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INFECTOLOGIA Álvaro Costa Furtado RESIDÊNCIA MÉDICA s p n p r Módulo I linktr.ee/kiwifz Nossa equipe Cordioloff/i> %on Góe CUur9/a Ae//pe K /q9o Ar°^° *<oente'’o/ O/7CO CO*' zo ^ato/o^ Toròc^ C\vur9/a •xCeco/Op/^ Kito<^ C‘\vur g iQ ^ato/°9/Q Bra^ Sedolo9/Q kQro Co^6 linktr.ee/kiwifz 2020 © Todos os direitos autorais desta obra sào reservados e protegidos à Editora Sanar Ltda. pela Lei n2 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume ou qualquer parte deste livro, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, gravação, fotocópia ou outros), essas proibições aplicam-se também à editoração da obra, bem como às suas características gráficas, sem permissão expressa da Editora. Título | Editores I Projeto gráfico e diagramaçãol Capa I Edição de Texto I Conselho Editorial I Extensivo 2020: Infectologia I Caio Nunes Felipe Marques da Costa Álvaro Furtado Costa Richard Veiga Editoração Cláudia Guimarães Thais Nacif Caio Nunes Felipe Marques da Costa Vinícius Côgo Destefani SANAR? Editora Sanar Ltda. Rua Alceu Amoroso Lima, 172 Caminho das Árvores, Edf. Salvador Office & Pool, 32 andar. CEP: 41820-770, Salvador - BA. Telefone: 0800 337 6262 www.editorasanar.com.br atendimento@editorasanar.com.br linktr.ee/kiwifz http://www.editorasanar.com.br mailto:atendimento@editorasanar.com.br AUTOR | ÁLVARO FURTADO COSTA Possui graduação na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (1997-2002), infectologista pelo programa de Residência Médica em Infectologia do Departamento de Doenças e Moléstias Infecto-Parasitárias do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (2003-2005). Médico preceptor da graduação do departamento de Moléstias Infecciosas da FMUSP. 5 linktr.ee/kiwifz COMO GARANTIR UMA APRENDIZAGEM EFICAZ E UMA RETENÇÃO DURADOURA? Tentar aprender muitas informações e conteúdos juntos e rapidamente pode diminuir a sua habilidade de reter, relembrar e usar esse aprendizado, pois a memorização dos fatos isolados não ajuda a criação de conexões entre os conceitos, além de não estimular a interligação entre o conhecimento prévio e aprendizados novos. Entender e conectar as informações estudadas é essencial tanto para a nossa memória e retenção, quanto para as futuras aprendizagens. Por isso é tão importante garantir que você entendeu o que acabou de estudar e criou as conexões necessárias entre os conceitos. Seguem algumas sugestões para que você possa fazer isso de maneira rápida e eficaz durante os seus momentos de estudo: 1. MAPAS MENTAIS O Mapa Mental é uma ferramenta para organizar, memorizar e analisar melhor um conteúdo específico. O Quando fazer: Quando você precisa entender como os conceitos estão inter-relacionados ou memorizar partes importantes do assunto. O Como fazer: A partir do Título e da sua lista de palavras, comece a criar o seu Mapa: a) Enquanto estuda um assunto, comece a escrever uma lista de palavras importantes que você não pode deixar de entender e reter na sua memória. Enquanto faz isso, pense em como essas palavras se conectam entre si. b) Coloque o título no centro da folha. A partir dele, puxe linhas que conectem as informações associadas ao título, que serão algumas das palavras da sua lista. c) Pense em outras conexões subsequentes e vá conectando as palavras umas com as outras seguindo uma sua lógica, por exemplo: Causa-Efeito, Sintoma-Doença, etc. 7 linktr.ee/kiwifz (7) Como garantir uma aprendizagem eficaz e uma retenção duradoura? d) Utilize formas geométricas para distinguir as palavras do seu mapa por categorias, por exemplo, use retângulos para todas as palavras que se encaixam na categoria Causas, use eclipses para as palavras que você encaixa em Efeitos. e) Use cores diferentes para deixar o seu mapa mental ainda mais claro e conectado. Defina as cores que você irá utilizar para cada categoria ou cada tipo de conexão. Ilustração de mapa mental. Essa tarefa pode até demorar um pouco mais no começo, mas, com um pouco de prática, você não vai gastar mais do que 10 minutos para garantir um entendimento aprofundado e uma aprendizagem mais eficaz e duradoura. 8 linktr.ee/kiwifz Como garantir uma aprendizagem eficaz e uma retenção duradoura? RESIDÊNCIA MÉDICAs o n c p 2. FLUXOGRAMAS □ (5 □ & Para que a aprendizagem seja realmente significativa, precisamos tam bém garantir o entendimento dos contextos e das conexões que existem entre os diferentes assuntos. Através do seu Mapa Mental, você garantiu o seu entendimento e criou as conexões necessárias para entender um conceito específico. Construindo o seu próprio Fluxograma, você poderá expandir o seu entendimento dos assuntos complexos, conectando vários conceitos importantes entre si e com os seus contextos. O Quando fazer: Os Fluxogramas são ideais para consolidar processos e passo a passos! Por exemplo, você pode começar o seu Fluxograma com uma suspeita diagnostica, para depois passar pela classificação e chegar até o tratamento. O Como fazer: A partir do seu objetivo, defina o título e os assuntos que irão entrar no seu Flu xograma: a) Depois de ter estudado um assunto mais amplo, pense no quadro completo que você precisa entender e saber. A partir disso, crie a lista de palavras, conceitos e frases mais importantes que você precisa incluir para atingir o seu objetivo. b) Coloque o Título no centro da folha. A partir do título, puxe linhas que conectem as infor mações associadas ao título, que serão algumas das palavras ou frases da sua lista. c) Pense em outras conexões subsequentes e vá conectando as palavras e os conceitos até sentir que o processo e o conteúdo estão completos. d) Defina e segue uma lógica, por exemplo: Sintoma-Suspeita Diagnóstica-Exames-Classifica- ção-Tratamento. e) Utilize formas geométricas para distinguir as palavras do seu mapa por categorias, por exemplo, use retângulos para todas as palavras que se encaixam na categoria Causas, use eclipses para as palavras que você encaixa em Efeitos. f) Use cores diferentes para deixar o seu mapa mental ainda mais claro e conectado. Defina as cores que você irá utilizar para cada categoria ou cada tipo de conexão. linktr.ee/kiwifz (7) Como garantir uma aprendizagem eficaz e uma retenção duradoura? Y No final, você terá um grande Fluxograma que não só vai garantir o seu entendimento, mas facilitará a revisão dos assuntos mais amplos e ajudará o seu cérebro a aprender, reter e saber usar as informações estudadas. 10 linktr.ee/kiwifz Como garantir uma aprendizagem eficaz e uma retenção duradoura? RESIDÊNCIA MÉDICA• n i' a i? 3. RESUMOS Para garantir o entendimento e a retenção das informações estudadas, um outro fator importante é a reflexão. Refletir sobre o assunto estudado, como os conceitos importantes se conectam entre eles e como aquele aprendizado pode ser aplicado, ajuda você a fazer as conexões necessárias e organizar as informações recebidas para retê-las na memória. Por isso, uma outra atividade essencial na sua rotina de estudo é escrever Resumos. O Quando fazer: Sempre que estudar! Resumos de fechamento são essenciais para a aprendizagem, o Como fazer: Para executar essa estratégia você irá precisar só de alguns minutos, mas também de concentração e reflexão. a) Enquanto estiver estudando, leia e escute com atenção. b) Marque ou grife as palavras chave no texto ou as anote no seu caderno caso você esteja assistindo uma videoaula. c) Assim que terminar de estudar informações novas, olhe para as suas palavras chave e reflita sobre 2 perguntas: • O que acabei de aprender sobre o assunto? • Como isso se conecta ou se relaciona com o que eu já sabia? d) Começa a escrever breves respostas, de no máximo 10 linhas para cada uma dessas per guntas. e) Garanta que o seu texto seja sucinto, sem repetições e descrições desnecessárias, mas que responda bem às perguntas acima. 4. O QUE FAZER COM ESSESMATERIAIS DEPOIS? Estudos recentes comprovam que a retenção das informações na nossa memória depende diretamente da quantidade das vezes que acessamos essas informações. Por isso, estudar um assunto pouco a pouco e não tudo de vez e revisar com frequência é muito importante para garantir que na hora da prova você irá conseguir lembrar o que aprendeu sem dificuldades. Para aproveitar melhor o seu tempo de estudo e garantir revisões boas e frequentes, você pode usar os seus Mapas Mentais, Fluxogramas e Resumos criados no momento do estudo para revisar os assuntos já estudados ao longo do ano. Isso irá fortalecer as sinapses criadas e garantir a retenção das informações na memória a longo prazo. linktr.ee/kiwifz CONHEÇA A APOSTILA LEISHMANIOSE VISCERAL (CALAZAR) 1 1 Capítulo I 9 í DO QUE VOCÉ PRECISA SABER? o A Leishmaniose visceral, também conhecida como calazar, é uma doença endêmica em algumas áreas do Brasil, de notificação compulsória. o Agente: Leishmania chagasi/. Vetores: Flebótomos (Lutzomyia longipalpis). Reservatórios principais na área urbana: Cães. o Trata-se de uma zoonose com um caráter eminentemente rural e que agora vem se expandindo pelas zonas urbanas, se transformando em um grave problema de saúde pública. Possui um risco aumentado em crianças menores de 5 anos e tem maior incidência nas regiões norte e nordeste do Brasil. o O agente é transmitido ao hospedeiro a partir da picada do vetor (fêmea), se replicando no interior de macrófagos, promovendo o rompimento destes e disseminando a forma promastigota do agente. O Existe uma invasão de células do sistema reticuloendotelial (fígado e baço) pela forma amastigota do agente, gerando clínica caracterizada por hepatoesplenomegalia, linfadenomegalia, pancitopenia, febre, perda ponderai, hipoalbuminemia e hipergamaglobulinemia. o A hepatoesplenomegalia febril em nosso país deve levantar a hipótese diagnostica de Calazar, que deve ser confirmada através de pesquisa direta do agente, a partir de aspirado de medula óssea ou punção esplênica. Os testes sorológicos como imunofluorescência indireta ou Elisa podem ser úteis no diagnóstico final. Recentemente vêm ganhando espaço testes rápidos moleculares para o diagnóstico de Leishmaniose. o O padrão-ouro para diagnóstico é a cultura da Leishmania em meio nnn. O O tratamento é feito com antimonial pentavalente (ducantime), que tem possíveis efeitos cardiotóxicos (prolongamento do intervalo QT) ou anfotericina B (lipossomal ou desoxicolato). Do que você precisa saber: Resumo dos principais pontos que você precisa se atentar ao ler o capítulo, direcionando seu estudo para o que realmente cai na prova. Acoplamentos de capítulos. 