. Assim, por exemplo, a criança pode chegar ao consultório afirmando que quando realiza algum esforço físico maior acaba sentindo dores ➢ EXAME FÍSICO: • A maioria dos pacientes são obesos • Deambulação com dor → paciente dá passos curtos do lado afetado • Pacientes podem apresentar rotação externa na marcha • Há limitação funcional dos seguintes movimentos do quadril: ▪ Rotação interna ▪ Abdução → não conseguem abrir/separar os dois membros inferiores ao mesmo tempo ▪ Flexão do quadril • Manobra de Drehman: ▪ Como fazer → realiza-se a flexão do quadril seguida de uma rotação externa do membro inferior ✓ Com a criança em decúbito dorsal, pegando no pé do paciente realiza-se a flexão do quadril e do joelho e, em contrapartida, ele irá fazer uma rotação externa do quadril para causar um alívio da dor. Ou seja, com essa manobra o paciente sente a necessidade de rodar externamente o membro examinado para progredir no movimento de flexão e para aliviar um pouco a dor ✓ Com essa rotação externa ocorre a distensão da cápsula, causando um alívio da dor ✓ Em uma criança normal, na realização dessa manobra ela ficará em posição neutra, enquanto que o paciente com epifisiólise não consegue fazer essa rotação interna, pois o trocanter menor choca com o acetábulo, travando o movimento DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ➢ Sinovite Transitóriado Quadril*: • É uma inflamação da sinóvia articular do quadril • Quadro Clínico: ▪ Dor no quadril ▪ Febre → é praticamente apenas 1 episódio de febre, o que difere da artrite séptica ▪ Ausência de outros sinais flogísticos (calor, rubor e edema) • Tratamento → geralmente, o uso de anti-inflamatórios (Ibuprofeno, Nimesulida...) melhora o quadro rapidamente ▪ Por ser transitório, também pode haver cura espontânea ➢ Necrose Avascular Idiopática da Cabeça do Fêmur*: • Fato curioso → existe um grupo indígena que realiza mergulhos para pescar no mar e que apresenta uma grande quantidade de adolescentes que têm necrose avascular da cabeça do fêmur, pois, após mergulharem, quando eles vão retornar para a superfície eles retornam muito rápido, o que causa um colabamento das artérias que nutrem a cabeça do fêmur e, consequentemente, acaba ocorrendo a morte da cabeça do fêmur por falta de irrigação ➢ Artrite Séptica do Quadril*: • Quadro Clínico: ▪ Presenta de sinais flogísticos (edema, calor, rubor e dor) ▪ Febre → essa febre é mais persistente, não sendo apenas um episódio único, o que difere da sinovite transitória IMPORTANTE Em crianças e idosos que chegam na urgência sentindo dor no joelho, obrigatoriamente deve-se radiografar também o quadril desses pacientes, além do joelho, pois o nervo cutâneo femoral lateral, que passa na crista ilíaca, é responsável por irradiar a dor para o joelho. Ou seja, o problema do paciente pode ser no quadril e a dor pode estar irradiando apenas para o joelho 3 EPIFISIÓLISE DO FÊMUR PROXIMAL Gizelle Felinto • Para o diagnóstico diferencial pode-se solicitar: ▪ Ultrassonografia: ✓ Para avaliar a presença de líquido na cavidade ▪ Punção Intra-articular: ✓ Na punção vê-se a presença de uma coleção purulenta. Assim, a presença de pus faz com que obrigatoriamente o ortopedista abra o quadril do paciente para realizar o tratamento ✓ Ausência de pus na punção = não é artrite séptica → porém, nesse caso pode ser uma Artrite Reativa ➢ Osteocondrite Dissecante ➢ Condrólise Idiopática ➢ Artrite Reumatóide Juvenil ➢ Legg-Calvé-Perthes *São os diagnósticos diferenciais mais comuns ➢ Para auxiliar no diagnóstico diferencial: • Se o paciente apresentar febre, além do quadro semelhante ao da epifisiólise, deve-se solicitar: ▪ Exames laboratoriais: ✓ Hemograma completo ✓ PCR (Proteína C-reativa): o Quando está aumentada indica processo infeccioso ou inflamatório ✓ VHS (Velocidade de Hemossedimentação): o Para identificar inflamações e infecções ✓ Ultrassonografia: o Para avaliar a presença de líquido na região ▪ Punção intra-articular: ✓ A presença de pus indica artrite séptica ▪ Raio-x de quadril e de joelho DIAGNÓSTICO RADIOLÓGICO ➢ RADIOGRAFIAS: • São necessárias pelo menos duas incidências do raio-x • Incidências: ▪ Anteroposterior (AP) da bacia ▪ Posição de Rã ou Dupla Abdução (Posição de Lauenstein): ✓ Como é → o paciente abre as duas pernas e faz- se o raio-x do perfil do quadril • O que se avalia no raio-x: ▪ Altura e espessura da placa de crescimento → na epifisiólise estará aumentada ✓ Provavelmente, um lado