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Thainara Lima de Souza Malta thainaralima09@gmail.com A Constituição Federal atribuiu aos Entes Federativos a Competência Tributária. Porém, essa prerrogativa deve sofrer certas limitações, no sentido de direcionar o exercício da competência, com o intuito de assegurar os direitos fundamentais. Tratam-se dos Limites ao Poder de Tributar. De maneira geral, as limitações ao poder de tributar desdobram-se em Princípios Constitucionais e Imunidades Constitucionais Tributárias. Princípio da Legalidade Um dos mais importantes princípios do Direito Tributário, ele está previsto no art. 150, inciso I, da CF/88, ao afirmar que “é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios [...] exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça”. Ou seja, o tributo depende de lei para que seja instituído ou majorado. Em regra, a majoração e a instituição de tributos emanam de Lei Ordinária, mas em alguns casos, determinados Tributos Federais devem ser instituídos ou majorados por meio de Lei Complementar. EXCEÇÕES AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. Existem algumas situações nas quais o Princípio da Legalidade é atenuado, são elas: a) Alteração de alíquotas de impostos extrafiscais: a Constituição prevê que os impostos extrafiscais (II, IE, IOF e IPI) podem ter as suas alíquotas alteradas, seja para aumentar ou diminuir, por meio de ato do Poder Executivo (Decreto Presidencial ou Portaria do Ministro da Fazenda), observados os limites e requisitos estabelecidos em lei; b) ICMS sobre combustíveis: a definição, redução e o restabelecimento das alíquotas do ICMS sobre combustíveis (apenas o ICMS incidente sobre operações com combustíveis!!!) podem ser feitas por iniciativa do Poder Executivo, por meio de convênios interestaduais; Imposto que somente podem ser instituídos por meio de LEI COMPLEMENTAR: - Impostos residuais; - Empréstimos compulsórios; - Contribuições sociais residuais; - Imposto Extraordinário de Guerra. Thainara Lima de Souza Malta thainaralima09@gmail.com c) CIDE Combustível: a redução e o restabelecimento das alíquotas da CIDE Combustível podem ser feitos por meio de ato do Poder Executivo (Decreto Presidencial). Princípio da Tipicidade Este princípio não se refere à INSTITUIÇÃO ou à MAJORAÇÃO de tributos, mas de certos elementos tributários que demandam lei em sentido estrito. São eles: a) Alíquotas. A definição das alíquotas dos tributos demanda lei em sentido estrito. Porém, essa regra tem algumas exceções: - Definição da alíquota MÍNIMA do IPVA, que deve ser fixada por Resolução do Senado Federal; - A alíquota MÁXIMA do ITCMD é fixada por Resolução do Senado Federal; - A fixação da alíquota interestadual do ICMS e a fixação das alíquotas MÍNIMA e MÁXIMA interna do ICMS por meio de Resolução do Senado; b) Base de cálculo; c) Sujeito Passivo; d) Multa; Todos esses elementos demandam lei (salvo as exceções a respeito da alíquota). ATENÇÃO!! Em relação à CIDE Combustível e ao ICMS Combustível, a Constituição Federal excetua da obediência ao princípio da legalidade apenas a REDUÇÃO e o RESTABELECIMENTO das alíquotas, e NÃO A MAJORAÇÃO. Exemplo: a alíquota da CIDE Combustível era de 20%, passou a ser 10% e voltou para 20%. Nesse caso, primeiramente a alíquota foi reduzida e depois houve o restabelecimento dela. Ambos os casos constituem exceção ao princípio da legalidade ATENÇÃO!! Cada um dos Estados fixa livremente, dentro do seu território, as alíquotas dos impostos da sua competência (ITCMD, IPVA e ICMS). No entanto, ao fixar suas alíquotas, os Estados devem respeitar alguns limites. Estes limites são definidos pelo Senado Federal, por meio de RESOLUÇÃO: - Alíquota MÍNIMA do IPVA; - Alíquota MÁXIMA do ITCMD; - Alíquotas MÍNIMA e MÁXIMA interna do ICMS; ATENÇÃO!! Segundo o STF, a alteração da data de pagamento de tributo e a atualização da base de cálculo de tributos