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Incontinência urinária em idosos

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INCONTINÊNCIA URINÁRIA 
É definido como qualquer perda involuntária de urina, 
podendo ser caracterizado como um sintoma (quando 
relatada pelo paciente) ou como um sinal (observada 
pelo médico). 
A prevalência varia de 8 a 34% nos idosos, 
principalmente nas mulheres. 30-60% das mulheres 
idosas e 10 a 35% dos homens idosos na comunidade e 
até 80% dos institucionalizados apresentam 
incontinência urinária. Apresenta picos de incidência 
na perimenopausa (hipoestrogenismo) e idade > 75 
anos (presença de comorbidades, aumento da diurese 
noturna, prejuízo cognitivo ou da mobilidade, 
hipoestrogenismo). 
A incontinência urinária aumenta o risco de quedas e 
fraturas, ITU recorrentes, celulites, úlceras de pressão, 
disfunções sexuais, distúrbios do sono, além de 
contribuir para isolamento social, depressão, estresse 
do cuidador e institucionalização precoce. 
Fisiologia 
 
O centro pontinho da micção (CPM) coordena todo o 
processo da micção, graças à modulação dos efeitos 
opostos dos sistemas nervosos simpático e 
parassimpático no TU inferior. 
Controle voluntário da micção: os centros 
controladores corticais (giros frontal e cingulado) e 
subcorticais promovem inibição do CPM e excitação do 
esfíncter uretral externo. Assim, o esvaziamento 
vesical pode ser retardado até que se obtenha local e 
momento apropriados. 
• Fase de esvaziamento vesical (micção): O CPM envia 
estimulo excitatório a medula sacral S2-S4 
(parassimpática – acetilcolina) e inibitórios para a 
coluna toracolombar T11-L2 (simpática – 
norepinefrina). O estimulo do COM origina da 
distensão da bexiga (leva impulsos aferentes, 
indicando o esvaziamento). 
• Fase de enchimento vesical (controle da micção): o 
CPM envia estímulos inibitórios para medula sacral 
S2-S4 (parassimpática - acetilcolina) e excitatórios 
para coluna toracolombar T11-L2 (simpática - 
norepinefrina). 
Simpático: emerge da medula toracolombar (T11-L2) 
ao nervo hipogástrico até os receptores beta 
adrenérgicos (corpo vesical) e alfa adrenérgicos (colo 
vesical e uretra vesical). Fibras simpáticas também 
possuem efeito inibitório sobre o sistema 
parassimpático. A ativação do sistema simpático 
produz relaxamento do músculo detrusor (receptores 
β3) e contração do esfíncter uretral interno (receptores 
α1), sendo relacionado a fase de enchimento vesical 
(controle da micção). Lembrar: luta/fuga – condição 
que segura o xixi. 
Parassimpático: emerge da medula sacral (S2-S4) ao 
nervo pélvico até os receptores M2 e M3 muscarínicos 
(corpo vesical). A ativação do sistema parassimpático 
produz contração do musculo detrusor (receptores M2 
e M3 por acetilcolina) e relaxamento da musculatura 
lisa do esfíncter uretral interno da uretra proximal (por 
óxido nítrico), sendo relacionado a fase de 
esvaziamento vesical (micção). 
Impacto do envelhecimento 
Não é uma condição fisiológica do envelhecimento. A 
continência urinaria depende da integridade do trato 
urinário inferior, assim como outros fatores 
relacionados a: alterações da motivação, da destreza 
manual, da mobilidade, da lucidez e a existência de 
doenças associadas (como HAS e diabetes). O 
envelhecimento associa-se a alterações no trato 
urinário inferior que tornam o idoso mais suscetível à 
incontinência urinária, como: 
• Aumento nas fibras de colágeno na bexiga (com 
diminuição da elasticidade); 
• Alteração dos receptores de pressão (explica o 
surgimento de contrações intempestivas durante a 
fase de enchimento vesical); 
• Hiperatividade do detrusor. 
• Alterações da uretra: torna-se mais fibrosa, menos 
flexível e com perda da densidade muscular (pode 
acarretar falha esfincteriana); 
o A pressão máxima de fechamento uretral, o 
comprimento uretral e as células da musculatura 
estriada do esfíncter alteram-se principalmente 
nas mulheres. 
Condições clínicas/ fatores de risco: 
- Fatores genéticos. 
- Hipoestrogenismo: leva atrofia da mucosa vaginal, 
com maior suscetibilidade a infecções, que favorece a 
irritação dos receptores de pressão. 
