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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE ARQUITETURA, ARTES E COMUNICAÇÃO Curso de Desenho Industrial em Projeto de Produto Jóias de Magritte Graduando: Thaísa Mara Cedano Godoy Patrício de Souza Orientador: Professora Adjunto Paula da Cruz Landim BAURU NOVEMBRO DE 2011 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE ARQUITETURA, ARTES E COMUNICAÇÃO Curso de Desenho Industrial em Projeto de Produto Thaísa Souza As jóias inspiradas na obra de Renè Magritte BAURU NOVEMBRO DE 2011 “A arte evoca o mistério sem o qual o mundo não existiria.” Renè Magritte Agradecimentos Aos meus pais, que tem o maior amor do mundo. A minha família e amigos que sempre me apoiaram e me fortaleceram para continuar batalhando pelos meus objetivos, em especial aos amigos de infância que me acompanharam durante todo esse tempo. Ao corpo docente da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação de Bauru da UNESP bem como aos servidores que possibilitaram minha graduação. E as Professoras Paula e Maria Antonia que possibilitaram e orientaram esse trabalho de graduação. SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS........................................................................................................ii RESUMO.........................................................................................................................iii 1. INTRODUÇÃO............................................................................................................01 1.1. OBJETIVO DO TRABALHO......................................................................01 1.2. DISTRIBUIÇÃO DO TRABALHO.............................................................02 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.....................................................................................03 3. MÉTODOS EMPREGADOS.......................................................................................06 3.1. PEÇAS REJEITADAS E SUAS OBRAS.....................................................06 3.1.1. BRINCO.........................................................................................06 3.1.2. ANEL.............................................................................................07 3.1.3. BRINCO.........................................................................................07 3.2. PEÇAS ESCOLHIDAS.................................................................................08 3.2.1. CASQUETE...................................................................................08 3.2.1.1. DESENHOS INICIAIS...................................................10 3.2.2. BRACELETE.................................................................................10 3.2.2.1. DESENHOS INICIAIS...................................................11 3.2.3. COLAR...........................................................................................11 3.2.3.1. DESENHOS INICIAIS...................................................12 3.2.4. ANEL.............................................................................................13 3.2.4.1. DESENHOS INICIAIS...................................................14 3.2.5. BRINCO.........................................................................................14 3.2.5.1. DESENHOS INICIAIS...................................................15 4. RESULTADOS OBTIDOS...........................................................................................17 4.1. CASQUETE..................................................................................................17 4.1.1. FOTO DO PROJETO DA TIARA PRONTA................................18 4.2. BRACELETE................................................................................................19 4.2.1. FOTO DO PROJETO DO BRACELETE PRONTO.....................20 4.3. COLAR..........................................................................................................21 4.3.1. FOTO DO PROJETO DO COLAR PRONTO..............................22 4.4. ANEL............................................................................................................23 4.4.1. FOTO DO PROJETO DO ANEL PRONTO.................................23 4.5. BRINCOS......................................................................................................24 4.5.1. FOTO DO PROJETO DOS BRINCOS PRONTOS......................24 5. CONCLUSÕES............................................................................................................25 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................26 i LISTA