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Sobre Comportamento e. Cognição C7! / i s í ó r i a e os c/oanços, a s e le ç ã o p o r c o n s e y iie n c /c ts em a ç ã o (Jtyanizada p o r JK a ria í i ía / t da rS/loa Jiranddo <7 á /im a ( '»ris tina de rS ou ta ( ion/e r7i/rnan(/a S tío a T lrandão "jjara 'Jtupers/ein tfngherm an Q>yni/iia 7ior<jQ3 de Jlfoura U e ra Jlte ne ie s da t^iíoa cS/m one JlC a i'tin O íia n e ESETec Editores Associados Sobre Comportamento e Cognição Associação Brasileira de Psicoterapia e Medicina Comportamental Diretoria gestão 02/03 Presidente: Marid Zilah da Silva Brandão Vice-presidenle: Fátima Cristina de Souza Conte 1a secretária: Fernanda Silva Brandão 24 secretária: Vara Kuperstein Inßbcrman 1- tesoureira: Vera Lúcia Menezes da Silva 2a tesoureira: Simone Martin Oliani Ex-presidentes: Bernard Pimentel Ranflè Hélio José Quilhardi Roberto Alves Ba naco Rachel Rodrigues Kerbauy Hélio José Quilhardi Sobre Comportamento e Cognição A história c os avanços, a seleção por conseqüências em ação Volume 11 Organizado por Maria Zilah da Silva Brandão Fátima Cristina de Souza Conte Fernanda Silva Brandão Yara Kuperstcin Ingberman Cynthia Borges de Moura Vera Menezes da Silva Simone Martin Olian Adélia Maria Santos Teixeira • Ana Lúcia Alcântara de Oliveira Ullan • Ana Lucia Cortegoso • Ana Lucla Ivatiuk • Ana Paola Lopes Lubl * Ana Paula Vlezzer • Andróa Machado Vienna • Bernard Rangé • Carlos Augusto de Medeiros • Carlos Eduardo Lopes • Claúdla Balvedl • Cynthla Borges de Moura • Edwlges Ferreira de Mattos Silvares • Fabiane Cristina Cruz • Fernanda S. Brandão • Giovana Veloso Munhoz da Rocha • Glsele Dellnskl • Ivan Gross • João Cláudio Todorov • João dos Santos Carmo * Jocelaine Martins da Silveira • José Antônio Damásio Ablb • Julio Cósar Coelho de Rose • Laércla Abreu Vasconcelos • Lalz H. S. Ferreira • Lfdla Natalia DobríanskyJ Weber • Lincoln da Silva Glmenes • Lucas Ferraz Córdova * Luciana Assi de Lima • Luciana Rizo • Maly Delltti • Maria Cristina Antunes * Maria Éster Rodrigues • Marla Stella Coutinho de Alcântara Gll • Marilza Mestre • Martina Rillo Otero • Maura Alves Nunes Gongora • Olga Mltsue Kubo • Olivia Justen Brandenburg • Patricia Barbeiro de Moraes • Patrícia Cristina Novakl • Paul T. Andronls • Pedro Bordinl Faleiros • Rachel Nunes da Cunha • Rachel Rodrigues Kerbauy • Regina Christina Wlelenska • Renata Grossl * Silvio Paulo Botomó • Solange L. Machado • Sonia B. Meyer • Suely Sales Guimarães • Suzane Schmldlln Lõhr • T. V. Joe Layng • Tatyana Elisan Bonamigo • Thiago P. de A. Sampaio • Wander C. M. P. da Silva • Yara Kupersteln Ingberman • Yuristella Yano ESETec Editor«» Associados 2003 Copyright desta edição: ESETec Kditores Associados, Santo André, 2003. Todos os direitos reservados Brandão, María Zilah, et al. Sobre Comportamento e Cognição: A história e os avanços, a seleção por conseqüências em ação. - Org.María Zilah da Siiva Brandão, Fátima Cristina de Souza Conte, Fernanda Silva Brandão, Vara Kupersteln Ingberman, Cynthla Borges de Moura, Vera Menezes da Silva, Slmone Martin Ollane 1* ed. Santo Andró, SP; ESETec Editores Associados, 2003. v.11 540 p, 24cm 1. Psicologia do Comportamento e Cognição 2, Behaviorismo .1. Anéllse do Comportamento CDD 155.2 CDU 159.9.019.4 ESETec Editores Associados Coordenação editorial: Teresa Cristina Cume Grassi-Leonardi Assistente editorial: Jussara Vince Gomes Revisão de diagramação: Erika Hongoshi B I B L I O T E C A Solicitação de exemplares: eset(a}uol.eom.br Rua Santo Hilário, 3 6 - Vila Bastos - Santo André - SP CKP0904ÍV400 Tel. (11)4990-5683 Tel/fax: (11)44386866 www.esetec .com. br Pablo Retângulo Este volume é dedicado aos sócios da ABPMC que, com o relato de suas experiências, apresentaram uma amostra da variação comportamental que pode produzir um futuro de crescimento. S um ário Apresentação ......................................................................................................... xi Seção I: Pesquisadores que fizeram parte de nossa história e suas contribuições à análise do comportamento Capftulo 1 - O legado de FSK João Cláudio Todorov (UNB)............................................................ 15 Capítulo 2 - Contribuições de Jack Michael à Análise do Comportamento Rachel Nunes da Cunha (UNB)........................................................... 21 Capítulo 3 - Contribuições de Israel Goldiamond para o desenvolvimento da Análise do Comportamento Lincoln da Silva Gimenes (UNB), T.V. Joe Layng (Headsprout) e Paul Andronis (Northern Michigan University).......................................... 34 Capítulo 4 - Contribuições de Donald Baer para a Pesquisa e Intervenção Suely Sales Guimarães (UNB)............................................................ 47 Seção II: AnáHse do Comportamento: contribuições para a clínica Capftulo 5 - Behaviorismo Radical e interpretação José Antônio Damásio Abib (UFSCAR)........................................... 57 Capítulo 6 - Itinerário para analisar comportamento verbal encoberto Maura Alves Nunes Gongora (UEL)............................................... 66 Capítulo 7 - Conceitos disposicionais no Behaviorismo Radical e a mente imanente Carlos Eduardo Lopes (UFSCAR).................................................. 82 Capftulo 8 - Avaliando a sessão de terapia: questionário e entrevista pós- sessão Maly Delitti (PUCSP)...................................................................... 89 Capítulo 9 - Integridade do tratamento e satisfação do consumidor na clínica analftlco-comportamental infantil Laércia Abreu Vasconcelos (UNB)................................................... 118 Capítulo 10 - Tratamento padronizado e individualizado Yuristella Yano e Sonia B. Meyer (USP) ........................................... 126 Capítulo 11 - Adesão e mudança de comportamento: Análise das interações verbais terapeuta-cllente nas sessões iniciais Regina Christina Wielenska e Rachel Rodrigues Kerbauy (USP)......... 130 Capítulo 12 - Diferenciação entre a noção de significado pelo uso e a baseada em relações de equlvaldncia - Visões comportamentais de slginificação Lucas Ferraz Córdova (UNB) e Carlos Augusto de Medeiros (UFMG)... 170 Capitulo 13 - Identificação de fatores relacionados à oposição ao Behaviorismo Radical Maria Éster Rodrigues (UNIOESTE-PR)......................................... 179 Capítulo 14 - Compreensão: comparação entre seus usos cotidianos e sua análise operante - análise operante da compreensão Carlos Augusto de Medeiros (UFMG)............................................... 196 Capitulo 15 - Estratógias auxiliares em Terapia Comportamental Maly Delitti (PUCSP)....................................................................... 204 Capítulo 16 - Uso de encobertos na prática clínica Gisele Delinski e Marilza Mestre (UTP).............................................. 210 Capitulo 1 7 - 0 papel do estudo de caso no hiato teoria/prática Ana Lúcia Alcântara de Oliveira Ulian (UFBA) e Edwiges Ferreira de Mattos Silvares (IPUSP)...................................................................216 Capítulo 1 8 - 0 controle aversivo no contexto terapôutico: Implicações óticas Wander C. M. P. da Silva (UCD)...................................................... 226 Capitulo 19 - Considerações sobre expressividade emocional na prática clínica: Um levantamento teórico preliminar Fernanda S. Brandão e Sonia B. Meyer (IPUSP)............................... 232 Capítulo 2 0 - 0 sentimento de culpa e suas implicações para o controle coercivo do comportamento. Proposição de análise Solange L. Machado (UTP)e Yara K. Ingberman (UFPR)................... 240Seção III: A formação Capítulo 21 - Terapeutas experientes e iniciantes: O que a literatura aponta sobre eles? Patrícia Cristina Novaki (UEL)........................................................... 251 Capitulo 2 2 - Supervisão clínica: Um enfoque no comportamento do terapeuta Laiz H. S. Ferreira (PUCAMP).......................................................... 