- Fragilidade do períneo: por envelhecimento 
muscular, carências hormonais, 
partos/gravidez/sequelas de intervenções 
uroginecológicas ou radioterapia pélvica. Sintomas 
crônicos, como tosse e constipação, podem aumentar 
a pressão sobre essa fáscia muscular. 
- Alterações do fluxo urinário: por HPB ou adenoma de 
próstata, que causa obstáculo urinário com 
instabilidade do detrusor. Pode se manifestar com jato 
fraco, gotejamento terminal, poliúria e noctúria. 
- Envelhecimento renal: diminuição de néfrons reduz a 
capacidade de concentrar a urina, associado a 
aumento da secreção de ADH, contribuem a poliúria e 
noctúria. 
- Aumento da pressão intra-abdominal: DPOC, 
obesidade, esportes de alto impacto, gravidez. 
Abordagem da queixa incontinência urinária e 
conduta 
Anamnese: caracterizar perda urinária (quantidade, 
gravidade, sintomas associados, noctúria, urgência, 
esforço, hesitação); diário miccional (registro de 24h da 
ingesta de líquidos, frequência e volume urinários, 
circunstâncias); avaliar dor, hematúria, infecções 
recorrentes, prolapsos de órgãos pélvicos, cirurgias 
prévias, radiação pélvica, fístulas; comorbidades 
clínicas; uso de medicamentos. 
Exame físico: avaliação cognitiva, mobilidade, 
funcionalidade; exame neurológico (reflexo 
bulbocavernoso avalia integridade das vias sacrais), 
toque retal (tônus esfincteriano, massas, fecalomas, 
avaliação prostática), prolapsos, atrofia genital, teste 
de estresse (tossir vigorosamente na posição supina 
com a bexiga cheia. Se perda simultânea sugere 
deficiência esfincteriana intrínseca; se perda após 
alguns segundos, sugere contração detrusora induzida 
pela tosse). 
Exames complementares: 
• Laboratoriais: sinais de infecção, hematúria e 
glicosúria em todos os pacientes. Eletrólitos, 
glicemia, ureia e creatinina de acordo com a 
suspeita clínica. 
• Medida do volume residual pós-miccional 
(cateterização vesical ou US): útil para excluir 
retenção urinária significativa em paciente com alto 
risco de retenção urinária (diabetes, doenças 
neurológicas, sinais de hesitação miccional, 
antecedentes de retenção urinária e uso de 
anticolinérgico). É inadequado se > 200 ml. É 
recomendado antes do tratamento medicamentoso 
ou cirúrgico. 
• Estudo urodinâmico: exame caro e invasivo. Avalia 
a qualidade das contrações vesicais e dos 
esfíncteres uretrais. Etapas: cistometria, medida da 
pressão de perda sob esforço e urofluxometria. 
Embora seguro, não altera o desfecho no 
tratamento de idosos frágeis. É recomendado antes 
de procedimentos cirúrgicos ou minimamente 
invasivos do TU inferior ou na avaliação de sintomas 
de bexiga hiperativa após falha do tratamento 
inicial. 
• Citoscopia: se suspeita de fistulas ou de outras 
patologias associadas (presença de hematúria, dor 
ou desconforto pélvico). 
Tratamento: 
• Tratamento da incontinência urinária de urgência: 
predomina tratamento farmacológico 
• Tratamento da incontinência de esforço: 
predomina tratamento cirúrgico. 
Tratamento não farmacológico (1ª linha): mudanças no 
estilo de vida (MEV) e terapias comportamentais. 
Corrigir comorbidades, deteriorização funcional e 
iatrogenias medicamentosas. 
• MEV: perda de peso, evitar abundancia de líquidos 
, evitar cafeína/ álcool/ tabaco, retirar facilitar 
acesso ao banheiro. 
• Terapias comportamentais: 
o Exercícios de kegel para a musculatura do 
assoalho pélvico. 
o Exercícios de fortalecimento do assoalho pélvico 
(contração isolada ou associados ao 
biofeedback). Podem ser usados cones vaginais 
de pesos variados. 
o Diário miccional 
o Estimulação elétrica: aplicação de impulsos 
através de agulha ou eletrodos para inibir a 
hiperatividade do detrusor ou melhorar a 
contratilidade do assoalho pélvico. 
o Treinamento vesical: preestabelecimento de 
intervalos para as micções para incrementara 
capacidade vesical reestabelecendo a função 
vesical. 
