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Monalisa Cirqueira – MEDUFOB Monalisa Cirqueira – MEDUFOB ASSISTÊNCIA AO PRÉ-NATAL INT INTRODUÇÃO O pré-natal visa o nascimento de uma criança saudável, reduzindo máximo possível de riscos para mãe Tem os princípios de: · Prevenção · Identificação precoce · Tratamento específico de gestantes de alto risco Quando começar o pré-natal? · O ideal é antes de engravidar ou antes dos 3 meses de gravidez O que é considerada uma gestação de alto risco? · Aquela na qual a gestante apresenta alguma doença prévia ou que desenvolve intercorrências durante a gravidez Pontos importantes para um pré-natal efetivo: 1. Estimativa precoce e acurada da idade gestacional (IG) 2. Identificação de pacientes de risco para complicações 3. Avaliação constante do estado de saúde materno-fetal 4. Diagnóstico e terapêutica precoces 5. Educação e comunicação com os pais PERIODICIDADE DAS CONSULTAS De acordo com a OMS mínimo de 6 consultas para uma boa assistência pré-natal · O número não corresponde à qualidade do pré-natal Gestação de baixo risco: após primeira consulta, retorno agendado para 15 dias depois avaliação dos exames complementares solicitados: · Depois disso mensalmente até 28 semanas e a cada 2-3 semanas até 36 semanas · A partir de 36 semanas semanalmente até a ocorrência do parto Gestação de alto risco retornos mais frequentes, de acordo com a doença de base Resumindo... · Até 28 semanas: mensalmente · De 28 a 36 semanas: quinzenalmente · Depois de 36 semanas: semanalmente CONSULTA PRÉ-NATAL PRIMEIRA CONSULTA É o início da relação médico-paciente e tem como objetivos: 1. Definir a condição de saúde da mãe e do concepto 2. Estimar a idade gestacional 3. Iniciar o planejamento do acompanhamento pré-natal Além disso, alguns pontos devem ser discutidos: · Número e frequência das consultas pré-natais · Rotina da consulta: · Peso e PA maternos · Medida da altura uterina · Ausculta dos batimentos cardíacos fetais · Número de USG e necessidade de exames vaginais · Orientar o contato com o médico fora do horário comercial, ou quando procurar a emergência/pronto-socorro · Responsabilidades da gestante e expectativas em relação ao desenvolvimento gestacional e ao momento do parto ANAMNESE Deve-se colher uma história clínica rica em detalhes: Informações demográficas e pessoais · Nome, idade, etnia, estado civil, profissão, religião, nacionalidade, naturalidade e procedência · Idade ideal para gestação: 18-30 maior fertilidade da mulher · Adolescência e acima de 35 anos aumentam os riscos de complicações obstétricas Antecedentes clínicos pessoais e familiares · Interrogar sempre: alergias, HAS, DM, endocrinopatias, anemias, cardiopatias, penumopatias, colagenoses, doenças gastrintestinais, oncológicas, cirurgias, transfusões sanguíneas, etc Antecedentes ginecológicos e menstruais · Menarca · Características dos últimos ciclos menstruais · Tratamentos ginecológicos · Métodos de anticoncepção · Data do último exame colpocitopatológico · História de IST transmissível Antecedentes obstétricos · Números de gestações · Via de parto · Idade gestacional no parto, o peso do RN, a data dos eventos obstétricos, a idade dos filhos (data do último parto) · Intercorrências clínicas e obstétricas · Aborto? Foi precoce ou tardio? Espontâneo ou intencional? Houve necessidade de curetagem uterina ou aspiração manual intrauterina? · Gestação ectópica quais tratamentos instituídos? História obstétrica atual · IG · Data provável do parto (DPP) como base a data da última menstruação (DUM) ver abaixo · Intercorrências na gestação Informações e riscos psicossociais · Violência doméstica reconhecer marcas de abusos · Gravidez planejada ou não; barreiras potenciais para o pré-natal; ambiente familiar; saúde mental do casal; tabagismo, etilismo; drogas ilícitas PRA NÃO ESQUECER HISTÓRIA CLÍNICA · Identificação · Antecedentes: pessoais, familiares, ginecológicos e obstétricos · Dados referentes à gestação atual IMUNIZAÇÃO · Influenza apenas se for a época de campanha · Febre amarela apenas se tiver caso comprovado na localidade há transmissão pelo leite materno ponderar risco de infecção x risco da vacinação · Tríplice viral é contra indicada na gestação, mas se mãe não imunizada deve ser feita no puerpério Vacinas que