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Rio de Janeiro
UVA
2016
Produtos e 
Serviços Bancários
5ª edição
Lilian Massena Gallagher
Rio de Janeiro
UVA
2016
Produtos e 
Serviços Bancários
5ª edição
Copyright © UVA 2014
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer 
meio sem a prévia autorização desta instituição.
Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico
da Língua Portuguesa.
ISBN: 978-85-65812-38-2
Autoria do Conteúdo
Lilian Massena Gallagher
Design Instrucional
Daianá Lucília S.A. de Almeida Melo
Projeto Gráfico
UVA
Diagramação
Raphaela Saules
Revisão 
Débora Silvestre Costa
Lydianna Lima
Ficha Catalográfica elaborada pelo Sistema de Bibliotecas da UVA.
Biblioteca Maria Anunciação Almeida de Carvalho.
G162p Gallagher, Lilian Massena.
 Produtos e serviços bancários [livro eletrônico] / 
 Lilian Massena Gallagher. – 5. ed. – Rio de Janeiro : UVA, 2016. 
 810 KB. 
 ISBN 978-85-65812-38-2 
 Disponível também impresso.
 1. Bancos. I. Universidade Veiga de Almeida. II. 
 Título. 
 
 CDD – 332.1 
SUMÁRIO
Apresentação...............................................................................................................7
Sobre a autora..............................................................................................................8 
Capítulo 1 - Introdução ao mercado financeiro................9
O papel do mercado financeiro na economia..............................10
Organização do Sistema Financeiro Nacional..................................13
Gestão do risco bancário.........................................................................24
Referências......................................................................................................32
Capítulo 2 - Produtos de crédito....................................33
Empréstimo e financiamento para pessoa física...........................34
Empréstimo e financiamento para pessoa jurídica.....................44
Introdução à avaliação do risco de crédito.......................................54
Referências....................................................................................................65
Capítulo 3 - Produtos de investimento.........................67
Renda fixa........................................................................................................68
Renda variável................................................................................................76
Fundos de investimentos.............................................................................83
Referências....................................................................................................92
Capítulo 4 - Produtos e serviços específicos ou 
diferenciados................................................................93
Administração de recursos.......................................................................94
Seguro, previdência e capitalização...................................................103
Outros serviços bancários.......................................................................111
Referências....................................................................................................124
Considerações finais....................................................125
7
APRESENTAÇÃO
 
APRESENTAÇÃO
Este livro, Produtos e Serviços Bancários, trata do mercado financeiro 
brasileiro. O conhecimento do funcionamento desse segmento econô-
mico é fundamental para que as pessoas possam maximizar suas rique-
zas e também para que as empresas tenham plenas condições de buscar 
recursos da melhor forma possível para seus investimentos, gerando 
renda e contribuindo para o desenvolvimento do país.
Aqui você vai aprender sobre a composição do Sistema Financeiro Na-
cional, seus produtos e serviços, bem como será apresentado aos fun-
damentos e riscos do mercado financeiro, além de conhecer os órgãos 
normatizadores, fiscalizadores e seus participantes. Verá também os 
principais produtos de crédito voltados a indivíduos e empresas, os 
produtos de investimento, de previdência, de seguro e outros serviços 
prestados pela rede bancária brasileira.
Desejamos que você aproveite ao máximo esta experiência e que a lei-
tura desta obra promova uma oportunidade de reflexão sobre os conte-
údos abordados, contribuindo efetivamente para o seu enriquecimento 
cultural e acadêmico.
......................................................................................................................................................................................................................
8
SOBRE A AUTORA
Lilian Massena Gallagher é mestre em Administração pela Universida-
de Estácio de Sá - UNESA, com curso de mestrado em Administração 
pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - COPPEAD/UFRJ, e é ba-
charel em Administração de Empresas pela Universidade Federal de 
Pernambuco - UFPE. Possui os certificados ANCORD e ANBIMA CPA-20 
e é licenciada pela Comissão de Valores Mobiliários - CVM para traba-
lhar como analista e consultora de valores mobiliários, administradora 
de carteiras e agente autônomo de investimentos. Atua há mais de 23 
anos na área de investimento financeiro, além de ser autora de oito 
livros sobre o assunto.
9O papel do mercado financeiro na economia
......................................................................................................................................................................................................................
CAPÍTULO 1 
INTRODUÇÃO AO MERCADO 
FINANCEIRO
Este capítulo permitirá que você compreenda o papel do 
mercado financeiro dentro da economia brasileira, bem 
como seus órgãos reguladores e participantes. Devido à 
sua importância e à alta concentração de riscos, os par-
ticipantes desse segmento econômico e seus produtos e 
serviços estão sujeitos a forte regulamentação, o que di-
fere da atividade fabril. Por isso, é fundamental o conheci-
mento desse arcabouço básico sobre o sistema financeiro 
para entender os produtos e serviços oferecidos na rede 
bancária. Assim, estude com atenção e tente contextuali-
zar suas experiências pessoais e profissionais com o tema 
do capítulo.
Introdução ao mercado financeiro 10
......................................................................................................................................................................................................................
O PAPEL DO MERCADO FINANCEIRO NA 
ECONOMIA
Ao final deste tópico, espera-se que você seja capaz de 
identificar o papel do Sistema Financeiro Nacional – SFN 
como propulsor da economia do país.
Você já imaginou como seria o mundo sem os 
bancos? Guardaríamos nosso dinheiro embaixo 
do colchão, correndo o risco de assaltos? E 
como seria para quem tem muito dinheiro?
Há de ter alguém que guarde nosso dinheiro e autentique 
sua validade. Mas até ser o que hoje o banco é, essa insti-
tuição evoluiu muito. Confira a seguir a história dos ban-
cos e seu papel fundamental na construção de um país 
melhor.
Tudo indica que as primeiras operações bancárias da his-
tória tenham sido desenvolvidas na civilização fenícia. 
Mas, com o advento do comércio no fim da Idade Média, 
a função de banqueiro na Europa floresceu. Era ele quem 
fazia a pesagem das moedas e avaliava a autenticidade e a 
qualidade dos metais em troca de uma comissão nas feiras 
da Europa Central.
Com o surgimento da moeda, outro tipo de serviço fez-se 
necessário: guardar o dinheiro. Em troca, os bancos emi-
tiam um certificado. Com o passardo tempo, os banquei-
O nome banco foi 
concebido pelos 
romanos, pois 
representava a 
mesa em que eram 
realizadas as trocas 
de moedas. 
11O papel do mercado financeiro na economia
......................................................................................................................................................................................................................
ros notaram que as pessoas não sacavam todos os seus 
recursos no mesmo dia, e, por isso, eles sempre tinham 
dinheiro em caixa, que poderia ser emprestado àqueles 
que necessitavam de recursos e que estavam dispostos a 
pagar juros por isso. Essa foi a base para o enriquecimento 
dos banqueiros, que deixaram de ser simples “cambistas”. 
Como a Igreja na época desaprovava a cobrança de juros, 
esse serviço acabou sendo prestado pelo povo judeu, ra-
zão que explica o porquê da presença desse povo no ramo 
bancário naquela época.
Os bancos são de fundamental importância para a econo-
mia de um país, pois ajudam a organizar o meio circulante 
e fazem a ponte entre quem tem sobra e falta de dinheiro. 
Mas eles sozinhos não dão conta de colocar o mercado fi-
nanceiro funcionando a contento nem de oferecer todos 
os instrumentos necessários para atender às necessidades 
dos agentes do mercado. Com o passar dos anos, as tran-
sações financeiras assumiram um nível de sofisticação e 
grandeza ao ponto de outras instituições unirem-se e for-
marem o sistema financeiro como conhecemos hoje.
Sabe-se que, para fornecer cada vez mais serviços a uma 
população também crescente, é necessário que a economia 
cresça e torne-se cada vez mais dinâmica, e, para que esse 
crescimento econômico aconteça, é necessário cada vez 
mais investimentos no setor produtivo, de forma a promo-
ver trabalho, renda e impostos, gerando a acumulação do 
capital e o aumento de sua produtividade.
Por sua vez, a liquidez promovida pelo acúmulo de capital 
vai gerar necessidade de novos investimentos que permi-
......................................................................................................................................................................................................................
Introdução ao mercado financeiro 12
......................................................................................................................................................................................................................
tam eficiência e rentabilidade, fazendo com que a econo-
mia entre em um círculo vicioso. Está explicado, de forma 
simples, por que é necessária a formação de poupança de 
um povo para alcançar um lugar ao sol no mundo desen-
volvido.
Mas não para por aí. Os recursos poupados têm de chegar 
onde podem ser mais rentáveis, trazendo mais lucros e ge-
rando bem-estar para a população. É aí que entra o papel 
do mercado financeiro, aproximando os agentes deficitá-
rios dos superavitários, que desejam investir suas poupan-
ças da forma mais rentável possível, gerando riqueza para 
si e para uma nação.