DE FIGURAS Figura 2.1 - “La Voix des Airs” de 1932..........................................................................03 Figura 2.2 – Renè Magritte e Georgette Berger...............................................................04 Figura 2.3 - “Le Jockey Perdu”........................................................................................04 Figura 2.4 - “La Trahison des Images”.............................................................................05 Figura 2.5 – Renè Magritte...............................................................................................05 Figura 3.1 - “La folie des grandeurs”...............................................................................06 Figura 3.2 - Brinco inspirado na obra “La folie des grandeurs”......................................06 Figura 3.3 - “La reproduction interdite”, 1937................................................................07 Figura 3.4 – Anel inspirado na obra “La reproduction interdite”, 1937..........................07 Figura 3.5 - “Voice of space”............................................................................................07 Figura 3.6 - “La Durée poignardée”...............................................................................08 Figura 3.7 – Brinco.........................................................................................................08 Figura 3.8 - “La Fin des Contemplations”.......................................................................09 Figura 3.9 – Sketch com rede..........................................................................................10 Figura 3.10 – Sketch com pena........................................................................................10 Figura 3.11 – Sketch com pena e fragmentação...............................................................10 Figura 3.12 - “The Acrobat’s Exercises”..........................................................................10 Figura 3.13 – Primeiro sketch bracelete...........................................................................11 Figura 3.14 – Bracelete com estudo de cores e pedras.....................................................11 Figura 3.15 – “Golconde”.................................................................................................12 Figura 3.16 – Estudo de formas para o colar....................................................................12 Figura 3.17 – Evolução das formas..................................................................................12 Figura 3.18 - “Les Liaisons dangereuses”, 1926.............................................................13 Figura 3.19 – Estudo do desenho para o anel..................................................................14 Figura 3.20 – Ilustração inicial do anel...........................................................................14 Figura 3.21 - “Les affinités électives”..............................................................................14 Figura 3.22 - “Ceci n’est pás une pomme” 1964.............................................................15 Figura 3.23 – Início do estudo para o brinco...................................................................15 Figura 3.24 – Estudo da folha colocada no brinco...........................................................16Figura 4.1 – Casquete planificado....................................................................................17 Figura 4.2 – Ilustração do casquete..................................................................................17 Figura 4.3 – Casquete Final..............................................................................................18 Figura 4.4 – Demonstração de uso do casquete...............................................................18 Figura 4.5 – Ilustração do Bracelete em Guache..............................................................19 Figura 4.6 – Ilustração do Bracelete planificado..............................................................19 Figura 4.7 - Bracelete final...............................................................................................20 Figura 4.8 - Demonstração de uso do Bracelete...............................................................20 ii Figura 4.9 - Ilustração do Colar em Guache....................................................................21 Figura 4.10 - Colar final....................................................................................................22 Figura 4.11 - Demonstração de uso do colar....................................................................22 Figura 4.12 - Vista superior com