Tratamento farmacológico: 
• Propiverina: ação muscarínica e de bloqueio dos 
canais de cálcio. Pode ser usada nas pessoas 
incapazes de tolerar outras medicações 
antimuscarínicas. 
• Antimuscarínicos: 
o Oxibutinina: controle sintomático. Uso crônico 
piora a função cognitiva em idosos. Tem potente 
ação antimuscarinica não seletiva para os 
receptores vesicais; relaxa musculo liso pelo 
bloqueio dos canais de cálcio; propriedades 
anestésicas locais e anti-histamínicas. 
o Solifenacina: agente seletivo para os receptores 
M3 da bexiga. Melhor eficácia e menos efeitos 
colaterais. 
o Tolterodina: possui relativa seletividade para os 
receptores da bexiga. 
o Trospium: não seletivo sobre a bexiga. Baixa 
metabolização por enzimas hepáticas (pouca 
interação medicamentosa). 
o Darifenacina: altamente seletivo para os 
receptores M3 vesicais 
o Fesoterodina: antagonista competitivo do 
receptor muscarínico. 
• Agonistas dos beta-adenorreceptores: efeito 
miorelaxante vesical. Efeito não é bem elucidado. 
o Mirabegron: ativa os beta-3-adrenorreceptores, 
relaxando o músculo detrusor e aumentando a 
capacidade vesical. Utilizado na IU de urgência e 
bexiga hiperativa. Contraindicado na DRC 
terminal ou doença hepática grave. Sem estudos 
em idosos. 
o Agonista de receptor vaniloide: após a 
dessensibilização das fibras neurais da bexiga, 
ele suprime as contrações involuntárias do 
detrusor. 
o Capsaicina: instilação intravesical na 
instabilidade do detrusor de origem 
neurogênica. Ela suprime contrações 
involuntárias do detrusor após lesões crônicas 
da medula acima dos segmentos sacrais. 
Tratamento de pacientes com problemas cognitivos: a 
incontinência e piora do status cognitivo em idosos 
podem ser sintomas inespecíficos de ITU nessa 
população, sendo recomendado urinálise e urocultura. 
• Inibidores da colinesterase no tratamento da 
demência podem precipitar incontinência por 
aumento de acetilcolina. 
• Medicações antimuscarínicas podem piorar a 
função cognitiva nos pacientes com demência 
• Pacientes com demência podem sofrer declínio 
funcional e cognitivo com intervenções cirúrgicas. 
• A constipação intestinal pode ser fator precipitante 
de incontinência urinária. 
Noctúria 
Definições: 
• Mais aceita: é a necessidade de levantar-se da cama 
mais de uma vez para urinar, após ter ido deitar com 
a expectativa de só se levantar pela manhã. 
• produção de urina, no período noturno, > 0,9 
ml/min; 
• produção de urina noturna > 33% da produção 
diurna 
A noctúria, por si, não sugere nenhum diagnóstico 
específico. Principais causas: diminuição da capacidade 
vesical e/ou o aumento na produção de urina no 
período noturno. 
• Diminuição da capacidade vesical: por diminuição 
da complacência vesical, hiperatividade detrusora e 
envelhecimento. 
• Aumento na produção de urina no período noturno: 
por diabetes (insipidus ou mellitus), ICC, 
hipoalbuminemia, insuficiência venosa e doenças 
renais. 
Avaliar: ingestão noturna de grande quantidade de 
líquido, cafeína e/ou álcool, assim como horário de uso 
dos diuréticos. 
Pode também estar associada a outros sintomas do TU 
inferior, a distúrbios do sono ou ao tempo em que o 
paciente permanece na cama. 
Tratamento: 
• Conservador: 
o Avaliar medicamentos 
o Uso de meias elásticas e elevação dos membros 
inferiores no final da manha e final da tarde nos 
pacientes com edema periférico ou ICC (Obs: os 
líquidos acumulam-se durante o dia e são 
reabsorvidos durante a noite) 
o Monitorizar ingestão hídrica (evitar até 3 horas 
antes de se deitar). 
• Medicamentoso: 
o Desmopressina: visa reduzir a produção de urina 
noturna. Não é recomendado uso rotineiro pelos 
efeitos colaterais de retenção hídrica e 
hiponatremia. É recomendado via oral nos idosos 
com boas condições de saúde. 
o Diuréticos: Os diuréticos de alça podem ser usados 
a qualquer hora do dia, desde que sejam 
monitorizados os efeitos colaterais de hipotensão 
postural e distúrbios hidroeletrolíticos. 
o Alfa bloqueadores: nos pacientes com componente 
prostático. Efeito adverso hipotensor. 
o Terapia de reposição hormonal: visa reduzir atrofia 
dos tecidos do assoalho pélvico sensíveis a 
estrogênio. Apresenta resultados conflitantes 
(aumenta risco de câncer de endométrio e mama). 