258 Capítulo 23 - Condução de atividades lúdicas no contexto terapôutico: um programa de treino de terapeutas comportamentais infantis Jocelaine Martins da Silveira (UEL) e Edwiges Ferreira de Mattos Silvares (IPUSP)............................................................................ 272 Seção IV: Acompanhamento terapêutico Capitulo 24 - Acompanhamento terapdutíco - da teoria á prática Andréa Machado Vianna (AMBAN-HC-FMUSP, CAISM) e Thiago P. De A. Sampaio (AMBAN-HC-FMUSP, ABEM)............................... 285 Capitulo 25 - Acompanhamento terapêutico - A terapia no ambiente do paciente Claúdia Balvedi (AMBAN - USPSP)............................................... 294 Capítulo 2 6 - Acompanhamento terapdutíco e clinica escola: um novo campo de exploração Fabiane Cristina Cruz (Clínica Green Wood), Luciana Assi de Lima, Patrícia Barbeiro de Moraes........................................................ 300 Seção V: Aplicações da análise do comportamento na sociedade Capítulo 27 - A atuação do analista do comportamento com as questões sociais: Uma reflexão a partir das mudanças nos temas investigados em publicações entre 1968 e 2002 Martina Rillo Otero (PUCSP) ...................................................... 311 Capítulo 28 - Modelo de redução de risco em Aids: Avaliação de um projeto de prevenção com jovens Maria Cristina Antunes (UTP)..................................................... 326 Capitulo 29 - Produção de conhecimento e formação de profissionais: desafios impostos por organizações de empreendimento solidário Ana Lucia Cortegoso (UFSCAR) ............................................... 340 Capitulo 30 - Comportamentos envolvidos em uma cooperativa de serviços Pedro Bordini Faleiros (UN/MEP) .............................................. 350 Capitulo 31 - A atuação do psicólogo nas instituições jurídicas - A necessidade de uma fundamentação Tatyana Elisan Bonamigo (UNOCHAPECO/UNIC - Porto Uniâo)..... 366 Seção VI: Aplicações da análise do comportamento na Educação: Capítulo 32 - Para uma análise do brincar e de sua função educacional - a função educacional do brincar Julio César Coelho de Rose e Maria Stella Coutinho de Alcântara Gil (UFSCAR)............................................................................... 373 Capítulo 33 - Regras e contingências sociais na brincadeira de crianças Maria Stella Coutinho de Alcântara Gil e Julio César Coelho de Rose (UFSCAR)........................................................................... 383 Capítulo 34 - Atenção positiva como uma possível solução ao problema de indisciplina na sala de aula Ivan Gross ................................................................................... 390 Capítulo 35 - Dificuldades de aprendizagem ou dificuldade de ensino? - Algumas contribuições da Análise do Comportamento João dos Santos Carmo (UNAMA)................................................ 396 Capitulo 36 - Programas de ensino lineares: desempenhos não lineares Adólia Maria Santos Teixeira (UFMG) .......................................... 402 Capitulo 37 - Crianças desatentas, hiperativas e impulsivas: como lidar com essas crianças na escola? Luciana Rizo e Bernard Rangé (UFRJ).......................................... 422 Capitulo 3 8 - Ansiedade matemática: conceituação e estratégias de intervenção João dos Santos Carmo (UNAMA)................................................ 433 Capitulo 39 - Psicopedagogia comportamental como estratégia preventiva Ana Lucia Ivatiuk (PUC de Campinas - USP)................................. 443 Capitulo 40 - Orientação profissional para adolescentes em situação de primeira escolha Cynthia Borges de Moura (UEL).................................................... 447 Capitulo 41 - Programa de atendimento à familia especial brasileira com base na análise do comportamento Renata Grossi (UEL)..................................................................... 455 Capítulo 42 - Estilos parentais e desenvolvimento de habilidades sociais Suzane Schmidlin Lòhr (UFPR/ UnicenP) ................................... 476 Capitulo 4 3 - A transformação do conhecimento em comportamentos profissionais na formação do psicólogo: as possibilidades nas diretrizes curriculares Olga Mitsue Kubo e Sílvio Paulo Botomó (UFSC)............................ 483 Seçáo VII: Interação pais e filhos Capitulo 44 - Estilos parentais e desenvolvimento da criança e do adolescente e palmadas e surras: ontem, hoje e amanhã Lídia Natalia Dobrianskyj Weber, Ana Paula Viezzere Olívia Justen Brandenburg (UFPR)................................................................... 499 Capítulo 45 - Adoção: Breve análise das relações familiares Lídia Natalia Dobrianskyj Weber (UFPR)....................................... 512 Capítulo 46 - Interação Pais e Filhos - A observação como instrumento para identificar práticas parentais Giovana Veloso Munhoz da Rocha (UFPR.FEPAR ACT)............... 527 Capítulo 47 - Estilo parental e comportamento socialmente habilidoso da criança com pares Ana Paola Lopes Lubi (UNICENP)............................................... 536 Apresentação Mais uma vez, a ABPMC tem a grata tarefa de compilar trabalhos que refletem os avanços em pesquisa, clinica e reflexão do ano de 2002, em um retrato do que vem sendo produzido pela comunidade na área da terapia comportamental e cognitiva. O resultado do esforço desta diretoria já está sendo amplamente reforçado pelos 100 autores que enviaram suas contribuições neste ano. O material foi revisado e organizado em blocos, de forma a facilitar o manuseio dos leitores. No volume 11, iniciamos com a recuperação de importantes autores quo tiveram influência sobre o pensamento de analistas do comportamento. Em seguida, passamos a autores que tem influenciado o pensamento e a prática clínica de terapeutas comportamentais no Brasil, refletindo suas preocupações com princípios teóricos e com a apreciação de suas práticas. Temos também, aí, trabalhos refletindo preocupação, demonstrada por analistas do comportamento, com a pesquisa voltada à clinica. Segue- se com a questão da formação de novos terapeutas e aplicações da análise do comportamento a trabalhos em educação e na comunidade. No volume 12, contamos com importantes contribuições teóricas para o trabalho em clínica, seguidas de relatos de experiências com tratamento. Neste volume, o leitor vai encontrar, ainda, um tópico sobre psicologia e saúde, e outro sobre relatos de pesquisa básica e em clínica, que tem enriquecido nossos encontros anuais. Estes volumes são o retrato deste momento da ABPMC, que é de muita produção de nossos filiados e de sua disposição em compartilharem, em ambiente não punitivo, de suas experiências na pesquisa e na clínica, em mais um passo para descrever a consolidação de suas ações em nosso meio, contribuindo para o estudo e o ensino da Terapia Comportamental e Cognitiva no Brasil. As publicações da ABPMC tôm sido ansiosamente aguardadas pela comunidade dos terapeutas e pela comunidade académica ligada à área, pelo acesso que dão ao mundo da terapia comportamental em um país como o nosso, onde temos tantas dificuldades para difundir o que fazemos e o que pensamos. Esperamos, com estes dois volumes, estarmos mais uma vez atendendo a este anseio em uma cadeia que vem ampliando a variação comportamental, o que permite a seleção de muitoscomportamentos altamente desejáveis ao progresso da Terapia Comportamental e Cognitiva. O sentimento é de extrema satisfação pela oportunidade de fortalecer o comportamento de compartilhar ricas experiências! Diretoria da ABPMC Gestão 2002/2003 Seção I Pesquisadores que fizeram parte de nossa história e suas contribuições à análise do comportamento Capítulo 1 O Legado de Fred S. Keller João Cláudio Todomv Universidade C ',ifó/ic<i dc Qoiás e L/nlf Fred S. Keller quase viveu em três séculos. Nasceu em 2 de janeiro de 1899 em Rural Grove, estado de Nova Iorque, EUA, e morreu em 2 de fevereiro de 1996, em Chapei Hill, Carolina do Norte, aos 97 anos. Filho de família pobre da zona rural, Keller cresceu morando pouco tempo em diversas cidades