Existem três formas principais de fazer chegar o dinheiro 
de quem poupa a quem investe. O autofinanciamento é a 
mais simples e primitiva, além da mais limitada, permitin-
do que as empresas ou indivíduos invistam apenas aquilo 
que eles mesmos poupam.
A outra maneira é pelo governo, que, por meio de políti-
cas dirigidas, direciona a poupança da sociedade para os 
investimentos que julgar mais adequados, os quais nem 
sempre visam à geração de mais riqueza e às alternativas 
mais produtivas, mas, sim, à observância de questões bu-
rocráticas ou de cunho político.
Por fim, essa canalização de recursos pode ser feita pelos 
mercados financeiros, que assumem papel mais destacado 
à medida que as economias tornam-se mais sofisticadas. A 
prática mostra que há uma correlação direta entre o desen-
volvimento de um país e o de seus mercados financeiros.
13Organização do Sistema Financeiro Nacional
............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................
ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA FINANCEIRO 
NACIONAL 
Ao final deste tópico, espera-se que você seja capaz de dis-
criminar os principais órgãos reguladores e os diferentes 
participantes dos mercados financeiros.
O Sistema Financeiro Nacional – SFN é formado por um 
conjunto de agentes que atuam sob a supervisão de órgãos 
fiscalizadores e executores de políticas definidas pelos 
conselhos.
Ao todo, são três conselhos, formados por pessoas que 
ocupam determinados cargos no governo federal, como 
ministros e o presidente do Banco Central. Cada conselho 
atua diretamente em um segmento do SFN, a saber:
Conselho Monetário 
Nacional – CMN
Normatiza e define as diretrizes dos mer-
cados financeiros, tendo como órgãos 
executores de suas políticas o Banco 
Central do Brasil – Bacen ou BC e a Co-
missão de Valores Mobiliários – CVM.
Conselho Nacional de 
Seguros Privados – CNSP
Normatiza e define as diretrizes dos mer-
cados segurador e de previdência priva-
da aberta, tendo como órgão executor 
de suas políticas a Superintendência de 
Seguros Privados – Susep.
Conselho Nacional 
de Previdência 
Complementar – CNPC
Normatiza e define as diretrizes do merca-
do de previdência complementar fecha-
da, tendo como órgão executor de suas 
políticas a Superintendência Nacional de 
Previdência Complementar – Previc.
14
......................................................................................................................................................................................................................
Introdução ao mercado financeiro 
Por sua vez, os mercados financeiros são divididos em 
quatro: monetário, de crédito, de câmbio e de capitais, os 
quais serão abordados neste livro.
Mercado monetário
No mercado monetário, são negociados os instrumentos 
financeiros que afetam de alguma forma a moeda.
Fazem parte dele as operações a curto prazo que visam ao 
controle da liquidez da economia.
O mercado aberto é aquele em que são realizadas a com-
pra e a venda dos títulos públicos. Por meio da venda de 
títulos de emissão do Tesouro Nacional, o investidor rece-
be os títulos, e o Bacen recolhe dinheiro da economia. No 
entanto, quando há recompra de títulos, ocorre o inverso, 
aumentando a liquidez da economia.
Por falar em liquidez da economia, vale mencionar os títu-
los que também ajudam a gerar moeda, como os Certifica-
dos de Depósito Bancário – CDB e outros títulos emitidos 
pelas casas bancárias, que aumentam os passivos delas, 
permitindo que elas emprestem mais recursos a empresas 
e indivíduos.
As operações de redesconto são necessárias para cobrir 
necessidades de liquidez dos bancos. Por meio do redes-
conto, o Bacen empresta dinheiro aos bancos quando eles 
apresentam déficit de caixa. Lembramos que, a todo ins-
Por liquidez entenda 
a quantidade 
de moeda em 
circulação, que é 
controlada pelo 
Bacen, por meio 
da execução e 
do controle das 
operações cursadas 
no mercado aberto, 
de redesconto 
e de depósitos 
compulsórios.
Você encontrará mais detalhes sobre esses títulos no capítulo 3 
deste livro.
15Organização do Sistema Financeiro Nacional
......................................................................................................................................................................................................................
tante, os investidores depositam e aplicam recursos nas 
instituições financeiras, que emprestam parte desses re-
cursos para os agentes deficitários. Logo, há momentos 
emque o banco tem sobra de caixa e momentos em que 
necessita de recursos, tomando emprestado de outras ins-
tituições financeiras, por meio do Certificado de Depósito 
Interbancário (ou Interfinanceiro) – CDI. 
Pelas regras atuais do Sistema de Pagamentos Brasileiro, 
os bancos têm 30 minutos para fechar o seu caixa. Quando 
isso não acontece, o Bacen cobre esse buraco por meio de 
operações de redesconto, que, como visto, são emprésti-
mos aos bancos. As taxas cobradas no redesconto são, via 
de regra, mais caras que as praticadas no mercado inter-
bancário.
Para fechar esse tópico, é mister mencionar o Copom, o 
Comitê de Política Monetária do Bacen.
O objetivo do Copom é estabelecer as diretrizes da políti-
ca monetária e definir a taxa básica de juros, a taxa Selic. 
Ele também tem a competência específica de manipular a 
liquidez econômica por meio dos instrumentos de política 
monetária. Ele é composto por oito membros da diretoria 
colegiada do Bacen e é presidido pelo presidente da autori-
dade monetária. Também integram o grupo de discussões 
os chefes de departamentos, os consultores, o secretário-
-executivo da diretoria, o coordenador do grupo de comu-
nicação institucional e o assessor de imprensa.
Atualmente, o Copom reúne-se oito vezes por ano, em 
calendário divulgado com bastante antecedência, o qual 
pode ser consultado no site do Bacen.
O Copom foi criado 
em 1996, a exemplo 
do que já era 
adotado pelo Fed, 
o banco central 
americano, e pelo 
banco central da 
Alemanha. Hoje, 
muitas autoridades 
monetárias em todo 
o mundo adotam 
prática semelhante, 
facilitando o 
processo decisório, 
a transparência e a 
comunicação com o 
público em geral. 
16
......................................................................................................................................................................................................................
Introdução ao mercado financeiro 
Mercado de crédito
O mercado de crédito serve como alavancagem para a 
maioria das economias desenvolvidas no mundo, uma vez 
que está direcionado aos empréstimos e financiamentos 
entre duas partes e tem por objetivo suprir recursos aos 
agentes econômicos, sejam pessoas físicas ou jurídicas, 
para atender às suas necessidades de investimento, de 
consumo ou operacionais, como abastecer o fluxo de caixa 
temporariamente deficitário de uma empresa.
Nessa relação, a parte credora oferece um bem à parte de-
vedora, que, na sociedade capitalista, é a moeda fiduciária 
ou escritural. Por esse empréstimo, o credor recebe juros 
do devedor.
Muitos economistas e agentes do mercado tentam explicar 
a grande diferença do spread no Brasil, que é devida a fa-
tores conjunturais, inadimplência dos tomadores de recur-
sos, impostos e despesas administrativas na contratação 
do crédito. Há alguns anos, o Bacen vem trabalhando na 
redução do spread, já tendo conseguido algum avanço, mas 
com um longo caminho à frente a percorrer.
Devido à sua capacidade de captar recursos e à sua es-
pecialização nesse segmento econômico e na eficiência 
no recebimento dos empréstimos, cabe às instituições fi-
nanceiras o papel principal de agente de concessão de 
crédito no mundo capitalista. Porém, como sabemos, as 
empresas podem conceder crédito diretamente a seus 
A diferença entre as taxas de juros que o banco paga aos seus 
clientes provedores de recursos e as taxas cobradas aos clientes 
deficitários é chamada de spread bancário. 
17Organização do Sistema Financeiro Nacional
......................................................................................................................................................................................................................
clientes, assim como as pessoas podem concedê-lo a seus 
familiares e amigos.
Atualmente, existem muitas modalidades de crédito dispo-
níveis ao consumidor, entre elas, podem-se citar: cheque 
especial, cartão de crédito, crédito direto ao consumidor 
– CDC, crédito consignado, crédito imobiliário, leasing e 
hot money. Esses produtos e serviços serão abordados em 
outros capítulos deste livro.
Por envolver riscos, o mercado de crédito é fiscalizado de 
perto pelo Bacen, que cria regras rígidas e exige certos di-
recionamentos dos recursos das instituições financeiras. 
Mercado de câmbio
O mercado de câmbio é um ambiente físico ou eletrôni-
co no qual ocorrem as operações de compra e venda de 
moedas estrangeiras realizadas entre os agentes autoriza-
dos pelo Bacen, como bancos, corretoras e distribuidoras, 
como também entre esses e seus clientes.
