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SAÚDE DA MULHER Aulas 1 e 2 Avaliação pré concepcional É a consulta que antecede a gravidez e nela devemos identificar possíveis fatores de risco ou doenças que possam influenciar a futura gestação (evitando aumentar os níveis de mortalidade materna e infantil e morbidade). Pode ser na consulta ginecológica normal ou um agendamento específico. Pré natal de alto risco É aquele em que o risco de doença ou morte, antes ou depois do parto, é maior do que o habitual. Fatores relacionados às características individuais e às condições sociodemográficas desfavoráveis: ▪ Idade menor do que 15 e maior que 35 ▪ Ocupação com esforço físico excessivo, carga horária extensa, exposição a agentes físicos, químicos, estresse... ▪ Situação familiar insegura (não aceitação da gravidez) ▪ Situação conjugal insegura ▪ Baixa escolaridade (menos que 5 anos de estudo regular) ▪ Condições ambientais desfavoráveis ▪ Altura menor que 1,45cm ▪ IMC de baixo peso, sobrepeso ou obesidade Fatores relacionados à história reprodutiva anterior: ▪ Recém-nascido com restrição de crescimento, pré-termo ou malformado ▪ Macrossomia fetal ▪ Síndromes hemorrágicas ou hipertensivas transitórias ▪ Intervalo interpartal menor que 2 anos ou maior que 5 anos ▪ Nuliparidade ou multiparidade (5 ou mais) ▪ Cirurgia uterina anterior ▪ 3 ou mais cesarianas Fatores relacionados à gravidez atual: ▪ Ganho ponderal inadequado ▪ Infecção urinária ▪ Anemia ferropriva moderada Objetivos do pré natal ▪ Acolher a mulher desde o início da gravidez, o mais precocemente possível ▪ Prevenir e detectar o aparecimento de fatores de risco ▪ Diagnosticar e tratar os problemas que possam ocorrer no período gestacional ▪ Avaliar o desenvolvimento fetal ▪ Promover uma gravidez saudável e parto sem complicações ▪ Favorecer o bem estar materno e neonatal 10 passos para um PN de qualidade 1. Iniciar o pré natal na atenção primária até a 12ª semana de gestação 2. Garantir os recursos necessários à atenção PN 3. Toda gestante deve ter assegurado a solicitação, realização e avaliação em termo oportuno do resultado dos exames preconizados no atendimento 4. Promover a escuta ativa da gestante e seus acompanhantes *As rodas de gestantes são importantes para assegurar esses aspectos 5. Garantir o transporte público gratuito da gestante para o atendimento, quando necessário. 6. É direito do parceiro ser cuidado antes, durante e depois da gestação 7. Garantir o acesso a unidade de saúde especializada, quando necessário 8. Estimular e informar sobre os benefícios do parto fisiológico (elaboração do plano de parto) 9. É direito da gestante conhecer previamente o serviço de saúde no qual dará à luz (vinculação) 10. As mulheres devem conhecer e exercer os direitos garantidos por lei no período puerperal Acolhimento É a postura prática nas ações de atenção à saúde e cuidado, que favorece uma relação de confiança. O que deve ser feito? ▪ Acolher suas histórias e queixas, partilhar experiências, preocupações... ▪ Estabelecer um momento privilegiado para discutir e esclarecer questões únicas e individualizadas para cada mulher e seu parceiro ▪ Abordar temas que são tabus (ex: sexualidade) ▪ Manter um diálogo franco e ético, com privacidade e autonomia ▪ Manter a integralidade do cuidado ▪ Estabelecer uma escuta aberta e sem julgamentos Na prática: ▪ Se apresentar ▪ Chamar pelo nome ▪ Prestar informações sobre condutas e procedimentos que devem ser realizados ▪ Escutar e valorizar o que é dito ▪ Garantir a privacidade e confidencialidade das informações Atividades educativas São oferecidas para que as gestantes e acompanhantes tenham acesso a informações relacionadas à