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GESTAÇÃO MÚLTIPLA, PROLONGADA E SOFRIMENTO FETAL INTRODUÇÃO · Gestações múltiplas (gemelares) resultam de: · Fertilização de 2 ou mais óvulos; · Divisão de um único ovulo fertilizado (mais de 1 embrião). · Nas últimas décadas aumento significativo na incidência, maternidade tardia, métodos de reprodução assistida. · Patologias maternas: Gabriela de Godoy Medicina · 2 · Hiperêmese gravídica = principalmente no início da gestação por conta da quantidade do hormônio lactogênico placentário. · Diabetes gestacional · Anemia · Hemorragia pós parto · Parto cesariano agendado para evitar riscos de complicações. · Pré-eclâmpsia · Descolamento prematuro da placenta · Depressão pós parto · · Maiores riscos da gestação múltipla estão associadas ao feto: · Mortalidade neonatal – 5-6x maior · Risco de paralisia cerebral: 8x > gemelares comparado gestações únicas. · 25% partos prematuros -> gravidez gemelar. · Há 2 tipos de gestação gemelar: · Gestação monocoriônica (MC): são gerações decorrentes de 1 único ovulo que foi fertilizado, formou apenas 1 embrião e acabou se dividindo e formando 2 fetos. · Gestação dicoriônica (DC): dois óvulos, dois espermatozoides que originaram 2 fetos diferentes. 2 placentas. · Riscos maternos e obstétricos · Tipo e gravidade patologia fetal associadas é marcadamente independente: protocolos de controle clínico devem ser adequados a cada gravidez, de acordo com a corionicidade. INCIDÊNCIA E EPIDEMIOLOGIA · Incidência de gestação múltipla espontânea: 1% · Gestações duplas: 1/89 · Gestações triplas: 1/892 · Gestações quádruplas: 1893 · Incidência real: 3% a 4% de todas as gravidezes. · Risco de ocorrência gravidez dizigótica (DZ) · Idade materna avançada (> 35 anos) · Causas étnicas · Familiares: se for na família do marido que tem gêmeos isso não interfere a probabilidade maior da mulher de ter gêmeos iguais. Questões familiares só vamos ter mais chances se for no lado da mulher e são gêmeos diferentes (dizigóticos) e não pelo lado do marido. · Gestações gemelares naturalmente concebidas: · 2/3 dizigóticas (DZs) · 1/3 monozigóticas (MZ) · Técnicas assistida: associadas especialmente com gestações DZs, mas também favorecem a ocorrência de gestações MZs. · A gestação Monocoriônica/Monoamniótica e Monocoriônica/Diamniótica são decorrentes de gestações monozigóticas = 1 único espermatozoide formou 1 zigoto se dividiu e formou 2 fetos. Por isso vai ser sempre monocoriônica pois é somente 1 massa placentária. · Monocoriônica sempre decorrente de uma gestação monozigótica pode ter 2 condições diferentes única placenta e ter 2 bolsas – Diamniótica OU ter única placenta e ter somente 1 bolsa amniótica – Monoamniótica. · Córion = placenta · Dicoriônica/Diamniótica 2 placentas 2 bolsas amnióticas podem ser do mesmo sexo e de sexos diferentes. TIPO DE GESTAÇÃO MÚLTIPLA – ZIGOZIDADE · Gravidez MZ ou monocoriônica: · Único ovulo fertilizado que se divide em dois embriões distintos · Mesmo conjunto de cromossomos em cada zigoto · Gêmeos idênticos · Gravidez DZ: · Fecundação de dois óvulos separados · Geneticamente deferentes · Cada zigoto conjunto individual de cromossomos · Gêmeos fraternos ou não idênticos (podem ser do mesmo gênero) · Frequência de gêmeos dizigóticos varia: · · Idade materna · Paridade · História familiar materna · Peso e altura maternos · Estado nutricional · Raça TIPOS DE GESTAÇÃO MÚLTIPLA – CORIONICIDADE · Temos corionicidade e amnionicidade: · Descrevem a placentação e a composição da membrana de uma gravidez · Determinação corionicidade e amnionicidade: essencial no manejo clínico de gestações múltiplas. · 1 córion = 1 placenta · 1 âmnio = 1 bolsa · Gestações monocoriônica tem maior risco de complicações do que as gestações dicoriônicas. TIPOS DE GESTAÇÕES MULTIPLAS · Gestações DZ: · Sempre DC/DA com cada feto possuindo sua própria placenta e cavidade amniótica. · Corionicidade das gestações MZ: determinada pelo tempo de ocorrência da divisão do óvulo fertilizado. ** · Divisão (2 a 3 dias): precede a separação de células que se tornam cório e resulta em gravidez DC/DA. Diamniótica. · Após 3 dias: geminação não pode dividir cavidade coriônica a partir daí vai ter placenta monocoriônica. · Quando a divisão ocorre entre o 3 e 8 dia: gravidez MC/DA (monocoriônica/Diamniótica) * · Dias 8 e 12: âmnio já se formou gravidez MC/MA (monocoriônica/Monoamniótica) * · Clivagem embrionária (dias 13 e 15): gêmeos unidos (Gemelaridade imperfeita) * DIAGNÓSTICO ULTRASSONOGRÁFICO DA CORIONICIDADE · Exame ultrassonográfico (1º trimestre): · Determinação da corionicidade com segurança praticamente todos os casos · Datação da gestação pois dependendo do tipo de gestação e complicação as condutas vão ser diferentes dependendo da data gestacional. · Estudo anatômico precoce · Rastreamento da anomalias cromossômicas · GESTAÇÃO DC – DICORIÔNICA · Definida a partir da 5ª semana · Visualização do número de sacos gestacionais · Presença de septo espesso entre eles - sinal do lambda (como no ultrassom abaixo) - dicoriônica/Diamniótica **** · Na figura acima, a membrana divisória é final, não tem o sinal de lambda chamamos do sinal do T = é fina durante toda a sua extensão gestação monocoriônica e Diamniótica. ** · Entre 9ª e 14ª semanas: projeção do componente coriônico entre as membranas amnióticas – base de inserção placentária – sinal de lambda característico das gestações DC · Sinal de Lambda: Patognomônico da gravidez DC – presente em até 15 semanas em todas as gravidezes DC, na 16ª semana em 97% e na 20ª semana em 87%. · GESTAÇÃO MC: ** · 6ª semana: mais de um embrião no interior do mesmo SG. · Âmnio: identificado a partir da 8ª a 10ª semana. · Final do 1º trimestre: fusão das membranas amnióticas adjacentes – septo fino – insere abruptamente na placenta = sinal T gravidez MC/DA · Não visualização da membrana amniótica na gravidez MC/MA · Na figura acima só tem 1 cavidade amniótica único saco gestacional Monocoriônica e Monoamniótica *** DATAÇÃO DA GESTAÇÃO / AVALIAÇÃO DA MORFOLOGIA · Datação = usamos o CCN (comprimento cabeça-nádega) do maior feto – para evitar subestimação (feto restrito precoce). · 20% dos casos diferença média crescimento 1º trimestre de 3% a 5% CNN até 84mm 13 semanas e 6 dias no máximo, pois é a melhor fase para avaliar a morfologia fetal e para fazer a datação. · Até 13 semanas o erro do ultrassom é de 3 dias · Até 20 semanas o erro máximo é de 7 dias, após essa data o erro aumenta muito e dificulta. · Discordância de CCN >10% eu tenho que ficar de olho pois pode haver aumento de resultados adversos nas gestações MC e DC: · · Aborto · Morte fetal > 24 semanas · Discrepância de peso no nascimento · Parto prematuro · Malformações fetais · · Gemelar aumenta 4cm da idade gestacional esperada. Se nós formos medir a altura uterina da paciente temos que esperar que estará 4cm maior que a idade gestacional. Por ex. 30 semanas altura uterina 34cm. · Quanto maior o feto mais diferença na idade gestacional vai dar por isso é importante fazer ultrassom até no máximo 20ª semana de gestação. · Prevalência defeitos estruturais · Gravidez DC: igual gravidez única (1%) e na gravidez MC: 4% · Defeitos estruturais mais frequentes MC: · Linha média · Cardiopatias (4x mais frequentes) · Divisão assimétrica da massa celular RASTREAMENTO DAS ANOMALIAS CROMOSSOMICAS - ANEUPLOIDIAS · Rastreamento de aneuploidias: 1º trimestre · Aneuploidias = defeito na quantidade correta de pares de cromossomos. Para isso vamos fazer o exame translucência nucal. · Gravidez DC: risco individual para o feto TN (translucência nucal – exame) de cada feto · Gravidez MC: risco único (dois gêmeos) pois só tem uma massa cromossômica TN média fetos · “Triagem de primeira escolha e que possui taxa de detecção de trissomia 21 próxima a 89,3%, semelhante a detecção em gestações simples, com taxa de falsos-positivos em 5,4% das gestações” · Procedimento invasivo: indicado na presença de cálculo e risco > 1/250 em um ou ambos os gêmeos.