de acordo com o índice oficial de correção monetária podem ser realizadas por meio de ato infralegal (Decreto do Poder Executivo). Thainara Lima de Souza Malta thainaralima09@gmail.com Princípio da Anterioridade Este princípio tributário desdobra-se em dois subprincípios: anterioridade anual e anterioridade nonagesimal. Via de regra, esses direitos “conversam” no Direito Tributário, devendo ser simultaneamente aplicados. O primeiro preconiza que a lei que instituir ou majorar um tributo somente deve entrar em vigor a partir do exercício financeiro seguinte, e a segunda que a lei que instituir ou majorar tributos somente deve entrar em vigor após 90 dias da sua publicação. Estas duas regras devem ser conciliadas, de modo que, em regra, uma lei que institui ou majora um tributo somente pode entrar em vigor no exercício financeiro seguinte, desde que tenham decorridos 90 dias desde a sua publicação. Em relação a estes dois princípios, o que mais importa estudar são as exceções, eis que são muito cobradas. PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE NONAGESIMAL. Por este princípio, os Entes Políticos só podem cobrar tributos depois de 90 dias da publicação da lei que os houver criado ou majorado (art. 150, inciso III, alínea “c” da CF). Existem alguns tributos que NÃO observam este princípio EXCEÇÕES AO PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE NONAGESIMAL. a) Tributos para custeio de guerra e de calamidade pública (Imposto Extraordinário de Guerra e Empréstimos Compulsórios). O Imposto Extraordinário de Guerra (IEG) e os Empréstimos Compulsórios para custeio de guerra e de calamidade pública NÃO precisam obedecer ao Princípio da Anterioridade Nonagesimal. ATENÇÃO!! Não esqueçam que o Empréstimo Compulsório pode ser instituído para três finalidades: - Custeio de guerra externa ou sua eminência; - Situação de calamidade pública; e - Investimento público de caráter urgente e relevante interesse nacional. Somente o Empréstimo Compulsório instituído para custeio de guerra externa ou sua eminência ou em situação de calamidade pública serão exceções ao Princípios da Anterioridade Nonagesimal. O EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO INSTITUÍDO PARA INVESTIMENTO PÚBLICO DE CARÁTER URGENTE E RELEVANTE INTERESSE NACIONAL OBEDECE AO PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE ANUAL! OBS.: a atualização da base de cálculo não é sinônimo de alteração dos elementos da base de cálculo. Aquela pode ser feita por meio de Decreto do Poder Executivo. Thainara Lima de Souza Malta thainaralima09@gmail.com b) Imposto de Renda, Imposto sobre Exportação, Imposto sobre Importação e Imposto sobe Operações Financeiras. Os impostos de renda, exportação, importação e sobre operações financeiras são exceções à regra da Anterioridade Nonagesimal. Dentre eles, o Imposto de Renda, apesar de ser exceção ao Princípio da Anterioridade Nonagesimal, deve observar o Princípio da Anterioridade Anual. Macete para decorar: REI + IOF. c) Fixação da base de cálculo do IPTU. d) Fixação da base de cálculo do IPTA. PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE ANUAL. Por força deste princípio, os Entes Políticos NÃO podem cobrar tributos no mesmo exercício financeiro em que tenha sido publicada a lei que os instituiu ou majorou (art. 150, inciso III, alínea “b” da CF). Existem alguns tributos que NÃO observam este princípio. Isso é o que importa estudar. EXCEÇÕES AO PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE ANUAL: a) Tributos para custeio de guerra e de calamidade pública. Imposto Extraordinário de Guerra (IEG), Empréstimo Compulsório para custeio de guerra e Empréstimo Compulsório para custeio de calamidade pública, em razão da urgência que lhes é inerente, não precisam observar este princípio; b) Impostos Extrafiscais (II, IE, IOF e IPI). O IPI é exceção ao Princípio da Anterioridade Anual, mas NÃO é exceção ao da Anterioridade Nonagesimal. c) Restabelecimento da alíquotasobre CIDE Combustível e ICMS Combustíveis e Lubrificantes. Apenas o RESTABELECIMENTO das alíquotas da CIDE Combustível e do ICMS Combustíveis e lubrificantes precisam aguardar o decurso de 90 dias. NÃO precisam aguardar o exercício financeiro seguinte. d) Contribuições Sociais para o custeio da Seguridade Social. Exemplos: 1) Lei que majora/cria tributo foi publicada em 1º/01/2019, o tributo só pode começar a ser cobrado em 01/01/2020. 