tão pequenas quanto Rural Grove, em Nova Iorque, na Florida e em Vermont “Quando vovô envelheceu, ele simplesmente mudou a natureza de seu trabalho. Ao invés de arar a terra ou trabalhar com a foice, ele alimentava as galinhas, limpava o galinheiro, recolhia os ovos, dava lavagem aos porcos, e fazia outras coisas úteis ao redor da casa e do celeiro" (Keller, 1982, p. 5). "Tive vários empre gos quando jovem. Fui faxineiro de uma igreja, entreguei mercadorias para Mr. Weinauer e Mr. Harms, e telegramas para Mr. Merker." (Keller, 1982, p. 12). Em 1915, começou a trabalhar como mensageiro para a Western Union, onde depois aprendeu o ofício de telegrafista. A familiaridade com o Código Morse viria a ser útil em sua carreira acadêmica e produzir um marco histórico para a análise do comportamento: a publicação do artigo inicial, na páginal, do número 1 do volume 1 do Journal ofthe Experimental Analysis ofBehavior, "The phantom plateau". Aos 18 anos alistou-se no exército americano e serviu na arma de artilharia na Carolina do Sul, participando da I Guerra Mundial com o exército de ocupação na França e depois na Alemanha. De volta aos Estados Unidos utiliza-se de um programa de auxílio a soldados veteranos e faz seu curso de graduação no Tufts College, ainda sem interesse especial na psicologia. Só quando lê Psychology from the standpoint ofa behaviorist, de Watson, Keller se motiva e termina o curso com o bacharelado em psicologia, em 1926. O novo interesse o leva a Harvard para o mestrado, concluído em 1927. A carreira docente é iniciada no Tufts College, como instrutor (1929-1931) enquanto faz o doutorado, concluído em Harvard, em 1931. O período em Harvard viria a marcar sua vida e a influenciar o desenvolvimento do que hoje conhecemos como a análise do comportamento. Não há nada melhor para ilus trar o papel exercido por Keller do que a dedicatória, escrita de próprio punho por Skinner na primeira edição de Ciência e Comportamento Humano (Skinner, 1953/1967), que trans crevo a seguir: Caro Fred, So estivéssemos no século 18, eu poderia tor escrito uma dedicatória que seria entendida por qualquer pessoa. Como não ó esso o caso, eu posso apenas falar à deux (a dois). "Para F. S. Keller" significa "Obrigado por muitas coisas" - no fim dos anos 20, pela única brisa de behaviorismo em Harvard - nos anos 30, por nunca faltar com o apoio o por reforços muito necessários (o que o leigo, coitado, podo apenas chamar de fé) - e nos 40, por mostrar como uma ciência do comportamento pode ser ensinada. "Ciência e Comportamento Humano" pôde ser escrito somente porque "Princípios de Psicologia" de Keller & Schoenfeld foi publicado primeiro. Um brindo aos anos 50 e 60! Burrhus, fevereiro de 1953 A tradução é minha, com a inclusão da tradução do francês à deux, assim no original. Keller introduziu Skinner ao behaviorismo de Watson e acompanhou sua carreira. Permaneceram amigos por toda a vida. Terminado o doutorado, os amigos se separam. Enquanto Skinner vai para Minnesota, Keller fica em Nova Iorque como professor na Colgate University, em Hamilton, de 1931 a 1938. Relações pessoais e profissionais os mantem em contato e cartas são trocadas com freqüência. É de Keller a primeira manifestação escrita de que se tem noticia sobre a importância da distinção de dois tipos de condicionamento (Julie Vargas, comunicação pessoal). Um ano antes de O Comportamento dos Organismos (Skinner, 1938) Keller publica The Definition of Psychology (Keller, 1937/1974). Em 1938, foi contratado como professor pela Columbia University onde ficou até a aposentadoria em 1964, então como chefe do Departamento de Psicologia. O trabalho na Columbia University ó interrompido durante a II Guerra Mundial, quando serve no Corpo de Sinaleiros do Exército e se dedica ao aperfeiçoamento do ensino do Código Morse. Sua contribuição é retribuída com um Certificado de Mérito que lhe é entregue pelo Presidente dos Estados Unidos em 1948. Ao longo de sua vida acadêmica Keller dedicou-se a desenvolver melhores métodos de ensino e de formação de pesquisadores, mostrando que tanto o ensino quanto a pesquisa são trabalhos de cooperação e colaboração, que frutificam em ambiente amigável e fraterno. O melhor exemplo disso é o livro Princípios de Psicologia (Keller & Schoenfeld, 1950/1966), o primeiro texto didático para o ensino da análise do comportamento, escrito em linguagem acessivel a alunos de graduação, uma referência histórica. Em 1990, na comemoração do 40“ aniversário da publicação do livro, a convite do Journal ofthe Experimental Analysis of Behavior publiquei um pequeno artigo sobre o K&S no Brasil (Todorov, 1990). É de 1954 outro texto didático de Keller, como único autor, voltado para o ensino da psicologia da aprendizagem (Keller, 1954/1970). A importância de seu trabalho para a análise do comportamento foi novamente reconhecida no número inaugural do Journal of Applied Behavior Analysis. Keller foi escolhido para publicar “Good bye teacher..." no número 1 do volume 1 da revista, em 1968 (Keller, 1968). Se Skinner desenvolveu os fundamentos da análise do comportamento, Keller foi seu grande propagador. Dentre seus ex-alunos ilus tres, estão James Dinsmoor (1990), Eliot Hearst (1997) e Murray Sidman (1996), e, cita dos por Keller (1996 a, p. 7), Charles Catania, David Eckerman, Charles Ferster, Leonard Krasner, Richard Mallot, Kurt Salzinger, John Gilmour Sherman e Thom Verhave. Ao aposentar-se, em 1964, torna-se Professor Emeritus da Columbia University. Dentre outras honrarias, recebeu o Distinguished Teaching Award, da American Psychological Association (1970), o Honorary Doctorate of Science, da Long Island University (1972), a Distinguished Behavioral Scientist Medal, do Institute for Behavioral Research (1974), o Distinguished Contribution for Application in Psychology Award, da American Psychological Association (1975), e Professor Honoris Causa, da Universidade de Brasilia (1987). Até o fim dos anos 50, Keller nunca tinha tido qualquer contato com o Brasil, exceto por uma aluna brasileira que freqüentou suas aulas na Columbia em 1954, Myrthes Rodrigues do Prado (Keller, 1987a). Em carta datada de 10 de abril de 1959, Myrthes transmite a Keller o desejo de Paulo Sawaya, Diretor da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, de convidá-lo para uma visita ao Brasil. De uma despretensiosa carta de uma ex-aluna surgiu uma intensa correspondência envolvendo Keller, a Universidade de São Paulo e a Comissão Fulbright no período de muitos meses, resultando na chegada ao Rio de janeiro "no dia depois do carnaval" de 1961. Era uma viagem que tinha tudo para não acontecer. O primeiro contato foi informal, feito por pessoa sem qualquer ligação com a universidade. O contato foi seguido e mantido pelo Diretor da FFCL, sem participação de professores do Curso de Psicologia. Informações sobre salário e bolsa, da USP e da Comissão Fulbright, nunca foram seguras, a incerteza sobre o necessário para cobrir as despesas permaneceu até poucosmeses antes da viagem, e só foram resolvidas depois de Keller comunicar sua desistência em carta de 12 de setembro de 1960. A USP insistiu no convite durante todo esse tempo, com a interferência pessoal, entre outros, do geneticista Oswaldo Frota-Pessoa que visitou Keller em Nova Iorque. Em Congonhas estavam esperando Sawaya, o novo diretor da FFCL, Mário Guimarães Ferri, e Carolina Martuscelli Bori, assistente da Professora Catedrática de Psicologia Anita Cabral. Mais uma vez, com o apoio da área biológica, Keller instalou-se na Cidade Univer sitária, no Departamento de Fisiologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras: “O meu ensino é no Departamento de Fisiologia da Cidade Universitária: já comecei as aulas lá. ... Tenho um bom espaço para um laboratório, uma sala de aula, e um escritório" (Keller, 1987 a, p. 88). Nesse espaço, ensinando em inglês, Keller começou a formar a primeira geração brasileira de analistas do comportamento: Carolina Martuscelli Bori, Rodolpho Azzi, Maria Amélia Matos, Margarida Windholz, Mario Guidi, dentre