gestação -> prevenindo fatores de risco e complicações. Cria um espaço de acolhimento, trocas de experiências entre os participantes e profissionais de saúde e lá o processo da gestação é discutido. Estimula a adesão mais precocemente possível da gestante e família ampliada ao pré natal e à puericultura Favorece o vínculo entre gestante e equipes de saúde e da maternidade de referência Temas abordados: ▪ Orientação nutricional ▪ Amamentação ▪ Parto e maternidade ▪ Direitos da gestante ▪ Hábitos de saúde e higiene Equipe que compõe o PN: médico, enfermeiro, nutricionista, dentista, fisioterapeuta, psicólogo e assistente social. Caderneta da gestante É um instrumento de registro com os principais dados de acompanhamento da gestante. Deve ser fornecido a todas e preenchido pelos profissionais de saúde, mas permanece com ela. Calendário de consultas Recomenda-se, no mínimo, 6 consultas (Ministério da Saúde), mas na prática sempre são pedidas mais: Até a 28ª semana: consultas mensais (= 7) Da 28ª a 36ª: consultas quinzenais (= +-4) Da 37ª a 40ª/41ª: consultas semanais (= 4 ou 5) Consulta inicial PN Em geral, o motivo da consulta é a gravidez ou a suspeita dela. Durante a consulta: ▪ Chamar pelo nome ▪ Identificar-se ▪ Estar atento ao timbre da voz ▪ Estabelecer uma distância próxima ▪ Manter-se sentada de frente para a porta em atitude acolhedora na recepção ▪ Não modificar a expressão facial diante das respostas ▪ Informar a paciente cada etapa da consulta ▪ Assegurar a confidencialidade e privacidade ▪ Não comentar sobre o caso durante a consulta ▪ Cuidado para não haver inversão de papeis ▪ Linguagem simplificada ▪ Ser sincero, humilde ▪ Estimular a paciente a fazer perguntas ▪ Não induzir as respostas Anamnese Identificação ▪ Prontuário ▪ RG ▪ Nome ▪ Idade ▪ Nome dos pais ▪ Gênero ▪ Data nascimento ▪ Telefone ▪ Naturalidade ▪ Profissão ▪ Cidade ▪ Endereço ▪ Bairro ▪ Se está acompanhada Dados socioeconômicos ▪ Escolaridade ▪ Estado civil ▪ Raça/cor ▪ Religião/espiritualidade ▪ Situação familiar ▪ Se o trabalho é remunerado ▪ Ocupação ▪ Horas de trabalho//dia ▪ Renda familiar em salários mínimos ▪ Pessoas vivendo com essa renda ▪ Casa própria ▪ Número de cômodos Gestação Atual ▪ Planejamento (se foi planejada e caso não tenha sido se está aceitando) ▪ Se foi falha no uso do contraceptivo ou falha do contraceptivo ▪ Aceitação do companheiro a gravidez ▪ DUM ▪ IG ▪ DPP ▪ IG (USG) ▪ DPP (USG) ▪ Grupo sanguíneo/Rh ▪ Grupo sanguíneo/Rh parceiro Queixas principais Náuseas, vômitos, cefaleia, pirose, dor pélvica, disúria, sangramento, obstipação, leucorréia, outras. Intercorrências na gestação atual ▪ Se teve atendimento em PA Maternidade - Quando foi - Qual foi a PA - Motivo - Tratamento prescrito - Se está usando medicação atualmente (qual; dosagem) Antecedentes pessoais/patológicos Hipertensão, diabetes, cardiopatias, infecção urinária, nefropatias, hanseníase, anemia, tireoidopatia, tuberculose, hepatites, alergias, neoplasias, TVP, cirurgias, transfusão, asma brônquica, outros Identificação Queixa Principal História Atual Antecedentes pessoais e familiares Hábitos de vida Imunização História psicossocial Exame físico Antecedentes familiares Hipertensão, diabetes, gemelaridade, AVC, neoplasias, malformação congênita, IAM, tuberculose, doença psíquica Antecedentes Ginecológicos /sexuais ▪ Patologias mamárias (qual?) ▪ Infertilidade ▪ Citologia oncótica regularmente ▪ Menarca ▪ Ciclos menstruais regulares ou não ▪ Dias de fluxo ▪ Coitarca ▪ Dispaurenia ▪ Uso regular de preservativo ▪ Contracepção ▪ Passado de IST - Qual - Quando - Tratamento Antecedentes obstétricos ▪ Gestação ▪ Parto ▪ Aborto ▪ Gravidez ectópica ▪ Gemelaridade ▪ Filhos