Trata-se do maior mercado financeiro. Segundo dados do 
Bank for International Settlement – BIS, em abril de 2013 
foram realizadas, em média, no mundo USD, 5,3 trilhões 
de operações no mercado de câmbio por dia. Desse to-
tal, 9% foram câmbios fechados por empresas, 24% foram 
oriundos de bancos menores e 11% de investidores institu-
cionais, como fundos de pensão e seguradoras.
O dólar foi responsável por 87% de todos os câmbios fecha-
dos na data da pesquisa, sendo, portanto, a moeda domi-
nante ainda hoje. Em segundo lugar fica o Euro, com 33% 
Bank for 
International 
Settlement – BiS 
Banco central dos
bancos centrais, o 
BIS é um organismo 
internacional de 
pesquisa e mútua 
cooperação, 
visando servir aos 
bancos centrais 
em suas buscas 
por estabilidade 
monetária e 
financeira, nutrindo 
a cooperação 
internacional nessas 
áreas e agindo 
como um banco 
para os bancos 
centrais.
18
......................................................................................................................................................................................................................
Introdução ao mercado financeiro 
do mercado. Se você estranhou essa soma, que deveria ser 
100%, entenda que essa contagem é dupla, pois, ao comprar 
uma moeda, vende-se outra. Logo, o dólar pode ser negocia-
do pelo euro, o que vai entrar nos dois lados da estatística.
Esse mercado está cada vez mais concentrado nos maiores 
centros financeiros mundiais. As transações com moedas 
no Reino Unido, Estados Unidos, Singapura e Japão soma-
vam 71% de todas as negociações do mundo nesse merca-
do, que engloba não somente as negociações no mercado 
spot (à vista), responsável por 38% do total, mas também 
de outros veículos financeiros baseados em moeda, como 
os swaps e as opções com moedas.
As taxas de câmbio são determinadas por inúmeros fato-
res, e cada país adota um regime de câmbio. No Brasil, há 
algum tempo utiliza-se a taxa de câmbio flutuante, que é 
determinada pela dinâmica entre as forças de demanda e 
oferta da moeda no mercado. Muitos economistas alegam 
que nosso regime cambial é de flutuação suja, dado que, 
vez por outra, o Bacen entra atuando no mercado, com-
prando ou vendendo moeda para tentar influenciar de 
alguma forma a taxa de câmbio. Entretanto, embora isso 
realmente ocorra muito esporadicamente, esse mercado é 
tão dinâmico e grande que os esforços são muitas vezes 
ineficazes.
Outros países preferem usar a taxa de câmbio fixa, que es-
tabelece o monopólio cambial, cabendo somente ao banco 
central e aos agentes por ele autorizados a posse de moeda 
estrangeira no país.
19Organização do Sistema Financeiro Nacional
......................................................................................................................................................................................................................
A China é, no momento, um exemplo de país que adotou a taxa 
fixa. Contudo, para o economista Robert Mundell, laureado com 
o Prêmio Nobel, trata-se de uma economia atípica, pois conse-
gue manter características de política econômica que não se 
conjugam ao mesmo tempo: independência da política mone-
tária, taxa de câmbio fixa e fluxos livres de capital interfronteiras, 
o que exige esforços descomunais para esterilizaros efeitos da 
política cambial adotada.
A realidade vem mostrando que, ao longo do tempo, polí-
ticas de taxas fixas não se perduram. A dinâmica da eco-
nomia mundial e a inter-relação dos países com o mundo 
externo obrigam os mesmos a ajustarem-se a cenários me-
nos estáveis, acabando por permitir que a taxa de câmbio 
ajuste-se às forças do mercado.
A taxa de câmbio é de fundamental importância para os 
países. Moedas valorizadas são trocadas por menos divisa, 
diminuindo a competitividade dos bens e produtos fabrica-
dos pelo país no mercado internacional, ao mesmo tempo 
em que favorece a importação de bens e produtos de con-
sumo final ou matérias-primas para a indústria nacional. 
Já as moedas fracas perante o dólar podem, a princípio, 
parecer uma desvantagem para o país. No entanto, favo-
recem a exportação dos produtos fabricados localmente.
Para fechar esse tópico, é importante mencionar os dife-
rentes tipos de taxas de câmbio. Ao fazer uma rápida pes-
quisa na internet, podemos observar que existem as taxas 
de câmbio comercial, paralelo, turismo e PTAX.
A taxa de câmbio comercial divulgada na internet refere-
-se à média ponderada por volume financeiro das taxas 
Divisa é uma moeda 
aceita como meio 
de pagamento 
fora do seu país de 
emissão.
20
......................................................................................................................................................................................................................
Introdução ao mercado financeiro 
cursadas no mercado de câmbio que têm por origem as 
transações de comércio exterior, importação e exportação 
de produtos e serviços. 
Como exemplo, pode-se citar a venda de minério de ferro pela 
Vale para outros países.
A taxa do dólar paralelo refere-se às transações informais 
e não registradas no Bacen. Essas transações não são reco-
nhecidas pelo agente fiscalizador do mercado.
A taxa de dólar turismo tem por origem as transações ocor-
ridas no mercado de turismo, como viagens internacionais. 
Por fim, a taxa PTAX tem por base as transações de moeda 
cursadas no mercado interbancário e é utilizada para corri-
gir contratos que tenham por base a taxa de câmbio.
Mercado de capitais
O mercado de capitais é formado por agentes econômicos 
que desenvolvem operações com o objetivo de proporcio-
nar recursos de médio e longo prazos para capital de giro 
ou investimento das empresas, por meio de emissão e dis-
tribuição de valores mobiliários.
De acordo com a Lei nº 10.198/2001, são valores mobiliários, 
quando ofertados publicamente, quaisquer títulos ou contratos 
de investimento coletivo que gerem direito de participação, de 
parceria ou de remuneração, inclusive resultante da prestação 
de serviços, cujos rendimentos advêm do esforço do empreen-
dedor ou de terceiros. Não são valores mobiliários, portanto, os 
títulos públicos federais nem os títulos de emissão dos bancos, 
como o CDB.
21Organização do Sistema Financeiro Nacional
......................................................................................................................................................................................................................
O surgimento do mercado de capitais ocorreu quando o 
mercado de crédito deixou de atender às necessidades da 
atividade produtiva. Com necessidades de caixa para inves-
timento, as empresas começaram a emitir títulos e a vendê-
-los diretamente aos interessados. Com a sofisticação dos 
instrumentos e a necessidade de regulamentação para dar 
segurança aos investidores, o mercado de capitais foi apri-
morando-se, até chegar à criação das bolsas de valores.
Com a criada necessidade de desenvolvimento do mercado 
de capitais, foi fundada, em 1976, a Comissão de Valores 
Mobiliários – CVM. Hoje, todo valor mobiliário negocia-
do ao público tem de ser registrado nessa autarquia, que 
busca constantemente regras de negociação equitativas e 
seguras entre os participantes, que podem ser pessoas físi-
cas ou até mesmo investidores institucionais, como fundos 
de pensão, bancos e seguradoras.
Nesse mercado, são negociados tanto títulos de dívida 
como debêntures e notas promissórias, bem como títulos 
de propriedade e ações. 
Como mencionado, quando desejam negociar publicamen-
te seus valores mobiliários, os títulos devem ser registra-
dos na CVM e seguir regras rígidas. Diz-se que uma so-
ciedade anônima tem o capital aberto quando seus títulos 
são negociados publicamente. Assim, empresas de capital 
aberto têm suas ações negociadas, normalmente, nas bol-
sas de valores, onde obtêm visibilidade e maior número 
de interessados para negociar os ativos, além de ser um 
ambiente seguro de negociação. Por outro lado, empresas 
que não negociam seus valores mobiliários junto ao públi-
co são chamadas de empresas de capital fechado.
22
......................................................................................................................................................................................................................
Introdução ao mercado financeiro 
Como explicado em documento da CVM, a abertura de ca-
pital oferece uma série de vantagens, a saber:
• Ampliação da base de captação de recursos finan-
ceiros e do seu potencial de crescimento.
• Maior flexibilidade estratégica, facilitando a liqui-
dez patrimonial dos acionistas.
• Maior exposição ao mercado, favorecendo a divul-
gação da imagem institucional.
• Facilidade na reestruturação societária, inclusive 
em casos sucessórios.
• Gestão profissional, facilitando, portanto, sua pe-
renidade enquanto negócio.
• Melhoria na relação com os funcionários em caso 
de participação destes no processo de aquisição de 
parte das ações da companhia.
Porém, como tudo tem dois lados, a gerência de uma com-
panhia aberta traz custos associados não somente ao pro-
cesso de abertura em si, mas também à sua manutenção 
como tal. As companhias abertas devem manter um de-
partamento de acionistas e de relação com investidores, 
taxas quitadas da CVM e das bolsas de valores, realização 
de contratação de auditoria independente e divulgação sis-
temática de informações para o mercado.