1. INTRODUÇÃO E EPIDEMIOLOGIA As leishmanioses são zoonoses que podem acome ter o homem quando este entra em contato com o ciclo de transmissão do parasito, transformando-se em uma antropozoonose. Atualmente, encontra-se entre as grandes doenças consideradas prioritárias no mundo. É popularmente conhecida como calazar ou barriga d'água, e é uma doença de notificação compulsória. Objetivo do tratamento: zerar parasitemia, atuar na esquizogonia hepática e eliminar hipno- zoítos e gametócitos. 0 calazar é causado por um protozoário do gênero Leishmania, espécie (Leishmania) infantum chagasi e transmitido por flebotomíneos do gênero Lutzomyia, sendo o cão considerado a principal fonte de infecção no meio urbano (Figura 1). Dicas: Parte da escrita onde o professor conversa com você e que contém informações essenciais para entender as questões. 173 13 linktr.ee/kiwifz (7) Conheça a apostila Tubsrculusc CONSULTAS CLÍNICAS E EXAMES DE SEGUIMENTO DO TRATAMENTO OA TB ADULTOS Subcapítulos em destaque. i finai do se- icitar cultura ■ilidade, pro- r mais trinta ■tento com o S sensível às m resultado, cvotuçáo ctí- manutenção om evolução persistência specto radio devem ser tuberculose 15. TRATAMENTO OA INFECÇÃO LATENTE EM SITUAÇÕES ESPECIAIS E CONTACTANTES 16. INDICAÇÕES DE TRATAMENTO DA INFECÇÃO LATENTE TtM-TB, este ura e TS para J$OOTRM-TB aminhar para nsíbilidadc à o tratamento o o esquema zado apôs o rompanhar a ticiaís, espe- xamesbacte- ixpectoraçào ide evolução ;ko pode ser nto. Também nto do trata- A profilaxia primária é indicada para indivíduos em situação de risco para infecção, sem contato prévio com a micobaetêria,' por exemplo, o recém-nascido que habita um domicilio com pacientes baciliferos. fie náo deve ser vacinado, optando-se pela intro dução da ísoniazida, na dose de 10 mg/kg/dia. No X mês. deve-se realizar o PPO; caso seja reator (PT e 5 mm), prolonga-se a terapia até o 6? mês. Caso soja não reator (PT < 5 mm), interrompe-se a profilaxia e indica-se a vacina com BCG. A profilaxia secundária, mais conhecida como tra tamento da infecção latente por M. tubtreutosis, só pode ser indicada após ser afastada a possibilidade de doença ativa. Pessoas infectadas pelo M. tuberculoses que náo apresentam tuberculose ativa são identificadas como portadores da infecção latente pelo M tuber- culosís (ILTB). O tratamento da ILTB é uma impor tante estratégia para prevenção do adoecimento em populações com risco de desenvolver a doença, tais como contatos de casos de TB pulmonar bacili- fera, pessoas que vivem com Hiv e demais situações com comprometimento da imunidade, entre outras. É importante salientar que. antes de se efetuar o tratamento da IlTB. deve-se sempre investigar sinais e sintomas clínicos sugestivos de tuberculose ativa, e, na presença de qualquer suspeita, investigar a tuberculose ativa e náo tratar a ILT8 nesse momento. A indicação do tratamento da ILTB depende; o Do resultado da PT ou do IGRA. O Da idade. o Da probabilidade de ILTB. o Do risco de adoecimenta Os grupos com indicação de tratamento são: o Crianças («10 anos de idade) contatos de casos pulmonares. O tratamento da ILT8 em crianças está indicado quando; o PT z 5 mm ou IGRA positivo - em crianças, inde- pendontomente do tempo decorrido da vacina ção por BCG. o O efeito da 8CG sobre o resultado da prova tu- berculmica reduz com o passar do tempo, prin cipalmente se a BCG foi feita antes de um ar.o de idade. Desta forma, para quem foi vacinado até o primeiro ano de vida e não foi revacinado, como é o caso da maior parte da população no Brasil a prova tuberculinica com resultado PT > 5mm deve ser interpretada como infecção latente, de maneira semelhante em adultos e crianças. Qmh U FM** •doene» ti tirtMMrtc <t •- • UM St mntbuttf •CvUCUMtt Títulos e subtítulos numerados: Fácil identificação dos diferentes níveis de hierarquia dos tópicos. Flashcards: Perguntas exatamente como elas caem nas provas. __ _ -rffÉM < j) CNhunfonva • Hka Questões comentadas: Questões com comentários gerais do professor sobre todas as alternativas. Dessa forma, você tem a explicação tanto da resposta correta quanto do motivo de as outras estarem incorretas. QUESTÕES COMENTADAS Ahematha D.CORRf^flfl por uma recaída ta seprincipalment» a Alternativa E: UKORSa^M topenia leve, •• MSPOSTA Qum tão 1 Indicação dos diferentes graus de dificuldade: ! DIFICULDADE: Fácil DIFICULDADE: • Intermediário DIFICULDADE: • • Difícil (UNfVERSIDADC FEOERAL DO ESTADO 00 RlO 0E |AN«O - 201J) Em relação à Infecção causada pelo virus Zika. é CORRETO afirmar que: Cl Em comparação com a Dengue, na febre pelo ví rus Zika, o exantema surge mais tardiamente no período febril e é menos frequente. □ A conjuntwte é mais frequente na Dengue e na febre de chikungunya do que na febre pelo vi rus Zika. B Após a infecção peto virusZika, a maioria dos in divíduos apresenta doença sintomática. Q A infecção materna pelo vírus Zika não contrain- dica o aleitamento materno. □ Em recém-nascido com mais de 3? semanas de Idade gestacional. microccfalia é definida como perímetro cefático menor ou igual a 32 cm. ► —1 • Dica doautoc Jã foi detectado RNA do virus Zika no leitematerno, porém náo foram encontradas partí culas replicativas, o que inviabiliza a produção de doença, não havendo, até o momento, relatos de crianças que tenham adquirido o virus Zika através da amamentação. Alternativa A «CORRETA Enquanto na dengue o rash ocorre na defervescêncla, na Zika o rash aparece mais precocemcntc, durante o período de febre. Alternativa B; INCORRETA. Hiperemia conjuntival náo purulenta é mais comum na Zika. Alternativa C-INCORRETA. Mais de 80% dos pacientes com infecção pelo Zika são assmtomálicos. Alternativa D: CORRETA Infecção peto Zika não contra in dica a amamentação. Alternativa E: INCORRETA Atualmente, a definição de microcefalla é feita a partir do desvio padrão em relação ao perímetro cefãlico por idade e sexo. ✓ risposta: Q (WilWRSlDADE FEDERAI 00 ESTADO DO RIO DE JANEIRO - 2017/ Em relação à febre de Chikungunya. é CORRETO afir mar que Q A maioria dos casos de transmissão vertical da doença resulta da infecção materna rias primei ras 20 semanas de gestação. I ] A maioria dos indivíduos infectados pelo virus Chikungunya tem infecção assintomática. : Recém-nascidos que adquirem a doença por transmissão vertical tèm, geralmente, uma forma pouco sintomática e benigna da doença. 0 Na fase subaguda, observa-se persistência da dor articular o, habitualmente, desaparecimen to da febre. H Leucopenia e trombocitopcnia inferior a 100.000 células/mm’ são achados laboratoriais frequentes. * Dica do auter. São descritos 3 quadros clínicos para a febre deChikungunya: agudo, subagudoe crônico (> 3 meses). Altenutiva A INCORRETA. Náo ha transmissão vertical da febre de Chikungunya. Alternativa 8: INCORRETA. A maioria dos indivíduos in fectados pelovírusZika tem infecção assintomática. Alternativa C: INCORRETA Não hã transmissão vertical da febre de Chikungunya. 120 (CENTRO MÉDICO DE Zika vírus c o ma □ Artrite. S Cefaleia. tMIKlAMM: - Oiça do autor: na defervescênciWBBB o período de febre. Resolução: Todasa<^.- infecção pelo rash, geralmente n>* sS QUMtâo* (CASA DE 5AÕ0E NOSS^^Ü dc 13 anos, sexo ina, - com febre alta e dores :*• i inicio há 2 dias que ontem acortWVM pés. Hoje surgiram mam -sa cocelra. Mão refere ew —i que mora em ãre<^à| me físico, o adol^^^R sozinho, está febril - : IR:3Óipm,IC:98b^ -■ Edema de mãos pruriginoso em fa^^^ Laboratório: Hb: i ml, sendo 2% do. 39% de linfócito| mm. O quadro sug 14 linktr.ee/kiwifz Conheça a apostila residência médicasana it Fixe seus conhecimentos! Ao final da apostila e de alguns capítulos você encontrará espaços para construir mapas mentais, fluxogramas ou fazer resumos e, assim, fixar seu conhecimento! ® Fi«« »*us conh«cim*n to»' Fixe seus conhecimentos! FIXE SEU CONHECIMENTO COM FLUXOGRAMAS FIXE SEU CONHECIMENTO COM RESUMOS Use esse espaço para construir fluxogramas e fixar seu conhecimento! Use esse espaço para fazer resumos e fixar seu conhecimento! FIXE SEU CONHECIMENTO COM MAPAS MENTAIS Use esse espaço para construir mapas mentais e fixar seu conhecimento! linktr.ee/kiwifz SUMÁRIO Capítulo 1. INFECÇÃO PELO HIV.................................................................................. 23 1. Introdução....................................................................................................................... 23 2. Aspectos imunológicos e virológicos........................................................................ 25 3. Epidemiologia e situação global e brasileira do HIV........................................... 25 4. Prevenção e profilaxia................................................................................................ 26 4.1. Prevenção combinada no Brasil............................................................................ 26 4.2. Tratamento como prevenção (U=U)........................................................................ 28 4.3. PrEP (profilaxia pré-exposiçào)............................................................................. 28 CLÍNICA/DIAGNÓSTICO/TRATAMENTO E DOENÇAS OPORTUNISTAS RELACIONADAS AO HIV............................................................................. 29 5. Quadro clínico................................................................................................................ 