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Trabalho de Parto - Na gestação de 37 a 42 semanas - Processo dinâmico: através do qual um útero gravídico, por meio de atividade contrátil, expulsa um feto com IG igual ou superior a 22 semanas e/ou peso igual ou superior a 500g e/ou tamanho igual ou superior a 25cm - Período latente: contrações uterinas de treinamento, irregulares, duração curta, não efetivas - TP ativo – conjunto de elementos: → Contrações (metrossístoles), rítmicas, pelo menos 2/3 em 10min, com duração maior que 30/40seg. Presença de 12 contrações em 1h de observação. → Colo dilatado ao menos em 4cm. Apagamento ou esvaecimento do colo. Dilatação de colo uterino progressiva até 10cm 1. Dilatação do colo uterino até 10 cm 2. Descida fetal pelo canal vaginal até expulsão do feto (período expulsivo) 3. Secundamento ou dequitação ou delivramento (expulsão da placenta espontânea até 30min) 4. Primeira hora após o delivramento, ocorre miotamponagem para conter sangramento uterino – o útero contrai de uma forma que bloqueia os vasos que estavam nutrindo a placenta (formação do globo de segurança de Pinard) – evita hemorragia pós-parto - O trabalho de parto é um período muito longo, e antes de ele ocorrer, existe uma fase de latência: Fase de latência: período não contínuo, contrações dolorosas irregulares, com modificação cervical, como esvaecimento e dilatação até 3/4cm → Primíparas de 20h → Multíparas de 14h Fase ativa ou fase de dilatação: contrações regulares efetivas e dilatação cervical progressiva a partir dos 4cm (contrações 2/10’/40’’) → Primípara: 1cm/2h → Multípara: 1,5/h – faz a avaliação mais frequente porque tem vezes que ela dilata muito rápido e não segue essa “regra” – é bem individualizado - Duração da fase ativa: → 12h da primípara (pouco provável mais que 18h) → 4h na multípara (pouco provável mais que 12h) ESVAECIMENTO / APAGAMENTO DO COLO: - O colo do útero era mais longo, ele vai ficando mais curto e mais fino, vira uma pequena membrana e no esvaecimento completo começa a abertura/ dilatação - Na multípara, o esvaecimento e dilatação podem ocorrer simultaneamente *Parte azul = chamada de bolsa das águas – essa bolsa pode não romper e o parto pode ocorrer com ela íntegra (parto empelicado) - O feto é envolto por líquido amniótico (bolsa amniótica). A bolsa pode se romper (rotura ou amniorexe) → Espontaneamente → Artificialmente – amniotomia (quando necessário e sempre com a autorização da mãe) A dilatação vai aumentando dessa forma - No exame de toque, mede o diâmetro dessa dilatação - A contração tem uma característica triplo gradiente descendente – é muito maior no fundo do útero do que no colo – pois ali vai ter a força muscular empurrando o bebê para o canal de parto Fase de expulsão: descida do feto representada pela altura da apresentação: plano Hodge ou plano De Lee (mais utilizado no Brasil) - Duração da expulsão do feto pela ACOG (colégio americano de ginecologia e obstetrícia) → Primípara: 2h sem analgesia e 3h com analgesia → Multípara: 1h sem analgesia e 2h com analgesia OBS.: O tempo de duração não contraindica a analgesia FORÇAS DE EXPULSÃO: Essas forças são espontâneas, a paciente sente o momento de empurrar o bebê para a saída No momento que o bebê já esta na fase de expulsão tem uma soma de força dos músculos abdominais com o útero – a mãe tem a vontade involuntária, a necessidade de fazer a força (é chamada de puxo) *No exame de toque vaginal, é possível perceber protuberâncias (espinhas esquiáticas) na parede da vagina (plano 0 no De Lee e 3 no Hodge) – é a referência que diz se o bebê já está insinuado para sair pelo canal vaginal VEJAMOS A CORRELAÇÃO ENTRE ESTÁGIOS DO PARTO (MÃE) x MECANISMO DO PARTO EM VÉRTICE (FETO): ESTÁGIOS DO PARTO MECANISMO DO PARTO EM VÉRTICE I – DILATAÇÃO E APAGAMENTO INSINUAÇÃO II – EXPULSIVO DESCIDA OU PROGRESSÃO ROTAÇÃO INTERNA DA CABEÇA III – DEQUITAÇÃO DA PLACENTA DESPRENDIMENTO DO POLO CEFÁLICO ROTAÇÃO EXTERNA DA CABEÇA IV – PERÍODO DE GREENBERG DESPRENDIMENTO DOOVOIDE CÓRNICO (OMBROS E TRONCO) *O bebê com a cabeça fletida consegue deslizar e rodar muito mais fácil. As deflexões