Retornando à questão da importância do mercado finan-
ceiro para o desenvolvimento de um país — tema desen-
volvido aqui, sendo que, desta vez, focado mais especifi-
camente no mercado de capitais —, pode-se dizer que a 
23Organização do Sistema Financeiro Nacional
......................................................................................................................................................................................................................
profissionalização das companhias e a institucionalização 
da poupança, direcionada para fundos de investimento e 
fundos de pensão, tornaram o mercado de capitais mais 
sofisticado em termos de tomada de decisão, gerando mais 
retorno para as famílias e mais necessidade de investimen-
tos que garantam longo prazo, proporcionem liquidez e 
ofereçam retornos razoáveis ao longo do tempo.
Juntos, esses fatores – oferta de poupança, demanda de 
recursos para investimento, intermediação financeira e a 
institucionalização do mercado – têm levado à expansão 
do mercado de capitais, cujo crescimento está diretamente 
ligado ao desenvolvimento e à sofisticação da economia, 
que têm se beneficiado de forma constante com o acesso 
às novas tecnologias de comunicação e informática, facili-
tando o acesso a outros mercados mundiais, aumentando 
a globalização e reduzindo o custo da intermediação. Essa 
conjunção de fatores permite que países como o Brasil 
sejam capazes de competir pela poupança mundial para 
atrair mais riqueza.
Fonte: GALLAGHER, 2012, p. 28.
24
......................................................................................................................................................................................................................Introdução ao mercado financeiro
GESTÃO DO RISCO BANCÁRIO
Ao final deste tópico, espera-se que você seja capaz de 
identificar os riscos envolvidos na atividade bancária.
Podemos definir risco como a volatilidade de resultados 
não esperados ou uma estimativa para as possíveis perdas 
de uma instituição financeira, um fundo de investimento 
ou um investidor, devido às incertezas de suas atividades 
diárias. Contudo, no caso de instituições bancárias, é pos-
sível definir risco de uma forma mais direta. Nesse caso, 
risco está associado à probabilidade de a instituição incor-
rer em perdas, passando por dificuldades não previstas, 
associadas à dinâmica de seus negócios.
Não há como eliminar o risco, mas certamente podemos 
administrá-lo e tentar diminuí-lo. No caso do mercado fi-
nanceiro, isso se dá, normalmente, em conjunto com nor-
mas oriundas dos órgãos reguladores. Gerenciamento de 
risco é, portanto, o conjunto de pessoas, sistemas e medi-
das de controle utilizado para medir e controlar os riscos 
inerentes às atividades diárias de uma entidade.
Volatilidade é um conceito que frequentemente está associa-
do a risco e refere-se ao grau médio de variação das cotações 
de um determinado título em um determinado período. Tra-
ta-se de uma medida estatística que, em certo sentido, mede 
a velocidade do mercado. Os mercados que se movem lenta-
mente são de baixa volatilidade, e os que se movem rapida-
mente são de alta volatilidade.
25Gestão de risco bancário
......................................................................................................................................................................................................................
Um processo adequado de equalizações de riscos contem-
pla regras claras, objetivas e de fácil entendimento por 
todos os integrantes. A efetivação de qualquer transação 
deve ter como premissas a conformidade da operação e 
suas garantias, certificando-se da existência de todos os 
documentos necessários (contratos, garantias, anexos, do-
cumentos oficiais etc.). Também é necessária a observância 
de todas as exigências do produto, garantindo, assim, a 
qualidade e a segurança exigidas pela organização.
Tipos de riscos
O risco manifesta-se de diferentes maneiras: de mercado, 
de crédito, de liquidez, de imagem, legal e operacional, 
que serão abordadas a seguir.
Risco de mercado
Podemos definir risco de mercado como a resultante das 
mudanças no comportamento do preço de um ativo dian-
te das condições de mercado. Trata-se de uma medida 
da incerteza relacionada aos retornos esperados de um 
investimento em decorrência de variações em fatores de 
mercado, como taxas de câmbio e de juros e preços de 
commodities e de ações.
Com relação ao risco do mercado de câmbio, pode-se dizer 
que ele é oriundo da exposição às oscilações nas taxas de 
câmbio.
Como exemplo de risco de câmbio, imagine uma empresa que 
utiliza grande quantidade de produtos importados em sua pro-
dução. Se a taxa de câmbio subir, a lucratividade dessa empresa 
deve diminuir, principalmente se o preço dos seus produtos for 
muito sensível a variações. 
26
......................................................................................................................................................................................................................
Introdução ao mercado financeiro
O risco do mercado de juros provém do impacto das osci-
lações das taxas de juros e interfere diretamente na gestão 
dos investimentos e no caixa de uma instituição financeira. 
Isso acontece porque o preço de um ativo é dado pela ex-
pectativa em relação ao futuro.
Se um investidor tem, por exemplo, um título de renda fixa, na 
qual paga uma taxa de juros “x”, se as taxas de juros subirem, seu 
título ficará desvalorizado, pois os investidores poderão aplicar 
em títulos que paguem uma taxa de juros maior. Já se a taxa de 
juros cair, seu título ficará valorizado, pois vai remunerar mais 
que os novos títulos do mercado.
É notório o sobe e desce da bolsa. Em termos técnicos, di-
zemos que há alta volatilidade nesse mercado. Logo, se o 
investidor tiver algum investimento em ação no seu por-
tfólio de investimentos, ele estará sujeito a essas varia-
ções, ou seja, ao risco do mercado acionário. Diz-se que a 
variação de preço a que está sujeito o mercado acionário 
é um risco de mercado, porque os preços das ações são o 
resultado de forças de mercado, como oferta e procura.
O risco do mercado de commodities acontece quando ocor-
re qualquer mudança no preço de determinada commodity.
O termo commodity é utilizado para designar bens e, às vezes, 
serviços para os quais existe procura sem atender à diferencia-
ção de qualidade do produto no conjunto dos mercados e en-
tre vários fornecedores ou marcas. É equivalente e trocável por 
outra mercadoria igual, independentemente de quem a produz, 
como petróleo, soja e ouro.
27Gestão de risco bancário
......................................................................................................................................................................................................................
Risco de crédito
Essa forma de risco pode ser considerada como a dominante 
no mercado financeiro hoje. Relaciona-se a prováveis perdas 
quando um dos contratantes não tem como honrar seus com-
promissos. As perdas, nesse caso, correspondem aos recur-
sos que não serão mais recebidos. O alcance desse risco de-
pende do tamanho da posição tomada com uma contraparte 
particular, do tamanho do negócio em relação ao fechamento 
de um determinado dia e da existência de qualquer acerto 
entre as partes envolvidas que forcem a honrar de qualquer 
maneira os compromissos assumidos. O efeito dessa opera-
ção é sentido pelo custo de reposição do fluxo de caixa se a 
outra parte não cumprir o seu compromisso de pagamento. 
O risco de crédito pode ser visualizado de três formas:
Risco país
É o risco de um país deixar de 
pagar os juros e, o principal, 
sua dívida externa, declaran-
do moratória. Nesse caso, o 
país fica impedido de captar 
recursos no mercado interna-
cional. O risco-país é medido 
em números e, quanto maior 
esse número, maior o risco 
de o país não honrar a dívida 
e, logo, maior a taxa de juros 
requerida pelo investidor para 
comprar os títulos desse país.
Risco político
Refere-se a restrições ao fluxo 
de capitais entre países, esta-
dos ou municípios, impedindo 
a contraparte de honrar as 
suas obrigações. Pode ocorrer 
quando há golpes militares, 
novos planos econômicos ou em 
consequência de novas eleições.
Risco de falta de pagamento
Pode ser visualizado quando 
uma das partes em um con-
trato não pode mais honrar os 
compromissos assumidos.
28
......................................................................................................................................................................................................................
Introdução ao mercado financeiro
Risco de liquidez
O risco de liquidez é oriundo de situações em que uma 
parte interessada em negociar um dado ativo não pode fa-
zê-lo porque não consegue achar outra parte interessada 
em tomar o outro lado da negociação a um preço razoável 
(ou a qualquer preço). Esse risco torna-se particularmente 
grave se a parte que detém os ativos, e a ele está sujeita, 
vê-se obrigada a liquidar esses ativos para fazer face a ou-
tros compromissos.
O risco de liquidez é um risco financeiro devido à incerte-
za de existir liquidez.
Uma instituição pode perder acesso à liquidez se o seu rating de 
crédito cair ou se outro evento levar as demais contrapartes a 
desejarem evitar negociar com a companhia ou financiá-la. Uma 
instituição financeira também está exposta ao risco de liquidez 
se os mercados nos quais atua estiverem sujeitos a possível per-
da de liquidez. 
O risco de liquidez tende a agravar outrosriscos. Se uma 
empresa não tiver condições de cumprir seus compromis-
sos porque não consegue desfazer-se de investimentos por 
questões de liquidez, estamos diante de um caso de risco 
de crédito ocasionado por questões de liquidez. Por conta 
disso, uma das grandes preocupações dos reguladores são 
as implicações do risco de liquidez para os sistemas, na 
medida em que o não cumprimento dos compromissos por 
uma contraparte pode ocasionar o não cumprimento das 
suas contrapartes em cascata. 
