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Tutorial 04 – Módulo XII Traumatismo Cranioencefálico São acontecimentos evitáveis mas muito comuns, sendo o TCE a principal causa de morte e incapacidade por algum traumatismo. A maioria das lesões cerebrais é devido a quedas, acidentes de veículos a motor e agressões. A maioria dos pctes são homens adultos jovens. E por causa disso, muitos precisam de tratamento crônico durante décadas. →FISIOPATOLOGIA: a lesão traumática do SNC tem duas fases, a primeira é a lesão neuronal e ocorre como resultado direto do evento traumático, e a segunda é causada por processos neuropatológicos. FASE DE LESÃO PRIMÁRIA: é imediata, e o dano já está completo no momento muitas vezes. Decorrente da transferência de uma energia externa pra região intracraniana, relacionada com vários mecanismos. Como resultado o pcte pode apresentar contusões focais diversas, hematomas ou lesões axonais difusas. Contusões focais: mais comuns, locais mais comuns são lobo temporal e frontal (regiões mais vulneráveis quando tem um impacto direto). Podem evoluir em horas ou dias pra um hematoma intraparenquimatoso com efeito de massa. Hematomas: aparecem quando a força externa é distribuída pelas superfícies cerebrais mais superficiais: → Epidural: coleção de sangue no espaço epidural (entre dura-máter e superfície interna do crânio), ocorre por causa de lesão nas artérias meníngeas. Assumem formato biconvexo, localizado principalmente na região temporoparietal e não se associam a danos cerebrais adjacentes. → Subdural: espaço subdural (entre dura-máter e aracnoide), devido a traumas nas veias pontes do córtex cerebral. Formato do contorno do cérebro, associadas a lesões parenquimatosas concomitantes, sendo grave. → Subaracnoideia: entre pia-máter e aracnoide, interferindo na circulação liquórica. Lesão axonal difusa: lesão por cisalhamento, ocorre por impacto de alta velocidade ou em desaceleração, gerando múltiplas hemorragias pontilhadas localizadas nos hemisférios cerebrais (limites entre substancia cinza e branca). Como as estruturas residem em um compartimento cheio de líquido, elas se atrasam em relação a estrutura óssea quando ela se move durante uma parada súbita do corpo em movimento. Desse modo, elas colidem anterior e posteriormente, lesão de contragolpe. Do mesmo modo, quando estiver presente um componente rotacional, as estruturas vão se torcer e cisalhar, causando lesão axonal difusa. Se for lesão penetrante, o projetil vai lacerar as estruturas. E ainda se for muito rápido, o vácuo vai criar uma cavitação tecidual, podendo ser maior que o projetil. LESÃO SECUNDÁRIA: inicia logo a fase primaria e se estende por longo período, comprometendo neuroglia. A maior parte da lesão neurológica vai ser decorrente dessa fase, onde vai ter apoptose por causa de hipoxia, isquemia, inflamação, efeitos de radicais livres, aminoácidos excitatórios e alguns íons. Com o cérebro assim lesionado, ele vai ser mais suscetível a estados hipoxicos-isquemicos, afetando mais as áreas do hipocampo e as áreas de irrigação critica. O dano microvascular vai ser pela perda da autorregulação vascular cerebral e perda da barreira hematoencefálica. Pode causar edema cerebral. →AVALIAÇÃO PRIMÁRIA: estabelecer uma abordagem sistemática pra identificar e tratar de forma prioritária as lesões que implicam risco. Deve seguir o “ABCDE”, protocolo estabelecido pelo ATLS pra qualquer vítima de trauma. A – AIRWAY: garantir via área do pcte. B – BREATHING: realizar ventilação do pcte. Se estiver em coma, intubar. C – CIRCULATION: avaliar circulação, controlar hemorragias. Estabelecer normovolemia D – DISABILITY: exame neurológico, como a escala de Glascow pra avaliar a incapacidade do pcte e gravidade do TCE. E – EXPOSURE: exame físico completo e coleta de informações e histórica clinica do pcte. →MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: vao variar de acordo cmo a gravidade do acidente, podendo