outros. "In 1961 we started out, in a very small way, which is usually a good idea" (Keller, 1997, p. 94). Começando com pouca coisa, em menos de um ano o interesse pela análise do comportamento estava consolidado e as primeiras contribuições brasileiras estavam a caminho; um minidicionário de termos técnicos traduzidos para o português (Azzi, Rocha e Silva, Bori, Fix & Keller, 1963) e um trabalho experimental sobre atraso de reforço (Azzi, Fix, Rocha e Silva & Keller, 1964). "Em 1961, com os recursos de que dispúnhamos, a realização de experimentos somente era possível com um animal por vez, e mesmo assim com o monitoramento contínuo pelo experimentador (Matos, 1996, p. 110). Keller e seus primeiros alunos brasileiros mostraram que era possível produzir dados confiáveis em um assunto relevante, mesmo com equipamento adaptado: "Foi necessário improvisar. Gaio las de passarinho transformaram-se em gaiolas viveiros e em caixas experimentais. A barra era um pedaço de arame dobrado de tal forma que uma das extremidades podia ser introduzida na caixa. Ao ser pressionada, esta extremidade deslocava a outra para cima, fazendo-a bater num pedaço de metal preso à parede da caixa. O experimentador, sentado em um banquinho ao lado, mergulhava um bastão na água e dava-o para o rato lamber" (Kerbauy, 1983). A partir dessa primeira experiência, Keller nunca mais se separou dos brasileiros. Há vários outros relatos de seu impacto no desenvolvimento da análise do comportamento no Brasil, além dos já citados (Bori, 1996; Zanon & Bori, 1996; Guilhardi & Madi, 1996; Pessotti, 1996; Zanon, 1996 a, 1996 b, 1997; Gorayeb, 1996; Kerbauy, 1996). A história, a partir do convite feito por Carolina Bori para que ajudasse na criação do Departamento de Psicologia da Universidade de Brasília, já foi contada diversas vezes, mas os relatos de Keller têm um sabor especial. Sua autobiografia, infelizmente, ainda não foi publicada. Temos disponíveis apenas os artigos publicados, a maioria preparados para conferências, e centrados no Sistema Personalizado de Ensino (Keller, 1972,1974,1975,1996a, 1996b, 1996c, 1997b, 1997c). Keller sempre foi um ponto de apoio de brasileiros nos Estados Unidos, come çando com Maria Amélia, Maria Inês e Dora, que sairam do curso de graduação da USP para o doutorado na Columbia University. Ao longo dos anos, deu apoio a vários outros que por lá se aperfeiçoaram, como Antonio Bento Alves de Morais, Deisy das Graças de Souza, Jorge Mendes de Oliveira Castro Neto, Júlio César de Rose, Olavo Galvão e Ra- quel Nunes da Cunha. Referências Azzi, R., Rocha, Silva, M. I., Bori, C. M., Fix, D., & Kollor, F. S. (1963). Suggested Portuguese translations of expressions in operant conditioning. Journal o f the Experimental Analysis of Behavior, 6, 91-94. Azzi, R., Fix, D. S. R., Keller, F. S., Rocha, & Silva, M. I. (1964). Exteroceptive control of response under delayed reinforcoment. 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Capítulo 2 Contribuições de Jack Michael à Análise do Comportamento Rache/ Nunes da Cunha' Unti A preocupação em esclarecer a relação entre o mundo do laboratório e o mundo fora do laboratório tem merecido a atenção de analistas do comportamento com objetivo de evidenciar que esta dicotomia é um equívoco. No laboratório, podemos programar contingências para estudar o comportamento de organismos (humanos e não humanos), mas isso não significa dizer que o mundo do laboratório è uma realidade tão distinta do mundo fora do laboratório. Esses ambientes compõem uma única realidade que se diferem em alguns aspectos. Os eventos que são observados nesses dois ambientes são explicados ou descritos com os mesmos princípios gerais. No laboratório, utilizamos de método rigoroso e sistemático para descrever e explicar as relações comportamentais e, na realidade cotidiana o rigor está sujeito aos limites da complexidade do ambiente. Entretanto, as questões que investigamos no laboratório, também, têm origens nas nossas observações fora do laboratório, ou seja, na vida cotidiana. Dessa forma, esses dois mundos na sua unicidade, em suas particularidades, se completam na busca do conhecimento. Ter a compreensão destes dois contextos de observação nos permite ter uma melhor compreensão entre as atividades empírica e aplicada e, conseqüentemente, podemos entender a preocupação daqueles que buscam diminuir a abismo entres esses dois mundos. Entre os analistas do comportamento, há aqueles que fazem pesquisa básica (visando desenvolver o conhecimento metodológico e teórico-conceitual), outros fazem pesquisa aplicada (visam desenvolver tecnologias comportamentais), outros são aplicadores desse conhecimento (utilizam essas tecnologias em suas intervenções), outros têm interesses pelas questões conceituais e teóricas, outros ensinam e são formadores de analistas do comportamento e, nesse universo diversificado, há aqueles que se dedicam a mais de uma dessas questões e, aqui, eu incluo Jack Michael, atualmente, ' Aurm lov» u Inoitlrnável atunçAo do D* Jack M k iw e l om nnviar ina tuxto iiâo puhttcado *otxo *eu poffll t>(oar*flu) « lrn)otòna « ( « lA n ik * ’ Dof mrtnmento de P ro c su o n Pmcotogto1*' Bátricos Irmtltuto de PttcotoylH ■ professor de psicologia da Western Michigan University (WMU), em Kalamazoo, Michigan, USA. Figura 1. Jack Michael durante a Convenção Anual da ABA de 2002 (Foto cortesia de Eckerman) Jack Michael nasceu no dia 16 de janeiro de 1926, em Los Angeles, Califórnia, nos Estados Unidos, filho único do casal Michael. Seu pai era mecânico de automóvel e sua mãe cuidava das lidas domésticas. Ele relata ter tido uma infância muito feliz e muito estável. Seus estudos foram realizados em Los Angeles desde o primário até o doutorado (PhD). De 1931 a 1937, Jack Michael estudou em uma Escola Primária (Elementary School), de 1938 a 1940, foi para a Escola Intermediária (JuniorHigh School) e, de 1941 a 1943, completou o segundo grau em uma Escola Secundária (High School). Ele foi muito incentivado pelos pais a estudar e obter formação acadêmica completa. Em 1943, começou o curso de Química na University of Califórnia, em Los Angeles (UCLA), cursou o primeiro e, antes do término do segundo período, foi recrutado para servir o exército, em junho de 1944. Recebeu treinamento no Texas, em Oklahoma, na Alemanha e no Japão. A escolha do curso de química foi devido ao seu interesse desde cedo por ciências, em especial química e biologia. Quando retornou a Universidade em 1946, come çou a estudar psicologia. Ele obteve os graus de bacharel em psicologia (B. A., em 1949) e, neste ano, iniciou seus estudos de pós-graduação, em seis anos obteve os títulos de Mes tre (M. A., em 1952) e Doutor (PhD, em1955), pela University of Califórnia, em Los Angeles, especializando-se em psicologia fisiológica, estatística filosofia da ciência e psicologia geral e experimental. Jack Michael relata que seu interesse pela psicologia foi devido a uma eventualidade, de ter comprado e levado consigo para o Japão alguns livros do psicologia. Segundo Michael, enquanto esteve na UCLA, como estudante, os professores que mais lhe influenciaram foram: J. A. Gengerelli, John Seward e Hans Reichenbach. À essa época, a familiaridade de Michael com a abordagem de Skinner vinha das disciplinas sobre Teorias da Aprendizagem. O interesse pela Análise do Comportamento também foi acidental, pois possuía um exemplar de Ciência e Comportamento Humano de Skinner que não havia lido até quando o leu para preparar aulas para uma disciplina introdutória de psicologia, para alunos de outros cursos da Kansas University. Essa obra de Skinner viria influenciar a carreira de Jack Michael de modo fundamental. Desde que começou, em 1955, a ensinar e, posteriormente, a pesquisar sobre os conceitos e teorias na perspectiva analítico comportamental, tornou-se um analista do comportamento e, hoje, é um dos eminentes colaboradores da Análise Experimental do Comportamento. Michael relata que Princípios de Psicologia, de Fred Keiler e Schoenfeld, publicado em 1950, a versão mimeográfica das