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1 CÂNCER DE PRÓSTATA Gizelle Felinto INTRODUÇÃO ➢ Com os métodos de screening, como o Antígeno Prostático Específico (PSA), hoje em dia consegue-se descobrir um câncer muito antes dele provocar sintomas EPIDEMIOLOGIA ➢ O câncer de próstata é: • A neoplasia urológica mais comum • A 2ª neoplasia mais comum em homens, perdendo apenas para o câncer de pele não melanoma • A 2ª maior causa de morte entre os cânceres, perdendo apenas para o câncer de pulmão ➢ No Brasil, em relação ao câncer de próstata, tem-se: • Aproximadamente 13.000 mortes por ano • 68.000 novos casos por ano • Prevalência de câncer de próstata no Brasil → cerca de 6% ➢ O câncer de próstata teve um aumento em sua incidência a partir da década de 1990, devido ao diagnóstico mais precoce da doença. Além disso, esse aumento da incidência coincide com o tempo de surgimento do PSA, o que também explica esse aumento ➢ Tem-se uma expectativa de aumento da incidência até o ano de 2030, com o envelhecimento da população ➢ É uma doença que vai cada vez mais acometendo a população mais velha ➢ É uma doença de comportamento indolente, e por isso ela pode se desenvolver lentamente ao longo de vários anos, sendo essa uma das explicações para que a doença se torne mais prevalente FATORES DE RISCO ➢ Idade: • Quanto maior a idade, maior o risco de desenvolver câncer de próstata ➢ Herança genética: • O parente de primeiro grau de um paciente com câncer de próstata tem um risco 2 vezes maior apresentar a doença no futuro • Idade de diagnóstico → quanto mais precoce for o diagnóstico de câncer de próstata no paciente, maiores as chances de seus familiares terem câncer de próstata • Gêmeos univitelínicos → se um gêmeo tiver câncer de próstata, o outro tem um risco 4 vezes maior de ter câncer de próstata ➢ Raça negra: • Os negros tem um Risco Relativo com cerca de 50% maior que a população geral de desenvolver câncer de próstata (RR = 1,5). Assim, a prevalência de câncer de próstata na raça negra brasileira chega a cerca de 9% • Normalmente, esses pacientes, quando descobrem a doença, já a descobrem em um estadio mais avançado, com a doença sendo mais agressiva ➢ Fatores ambientais: • A população asiática (Japão, China, Coreia...) tem uma cerca proteção, tendo uma incidência de câncer de próstata menor do que o restante da população mundial • Hábitos de vida ocidentais configuram maior risco de desenvolver câncer de próstata → alguns fatores de risco ambientais: ▪ Dieta industrializada, consumo de gordura saturada, alto consumo de sódio ▪ Síndrome metabólica ▪ Obesidade ▪ Sedentarismo ➢ Países Escandinavos (Noruega, Suécia...) e Austrália: • A população desses países tem uma tendencia maior a ter câncer de próstata do que a população dos outros países do mundo, principalmente devido ao aumento da expectativa de vida nesses países escandinavos e na Austrália FISIOPATOLOGIA ➢ A próstata é dividida em 3 regiões: • Zona Central → composta pela uretra prostática • Zona de Transição → lobos prostáticos • Zona Periférica → cápsula prostática ▪ Normalmente, o câncer de próstata se desenvolve nas células periféricas, próximo à zona periférica. O que aumenta as chances de se conseguir identificar uma nodulação quando ela é palpável no toque retal ▪ Por ocorrer nessa zona periférica, inicialmente o câncer de próstata não causa sintomas ➢ Patologia do câncer de próstata: • As células da zona periférica da próstata sofrem atipia e, a partir