medidas........................................................................23 Figura 4.13 - Ilustração do anel com aplicação de Zircônia em Guache.........................23 Figura 4.14 - Anel final.....................................................................................................23 Figura 4.15 - Demonstração de uso do anel....................................................................23 Figura 4.16 - Ilustração do Brinco em Guache................................................................24 Figura 4.17 - Brinco final.................................................................................................24 Figura 4.18 - Demonstração de uso do brinco..................................................................24 iii RESUMO Este trabalho teve como fundamento a criação de peças de joalheria inspiradas nas obras de Renè Magritte, um dos principais artistas Surrealistas. Através do estudo deste artista e das características desta época foram criadas peças que refletem em sua estrutura semelhanças com o tema. Basicamente foram escolhidos alguns quadros do artista e, a partir do estudo, algumas particularidades como as cores e traços foram transmitidas do quadro de uma maneira sutil às peças de joalheria. Definindo então as obras que seriam usadas para se basear cada jóia, foram fei- tos os estudos necessários de cada uma delas e de acordo com isso, criados os esboços das peças. Após os primeiros desenhos, as peças foram sendo mais detalhadas, com especificação de tamanho e cor, até chegar ao produto final. iv 1. INTRODUÇÃO Usualmente em um projeto de Design de jóias é necessário desenvolver peças que se adaptem ao usuário, enaltecendo partes do corpo com complementos que au- mentem a beleza de quem usará a peça. A jóia é um produto de desejo, e carrega com ela a necessidade de se sobressair. Para a fabricação é levado em conta o conforto da peça, o tamanho e, buscando sempre a melhor adequação possível do objeto ao corpo em geral. Sobretudo no que se refere à segurança, ao conforto e à eficácia de uso, de funcionalidade dos objetos. É necessário então que cada peça seja observada como única, cuidando para que seu design diferenciado não altere as necessidades propostas acima, garantindo o con- forto para o usuário. A escolha de Renè Magritte para basear as obras deste trabalho se deu pelo fato de que o autor surrealista deixa transparecer anomalias por toda parte de suas obras, explorando o irreal. O artista pintou inúmeras telas, e tem como principais caracterís- ticas expressar em suas obras elementos corriqueiros do cotidiano e transformá-los em algo de extrema expressão visual dentro do quadro. Dentre eles, Magritte pintou frutas, chapéus-coco, nuvens, cachimbos, espelhos, janelas, guarda-chuvas, pássaros, laços, portas e outros diversos objetos, porém de forma surreal, e exprimindo pensamentos que até hoje são contraditórios. Optou pela pintura de sonhos para expressar em seus quad- ros seus sentimentos e opiniões. 1.1. OBJETIVO DO TRABALHO A fim de estudar a possibilidade de unir um artista surrealista à produção de jóias, foi desenvolvida uma linha de criação que associou as tendências atuais, a origi- nalidade de Renè Magritte, e a sofisticação da joalheria. A preocupação com a inovação, a necessidade pela busca do diferencial, e a admiração almejada pela coleção também foram observados ao decorrer do projeto. Foram comparadas várias obras do artista, com análise de cores, composição de detalhes, distribuição dos objetos na tela; podendo perceber uma tendência a cores mais vivas, como o azul, vermelho, dourado e podendo ser reconhecido nos trabalhos a contra lógica, a transformação de objetos ordinários, corpos nus, espelhos, peças frag- mentadas, desproporção, sobreposição e mistura de formas e cores. Com os resultados de ambas as pesquisas realizadas sobre as obras e o artista, foram projetadas as peças chamadas “Jóias de Magritte”. 01 1.2. DISTRIBUIÇÃO DO TRABALHO Capitulo 2 Nesse capitulo é feito uma explicação simplificada e a apresentação de conceitos julgados básicos para o entendimento do Surrealismo e do artista Renè Magritte, escol- hido para dar forma às peças desenhadas. Capitulo 3 Aqui são expostas as obras escolhidas para cada peça, os procedimentos utiliza- dos para a criação dos desenhos, a escolha das gemas utilizadas, o motivo das cores e efeitos desejados. Neste capitulo demonstra-se também os estudos desde o início, as idé- ias rejeitadas, a elaboração e evolução de cada peça, os sketches e os desenhos iniciais. Capitulo 4 Vamos apresentar nesse capitulo os resultados obtidos e os desenhos das peças finais. Capitulo 5 Frente a estes resultados obtidos no capitulo anterior, são apresentadas as con- clusões. 