29 5.1. Infecção aguda pelo HIV.......................................................................................... 29 5.2. Latência clínica e síndrome de imunodeficiência adquirida................................ 30 6. Diagnóstico da infecção pelo vírus HIV..................................................... 32 7. Abordagem inicial do paciente HIV +........................................................................ 33 8. Importante: HIV / tuberculose: PPD.......................................................................... 34 9. Tratamento: indicações................................................................................................ 34 10. Vacinação para paciente HIV +................................................................................... 36 11. Infecções oportunistas................................................................................................ 37 11.1. Infecções e estratificação imunológica.................................................................. 37 11.2. Doenças oportunistas em SNC e investigação...................................................... 38 11.3. Quadro pulmonar em paciente HIV +...................................................................... 41 11.4. Odinofagia em HIV +............................................................................................... 42 11.5. Outras infecções oportunistas importantes.......................................................... 42 12. Profilaxias primária das doenças............................................................................ 43 Referências............................................................................................................................. 44 Questões comentadas......................................................................................................... 45 17 linktr.ee/kiwifz Capítulo 2. TUBERCULOSE 1. Introdução e epidemiologia....................................................................................... 2. Fisiopatogenia e transmissão ................................................................................... 3. Agente etiológico........................................................................................................... 4. Estratégias diagnosticas para tuberculose.......................................................... 4.1. Baciloscopia............................................................................................................. 4.2. Cultura para micobactéria. identificação e teste de sensibilidade.................... 4.3. Diagnóstico histopatológico................................................................................... 4.4. Adenosinadeaminase (ADA)................................................................................... 4.5. Diagnóstico na forma pulmonar........................................................................... 4.6. Adendo: teste molecular para tuberculose.......................................................... 5. Importante: tuberculose e infecção pelo HIV........................................................ 6. Diagnóstico da infecção latente................................................................................. 7. Diagnóstico pela prova tuberculínica..................................................................... 7.1. Tuberculina e modo de conservação...................................................................... 7.2. Aplicação do PPD..................................................................................................... 7.3. Leitura da prova tuberculínica...............................................................................7.4. Interpretação........................................................................................................... 8. Diagnóstico pelo IGRA.................................................................................................. 9. Apresentações clínicas................................................................................................ 9.1. Pulmonar................................................................................................................. 10. Formas extrapulmonares............................................................................................ 10.1. Ganglionar: segunda forma extrapulmonar mais frequente.............................. 10.2. Sistema nervoso central (SNC): formas mais graves, apresentando alta letalidade................................................................................. 10.3. Osteoarticular......................................................................................................... 10.4. Forma genitourinária............................................................................................. 10.5. Outras apresentações de tuberculose em sítios mais incomuns...................... 11. Diagnósticos diferenciais de tuberculose............................................................... 12. Tratamento e eventos adversos................................................................................. 12.1. Conceitos gerais..................................................................................................... 13. Eventos adversos........................................................................................................... 14. Controle de tratamento................................................................................................ CONSULTAS CLÍNICAS E EXAMES DE SEGUIMENTO DO TRATAMENTO DA TB ADULTOS.............................................................................................. 15. Tratamento da infecção latente em situações especiais e contactantes .... 16. Indicações de tratamento da infecção latente...................................................... 16.1. Observações............................................................................................................. 16.2. Adultos e adolescentes........................................................................................... 16.3. Resumindo as condutas na figura abaixo.............................................................. linktr.ee/kiwifz Sumário =L RESIDÊNCIA MÉDICA 17. Pessoas vivendo com HIV (PHIV).............................................................................. 70 18. Imunobiológicos e tuberculose................................................................................. 70 Referência................................................................................................................................ 71 Questões comentadas......................................................................................................... 72 Capítulo 3. HEPATITES VIRAIS...................................................................................... 77 1. Introdução............... 77 2. Hepatite A......................................................................................................................... 78 2.1. Apresentações clínicas da HAV............................................................................... 80 2.2. Diagnóstico............................................................................................................... 80 2.3. Relatórios epidemiológicos................................................................................... 82 2.4. Tratamento............................................................................................................... 82 2.5. Prevenção e vacinação HAV.................................................................................... 82 3. Hepatite B......................................................................................................................... 83 3.1. Transmissão.............................................................................................................. 83 3.2. Clínica....................................................................................................................... 84 3.3. Epidemiologia........................................................................................................... 84 3.4. Diagnóstico............................................................................................................... 85 3.5. Imunossuprimidos e candidatos ao uso de imunobiológicos.............................. 86 3.6. Tratamento da hepatite B....................................................................................... 87 3.7. Profilaxia................................................................................................................. 87 4. Hepatite C......................................................................................................................... 88 4.1. Epidemiologia........................................................................................................... 88 4.2. Agente etiológico..................................................................................................... 88 4.3. Transmissão............................................................................................................. 89 4.4. Quadro clínico......................................................................................................... 90 4.5. Diagnóstico HCV....................................................................................................... 91 4.6. Tratamento............................................................................................................... 