vivos ▪Óbitos na 1ª semana ▪ Óbitos após 1ª semana ▪ Data do último parto Hábitos de vida História psicossocial ▪ Relação pessoal com a gestação e significado da maternidade ▪ Condições psicológicas da infância e adolescência ▪ Eventos marcantes da vida ▪ Ambiente psicossocial do passando recente e atual ▪ Condição e relação da vida do casal ▪ Preparação para a chegada da criança ▪ Se pretende amamentar ▪ Situação de violência/traumas de gestações anteriores Imunização Exame físico Avaliação de risco gravídico Condutas gerais Suplementação Exames solicitados Plano/conduta terapêutica e educacional Agendamento pré natal Exame físico Pulso, pressão arterial, temperatura, altura/estatura, peso, cálculo IMC Cuidados antes do exame: ▪ Explicar o procedimento ▪ Solicitar que esvazie a bexiga ▪ Auxiliar a gestante a subir e como se deitar na maca corretamente ▪ Só deixar exposta a área a ser examinada ▪ Lavar as mãos (antes e depois) Exame Físico Verificação do estado geral + Inspeção de pele e mucosas Palpação da tireoide Exame clínico das mamas Avaliação dos MMII Palpação obstétrica + Ausculta dos BCF Exame obstétrico Medida da altura uterina ▪ Posicionar a gestante em decúbito dorsal, com abdome descoberto ▪ Delimitar a borda superior da sínfise púbica e o fundo uterino ▪ Fixar a extremidade inicial da fita métrica, flexível e não extensível, na borda superior da sínfise, entre os dedos indicador e médio ▪ Proceder a leitura quando a borda cubital da mão atingir o fundo uterino Até 8ª semana Sem alterações 8ª semana O útero corresponde ao dobro do tamanho normal 10ª semana O útero corresponde ao triplo do tamanho normal 12ª semana O útero enche a pelve; é palpável da sínfise púbica 16ª semana É palpado entre a sínfise púbica e a cicatriz umbilical 20ª semana É palpado na altura da cicatriz umbilical 20ª até a 32ª semana A altura está diretamente relacionada com a IG (1cm = 1 semana) Manobras de Leopold São um método comum e sistemático de se determinar a posição do feto dentro do útero de uma mulher, podendo ser feitas a partir da 16ª semana (exceto a 4ª manobra). São 4 ações distintas: 1. Delimite o fundo do útero com a borda cubital de ambas as mãos e reconheça a parte fetal que o ocupa -> Altura uterina (foto A) 2. Deslize as mãos do fundo uterino até o polo inferior do útero, procurando sentir o dorso e as pequenas partes do feto -> Situação fetal (foto B) Altura uterina Dorso Situação Apresentação Ausculta dos BCF 3. Explore a mobilidade do polo, que se apresenta no estreito superior pélvico -> Apresentação (foto C) 4. Determine o grau de encaixamento pélvico; feita a partir da 36ª semana (foto D) Localização fetal / dorso Usado para definir se o bebê está virado para o lado direto ou esquerdo da mãe, ou se está na transversal Situação fetal É a relação entre o maior eixo uterino e o maior eixo fetal. O bebê pode estar na longitudinal, transversal ou oblíqua Apresentação É a definição de qual região fetal ocupa o eixo superior da pelve materna e nela se insinuará Pode ser cefálica, côrmica ou pélvica Ausculta do BCF Frequência esperada: 110 a 160bpm Alterações podem traduzir sofrimento fetal. Avaliação dos MMII Tem o objetivo de detectar precocemente a ocorrência de edema patológico Nos MMII: ▪ Posicionar a gestante em decúbito dorsal ou sentada, sem meias ▪ Pressione a pele na altura do tornozelo (região perimaleolar) e na perna, no nível do terço médio anterior (região pré tibial). O edema fica evidenciado mediante presença de depressão duradoura no local pressionado. Na região sacra: ▪ Gestante em decúbito lateral ou sentada ▪ Pressione a pele por alguns segundos, na região sacra, com o polegar. O edema fica evidenciado