Risco de imagem
É a possibilidade de a instituição ter seu bom nome des-
gastado no mercado e/ou com as autoridades constituí-
das em decorrência de publicidade negativa, verdadeira ou 
não. Os danos causados à reputação da companhia perante 
29Gestão de risco bancário
......................................................................................................................................................................................................................
partes interessadas acarretam, normalmente, impactos no 
valor da marca.
 
Risco legal
O risco legal pode ser definido como a possibilidade de 
perdas decorrentes da não observância ou da incorreta 
avaliação de questões ligadas à legislação. Ele pode afetar 
os processos operacionais de uma instituição ou levá-la a 
multas, penalidades ou indenizações a órgãos de supervi-
são e controle e a processos judiciais ou administrativos. 
Um típico exemplo de risco legal é um contrato ou produto 
sem embasamento nas leis pertinentes àquela situação.
Os bancos estão sujeitos a várias formas de risco legal. 
Encontra-se aí incluído o risco de desvalorização de ativos ou de 
valorização de passivos em intensidades inesperadamente altas 
por conta de pareceres ou documentos legais inadequados ou 
incorretos. 
Adicionalmente, a legislação existente pode falhar na so-
lução de questões legais que envolvam uma instituição 
financeira. Os bancos são particularmente suscetíveis a 
riscos legais quando adotam novos tipos de transações e 
quando o direito legal de uma contraparte em uma transa-
ção não está estabelecido de forma clara.
Risco operacional
O risco operacional é a possibilidade de perda em qualquer 
tipo de operação, decorrente do seu processamento pela 
instituição.
30
......................................................................................................................................................................................................................
Introdução ao mercado financeiro
Os riscos operacionais podem ser oriundos da falta de segu-
rança na manutenção e no transporte de ativos, da insuficiên-
cia de controles e informações, de processamento e checagens 
inadequados, da falta de sigilo, da possibilidade de fraudes na 
transmissão e no processamento de dados, da manipulação de 
dados contábeis e da qualidade das informações utilizadas para 
a tomada de decisões gerenciais. 
Os riscos operacionais são gerenciados por meio de nor-
mas claras de processamento, contidas em todas as defini-
ções dos produtos da instituição, e de mecanismos efica-
zes de controles e verificações.
Visando mitigar os riscos, as instituições financeiras são 
obrigadas pelo Bacen a ter uma área de compliance, que de-
termina e fiscaliza o cumprimento de normas que devem 
ser seguidas por seus colaboradores.
Neste capítulo, você estudou a organização do mercado 
financeiro e suas questões primordiais, como riscos e sua 
importância para a economia do país. 
Entendemos que o mercado financeiro é um ambiente em 
que agentes deficitários encontram poupadores e que essa 
intermediação é fundamental para o desenvolvimento de 
um país.
Pudemos perceber que, além dos bancos, há muitas insti-
tuições fundamentais para o bom andamento desse mer-
cado, que é fortemente fiscalizado pelo Bacen, pela CVM, 
pela Susep e pela Previc, cada um focado em um segmento 
do sistema.
31Gestão de risco bancário
......................................................................................................................................................................................................................
Finalmente, compreendemos que o risco é um atributo do 
mercado financeiro e que, preocupados com a solvência do 
sistema, os participantes são fortemente vigiados e estão 
sujeitos a diversas regras. Além disso, vimos que os riscos 
podem ser classificados de acordo com diversas naturezas. 
......................................................................................................................................................................................................................
32
......................................................................................................................................................................................................................
Introdução ao mercado financeiro
REFERÊNCIAS
BANCO CENTRAL DO BRASIL. BC Universidade - Sistema 
Financeiro Nacional. [Filme-vídeo]. Disponível em: <ht-
tps://www.youtube.com/watch?v=3BajkwvtRNM>. Acesso 
em: 18 set. 2014.
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Composição e evolução do
SFN. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/?SFNCOM-
PEV>. Acesso em: 18 set. 2014.
FORTUNA, Eduardo. Mercado financeiro: produtos e servi-
ços. 19. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2013.
GALLAGHER, Lilian Massena. Exame de Certificação ANBI-
MA: CPA-10. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.
 Exame de Certificação ANBIMA: CPA-20. Rio de Ja-
neiro: Elsevier, 2014.
 Liliangallagher’s weblog. Disponível em: <http://
liliangallagher.wordpress.com/2011/10/>. Acesso em: 18 
set. 2014.
MEIRELLES, Henrique de Campos. Copom e o avanço das 
instituições brasileiras. Valor Econômico, São Paulo, ano 
6, n. 297, jun. 2006. Revista EU & Fim de Semana.
33Empréstimo e financiamento para pessoa física
............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................
CAPÍTULO 2 
PRODUTOS DE CRÉDITO
Este capítulo está focalizado no estudo dos produtos de 
crédito, ou produtos de ativo, como são conhecidos na 
grade de um banco. É a base da atividade bancária, uma 
vez que sua principal função é a intermediação financeira, 
como foi visto na unidade anterior. Por captarem recursos 
do mercado e emprestarem para os agentes deficitários, 
os bancos cumprem um importante papel na economia de 
um país. O conhecimento acerca dos produtos de crédito 
voltados para pessoas físicas e jurídicas e o entendimento 
dos principais pontos da gestão de risco de crédito são 
fundamentais para quem deseja trabalhar na área finan-
ceira de uma empresa ou em uma instituição financeira. 
Explore esse universo com atenção e tente colocar-se na 
posição do gerente de um banco ou de um cliente ao estu-
dar os tópicos deste capítulo.
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Produtos de crédito
EMPRÉSTIMO E FINANCIAMENTO PARA 
PESSOA FÍSICA
Ao final deste assunto, espera-se que você seja capaz de 
identificar os principais produtos de empréstimo e fi-
nanciamento oferecidos na rede bancária para indivíduos 
como você, também conhecidos como pessoa física.
Agora você conhecerá dois produtos muito utilizados na 
rede bancária: cheque especial e crédito imobiliário.
Cheque especial
O cheque especial é uma operação de crédito vinculada à 
conta-corrente que permite ao correntista que tem limite de 
crédito pré-aprovado sacar além do saldoque tem em sua 
conta, sem necessidade de comunicação prévia ao banco. 
Ao abrir uma conta em um banco, é comum o gerente atri-
buir determinado limite de cheque especial ao cliente de 
acordo com sua renda. Esse limite poderá ser utilizado 
conforme os exemplos a seguir:
1. Um cliente tem saldo de R$ 1.200,00 em sua 
conta-corrente e o limite de R$ 5.000,00 de cheque 
especial. Por um problema qualquer, ele necessita 
de imediatos R$ 4.000,00. Ele poderá sacar os R$ 
4.000,00, e seu saldo ficará negativo em R$ 2.800,00 
(R$ 1.200,00 – R$ 4.000,00); ele pagará juros sobre 
esse saldo negativo.
Trata-se de um 
crédito automático 
que permite 
ao correntista 
contratante 
ter dinheiro 
imediatamente 
para cobrir 
eventuais débitos. 
35Empréstimo e financiamento para pessoa física
......................................................................................................................................................................................................................
2. O mesmo cliente citado acima necessita agora de 
R$ 8.000,00 de emergência. Porém, como seu limite 
é de R$ 5.000,00, ele só poderá sacar R$ 6.200,00 
(R$ 1.200,00 que tinha na conta mais R$ 5.000,00 do 
seu limite). Ele terá de conseguir o valor restante de 
R$ 1.800,00 de outra forma, ou pagar multa de 2%, 
além dos juros cobrados sobre esse valor excedente.
Tanta facilidade não pode custar barato. O cheque especial e o 
cartão de crédito são as linhas de crédito que apresentam os ju-
ros mais altos no mercado. Para ter noção, no site do Bacen, você 
pode conhecer as taxas de juros praticadas no mercado pelos 
bancos em todos os produtos de crédito, inclusive no cheque 
especial.
No período de 9 a 15 de julho de 2014, as taxas anuais do 
cheque especial variavam de 21,29% a 243,73%, dependen-
do da instituição financeira. Se comparada a uma taxa Selic 
de 11,0% no período, podemos concluir que a taxa do che-
que especial é realmente muito cara. Considerando apenas 
os cinco maiores bancos do mercado, a taxa média pratica-
da no cheque especial é de 166,87% ao ano, o que significa 
que, após um ano sem pagar o cheque especial, o saldo 
devedor de R$ 5.000,00 transforma-se em R$ 13.343,50. 
Ao final de cinco anos, a dívida montará a R$ 676.813,14.
A cobrança dos juros sobre o período utilizado do produto é fei-
ta mensalmente, no primeiro dia útil de cada mês, por meio de 
débito em conta-corrente. 