93 5. Hepatite D/E.................................................................................................................. 95 5.1. Hepatite D................................................................................................................. 95 5.2. Hepatite E................................................................................................................. 97 Referências............................................................................................................................. 98 Questões comentadas......................................................................................................... 99 Capítulo 4. SÍFILIS........... ................................................................................................ 103 1. Introdução....................................................................................................................... 103 2. Epidemiologia................................................................................................................ 103 3. Agente etiológico e manifestações clínicas.......................................................... 104 3.1. Agentes etiológico e quadro clínico........................................................................ 104 3.2. Diagnóstico diferencial secundarismo.................................................................. 105 3.3. Diagnóstico diferencial nas fases da doença........................................................ 105 19 linktr.ee/kiwifz (T) Sumário 4. Métodos diagnósticos.................................................................................................. 106 4.1. Diagnóstico laboratorial da sífilis.......................................................................... 106 5. Neurossífilis.................................................................................................................... 107 6. Tratamento....................................................................................................................... 107 6.1. Seguimento.............................................................................................................108 Referências............................................................................................................................. 109 Questões comentadas......................................................................................................... 110 Capítulo 5. CHIKUNGUNYA E ZIKA................................................... 115 1. Introdução....................................................................................................................... 115 2. Chikungunya.................................................................................................................... 115 2.1. Epidemiologia........................................................................................................... 115 2.2. Quadro clínico......................................................................................................... 116 2.3. Manejo e seguimento............................................................................................. 117 2.4. Complicações........................................................................................................... 117 2.5. Diagnóstico............................................................................................................... 117 2.6. Tratamento............................................................................................................... 118 3. Zika.................................................................................................................................... 118 3.1. Quadro clínico......................................................................................................... 118 3.2. Diagnóstico............................................................................................................... 119 3.3. Complicações........................................................................................................... 119 3.4. Tratamento............................................................................................................... 119 Referências............................................................................................................................. 119 Questões comentadas......................................................................................................... 120 Capítulo 6. DENGUE.......................................................................................................... 125 1. Introdução e epidemiologia....................................................................................... 125 2. Etiologia, vetor e fisiopatogenia................................................................................. 127 2.1. Virologia e vetor.......................................................................................................... 127 3. Fisiopatogenia................................................................................................................ 127 4. Quadro clínico e manejo clínico................................................................................. 129 4.1. Fase febril............................................................................................................... 129 4.2. Fase crítica............................................................................................................... 129 4.3. Fase de recuperação............................................................................................... 130 5. Manobras propedêuticas importantes................................................................... 130 6. Formas graves................................................................................................................ 130 7. Manejo clínico e classificação do Ministério da Saúde em grupos.................. 131 7.1. Avaliação inicial/anamnese e exame físico.......................................................... 132 7.2. Classificação de risco............................................................................................. 132 20 linktr.ee/kiwifz H nu un nn nr nn nt nn in > Sumário7.3. Manejo para os casos não graves (grupos A e B)................................................ 1347.4. Manejo para os casos graves (grupos C e D)........................................................ 134 7.5. Coagulopatia nos casos graves (grupos C e D)..................................................... 135 8. Critérios para internação hospitalar......................................................................... 135 9. Critérios de alta hospitalar.......................................................................................... 135 10. Diagnóstico laboratorial.............................................................................................. 135 10.1. Exames inespecíficos............................................................................................. 135 10.2. Específico - virológico........................................................................................... 135 11. Diagnóstico diferencial................................................................................................ 136 12. Prevenção......................................................................................................................... 138 12.1. Controle do vetor..................................................................................................... 138 12.2. Vacina....................................................................................................................... 138 Referências............................................................................................................................. 138 Questões comentadas......................................................................................................... 139 Capítulo 7. FEBRE AMARELA........................................................................................ 143 1. Introdução e epidemiologia....................................................................................... 143 2. Virologia, vetor e epidemiologia no Brasil............................................................ 144 2.1. Virologia................................................................................................................... 144 2.2. Vetores..................................................................................................................... 145 2.3. Epidemiologia........................................................................................................... 146 3. Apresentações clínicas................................................................................................ 147 4. Diagnóstico...................................................................................................................... 149 5. Tratamento...................................................................................................................... 150 5.1. Brasil 2018: primeiro transplante hepático do mundo em febre amarela........ 151 6. Prevenção......................................................................................................................... 152 6.1. Vacinação: (assunto a ser cobrado nos exames de residência)........................... 152 6.2. Fracionamento......................................................................................................... 152 6.3. Importante conhecer as indicações e situações específicas para vacinação .... 153 6.4. Contraindicações à vacinação................................................................................ 153 7. Considerações especiais............................................................................................ 154 Referências............................................................................................................................. 