Incontinência urinária transitória 
Caracteriza-se pela perda de urina precipitada por 
insulto psicológico, medicamentoso ou orgânico, que 
cessa ou melhora após o controle do fator 
desencadeante. 
Mnemônico: DIURAMID 
• Delirium: estado confusional agudo e flutuante da 
consciência e desorientação. É uma síndrome 
cerebral orgânica multifatorial extremamente 
prevalente entre idosos. Incontinência pode ser seu 
primeiro sinal. 
• ITU inferior: causa inflamação da mucosa vesical e 
consequente aumento da aferência sensitiva. 
Podem contribuir para bexiga hiperativa e 
incontinência urinária. 
• Uretrite e vagina atrófica: por carência de 
estrógenos, gerando irritação local e aumento do 
risco de infecções, bexiga hiperativa e incontinência 
urinária. 
• Restrições de mobilidade: artroses, paresias, 
imobilizações, hipotensão postural e pós-prandial, 
calçados inapropriados e medo de cair podem 
dificultar a chegada ao toalete e justificar episódios 
de incontinência. 
• Aumento do débito urinário: ingesta excessiva de 
fluidos, diuréticos, distúrbios hidroeletrolíticos 
(hiperglicemia, hipercalcemia), ICC, insuficiência 
venosa periférica, hipoalbuminemia; 
• Medicamentos 
o Diuréticos de alça: podem aumentar a 
produção de urina. 
o Bloqueadores alfa adrenérgicos: podem 
bloquear os receptores do colo vesical e 
ocasionar perdas por estresse em idosas 
(apresentam fatores predisponentes: 
diminuição do comprimento da uretra e da 
pressão de fechamento uretral). 
o BCC: relaxam a musculatura lisa, ocasionando 
o aumento do volume residual pós miccional, 
podendo gerar incontinência de estresse ou de 
transbordamento por retenção urinária. 
o IECA: tosse é efeito colateral, podendo 
precipitar perdas urinárias de estresse. 
o Tranquilizantes, antidepresivos, 
antiparkinsonianos, antiespasmódicos e 
opiáceos: podem apresentar efeitos 
anticolinérgicos, diminuir a contratilidade do 
músculo detrusor e causar retenção urinária, 
que pode precipitar incontinência de estresse 
ou de transbordamento. 
• Impactação fecal: por irritação local ou compressão 
direta sob a parede vesical. Responsável por até 
10% da IU em idosos hospitalizados e 
institucionalizados. 
• Distúrbios psíquicos (depressão, demência, 
psicose): podem interferir na capacidade do pct em 
reconhecer e responder adequadamente à 
sensação de bexiga cheia. Por exemplo, um 
paciente com depressão grave pode não ter 
motivação para procurar um local apropriado para 
urinar. 
 
Incontinência urinária estabelecida/persistente 
Ocorre quando a perda involuntária de urina não é 
causada por comorbidade existente, não é decorrente 
do efeito colateral de medicamentos e persiste por pelo 
menos 3 meses. 
• Incontinência urinária de urgência (urge-
incontinência): 
É o tipo mais comum de incontinência em idosos na 
comunidade. É a perda de urina precedida ou 
acompanhada de um desejo urgente de urinar. A perda 
urinária é variável e depende da função do esfíncter 
uretral e da capacidade do paciente em suprimir a 
urgência. 
• Bexiga instável: relaciona-se à presença de 
contrações involuntárias vesicais, espontâneas ou 
em resposta a estímulos nas fases de enchimento e 
armazenamento, durante a cistometria. As 
contrações devem ser acompanhadas de vontade 
de urinar. 
• Instabilidade detrusora: pacientes que apresentam 
contrações involuntárias documentadas na 
avaliação urodinâmica sem doença neurológica 
associada. Na presença de fator neurológico 
desencadeante, devemos usar o termohiperreflexia do músculo detrusor. Muitas vezes, 
nos idosos, não é possível a distinção entre 
hiperreflexia e instabilidade detrusora. 