· Técnica escolha: biopsia de vilo corial (BVC) · Gravidez MC: única amostra · Gravidez DC: amostra de ambos · Gravidez MC: · Discordância de TN · Ducto venoso ou refluo de válvula tricúspide · Manifestação precoce da síndrome de transfusão feto-fetal (STFF) *** · Reavaliação com 16 semanas para tentar diferenciar STFF (classificar e decidir terapia) ou uma suspeita de cromossomopatia (oferecer amniocentese). CONTROLE PRÉ-NATAL E AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA · A periodicidade do controle pré-natal e avaliações ecográficas dependerão da corionicidade. · Principais objetivos da US são: · Gravidez MC: US doppler 15/15 dias – 16 e 26 semanas diagnóstico precoce da STFF (12%) e sequência de anemia-policitemia (TAPS) (5%). · Controle pré-natal: · 2 a 3 semanas – a partir 28ª semana · Semanalmente – a partir 36ª semana · Estudo com doppler – fetos suspeitos RCIU · Gravidez MC: 1/3 complicação – controles quinzenais · STFF · TAPS · Restrição de crescimento intrauterino seletivo (RCIUs) · Maior risco de malformações · Ecografia fetal com 20 a 22 semanas ** RESOLUÇÃO DA GESTAÇÃO · Gestações MC sem complicações a resolução da gravidez de forma eletiva, a resolução vai depender da quantidade de bolsa – amnionicidade. · Amnionicidade: · MC/DA: sem nenhuma complicação resolução da gravidez após 36 semanas e antes das 38 semanas. · MC/MA: sem nenhuma complicação resolução da gravidez após 32 semanas e antes das 33 semanas - amadurecimento pulmonar 48 a 72 horas antes da cesárea. Nós interrompemos antes das 34 semanas pois pode ocorrer entrelaçamento de cordões e morte dos dois fetos. · As gestações monocoriônicas geralmente são as que mais tem complicações, sendo a Diamniótica mais do que a Monoamniótica porém a Monoamniótica tem que ser resolvida primeiro por conta da complicação de entrelaçamento de cordões. · Quando tiver uma gestação Monoamniótica DA ou MA com complicação, a resolução será de acordo com a complicação. SÍNDROME DE TRANSFUSÃO FETO-FETAL - STFF · Fisiopatologia e história natural: · Base anatômica: anastomoses vasculares, que facilitam um desequilíbrio crônico na troca de sangue · Uma única placenta e 2 cordoes umbilicais os vasos de um leito da placenta muitas vezes começam a se anastomosar com os vasos do outro leito fetal esses vasos fazem essas anastomoses profundas e passa a ter alterações venoarteriais e arteriovenosas ocorre um desequilíbrio nesse fluxo sanguíneo entre um feto e outro esse desequilíbrio vai causar a síndrome de transfusão pois um feto vai passara a ser um feto doador e outro feto receptor. · Os dois fetos vão ser maleficiados, vão ter complicações decorrentes desse desequilíbrio do fluxo sanguíneo. · Placenta MC: · Cada feto – próprio território vascular · Zona intermediaria: conexões vasculares ou anastomoses interfetais · Maioria dos casos: troca de sangue equilibrada e permanente · A distribuição, o número de anastomose e a direção do fluxo em um ou outro sentido condiciona um desbalanço de sangue e o aparecimento do STFF em 10 a 12% dos casos. · Feto doador vai ter hipovolemia e hipertensão pelo baixo de fluxo que vai para o rim do feto com isso vai ativar o sistema renina angiotensina feto vai ser hipertenso além de ter hipertensão o feto vai urinar menos e consequentemente vai ter uma diminuição do líquido amniótico (que é a excreção do feto) – oligoâmnio restrição de crescimento intraútero e se o oligoâmnio persistir o feto pode ter atelectasia pulmonar (colabamento