de 2º-4º graus são difíceis de ocorrer a expulsão – se tiver com muita dificuldade pode indicar a cesárea - Existem instrumentos que podem ajudar na descida. Nesse caso, vira um parto vaginal operatório – artificial: PASF (FÓRCEPS) E PSAV (VÁCUO): - Se houver parada de progressão ao final da expulsão fetal – o feto está parado em altura + 3 ou + 4 (próximo a vulva), analisa: → Bradicardia fetal? → Deflexão do polo cefálico? → Período expulsivo prolongado? O que fazer? Fórceps de alívio (tipo Simpson) *é preciso saber usar para não traumatizar nem o bebê nem a mãe Parto vaginal a vácuo extrator: APRESENTAÇÃO DO BEBÊ: - Dependendo da apresentação do bebê, é necessário indicar cesárea. A apresentação pélvica não é uma contraindicação absoluta, mas na maioria das vezes, principalmente quando é o primeiro filho, é indicada a cesárea por causa dos riscos. - O parto é como se fosse um teste – testa a bacia da mulher – se é o primeiro filho, não há nenhuma certificação de que a bacia da mulher consegue passar o bebê e por isso é indicada a cesárea na maioria das vezes (mas na literatura não é uma indicação formal) - A apresentação pélvica pode ser completa ou incompleta: - Dependendo da pelve da mulher, pode sair as pernas, o corpo, mas pode ter dificuldade de extrair a cabeça. Nesse caso, o médico tem que estar treinado para saber utilizar o fórceps (tipo Piper): Delivramento, dequitação, secundamento: forma de saída da placenta 75% dos casos: BAUDELOCQUE – SHULTZE: → Face fetal (onde estava o cordão) → Sangramento posterior à saída da placenta → Inserção fúndica 25% dos casos: BAUDELOCQUE – DUNCAN: → Face materna (onde estava aderida ao útero) → Sangramento anterior à saída da placenta → Inserção lateral *São características de saída da placenta, mas a assistência é a mesma 1ª hora após o parto: - Ação da ocitocina: → Endógena (sucção do RN: reflexo uteromamário) → Exógena (ocitocina intramuscular de rotina) - Miotaponagem: manter tônus uterino após o parto → Formação do globo de segurança de Pinard (GSP) → Fase clínica do parto importante para prevenção de hemorragia pós-parto (HPP), causa de mortalidade materna relevante no Brasil 1. Sra Rita, 32 anos, queixa-se de contração (dor) há 4 horas ➢ G2P1 (PSNV há 3 anos). Fez pré-natal e traz caderneta de gestante com registro de 3 consultas de pré-natal ➢ IG hoje: 37 semanas e 3 dias ➢ BEG, LOTE, FC: 88bpm, PA: 120x70 mmHg, mucosas normocrômicas ➢ Mamas: flácidas, mamilos protusos e descarga papilar positiva ➢ AP RESP: MVBD. AP CV: BRNF, em 2T ➢ Abdome: globoso às custas de útero gravídico, AU de 34cm, feto único, em situação longitudinal, posição à direita, apresentação cefálica, insinuada, asculta fetal em QID com 144bpm, presença de metrossístole, 1/10’/20’’ (1 contração em 10min, durante 20seg), bolsa íntegra, esvaecimento de colo, se dilatação e sangramento genital ausente. ➢ MMII: sem edema - Sra Rita está em trabalho de parto ativo? Não! - Qual sua conduta para ela? Interna? Não tem necessidade de internar pois ela não está em trabalho de parto ativo. Ela está em período de latência, então é preciso explicar que está tudo bem com a paciente e com o bebê e que essa dor vai continuar até ela entrar em trabalho de parto ativo. 2. Sra Maria, 25 anos. Refere dor abdominal há 6 horas. ➢ G5P3 (PSNV) A1 (espontâneo), IG 37 semanas por DUM confirmada (USG 1º trimestre) ➢ Não fez pré-natal. Nega patologias e alergias. ➢ BEG, LOTE, FC: 96bpm. PA: 110x70mmHg. Mucosas normocrômicas ➢ Mamas: flácidas, mamilo protusoe descarga papilar negativa. ➢ AP RESP: MVBD e AP CV: BRNF, em 2T ➢ Abdome: globoso às custas de útero gravídico, AU de 3cm, feto único, em situação longitudinal, posição à esquerda, apresentação cefálica, insinuada, ausculta fetal em QIE com 120bpm, presença de metrossístoles 3/10’/50’’ (3 contrações em 10min, durante 50seg), colo uterino apago e dilatado em 6cm, a altura da apresentação em plano + 2 de Lee, bolsa íntegra e sangramento genital discreto, em dedo de luva - Qual sua conduta? Você interna a gestante? Sim. A paciente está em trabalho de parto ativo, e como ela é multípara pode evoluir rapidamente, por isso é