O cheque especial deve ser, portanto, usado apenas em 
caso de emergência, e nunca como complemento de sa-
lário. Esse é um erro que muitas pessoas cometem e que 
36
......................................................................................................................................................................................................................
Produtos de crédito
pode levar o correntista a uma bola de neve de difícil con-
serto. Tendo em vista que essa prática é mais comum do 
que podemos imaginar, várias instituições do mercado têm 
lançado campanhas do uso consciente do crédito, que têm 
por objetivo a prevenção do superendividamento.
A Febraban é uma dessas instituições, e lançou em 2014 uma 
campanha dessa natureza com o mote:
“O crédito está aí para melhorar sua vida, é só se planejar que ele 
não vai faltar.”
Na verdade, o crédito pode ser muito útil para alavancar a 
vida de uma família ou empresa e melhorar a qualidade de 
vida e a realização de sonhos. O importante é o uso cons-
ciente. Por isso, mais importante do que saber o tamanho 
da dívida de uma pessoa, é ter conhecimento de sua capaci-
dade de pagamento e o motivo da utilização desse crédito.
Para ter cheque especial, basta ter conta em um banco que 
preste esse serviço, podendo seu cancelamento ser solici-
tado a qualquer momento. É sempre bom que essa solicita-
ção seja feita por escrito e que nela conste a assinatura do 
funcionário que recebeu o documento, evitando a cobran-
ça posterior de alguma tarifa indesejável.
Vale lembrar, por fim, que alguns bancos apresentam o sal-
do do cliente já contando com o limite do cheque especial, 
o que pode confundi-lo. Portanto, todo cuidado é pouco na 
hora de visualizar um extrato bancário.
37Empréstimo e financiamento para pessoa física
......................................................................................................................................................................................................................
Conta-corrente: R$ 810,00 
Limite de cheque especial: R$ 1.000,00 
SALDO TOTAL: R$ 1.810,00
Como se pode ver, o Sr. Fulano possui um saldo positivo de R$ 
810,00, mas o banco disponibiliza automaticamente para ele, 
caso seja necessário, o valor de R$ 1.000,00 de limite de cheque 
especial. 
Todo cuidado é pouco na leitura dos saldos. Há bancos, 
como no exemplo acima, que somam o saldo da conta-
-corrente com o valor disponível de cheque especial, 
como se fosse uma coisa só. O consumidor tem a falsa 
impressão de que essa soma compõe seu saldo real, e, as-
sim, ele pode complicar-se financeiramente, fazendo mau 
uso, sem intenção, desse limite de crédito, pagando juros 
que não desejava.
Crédito imobiliário
O crédito imobiliário é um produto que permite a reali-
zação do sonho de muitas pessoas e, ao mesmo tempo, 
fideliza o cliente ao banco, uma vez que o prazo do finan-
ciamento imobiliário costuma ser superior a 10 anos.
Antes da estabilização das taxas de juros, o crédito imobi-
liário tinha grandes chances de ser uma dor de cabeça para 
as famílias e para os bancos, uma vez que os juros altos, 
a intervenção do governo no reajuste das prestações e os 
diversos planos econômicos traziam instabilidade a esse 
mercado, que era acometido por inúmeras ações judiciais. 
Com a estabilização da moeda e das taxas de juros, além 
de ajustes na legislação do produto, aos poucos, essa mo-
dalidade de financiamento foi tomando força.
38
......................................................................................................................................................................................................................
Produtos de crédito
Hoje temos um mercado de financiamento imobiliário for-
te, regido por duas leis: o Sistema Financeiro de Habitação 
– SFH e o Sistema Financeiro Imobiliário – SFI.
Conheça a distribuição desse mercado, que, segundo da-
dos do Bacen, de janeiro de 2013 a fevereiro de 2014, mo-
vimentou o total de R$ 113,6 bilhões, sendo 550.817 uni-
dades financiadas.
Fonte: Banco Central do Brasil.
Sistema Financeiro de Habitação – SFH
O SFH é um sistema de financiamento que foi criado pela 
Lei nº 4.380, de 1964, destinado a financiar a compra de 
imóvel novo ou usado, a reforma ou a construção de imó-
veis em terreno próprio, em um prazo mínimo de cinco e 
máximo de 30 anos.
De acordo com a Resolução nº 3.157/2003, do Bacen, es-
tão autorizadas a operar sob as regras do SFH como agen-
tes financeiros as seguintes instituições: bancos múltiplos 
com carteira de crédito imobiliário, caixas econômicas, so-
ciedades de crédito imobiliário, associações de poupança 
39Empréstimo e financiamento para pessoa física
......................................................................................................................................................................................................................
e empréstimo, companhias de habitação, fundações habi-
tacionais, institutos de previdência, companhias hipote-
cárias, carteiras hipotecárias dos clubes militares, caixas 
militares, montepios estaduais e municipais e entidades de 
previdência complementar.
Grande parte dos recursos que financiam esses emprés-
timos é oriunda de depósitos em poupança pelas enti-
dades que fazem parte do Sistema Brasileiro de Poupan-
ça e Empréstimo – SBPE. De acordo com a Resolução nº 
3.932/2010, essas entidades devem alocar, no mínimo, 
65% dosdepósitos em poupança em operações de finan-
ciamento imobiliário, sendo que, no mínimo, 80% (dos 
65%) em operações cursadas no âmbito do SFH, e o res-
tante em operações de financiamento imobiliário contra-
tadas a taxas de mercado (SFI).
O arcabouço legal e regulamentar do SFH determina que:
• O valor máximo de avaliação do imóvel financiado 
deve ser de R$ 650.000,00, exceto quando o imóvel 
estiver localizado nos estados de Minas Gerais, Rio 
de Janeiro, São Paulo e no Distrito Federal. Nesses 
casos, o limite máximo pode atingir R$ 750.000,00.
• O financiamento máximo, compreendendo o prin-
cipal e as despesas acessórias, não pode ser superior 
a 80% do valor de avaliação do imóvel. No caso de 
financiamentos que não são contratados pela Tabe-
la Price, mas utilizam o Sistema de Amortizações 
Constantes – SAC, o valor unitário dos financiamen-
tos, compreendendo o principal mais as despesas 
acessórias, poderá ser de até 90% do valor de avalia-
ção do imóvel.
Tabela Price 
Metodologia de
cálculo muito 
utilizada
em amortização
de empréstimos, 
cuja principal
característica
é apresentar
prestações iguais. 
Já o SAC é um 
sistema
que prevê que cada
prestação mensal
seja constituída
por um valor fixo
de amortização da
dívida acrescido
do pagamento de
juros, o que resulta
em prestações
variáveis, que 
diminuem ao
longo do tempo.
40
......................................................................................................................................................................................................................
Produtos de crédito
• O custo efetivo máximo para o mutuário, ao final, 
compreendendo juros, comissões e outros encargos 
financeiros, é de 12% ao ano.
• Eventual saldo devedor, se ocorrer ao final do 
prazo ajustado, será de responsabilidade do mutuá-
rio, podendo o prazo do financiamento ser prorro-
gado por até 50% do previamente pactuado.
• Os financiamentos imobiliários cursados sob o SFH 
devem estar cobertos por garantias, que podem ser:
• Hipoteca, em primeiro grau, do imóvel ob-
jeto da operação.
• Alienação fiduciária do imóvel objeto da 
operação.
• Hipoteca, em primeiro grau, ou a alienação 
fiduciária, de outro imóvel do mutuário ou de 
imóvel de terceiros.
• Outras garantias, a critério do agente fi-
nanceiro.
Devido à natureza do risco de longo prazo na concessão 
do crédito imobiliário, os financiamentos habitacionais de-
vem prever um seguro por risco de morte e invalidez per-
manente do mutuário e de danos físicos ao imóvel.
É permitida a utilização do Fundo de Garantia por Tempo 
de Serviço – FGTS para abater parte do valor do imóvel no 
momento da contratação do crédito ou para amortizar o 
saldo devedor ou, ainda, o valor das prestações mensais.
41Empréstimo e financiamento para pessoa física
......................................................................................................................................................................................................................
As taxas contratadas para o financiamento podem ser fi-
xas ou corrigidas pela TR (taxa referencial de juros) acres-
cida de uma taxa, assim como acontece com a poupança, 
com os títulos emitidos para lastrear o financiamento imo-
biliário e com o FGTS. No caso de taxas fixas, a instituição 
financeira corre o risco de descasamento das taxas, uma 
vez que a captação de recursos é em TR, e a concessão do 
crédito, em taxas fixas.
Sistema Financeiro Imobiliário
O SFI, também conhecido como Carteira Própria, foi criado 
em 1997 pela Lei nº 9.514 para tapar uma lacuna que exis-
tia no SFH. As novas regras visam a promover o financia-
mento imobiliário. Foi criado o Certificado de Recebíveis 
Imobiliários – CRI, um instrumento financeiro lastreado 
em créditos imobiliários que aumentou a fonte de recur-
sos para financiar o sistema. A partir de então, foi possível 
financiar imóveis com valores maiores, não mais limitados 
ao teto do SFH, por meio da carteira hipotecária da insti-
tuição financeira.