2) Lei que majora/cria tributo é publicada em 25/10/2019, o tributo não pode começar a ser cobrado em 1º/01/2019, devem ser contados 90 dias, de forma que ele somente poderá começar a ser cobrado em 23/01/2020. Thainara Lima de Souza Malta thainaralima09@gmail.com Precisa aguardar o decurso dos 90 dias, mas não precisam aguardar o exercício financeiro seguinte. QUADRO SINÓTICO - EXCEÇÕES AOS PRINCÍPIOS DA ANTERIORIDADE EXCEÇÕES AO PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE NONAGESIMAL EXCEÇÕES AO PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE ANUAL Empréstimo Compulsório para atender as despesas extraordinárias decorrentes de calamidade pública, guerra externa ou sua iminência Empréstimo Compulsório para atender as despesas extraordinárias decorrentes de calamidade pública, guerra externa ou sua iminência Imposto de Importação (II) Imposto de Importação (II) Imposto de Exportação (IE) Imposto de Exportação (IE) Imposto de Renda (IR) Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) Imposto Extraordinário de Guerra (IEG) Imposto Extraordinário de Guerra (IEG) Fixação da base de cálculo do Imposto sobre Propriedade de Veículo Automotor (IPVA) Restabelecimento da alíquota sobre ICMS Combustíveis e Lubrificantes Fixação da base de cálculo do Imposto sobre Propriedade Territorial Urbana (IPTU) Restabelecimento da alíquota da CIDE Combustíveis Contribuições Sociais para custeio da Seguridade Social Thainara Lima de Souza Malta thainaralima09@gmail.com QUADRO SINÓTICO – EXCEÇÕES AOS PRINCÍPIOS DA ANTERIORIDADE NONAGESIMAL E ANUAL ESPÉCIE TRIBUTÁRIA EXCEÇÃO À ANTERIORIDADE NONAGESIMAL EXCEÇÃO À ANTERIORIDADE ANUAL Empréstimo Compulsório para atender as despesas extraordinárias decorrentes de calamidade pública, guerra externa ou sua iminência √ √ Imposto de Importação (II) √ √ Imposto de Exportação (IE) √ √ Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) √ √ Imposto Extraordinário de Guerra (IEG) √ √ Imposto de Renda (IR) √ × Fixação da base de cálculo do Imposto sobre Propriedade de Veículo Automotor (IPVA) √ × Fixação da base de cálculo do Imposto sobre Propriedade Territorial Urbana (IPTU) √ × Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) × √ Restabelecimento da alíquota sobre ICMS Combustíveis e Lubrificantes × √ Restabelecimento da alíquota da CIDE Combustíveis × √ Contribuições Sociais para custeio da Seguridade Social × √ Thainara Lima de Souza Malta thainaralima09@gmail.com Princípio da Capacidade Contributiva O princípio da capacidade contributiva é intrinsecamente ligado ao da isonomia, pois é uma forma de tratar desigualmente os desiguais e igualmente os iguais. Ele está previsto no art. 145, § 1º da CF: “Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: (...) § 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte (...)”. De acordo com ele, o cidadão tem o dever de contribuir para as despesas públicas, na exata proporção da sua capacidade de suportar o encargo tributário. Ou seja, os tributos devem ser cobrados de acordo com a capacidade de pagar tributos de cada contribuinte. Ele guarda uma função de distribuir a carga tributária global entre os contribuintes de acordo com a aptidão de cada um de pagar tributos e impedir que a carga tributária individual seja abusiva. Tem-se nele princípio um ideal de justiça fiscal: deve pagar mais imposto quem pode pagar mais imposto. ATENÇÃO!! Da leitura do art. 145, §1º da