disso, o paciente irá desenvolver a neoplasia de acordo com a mutação genética que venha a acontecer no paciente • ASAP (Proliferação Atípica de Pequenos Ácinos) → é a atipia das células periféricas ▪ São células atípicas com diagnóstico histológico incompleto de neoplasia ▪ Essa ASAP está presente em 1,5 a 9% das biópsias com alterações ▪ O que é o ASAP → trata-se de alterações citoestruturais e genéticas nas células que não são definitivas de neoplasias, sendo alterações incompletas ✓ Basicamente, é como se fosse o NIC 3 da próstata, que é uma categoria de tumor de colo de útero pré-maligno que, muitas vezes, justifica um tratamento cirúrgico para prevenir o desenvolvimento de tumores de útero ▪ Como saber se o ASAP está virando um câncer: 2 CÂNCER DE PRÓSTATA Gizelle Felinto ✓ Por meio de uma Imuno-histoquímica com o teste da Alfametil CoA redutase, que estará positivo para câncer em até 80% dos casos ✓ Assim, em apenas 20% dos casos a atipia não irá se desenvolver • Próstata com Epitélio Glandular = Adenocarcinoma (tipo mais comum) → com a atipia progredindo e virando uma neoplasia, como a próstata tem epitélio glandular e o tumor, normalmente, surge dentro dos ácinos, a grande maioria dos casos consiste em adenocarcinomas. Assim, quase 98% dos casos de tumores de próstata são adenocarcinomas • Outros tipos histológicos, mas que são raros: ▪ Tumores Mesenquimais ▪ Sarcomas ➢ CLASSIFICAÇÃO DE GLEASON → avaliação do grau de atipia • Define o estadiamento e auxilia na escolha do tratamento dos pacientes com câncer de próstata • As células neoplásicas tem um grau de atipia que vai variando, indo desde uma atipia muito leve até células totalmente anaplásicas • Essa classificação varia do 1 ao 5, sendo: ▪ Gleason 1 → menos agressivo ▪ Gleason 5 → mais agressivo e anaplásico • Pega-se o mais comum + segundo mais comum: ▪ O patologista avalia o tumor e observa os graus de atipia presentes (pode estar presente mais de um grau), identificando o grau mais comum e o segundo mais comum. Exemplos: ✓ Na neoplasia observou-se muito Gleason 4 e algumas células de Gleason 3 → assim, é Gleason 4 + 3 (sendo = 7) ✓ Na neoplasia observou-se muito Gleason 3 e algumas células de Gleason 4 → assim, é Gleason 3 + 4 (sendo = 7) ✓ Na neoplasia só se observou Gleason 4 → Gleason 4 + 4 (sendo = 8) ▪ O padrão terciário deve entrar na contagem se ele for pior que o secundário → quando se identifica 3 graus de Gleason, deve-se escolher o grau que está mais presente e, entre os que estão em menor quantidade, o mais agressivo, independentemente da quantidade. Exemplo: ✓ Observou-se mais Gleason 4, algumas células de Gleason 3 e um pouco menos de Gleason 5 → assim, como o 5 é pior do que o 3, a classificação fica como Gleason 4 + 5 (sendo = 9) DETECÇÃO PRECOCE ➢ O câncer de próstata é uma doença assintomática em fases iniciais, pois ela ocorre na zona periférica da próstata. Assim, o diagnóstico precoce é baseado nos modelos de screening que se tem ➢ Estudo PIVOT → esse estudo comprovou a eficácia da prevenção de mortes com a detecção precoce do câncer de próstata ➢ A partir do PSA (Antígeno Prostático Específico) teve-se uma redução de 32,5% na mortalidade por câncer de próstata e de 75% de diagnósticos tardios nos EUA ➢ O que os modelos de screening defendem: • O modelo deve ser realizado em paciente com no mínimo 10 anos de sobrevida (expectativa mínima de vida de 10 anos) ▪ Assim, se o indivíduo for um paciente moribundo que, por exemplo, já infartou 