mediante presença de depressão duradoura no local. Na face nos MMSS: ▪ A presença de edema ocorre em 80% das gestantes e é pouco sensível e específico para o diagnóstico pré eclâmpsia DIVISÃO DOS TRIMESTRES 1º trimestre: 4 a 15 semanas e 6 dias 2º trimestre: 16 a 27 semanas e 6 dias 3º trimestre: 28 a 40 semanas Imunização Esquema dT/dTpa É indicado um intervalo de 60 dias entre as doses: ▪ 16 semanas: 1ª dose dT ▪ 24 semanas: 2ª dose dT ▪ 32 semanas: dose única da dTpa Se tem o esquema completo de dT/dTpa em mais ou menos 10 anos: dose única de dTpa Se chegar a partir das 20 semanas: o esquema é encurtado; a gestante tem que tomar a dose única de dTpa antes do parto, respeitando 30 dias entre cada vacina (lembrando que a dTpa deve ser tomada entre a 20ª e a 36ª semana) Esquema Hepatite B Em casos de AntiHBs negativo: ▪ 1ª dose ▪ 2ª dose: 30 dias após a 1ª ▪ 3ª dose: 5 meses após a 2ª Exames laboratoriais Na primeira consulta: ▪ Hemograma ▪ Grupo sanguíneo/Fator Rh ▪ Glicemia em jejum ▪ VDRL ▪ Eletroforese de hemoglobina ▪ HTLV I/II ▪ HIV I/II ▪ Ag HBs ▪ Anti HBs ▪ Anti HCV ▪ Rubéola (IgG/IgM) ▪ Toxoplasmose (IgG/IgM) ▪ Citomegalovirus (IgG/IgM) ▪ Sumário de urina ▪ Urocultura ▪ Parasitológico de fezes TODOS esses exames podem ser feitos pelo SUS. No segundo trimestre: ▪ Hemograma ▪ Glicemia em jejum ▪ VDRL ▪ Sumário de Urina ▪ Urocultura Teste de tolerância de glicose oral (TTGO): solicitar entre 24 e 28 semanas para todas as gestantes Caso a mãe seja Rh negativo → Combs indireto Apenas caso de IgG/IgM negativos → refazer exames de: ▪ Rubéola (IgG/IgM) ▪ Toxoplasmose (IgG/IgM) ▪ Citomegalovírus (IgG/IgM) Terceiro trimestre: ▪ Hemograma ▪ Glicemia em jejum ▪ VDRL ▪ Sumário de urina ▪ Urocultura ▪ HIV I/II (não tinha no 2º trimestre!) Se IgG/IgM negativos: refazer os exames de: ▪ Rubéola (IgG/IgM) ▪ Toxoplasmose (IgG/IgM) ▪ Citomegalovírus (IgG/IgM) Se Rh negativo → Coombs indireto Se coombs indireto negativo → repeti-lo a cada 4 semanas a partir da 24ª semana Se coombs indireto positivo → encaminhar a gestante para o pré natal de alto risco Papanicolau – Preventivo Deve ser feito caso tenha mais de um ano que realizou o exame/se nunca realizou. Preferencialmente no segundo trimestre. Ultrassonografias ▪ Transvaginal: 5-9 semanas ▪ Obstétrica: 10-12 semanas ▪ Morfológica: 10-12 semanas (1º trimestre) 20-23 semanas (2º trimestre) ▪ Obstétrica: 36-40 semanas OBS: a morfológica não é feita pelo SUS, então deve ser indicada e, se a gestante não tiver condição de pagar, ela deve fazer a obstétrica. Suplementação Ácido fólico Protege contra a má formação do tubo neural e anemia. Posologia: dose única diária de 0,4mg Deve ser usado pelo menos dois meses antes e nos dois primeiros meses de gestação Sulfato ferroso Previne anemia ferropriva na gestação, parto e puerpério. Posologia: 40mg/dia A partir da 16ª semana e deve ser mantida no pós parto e/ou no pós aborto por 3 meses A gestante pode diluir em algum suco e tomar perto da hora da refeição para melhores resultados. Eles podem ser substituídos por polivitamínicos, mas esse não é distribuído pelo SUS (apenas o sulfato ferroso e o ác. Fólico) Condutas gerais ▪ Orientar a gestante sobre a alimentação e o acompanhamento do ganho de peso ▪ Incentivar o aleitamento materno exclusivo ▪ Fornecer as respostas às indagações da gestante e seu parceiro ▪ Prescrever ác. Fólico e sulfato ferroso ▪ Orientar sobre os sinais de risco e necessidade de assistência ▪ Referenciar para o atendimento odontológico ▪ Encaminhar para imunização ▪ Referenciar a gestante para serviços especializados quando o procedimentofor indicado ▪ Realizar ações e práticas educativas ▪ Agendar consultas subsequentes Transvaginal