podem ser feitas: · Se esquema dT incompleto, deve-se completar + fazer a dTpa [a partir das 20s e com um intervalo de 1 mês entre elas] · dTpa: contra tétano, difteria e coqueluche – vacina acelular a partir das 20s · Hepatite B: esquema em 0-1-6 meses Obs.: A dTpa está recomendada em todas as gestações, pois além de proteger a gestante e evitar que ela transmita a Bordetella pertussis ao recém-nascido, permite a transferência de anticorpos ao feto protegendo-o nos primeiros meses de vida até que possa ser imunizado. EXAME FÍSICO O exame físico completo deve ser realizado na primeira consulta da gestação GERAL · Pele · Mucosas · Temperatura · Peso · Estatura · Ausculta cardíaca e respiratória · Palpação do pescoço e abdominal · Exame das extremidades EXAME OBSTÉTRICO Altura uterina – avaliar crescimento fetal após 12ª semana · Paciente em decúbito dorsal, membros estendidos e bexiga vazia. Utiliza-se uma fita métrica entre a sínfise púbica e o fundo uterino · É importante para: alterações de crescimento, no volume do líquido amniótico e de gestação múltipla, quando não está disponível a USG · Na 20ª semana, a AU corresponde a cicatriz umbilical. A partir daí a AU corresponde a idade gestacional até 34s, quando passa a ser menos fiel Ausculta dos batimentos cardíacos fetais com o sonar Doppler (é possível entre 9-12 semanas) · Método de Pinar um tipo de cone que capta a vibração na parede abdominal Vulva e vagina: inspeção, exame especular com visualização do colo do útero e toque vaginal · Importante avaliar: lesões de IST e secreções patológicas · No toque: comprimento, consistência e dilatação do colo uterino Mamas · Avaliar: alterações patológicas e o preparo do mamilo para a amamentação · Inspeção estática e dinâmica: simetria, achatamentos do contorno, abaulamentos ou espessamento da pele das mamas, diferenças na cor da pele, textura e padrão de circulação venosa · À palpação: examinar todas as áreas do tecido mamário e linfonodos axilares e supraclaviculares, em busca de nódulos, espessamentos, modificações na textura e temperatura da pele · Sugere-se o uso de sutiã durante a gestação · É contraindicada a expressão do peito (ou ordenha) durante a gestação para a retirada do colostro OBS.: nas consultas de acompanhamento, o exame clínico completo não precisa ser repetido nas gestantes de baixo risco · Nesses casos avaliam-se: peso materno, PA, altura uterina e ausculta dos batimentos cardíacos fetais · Na presença de alguma queixa associada, avaliam-se os demais sistemas o exame especular e o toque digital devem ser realizados sempre que houver queixa de perdas vaginais ou contrações MANOBRAS DE LEOPOLD EXAMES LABORATORIAIS Importante para rastreamento e prevenção de possível doenças são solicitados na primeira consulta o perfil pré-natal: · Tipagem sanguínea e fator RhD · Pesquisa de anticorpos irregulares: inclusive para RhD-positivo · Hemograma · Valores abaixo de 11g/dL são considerados indicativos de anemia · Espera-se uma leucocitose pelo aumento de neutrófilos de até 14.000/mm3 · Sorologias: rubéola, toxoplasmose, hepatites B e C, sífilis, HIV, HTLV · Repetir no 3º trimestre sífilis, HIV e, se fatores de risco, hepatites B e C · Sífilis e HIV repetir na admissão do parto · Glicemia de jejum · Jejum < 92mg/dL · 1 hora após sobrecarga < 180 mg/dL · 2 horas após sobrecarga < 153 mg/dL · Se apresentar alteração em pelo menos um valor da curva diabetes gestacional entre 92 e 125 mg/dL a partir de 126 mg/dL o diagnóstico é de diabetes mellitus não gestacional [overt diabetes] · TSH · Urina tipo I e urocultura · Se bacteriúria assintomática tratar · ITU é uma das principais causas de prematuridade· EPF (três amostras) · Colpocitologia oncótica – Papanicolau · USG · Transvaginal até 10s · USG morfológica 1T de 11s e 3d até 13s e 6d · USG morfológica 2T 14s a 20s · USG obstétrica após 34s Acompanhamento do pré-natal 1. Mensalmente a. Pesquisa de Ac irregulares (coombs indireto): em gestantes Rh-negativo com parceiro Rh-positivo b. Na 28s se mãe Rh-negativo não aloimunizada (coombs indireto negativo), faz a imunoglobulina anti-D c. Sorologia para toxoplasmose: se gestante for IgM e IgG negativas 2. Entre 24-28 semanas de gestação a. TOTG de 75g se a glicemia de jejum for inferior a 92 mg/dL b. Ecocardiografia