do quadril será maior que o outro ▪ Aspecto da fise → na epifisiólise terá um aspecto mais liso, perdendo o aspecto serrilhado • Também se faz uso do raio-x para traçar algumas linhas a depender da incidência radiográfica utilizada • Linha de Klein: ▪ É traçada no raio-x em AP ▪ Trata-se de uma linha traçada tangenciando a borda superior do colo do fêmur e que, obrigatoriamente, no quadril saudável, cruza a epífise femoral ▪ Sinal de Trethowan ou Perkins → quando a linha cruza a epífise femoral, em um quadril saudável ▪ Quando a linha não cruza a epífise é sinal de escorregamento CLASSIFICAÇÃO ➢ CLASSIFICAÇÃO DE FAHEY E O’BRIEN → classifica com relação à cronologia do evento • Agudo → início súbito dos sintomas (< 3 semanas) • Crônico → início gradual dos sintomas (> 3 semanas de duração) • Crônico-Agudizada → intensificação abrupta dos sintomas, geralmente desencadeada por trauma leve ▪ Quando a criança já teve algum sintoma que com algum tempo desapareceu e após algum trauma leve (Ex: escorregar) ela começa a sentir uma dor muito forte ➢ CLASSIFICAÇÃO DE LODER → classifica de acordo com a estabilidade da lesão • Estáveis → escorregamentos nos quais o paciente consegue deambular com ou sem ajuda de muletas • Instáveis → paciente não consegue deambular A. Aspecto normal → tem-se uma placa de crescimento irregular, com aspecto serrilhado (seta azul) B. Quando a doença começa a ocorrer, a cabeça femoral continua no acetábulo, porém a placa de crescimento adquire um aspecto mais liso (seta amarela) e começa a ficar mais alargada (colchete vermelho: vê-se que na figura A é menor que na figura B) C. Toda a estrutura da fise para baixo começa a ir para a região superior e a placa/fise de crescimento adquire um aspecto mais liso. Levando-se em consideração a cortical medial, vê-se que há uma pausa nela (seta roxa), pois toda a estrutura está saindo do lugar, indo para a região superior. Ou seja, há um descolamento da região abaixo da metáfise e a epífise continua articulada com o acetábulo A B C Linha de Klein A. Quadril normal → sinal de Trethowan ou Perkins está presente, pois a linha de klein cruza a epífise femoral B. Epifisiólise → a linha de klein não cruza a epífise femoral, pois toda a estrutura abaixo da metáfise está sendo deslocada para a região superior 4 EPIFISIÓLISE DO FÊMUR PROXIMAL Gizelle Felinto ➢ CLASSIFICAÇÃO DE WILSON (RADIOGRÁFICA): • Grau 0 → Pré-Deslizamento ▪ Placa de crescimento alargada e mais lisa • Grau 1 → Deslizamento Leve ▪ Escorregamento até 1/3 da metáfise • Grau 2 → Deslizamento Moderado ▪ Escorregamento até metade da metáfise • Grau 3 → Deslizamento Grave ▪ Escorregamento até mais da metade da metáfise TRATAMENTO ➢ O tratamento cirúrgico imediato é recomendado ➢ A Classificação de Wilson é responsável por nortear o tratamento: • Graus 0, 1 ou 2 de Wilson: ▪ Tratamento Cirúrgico → Epifisiodese in situ com parafuso canulado (fechamento da fise com parafuso) ✓ Da forma que o deslocamento se encontra realiza- se a fixação com um parafuso ✓ A colocação do parafuso deve seguir as seguintes regras: o Posicionado no centro da epífise (da cabeça do fêmur), perpendicular (a 90°) à placa fisária no AP e no Perfil o Respeitar o limite de 5mm proximais da epífise para não a perfurar → deve ficar a mais de 5mm do acetábulo, caso contrário irá perfurar a cabeça do fêmur ✓ A aplicação de mais de um parafuso não apresenta vantagem e ainda aumenta o risco de Necrose Avascular (NAV) • Grau 3 e alguns graus 2 de Wilson: ▪ Tratamento Cirúrgico → Fixação in situ pode ser associada a Ressecção da Gibosidade (Queilectomia) ✓ No grau 3 há um deslocamento muito grande, assim não se pode deixar com esse deslocamento. Dessa forma, faz-se uma redução incruenta, realizada em uma mesa de tração, tentando-se 2 a 3 manobras de redução para melhorar o desvio. Se não for possível essa redução, pode-se fixar da forma que o deslocamento se encontra, mas na maioria dos casos consegue-se reduzir esse deslocamento e posteriormente coloca-se o parafuso, seguindo-se as mesmas regras que o parafuso colocado nos graus 0, 1 e 2. Ou seja, sendo ou não possível realizar a redução incruenta, deve-se realizar a fixação com o parafuso Classificação de Wilson Exemplo → a distância de um lado do colo ao outro é de 6cm e divide-se o colo do fêmur em 3 partes, com cada uma ficando com 2cm - Grau 1 → quando a estrutura sobre até 2cm (1/3 da metáfise) - Grau 2 → quando o deslocamento atinge 3cm (até metade da metáfise) - Grau 3 → quando o deslocamentoé > 3cm (mais da metade da metáfise) Deslocamento Grau 3 Já houve um deslocamento de mais da metade da metáfise femoral - Metade da Metáfise (linha amarela) - Mais da metade da diáfise se deslocou (colchete vermelho) - A referência para medir o deslocamento nessa classificação de Wilson é o colo do fêmur → avalia-se a parte da metáfise que subiu e não está em contato com o colo do fêmur Pelo fato de o grau 3 ser um grau tão avançado, com a estrutura se deslocando consideravelmente para a região superior, quando o paciente realiza o movimento de abdução ela acaba chocando o colo do fêmur com a parede do acetábulo. Assim, com o tempo, esse atrito de osso com osso faz com que o organismo entenda que se trata de uma fratura, fazendo com que na região ocorre uma consolidação para a formação de um calo ósseo, que é justamente uma gibosidade. A grande maioria dos pacientes apresentam essa gibosidade. Assim, além da fixação deve-se fazer um procedimento chamado de Queilectomia, pois se não for feita haverá a limitação do movimento de abdução Essas duas regiões de chocam, provocando uma consolidação Gibosidade A e B → Provavelmente trata-se de um grau 1 de Wilson - O parafuso deve ficar no centro da cabeça do fêmur, tanto no AP (A) quanto no Perfil (B), e deve ficar a 90° da fise de crescimento. Além disso, ele atinge a epífise, passando da placa de crescimento C e D → no AP o parafuso não passou muito da placa de crescimento, mas no perfil passou, tratando- se de uma boa fixação E e F → não houve uma boa fixação, pois não respeitou a angulação de 90° 5 EPIFISIÓLISE DO FÊMUR PROXIMAL Gizelle Felinto COMPLICAÇÕES ➢ NECROSE AVASCULAR (NAV) DA CABEÇA DO FÊMUR: • É uma das principais complicações • Geralmente, é iatrogênica e tem relação com o posicionamento do material de síntese ▪ Ex: cirurgião posiciona o parafuso de forma errada, o que pode ocasionar essa NAV → geralmente, pode ocorrer quando o cirurgião: ✓ Não deixou o parafuso perpendicular ✓ Posicionou o parafuso muito posteriormente → nesse caso, pode ocorrer lesão da Artéria Circunflexa, que no adolescente é responsável por grande parte da vascularização da cabeça do fêmur o Lembrete → na criança a maior parte da vascularização da cabeça do fêmur é pela Artéria do Ligamento Redondo. Assim, a partir do momento que essa criança começa a crescer e a fise de crescimento começa a fechar essa vascularização começa a ser transferida para as Artérias Circunflexas ➢ CONDRÓLISE → é a complicação mais grave • É mais comum de ocorrer no sexo feminino • Trata-se da quebra/destruição da cartilagem ➢ Em relação ao tratamento dessas complicações → quando essas complicações ocorrem, o ortopedista faz o acompanhamento do paciente até que ele desenvolva um nível de artrose avançado, que pode durar anos para ocorrer, no qual o paciente praticamente não consegue mais deambular, apresentando bastante dor. Assim, é nesse caso em que se pensa na realização de uma Artroplastia. Dessa forma, como esse processo de desenvolvimento da artrose pode durar anos, quanto mais se postergar a realização de uma artroplastia, melhor será, pois as próteses de quadril têm uma meia vida de duração de cerca de 25 a 30 anos, por exemplo. Diante disso, se for colocada uma prótese em um paciente muito jovem, com 15 anos, por exemplo, quando ele estiver com 40 a 45 anos já se deve fazer uma prótese de revisão, que é uma cirurgia altamente complexa, pois retira-se a prótese que foi colocada há 30 anos para se colocar uma prótese nova. Com base nisso, quem decide pela realização da cirurgia é o próprio paciente, que pode chegar para o ortopedista afirmando que não suporta mais as dores e as limitações funcionais que essas complicações causam • Durante esse tempo de acompanhamento, pode-se realizar: ▪ Analgesia ▪ Infiltrações com corticoides ▪ Fisioterapia ▪ Fortalecimento muscular ▪ Treino de marcha ▪ Fazer a retirada do material de síntese → retira-se o parafuso e realiza-se microperfurações para estimular a vascularização da cabeça do fêmur Necrose da Cabeça do Fêmur - Provavelmente devido ao mau posicionamento do parafuso - No raio-x quase não se consegue delimitar a cabeça do fêmur, pois ela perdeu sua circunferência. Além disso, há a necrose da região (seta azul) Condrólise - Lesões semelhantes a “bocas de peixes” ou saca-bocado na cartilagem do paciente
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