Podem operar no SFI as seguintes entidades: caixas econô-
micas, bancos comerciais, bancos de investimento, bancos 
com carteira de crédito imobiliário, sociedades de crédito 
imobiliário, associações de poupança e empréstimo, com-
panhias hipotecárias e, a critério do CMN, outras entidades.
A nova regra trouxe também a permissão de utilização da 
alienação fiduciária como garantia da operação, o que foi, 
posteriormente, incorporado ao SFH. Até então, os emprés-
timos para a casa própria eram garantidos somente por 
hipoteca. 
42
......................................................................................................................................................................................................................
Produtos de crédito
O novo sistema, além de permitir a livre pactuação de valores 
a serem financiados e das taxas, não determina limites para 
o financiamento, que depende apenas da avaliação do banco 
quanto à capacidade de pagamento do cliente proponente ao 
crédito. Também ficou permitida a portabilidade do crédito 
para outra instituição. 
Enquanto o SFH não permite a compra de imóvel comer-
cial, o SFI não restringe o tipo do imóvel a ser financia-
do, tampouco limita o tipo de cliente, estando, portanto, o 
financiamento disponível para pessoas físicas e jurídicas. 
Desse modo, muitos detalhes da nova regra dependem das 
próprias normas da instituição financeira.
Porém, nessa modalidade de financiamento, não é permi-
tido utilizar os recursos depositados no FGTS do cliente.
A referida lei também não estipula prazos máximos para 
os financiamentos contratados sob o SFI, mas o mercado 
não pratica prazos maiores que 30 anos. Para clientes com 
mais de 50 anos de idade, é comum que o prazo máximo 
seja a diferença entre 80 anos e a idade do requerente ao 
crédito, o que é compreensível, em função dos riscos assu-
midos em empréstimos de longo prazo.
Assim como no SFH, para a contratação de empréstimos 
sob as regras do SFI, é necessária a compra, pelos tomado-
res de financiamento, de seguros contra os riscos de morte 
e invalidez permanente.
43Empréstimo e financiamento para pessoa física
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Fonte: Banco Central do Brasil.
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Produtos de crédito
EMPRÉSTIMO E FINANCIAMENTO PARA 
PESSOA JURÍDICA
Ao final deste tópico, espera-se que você seja capaz de 
identificar os principais produtos de empréstimo e finan-
ciamento oferecidos na rede bancária para empresas.
No assunto anterior, você conheceu as modalidades de em-
préstimo disponíveis para pessoas físicas. Já o presente tó-
pico é dedicado aos produtos direcionados para as empre-
sas e pessoas jurídicas de um modo geral. Serão estudadas 
as linhas de crédito direcionadas para financiar o capital 
de giro das empresas.
Desconto bancário de títulos 
Operação em que a instituição financeira concede um em-
préstimo mediante a garantia do recebimento futuro de 
um título, normalmente uma duplicata ou nota promissó-
ria. Nesse caso, o banco desconta o título para o cliente 
pessoa jurídica, pagando um valor menor que o valor final 
do título, o que é chamado de desconto. Assim, o cliente 
transfere o risco do recebimento de suas vendas a prazo 
para o banco e garante o recebimento imediato dos recur-
sos que, teoricamente, só estariam disponíveis no futuro.
Essa operação dá ao banco o direito de regresso. Em ou-
tras palavras, no vencimento, caso o sacado não pague o 
título ao banco, o cedente (cliente que descontouo título) 
45Empréstimos e financiamento para pessoa jurídica
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assume a responsabilidade do pagamento, incluindo cus-
tos adicionais de juros e multa por atraso.
Conta garantida
A conta garantida é como o cheque especial, só que para 
pessoa jurídica. Trata-se de uma conta de crédito em que o 
banco determina um valor-limite automático para o cliente.
O valor-limite estipulado pelo banco é movimentado direta-
mente por cheques emitidos pelo cliente caso não existam 
recursos disponíveis em sua conta-corrente, permitindo, as-
sim, que sejam cobertas as deficiências pontuais de caixa. 
Outra opção para esse tipo de conta é a conta garantida 
apenas de caráter devedor. Nesse caso, os custos para o 
cliente são menores, pois, nessa modalidade de produto, 
os clientes devem avisar ao banco, com antecedência, os 
valores que serão sacados da conta. Dessa forma, o banco 
pode prever quando os recursos serão utilizados e qual o 
seu volume, não tendo que deixá-los em stand by (à espera 
de utilização), podendo, assim, cobrar juros menores so-
bre os valores sacados.
Créditos rotativos
São linhas de crédito semelhantes às contas garantidas, di-
ferindo-se delas por serem operadas normalmente com ga-
rantias de duplicatas. Nesse tipo de concessão de crédito, 
seu limite contratado pode ser utilizado pelas empresas de 
acordo com as suas necessidades. 
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Produtos de crédito
Operações de hot money
Empréstimo de curtíssimo prazo, entre um e 10 dias, to-
mado por empresas. Os clientes que utilizam a modalidade 
de hot money fazem-nos, geralmente, para cobrir deficiên-
cias momentâneas em seus caixas. As garantias exigidas 
pelos bancos para conceder o empréstimo são notas pro-
missórias assinadas pelos clientes. 
Empréstimos para capital de giro
São operações contratuais de empréstimo a pessoas jurídi-
cas, com prazo de até 180 dias.
Geralmente, a empresa requisita esse tipo de empréstimo para 
cobrir despesas correntes de custeio de sua produção, como: 
despesas com salários, compra de matéria-prima, aluguel etc. 
Quando esse tipo de empréstimo é garantido por duplica-
tas, seu custo tende a ser menor do que quando ele tem 
outras garantias, como aval e notas promissórias. Outra 
forma de garantia informal que pode ocorrer é a recipro-
cidade. Nesse caso, o cliente compromete-se a deixar apli-
cados no banco os recursos recebidos do empréstimo, en-
quanto não utilizados.
Financiamento de tributos e tarifas públicas 
Funciona como um hot money, entretanto a finalidade 
desse empréstimo é o pagamento de impostos devidos 
pelas empresas que apresentam descasamento em seu 
fluxo de caixa.
Do lado do banco, trata-se da oportunidade de outro rela-
cionamento com o cliente, além de uma receita adicional.
47Empréstimos e financiamento para pessoa jurídica
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Operações de vendor 
Operação em que o vendedor concede o crédito ao ban-
co, passando este a atuar como financiador do comprador. 
Essa operação pressupõe que a empresa compradora seja 
cliente tradicional da vendedora, pois será esta (a vende-
dora) que irá assumir o risco do negócio perante o banco. 
Essa operação permite que a empresa vendedora foque seu 
esforço no seu negócio e receba os recursos à vista. 
Do lado do comprador, este tem a possibilidade de obter 
taxas menores do que as praticadas em um financiamento 
isolado. Ele obtém um preço à vista financiado por um em-
préstimo concedido por um custo cujo risco de crédito é 
do vendedor. Trata-se de um produto firmado inicialmente 
entre o vendedor e o banco, de modo que os créditos sejam 
concedidos com agilidade, sem necessidade de verificação 
do risco de crédito do tomador final, atuando o vendedor 
como um avalista.
Para a empresa vendedora, o produto tem vantagem fis-
cal, pois, sendo a venda financiada pelo banco, e não por 
ela própria, o preço final do produto não é acrescido dos 
custos financeiros, e a base de cálculo para os impostos e 
tributos acaba sendo menor, reduzindo a carga tributária 
de IPI, ICMS, PIS e Cofins. Além disso, ela pode vender a 
um preço menor e tornar-se mais competitiva. Por fim, ao 
receber à vista, libera seu fluxo de caixa para ser utilizado 
na produção.
Para o comprador, há vantagens nas taxas do financiamen-
to, uma vez que as taxas praticadas pelo banco são meno-
res que as de um financiamento isolado, ainda mais por-
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Produtos de crédito
que, como já dito, o risco de crédito é do vendedor. Além 
disso, a obtenção do crédito independe de ser cliente ou 
não do banco.
As operações de vendor estão sujeitas à cobrança de IOF, assim 
como as demais operações de crédito.
Leasing
Leasing, ou arrendamento mercantil, é um contrato em 
que a empresa que se dedica à sua exploração, chamada 
arrendadora ou locadora, adquire um bem para, em ato 
contínuo, alugá-lo por prazo determinado ao arrendatário 
ou locatário, que normalmente é uma empresa, liberando 
o fluxo de caixa deste para ser aplicado em atividade pro-
dutiva e geradora de lucro para a companhia.