Obstétrica Morfológica Planos de cuidado Planos diagnósticos Planejam as provas diagnósticas necessárias para elucidar os problemas. Ex: exames laboratoriais Planos terapêuticos Registro das indicações terapêuticas planejadas para a resolução ou manejo do problema. Ex: medicamentos, dietas etc. Planos de seguimento Expõem estratégias de seguimento longitudinal do problema em questão. Ex: sobrepeso, monitoramento ambulatorial da glicemia, pressão arterial elevada etc. Planos de educação em saúde Registro das informações e orientações apresentadas em relação ao exemplo em questão. Ex: hábitos de vida, higiene, atividade física etc. Exames Laboratoriais (vídeo aula AVA) Hemograma Apresenta o resultado das hemácias, glóbulos brancos e plaquetas. É dividido em: ▪ Eritrograma ▪ Leucograma ▪ Contagem de plaquetas O eritrograma é subdividido em: ▪ Hemácias ▪ Hemoglobina ▪ Hematrocrito (percentual do sangue ocupado por hemácias) - Se esses 3 estiverem abaixo do valor de referência: anemia - Se acima: policitemia ▪ Volume Globular Médio (tamanho das hemácias) ▪ Hemoglobina Globular Média (peso da h. dentro da hemácia) ▪ Concentração de Hemoglobina Globular Média (concentração de h. dentro da hemácia) ▪ RDW (índice do tamanho das hemácias, quanto >, > é o tamanho das hemácias) O leucograma é dividido em: ▪ Neutrófilos ▪ Linfócitos ▪ Monócitos ▪ Eosinófilos ▪ Basófilos Redução no número de plaquetas → trombocitopenia Aumento no número de plaquetas → trombocitose Exame de tipagem sanguínea Fator Rh + → tudo OK! Fator Rh - → pode estar relacionada a eritroblastose fetal Se mãe Rh- e pai Rh+ ou desconhecido → coombs indireto Glicemia em jejum É o primeiro teste para avaliação do estado glicêmico da gestante e é um rastreamento para o diabetes mellitus gestacional (DMG). Não existe alta no PN! Consulta puerperal: 8 dias pós parto para avaliar as condições da mãe, amamentação e orientações. Consulta ginecológica: 42 dias do parto, avaliação e escolha de um método contraceptivo e planejamento reprodutivo VDRL Sorologia para sífilis. Se for positivo, não necessariamente ela tem sífilis e deve-se pedir um teste confirmatório. Eletroforese de hemoglobina Método de separação e medição de hemoglobinas. É necessário para rastrear hemoglobinopatias (ex: anemia falciforme). HTLV Retrovírus da mesma família do HIV que infecta as células T humanas. Sua forma I está relacionada a doenças graves neurológicas, degenerativas e hematológicas (ex: leucemia). Transmissão: contato sexual, transfusão sanguínea, amamentação e agulhas e seringas compartilhadas. Se a mãe tem conhecimento de ser portadora de HTLV ainda durante a gravidez, há condições de impedir o aleitamento e evitar a transmissão do vírus para o bebê. HIV I/II Transmissão: contato sexual, transfusão sanguínea, amamentação e agulhas e seringas compartilhadas. Se a mãe tem conhecimento de ser portadora de HIV ainda durante a gravidez, há condições de impedir o aleitamento e evitar a transmissão do vírus para o bebê. AgHBs e Anti-HBs Transmissão: exposição sexual ou a sangue contaminado e transmissão vertical. AgHBs é uma proteína de superfície que pode ser encontrada em altas concentrações durante a infecção. O anti-HBs é geralmente interpretado como recuperação e imunidade ao vírus B e também pode ser detectado em pessoas imunizadas por meio de vacina. Anti HCV É o exame para diagnosticar hepatite C. Se + -> deve fazer um exame mais sensível para detectar o RNA do vírus no sangue IgG e IgM Se os dois negativos: nunca foi exposta a esses agentes. Deve repetir os exames nos próximos trimestres. IgG – e IgM + -> indica infecção aguda (ela tem os primeiros anticorpos, mas não tem memória) IgG + e IgM + -> realiza o teste de avidez do IgG IgG+ e IgM - -> imune Sumário de urina e urocultura Investiga proteinúria, bacteriúria e hematúria. Urocultura: investiga a presenta de bactérias e o seu tipo. Parasitológico de fezes Detecta e identifica a presença de parasitas ou seus ovos nas fezes – protozoários e helmintos. Fornece informações sobre a cor e odor das fezes, além de ver a presença de sangue. As infecções parasitarias podem comprometer a nutrição materna e o desenvolvimento fetal. OBS: nem todos os tratamentos para infecções parasitárias podem acontecer durante a gravidez. Aula O3 O diagnóstico de gravidez pode ser clínico, laboratorial ou ultrassonográfico. São levados em consideração: ✓ Atividade sexual ativa ✓ Ciclo menstrual ✓ Data da última menstruação ✓ Tempo de amenorreia Diagnóstico clínico O diagnóstico clínico pode ser feito mesmo com menos de 12 semanas de gestação, a partir de sintomas, exames físicos (em gestações mais avançadas) e sinais clínicos. Sinais de presunção São subjetivos: podem estar presentes na gestação ou em outras circunstâncias. São eles: ✓ Amenorreia* ✓ Manifestações clínicas (náuseas, vômitos, tonturas, sialorreia...) ✓ Modificações anatômicas (aumento do volume e hipersensibilidade nos mamilos, aumento do volume abdominal...) OBS: amenorreia durante 7-10 dias geralmente, mas o MS preconiza 15 dias Sinais de probabilidade São objetivos: indicam grandes chances de gravidez ✓ Amolecimento do cérvice uterino ao toque, com aumento do volume ✓ Paredes vaginais aumentadas ✓ Aumento do volume e consistência uterina ✓ Alteração da coloração da mucosa vaginal e vulvar ✓ Aumento do volume abdominal (16 semanas) Sinais de certeza “Batem o martelo” no diagnóstico. ✓ Presença dos BCF (sonar: a partir de 12s e Pinard, 20s) ✓ Percepção dos movimentos fetais (de 18 a 20 semanas) ✓ Palpação fetal Diagnóstico laboratorial Pode ser feito pelo teste imunológico de gravidez (TIG) pela urina ou sangue. Ele detecta a presença de B-HCG (gonadotrofina coriônica humana). O B-HCG pode ser detectado entre 8 a 11 dias após a concepção. Os níveis atingem um pico entre 60 e 90 dias de gravidez. Ele é uma glicoproteína hormonal produzida pelas células trofoblásticas sinciciais nos líquidos maternos que mantém o corpo lúteo durante o primeiro trimestre, garantindo a gestação e inibindo a menstruação e uma nova ovulação. Diagnóstico ultrassonográfico A USG determina a IG e a gestação múltipla, evidencia o tipo de placentação e detecta malformações fetais. Entre 4 e 5 semanas o saco gestacional é visto e os BCF, com 6 semanas. IG e DPP Idade gestacional A idade gestacional pode ser calculada dependendo da situação: 1. DUM conhecida e certa - uso de calendário: somamos o número de dias do intervalo entre a DUM e a data da consulta e dividimos por 7. - uso de gestograma: coloque a seta sobre o dia e o mês correspondentes ao primeiro dia e mês do último ciclo menstrual e observe o número de semanas indicado no dia e mês da consulta atual. O BCF é a primeira manifestação do embrião 2. Se DUM é desconhecida, mas o período do mês é conhecido Se foi no início do mês: consideramos como dia 5 Meio do mês: dia 15 Fim do mês: dia 25 3. Se os dois são desconhecidos É calculada a partir da AU, MF e USG Cálculo da DPP De janeiro a março: ✓ Dia DUM + 7 ✓ Mês DUM + 9 De março a dezembro: ✓ Dia DUM + 7 ✓ Mês DUM – 3 Se o número final de dias for maior que o número de dias do mês, passa os dias excedentes para o mês seguinte, exemplo: DUM: 25/01 25 + 7 (dias) = 32 (1 mês e 2 dias) 1 + 9 (meses) = 10 DPP: 02/10+1, logo 02/11 Períodos gestacionais São 2: embrionário e fetal Embrionário✓ De 4 a 8 semanas ✓ Órgãos começam a se formar ✓ Somente o coração