de pulmão). ******* · Feto receptor: desenvolvendo hipervolemia e hipertensão (substâncias vasoativas do doador) feto que recebe muito fluxo sanguíneo aumento da filtração renal com isso ele vai urinar mais aumento do líquido amniótico - Polidrâmnio o coração vai ficar supercarregado por conta da hipervolemia falência cardíaca – no ultrassom vai aparecer com edema, derrame pericárdico, ascite e hepatomegalia. · Evolução espontânea do STFF: · Taxa de mortalidade de 100% antes de 20 semanas e mais de 80% entre 21 e 26 semanas, com mais de sequelas graves em sobreviventes. STFF – DIAGNÓSTICO E ESTADIAMENTO · Sinais preditivos · Presença de discordância de TN > ou igual a 20%. · Ducto venoso com onda A reversa. · Refluxo tricúspide em qualquer um dos fetos. · Discordância precoce na quantidade de líquido amnióticos. · Diagnóstico: · Sequência oligo-polidrâmnio = seguintes critérios: · Receptor: maior bolsão vertical > 8cm (quando estiver < ou = 20 semanas); > 10cm (> 20 semanas). · Doador: maior bolsão vertical < 2cm · Doppler: não necessário para diagnóstico útil para o estadiamento e a progressão da doença. · Para o estadiamento usamos a classificação do Quintero et al.(1999) – 5 estágios evolutivos: grau de severidade e o prognostico da doença. STFF – TRATAMENTO E RESULTADOS · Tratamento do STFF: · Abalação a laser por fetoscopia. · Amniodrenagem seriada · Conduta expectante ou parto · Conduta: idade gestacional, estágio da doença, disponibilidade de recursos e manifestações maternas: A. Estágio 1 e comprimento colo cervical > 25mm: · Manejo expectante em vez de terapia invasiva (grau de recomendação 2C). · Resolução da gravidez: 36 a 37 semanas se o estágio TTTs e os sintomas permanecerem estáveis. B. Estágio 1 e IG 16 e 26 semanas e comprimento cervical < ou = a 25mm: · Ablação vascular por laser (grau de recomendação 1B). · Indicada a amniodrenagem seriada na dificuldade de transferência a um centro terciário que tenha experiencia no procedimento. · Resolução da gravidez: 36 a 37 semanas (ausência de complicações) C. Estágio 1 + idade gestacional > 26 semanas e colo cervical < ou = 25mm: · Amniodrenagem seriada em vez de ablação a laser (grau de recomendação 2C) · Ablação a laser em idades gestacionais > 26 semanas: sujeita a várias limitações técnicas. · Resolução da gravidez: 36 e 37 semanas (ausência de complicações). D. Estágio II a IV entre 16 e 26 semanas: · Ablação a laser das anastomoses placentárias (grau de recomendação 2B) · Resulta em maior prolongamento da idade gestacional, maior sobrevivência neonatal e melhor resultado neurológico a longo prazo. Utiliza-se a técnica seletiva sequencial seguida da dicorionização completa da placenta (método de Solomon). E. Estágio V · Se um feto morreu – principais preocupações para o outro par gemelar. · Morte (risco 10%) · Comprometimento neurológico (10 a 30% de risco) · Circulação placentária compartilhada · Resolução de gravidez: termo (ausência de complicações) SEQUÊNCIA DE ANEMIA-POLICITEMIA · Prevalência e história natural · Origem da sequência de anemia-policitemia, conhecida como TAPS – mesma da STFF: presença de um padrão de anastomoses vasculares que produzem passagem de sangue desequilibrada de um gêmeo para outro. · Essas anastomoses são mais superficiais por isso o desequilíbrio é menor. · Gravidade menor. · TAPS: STFF de menor magnitude · Anastomose muito pequenas (<1mm) e tipo arteriovenosas (AV), unidirecionais sem anastomose arterio-arterial (AA) acompanhante. · Pequenas anastomoses permitem a passagem lenta de sangue de um gêmeo para outro, levando gradualmente a níveis de hemoglobina discordantes. · Gêmeo receptor: policitêmico · Gêmeo doador: anêmico · Lentidão do processo: compensação hemodinâmica · Não há discordância do volume do líquido amniótico · Policitemia grave pode levar a trombose