2 vezes e que não sobe um lance de escada sem se cansar, ele não precisa fazer um screening, pois ele irá a óbito devido a essa cardiopatia importante que ele apresenta ▪ Quem se beneficia do escreening é quem tem uma expectativa de sobrevida a longo prazo, pois, se descoberto precocemente, a tendência do câncer é que ele vá se desenvolvendo lentamente (mas existem exceções que devem ser avaliadas caso a caso) ➢ Grupos de risco: • Devem iniciar o acompanhamento mais precocemente do que a população geral, cerca de 5 anos antes • Os grupos de risco com os pacientes negros e os que tem parente de 1º grau com câncer de próstata • Pelo risco aumentado de desenvolver a doença, esses pacientes irão se beneficiar de uma descobertamais precoce da doença ➢ PSA → tem relação direta com o câncer de próstata • De acordo com o Guideline Europeu → se o PSA é muito baixo, o intervalo do screening pode ser mais espaçado, permitindo-se o acompanhamento em cada 4 em 4 ou 8 em 8 anos em pacientes com PSA quase zerado • Quanto menor o PSA, menores as chances de câncer de próstata • Cerca de 15% dos tumores podem alterar primeiramente a conformação da próstata ao toque retal do que começa a aumentar o PSA ➢ TOQUE RETAL: • Deve ser realizado em conjunto com o PSA, pois os dois juntos aumentam a acurácia do diagnóstico em quase 70% ➢ COMO É O SCREENING BRASILEIRO: • Indicação do screening → idade para o início: ▪ População geral → a partir dos 50 anos ▪ Grupos de risco → a partir dos 45 anos • Porque antes dos 50 anos não é a indicação → antes dos 50 anos, quando se descobria o câncer de próstata, ele ainda era uma doença sem significância clínica. Assim, se ele ficasse mais 5 a 10 anos com a doença, por exemplo, ela não iria se desenvolver tanto, por isso que se aumentou para acima de 50 anos a idade para o início do screening na população geral • Acompanhamento: ▪ É anual e é feito com PSA + Toque retal • Importante → pacientes que procuram fazer o screening antes da idade indicada para o rastreio devem ser estimulados, podendo-se realizar o toque retal e solicitar o PSA desse paciente, e orientados sobre o novo modelo de screening 3 CÂNCER DE PRÓSTATA Gizelle Felinto DIAGNÓSTICO ➢ SUSPEIÇÃO DIAGNÓSTICA: • A suspeita se dá por uma alteração/elevação do PSA ou por uma nodulação palpável no toque retal • Essa suspeição faz com que o médico indique a realização de uma biópsia ➢ BIÓPSIA: • É transretal e é guiada pela Ultrassonografia (USG) • Normalmente, são retirados 12 fragmentos da próstata. Assim, divide-se a próstata em 6 zonas (base, terço médio e ápice, sendo direito e esquerdo, por isso que são 6 zonas) e retira-se 2 fragmentos de cada uma dessas regiões • Com a análise do tecido obtido pela biópsia consegue-se dar o diagnóstico histológico e a confirmação diagnóstica do câncer de próstata • Algumas vezes a biópsia da próstata é negativa, e nesses casos lança-se mão de algumas alternativas para evitar a realização de novas biópsias desnecessárias ➢ Alternativas para se evitar uma biópsia desnecessária: • Nos seguintes casos, por exemplo: ▪ Quando a biópsia vem negativa e não se deseja submeter o paciente a uma nova biópsia desnecessária ▪ Quando o paciente tem uma próstata muito aumentada e um PSA pouco alterado, desejando-se evitar a realização de uma biópsia, pois existem outras causas desse aumento do volume da próstata • Alternativas que se pode utilizar: ▪ RELAÇÃO PSA LIVRE/TOTAL: ✓ Indicação → quando o PSA está entre 4 e 10 ng/mL