CF, é possível perceber que a Carta Magna só faz referência, em seu texto, a impostos. Apesar de a Constituição Federal ter previsto a aplicação do princípio da capacidade contributiva apenas para os impostos, a jurisprudência do STF já realizou uma interpretação extensiva do dispositivo de forma a abranger as demais espécies tributárias, entendendo que nada no sentido de que ele se estende às demais espécies tributárias, inclusive, às MULTAS! PRINCÍPIO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA E O NÃO CONFISCO. O Princípio da Vedação ao Confisco, disposto no art. 150, inciso IV, da CF, coíbe uma subtração patrimonial imotivada. Ele advém do princípio da capacidade contributiva, pois tal capacidade se manifesta na aptidão para suportar a carga tributária. A CF determina que o Estado não pode cobrar tributos como forma de confisco. Não é possível o Estado retirar do contribuinte o mínimo existencial do contribuinte e de sua família. Há uma dificuldade doutrinária em conceituar o que viria a ser um tributo com efeito confiscatório. Tributo com efeito de confisco supõe a tributação em excesso, exacerbada. Em nosso país não há parâmetros objetivos para definir o que é uma tributação excessiva/com efeito confiscatório. A aferição compete ao Poder Judiciário, quando promovido pelo contribuinte prejudicado, no caso concreto. Não é a alíquota que diz se o tributo é confiscatório ou não. Esta definição depende também da natureza do tributo. Thainara Lima de Souza Malta thainaralima09@gmail.com Em algumas situações, porém, o princípio do não confisco NÃO É APLICADO. EXCEÇÕES AO PRINCÍPIO DO NÃO CONFISCO: - Pena de perda de bens: a perda de bens e valores pertencentes aos condenados dar-se-á em favor do Fundo Penitenciário Nacional, e seu valor terá como teto – o que for maior – o montante do prejuízo causado ou do provento obtido pelo agente ou por terceiro, em consequência da prática do crime (CP, Art. 45, § 3º); - Expropriação de glebas destinadas a culturas de plantas psicotrópicas e trabalho escravo (art. 243, CF/88): As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que couber, o disposto no art. 5º. Se, por exemplo, um sujeito tem uma propriedade de 500 Ha e mantém uma plantação de maconha em 1 Ha, ele perde toda a propriedade. A propriedade perdida é destinada à habitação popular. PRINCÍPIO DO NÃO CONFISCO E MULTA. A multa é sanção exigível perante o descumprimento de obrigação tributária, não se confundindo com o próprio tributo. A multa tributária pode ser cobrada sem limites? NÃO, a multa NÃO pode ser cobrada ao ponto de produzir um efeito de confisco dos bens do sujeito!! O STF tem frequentemente se mostrado contrário às multas com caráter confiscatório, ampliando o efeito do Princípio do Não Confisco às penalidades impostas. É possível aplicar o postulado da não confiscalidade à multa exacerbada (STF, ADIn 551/RJ-2002). PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO AO CONFISCO E IMPOSTOS EXTRAFISCAIS. Os tributos extrafiscais (II, IE, IOF e IPI) PODEM ter alíquotas confiscatórias. A jurisprudência admite alíquotas confiscatórias nesses tipos de impostos. PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO AO CONFISCO E OS TRIBUTOS PROGRESSIVOS. Os tributos progressivos PODEM ter a sua alíquota majorada sem limitação, quando para atender à função social da propriedade, pois, quando dotado da finalidade de atender à função social da propriedade, o tributo é considerado extrafiscal. A jurisprudência admite alíquotas confiscatórias nesses tipos deimpostos (IPTU e ITR), quando ligados ao cumprimento da função social da propriedade, apenas. PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO AO CONFISCO E OS TRIBUTOS SELETIVOS. A jurisprudência também admite alíquotas confiscatórias nesses tipos de impostos (IPI e ICMS). Lembrar de cigarros e bebidas, que podem sofrer a incidência de alíquotas confiscatórias. Thainara