e a circulação funcionam ✓ Período crítico para a formação do embrião Fetal ✓ 9ª semana até o parto ✓ Órgãos crescem e se desenvolvem, adquirindo aspecto funcional ✓ Grande velocidade de crescimento do corpo → principalmente no 3º e 4º mês ✓ Ganho de peso expressivo → principalmente nos últimos meses Classificação do nascimento RN pré termo ( prematuro) → 22 a 36 semanas e 6 dias RN a termo → 37 a 41 semanas e 6 dias Termo precoce → 37 a 38 semanas e 6 dias Termo completo → 39 a 40 semanas e 6 dias Termo tardio → 41 a 41 semanas e 6 dias RN pós termo → maior ou igual a 42 semanas Aula 04 Sinais e sintomas da gestação Sinais e sintomas do 1º trimestre ✓ Cefaleia ✓ Tonturas e desmaios esporádicos - PA diminui um pouco nesse trimestre ✓ Sonolência e indisposição - é fisiológico no início da gravidez, mas devemos investigar de qualquer jeito ✓ Sialorreia - ela não está produzindo mais, apenas acumulando mais porque o TGI tá lento ✓ Dor pélvica - pela extensão uterina ✓ Polaciúria ✓ Vômitos e náuseas - relacionados ao hCG ✓ Linha nigra (pelo aumento de melanina) ✓ Mamas - aumento do volume - aumento da sensibilidade - escurecimento da aréola e mamilo Sinais e sintomas do 2º trimestre ✓ Pirose - má alimentação ou jejum por muito tempo ✓ Má digestão e flatulência ✓ Obstipação ✓ Hemorroidas ✓ Edemas de MMII - sinais de Cacifo ou Godet - investigar se trabalha muito tempo em pé ou de salto, iniciar massagem, redução de sal avaliar níveis pressóricos ✓ Micro vasos/varizes de MMII ✓ Câimbras Sinais e sintomas do 3º trimestre ✓ Os sintomas do 2º trimestre permanecem ✓ Medos ✓ Insônia ✓ Ansiedade ✓ Aumento das mamas ✓ Colostro ✓ Sobrecarga cardíaca e respiratória ✓ Contrações de Braxton Hicks - contrações indolores e até imperceptíveis. A barriga fica dura, como se os músculos estivessem treinando para o parto ✓ Lombalgia/lordose ✓ Polaciúria Emergências obstétricas A gestante deve ser encaminhada imediatamente para a maternidade se tiver algum desses sintomas: ✓ Cefaleia e/ou dispneia intensa ✓ Pressão no peito ou visão turva - relacionada a doenças hipertensivas como eclampsia e pré eclampsia ✓ Desmaios constantes ✓ Corrimento vaginal escuro ✓ Sangramento ✓ Disúria ✓ Edema de face e MMII ✓ Anasarca ✓ Ausência de movimentos fetais de 8 a 12 horas - “cuidado! Muitas falam que estavam trabalhando o dia todo e o neném não mexeu nada no dia. Muitas vezes ela só não percebeu ou ele estava dormindo. Tem que indicar chegar em casa, deitar-se do lado esquerdo (melhora o fluxo placentário), comer uma coisinha, conversa com o bebê, vê se ele mexe. Se realmente não mexeu o dia todo, nem 30 min depois que fez isso, deve ir para a maternidade. Pode ser que mesmo assim não seja nada. ✓ Hiperêmese ✓ Trabalho de parto Trabalho de parto Sinais e sintomas iniciais: ✓ Liberação do tampão mucuso → não significa que o parto é iminente!! ✓ Amniorrex → liberação do líquido amniótico ✓ Contrações fortes e frequentes → pelo menos 1 contração com duração mínima de 20s a cada 5min, sem melhora em decúbito lateral esquerdo Devemos identificar pelo menos 1 contração a cada 5 minutos, que não melhora mesmo se ela se deitar do lado esquerdo. Melhorou? Não é trabalho de parto As contrações NÃO podem durar menos de 20s. A internação só acontece a partir de 3-4cm de dilatação. Fase latente: até 4cm Fase ativa: de 4 até 10cm PLANO DE PARTO → deve ser feito no pré- natal, descrevendo como a gestante quer o parto, quem ela quer presente, o que gosta de comer, que músicas quer ouvir, aonde quer parir etc. É importante ter um plano B! Tipos de parto Parto natural É realizado sem intervenções ou procedimentos desnecessários durante o período do trabalho de parto, parto e pós parto. É caracterizado por contrações das fibras miometriais, cuja função é a dilatação cervical e expulsão do feto e placenta através do canal de parto. Isso acontece de maneira descendente: fundo do útero → istmo. É dividido em 3 períodos: dilatação, expulsão e dequitação. 