estar acompanhada de aumento transitório na PA, apneia ou disfunção cerebral. Quando for brando, o pcte pode ter cefaleia, dificuldade de se concentrar, ansiedade, sono perturbado. Fazer avaliação neuropsicológica. Se for moderado, vao estar presentes o comprometimento cognitivo, motor e sensitivo, com fala prejudicada, resultando em exame neurológico anormal. Quando muito grave, pcte vai estar em coma, e na melhor das hipóteses eles podem mostrar abertura dos olhos e postura de decorticação ou descerebração aos estímulos. E ainda, se tiver lesões focais, os déficits neurológicos vao estar relacionados com o local de impacto (lobos orbifrontais e temporais anteriores). →DIAGNÓSTICO: realizar a escala de Glascow, que avalia resposta ocular, verbal e motora. → Leve: 13-15 → Moderado: 9-12 → Grave < 8. Caso alguma área não consiga ser avaliada, nenhuma pontuação vai ser atribuída e vai se considerar como “não estável NT”. Em 2018, a resposta pupilar foi acrescentada: → Sem reação ao estimulo luminoso: subtrair dois pontos do valor total. → Apenas uma pupila tem reação: subtrair um ponto. → Ambas as pupilas estão reativas: valor fica inalterado. O exame neurológico detalhado vai ser útil pra determinar a extensão da lesão e gravidade do comprometimento. E depois o exame físico geral busca sinais ocultos. Equimose periorbitária (sinal de guaxinim): fratura da base do crânio. Equimose pós-auricular (sinal de Battle): também fratura de base do crânio. Corrimento aquoso no nariz ou orelha pode ser vazamento do LCR. Qualquer pcte suspeito de ter sofrido um traumatismo deve ter sua gravidade avaliada: → Leve: confusão transitória, sem perda da consciência, sintomas associados a contusão como amnesia ou alteração do estado mental < 15 minutos. → Moderada: confusão transitória, sem perda de consciência e sintomas > 15 minutos. → Grave: qualquer perda de consciência. Sangramento intracraniano inclui hematoma subdural, hematoma epidural, hemorragia intraparenquimatosa, contusão e hemorragia subaracnóidea traumática. O mais comum é hematoma subdural. Pedir TC logo depois da avaliação inicial. →Hematoma subdural: sangue acumulado acima do cérebro e abaixo da dura-mater, na TC aparece como uma opacidade concava sobrejacente ao cérebro. →Hematoma epidural: sangue acumulado abaixo do crânio, mas acima da dura-mater, na TC aparece como uma opacidade biconvexa ou lenticular hiperdensa. Fratura de crânio é melhor diagnosticada com uso de janelas osseas de TC. →AVALIAÇÃO DA TC: usar “ABCDEFG”. A – ATTENUATION: busca por diferenciação de atenuação entre substancia branca e cinzenta, que possa sugerir massa, edema, ou evento isquêmico. B – BLOOD: ver se tem sangramento e desvio de linha media, que é causada pela presença de sangue. Hemorragia é vista por imagem hiperdensa (branca). C – CAVITES: avaliar as cavidades, como ventrículos e cisternas. D – DILATION: avaliar dilatação ventricular e cisternas. E – EXTERIOR: avaliar parte óssea, buscando fraturas e tecido subcutâneo. F – FISHER SCALE: fazer graduação de Fischer em casos de hemorragia subaracnóidea. G – GHOSTS, DRAINS AND ARTIFACTS: identificar presença de drenos, cateteres ou artefatos. →TRATAMENTO: o objetivo imediato é parar a lesão em andamento e preservar ao máximo, restaurando a função neurológica e evitando complicações medicas secundarias. O tratamento clinico atual é restrito a medidas de suporte, como manter pressão de perfusão, minimizar hipertensão intracompartimental (pressão intracraniana aumentada), e tratar o edema indiretamente. Tratamento inicial: otimizar perfusão e oxigenação, atenção imediata às vias áreas e função cardiopulmonar, identificar precocemente o potencial da lesão traumática, e minimizar os insultos secundários(hipoxia, isquemia). O elemento critico vai ser a duração da amnesia ou perda de consciência, quanto maior o período, mais alto vai ser o grau de concussão. Traumatismo grave: Glascow < 8, devem ser intubados, uso de colar