02 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Para entender o surrealismo é necessário que se tenha em mente que esta cor- rente artística teve suas origens basicamente no Dadaísmo, que fazia oposição a qualquer tipo de equilíbrio e enfatizava o ilógico e o absurdo, protestando contra a lou- cura da Primeira Guerra mundial. Sendo assim, o Surrealismo representa a busca pelo irracional, onde a imagi- nação não tem freios e pode ser composta de qualquer coisa. Os surrealistas não têm parâmetros para diferenciar o que pode ser real e quando começa o irreal, podendo então se expressar de qualquer maneira, fugindo da lógica e deixando seus trabalhos e pensamentos livres para a imaginação. O nascimento do Surrealismo foi marcado pela publicação do Manifesto Surreal- ista em 1924, e tinha como objetivo a quebra de alguns valores que se faziam presentes na época, tais como a família e a religião. Nesse manifesto há uma inversão de valores, trazendo a frente idéias como sonho, contra lógica e subconsciente. Em 1929 foi publi- cado um segundo manifesto e foi editada uma revista chamada “A Revolução Surreal- ista”, onde Renè Magritte participou como pintor. Renè Magritte busca dentro desse con- texto, trazer às suas obras o impulso criativo do Surrealismo como uma de suas características mais marcantes. Podemos perceber que Magritte compõe seus trabalhos com diferentes objetos, muitas vezes cotidianos, mas em situações que não são convencionais e muitas vezes até inexistentes. A obra “La Voix des Airs”, criada em 1932, que retrata três sinos que flutuam sobre uma paisagem bucólica apesar de serem aparentemente pesados e sólidos. É uma explicação clara da típica obra sur- realista de Renè Magritte. “La Voix des Airs” marcou a história do Surrealismo. (figura 2.1) Figura 2.1 - “La Voix des Airs” de 1932. 03 René François-Ghislain Magritte nasce em Lessines,Hain- aut (Bélgica) em 21 de Novembro de 1898, e tinha apenas 13 anos quando sua mãe cometeu suicídio afogando-se no rio Sambre. Os primeiros quadros do artista datam de 1915 e eram impressionistas. Contudo, Magritte freqüentou a Academia Real de Artes em Bruxe- las, não terminando o curso por não concordar com o conservadorismo da Escola. Renè Magritte tornou-se então um desenhista de papel de parede em Bruxelas, onde casou com Georgette Berger, que ele con- hecia desde a infância. (figura 2.2) Nesta época, alguns trabalhos do artista tiveram influência do Cubismo e do Futurismo, “Le Jockey Perdu” (figura 2.3) foi sua primeira obra Surrealista. Porém, a crítica sobre esta tela foi intensa e fez com que o artista se refugiasse em Paris, onde conheceu os surrealistas Max Ernest, Salvador Dalí e André Breton. Figura 2.2 – Renè Magritte e Georgette Berger. Figura 2.3 - “Le Jockey Perdu” 04 Em 1926, deixou o emprego para se dedicar inteiramente à arte. Em 24 de Agosto de 1928 Magritte perde seu pai, mas não pára com seus trabalhos, e em 1929 contribui para a última edição da publicação “Révolution Surréaliste”, uma revista com doze edições publicada pelos surrealistas em Paris entre 1924 e 1929. Nessa época pinta a primeira versão de seu famoso trabalho: “La Trahison des Images” (figura 2.4). Que retrata a imagem de um cachimbo com a frase: “Ceci n’est pas une pipe” – “Isto não é um cachimbo”. A presença de uma frase como esta dentro de uma pintura equivale a uma subversão estética de tal magnitude que repercute até hoje, gerando outros tantos quad- ros, artigos e livros. Magritte não procurava o obscuro, pelo con- trário, procurava libertar-se através da surpresa. A falsa simplicidade de suas telas cria um con- teúdo poético e muitas vezes filosófico, satirizan- do o mundo perturbado do século XX. Em suas obras Magritte cria sempre algo inesperado, que causa espanto e precisa ser observado, refletido, estudado. Nunca há apenas uma interpretação do observador. Em 1940 muda-se para Carcassonne, no sul de França e logo após tenta um novo estilo de pintura: o estilo “Renoir” ou “Solar”, que ele continua até 1947, juntamente com o seu estilo habitual e expõe esse novo estilo em 1948, e sem o apoio do público, aban- dona essa nova forma de pintura. Em 15 de Agosto de 1967 René Magritte morre. Sem ter dado nenhuma expli- cação sobre suas obras. E apesar dos cerca de mil trabalhos que o artista criou, começou a ser realmente apreciado apenas na década de 60, tornando-se parte da cultura popular nas décadas seguintes e até hoje sendo admirado (figura 2.5). Figura 2.4 - “La Trahison des Images”. Figura 2.5 – Renè Magritte. 