o Não é aplicável para o PSA > 10ng/mL, pois as chances de malignidade são muito maiores nesses casos ✓ A célula neoplásica, em seu crescimento desordenado, vai destruir cada vez mais ácinos, e o PSA é uma glicoproteína que é liberada por essas células acinares. Assim, esse PSA liberado devido a esse crescimento desordenado não está totalmente pronto, pois não sofreu a proteólise à nível intra-acinar, e com isso ela se conjuga facilmente a proteínas plasmáticas no sangue, o que diminui bastante a porcentagem de PSA livre ✓ Valores → quando se tem um PSA total entre 4 e 10ng/mL, deve-se observar o PSA livre: o PSA livre < 10% → sugere neoplasia (aumenta-se as chances de ser uma neoplasia) ❖ Isso pode justificar a realização de uma biópsia diante da suspeita clínica o PSA livre > 20% → sugere hiperplasia (diminui-se as chances de ser maligno e aumenta-se as chances de ser uma Hiperplasia Prostática Benigna, por exemplo) ▪ VELOCIDADE DE PSA → tem valor prognóstico ✓ Não tem valor diagnóstico ✓ Assim, quando se descobre a doença e o PSA está com o tempo de duplicação muito pequeno, de poucos meses, significa que é uma doença mais agressiva, devendo-se avaliar mais de perto ▪ PCA3: ✓ Indicação → paciente com PSA aumentado, Biópsia negativa e ainda com suspeita clínica ✓ O que é → dosa-se o RNA do câncer de próstata no sedimento urinário o Para a coleta → deve ser feita a coleta de urina após uma massagem prostática ✓ Vantagem → é um marcador mais específico que o PSA, tendo uma ótima acurácia para o diagnóstico do câncer de próstata ✓ Desvantagens → difícil coleta, alto custo e difícil acesso ANTÍGENO PROSTÁTICO ESPECÍFICO (PSA) ➢ Características: • É o principal marcador do Câncer de Próstata, pois tem uma glicoproteína que tem bastante especificidade para o tecido prostático • É sensível, mas pouco específico para câncer de próstata • Ele tem especificidade para o tecido prostático, mas não tem especificidade para o câncer de próstata, pois o PSA sempre aumenta quando há alguma alteração na próstata, e não apenas quando se tem câncer. Ou seja, o PSA pode alterar por outras causas, como: ▪ Hiperplasia Prostática Benigna (HPB) ▪ Traumatismo por sondagem ▪ Toque retal ▪ Infecção urinária ▪ Prostatite ➢ O PSA é utilizado para: • Rastreamento → sendo a principal arma para rastreio • Estadiamento → quanto mais alto o PSA, mais agressiva é a doença • Avaliação da resposta ao tratamento: ▪ Exemplo → quando se opera a próstata, avalia-se o paciente depois de 3 meses e espera-se que o PSA desse paciente esteja quase zerado • Marcar recidiva: ▪ Assim, após uma cirurgia ou outro tratamento, dosa- se o PSA seriadamente e se os níveis começarem a subir, isso pode indicar uma recidiva de doença ➢ Valores: • Normais: ▪ Em > 60 anos → 4,0 ng/mL ▪ Entre 50 a 59 anos → 2,5 ng/mL • Intermediário → 4 a 10 ng/mL • Aumentado → > 10 ng/mL ESTADIAMENTO TNM ➢ O que cada letra significa: • T → tumor 4 CÂNCER DE PRÓSTATA Gizelle Felinto • N → linfonodo acometido • M → metástase ➢ Quando se descobre a neoplasia, tenta-se incluir o paciente no estadiamento. Porém, o estadiamento TNM é importante, mas não é tão aplicável ➢ Esse estadiamento é muito subjetivo, pois ele avalia de acordo com o toque retal, e é dependente do histopatológico para dar a classificação N. Assim, só se pode dar o estadiamento TNM em um pós-operatório com linfadenectomia ➢ T – TUMOR: • Tx → tumor primário não pode ser avaliado • T0 →sem evidência do tumor primário • T1 → Tumor