William James Lectures de B. F. Skinner sobre Comportamento Verbal e, posteriormente, em 1960, o livro de Táticas de Pesquisa Científica, de Murray Sidman, foram determinantes para sua abordagem comportamentalista. Michael começou sua carreira como Professor Assistente, do Departamento de Psicologia, da Kansas University (KU), em Lawrence, no Estado de Kansas, onde lecionou Filosofia da Ciência, Estatística Avançada, e disciplinas introdutórias sobre psicologia para alunos de outros cursos. Michael esteve em Kansas University por 2 anos, de 1955 a 1957. Em 1957, Michael começou a lecionar na University of Houston (UH), Houston, no Estado do Texas, onde permaneceu até 1960. Em Houston, Michael teve como colega, colaborador e amigo Lee Meyerson, com quem começou a aplicar os métodos e os princípios da análise do experimental do comportamento aos problemas de doenças mentais e portadores de necessidades especiais (físicas e ou mentais). Alguns de seus estudantes em Houston como John Mabry, Mont Wolf, Sandra Wolf, Ted Ayllon, Sam Tombs, Patricia Cork e Lloyd Brooks influenciaram a sua carreira. No ano de 1960, ele foi convidado para assumir o cargo de Professor Associado da Arizona State University (ASU), em Tempe, no Estado do Arizona, onde Arthur Staats liderava o desenvolvimento de um programa comportamental na abordagem skinneriana. Posteriormente, Lee Meyerson juntou-se com os colegas da ASU. Michael permaneceu na ASU até o ano de 1967. Durante esses anos na ASU, Michael teve contatos acadêmicos profícuos com dois eminentes pesquisadores e analistas do comportamento, Israel Goldiamond e Fred Keller, este último foi responsável pelo seu interesse na área de ensino para formação de professores e em educação de modo geral. W. Scott Wood, Albert Neal, Brian Jacobson, Cari Jensen, J. Grayson Osborne, Cari Cheney, Richard Powers, Larry Sayre, Edward Hanley, Jon Bailey, Tom Brigham, Garry Martin, Gerry Mertens, Timothy Elsmore são alguns dos estudantes de graduação e pós-graduação que Jack Michael cita como importantes para seu trabalho acadêmico e, também, refere- se à influência que ele exerceu sobre a carreira desses profissionais como pesquisadores, professores e como analistas do comportamento em instituições prestadoras de serviços e atendimentos. A continuidade de sua carreira de docente e de pesquisador durante esses últimos 36 anos tem sido na Western Michigan University (WMU), em Kalamazoo, no Estado de Michigan, onde chegou em 1967 e, aos 77 anos de idade aposentar- se á no dia 26 abril de 2003, conforme anunciado em WMU News, mas continuarácontribuin do para a área com suas pales tras, conferências e outras atividades inerentes à academia. Em Kalamazoo, os colegas pro fessores que mais exerceram in fluência sobre seu trabalho foram Richard Malott, Alan Poling (am- Figura 2. Da esquerda para direita: Jack Michael. Fred bosamda professores da WMU)e Keller e dona Francis Keller. Quando da visita de Arthur Snapper. Michael faz refe- Michael aos Keller. em Chapei Hill, em 12 de agosto rên°a a alguns entre vános de de 1993. (Foto cortesia de Jack Michael). f eus alu" os daWMU ^ ue também foram influenciados pela sua ori- Sobrc (.'omportdrncnlo e CoRniv<lo 2 3 entação a saber; Norman Peterson, Paul Whitley, Mark Sundberg, Bruce Hesse, Michael Minervini, Esther Shafer (falecida), Rachel da Cunha e Michael Hixson. A relação entre Jack Michael e Fred Keller foi além das atividades profissionais, pois foram grandes amigos ao longo da vida de Keller e, ainda hoje, ó amigo de dona Francis Keller. Profissionalmente, eles estiveram juntos em duas universidades, na Arizona State (Jniversity e na Western Michigan University Michael visitava os Keller com freqüência para alimentar essa relação forte de amizade e discutir análise do comportamento com o Mestre dos mestres. Durante esses 48 anos de carreira de docente e pesquisador, Jack Michael tem desempenhado um papel importante na formação de muitos pesquisadores em análise experimental do comportamento e em análise aplicada do comportamento, que atuam em vários outros países, além dos Estados Unidos; tem contribuído com palestras, conferências e cursos em países como Canadá, México, Bélgica e Brasil; é incontestável seu legado que pode ser confirmado pelas inúmeras publicações de artigos científicos, capítulos de livro e livros que tratam de tecnologia instrucional, questões teóricas e metodológicas da análise do comportamento, comportamento verbal, e, mais recentemente, Michael tem se dedicado às questões inerentes a terminologia técnica e ao conceito de motivação. Como reconhecimento de suas contribuições no campo do ensino, da pesquisa e da aplicação, Jack Michael recebeu vários prêmios e distinções: Distinguished Teaching Award, da American Psychological Foundation, em 1971, e da Western Michigan University em 1985; Distinguished Faculty Scholar Award, da Western Michigan University, em 1989; proferiu a Master Lecturerna APA Annuai Convention, em 1984; Outstanding Contributions to the Development of Behavior Analysis (Northern Califórnia Association for Behavior Analysis)] Foi um dos fundadores da Association for Behavior Analysis (ABA) e a presidiu no período de 1983 a 1984. Operações estabelecedoras Uma das mais importantes contribuições de Jack Michael à Análise do Compor tamento tem sido a sua preocupação constante com as questões conceituais e empíricas. Nesse sentido, no início dos anos 80, Michael aborda o tópico de motivação, como opera ções estabelecedoras, embora, considerado um tema relevante da psicologia, estava sen do pouco estudado pelos analistas do comportamento. Michael analisa os motivos que levaram os analistas do comportamento a não enfatizarem o estudo das variáveis motivacionais como variáveis independentes, por exemplo: 1) o desenvolvimento dos estudos sobre esquemas de reforçamento, cujo reconhecimento de seu poder controlador do comportamento é enfatizado em detrimento das variáveis motivacionais, pois quando descrevemos relações comportamentais a história de reforçamento é priorizada, geralmente nesses estudos a privação (variável motivacional - operação estabelecedora) é uma variável de contexto. Verificamos diferenças imensas na freqüência de resposta geradas por diferentes esquemas de reforçamento, os esquemas controlam mais poderosamente o comportamento do que o níveí de privação; 2) o conceito de motivação com freqüência era introduzido como explanações fictícias por meios dos termos como querer, necessidades e motivos, referindo- se às causas do comportamento com uma explicação circular, por exemplo, quando falamos do talento atlético de uma pessoa ou de sua habilidade artística. No que se refere às necessidades, Michael chama a atenção para não igualar necessidades biológicas com operações estabelecedoras. É verdade que muitas coisas que necessitamos biologicamente náo evoca comportamento. Por exemplo, vitamina B - nós moremos devido a sua falta, mas não mostraremos aumento do interesse em obter a vitamina; 3) o uso freqüente de reforçadores condicionados (dinheiro, aprovação social), que em geral, estão relacionados de modo indireto a alguma operação estabelecedora especifica. Os reforçadores condicionados foram ferramentas importantes no desenvolvimento da área de modificação do comportamento e há uma larga escalas deles que poderiam ser obtidos sem uma operação estabelecedora. O conceito de motivacional foi recuperado por Jack Michael (1982,1993) como perspectiva conceituai e empírica, fundamentada na sistematização dos princípios da análise do comportamento. Ao recuperar esta proposta para se estudar motivação, Michael resgata o conceito de motivação como operações estabelecedoras proposto por Keller e Schoenfeld (1950/1974), que as definiu como variáveis ambientais antecedentes que exercem efeitos sobre o comportamento e sobre a eficácia do evento reforçador. Michael teve o cuidado de enfatizar o tratamento dado por Skinner (1938, 1953) às variáveis motivacionais, como operações de privação, saciação e estimulação aversiva. Com seu rigor