05 3. MÉTODOS EMPREGADOS Como foi citado anteriormente, neste capitulo serão expostas as etapas da cri- ação e os procedimentos utilizados para projetar cada peça da coleção, incluindo a explicação de cada quadro em que as peças foram baseadas. Renè Magritte não dava explicações sobre seus trabalhos e não costumava ser claro sobre o significado de cada um, sendo assim ficava a critério do observador criti- car e fazer seu julgamento sobre cada obra. 3.1. Peças rejeitadas e suas obras: 3.1.1. Brinco inspirado na obra “La folie des grandeurs” (figura 3.1). O quadro “La folie des grandeurs” mostra a imagem de um corpo feminino nu, sem cabeça e braços e com um fundo de nuvens. O corpo aparece fragmentado e com desproporção, características tópicas da obra de Renè Magritte. Observando esses detalhes o brinco (figura 3.2) foi desenhado buscando a representação da silhueta feminina e a fragmen- tação do corpo. Figura 3.1 - “La folie des grandeurs”. Figura 3.2 - Brinco inspirado na obra “La folie des grandeurs”. 06 3.1.2. Anel inspirado na obra “La reproduction interdite”, 1937 (figura 3.3). O anel que ficou apenas na fase de criação, representa em sua forma a idéia do espelho que reflete ele mesmo e cria uma repetição que diminui a cada reflexo. (figura 3.4). 3.1.3. Brinco inspirado nas obras “Voice of space” (figura 3.5) e “La Durée poig- nardée”, (figura 3.6). O brinco (figura 3.7) rep- resenta em sua estrutura os três círculos da obra “Voice of space” e dentro desses mesmos círculos passa a idéia da roda do trem, mostrado na obra “La Durée poignardée”. Figura 3.3 - “La reproduction interdite”, 1937. Figura 3.4 – Anel inspirado na obra “La reproduction interdite”, 1937. Figura 3.5 - “Voice of space”. 07 3.2. Peças escolhidas: 3.2.1. Casquete: Esta peça foi baseada no quadro “La Fin des Contemplations” (O fim da con- templação.) de 1927, que mostra a imagem de um homem virado de lado com o rosto completamente fragmentado, como um vidro quebrado. Estudando a obra, podemos observar as cores neutras apresentadas pelo autor, e a serenidade no rosto fragmentado. Normalmente em telas de artistas comuns, a parte que foi ocultada em “La Fin des Con- templations” seria a mais importante. É provável que Magritte tenha tentado passar com este quadro a sua constatada desaprovação pelos costumes da sociedade, entre eles a contemplação da beleza; para tal, o artista fragmenta o rosto de um homem, deixando aparente a idéia no nome dado à obra. (Figura 3.8) Figura 3.6 - “La Durée poignardée”. Figura 3.7 – Brinco. 08 Após o estudo do quadro proposto, percebeu-se a necessidade de transmitir para a peça escolhida a relação entre a cabeça do homem e a fragmentação proposta no quad- ro. Foi escolhido então o casquete, que cobre a cabeça e um pedaço da testa. No projeto foram feitas várias peças distintas, recortadas como se fossem sobras e soldadas umas as outras, formando um aglutinado de peças fragmentadas. Na parte posterior da peça foram adicionadas penas, que passam a mesma sensação do recorte usado na tela. O uso das penas faz com que parte do rosto seja escondida, trazendo além da fragmentação, a idéia do fim da contemplação da beleza, onde o usuário não consegue ser contemplado e não consegue contemplar a beleza alheia. Para a confecção da peça foi usado uma chapa de metal recortada em vários pedaços com diferentes formas e tamanhos, que foram soldados uns aos outros. Depois disso a peça foi dobrada e moldada à cabeça. As penas foram coladas à parte de metal finalizando a peça. Figura 3.8 - “La Fin des Contemplations”. 09 3.2.1.1. Desenhos iniciais: 3.2.2. Bracelete: O bracelete de ouro foi desenvolvido na observação do quadro “The Acrobats Exercises” (figura 3.12) de 1928, que retrata partes do corpo de mulheres entrelaçadas e com dimensões completamente distorcidas e deformadas. A obra demonstra a flexibi- lidade do acrobata, que segura um rifle na mão direita, e um instrumento musical na mão esquerda, Magritte faz uso de todos esses elementos para, em uma única imagem mostrar as habilidades e os aspectos do corpo que estão escondidos do olho. Esta obra transmite a sensação de leveza e desejo de liberdade por sua com- posição e por suas cores sutis. O corpo é cortado, dividido em fragmentos, revelando a nua carne em nudez exibida abertamente e a nudez escondida, coberta pela roupa. Figura 3.9 – Sketch com rede. Figura 3.10 – Sketch com pena. Figura 3.11 – Sketch com pena e fragmentação. Figura 3.12 - “The Acrobats Exercises”. 