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Izabelly Thays Ramos Silva - Medicina - Faculdade Integrada Tiradentes Incontinência urinária Segundo a Sociedade Internacional de Continência, a incontinência urinária (IU) é definida como a perda involuntária de urina. Na população idosa, apresenta-se como uma síndrome de etiologia multifatorial, resultado da interação de lesões do sistema nervoso e urinário (envelhecimento), comorbidades, uso de medicamentos e declínio funcional e cognitivo. A prevalência e a gravidade da IU aumentam com o envelhecimento e são maiores entre as mulheres. Envelhecimento e IU: Apesar de não ser, por si só, causa de incontinência urinária, o envelhecimento torna o idoso mais suscetível ao problema, pois: ✓ Reduz a capacidade da bexiga; ✓ Provoca hiperatividade e redução da contratilidade do detrusor; ✓ Causa aumento do volume residual; ✓ Reduz a pressão de fechamento da uretra; ✓ Promove aumento do volume prostático; ✓ Provoca aumento da produção noturna de urina; ✓ Diminui a produção de estrógenos na mulher; ✓ Aumenta a incidência de infecções recorrentes; ✓ Promove o enfraquecimento da fáscia endopélvica. Classificação: A IU pode ser classificada em transitória, ou reversível, e estabelecida, ou persistente. A incontinência urinária transitória caracteriza-se pela perda involuntária de urina na ausência de disfunção do trato urinário inferior. Entre suas causas, estão: ✓ Delirium; ✓ Infecções do trato urinário; ✓ Uretrite e vaginite atróficas; ✓ Restrição da mobilidade; ✓ Aumento do débito urinário; ✓ Medicamentos; ✓ Impactação fecal; ✓ Distúrbios psíquicos. Izabelly Thays Ramos Silva - Medicina - Faculdade Integrada Tiradentes A incontinência urinária estabelecida, por sua vez, persiste ao longo do tempo e está relacionada a hiperatividade ou hipoatividade do detrusor, alteração da pressão uretral, obstrução da saída vesical e distúrbios funcionais. Pode ser classificada em: ✓ Incontinência de urgência ou urge- incontinência: tipo mais comum entre os idosos, manifesta-se com intenso desejo de urinar, acompanhado por perda involuntária de urina. É caracterizada por urgência, frequência, jato urinário fraco e grande volume residual. Tem como causa a hiperatividade do detrusor, na presença de função contrátil normal ou, em idosos fragilizados, de hipocontratilidade; ✓ Incontinência de esforço: comum em mulheres idosas, é decorrente de uma pressão intra-abdominal superior à pressão de fechamento esfincteriano, na ausência de contrações vesicais. Na mulher, pode ser causada por deslocamento da uretra durante esforços ou por deficiência esfincteriana intrínseca (trauma cirúrgico). No homem, decorre de uma deficiência esfincteriana (lesão causada por prostatectomia radical); ✓ Incontinência por transbordamento ou de hiperfluxo: caracteriza-se por perda contínua de urina, relacionada a esvaziamento vesical incompleto, jato urinário fraco, esforço miccional, intermitência, hesitação, frequência e noctúria. Pode ser causada por hipocontratilidade do detrusor e obstrução da saída vesical; ✓ Incontinência mista: tipo mais frequente na mulher, caracteriza-se pela ocorrência de mais de um tipo de incontinência. É causada pela associação entre hiperatividade do detrusor e redução da função esfincteriana; ✓ Incontinência funcional: acomete pacientes sem comprometimento dos mecanismos controladores da micção. É decorrente da incapacidade desses pacientes de evitar a perda de urina antes de chegar à toalete, por limitações físicas, cognitivas e ambientais, por exemplo. Diagnóstico: Para o diagnóstico da incontinência urinária, a anamnese, o exame físico e o exame de urina são suficientes para o diagnóstico e tratamento da maioria dos pacientes. Izabelly Thays Ramos Silva - Medicina - Faculdade Integrada Tiradentes Como exames complementares, podem ser solicitados: ✓ Exames laboratoriais: urinálise e urinocultura para todos os portadores de IU, dosagem de eletrólitos, ureia, creatinina, cálcio e glicemia, citologia urinária, avaliação ginecológica e urológica; ✓ Testes clínicos: teste do estresse, medida do volume residual pós- miccional e teste urodinâmico. Impactos da IU na vida do idoso: Os impactos causados pela incontinência urinária na vida do idoso são inúmeros e incluem: ✓ Elevada morbidade (candidíase perineal, celulite, úlceras de pressão, infecções do trato urinário, urossépsis, quedas, fraturas e interrupção do sono); ✓ Redução da autoestima; ✓ Isolamento social; ✓ Depressão; ✓ Sobrecarga de familiares e cuidadores. O isolamento social, diante do medo de urinar involuntariamente em locais públicos, impacta significativamente na qualidade de vida do idoso, à medida que atrapalha a realização de atividades instrumentais e interfere nas relações interpessoais. Além disso, a necessidade de usar absorventes e fraldas pode ser constrangedor para muitos idosos.
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