histórico, Michael recuperou Millenson que, em1967, identificou a variável motivacional como operações de impulsos (saciação e privação). Ele também nos sugere para que a palavra estimulo seja reservada para descrever eventos ambientais que afetam os organismos através de seus receptores. A retomada do conceito de operações estabelecedoras por Michael é uma grande contribuição à análise do comportamento, por incluir um tipo de variável motivacional apren dida que não fora explicitamente identificada pelos tratamentos anteriores de Keller e Schoenfeld, em 1950; Skinner, em 1938, e 1953 e Millenson, em 1967 (da Cunha, 1993, 1995, 2000). Essa variável motivacional aprendida ó caracterizada, por Michael, como operações estabelecedoras condicionadas. Nesta perspectiva, “a contribuição de Michael consiste em um novo instrumento conceituai e metodológico caracterizado como opera ções estabelecedoras, especialmente as do tipo condicionadas [ou aprendidas]" (da Cu nha, 1995), Com o conceito de operações estabelecedoras, os analistas do comportamento têm possibilidades de investigar o controle dessas variáveis motivacionais como varáveis independentes, proporcionando, de certa forma, o resgate do tópico de motivação pela análise do comportamento e hoje temos estabelecida uma grande tema de pesquisa. Dada a relevância do conceito de operação estabelecedora e a relação com o conceito de estímulo discriminativo, apresento a definição de Michael (1993) que a define em termos dos seus dois mais importantes efeitos - ó um evento ambiental, operação ou condição de estímulo que afeta o organismo pela alteração momentânea (a) da efetividade reforçadora de outros eventos e b) da freqüência de ocorrência de comportamento do repertório do organismo que ó relevante para aqueles eventos como conseqüências. O primeiro efeito foi denominado de efeito estabelecedor do reforço e o segundo, efeito evocativo. Por exemplo, privação de alimento é uma operação estabelecedora que momentaneamente aumenta a) a efetividade do alimento com uma forma de Sobre (.’omportamrnlo e ('ohmç<To 2 5 reforçamento o b) a froqüôncia de tipos de comportamento que tom sido previamente reforçado com alimento, ou seja, uma operação estabelecedora evoca algum comportamento que tem sido reforçado com alimento, O efeito evocativo de uma operaçãoestabelecedora é provavelmente melhor pensado como: a) o resultado de um efeito direto sobre tal comportamento, b) um aumento na efetividade evocativa de todos os estímulos discriminativos (S s) para comportamentos que têm sido reforçados com alimento e, c) um aumento na freqüência de comportamentos que tem sido seguidos por reforçadores condicionados cuja a efetividade depende da privação de alimento. Outra contribuição importante de Michael sobre o tema refere-se à classificação dos tipos de operações estabelecedoras: incondicionadas (por exemplo, privação de alimento) e condicionadas. As operações estabelecedoras condicionadas constituem a maior contribuição de Michael sobre o tema de motivação e têm gerado muitas pesquisas. A demonstração empírica desses dois efeitos da variável motivacional recebeu atenção de vários pesquisadores (MCPherson e Osborne, 1986, 1988; Lubeck e MCPherson, 1986 ; Alling, 1990 e da Cunha, 1993), em tais demonstrações, pombos têm sido usados com sujeitos experimentais e têm-se obtido pouco sucesso demonstrativo. A despeito dos dados obtidos nesses estudos, ainda, ó muito desafiador continuar as pesquisa sobre o tema no campo da pesquisa básica, pois existe uma necessidade de se desenvolver delineamentos experimentais para melhor compreender as diferenças funcionais entre os estímulos com propriedades discriminativas e motivacionais, tão bem analisadas conceitualmente por Michael, em 1982. A variável motivacional condicionada tem sido mais estudada no campo da pes quisa aplicada, que efetivamente tem demonstrado resultados relevantes para a aplica ção. A exemplo disso o Journal ofApIlied Behavior Analysis ( JABA), edição de 2000, volume 33, número 4, foi inteiramente dedicado aos estudos sobre operações. Nesta publicação Michael amplia sua análise sobre o tema, no artigo intitulado “Implicações e refinamentos do conceito de operação estabelecedora" no qual ele reconhece que em seus primeiros trabalhos negligenciou a importância do conceito para a área aplicada e afirma a importância de Vollmer and Iwata (1991) em demonstrar as implicações deste conceito para a área aplicada. Uma das aplicações da variável motivacional tem sido para reduzir a freqüência de comportamentos-problema pela modificação de suas operações estabelecedoras, tornando-as fraca, como tem demonstrado McGill, 1999 (Cf. Michael, 2000), no sentido de melhorar a qualidade de vida de indivíduos que têm vários tipos de incapacidades. Sundberg ( 1993), quando trata da aplicação das operações estabelecedoras, iden tifica-as como variáveis independentes poderosas que podem ser manipuladas para mu dar uma variedade de comportamentos humanos e reforça importância da contribuição de Michael para área. Os efeitos discriminativos dos estímulos devem ser distinguidos dos efeitos de operações estabelecedoras, distinção esta enfatizada por Skinner e reforçada por Michael. Essa distinção pode ser identificada no seguinte exemplo: uma pessoa propensa a tomar um refrigerante e, ao localizar uma máquina de venda automática, procura uma moeda na bolsa. A máquina é estímulo discriminativo, porque, na sua presença, o comportamen- l ulHx:k.R C A MoPhoraon, A. (1986, May) ttMtkah^xbrnukwKhptQmorm prcxxKiunm,pttnmmton, m xipointof vim/. Papor pruMmttmri NtthomooUnu of Hm f wwfllti Conv«mt1nn nf lhe Association ftx BotmvKx Annlyiin, MttwmiMxi, Whi to do depósito da moeda pode ser seguido pola lata de refrigerante. Mas, com relação à moeda, a máquina ó uma operação estabelecedora, porque ela torna a moeda mais importante, ou seja a máquina de venda torna a moeda uma conseqüência reforçadora significativa para o comportamento de procurá-la na carteira. Michael enfatiza essa distinção dizendo que as variáveis discriminativas estão relacionadas à disponibilidade diferencial de uma forma efetiva de reforçamento dado um tipo particular de comportamento, e as variáveis motivacionais estão relacionadas à efetividade do evento reforçador. A contribuição de Michael em estabelecer a relação entre as atividades empíricas e aplicadas tem sido demonstrada em seus papéis de professor, orientador e pesquisador, haja vista que a Western Michigan University deu-lhe o reconhecimento com três prêmios por distinção ao ensino. Em seu Concepts and Principles of Behavior Analysis, publicada pela Society for the Advancement of Behavior Analysis (SABA), 1993, há uma seção dedicada a perspectiva comportamental do ensino universitário que reflete a sua própria prática e experiência como professor, atestada por vários de seus alunos. A seguir, apresento as publicações de Michael para auxiliar o leitor no aprofundamento das questões estudas por ele estudadas. As referências assinaladas com asteriscos foram, na perspectiva de Michael, mencionadas como as que exerceram ou continuam exercendo influência sobre a área da Análise do Comportamento. Segundo Michael, o artigo em co-autoria com Teodoro Ayllon, publicado em 1959, o último desta lista de publicações, muito provavelmente foi o de maior impacto para a área. Publicações Ayllon, I , & Michael, J. (1959). The psychiatric nurse as a behavioral engineer. Journal o f the Experimental Analysis of Behavior, 2, 323-344 * Iwata, B A., & Michael, J. L. (1994). Applied implications of theory and research on the nature of roinforcemont. Journal of Appliod Behavior Analysis, 27, 183-193. Iwata, B. A., Smith, R. G., & Michael, J. (2000). Current research on the influence of establishing operations on behavior in applied settings Journal o f Appliod Behavior Analysis, 33, 411-418. Meyerson, L., Kerr, N., & Michael, J (1967). Behavior modification in rehabilitation. In S. Bijou & D. 