10 Sob esses pontos de vista, o bracelete procurou trazer em seus traços a represen- tação do corpo feminino, suas curvas e deformações representadas no quadro; deixando observar ora a pele nua de quem o usa, ora o ouro, que cobre o braço. A pedra arredon- dada representa a tuba do quadro e as pedras quadradas representam a espingarda. As cores das pedras foram escolhidas de acordo com o objeto representado, já que o ver- melho representa o sangue e o azul representa a harmonia e a liberdade. Inicialmente, a peça foi desenhada em perspectiva,reunindo todas as idéias necessárias para dar o acabamento e os detalhes. Depois do desenho já finalizado, as pe- dras foram compradas de acordo com o tamanho desejado e os traços do desenho foram planificados com o tamanho exato das pedras. Depois disso, foi feito um protótipo de papel para garantir que o tamanho proposto estava correto. Para a fabricação foi usada uma chapa de metal, cortada de acordo com o pro- tótipo, depois lixada e martelada até assumir a curvatura necessária para um bracelete, as pedras foram coladas à peça depois de pronta, dando acabamento. 3.2.2.1. Desenhos iniciais: 3.2.3. Colar: O colar foi baseado na obra “Golconde”, uma pintura a óleo sobre tela, de 1953. Esta obra retrata homens quase idênticos, vestidos com casacos escuros e chapéu-coco, e passam a sensação de serem gotas de chuva caindo. É interessante lembrar que o próp- rio Renè Magritte se vestia de forma parecida com os homens que retratou nesta obra e tinha o chapéu-coco como uma característica comum em seu trabalho, aparecendo em várias obras. O título Golconde (figura 3.15) foi dado por seu amigo poeta Louis Scutenaire. Figura 3.13 – Primeiro sketch bracelete. Figura 3.14 – Bracelete com estudo de cores e pedras. 11 Golconde é uma cidade em ruínas, no estado de Andhra Pradesh, na Índia. Uma cidade que adquiriu fama por ser o centro lendário da indústria de diamantes. O colar representa então um dos homens que está caindo, abraçado ao pescoço do usuário, e se lique- fazendo, como as gotas da chuva. A grande pedra preta representa o tão famoso chapéu-coco do artista e as pedras azuis representam o final dessa liquefação, quando o homem concretiza a chuva. Para a fabricação, foram usados fios que vão de um lado a outro do pescoço e soldados na nuca, esses fios foram moldados até chegar à forma desejada, depois disso foram feitas as caixas para cravar as pedras. 3.2.3.1. Desenhos iniciais: Figura 3.15 – “Golconde”. Figura 3.16 – Estudo de formas para o colar. Figura 3.17 – Evolução das formas. 12 3.2.4. Anel: O anel foi baseado no quadro “Les Liaisons dangereuses” (A ligação perigosa) de 1926, onde o autor retrata a cena de uma mulher nua segurando um espelho em suas mãos. O espelho está voltado para o observador e cobre o corpo da mulher quase por in- teiro, no entanto reflete a imagem da mulher que está segurando o espelho, mas de outra perspectiva e reduzida. O pintor causa um certo espanto no observador desse quadro ao criar formas que não podem existir e fogem da realidade. Através desta pintura, o corpo perde sua integridade, renunciando a sua coesão interna e assumindo uma aparência fragmentária. Magritte desenvolve o corpo da mulher em uma área de conflito entre duas manifestações in- compatíveis: Magritte demonstra que a pintura ocupa um espaço entre a realidade visível e imagem do imaginário, já que o espaço do espelho deveria ser o corpo de quem observa a imagem (figura 3.18). Para representar este quadro tão polêmico, o anel tem em suas características peças recortadas e sobrepostas assim como no quadro explicado. Inicialmente foi de- senhado um único quadrado com um desenho em forma de “L” em seu interior, após o quadrado pronto, foi retirada uma parte desse quadrado e sobreposta à restante, porém em outro ângulo. No quadrado maior, onde haveria a continuação do desenho em “V” não há preenchimento, mostrando uma ruptura do esperado. Os vazados da forma maior representam a fragmentação do corpo da mulher e o strass colocado na parte menor representa a reflexão do espelho proposto pelo artista. Para a fabricação, foi usada uma chapa de metal onde foi feito o desenho com- pleto da peça; após o quadrado pronto, foi retirada uma parte e sobreposta a outra com solda. Depois, foi dado acabamento com polimento e aplicação de zircônias. Figura 3.18 - “Les Liaisons dangereuses”, 1926. 13 3.2.4.1. Desenhos iniciais: 3.2.5. Brinco: Os brincos foram baseados na obra “Les affinités électives” (“As afinidades”) de 1932. Sobre a obra Magritte disse que, uma noite havia acordado em uma sala onde havia um pássaro em uma gaiola e em um ‘erro magnífico’ viu um ovo dentro da gaiola ao invés de um pássaro. Magritte diz ter visto nessa composição a afinidade entre o ovo e a gaiola, onde anteriormente um choque havia sido causado ao unir dois objetos que não estavam relacionados. O quadro mostra a imagem de uma gaiola que prende entre suas grades um ovo, representado em um tamanho exageradamente grande, se comparado à realidade. Mais uma vez Magritte utiliza de objetos cotidianos para demonstrar o irreal. (Figura 3.21). Figura 3.19 – Estudo do desenho para o anel. Figura 3.20 – Ilustração inicial do anel. Figura 3.21 - “Les affinités électives”. 