1. Dilatação A dilatação acontece de 0 a 10cm. Nas gestantes de primeira viagem (primíperas) pode durar mais de 12 horas e, as multiperas, aproximadamente 8 horas. É indicado que a gestante faça exercícios, como agachamentos, ficar na bola etc. para ajudar na descida do bebê. 2. Expulsão Quando a dilatação atingir 10cm ocorre a coroação: o bebê começa a aparecer pelo canal vaginal. À medida que isso acontece ele rotaciona e depois que a cabeça sai, tiramos primeiro o ombro superior e depois o inferior. 3. Dequitação É a expulsão da placenta. É importante analisar suas características (cor, se tem calcificações, foco de necrose, hematomas...) porque essas podem indicar problemas, como sífilis. Greenberg → é a primeira hora pós parto. Quando a placenta sai do útero, ele se contrai (ligaduras vivas de pinard ou fibras musculares). Depois disso, é formado um hematoma uterino e por fim tem o período chamado de indiferença miouterina: ele fica contraindo e relaxando por um tempo. Então ele faz uma contração fixa e endurece. Nesse período devemos atentar para os sinais vitais e globo de pinard (a cada 15 minutos) por chances de hemorragias. Vantagens Para o bebê: menor chance de prematuridade pois ele nasce no tempo certo, evita complicações respiratórias (imaturidade pulmonar), é criado um maior vínculo mãe-filho, o sistema imunológico é estimulado, a primeira mamada acontece mais fácil e o toque da mãe também é importante. Para a mãe: é um processo fisiológico que respeita a natureza da mulher, que traz uma recuperação mais rápida, uma menor dor pós parto, menor risco de complicações, favorece a produção de leite, o útero volta mais rápido, existe prevenção de hemorragias e anemias pós parto, a alta hospitalar é mais rápida, o trabalho de parto fica mais fácil a cada gravidez, é mais barato e promove uma maior ligação emocional entre mãe e filho, além da mãe participar ativamente do nascimento. Parto cesárea É o procedimento cirúrgico que inclui incisão abdominal para a extração do bebê do útero materno. É indicado em casos de: ✓ Sofrimento fetal ✓ Patologias maternas ✓ Descolamento precoce da placenta (DPP) ✓ Apresentação anômala ✓ Cesáreas previas ✓ Iminência de rotura uterina ✓ Placenta prévia ✓ Mal formações fetais ✓ Desproporções céfalo-pélvicas Parto humanizado Características do parto humanizado: ✓ Respeito à fisiologia do parto e da mulher ✓ Gestante é ativa no parto ✓ Participação do pai ✓ Profissionais envolvidos dão um maior apoio emocional ✓ Ambiente acolhedor da sala ou casa de parto Puerpério Período que se inicia logo após o parto com duração de 6 semanas (42 dias). Caracterizado por: ✓ Involução uterina ✓ Presença de lóquios (sangue uterino residual após o parto) Depois do parto, todas as mulheres devem tomar ocitocina para manter o globo de pinard, mantendo a contração do útero e reduzindo riscos de hemorragia. ✓ Recuperação das alterações dos órgãos (principalmente genitais) ✓ Lactação ✓ Integração com o bebê OBS: devemos dar uma atenção à abstinência sexual. A maioria das mulheres volta a ter relações 20 dias após o parto, o que pode causar infecções e abrir os pontos. Devemos ficar atentos para: ✓ Hematomas de episiorrafia ou de ferida operatória ✓ Hemorragias ✓ Dor intensa ✓ Febre ✓ Mal estar ✓ Vômitos ✓ Loquios com odor fétido ✓ Blues puerperal ✓ Distúrbios da amamentação ✓ Distensão abdominal
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