154 Questões comentadas.........................................................................................................155 Capítulo 8. MALÁRIA................................. 161 1. Introdução e epidemiologia....................................................................................... 161 1.1. Dados brasileiros..................................................................................................... 162 2. Vetor, etiologia e transmissibilidade........................................................................ 163 2.1. Ciclo de vida............................................................................................................. 163 21 linktr.ee/kiwifz (7) Sumário 3. Diagnóstico....................................................................................................................... 165 4. Quadro clínico................................................................................................................ 165 4.1. Malária nào complicada.......................................................................................... 165 4.2. Malária grave e complicada.................................................................................... 166 5. Tratamento....................................................................................................................... 167 5.1. Malária grave........................................................................................................... 168 6. Prevenção......................................................................................................................... 169 6.1. Quimioprofilaxia..................................................................................................... 169 6.2. Proteção contra picadas de insetos...................................................................... 169 Referências............................................................................................................................. 169 Questões comentadas......................................................................................................... 170 Capitulo 9. LEISHMANIOSE VISCERAL (CALAZAR).................................................. 173 1. Introdução e epidemiologia....................................................................................... 173 2. Agente etiológico e vetor............................................................................................ 175 3. Fisiopatogenia e quadro clínico................................................................................. 176 3.1. Formas clínicas....................................................................................................... 177 4. Diagnóstico....................................................................................................................... 178 4.1. Intradermorreaçào de Montenegro........................................................................ 179 4.2. Diagnóstico diferencial........................................................................................... 179 5. Tratamento....................................................................................................................... 179 6. Vigilância......................................................................................................................... 180 Referências............................................................................................................................. 181 Questões comentadas......................................................................................................... 182 22 linktr.ee/kiwifz DO QUE VOCÊ PRECISA SABER? O Agente etiológico: HIV-1/HIV-2 (1 predominante no mundo). O A infecção pelo HIV é um dos maiores problemas de saúde pública no mundo, ganhando grandes pro porções desde o final do século passado, sendo ainda um grande desafio global. O Tem sua morbidade fundada na imunodeficiência que provoca, propiciando o aparecimento de graves infecções oportunistas, além de neoplasias. O A história natural do HIV foi alterada drasticamente pela terapia antirretroviral (TARV) com o aumento da sobrevida dos pacientes, mediante reconstrução das funções do sistema imunológico e redução de doenças secundárias, melhorando, consequentemente, a qualidade de vida dos pacientes. O A epidemia brasileira está estabilizada nos últimos anos, concentrada em alguns grupos populacionais de risco (HSH jovens), porém ainda temos cerca de 30 a 40 mil casos novos por ano. O No Brasil, é exercido o programa de prevenção combinada que, como o próprio nome sugere, é o uso "combinado" de métodos preventivos, de acordo com as possibilidades e escolhas de cada indivíduo, sem excluir ou sobrepor um método a outro. O Em algumas situações, indica-se a Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP), a qual consiste no uso de antirretrovirais (ARV) para reduzir o risco de adquirir a infecção pelo HIV. O É importante que fique claro que o diagnóstico da infecção no Brasil nos dias atuais se baseia na rea lização de testes rápidos. O Busque elucidar o quadro clínico e a infecção aguda pelo HIV, bem como as situações que envolvam acidentes com material biológico e condutas. O Entenda como deve ser a avaliação inicial do paciente HIV+ e quais são as últimas recomendações acerca da terapia antirretroviral. O Descrever as principais infecções oportunistas e suas profilaxias. 1. INTRODUÇÃO A infecção pelo vírus HIV é uma doença que repre senta um dos maiores problemas de saúde pública no mundo em função do seu caráter pandêmico e de sua gravidade. Aproximadamente 35 milhões de pessoas vivem com HIV, segundo dados de 2017 da OMS (Organização Mundial de Saúde). A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) foi reconhecida em meados de 1981, nos EUA, a partir da identificação de um número elevado de pacientes adultos do sexo masculino, homossexuais e moradores de São Francisco e de Nova York, que apresentavam “sarcoma de Kaposi", pneumonia pelo Pneumocystis jiroveci e comprometimento do sistema imune, o que levou à conclusão de que se tratava de uma nova doença, ainda não classificada, de etiologia provavelmente infecciosa e transmissível. linktr.ee/kiwifz (7) Infecção pelo HIV Capítulo 1 Na casião, foi chamada de "peste gay" e de GRID (gay related immune deficiency), termos abandonados logo em seguida. Em 1983, o vírus foi isolado em pacientes com AIDS pelos pesquisadores Robert Gallo, nos EUA, e Luc Montagnier, na França, recebendo os nomes de LAV (Lymphadenopathy Associated Virus ou Vírus Asso ciado à Linfadenopatia) e HTLV-III (Human T-Lym- photropic Virus ou Vírus T-Linfotrópico Humano tipo III), respectivamente nos dois países. Em 1985, foi introduzida nos EUA a triagem anti-HIV nos bancos de sangue. O primeiro antirretroviral (AZT/zidovudina) foi descoberto em 1987. Em 1986, foi identificado um segundo agente etioló- gico, também retrovírus, com características seme lhantes ao HIV-1, denominado HIV-2. Nesse mesmo ano, um comitê internacional recomendou o termo HIV (Human Immunodeficiency Virus ou Vírus da Imunodeficiência Humana) para denominá-lo, reco nhecendo-o como capaz de infectar seres humanos. Esse tipo viral é de menor virulência e está presente em algumas populações da África. Em pouco mais de duas décadas de história, o vírus se espalhou por todo o planeta, transformando a doença numa das mais importantes do mundo em termos quantitativos, impacto epidemiológico e investimentos da indústria farmacêutica em terapia e vacina anti-HIV. Hoje conhecemos melhor a doença e sabemos do caráter inflamatório que ela apresenta. Os infectados evoluem para uma grave disfunção do sistema imunológico à medida que vão sendo destruídos os linfócitos T CD4+, uma das principais células-alvo do vírus. Figura 1. Meta 90/90/90 em 2020. 90% 90% 90% Testado A contagem de linfócitos T CD4+ é um importante marcador dessa imunodeficiência, sendo utilizada para estimar o prognóstico. A história natural do HlVfoi alterada drasticamentepela terapia antirretroviral (TARV) com o aumento da sobrevida dos pacientes, mediante reconstrução das funções do sistema imunológico e redução de doen ças secundárias e, consequentemente, melhorando a qualidade de vida dos pacientes. Novas classes de antirretrovirais foram descobertas com cada vez menos eventos adversos aos pacientes. Nos últimos anos, a epidemia de HIV apresentou redução da morbimortalidade, associada ao uso mais intensivo da TARV. No entanto, doenças cardiovascu- lares, hipertensão, diabetes e neoplasias se tornaram mais prevalentes entre as pessoas vivendo com o HIV. Esse novo cenário atribui à infecção um status de doença crônica. O caráter inflamatório do vírus tem sido muito discutido como parte importante dessas comorbidades. O futuro da doença tem esperança renovada na busca de vacinas e novas estratégias para a prevenção como a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP). Também para os próximos anos, temos perspectivas para uso de drogas injetáveis de meia-vida prolongada para tratamento e também para a profilaxia. Vacinas e drogas com ação nos reservatórios imunológicos são as maiores perspectivas para a cura da doença (Figura 1). Na última década, a doença assumiu característica de cronicidade, com muitas opções menos tóxicas para o tratamento e aumento significativo na expectativa de vida para pessoas vivendo com HIV/AIDS. Em tratamento Carga viral suprimida Até 2020, 90% das pessoas vivendo com HIV estarão cientes de seu estado sorológico positivo, 90% dos indivíduos com ò vírus estarão sob tratamento e 90% das pessoas em terapia estarão com a carga viral indetectável. Fonte: Ministério da Saúde? m ninnuinniinnnnnnrw 24 linktr.ee/kiwifz Infecção pelo HIV 2. ASPECTOS IMUNOLÓGICOS E VIROLÓGICOS HIV: Agente etiológico - HIV-1 e HIV-2, retrovírus