necessário interná-la. - Alguma orientação? Prescrição? Não é necessário, ela deve ser encaminhada para sala de parto e as prescrições serão de acordo com a demanda da paciente (se referir dor, náuseas, etc) 3. Sra Silvia, 35 anos, está internada no pré-parto, G1, IG 38 semanas e você foi chamado para avaliar a parturiente Abdome: globoso às custas de útero gravídico, AU de 32cm, feto único, em situação longitudinal, posição à esquerda, apresentação cefálica, insinuada, ausculta fetal em QIE com 156bpm, presença de metrossístole 4/10’/50’’ (4 contrações em 10min por 50seg), colo com dilatação completa, altura da apresentação em plano +4 De Lee, bolsa íntegra e sangramento genital discreto. - Silvia está em que fase clínica do parto? Fase expulsiva. - Qual é a conduta médica? Assistir ao parto. - Está indicada a amniotomia? Não tem necessidade. - Está indicada epsiotomia? Não. OBS.: Lembrar de relacionar a altura fetal com a idade gestacional e ver se está normal: 4. Sra Vânia, 38 anos. Queixa principal: dor abdominal há 2h. ➢ G2P1 (PSAC há 2 anos), IG 41 semanas e 3 dias. Informa pré-natal normal, com 8 consultas, nega intercorrências ➢ Abdome: globoso às custas de útero gravídico, AU de 34cm, feto único, em situação longitudinal, dorso à direita, apresentação cefálica encaixada, ausculta fetal em QID com 124bpm, presença de metrossístoles 3/10’/60’’, colo dilatado em 6cm, bolsa rota, LA meconial e sangramento genital ausente. - Essa paciente pode evoluir com parto normal, mesmo tendo tido uma cesárea anteriormente? Sim. - Qual a conduta médica? Assistir o parto. - Indica algum exame complementar de vitalidade fetal? Cardiotopografia. *Um transdutor é acoplado ao ventre materno, sobre o dorso fetal, para captação dos batimentos cardíacos fetais. *Outro transdutor é posicionado próximo ao fundo uterino para registrar a contração uterina. - O bebê bem oxigenado tem: → Existe uma linha de base – precisa estar entre 110- 160 bpm → Pode haver algumas acelerações transitórias (para cima) → O bebê tem batimentos diferentes → Não tem batimentos cardíacos abaixo da linha de base *Registra também os movimentos fetais. Após 2h, você avalia novamente a paciente. ➢ Ausculta fetal e QID com 156bpm, metrossistoles 3/10’/60’’, colo dilatado em 10cm, bolsa rota, LA meconial e sangramento genital ausentes. ➢ Apresentação defletida 1º grau, altura +3 DeLee - Qual a conduta? Seguir com o parto Após 1h você reavalia a paciente: ➢ Ausculta fetal em QID com 100bpm, metrossistoles 3/10’/60’’, colo dilatado em 10cm, bolsa rota, LA meconial e sangramento genital ausente. ➢ Apresentação cefálica defletida 1ºbgrau, altura +4 DeLee - Qual a conduta? O bebê está com uma leve bradicardia (100bpm) então pode virar uma complicação, por isso precisa intervir – fórceps ou vácuo para evitar anoxia intra-parto - Estende-se da dequitação (4º período do parto ou de Greenberg) até 45º dia pós-parto. → Puerpério imediato: 1º ao 10º dia (“crise genital”) → Puerpério tardio: 11º ao 45º dia (transição) → Puerpério remoto: além de 45 dias (duração variável) MODIFICAÇÕES ANATÔMICAS E FISIOLÓGICAS: - Involução uterina → Imediatamente após a dequitação, o útero inicia o processo de involução → O fundo uterino atinge cicatriz umbilical – 24h → No 12º dia pós-parto, o fundo uterino se localiza rente a sínfise púbica - Loquiação (sangramento pós-parto): → Nos primeiros dias – eritrócitos suficientes para que os loquios sejam de cor vermelha (lochia rubra) → Após 3, 4 dias – acastanhados em razão da hemoglobina semidegradada → Após o 10º dia assumem uma coloração amarelada (lochia flava) pela incorporação dos leucócitos e posteriormente esbranquiçada (lochia alca) - Colo uterino: o reparo do colo uterino e a reepitelização constumam ocorrer entre 6-12 semanas após o parto → Características do colo → Colo amolecido → Dilatado → Presença de lacerações OBJETIVOS DA ASSISTÊNCIAS NO PUERPÉRIO: - Avaliar estado de saúde da puérpera e do RN em alojamento conjunto - Identificar situações de risco ou intercorrências - Orientar aleitamento, puericultura e planejamento familiar - Suporte puerperal em todos os aspectos: físicos e