• Hiperatividade detrusora: pode ocorrer quando a 
força de contração da musculatura vesical está 
preservada ou quando está diminuída. 
o Hiperatividade do detrusor com 
hipocontratilidade (mais comum em idosos 
frágeis): pode levar à urge-incontinência, à 
obstrução urinária, à incontinência urinária de 
esforço ou à incontinência por transbordamento 
e cursa com volumes residuais pós-miccionais 
elevados. Em idosos que apresentam resíduo 
pósmiccional elevado, é obrigatório fazermos a 
avaliação da força de contração detrusora (pela 
urodinâmica) para que possamos diferenciar 
obstrução infravesical (HPB, estenose de uretra 
ou neoplasia prostática) de hipocontractilidade 
do músculo detrusor. 
o Hiperatividade do detrusor com 
hipercontratilidade: mais comum nas mulheres, 
sendo os principais fatores desencadeantes os 
prolapsos genitais ou causas iatrogênicas 
cirúrgicas. Fatores irritativos locais (tumores, 
litíase urinária, divertículos e ITU) podem levar à 
hiperatividade detrusora com urge-
incontinência. Nesses casos, acredita-se que os 
impulsos nervosos direcionados ao SNC, gerados 
pela hipersensibilidade dos receptores 
sensitivos do trato urinário, causam 
desequilíbrio entre os estímulos inibitórios, 
desencadeando a contração vesical. 
• Bexiga hiperativa: síndrome que inclui urgência 
urinária com ou sem incontinência, frequência 
elevada (> 8 micções em 24 h) e noctúria (> 2 
despertares pra urinar). Sintomas clínicos de 
polaciúria, urgência miccional, noctúria e urge-
incontinência. É baseada exclusivamente nas 
queixas clínicas, não dependendo dos achados 
urodinâmicos (os outros termos citados dependem 
de achados urodinâmicos). 
Tratamento: 
1ª linha – não medicamentoso: treinamento da bexiga. 
Baseia-se em 2 princípios: (1) realizar micções 
frequentes voluntárias para manter um baixo volume 
de urina na bexiga e (2) treinamento para inibir as 
contrações do detrusor, quando se apresenta a 
urgência. Pode ser associado a exercícios de 
fortalecimento do assoalho pélvico. Em 3 meses, 
demonstrou eficácia semelhante ao tratamento com 
antimuscarínicos. 
Medicamentoso: 
- Anticolinérgicos (fesoterodina e solifenacina): mais 
utilizados. São 1ª linha para o tratamento de bexiga 
hiperativa. Reduzem as contrações involuntárias do 
músculo detrusor. Avaliar risco/beneficio em pacientes 
com demência e não é recomendado se uso de 
inibidores de acetilcolinestase. 
- Antidepressivos (imipramina): em doses inferiores às 
utilizadas para depressão com menor toxicidade. 
- Toxina botulínica: injetada no músculo detrusor 
mediante citoscopia. Indicado na IU refratária ao 
tratamento anticolinérgico. Possui elevada taxa de 
retenção urinaria após o tratamento. 
Incontinência urinaria de estresse ou esforço (IUE) 
Perda involuntária de urina que ocorre com o aumento 
da pressão intra-abdominal (tosse, espirro, atividade 
física) na ausência de contrações vesicais. É a principal 
causa em mulheres jovens. Fatores de risco: obesidade, 
partos vaginais, hipoestrogenismo e/ou cirurgias. 
Causas: 
• Hipermobilidade uretral: pela fraqueza do assoalho 
pélvico ou de procedimentos cirúrgicos que resulta 
em descenso e rotação do colo vesical e uretra 
proximal com incapacidade de fechamento 
adequado contra a parede vaginal anterior. 
• Deficiência esfincteriana intrínseca: geralmente por 
desnervação do assoalho pélvico, radioterapia 
prévia, diminuição dos níveis estrogênicos e 
procedimentos cirúrgicos. A instabilidade uretral 
(relaxamento esfincteriano na ausência de 
contração vesical) é causa rara de IU de esforço. 
No homem, a IU de estresse é incomum, podendo 
ocorrer por deficiência esfincteriana intrínseca 
secundária a cirurgias prostáticas (como a 
prostatectomia radical) e mais raramente traumas 
pélvicos e lesões neurológicas (trauma raquimedular, 
espinha bífida). No pós-op imediato de prostatectomia 
radical é comum a ocorrência de IU com melhora ou 
resolução dos sintomas em 12 a 24 meses. Porém, em 
alguns pacientes, a IU persiste após este período. 
Tratamento: 
1ª linha – não medicamentoso: exercícios de Kegel. 
Demonstrou taxas de cura ou melhora em 3 a 6 meses. 