da família Lentiviridae. O HIV pode ser transmitido por via sexual (esperma e secreção vaginal); pelo sangue (via parenteral e vertical); e pelo leite materno. Um outro retrovírus importante é o HLTV, que tem as mesmas vias de transmissão do HIV e está implicado em duas doen ças: leucemia/linfoma de células T e a paraparesia espástica tropical. FLASHCARPS Em quais doenças o HLTV está implicado? Leucemia/linfoma de células T e a paraparesia es pástica tropical. Embora não se saiba ao certo qual a origem do HIV-1 e 2, sabe-se que uma grande família de retrovírus relacionados a eles está presente em primatas não humanos, na África subsaariana. Todos os mem bros desta família de retrovírus possuem estrutura genômica semelhante, apresentando homologia em torno de 50%. Além disso, todos têm a capaci dade de infectar os linfócitos T de memória, que possuem o receptor CD4. Atenção especial também para o correceptor CCR5, outro principal envolvido no mecanismo de entrada do vírus na célula, e para o CXCR4, também envolvido, porém com menor impor tância. Já existem drogas cujo mecanismo de ação envolve a inibição do CCR5. Aparentemente, o HIV-1 e o HIV-2 passaram a infectar o homem há pou cas décadas; alguns trabalhos científicos recentes sugerem que isso tenha ocorrido entre os anos 1940 e 1950. Numerosos retrovírus de primatas não humanos encontrados na África têm apresentado grande similaridade com o HIV-1 e com o HIV-2. O vírus da imunodeficiência símia (SIV), que infecta uma subespécie de chimpanzés africanos, é 98% similar ao HIV-1, sugerindo que ambos evoluíram de uma origem comum. Por esses fatos, supõe-se que o HIV tenha origem africana. Ademais, diversos estudos sorológicos realizados na África, utilizando amostras de soro armazenadas desde as décadas de 1950 e 1960, reforçam essa hipótese. FLASHCARPS Pacientes em tratamento com carga viral indetectá- vel não transmitem a doença. Verdadeiro ou Falso? Verdadeiro, desde que sustentem a viremia suprimida. Desde o momento de aquisição da infecção, o porta dor do HIV é transmissor; entretanto, os indivíduos com infecção muito recente (“infecção aguda") ou imunossupressão avançada têm maior concentra ção do HIV no sangue (carga viral) e nas secreções sexuais, transmitindo com maior facilidade o vírus. Pacientes em tratamento com carga viral indetectável não transmitem a doença sexualmente, informação que gerou o “dogma" indetectável = não transmissor (CDC 2017). A infecção pelo HIV cursa com um amplo espectro de apresentações clínicas, desde a fase aguda até a fase avançada da doença (Figura 2). Em indivíduos não tratados, estima-se que o tempo médio entre o contágio e o aparecimento da doença esteja em torno de dez anos. Bl oc o A Figura 2. História Natural da Infecção pelo HIV. Fonte: Ministério da Saúde? 3. EPIDEMIOLOGIA E SITUAÇÃO GLOBAL E BRASILEIRA DO HIV A epidemia brasileira está estabilizada nos últimos anos, concentrada em alguns grupos populacionais, principalmente em pacientes jovens HSH. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que desde o início da epidemia, em 1981, até os dias atuais, 25 linktr.ee/kiwifz (7) Infecção pelo HIV Capítulo 1 cerca de 35 milhões de pessoas morreram de AIDS. Este é quase o número atual de indivíduos que vivem com HIV - as estimativas da OMS dão conta de 36,7 milhões de soropositivos no mundo inteiro. Números da OMS mostram que, em 2016, foi identificado 1,8 milhão de novas infecções pelo vírus e um total de 1 milhão de mortes decorrentes de complicações da AIDS. Na América Latina, o Brasil é o principal representante de novas infecções (Figura 3). Figura 3. Números de novas infecções. Fonte: Estatíticas.2 H Brasil México Venezuela 2] Colômbia Argentina j Chile Guatemala Peru Equador Panamá Outros Apesar disso e de muitos óbitos relacionados ao HIV, o número total teve uma queda importante, passando de 1,5 milhão em 2010 para 1 milhão em 2016. Na América Latina, o número de pessoas que morreram pela infecção também caiu, mas em uma taxa menor: foram 36 mil mortes em 2016,12% abaixo de 2010. Determinados segmentos populacionais em nosso país, devido a vulnerabilidades específicas, estão sob maior risco de se infectar pelo HIV, em dife rentes contextos sociais e tipos de epidemia. Essas populações, por estarem sob maior risco, devem ser alvo prioritário para alvo preventivo. No Brasil, a prevalência da infecção pelo HIV, na população geral, encontra-se em 0,8%, que é con siderada uma prevalência intermediária, enquanto alguns segmentos populacionais demonstram pre- valências de HIV mais elevadas. Esses subgrupos populacionais são goys e outros HSH, pessoas que usam drogas, profissionais do sexo e pessoas trans. Estima-se que ocorram cerca de 40 mil casos novos por ano. Ou seja, temos uma epidemia estabilizada, porém não controlada, além de concentrada em determinadas populações. 4. PREVENÇÃO E PROFILAXIA | 4.1. PREVENÇÃO COMBINADA NO BRASIL A prevenção é um dos assuntos mais importantes relacionados ao HIV. No Brasil, temos como parte do programa a dita prevenção combinada. Dentro do conjunto de ferramentas dela, inserem-se: O Testagem para o HIV. O Profilaxia Pós-Exposição ao HIV (PEP). O Uso regular de preservativos. O Diagnóstico oportuno e tratamento adequado de infecções sexualmente transmissíveis (IST). O Redução de danos. O Gerenciamento de vulnerabilidade. O Supressão da replicação viral pelo tratamento antirretroviral. O Profilaxia Pré-Exposição (PrEP). A política brasileira de enfrentamento ao HIV/AIDS reconhece que nenhuma intervenção de prevenção isolada é suficiente para reduzir novas infecções e que diferentes fatores de risco de exposição, trans missão e infecção operam, de forma dinâmica, em diferentes condições sociais, econômicas, culturais e políticas. Deve-se ofertar às pessoas que procuram os serviços de saúde e estratégias abrangentes de prevenção, a fim de garantir uma maior diversidade de opções que orientem suas decisões. A pessoa deve escolher o(s) método(s) que melhor se adeque(m) às condições e circunstâncias de sua vida, tendo comoprincípios norteadores a garantia de direitos humanos e o respeito à autonomia do indivíduo. Como o próprio nome sugere, a "prevenção combi nada” sugere o uso "combinado" de métodos preven tivos, de acordo com as possibilidades e escolhas de cada indivíduo, sem excluir ou sobrepor um método a outro. 26 linktr.ee/kiwifz Infecção pelo HIV O termo Prevenção Combinada do HIV refere-se a diferentes ações de prevenção, tanto as diretamente voltadas ao combate do HIV quanto aos fatores associados à infecção. Assim, sua definição parte do pressuposto de que diferentes ações devem ser conciliadas em uma ampla estratégia, mediante a combinação dos três eixos de intervenções para pre venção ao HIV: as biomédicas, as comportamentais e as estruturais. A associação dessas diferentes abor dagens não encerra, contudo, todos os significados e possibilidades do termo "Prevenção Combinada". Essa conjunção de ações deve ser centrada nos indivíduos, em seus grupos sociais e na sociedade em que estes se inserem. A premissa básica é a de que estratégias de prevenção devem observar, de forma concomitante, esses diferentes focos, sempre considerando as especificidades dos sujeitos e dos seus contextos. As intervenções biomédicas são aquelas cujo foco está na redução do risco à exposição dos indivíduos ao HIV, a partir de estratégias que impeçam sua transmissão direta, na interação entre uma ou mais pessoas infectadas pelo vírus e outras pessoas não infectadas. As principais intervenções biomédicas são as profilaxias (pré e pós-exposição) e o tratamento como prevenção. Por sua vez, as intervenções comportamentais cons tituem-se naquelas cujo foco está na abordagem dos diferentes graus de risco aos quais os indivíduos estão expostos. Por fim, as intervenções estruturais remetem às estratégias voltadas a interferir nos aspectos sociais, culturais, políticos e econômicos que criam ou poten cializam vulnerabilidades dos indivíduos ou segmen tos sociais em relação ao HIV. O símbolo da mandala representa a combinação de algumas das diferentes estratégias de prevenção (biomédicas, comportamentais e estruturais), pois apresenta a ideia de movimento em relação às pos sibilidades de prevenção, tendo os marcos legais e as intervenções estruturais como base dessas conjugações (Figura 4). lo co A W A V V V V V lll V V V V l V V Figura 4. Mandala de Prevenção Combinada. Fonte: Ministério da Saúde.1 27 linktr.ee/kiwifz (£) Infecção pelo HIV Capítulo 1 Sa 4.2. TRATAMENTO COMO PREVENÇÃO (U=U) Conforme demonstrado nos estudos HPTN 052, Part- ner e Opposite Attract, o risco de uma pessoa vivendo com HIV/AIDS, que esteja com carga viral indetectável há pelo menos seis meses, em uso regular da medi cação antirretroviral, transmitir o vírus por via sexual é considerado insignificante, o que gerou o dogma indetectável igual a não transmissível, publicação histórica do CDC em 2017. Tratar todas as pessoas vivendo com HIV/AIDS e conseguir manter supressão viral tornou-se uma das grandes ferramentas de impedir novos casos (tratamento como prevenção). A declaração desse consenso internacional foi endos sada por investigadores importantes de cada um dos estudos que examinaram a questão e por quinhentas organizações internacionais. É importante reconhecer que há pessoas vivendo com HIV que, por razões diversas, não alcançam o status de carga viral indetectável. Nesse caso, continuam a transmitir o vírus. 