14 A partir dessa obra foi desenhado um brinco, com pérolas alinhadas representan- do a grandiosidade do ovo e sobre elas, um fio de ouro passa, prendendo e cobrindo-as até o final, em sinal da prisão representada pela gaiola. Nesta última peça apresentada no trabalho, demonstramos uma característica clássica de Rene Magrite, quando o autor parece brincar com suas obras e desafiar o observador causando estra- nheza com algum detalhe de seu trabalho. Sendo assim, foi colocada neste brinco uma folha da maçã em uma das pérolas, representando a maçã de Magritte. O artista usa a maçã em vários de seus quadros, e um exemplo é a obra “Ceci n’est pás une pomme” de 1964 (figura 3.22), e pode-se dizer que esta se tornou uma marca registrada de Magritte, que não poderíamos deixar de citar neste trabal- ho. Para a confecção da peça foram escolhidas as péro- las na mesma tonalidade e dos tamanhos necessários. O fio foi passado e soldado à estrutura da peça. Após o produto pronto, foi adicionada a folha da maçã, finalizando a peça. 3.2.5.1. Desenhos iniciais: Figura 3.23 – Iní- cio do estudo para o brinco. Figura 3.22 - “Ceci n’est pás une pomme” 1964. 15 Figura 3.24 – Estudo da folha colocada no brinco. 16 4. RESULTADOS OBTIDOS Neste capítulo serão apresentados os resultados obtidos a partir dos desenhos propostos, com a forma correta para a produção. 4.1. Casquete: Figura 4.2 – Ilustração do Casquete. Figura 4.1 - Casquete planificado. 17 4.1.1. - Foto do projeto do casquete pronto: 18 Figura 4.4 - Demonstração de uso do casquete. Figura 4.3 - Casquete final. 4.2. Bracelete: Figura 4.5 – Ilustração do Bracelete em Guache. Figura 4.6 - Ilustração do Bracelete planificado. 19 4.2.1. Foto do projeto do Bracelete pronto: 20 Figura 4.7 - Bracelete final. Figura 4.8 - Demonstração de uso do Bracelete. Figura 4.9 – Ilustração do Colar em Guache. 4.3. Colar: 21 4.3.1. Foto do projeto do Colar pronto: 22 Figura 4.10 - Colar final. Figura 4.11 - Demonstração de uso do colar. 4.4. Anel: 4.4.1. Foto do projeto do Anel pronto: Figura 4.12 – Vista superior com medi- das. Figura 4.13 – Ilustração do Anel com aplicação de Zircônia em Guache. 23 Figura 4.14 - Anel final. Figura 4.15 - Demonstração de uso do anel. Figura 4.16 – Ilustração do Brinco em Guache. 4.5. Brincos: 4.5.1. Foto do projeto dos Brincos prontos: 24 Figura 4.17 - Brinco final. Figura 4.18 - Demonstração de uso do brinco. 5. CONCLUSÕES Neste capítulo são apresentadas as conclusões obtidas, apresentando de uma forma geral, as principais observações feitas ao longo de todo o trabalho e da apresen- tação dos produtos finais. Durante o desenvolvimento dos projetos as peças mudaram sua forma inúmeras vezes, e considerando as possibilidades para a fabricação foram escolhidas as pecas finais que eram possíveis de serem feitas. A análise feita durante o processo de criação possibilitou a observação de peças que seriam apenas conceitos e outras que seriam possíveis de uso e venda. Nos sketches estudados foram necessárias várias considerações, a serem to- madas,para a avaliação da possível confecção das jóias. Essas considerações têm a finalidade de simplificar os métodos utilizados para a fabricação de cada peça e torná-la possível de ser fabricada, e entre elas o que se destaca é a facilidade da mão de obra, peso da peça, ergonomia, capacidade de uso. Porém, vale frisar que algumas das peças produzidas neste trabalho são de uma certa forma conceituais, e que para a venda seriam adaptadas principalmente em seus tamanhos. Pode-se concluir então que, os resultados obtidos foram os esperados e a fabri- cação das peças possibilitou a certeza de que o projeto não tem restrições. Foram apre- sentados também, os conceitos de cada peça, com a finalidade de remeter em sua essên- cia características de Renè Magritte e do Surrealismo. 25 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FOUCAULT, M. Isto não é um cachimbo. 1926-1984. 2007 NADEAU, MAURICE. A história do surrealismo. 1985 LIMA, C. F. A aventura Surrealista. Editora Unesp, 1995 Magritte: Um blog pessoal sob a inspiração do pintor Belga Renè Magritte. <http:// magritte.blogs.sapo.pt/326.html> Acesso em: 16 Agosto 2011. Art of the 20th Century. <http://www.all-art.org/history580-3.html> Acesso em 20 Ago- sto 2011. BERNARDO, G. 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