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Skinner Foundation is reprinting out-of-print books by Skinner and other out-of-print books that are important in behavior analysis. The first two reprintings were The Behavior of Organisms and Verbal Behavior For each reprinting one of the members of the foundation board takes responsibilityfor obtaining and editing two new forwards, and doing any other editing and managing with respect to interactions with the printers. I was responsible for the reprinting of the Kellor and Schoenfeld text, the third book in our series. Michael, J., & Shafer, E. (1995). State notation for teaching about behavioral procedures. The Behavior Analyst, 18, 123-140 Michael, J. (1993). A brief overview of the history of Western Michigan University’s behavioral programs. Journal o f Applied Behavior Analysis, 26, 587-588 Michael, J. (1993). Concepts and principles of behavior analysis. Kalamazoo: Society for the advancement of behavior analysis.* Michael, J. (1993). Establishing operations. 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The Benefits o f Skinner's Analysis of Verbal Behavior for Children With Autism Invited Presentation at the annual conference of the Florida Association for Behavior Analysis, Sarasota, FL. Michael, J. (2001, September 20) An Introduction to Skinner's Elementary Verbal Relations. Invited address presonted at the annual conference of the Florida Association for Behavior Analysis, Sarasota, FL. Michael, J. (2001, August 10). Advanced topics in behavior analysis. 6 hour presentation at the National Autism Conference and Pennsylvania Autism Institute, State College, PA. Michael, J. (2001, May 27). Avoidance in Terms of Stimulus Transition, Response-produced Stimulus changes, and Motivative Variables Part of a symposium titled The Avoidance Controversy, at the annual conference of the Association for Behavior Analysis, New Orleans, LA. Michael, J. (2001, May 27). The Elementary Verbal Operants. An invited tutorial at the annual conference of the Association for Behavior Analysis, New Orleans, LA. Michael, J. (2001, May 26). An Introduction to the Association for Behavior Analysis. This was a one- hour welcome presentation, a part of tho 25th annual conference of the Association for Behavior Analysis in Now Orleans, LA. This is the newcomer’s program, started by Scott Wood, and mo and given every year at the beginning of the conference. Michael, J. (2001, March 9). Why bohavior does notoccur as we would like: "Cognitive Sins of Momory" from a bohavioral perspective Invited addross at tho annual conference of the Behavior Analysis Association of Michigan, Ypsilanti, Michigan. Michael, J. (2001, February 5). Strokes of genius: Conceptual and practical breakthroughs in bohavior analysis. Invited address presented at the annual conference of tho California Association for Bohavior Analysis, San Francisco, California. Michael, J. (2000, September 22). Forgetting and remomboring from a behavioral perspective. Invitod addross presented at tho annual conference of tho Florida Association for Bohavior Analysis, Daytona, Florida. Michaol, J. (2000, September 21 ). Strokos of genius: Conceptual and practical broakthroughs in bohavior analysis. Keynote address presented at the annual conforenco of tho Florida Association for Behavior Analysis, Daytona, Florida. Michael, J (2000, May 29). Teaching B. F. Skinner's writings. Panel discussion at tho annual conference of tho Association for Behavior Analysis, Chicago, Illinois. Michael, J. (2000, May 27). An Introduction to the Association for Behavior Analysis. This was a one- hour welcome presentation, a part of the 25th annual conference of tho Association for Bohavior Analysis in Chicago. This is the newcomer’s program, started by Scott Wood, and mo and given every year at the beginning of tho conference. Michael, J. (2000, March 9). Why behavior doos not occur as we would like: 'Cognitive Sins of Memory" from a behavioral perspective. Invited address at the annual conference of the Bohavior Analysis Association of Michigan, Ypsilanti, Michigan. Michael, J. (2000, Fobruary 5). Strokes of genius: Conceptual and practical breakthroughs in behavior analysis Invitod address presented at tho annual conference of tho California Association for Bohavior Analysis, San Francisco, California Michael, J. (1999, October 29). Strokes of Genius: Conceptual and Practical Breakthroughs in Bohavior Analysis. Invited addross at tho annual conference of tho Bohavior Analysis Socioty of Illinois (BASIL). Michael, J. (1999, September 23). Skinner's Analysis of Private Events-The Basis of Radical Bohaviorism Bonus Mastor Lecture presented at tho annual conference of the Florida Association for Behavior Analysis, Tampa, FL. Michael, J. (1999, September 23). Sklnnor's Interpretation o f Language Complexities: Beyond the Mand and tho Tact. Invitod Mastor Lecture presented at tho annual conferonco of tho Florida Association for Behavior Analysis, Tampa, FL. Michaol, J. (1999, May 29). Reflections on Twenty-Five Yoars of ABA: Past, Present, and Future. Part of a panel discussion at the annual conference of The Association for Behavior Analysis in Chicago. Michael, J., Hixson, M., & Shafor, E. (1999, May 27). Language Research in Autism: Implications for Our Understanding o f Verbal Behavior Fifty minutes invitod address at the annual conference of Tho Association for Behavior Analysis in Chicago. Michael, J. (1999, May 27). Scott Wood and I did a ono-hour welcome presentation, An Introduction to the Association for Behavior Analysis This was a part of the 25th annual conference of the Association for Bohavior Analysis in Chicago. This is the newcomer’s program, started by Scott Wood, and given overy year at the beginning of the conference. Michael, J. (1999, March 18) Distinguishing Between Discriminative and Learned Motivativo Functions of Stimuli. Fifty minutes invited address presented at the annual conference of The Behavior Analysis Association of Michigan (BAAM). Referências Ailing, K. L. (1990) The effects o f a conditioned establishing operation on performance o f two component chain. Dissertação de mestrado. Westorn Michigan University, Kalamazoo, Ml. da Cunha, R. N. (1993). An experimental demonstration of the transitive conditioned establishing operation with pigeons. Tese de doutorado. Western Michigan University, Kalamazoo, Ml. da Cunha, R. N. (1995) Motivação e análise do comportamonto Temas em Psicologia, 3, 11-18. da Cunha, R. N. (2000). Motivação: uma tradução comportamontal. In R. C. Wiolenska (Org.), Sobre Comportamento e Cognição - questionando a teoria e as intervenções clinicas em outros contex tos, Vol. 6 (1st od., pp. 78-82). 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Sobrr C'omportumcnto e Cofjmv'Jo 33 = - Capítulo 3 Contribuições de Israel Qoldiamond para o desenvolvimento da Análise do Comportamento1 Lincoln dd Silva C/imencs UnH T.V.Joe Layng / Icddsproul, Inc. Pdu! 1. Andronis Northern Michigdn L/n/vcrsily Israel Goldiamond nasceu na Ucrânia em 1 de novembro de 1919 e faleceu em Chicago em 19 de novembro de 1995, aos 76 anos, deixando esposa, a socióloga Betty Johnson Goldiamond, alóm de duas filhas e um filho. Veterano da Segunda Guerra Mundial, começou seus estudos tardiamente, tendo obtido seu título de doutor em 1955, pela University of Chicago, na área de percepção. Figura 1. Israel Goldiamond com a esposa, Betty Goldiamond, em sua residência em Chicago, em maio de 1993 (foto de L. Gimenes). * l-A to IrHtMiltX) è d t td le a d o á m u tr tó d u d o A fta n ia r la C o u ü n tK ) M lbefcí) A n a in u rta fc * a prttTKtira a h iru i l>ra«étattti o r io n tu d a p o r Itw ael G o H tn m o n fl , » a U n lviiraD y o f C h i c a g o , Iw id o u o n d u id o m u d o u k M u d o e»n 1 9 / 9 Seu primeiro posto de professor foi na Southern Illinois University, onde começou sua carreira de analista do comportamento, a partir de uma associação com Nathan Azrin e outros analistas do comportamento que lá trabalhavam. Suas outras afiliações foram na Ari/ona State University, na Johns Hopkins University, no Institute