fetal e placentária, enquanto a anemia grave pode levar a hidropsia fetal · Forma espontânea: cerca de 3% a 6% das gestações MC/DA · Maioria dos casos: diagnosticada no final do segundo ou terceiro trimestre. · Ocorre em 2% a 13% dos casos de STFF tratados com ablação a laser. DIAGNÓSTICO – SEQUÊNCIA TAPS · Diagnóstico: baseado na avaliação do pico sistólico da artéria cerebral média (VPS-ACM), cujas mudanças estão relacionadas a presença de alterações no nível do hematócrito fetal. · Usa o doppler para o diagnóstico. · Critérios diagnósticos: · Diagnóstico confirmado de monocorionicidade · Doador: PS-ACM > 1,5 MoM; (a velocidade do pico sistólico na artéria cerebral média é grande)· Receptor: PS-ACM < 1 MoM. (a velocidade do pico sistólico na artéria cerebral média é pequena) · Recomenda-se a VPS-ACM a cada duas semanas em todas as gravidezes MC e nos casos de STFF tratados com laser semanalmente. · Discordância placentária – tipicamente observada em ultrassom: · Doador anêmico possui placenta hiperecoica e espessada = placenta mais esbranquiçada. · Receptor pletórico tem placenta hipoecoica mais fina = placenta mais escura. · Demarcação entre territórios do doador e receptor. · Também pode haver discordância de crescimento. · Diagnóstico pós-natal: · Diferença de hemoglobina entre os gêmeos > ou = 8,0 g/mL · Relação de reticulócitos > 1,7 (contagem de reticulócitos gêmeo doador / gêmeo receptor · Presença de pequenas comunicações vasculares na superfície placentária. · Gravidade TAPS – estagiada no pré-natal: · Estágio 1. VPS-ACM > 1,5 MoM (doador) e < 1,0 MoM (receptor) · Estágio 2. VPS-ACM > 1,7 MoM (doador) e < 0,8 MoM (receptor) · Estágio 3. Estágio 1 ou 2 associado ao comprometimento cardíaco – Doppler criticamente anormal (diástole zero ou reversa – AU, fluxo pulsátil – VU, aumento IP ou fluxo reverso no ducto venoso. · Estágio 4. Hidropsia do doador. · Estágio 5. Morte de um ou ambos os fetos. TRATAMENTO E RESULTADOS – TAPS · Conduta não está completamente estabelecida · Coagulação das comunicações vasculares por laser: único · Sinais de gravidade: transfusão intrauterina (everter o estado anêmico) · Resolução da gravidez RESTRIÇÃO DE CRESCIMENTO INTRAUTERINO SELETIVO – BASES FISIOLOGICAS · Presença de RCIU em um único feto, produzido por distribuição assimétrica da placenta: insuficiência placentária seletiva. · 12 a 25% das gravidezes MC/DA. · Anastomoses interfetais. DIAGNÓSTICO, CLASSIFICAÇÃO E HISTÓRIA NATURAL · Diagnóstico: crescimento abaixo do percentil 10 em um feto. · Discordância peso fetos superior a 25% · RCIU: muito alto (2 gêmeos) · Óbito feto restrito: feto normal - risco de 25% de morte e 25% a 45% de sequelas neurológicas graves. · Nós usamos do doppler da artéria umbilical do feto afetado para dar o diagnóstico. RCIU SELETIVA – CLASSIFICAÇÃO · Insonação AU: nível da inserção placentária do cordão umbilical e com velocidades de aquisição do sonograma muito baixa para poder flagrar o padrão intermitente ou diástole zero / diástole reversa da artéria umbilical. · Tipo 1: apresenta artéria umbilical com fluxo positivo contínuo do feto restrito, surgimento em média com 23 semanas, menor taxa de discordância de crescimento (29%), risco de óbito fetal de 3 a 4%, e ausência de dano neurológico. RCIU – TRATAMENTO E RESULTADOS · Tratamento de acordo com o tipo de RCIU · RCIUs Tipo 1: · Conduta expectante. · Acompanhamento com doppler semanal ou quinzenal. · Resolução: se tiver piora doppler da AU (artéria uterina). · Parto: 34 a 36 semanas. · RCIUs tipo 2 e tipo 3: · Não existe tratamento ideal · Feticídio seletivo do feto restrito ou laser até 26ª semana. · Momento do parto: seguimento rigoroso do ducto venoso (deterioração fetal) – 7/7 dias – 26/28 semanas e 24/24h após esse período. · Parto entre 32 e 34 semanas se ausência de complicações. GÊMEO