clinicamente não palpável (ao toque retal não se identifica a doença/nódulos) ou visível por método de imagem ▪ T1a → tumores incidentais com achado histopatológico em ≤ 5% do tecido de ressecção ✓ Incidental → descoberto após a realização de uma outra cirurgia (Ex: cirurgia de Hiperplasia prostática benigna com analise histopatológica indicando neoplasia) ▪ T1b → tumores incidentais com achado histopatológico em > 5% do tecido de ressecção ▪ T1c → tumor identificado por biópsia por agulha (paciente não tem doença clinicamente palpável, mas apresenta PSA elevado) • T2 → Tumor confinado à próstata (sente-se uma nodulação na próstata) ▪ T2a → tumor engloba metade de um dos lobos ou menos (nódulo pequeno que ocupa menos de 50% de um lobo) ▪ T2b → tumor engloba mais da metade de um lobo, mas não os dois lobos (nódulo que ocupa mais de 50% do lobo) ▪ T2c → tumor engloba ambos os lobos • T3 → Tumor além da cápsula prostática ▪ T3a → extensão extracapsular (unilateral ou bilateral) ▪ T3b → tumor envolve a vesícula seminal (uma ou ambas) ✓ Nem sempre se consegue palpar isso pelo toque retal, sendo identificado apenas com um exame complementar, que é a Ressonância • T4 → Tumor fixo ou invade estruturas adjacentes além das vesículas seminais: ▪ Colo vesical ▪ Esfíncter externo ▪ Reto ▪ Músculos elevadores ▪ Parede pélvica CLASSIFICAÇÃO DE D’AMICO ➢ Devido à subjetividadee à dificuldade de aplicabilidade pré- operatória da classificação TNM, surgiu essa classificação ➢ Nessa classificação utiliza-se os seguintes: • PSA • Toque renal da classificação TNM (a parte T da classificação) • Resultado da biópsia → Classificação de Gleason ➢ Essa classificação dá o risco de progressão da doença → de uma doença localmente avançada, de metástase e, consequentemente, risco de morte específica pela doença ➢ CLASSIFICAÇÃO: CLASSIFICAÇÃO DE D’AMICO Risco baixo Risco intermediário Risco alto Estádio Clínico Até T2a T2b T2c a T3a Escores de Gleason Até 6 7 > 7 PSA sérico (ng/mL) < 10 > 10 e < 20 > 20 • Baixo risco → para ser considerado nessa categoria, deve- se preencher os 3 critérios • Risco intermediário e alto risco → já se considera nessas categorias mesmo se o paciente preencher apenas um dos critérios. Assim, mesmo a presença de apenas um desses parâmetros já coloca o paciente nessas categorias ▪ Ex: paciente com T2a, PSA de 8ng/mL e Escore de Gleason de 8 → esse paciente é classificado como de alto risco • Desse modo, a característica mais grave do doente é quem classifica o risco da sua doença ➢ ESTADIAMENTO: • Essa classificação ermite avaliar a necessidade de estadiamento do doente: ▪ Risco baixo → pode-se indicar o tratamento ou cirurgia sem estadiar ▪ Risco intermediário → necessita de estadio, para que se afaste pelo menos a metástase óssea, por exemplo ▪ Risco alto → deve-se estadiar, buscando-se afastar a doença localmente avançada e a metástase óssea • Como estadiar os pacientes (médio e alto risco)→ fazendo- se uso de: ▪ Ressonância Nuclear Magnética (RNM) ou Tomografia Computadorizada (TC): ✓ A ressonância é mais sensível, sendo a mais indicada e utilizada ✓ TC → serve mais para avaliar metástase linfonodal ▪ Cintilografia Óssea ➢ Protocolos novos utilizando a RNM: • Podem substituir o T (tumor) classificado de acordo com o toque retal, permitindo uma melhor classificação T • É útil para: ▪ Estadiar a doença ▪ Guiar biópsias → a RNM pode ser realizada quando a biópsia é negativa, por exemplo (em paciente com PSA aumentado e biópsia