4.3. PREP (PROFILAXIA PRÉ-EXPOSIÇÀO) A Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP) consiste no uso de antirretrovirais (ARV) para reduzir o risco de adquirira infecção pelo HIV. A eficácia e a segurança da PrEP já foram demonstradas em diversos estu dos clínicos e subpopulações, e sua efetividade foi evidenciada em estudos de demonstração. FLASHCARDS Quais antirretrovirais são utilizados na Profilaxia Pré-Exposição ao HIV? TDFeFTC. O esquema recomendado para uso na PrEP é a com binação dos antirretrovirais Fumarato de Tenofovir Desoproxila (TDF) e Entricitabina (FTC), cuja eficácia e segurança foram demonstradas, com poucos even tos adversos associados ao seu uso. O uso deve ser diário e a eficácia de proteção contra o vírus HIV com o uso dessas medicações chega próximo de 99% nos últimos estudos publicados. Determinados segmentos populacionais, devido a vulnerabilidades específicas, estão sob maior risco de se infectar pelo HIV, em diferentes contextos sociais e tipos de epidemia. Essas populações, por estarem sob maior risco, devem ser alvo prioritário para o uso de PrEP (HSH, profissionais do sexo e população trans). Assim, novamente, o simples pertencimento a um desses grupos não é suficiente para caracterizar indivíduos com exposição frequente ao HIV. Para essa caracterização, é necessário observar as prá ticas sexuais, as parcerias sexuais e os contextos específicos associados a um maior risco de infecção. Portanto, devem também ser considerados outros indicativos, tais como: O Repetição de práticas sexuais anais e/ou vaginais com penetração sem o uso de preservativo. O Frequência das relações sexuais com parceiros(as) eventuais. O Quantidade e diversidade de parceiros(as) sexuais. O Histórico de episódios de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST). O Busca repetida por Profilaxia Pós-Exposição (PEP). O Contextos de troca de sexo por dinheiro, objetos de valor, drogas, moradia etc. A PrEP é um método seguro e eficaz na prevenção do HIV, com raros eventos adversos, os quais, quando ocorrem, são transitórios e passíveis de serem mane jados clinicamente. A efetividade dessa estratégia está diretamente relacionada ao grau de adesão à profilaxia. O uso diário e regular da medicação é fundamental para a proteção contra o HIV. Deve-se enfatizar que PrEP não previne as demais IST ou hepatites virais, sendo necessário, portanto, orientar a pessoa sobre o uso de preservativos. Também é muito importante realizar sorologia anti- -HIV e outras ISTs antes da introdução da PrEP e oferecer imunização para hepatites virais (A e B) e HPV. Além disso, a cada três meses, os indivíduos em uso dessa estratégia devem ser monitorizados com sorologias para as ISTs, especialmente para sífilis e hepatites virais. Afunção renal necessita ser regularmente avaliada, pela dosagem de creatinina sérica e urinária para o cálculo do CICr, devido à possibilidade de dano renal associado ao TDF (Tabela 1). 28 linktr.ee/kiwifz Infecção pelo HIV Tabela 1. Monitorização de Pacientes em uso de PrEP. Exames Método Periodicidade Teste para HIV Teste rápido para HIV, utilizando amostra de sangue total, soro ou plasma Trimestral (toda consulta de PrEP) Teste para Sífilis Teste treponêmico de sífilis (ex. teste rápido ou ELISA) ou não treponêmico (ex. VDRL ou RPR ou Trust) Trimestral Identificação de outras IST (clamídia e gonococo) Pesquisa em urina ou secreção genital (utilizar metodologia disponível na rese, Ex. cultura) Semestral (ou mais frequente em caso de sintomatologia) Teste para hepatite B, em caso de não soroconversão da vacina Pesquisa de HBsAg (ex.TR) e Anti-HBs A depender da soroconversão da vacina para HBV. Teste para hepatite C Pesquisa de Anti-HCV (ex. TR) Trimestral Monitoramento da função renal Clearance de creatinina Dosagem de ureia e creatinina sérica Avaliação da proteinúria (amostra isolada de urina) Trimestral Monitoramento da função hepâtica Enzimas hepáticas (AST/ALT) Trimestral Teste de gravidez Trimestral ou quando necessário Fonte: Ministério da Saúde.3 CLÍNICA/DIAGNÓSTICO/TRATAMENTO E DOENÇAS OPORTUNISTAS RELACIONADAS AO HIV 5. QUADRO CLÍNICO 5.1. INFECÇÃO AGUDA PELO HIV FLASHCARDS Como pode se apresentar clinicamente a infecção aguda pelo HIV? Síndrome da “mono-like" com febre, rash e ade- nomegalias. A infecção aguda pelo HIV ocorre nas primeiras sema nas do contato, quando o vírus está sendo replicado intensivamente nos tecidos linfoides. Durante essafase, tem-se carga viral elevada e níveis decrescentes de linfócitos, em especial os linfócitos-CD4+, uma vez que estes são recrutados para a reprodução viral. O indivíduo, nesse período, torna-se altamente infectante. Diagnóstico desta fase é pouco realizado, devido ao baixo índice de suspeição, caracterizando-se por viremia elevada. O exame de eleição é a carga viral nessa fase, apesar de os ensaios ELISA serem muito sensíveis e apresentarem uma pequena janela imunológica (menos de 4 semanas). linktr.ee/kiwifz (7) Infecção pelo HIV Capítulo 1 FLASHCARDS Como se comporta a carga viral e os níveis de CD4+ na infecção aguda pelo HIV? Alta carga viral e níveis decrescentes de linfócitos. Muitas vezes, a sorologia pode vir positiva já na infecção aguda, pela diminuição da janela imuno- lógica para os testes de quarta geração. As manifestações clínicas variam desde quadro gripai até uma síndrome que se assemelha à mono- nucleose (mononucleose-like). Também pode ser assintomática. Sintomas: febre, adenopatia, faringite, mialgia, artral- gia, rash cutâneo maculopapular eritematoso, ulce- rações mucocutâneas, envolvendo mucosa oral, esôfago e genitália; hiporexia, adinamia, cefaleia, fotofobia, hepatoesplenomegalia, perda de peso, náuseas e vômitos. Os sintomas duram, em média, 14 dias, podendo o quadro clínico ser autolimitado. A maior parte dos sinais e sintomas desaparece em três a quatro semanas. Linfadenopatia, letargia e astenia podem persistir por vários meses. A pre sença de manifestações clínicas mais intensas e prolongadas (por período superior a 14 dias) pode estar associada à progressão mais rápida da doença. IMPORTANTE - Sempre perguntar na história epide- miológica antecedente de relações sexuais despro tegidas na suspeita de infecção aguda. Extensa lista de diagnósticos diferenciais: lembrar do secundarismo (sífilis) O Autolimitada e sintomas desaparecendo em 3 a 4 semanas; O Tratamento imediato com antirretrovirais. É muito importante que o médico, diante de um quadro viral agudo, considere a infecção aguda pelo HIV entre os diagnósticos possíveis e investigue potenciais fatores de exposição ao vírus. 5.2. LATÊNCIA CLÍNICA E SÍNDROME DE IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA Na fase de latência clínica, o exame físico costuma ser normal, exceto pela linfadenopatia, que pode persistir após a infecção aguda. A presença de lin fadenopatia generalizada persistente é frequente e seu diagnóstico diferencial inclui doenças linfopro- liferativas e tuberculose ganglionar. Podem ocorrer alterações nos exames laboratoriais, sendo a plaquetopenia um achado comum, embora sem repercussão clínica na maioria dos casos. Além disso, anemia (normocrômica e normocítica) e leu- copenia leves podem estar presentes. Enquanto a contagem de linfócitos-CD4+ permanece acima de 350 céls/mm3, os episódios infecciosos mais frequentes são geralmente bacterianos, como as infecções respiratórias ou mesmo TB. Com a progressão da infecção, começam a ser observadas apresentações atípicas das infecções, resposta tardia à antibioticoterapia e/ou reativação de infecções antigas (Tabela 2). À medida que a infecção progride, sintomas cons titucionais (febre baixa, perda ponderai, sudorese noturna, fadiga), diarréia crônica, cefaleia, alterações neurológicas, infecções bacterianas (pneumonia, sinusite, bronquite) e lesões orais, como a leucopla- sia oral pilosa, tornam-se mais frequentes, além do herpes-zóster. Nesse período, já é possível encontrar diminuição na contagem de LT-CD4+, situada entre 200 e 300 céls/mm3. Tabela 2. Manifestações de Imunodeficiência Moderada. Perda de peso inexplicada (> 10% do peso) Diarréia crônica por mais de 1 mês Febre persistente inexplicada por mais de 1 mês (> 37,6°C, intermitente ou constante) Candidíase oral persistente Candidíase vulvovaginal persistente, frequente ou não responsiva à terapia Leucoplasia pilosa oral Infecções bacterianas graves (ex.: pneumonia, empiema, meningite, piomiosite, infeções osteoarticulares, bacteremia, doença inflamatória pélvica grave) Estomatite, gengivite ou periodontite aguda necrosante 11 1 n u n h n n h u u u h i h u t 30 linktr.ee/kiwifz Infecção pelo HIV HT«] Anemia inexplicada (< 8 g/dL), neutropenia (<500 células/pL) e/ou trombocitopenia crônica (< 50.000 células/pL) Angiomatose bacilar ---------------------- ———------------------------------------- Displasia cervical (moderada ou grave)/ carcinoma cervical in situ _____________________________________________ Herpes zoster (> 2 episódios ou > 2 dermátomos) Listeriose Neuropatia periférica Bl oc o A Púrpura trombocitopênica idiopática (PTI) Fonte: Ministério da Saúde.3 A candidíase oral é um marcador clínico precoce de imunodepressão grave, e foi associada ao subse quente desenvolvimento de pneumonia por Pneu- mocystis jiroveci. Diarréia crônica e febre de ori gem indeterminada, bem como a leucoplasia oral pilosa, também são preditores de evolução para AIDS (Tabela 3). Tabela 3. Manifestações de Imunodeficiência Avançada (Doenças Definidoras de AIDS). Manifestações de imunodeficiência avançada (a) (doenças definidoras de aids) Síndrome consumptiva associada ao HIV (perda involuntária de mais de 10% do peso habitual), associada â diarréia crônica (dois ou mais episódios por dia com duração > 1 mês) ou fadiga crônica e febre > 1 mês RESIDÊNCIA MÉDICA <L-T/ - « n n o Manifestações de imunodeficiência avançada (a) (doenças definidoras de aids) Sarcoma de Kaposi Doença por CMV (retinite ou outros órgãos, exceto fígado, baço ou linfonodos Neurotoxoplasmose Encefalopatia pelo HIV Criptococose extrapulmonar Infecção disseminada por micobactérias não M. tuberculosis Leucoencefalopatia multifocal progressiva (LEMP) Criptosporidiose intestinal crônica (duração > 1 mês) Isosporíase intestinal crônica (duração > 1 mês) Micoses disseminadas (histoplasmose, coccidioidomicose) Septicemia recorrente por Satmonella não typhi Linfoma não hodgkin de células B ou primário do sistema nervoso central Carcinoma cervical invasivo Reativação de doença de Chagas (meningoencefalite e/ou miocardite) Leishmaniose atípica disseminada Nefropatia ou cardiomiopatia sintomática associada ao HIV Fonte: Ministério da Saúde.3 Pneumonia por Pneumocystis jiroveci Pneumonia bacteriana recorrente (dois ou mais episódios em um ano) Herpes simples com úlceras mucocutânea (duração > 1 mês) ou visceral em qualquer localização O aparecimento de Infecções oportunistas (IO) e neo- plasias é definidor da AIDS. Entre as IO, destacam-se: pneumocistose, neurotoxoplasmose, tuberculose pulmonar atípica ou disseminada, meningite crip- tocócica e retinite por citomegalovírus. Candidíase esofágica ou de traqueia, brônquios ou pulmões TB pulmonar e extrapulmonar FLASHCARDS Quais as neoplasias mais comuns associadas à AIDS? Sarcoma de Kaposi, Linfoma nâo Hodgkin e Câncer de Colo de Útero. 