cervical e elevação da cabeceira em 30 graus. Na suspeita de hipertensão intracraniana, usar dose de 30ml EV, de 23% de solução salina hipertônica através de cateter venoso central. Infusão continua de NaCl através de cateter central pode ser usado com objetivo de manter a concentração serica do sódio 150- 155mM/L pra manter PIC < 20mmHg. Controlar perfusão cerebral, mantendo a pressão > 60mmHg, que é a diferença entre a pressão arterial media e a PIC. Da pra usar noreprinefrina e fenilefrina pra isso. Tipos de Lesão e Indicações: → Intervenção cirúrgica de emergência: feridas penetrantes, hemorragia intracerebral com efeito de massa e lesão óssea. → Tratamento clinico e intensivista: lesões focais, hipóxico-anoxicas, axonais difusas e microvasculares difusas. → Avaliação neurocirúrgica: fraturas de crânio e hemorragias intracranianas → Coma farmacológico: redução do metabolismo cerebral, usa-se pentobarbital ou propofol, monitar com EEG continuo. Doutrina de Monro-Kelle: afirma que, pelo fato de que o crânio é uma estrutura rígida e não expansível, o volume intracraniano total (cérebro, sangue, LCR) deve permanecer constante, com PIC sustentada em 10mmHg de forma fisiológica. Em condições patológicas o volume passa a ser ocupado por um hematoma, que aumenta o volume, de forma pra que precisa de compensação, resultando em saída forçada de algum componente pra fora do crânio. Caso não resolvam, a PIC aumenta progressivamente até > 20mmHg, comprometendo o fluxo sanguíneo cerebral, resultando em isquemia e infarto, e também herniação cerebral (expulsa parte do encéfalo pra fora do crânio). Assim, monitorar a PIC é extremamente importante no TCE grave. Avaliar hernia cerebral que se manifesta pela traide de Cushing (hipertensão arterial, bradicardia e alterações respiratórias). Recuperação: pode ocorrer a síndrome pós- concussiva, manifestada pela cefaleia, dificuldade de concentração, alteração do apetite, anormalidades do sono e irritabilidade. Dura algumas semanas depois da lesão, até 1 ano ou mais. →PROGNÓSTICO: o indicador mais útil vai ser o exame neurológico na avaliação inicial, e quanto mais baixo o score de Glascow, menos provável que o pcte venha ter recuperação neurológica ou funcional significativa. Nos pctes em que score permanece o mesmo ou piora evoluem pior do que aqueles que o score melhora. Traumatismo subsequente antes a recuperação completa ainda que ele seja brando, pode resultar na síndrome de segundo impacto, que pode piorar o desfecho clínico. Ela vai estar associada a alta mortalidade. Diuréticos Osmóticos – Manitol Diuréticos de alta reabsorção tubular, que por consequencia alteram a osmolaridade do plasma e do liquido tubular, funcionando como solutos de baixa reabsorção (álcool de açúcar não reabsorvível), facilitando a saída de agua pro lumen junto da secreção aumentada de sódio. Eles reduzem a viscosidade sanguínea, que por consequencia diminui secreção de renina presente em estados hipovolêmicos e hipotensão. Eles aumentam o fluxo sanguíneo renal pra que o fluxo tubular limpe os eletrólitos ali presentes, removendo NaCl e ureia medular, que reduz tonicidade e afeta a reabsorção de agua nas alças de Henle. Aumenta excreção de Mg, K e HCO3. Além disso, o manitol, geralmente, não é usado em estados edematosos, pois a retenção inicial do manitol hipertônico pode induzir maior expansão de volume, que, na insuficiência cardíaca, pode precipitar edema pulmonar. Efeitos adversos: pode causar hiponatremia (volume extracelular aumenta e Na fica diluído), causando cefaleia, náusea, mal-estar e vomito. Depleção de volume e hipernatremia consecutiva, e ainda expansão de volume, hipocalemia e acidose metabólica. Contraindicações: pctes anuricos, pctes com IC crônica e pctes com sangramento neurológico ativo. Uso terapêutico: controlar aumento de pressão ocular durante ataques agudos de glaucoma, reduzir edema cerebral em TCE.
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