negativa pode-se fazer uma RNM para saber se realmente será necessária uma nova biópsia nesse paciente) ▪ Avaliar a Extensão Extraprostática (EPE) ▪ Avaliar o acometimento de vesículas seminais 5 CÂNCER DE PRÓSTATA Gizelle Felinto ➢ GRUPO NCCN → esse grupo lançou uma nova classificação, que é a classificação de Muito Baixo Risco • Essa classificação surgiu com o advento do tratamento com vigilância ativa → paciente descobre um câncer muito pouco ativo e, para evitar as sequelas do tratamento, ele é acompanhado, esperando-se a doença desenvolver mais um pouco, passando para o risco baixo ou intermediário, para que se possa intervir na doença desse paciente (cirurgia ou radioterapia, por exemplo) • Essa classificação leva em consideração os seguintes parâmetros → Muito Baixo Risco: ▪ Estádio Clínico → T1c (sem doença palpável) ▪ Escore de Gleason → 6 ▪ PSA → < 10ng/mL ▪ Biópsia → com < 3 fragmentos positivos e com < 50% dos fragmentos envolvidos ▪ Densidade de PSA baixa → < 0,15 ✓ Um PSA baixo para o tamanho da próstata do paciente TRATAMENTO CURATIVO ➢ Opções de Tratamento: • Cirurgia • Radioterapia • Hormonioterapia • Vigilância Ativa ➢ CIRURGIA PARA CÂNCER DE PRÓSTATA: • Prostatectomia Radical com ou sem Linfadenectomia Pélvica Estendida (padrão-ouro): ▪ O que é → consiste na retirada de toda a próstata ▪ Como é feita → retira-se a próstata com toda a sua capsula e as vesículas seminais, e faz-se uma anastomose da bexiga com a uretra. Após essa anastomose, o paciente passa um tempo usando sonda urinária enquanto não cicatriza, e quando ocorre a cicatrização ele volta a urinar normalmente sem a necessidade de sonda ▪ Pode ser feita pelas seguintes vias: ✓ Aberta ✓ Laparoscópica ✓ Robótica ✓ Em relação à cura e ao resultado oncológico, as três vias têm resultados semelhantes ✓ Laparoscópica e robótica → tem uma menor taxa de sangramento e um menor tempo de internação, tendo também uma maior taxa de preservação nervosa (para preservar, por exemplo, a função erétil do paciente) ▪ Finalidade da cirurgia: ✓ Tem intenção curativa e permite a ressecção completa da doença ▪ Paciente curado: ✓ Considera-se o paciente curado quando se passam 5 anos após a realização da cirurgia, sem recidivas ▪ Mortalidade global devido à cirurgia → 0,5% ▪ Complicações e Sequelas: ✓ Complicações Precoces: o Sangramento → pois a próstata é muito vascularizada o Fenômenos tromboembólicos (Ex: Trombose Venosa Profunda –TVP– e Tromboembolismo Pulmonar-TEP) → pois a próstata está localizada na pelve e cirurgias pélvicas estão relacionadas a fenômenos tromboembólicos o Lesão de órgãos adjacentes (Ex: lesão de esfíncter urinário, de reto...) ✓ Complicações Tardias: o Estenose da anastomose → é mais difícil de ocorrer o Incontinência urinária: ❖ Decorre da lesão do esfíncter pela retirada da próstata ❖ Após 1 ano de prostatectomia radical ainda acomete cerca de 5 a 10% dos pacientes o Disfunção erétil: ❖ Devido ao comprometimento da inervação de passa pela região retroprostática (entre a próstata e o reto) para o pênis • Avaliação da realização ou não da Linfadenectomia Pélvica → obedece ao Namograma de Partin, que calcula o risco de metástase linfonodal de acordo com as características do câncer do paciente. Assim, se o cálculo for > 2% está indicada a linfadenectomia • Só traz resultados em pacientes com expectativa de vida de 10 anos ou mais ➢ RADIOTERAPIA: • É uma opção terapêutica • Pode ser utilizada como: ▪ Tratamento definitivo (substituindo a