Os exercícios podem ser feitos com a ajuda de cones 
vaginais. A adição de biofeedback e estimulação elétrica 
são técnicas que não se mostraram mais eficazes que os 
exercícios; 
Medicamentoso: os fármacos têm um escasso papel no 
tratamento da IUE devido a sua baixa eficácia e efeitos 
secundários. Não é recomendado 
• Alfa-adrenérgicos (efedrina, fenilefrina): Estimulam 
a contração do músculo liso uretral. Baixa eficácia 
com elevada taxa de efeitos adversos (arritmias 
cardíacas e hipertensão). 
• Antidepressivos tricíclicos: efeitos anticolinérgicos e 
alfa-agonista. Não eficaz possui ação débil sobre a 
musculatura lisa da bexiga. 
• Inibidor da recaptação da norepinefrina e da 
serotonina (duloxetina): capacidade de aumentar a 
contratilidade do esfíncter estriado uretral. 
Benefícios questionáveis e seus efeitos adversos 
podem ser graves (problemas cardiovasculares, 
hepatotoxicidade, síndrome de Stevens-Jonhson); 
• Estrógenos: a utilidade não está bem estabelecida. 
Resultados a longo prazo desconhecidos. 
Cirurgia é o tratamento de escolha para pacientes que 
não responderam ao tratamento não farmacológico e 
para as IUE graves. Baseado na utilização de faixas 
suburetrais de suporte (slings) que funciona como um 
apoio da uretra durante o exercício, evitando a perda 
de urina. Podemos usar também os esfíncteres 
artificiais em caso de IUE grave de origem esfincteriana 
como último recurso em caso de falha das outras 
alternativas. O princípio consiste em substituir as 
funções deficientes de abertura e fechamento do 
esfíncter. 
Incontinência urinária por esvaziamento vesical 
incompleto, hiperfluxo ou transbordamento: 
Decorre de inabilidade de esvaziamento vesical devido 
a hipocontratilidade do músculo detrusor, a 
obstruções uretrais ou ambos; 
• Em homens: obstrução uretral secundária à HPB 
(mais comum). 
• Nas mulheres: menos frequente. Pode ocorrer por 
obstruções da via de saída após cirurgias para 
incontinência ou prolapsos genitais graves. 
• Em idosos de ambos os sexos, impactação fecal e 
hipocontratilidade vesical secundária a neuropatia 
autonômica (cistopatia diabética) ou uso de 
medicamentos anticolinérgicos são causas 
frequentes. 
• Incontinência paradoxal: em situações extremas, a 
hiperdistenção vesical faz com que ocorra IU por 
transbordamento. 
Tratamento: 
Tratar a causa base, como a interrupção de 
medicamentos (ex, anticolinérgicos) ou correção de 
desobstrução do fluxo urinário (ex, HPB). 
A cirurgia é o tratamento mais efetivo para as 
dificuldades causadas por um útero miomatoso ou uma 
HPB. Uma alternativa à cirurgia para diminuir ou 
eliminar a urina residual é a sondagem intermitente. 
Até o momento da intervenção cirúrgica ou, no caso de 
não estar indicada, podem-se utilizar os fármacos 
(como alfabloqueadores e agonistas parassimpáticos) 
porém possui eficácia controversa; 
O tratamento da IU nos homens de idade avançada 
estará ligado ao tratamento dos sintomas urinários do 
trato urinário inferior associados a uma patologia 
prostática. Pode-se usar antagonistas alfa-adrenérgicos 
não urosseletivos (doxazosina, terazosina e prazosina), 
embora apresentem mais efeitos vasculares 
(hipotensão ortostática e tonturas) por seus efeitos 
sobre os receptores alfa1. 
Incontinência urinária mista 
É a coexistência de mais de um tipo de incontinência no 
mesmo paciente. É a principal causa de incontinência 
urinária em idosas, especialmente nas mulheres que 
apresentam hiperatividade do detrusor e deficiência 
esfíncteriana associadas. O tratamento consistena 
combinação dos tratamentos aplicados nas 
incontinências de esforço e de urgência; 
Incontinência urinária funcional 
IU distinta atribuída a fatores externos ao trato urinário, 
tais como: comprometimento cognitivo, fatores 
ambientais que dificultem a chegada ao toalete, 
limitações físicas e psíquicas. Em grande parte de 
pacientes, os sintomas urinários coexistem e os padrões 
de incontinência não correspondem precisamente à 
fisiopatologia subjacente.

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