for Behavioral Research, onde atuou como diretor e, a partir de 1968, na University of Chicago onde permaneceu até sua aposentadoria, em 1994. Nessa sua trajetória, teve oportunidade de trabalharcom ou tras figuras expoentes da Análise do Comportamento, como Fred Keller, Joe Brady, Arthur Bachrach, Jack Michael, S. Pliskoff, Murray Sidman, entre outros. Essas associações fo ram fortuitamente reproduzidas no primeiro conselho editorial do Journal of Applied Behavior Analysis, que pelo menos por sua importância histórica - talvez a mais brilhante constela ção de analistas do comportamento - merece uma apreciação especial. Quadro 1. Primeiro Conselho Editorial do Journal of Applied Behavior Analysis (1968: Vol. 1, No. 1) Montrose M Wolf, University of Kansas, Editor Donald M. Baer, University of Kansas, Editor Associado Victor G. Laties, Univorsity of Rochoster, Editor Exocutivo Teodoro Ayllon, University of Pennsylvania Nathan H. Azrin, Anna State Hospital Albert Bandura, Stanford University Wesley C. Becker, University of Illinois, Urbana Jay S. Birnbrauer, University of North Carolina Charles B. Ferster, Georgetown University Israel Goldiamond, University of Chicago James G. Holland, Univorsity of Pittsburgh Fred S. Keller, Western Michigan University Peter J. Lang, University of Wisconsin Ogden R. Lindsley, University of Kansas O. Ivar Lovaas, University of California at Los Angeles Jack L. Michael, Western Michigan University Gerald R Pattorson, University of Oregon Todd R Risley, University of Kansas James A Sherman, Univorsity of Kansas Murray Sidman, Massachusetts General Hospital and Harvard Medical School Gerald M. Siegel, University of Minnosota B. F. Skinner, Harvard University Joseph E. Spradlin, Parsons Research Center Arthur W. Staats, University of Hawaii Em 1970, Goldiamond sofreu um acidente automobilístico que o deixou paraplégico e preso a uma cadeira de rodas. Isso, entretanto, não o removeu de suas atividades de ensino, de pesquisa e de terapeuta; pelo contrário, passou a ser um contribuidor também na área de necessidades especiais e um advogado ferrenho do deficiente físico. Em 1974, Goldiamond foi o primeiro presidente da Midwestern Association for Behavior Analysis (MABA), que foi a precursora da Association for Behavior Analysis (ABA). A bibliografia de Goldiamond reflete as diferentes áreas pelas quais ele incursionou, tendo orientado dezenas de alunos de pós-graduação advindos de diferentes áreas do conhecimento. As teses por ele orientadas foram tanto teóricas quanto em pesquisa básica animal e humana, e pesquisa aplicada. O seu programa de treinamento considerava a importância de expor seus alunos a essas três vertentes da análise do comportamento. Pessoalmente, Izzy (após a utilização desse nome durante 20 anos de convivên cia, ó muito dificil nos referirmos a ele como Goldiamond. O faremos apenas em respeito a formalidade deste trabalho) era uma pessoa de personalidade bastante forte, algumas vezes até mesmo turrão, e um defensor incondicional do behaviorismo radical. Mas com uma visão periférica privilegiada capaz de assimilar aquilo que de proveitoso as outras disciplinas podiam contribuir para o desenvolvimento da área. Mesmo um guerreiro imperdoável nas batalhas com os críticos da Análise do Comportamento, sabia também ser generoso nas oportunidades que oferecia aqueles que tiveram a chance de conviver academicamente com ele. Harzen (1995) foi bastante feliz em seu curto obituário ao salientar algumas das características de Goldiamond. Elo era um homem de cultura, e era um professor que, ao invés de treinar seus estudantes, os educava. Por meio deles, a sua influôncia se esten de à muitas partes do mundo. Eu não o conhecia muito bem, mas acredito que sua vida pessoal ó merecedora de uma biografia que seria uma fonte de encorajamento para muitos: espero que um de seus estudantes a escreva um dia. Todos nós, behavioristas ou não, que temos dovotado muito de nossas vidas buscando entender as ações humanas, perdemos um expoente entre nós. Peter Harzen Para fins do presente capítulo, as contribuições de Goldiamond serão consideradas em três apreciações de diferentes trabalhos marcantes que ainda hoje são essencialmente contemporâneos. A Matriz segundo Goldiamond: uma nova visão de mundo Em um filme de sucesso recente (Matrix), o personagem principal, Neo, é con frontado com um desafio que ninguém antes dele conseguiu superar. É, neste momento, que o treinamento de Neo e sua nova visão de mundo se fundem e, pela primeira vez, ele realmente “vê" a Matriz naquilo que ela realmente é, no lugar daquilo que ele uma vez pensou que ela fosse. Ele perscruta na Matriz, vendo as variáveis representando as rela ções funcionais que explicam como as pessoas que residem na Matriz a vêem e sentem. Aqueles que têm tido sorte o suficiente para mergulhar nos três trabalhos clássicos de Israel Goldiamond, Perception (1962), Response Bias and Perceptual Communication (1964a), e Perception Language and Conceptualization Rules (1966), têm freqüentemente experimentado algo similar à epifania de Neo. Simplesmente ler os trabalhos, ou ser informado sobre eles, pouco provavelmente produzirá tal compreensão do tipo Neo. Devemos, como Neo teve que aprender, vivenciá-los. Relendo os trabalhos para preparar este capítulo, ficamos surpresos de como esses trabalhos modelaram nossas vidas e nossa visão de mundo. Foi um retorno a nossas raízes, à análise procedimental que a princípio pode parecer demasiadamente precisa e lógica, mas de fato fornece uma riqueza e apreciação pelas variáveis responsáveis pela maneira como vemos o mundo, e mais - como nós explicamos o que nós vemos. Goldiamond foi um apaixonado pelo estudo de percepção. Ele amava sua precisão e as questões levantadas. Ele foi talvez o primeiro a entender que os procedimentos e muitos experimentos em percepção podiam esclarecer perguntas criadas por analistas do comportamento, e que a análise do comportamento podia esclarecer muitas das excelentes perguntas geradas por investigadores de percepção. Isso foi muito além do uso de métodos experimentais operantes para obter dados perceptivos de sujei tos não-verbais como pombos, ou empregar procedimentos perceptuais ou da Teoria de Detecção de Sinais (ver Green & Swets, 1973) para elucidar perguntas comportamentais. Ao invés disso, forneceu um quadro de referência sistemático baseado no trabalho de ambas as áreas para prover uma compreensão da complexidade do responder discriminativo e o que nós dizemos sobre isto. Goldiamond fornece uma explicação de controle de contingência ponto a ponto, que de uma vez abarca o conceito de significado e ao mesmo tempo o desconstrói na matriz contingencial. Goldiamond descreve as variáveis críticas que se devem considerar quando tentan do entender comportamento discriminativo complexo. Entre essas estão os conceitos de classe de estímulos, incluindo relações de estlmulo-estímulo, relações de resposta-respos- ta, controle discriminativo instrucional e abstracional e a restrição e expansão de classes alternativas de estímulo-resposta, controle de estímulos dimensional pelo qual as respostas podem ser restringidas, freqüência de resposta ou viés, variáveis de estado - aqueles even tos "motivadores” (Goldiamond mais tarde as chamou de variáveis potenciadoras) que vie ram a ser descritos como operações estabelecedoras (e mesmo mais recentemente nova mente como eventos motivadores) que tomam as relações de contingência efetivas, uma variável pouco considerada, mas extremamente importante, o critério de avaliação formal ou informal do investigador (ou da natureza) ou "crivo de apuração," e a variável que funde todas as outras em uma função comum, conseqüências contingentes. Ele nos inicia em uma jornada de descoberta que, embora não descrita explicitamente a não ser em referência á Teoria de Detecção de Sinais, eventualmente nos dirige para seu brilhante artigo de 1975, Altemative Sets, e seu trabalho posterior estendendo sua aplicação para a
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