cirurgia) → em casos de baixo risco ▪ Tratamento adjuvante (tratamento complementar pós- operatório) → em doenças localmente avançadas (extensão extraprostática da doença) ▪ Tratamento “isolado” (apenas a radioterapia) → nos seguintes casos: ✓ Recidiva da doença ✓ Doença metastática • Vantagem → não tem complicações relacionadas ao ato cirúrgico • Desvantagens → pode causar: ▪ Disfunção erétil → ocorre devido à queima das fibras nervosas pela radioterapia ▪ Proctite → paciente fica com dor para defecar ▪ Cistite → paciente fica com dor para urinar • Nos grupos de baixo e médio risco → os resultados oncológicos são semelhantes a cirurgia, o que permite ao paciente escolher entre essas duas terapêuticas (cirurgia ou radioterapia) 6 CÂNCER DE PRÓSTATA Gizelle Felinto ➢ VIGILÂNCIA ATIVA: • É um conceito recente que surgiu com a indolência do câncer de próstata • Viu-se também que pacientes mais jovens e com doença mais agressiva tendem a morrer com a doença → se o paciente é mais velho e a doença é menos agressiva, ele tem a tendência de morrer por outra causa que não seja o câncer de próstata, e é nesses casos em que se atua com essa vigilância ativa • Com o diagnóstico precoce, descobriu-se tumores cada vez mais tratáveis que talvez não se desenvolvessem • Indicação → em doenças de baixo risco em pacientes > 65 anos ▪ Deve ser indicada para pacientes de baixo risco, mas que seja passível a indicação de fatores de alteração com o acompanhamento • A cirurgia é superior nos seguintes casos: ▪ Se o paciente é < 65 anos, a cirurgia terá um benefício maior do que a vigilância ativa, pois com a expectativa de vida do paciente, a doença terá uma tendência maior a se desenvolver se a cirurgia não for feita ▪ Pacientes de médio e alto risco → a cirurgia tem vantagem sobre a vigilância ativa • Preconiza-se, no início da vigilância, que o paciente retorne a cada 3 meses ao consultório urológico • Atenção → só se indica a vigilância ativa quando se vê que o paciente realmente vai seguira vigilância e irá retornar corretamente, no tempo certo, para as consultas • Essa vigilância pode ser feita por toda a vida do paciente ou pode ser interrompida se houver mudança na classificação do doente ➢ HORMONIOTERAPIA: • O que é → consiste no bloqueio do metabolismo da testosterona (bloqueio do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal) • Deixa-se o paciente com níveis hormonais de castração → com a testosterona < 20ng/dL • São várias medicações que apresentam mecanismos diversos, normalmente sendo prescritas pelo oncologista • As medicações dão um efeito de orquiectomia (remoção dos testículos) • Às vezes, quando não se consegue o efeito com a medicação, faz-se a orquiectomia terapêutica → assim, retira-se os dois testículos para cessar a produção de testosterona do paciente • Indicações: ▪ Doença metastática ▪ Recidiva → associada à radioterapia ▪ Terapia complementar → em uma doença localmente avançada ▪ Pacientes com idade avançada → pois, geralmente, não se beneficiam de um procedimento cirúrgico INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE O TRATAMENTO ➢ Em câncer de próstata, todo tratamento terá como fatores determinates: • Características do paciente • Características da doença • A opinião do paciente → conta para a escolha do método terapêutico ➢ Todo tratamento é individualizado! ➢ Muitas vezes, mais de uma modalidade de tratamento é indicada e pode ser feita
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