No vencimento do contrato, o arrendatário tem a opção de 
renová-lo por mais um período, devolver o bem à arrenda-
dora ou adquiri-lo, conforme regras definidas no contrato 
firmado inicialmente, que pode estipular um valor residual 
para o bem ou que este seja vendido a valor de mercado.
Um exemplo típico dessa operação, muito utilizada no mundo 
empresarial, é o leasing de carros para utilização por executivos 
da companhia.
Existem duas modalidades de leasing: operacional e fi-
nanceiro.
• Leasing operacional
Nessa modalidade de leasing, não há a presença de 
uma instituição financeira intermediando o processo. 
A operação de 
leasing parte do 
princípio de que o 
lucro da empresa 
vem da utilização 
do bem, e não de 
sua propriedade. 
49Empréstimos e financiamento para pessoa jurídica
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No leasing operacional, o contrato de arrendamento 
é feito de forma direta entre o arrendador (o produ-
tor dos bens) e o arrendatário (o cliente). Esses con-
tratos são, em geral, firmados por um período infe-
rior à vida útil do bem. Trata-se de uma operação 
normalmente encontrada no ramo de equipamentos 
de alta tecnologia, pois esses produtos possuem 
uma depreciação muito acelerada e devem ser reno-
vados pelas empresas com maior frequência, além 
de geralmente possuírem alto valor de revenda.
Os contratos de leasing operacional funcionam qua-
se como contratos de aluguel. Os custos totais da 
operação não devem ultrapassar 90% do valor do 
bem, e o prazo do contrato deve ser inferior a 75% 
do tempo de sua vida útil.
• Leasing financeiro
No leasing financeiro, existe a presença de uma insti-
tuição financeira – no caso, uma empresa de leasing 
–, que será a arrendadora. Os outros participantes 
do processo são: a empresa produtora do bem e o 
cliente, sendo este o arrendatário. Essa operação as-
semelha-se ao empréstimo que utilizao bem como 
garantia e que será amortizado em um determinado 
número de prestações mensais, as quais correspon-
dem ao período de vida útil do bem.
Os contratos de leasing financeiro não podem ser 
rescindidos, e, por isso, o arrendatário possui três 
alternativas ao fim do período contratado: (i) a com-
pra do bem arrendado por um valor que pode ser 
previamente contratado ou pelo Valor Residual Ga-
Uma variante do 
leasing financeiro é 
o lease back. Nesse 
caso, a empresa 
vende seus bens 
a uma empresa 
de leasing e, 
concomitantemente, 
assina um contrato 
do ramo dos 
mesmos bens, 
com opção de 
recompra destes 
no vencimento do 
contrato. 
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Produtos de crédito
rantido (VRG); (ii) a realização de um novo contrato, 
que geralmente possui taxas menores do que as do 
contrato inicial, e cujo valor principal é o VRG do 
contrato inicial; e (iii) a devolução do bem à arren-
dadora.
Benefícios dos contratos de leasing celebrados por pessoas 
jurídicas:
• Benefícios fiscais existentes, pois as prestações 
do leasing são incluídas no balanço das empresas 
como despesas operacionais, e o valor do bem não 
entra no seu imobilizado. 
• Liberação de caixa para capital de giro, pois, com 
esse tipo de operação, a empresa não se descapitali-
za para comprar o bem.
• Prazo da operação compatível com a vida útil do 
bem.
• Simplificação contábil.
Financiamento à exportação
Veja, agora, os principais produtos de financiamento vol-
tados à exportação. 
ACC e ACE
O Adiantamento sobre Contrato de Câmbio – ACC e o 
Adiantamento sobre Cambiais Entregues – ACE são produ-
tos que envolvem a exportação de mercadorias. Trata-se 
de antecipação, ao cliente-vendedor, do preço da moeda 
estrangeira comprada a termo pelo banco. Essa antecipa-
51Empréstimos e financiamento para pessoa jurídica
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ção pode ser total ou parcial, além de poder ser pleiteada, 
na forma de ACC – antes da entrega dos documentos de 
embarque – ou após essa entrega – ACE.
Por estar antecipando recursos ao exportador, o banco 
cobra, a título de receita, um deságio do cliente sobre os 
adiantamentos concedidos. O ACC é o adiantamento con-
cedido na fase pré-embarque, limitado ao prazo máximo 
de 180 dias, podendo ser estendido a 360 dias para liqui-
dação do câmbio. Os recursos para a sua concessão são 
obtidos no exterior e repassados na moeda do país para 
os exportadores, representando custos significativamente 
mais baratos.
O documento que ampara a existência do adiantamento é o 
próprio contrato de câmbio. Como consequência, a sua per-
manência fica estritamente atrelada às suas condições con-
tratuais, principalmente no que se refere a prazos. Logo, a 
sua manutenção somente poderá ser sustentada enquanto 
o contrato se mantiver em situação de regularidade.
Na entrega dos documentos representativos da exporta-
ção, o ACC será obrigatoriamente transformado em ACE, 
dando-se continuidade ao financiamento até o pagamento 
no exterior da moeda estrangeira.
Export note
A export note é um contrato de cessão de crédito em que 
o exportador, por meio de um contrato de exportação pre-
viamente celebrado, pode emitir um título, concedendo 
os direitos creditícios dessa exportação a um investidor, 
oferecendo-lhe como remuneração os juros acrescidos da 
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Produtos de crédito
variação cambial. Esse tipo de operação é um adiantamen-
to em reais, concedido pelo investidor ao exportador, para 
que o último dê andamento a sua produção.
Para o exportador, existem vantagens ao realizar uma ope-
ração de export note, porque ele deixa de ser dependente 
exclusivamente das linhas de crédito para exortação forne-
cidas pelos bancos, as quais geralmente possuem custos 
mais elevados, além de não existir a obrigatoriedade de 
prazo de embarque das mercadorias, como acontece no 
ACC. A desvantagem desse tipo de operação é a necessi-
dade da celebração prévia de um contrato de exportação.
Forfaiting
Forfaiting é um produto que permite que um exportador 
venda suas mercadorias a prazo e receba à vista, graças à 
intermediação de um banco. Esse mercado funciona como 
um desconto de nota promissória internacional, sem direi-
to de regresso ao exportador.
Para contratar a operação, o exportador deve remeter um 
saque cambial ao comprador para que este se comprometa 
com o pagamento no vencimento. De posse desse docu-
mento, o banco avalia o risco e o prazo da operação, esta-
belecendo um desconto para o título e tendo por base as 
taxas de juros mais um prêmio pela operação.
O forfating pode ser usado para financiar diversos produ-
tos, contudo, o prazo da operação depende do produto-ba-
se a ser importado. Tudo depende da avaliação de crédito 
do tomador do empréstimo e do valor da transação, po-
dendo ser oferecidos períodos de carência estendida.
Devido às suas 
características, o 
forfaiting é um 
instrumento muito 
utilizado na Europa 
e nos Estados 
Unidos, mercados 
que buscam 
constantemente 
a expansão de 
seus negócios e 
precisam responder 
às solicitações de 
crédito de seus 
clientes. 
53Empréstimos e financiamento para pessoa jurídica
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Apesar de parecer complicado, esse instrumento financei-
ro não é complexo em termos burocráticos, sendo aceita a 
maioria das moedas fortes para o forfaiting. Além disso, a 
taxa de juros pode ser determinada até um ano antes da 
data de embarque do produto-base, facilitando o planeja-
mento financeiro da empresa.
Finimp
O Financiamento à Importação – Finimp é uma linha de 
crédito em moeda estrangeira para financiar o importador 
brasileiro. Esse pagamento ao fornecedor estrangeiro pode 
ser feito de imediato ou no vencimento pactuado.
As taxas de juros costumam ser compatíveis com as prati-
cadas no mercado internacional e podem ser fixas ao longo 
de todo o financiamento, facilitando a previsão do fluxo 
de caixa do importador. Também é comum a cobrança da 
libor, outra taxa de juros, e a variação cambial, ficando o 
risco cambial por conta da empresa contratante. 
O prazo da operação pode chegar a 10 anos, com finan-
ciamento de até 100% do valor da importação, incluindo 
despesas locais com o desembaraço da mercadoria nos fi-
nanciamentos de longo prazo. Esses detalhes dependem 
das contratações das linhas de crédito solicitadas com cada 
banco brasileiro no mercado interbancário internacional.
O Finimp está sujeito à cobrança de 15% de imposto de 
renda a cada remessa de juros feita ao exterior para paga-
mento do empréstimo.
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Produtos de crédito
INTRODUÇÃO À AVALIAÇÃO DO RISCO 
DE CRÉDITO
Ao final deste tópico, espera-se que você seja capaz de 
identificar como funciona, ainda que de maneira superfi-
cial, a avaliação de crédito.
Nos dois primeiros tópicos deste capítulo, você estudou 
os principais produtos de crédito oferecidos na rede ban-
cária brasileira para pessoas físicas e jurídicas. Assim, 
como percebido,

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