Lima de Souza Malta thainaralima09@gmail.com Princípio da Irretroatividade Este princípio impõe a obrigação de que a lei tributária deve abranger fatos geradores posteriores à sua edição. Significa que os efeitos (eficácia) NÃO podem alcançar fatos anteriores à vigência da norma, as normas só surtem efeitos nos fatos posteriores a sua vigência. a) Princípio da Irretroatividade e tributos com fatos geradores instantâneos (IPI, ICMS). Para o IPI e o ICMS, por exemplo, aplica-se a lei em vigência no dia do fato gerador. b) Princípio da Irretroatividade e tributos com fatos geradores continuados. IPTU, ITR e IPVA são tributos que possuem fatos geradores continuados, todos eles ocorrem em 1º de janeiro, para eles, aplica-se a lei vigente no dia 1º de janeiro. c) Princípio da Irretroatividade e tributos com fatos geradores complexivos (IR). No caso do Imposto de Renda, cujo fato gerador é complexivo, a legislação a ser aplicada é a de cada momento em que se obteve renda, a do dia 31 de dezembro de cada ano ou a da data do preenchimento da declaração de ajuste anual? Existe Súmula do STF dizendo que a legislação aplicável é a da data da declaração de ajuste anual, mas julgados de algumas turmas do STF já entendem que é aplicável a legislação vigente em cada momento de obtenção de renda. Ao imposto de renda calculado sobre os rendimentos do ano-base, aplica-se a lei vigente no exercício financeiro em que deve ser apresentada a declaração (Súmula 584 do STF). EXCEÇÕES AO PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE: 1) Lei Interpretativa (art. 106, I, do CTN). Admite-se a retroatividade da lei meramente interpretativa, pois ela somente esclarece o alcance normativo de outra lei, não criando direitos/obrigações. É interpretativa aquela lei que não inova, limitando-se a esclarecer dúvida surgida com o dispositivo de outra norma. Sendo apenas interpretativa, é possível a retroatividade dos efeitos da lei à data da lei que está a ser esclarecida. Exemplo: Lei A estava em vigor desde 01/01/2019, ela tem um texto dúbio e não se sabe seu alcance normativo, cria direitos e deveres. Lei B entra em vigor em 25/09/2019 apenas para esclarecer o conteúdo da Lei A. Ela pode retroagir até o dia 01/01/2019, data em que a Lei A entrou em vigor. 2) Lei mais benéfica (art. 106, II, a, b, e c, do CTN). Thainara Lima de Souza Malta thainaralima09@gmail.com A lei tributária que trata de penalidade tributária acompanha a lei penal. A legislação tributária penal pode retroagir para beneficiar o réu. Abrange apenas o direito tributário penal (multas), desde que o ato não esteja definitivamente julgado administrativa ou judicialmente. A lei tributária benéfica em relação às penalidades é retroativa. Normas tributárias que trate de penalidade tributária (multas, encargos moratórios) devem retroagir para beneficiar. Princípio da Liberdade de Tráfego Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público (Art. 150, inciso V, CF/88). Visa garantir o direito de ir e vir, não inviabilizando a possibilidade da cobrança do ICMS, pois a hipótese de incidência desse tributo é a operação de circulação de mercadorias e não o tráfego (Josiane Minardi). Na verdade, o princípio em tela é mera corroboração da liberdade de locomoção, constitucionalmente admitida no art. 5º, LXVIII, da CF. No entanto, cabem aqui duas atenuações, sendo uma o pedágio, e a outra, que é de ordem doutrinária, o ICMS (Eduardo Sabbag). Em 2014, o STF entendeu que o pedágio não é mais tributo, e sim preço público, no entanto, antes desse julgado, o pedágio era taxa e, como a CF é anterior a ele, o pedágio é tratado como exceção no art. 150 da CF. O ICMS é tratado por Eduardo Sabbag como uma exceção, no entanto, ele NÃO incide sobre TRÁFEGO, e sim sobre a CIRCULAÇÃO, que é a saída formal do bem das mãos/domínio de uma pessoa para outra. Assim, não existe, de verdade, uma exceção neste caso (longe de mim estar contrariando Sabbag, Deus me livre rs). Princípio da Uniformidade Geográfica Tem previsão no art. 151, inciso I, da CF: “Art. 151. É vedado à União: I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País; (...)”