31 linktr.ee/kiwifz (7) Infecção pelo HIV Capítulo 1 As neoplasias mais comuns são sarcoma de Kaposi (SK), linfoma não Hodgkin e câncer de colo uterino, em mulheres jovens. Nessas situações, a contagem de linfócitos CD4+ situa-se abaixo de 200 céls/mms, na maioria das vezes. Além das infecções e das manifestações não infec ciosas, o HIV pode causar doenças por dano direto a certos órgãos ou por processos inflamatórios, tais como miocardiopatia, nefropatia e neuropatias, que podem estar presentes durante toda a evolução da infecção pelo HIV. O Se fonte HIV+ iniciar ARV; O Esquema: TDF/3TC/Dolutegravir por 28 dias; O Monitorizar com seguimento em 30 e 90 dias após a data do acidente; O Fonte desconhecida: oferecer profilaxia para o aci dentado; fonte CVindetectável-.oferecertambém! O Apesar do dogma "indetectável = intransmissível”, o mesmo só é válido e estudado para transmissão sexual. É recomendado oferecer PEP para quem foi exposto em caso de acidente. FLASHCARDSAcidente com material biológico fonte HIV+: como é feita profilaxia? Antirretrovirais por 28 dias. Obs.: não esquecertambém as condutas com relação aos vírus das hepatites B e C. O primeiro atendimento após a exposição ao HIV é uma urgência médica. A PEP deve ser iniciada o mais precocemente possível, tendo como limite as 72 horas subsequentes à exposição. Adendo: Acidente com material biológico com fonte HIV + No atendimento inicial após a exposição ao HIV, faz-se necessário que o profissional avalie como, quando e com quem ocorreu a exposição, além de investigar a condição sorológica da pessoa exposta e da pessoa fonte da exposição. Assim, a partir da avaliação desses critérios objetivos, será possível definir se há ou não indicação de início da profilaxia pós-exposição (PEP). 6. DIAGNÓSTICO DA INFECÇÃO PELO VÍRUS HIV FLASHCARDS Como diagnosticar HIV com testes rápidos? Dois testes rápidos diferentes (fabricantes) positivos. FLASHCARDS Quais as duas situações de exposição de risco ao HIV que têm a mesma conduta dos acidentes biológicos? Violência e exposição sexual de risco, e nessas si tuações avaliar as outras ISTs, como sífilis, gono- coco e clamídia. Pontos-chave no abordagem do acidente: O Colher sorologia acidentado momento zero (po de ocorrer de o acidentado já ter HIV e nunca ter sido testado); O Realizarteste rápido na FONTE para avaliar status com relação ao HIV; As estratégias de testagem têm o objetivo de melho rar a qualidade do diagnóstico da infecção recente pelo HIV e, ao mesmo tempo, fornecer uma base racional para assegurar que o diagnóstico seja seguro e concluído rapidamente. Hoje temos disponíveis para o diagnóstico ensaios de quarta geração que detectam simultaneamente o antígeno p24 e anticor pos específicos anti-HIV. Devemos levar em conside ração o tempo que cada marcador leva para surgir, visando adequar o melhor método diagnóstico para o quadro, conforme gráfico abaixo. Por exemplo, em caso de suspeita de exposição recente com síndrome retroviral aguda, podemos solicitar carga viral, uma vez que o teste rápido ou a sorologia ainda podem estar negativos (figuras 5 e 6). 32 linktr.ee/kiwifz Infecção pelo HIV RESIDÊNCIA MÉDICA Figura 5. Diagnóstico da Infecção pelo HIV por testes rápidos. Fonte: Adaptado pelo Autor. Dois testes rápidos ELISA de fabricantes diferentes positivos realizados no mesmo momento fazem o diagnóstico: ELISA de quarta geração altamente sensível (99%) e específico (99%). O Custo-efetividade dos testes rápidos, início de TARV; O Amostras inconclusivas: nessa situação, realizar Western blot ou carga viral do HIV; O Sempre realizar aconselhamento pré e pós-teste; O Resultados falso positivos: gestação, sífilis, doen ças autoimunes, Chagas, vacinação recente. Figura 6. Marcadores e períodos correspondentes ao longo do tempo. Semanas de infecção Fonte: Ministério da Saúde.' 7. ABORDAGEM INICIAL DO PACIENTE HIV + A abordagem laboratorial no início do acompanha mento clínico auxilia a avaliação da condição geral de saúde, a pesquisa de comorbidades e a presença de coinfecções. É importante checar sorologias de outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), contexto metabólico, avaliar histórico de uso de álcool, tabagismo e drogas recreativas e antece dentes psiquiátricos. Essa primeira consulta fornece informações labo ratoriais basais pré-tratamento, bem como orienta sobre a necessidade de imunizações ou profilaxias (Tabela 4). Tabela 4. Exames de primeira consulta na abordagem inicial do paciente HIV+. Contagem de LT-CD4+ e exame de CV-HIV Genotipagem pré-tratamento Hemograma completo Glicemia de jejum linktr.ee/kiwifz (7) Infecção pelo HIV Capítulo 1 Dosagem de lipídios (colesterol total, HDL, LDL, TG) Avaliação hepática e renal (AST, ALT, FA, BTF, Cr, exame básico de urina) Teste imunológico para sífilis Sorologias para hepatites virais IgG para toxoplasmose Sorologia para HTLV I e II e Chagas Prova Tuberculínica (PT) Radiografia de tórax ativa utilizando critérios clínicos, exame de escarro e radiografia de tórax. O tratamento da infecção latente com isoniazida (INH) é recomendado para todas as PVHIV com PT maior ou igual a 5 mm com CD4 > 350, desde que excluída TB ativa, ou com CD4 < 350 independente do PPD. O tratamento da ILTB com isoniazida reduz significativamente o risco de desenvolvimento de TB em PVHIV com PT reagente nos anos seguintes, constituindo, portanto, estratégia importante e duradoura de proteção contra a TB. Fonte: Ministério da Saúde.3 9. TRATAMENTO: INDICAÇÕES 8. IMPORTANTE: HIV / TUBERCULOSE: PPD A TB é a principal causa de óbito por doença infec ciosa em HIV+, e por isso deve ser pesquisada em todas as consultas. A pesquisa deve iniciar-se com o questionamento sobre a presença dos seguintes sintomas: tosse, febre, emagrecimento e/ou sudorese noturna. A presença de qualquer um desses sintomas pode indicar TB ativa e requer investigação. FLASHCARDS Qual é a doença oportunista mais comum relacio nada ao HIV? Tuberculose! A infecção pelo HIV eleva o risco de desenvolvimento de TB ativa em indivíduos com TB latente, sendo o mais importante fator de risco para TB. A PT (prova tuberculínica) é importante para o diag nóstico da infecção latente da tuberculose (ILTB) e constitui um marcador de risco para o desenvolvi mento de TB ativa, devendo ser realizada em todas as pessoas vivendo com HIV (PVHIV), mesmo que assintomáticas para TB. Caso a PT seja inferior a 5 mm, recomenda-se sua repetição anual e também após a reconstituição imunológica com o uso da TARV. Para indicar o tra tamento da infecção latente, deve-se excluir TB FLASHCARDS Quando iniciar o tratamento para paciente com diag nóstico HIV? Para qualquer paciente, independentemente de con tagem de células CD4. A recomendação de início precoce da TARV considera, além dos claros benefícios relacionados à redução da morbimortalidade em pessoas vivendo com HIV, a diminuição da transmissão da infecção, o impacto na redução da tuberculose - a qual constitui principal causa infecciosa de óbitos em pacientes com HIV no Brasil e no mundo - e a disponibilidade de opções terapêuticas mais cômodas e bem toleradas. Entretanto, nenhuma estratégia é totalmente eficaz sem considerar a importância de reforçar a adesão à TARV. Muitos estudos respaldam o início precoce de TARV. O estudo START mostrou benefícios inquestionáveis para o início de tratamento em pacientes assinto- máticos, INDEPENDENTEMENTE DA CONTAGEM DE CÉLULAS CD4+, com diminuição de eventos como tuberculose, neoplasias entre outros. Assim, a terapia está indicada para todos pacientes, em especial os sintomáticos, independentemente da contagem de linfócitos-CD4+. Deve sempre incluir combinações de três antirretrovirais (ARV), sendo dois ITRN (Inibidores Nucleosídeos da Transcriptase Reversa análogos de nucleosídeos)/ ITRNt (Inibidores Nucleosídeos da Transcriptase Reversa análogos 34 linktr.ee/kiwifz Infecção pelo HIV de nucleotídeos) associados a uma outra classe de ARV (ITRNN - Inibidores Não Nucleosídeos da Trans- criptase Reversa, IP/r - Inibidores de Protease ou INI - Inibidores da Integrase). No Brasil, para os casos em início de tratamento, o esquema inicial preferencial deve ser a associação de dois ITRN/ITRNt - lamivudina (3TC) e tenofovir (TDF) - associados ao inibidor de integrase (INI) - dolutegravir (DTG). Exceção a esse esquema deve ser observada para os casos de coinfecção TB-HIV e gestantes. Então, o esquema inicial de escolha no Brasil é a combinação de Tenofovir/lamivudina/ dolutegravir. FLASHCARDS Como é o esquema terapêutico inicial no HIV? TDF + 3TC ♦ DTG. Na impossibilidade de usar tenofovir (função renal alterada), as outras opções são abacavir e zidovudina. Na coinfecção HIV/TB, usar o raltegravir no lugar no dolutegravir. Na gestação, também usar raltegravir (tabelas 5 e 6): Bl oc o A Opções terapêuticas
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