fetal nas pacientes com indicação 3. No terceiro trimestre a. Sorologia para sífilis e para HIV b. Se apresentar fatores de risco sorologia para hepatite B e C c. Pesquisa de colonização vaginal e perianal por Streptococcus agalactiae entre 35-37 semanas d. Urocultura e sumário de urina PRA NÃO ESQUECER ROTINA LABORATORIAL · Hemograma e eletroforese de Hb · Tipagem sanguínea e anticorpos irregulares (se Rh negativo) · Sumário de urina e urocultura · EPF · Glicemia de jejum · TSH · Sorologias: HIV, Rubéola, Sífilis, Toxoplasmose, HTLV, Hepatites B (HBsAg) e C (anti-HCV) OBSERVAÇÕES · Anti-HBs significa imunização · Se mãe HIV+, o médico prescreve medicamentos para redução do risco de infecção congênita · Hepatite B existem medidas que reduzem os riscos de infecção congênita PARIDADE DA PACIENTE Leva em conta o número total de gestações e a discriminação das quais evoluíram além da fase de abortamento, ou seja, além de 20 semanas de gestação · Nuligesta: mulher que nunca engravidou e não está grávida no momento da consulta · Primigesta: mulher que se encontra na primeira gestação ou teve uma gestação pregressa · Multigesta: acima de duas gestações, seja atual ou pregressa secundigesta, quadrigesta, etc · Nulípara: quando nenhuma gravidez ultrapassou 20s aplica-se tanto a nuligesta ou que engravidou e teve abortamento precoce, abortamento tardio, doença trofoblástica ou gestação ectópica · Toda nuligesta é nulípara · Uma mulher com gravidez ectópica e um abortamento tardio secundigesta nulípara · Primípara: paciente que apresentou uma gravidez além de 20 semanas · Multípara: paciente que teve duas ou mais gestações além de 20 semanas · Grande multípara: mais de 5 gestações além de 20 semanas OBS1.: a contagem da paridade não depende do número de fetos da gestação, da idade gestacional de resolução ou da ocorrência de feto vivo ou morto ao término da gestação. OBS2.: toda gestação que não evoluem além de 20 semanas são consideradas abortamentos. OBS3.: abreviações G1P1A0: paciente que já deu à luz; G1P0A0: primigesta atual, etc NAEGELE Idade gestacional e data provável do parto de acordo com a data da última menstruação (primeiro dia em que desceu) DATA PROVÁVEL DO PARTO: SOMA SETE AO DIA, DIMINUI 3 NO MÊS caso o mês seja menor ou igual a três, soma-se 9 · Se a última menstruação foi de 27/02/19 soma 7 1 + 6 (virou o mês) 06/03/19 agora diminui 3 do mês ou soma 9 06/12/19 IDADE GESTACIONAL: usa a data da última menstruação e conta os dias que faltam pra terminar o mês somados aos dias até a data atual e divide por 7 16/03/19 15+30+31+30+31+31+02 170/7 24 semanas e 2 dias · A idade gestacional menstrual deve ser confirmada por meio da USG no primeiro trimestre 8-12 semanas · Erros na datação: incerteza da DUM, ciclos menstruais irregulares, gestação no curso do aleitamento materno se a diferença for maior que 7 dias entre a DUM e USG, a datação seguida é a da USG Na data pela USG, após 12 semanas, avaliar os seguintes parâmetros: · CCN (comprimento cabeça-nádegas) – até 13 semanas e 4 dias Diâmetro biparietal – a partir de 14s ASPECTOS NUTRICIONAIS CONTROLE PONDERAL · Examinar o peso de forma absoluta, o ganho mensal e o IMC · Curva de IMC de acordo com a IG · Ganho ponderal médio ideal é de aproximadamente 12,5 kg · Pode variar de acordo com o IMC no início da gestação o ganho ponderal máximo recomendado para as obesas é de até 9,1 kg · Ganho semanal na gestante com peso ideal 400g no 2º e 3º trimestres · Ganho mensal abaixo de 1kg ou acima de 3kg indica mudança de hábitos alimentares Prática de atividades físicas se já fazia parte da rotina da paciente, sem exageros e dentro da realidade · De leve a moderada intensidade com acompanhamento profissional · Evitar: drogas, álcool e fumo; orientar sobre o uso de medicações REPOSIÇÃO DE VITAMINAS SUPLEMENTAÇÃO DE FERRO E ÁCIDO FÓLICO (pela OMS) Suplementar para evitar mal formações do tubo neural até o 1 trimestre, o ideal é iniciar 3 meses antes da concepção 0,4 mg · Alguns autores recomendam continuar a suplementação até o final da gravidez para evitar anemia megaloblástica. A suplementação de Fe pode ser iniciada a partir da 16ªs até 8 semanas após o parto antes disso aumenta o estresse oxidativo e complicações na gravidez
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