. Ele determina que a tributação federal deve ser uniforme em todo o território nacional, decorrendo do princípio federativo e do princípio da isonomia. Thainara Lima de Souza Malta thainaralima09@gmail.com Dentro do território do Ente tributando, não podem existir alíquotas diferentes de uma região para outra, com exceção de incentivos fiscais (ex.: zona franca de Manaus), pois a concessão deles é destinada a promover o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do País, visando atender objetivos da República Federativa do Brasil, o de reduzir as desigualdades sociais e regionais. A Constituição Federal, em seu texto, somente impõe essa regra à União. Jurisprudencial e doutrinariamente, este princípio é de observância dos Estados, DF e Municípios e o dispositivo da CF deve ser de reprodução obrigatória nas Constituições estaduais, e nas Leis Orgânicas do DF e dos Municípios. Ao contrário da União, Municípios e Estados NÃO podem conceder incentivos fiscais, portanto, nos âmbitos municipal e estadual, este princípio é aplicado sem qualquer exceção/ressalva. EXCEÇÃO AO PRINCÍPIO DA UNIFORMIDADE GEOGRÁFICA EM ÂMBITO FEDERAL: - Concessão de incentivos fiscais, visando promover o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do País, visando atender objetivos da República Federativa do Brasil, o de reduzir as desigualdades sociais e regionais. Princípio da Uniformidade da Tributação da Renda nos Títulos da Dívida Pública e nos Vencimentos dos Funcionários Públicos Dispõe o art. 151, inciso II da CF/88, que é vedado à União tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como a remuneração e os proventos dos respectivos agentes públicos, em níveis superiores aos que fixar para suas obrigações e para seus agentes. A União pode cobrar mais IR dos servidores Estaduais e Municipais? NÃO, a União não pode tributar a renda de servidores estaduais e municipais em valores superiores à tributação dos servidores federais. Da mesma forma, a União também NÃO pode tributar as rendas obtidas com a compra de títulos da dívida pública estaduais e municipais em valores acima da tributação de quem obtém renda comprando títulos da dívida pública federal. Ele decorre diretamente do princípio da isonomia. A UNIÃO NÃO PODE TRIBUTAR JUROS DE TÍTULO DA DÍVIDA PÚBLICA ESTADUAL E MUNICIPAL MAIS DO QUE TÍTULOS DA DÍVIDA PÚBLICA FEDERAL. TAMBÉM NÃO PODE TRIBUTAR REMUNERAÇÃO E PROVENTOS DE AGENTE PÚBLICO ESTADUAL E MUNICIPAL MAIS DO QUE REMUNERAÇÃO E PROVENTOS DE AGENTE PÚBLICO FEDERAL. Princípio da Vedação das Isenções Heterônomas Isenção é a dispensa legal (prevista em lei) de pagamento de tributo, ela pode ser autônoma ou heterônoma. Thainara Lima de Souza Malta thainaralima09@gmail.comIsenção autônoma, é a concedida pelo próprio ente político que tem a competência tributária para instituir e majorar o tributo. Ex.: União concede isenção de IPI. Isenção heterônoma é aquela imposta por terceiro em relação ao ente que detém competência para tributar. Ou seja, ocorre quando um Ente concede isenção de um tributo da competência tributária de outro Ente. Ex.: União concede isenção de ICMS. Em regra, é vedada a Isenção Heterônoma. Ou seja, em regra, se o Ente não pode legislar sobre o tributo, NÃO é possível que ele conceda isenção dele. EXCEÇÕES AO PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DAS ISENÇÕES HETERÔNOMAS: a) A União, por meio de Lei Complementar, pode conceder isenção de ISS nas exportações de serviços (art. 156, § 3º, inciso II, da CF). O art. 2º, inciso I, da LC nº 116/2003 trata sobre a referida isenção. b) O art. 155, § 2º, inciso X, “a” da CF prevê que o ICMS não incidirá sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a