emocionais - Exames obrigatórios em internamento para parto: tipagem sanguínea, teste rápido para sífilis, HBsAg, HCV e HIV - Alteração laboratorial fisiológica: leucocitose em desvio para esquerda ALEITAMENTO: - Na posição mais confortável para a paciente, ela que escolhe - Contraindicações ao aleitamento materno: → HTLV → HIV → Medicamentos antineoplásicos - Pega e sucção: - A mulher pode evoluir com mastite – a mama fica túrgida, há represamento do leite e pode ocorrer formação de processos infecciosos: - A paciente pode evoluir ainda com um abscesso mamário: CONDUTAS NO PUERPÉRIO: → Tratar intercorrências → Se contraindicado amamentar: supressão da lactação (Carbegolina 1mg VO dose única) → Suplementação de ferro (40mg/dia de ferro elementar) por 3 meses → Orientações sobre planejamento familiar → Orientações gerais: higiene, amamentação, exercício, atividade sexual → Orientar quanto aos direitos da puérpera (licença maternidade de 120 dias) → Avaliar alta hospitalar segura: parto vaginal com 24-36h pós-parto → Agendar 1ª consulta de retorno no pré0natal de origem 10-30 fias pós-parto ALTA HOSPITALAR: - PSNV: a puérpera poderá receber alta hospitalar em 24/36h - PSAC: a puérpera poderá receber alta hospitalar em 36/48h - Devemos fornecer as orientações de alerta para retorno (febre, sangramento, dor muito forte) MARCAR REVISÃO DE PUERPÉRIO: 1º retorno: 7-10 dias após o parto - Avaliar condições de episiorrafia, infecções e hematomas. Relação mãe e bebê, esclarecer as dúvidas, ratificar as orientações do puerpério. - Retirar pontos, se PSAC 2º retorno: 40 dias após o parto - Orientações anticoncepcionais (planejamento familiar), retorno da atividade sexual, dificuldades na amamentação PLANEJAMENTO FAMILIAR: - Amenorreia da lactação: 6 meses pós-parto ou até retorno da menstruação - DIU: pode ser inserido imediatamente pós-parto ou 30 dias depois - Minipílula (desogestel 75mcg) ou injetável trimestral (medoxiprogesterona 150mg/ml) – só pode depois de 42 dias pós-parto - Anticoncepcional combinado: contraindicado por alterar a qualidade e quantidade do leite materno - Preservativo masculino (condom) / feminino: deve ser sempre estimlado MCC, 15 anos, regulada do município de Cachoeira em 11/10/17, com IG de 38 semanas, primípara, com trabalho de parto ativo. ➢ Admitida no pronto-atendimento da MRPJMMN às 16h em período expulsivo de parto com bolsa rota há 24h. evoluiu para PSNV dia 11/10/17 às 16:46h, RN peso 2350g, APGAR 9/10, sem intercorrências. Delivramento espontâneo em 10min. Apresentou laceração de períneo e realizada rafia local. ➢ Encaminhada para alojamento conjunto (enfermaria) ➢ 1º dia pós-parto: BEG, LOTE, pulso 92bpm, PA: 120x80mmHg; mucosas descoradas +/4+ ➢ Queixa: disúria desde o parto ➢ Exame físico segmentar normal e útero 4cm acima da cicatriz umbilical ➢ Evoluiucom calafrios e febre (38,8ºC) ➢ Puérpera lembra de mostrar resultado de urocultura do pré-natal: E. coli (não tratada) ➢ Prescrito antibiótico para ITU: cefalotina - Qual é o problema? Além da ITU, paciente apresenta anemia e útero ainda acima da cicatriz umbilical Continuação: 2º e 3º dia pós-parto: BRG, LOTE, pulso 110bpm, PA: 100x60mmHg, mucosas descoradas +/4+ ➢ Manteve febre em uso de ATB (37,8º a 39,9º) ➢ Exames laboratoriais: leucograma 25.300/mm³ (bastões 7%) ➢ Exame físico segmentar normal e altura uterina 4cm acima da cicatriz umbilical ➢ Realizado toque vaginal: colo entreaberto, loquios com discreto odor fétido - Qual é o problema? Infecção puerperal - Qual é o plano diagnóstico? USG pélvica Normal: Restos ovulares / placentários - Qual é o plano terapêutico? Curetagem uterina para retirar esses restos que era o foco da infecção. Endometrite: - Fatores de risco: Gestação: baixo nível socio=econômico, desnutrição, anemia materna, infecção do trato genital inferior, higiene pessoal inadequada, ausência de pré-natal Parto: rotura prematura de membranas ovulares, múltiplos toques vaginais, trabalho de parto prolongado, parto vaginal instrumentalizado, hemorragia pós-parto (HPP), retenção de tecido placentário (restos ovulares)
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