destinatários no exterior. Trata-se a dispensa de pagar ICMS sobre serviços destinados ao exterior como exceção ao princípio da proibição das isenções heterônomas, mas não é hipótese de isenção, e sim de imunidade tributária, pois está prevista na CF e não em norma infraconstitucional. c) É possível a dispensa de pagar tributos estaduais, municipais e federais por meio de tratados e convenções internacionais, pois não é a União quem assina o tratado, mas o Estado nacional brasileiro, a República Federativa do Brasil, que é composta pela união indissolúvel da União, Estados, DF e Municípios. O STF tem o entendimento pacífico de que os Tratados e Convenções Internacionais podem conceder isenções de tributos estaduais e municipais, visto que a União, ao celebrar o tratado, não se apresenta como pessoa política de Direito Público Interno, mas como pessoa política internacional. Isenção Autônoma Concedida pelo Ente competente para instituir o tributo PERMITIDA Isenção Heterônoma Concedida por Ente diverso do competente para instituir o tributo VEDADA (EM REGRA) Thainara Lima de Souza Malta thainaralima09@gmail.com A concessão, pela “União”, por meio de Tratado Internacional, de isenção de ICMS a mercadoria importada de país signatário do GATT (Tratado Geral de Tarifas e Comércio) foi questionada no Poder Judiciário por suposta violação ao art. 151, III, CF/88. O STF decidiu pela constitucionalidade do Tratado – disse que não era caso de isenção heterônoma. Princípio da Não Discriminação Quanto à Procedência ou Destino Encontra-se previsto no Art. 152, que preconiza ser “vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino”. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios NÃO podem tributar bens/serviços de forma diferenciada, levando em consideração critérios de procedência e destino. OBS.: esta limitação ao poder de tributar não se aplica à União, mas apenas aos Estados, DF e Municípios. 1) Apenas a União está legitimada a estabelecer discriminações, desde que se traduzam em incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio socioeconômico entre as diferentes regiões do Brasil, consoante o inciso I do art. 151 da Carta Magna (Eduardo Sabbag). 2) A procedência ou o destino NÃO permitem a utilização de alíquotas diferenciadas de tributos Estaduais, Distrital e Municipais que incidem sobre bens (mercadorias) e serviços. 3) Tal princípio possui o mesmo fundamento que embasa a exigência de uniformidade geográfica da tributação – a isonomia. 4) Tal princípio objetiva coibir barreiras fiscais dentro do território nacional prestigiando o “mercado comum brasileiro”; 5) Não se pode admitir a existência de políticas fiscais vocacionadas a ofender o espírito federativo “quando assentadas em discriminações quanto à origem ou destino de serviços e mercadorias. Princípio da Isonomia Tributária O princípio da isonomia ou igualdade tributária (ou princípio da proibição dos privilégios odiosos) está expresso no art. 150, II da Constituição Federal. Trata-se de postulado específico que veda o tratamento tributário desigual a contribuintes que se encontrem em situação de equivalência ou equipolência. Princípio do Non Olet – “O dinheiro não tem cheiro” A expressão que quer dizer “o dinheiro não tem cheiro” consiste em princípio de Direito Tributário. Significa que embora o tributo só decorra de atividade lícita, não quer dizer que atividade tida por ilícita não possa ser tributada. Thainara Lima de Souza Malta thainaralima09@gmail.com O artigo 118 do Código Tributário Nacional consagra o princípio do “non olet”, segundo o qual é IRRELEVANTE a regularidade jurídica dos atos, ou a licitude do seu objeto ou dos seus efeitos para a incidência do tributo. Em outras palavras, o tributo PODERÁ incidir sobre o produto da atividade ilícita, desde que realizada a hipótese de incidência da obrigação tributária.
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