ACÁRDICO · Outra condição da gestação MC/DA · Incidência: 1/35.000 nascidos vivos e representa cerca de 1% das gestações MC. · Etiologia: exclusiva da gravidez MC. · Feto em que não se forma completamente, um dos fetos não tem coração. · Sequência TRAP: · Temos um feto bomba – circulação normal fetal que sustenta o outro feto e por isso ele pode ser complicações cardíacas também. · Parte do seu débito cardíaco – anastomoses arterio-arteriais placentárias artéria umbilical e circulação sistêmica cogêmeo receptor circulação reversa nesse gêmeo. · Gêmeo acárdico: não possui coração funcional · Fluxo direto e de alta pressão sistêmica: fornecida pelo feto bomba · Presença de anastomoses arterio-arteriais: permite sangue seja bombeado do gêmeo normal para o gêmeo acárdico sem passar por um leito capilar. DIAGNÓSTICO · TRAP: · Gestações MC – um feto anatomicamente normal e outro não possui estruturas cardíacas e/ou atividade aparentes. · Diagnóstico definitivo: fluxo pulsátil na artéria umbilical em direção ao acárdico. · Gêmeo bomba – sinais de insuficiência cardíaca de alto débito: · · Polidrâmnio · Cardiomegalia · Derrames pericárdicos e pleurais · Ascite · Regurgitação tricúspide · Risco é maior quando a proporção de peso do gêmeo acárdico para o gêmeo bomba excede 0,70. CONDUTA · 18 e 27 semanas de gestação com sinais indicativos de meu prognostico: · Intervenção · Tratamento uterino a laser: gestações < 16 semanas · Gestações > 16 semanas: ablação RFA – maior taxa de fluxo sanguíneo. · Gestações TRAP – 34 e 36 semanas · Condições clínicas paciente e se há sinais indicativos de comprometimento no gêmeo bomba: antecipação do parto. · Resolução via cesárea: distorcida de apresentação, escore de perfil biofísico baixo para o gêmeo bomba, gestação MC/MA ou outras contraindicações para o parto vaginal. GRAVIDEZ MONOCORIONICA E MONOAMNIÓTICA (MC/MA) · Incidência de gêmeos Monoamnióticos · 1 em cada 10.000 gestações espontâneas · 1% das gravidezes gemelares · 5% das MC · Gêmeos MC/MA: · < risco de STFF do que gêmeos MC/DA · Anormalidades maiores – 7% a 28% dos gêmeos MC/MA · Anormalidades cardíacas congênitas: mais comuns que na gravidez única · Avaliação da anatomia fetal a partir da 18ª semana · Ecocardiografia fetal: indicações padrão ecocardiografia fetal. Monitoramento e complicações · Mortalidade fetal: +/- 20% de todas as gestações MC/MA · Entrelaçamento de cordões · Monitorização com CTG convencional a partir da 14 a 28 semanas e internação na 28ª semana · Administração de corticosteroides pré-natais: 28ª semana. · Resolução da gravidez: · Alta taxa de mortalidade fetal nessas gravidezes: parto por cesariana entre 32 e 24 semanas de gestação (recomendação 2B). GÊMEOS CONJUGADOS · Gêmeos Monoamnióticos – 1,5 por 100.000 nascimentos em todo o mundo · Mais frequente em fetos femininos que masculinos · Diagnóstico: gestações MC/MA 1º trimestre – polos embrionários fetais intimamente associados e não mudam de posição um com outro. · Outros achados: · · Hiperextensão fetal · Aumento da TN ou higroma cístico · Ausência de movimentos em separado dos gêmeos · Embriões justapostos – único movimento cardíaco no meio · Menos membros que o esperado · Único cordão umbilical (+ 3 vasos) · Cabeças o nádegas – mesmo nível entre si · Anomalias congênitas: sempre presentes nos gêmeos conjugados. · Doppler colorido, ecocardiografia fetal e US 3D – confirmar diagnostico e esclarecer a anatomia – avaliar o prognostico e tomada de decisões pré e pós-natal ] · Ressonância magnética fetal: definir de forma mais completa a anatomia compartilhada e planejamento cirúrgico antes do parto. · Prognóstico: pobre · Anomalias impedem sobrevivência de um ou ambos os fetos – separação cirúrgica · Nos gêmeos conjugados não vamos ter entrelaçamento do cordão – movimento conjugado · Incisão uterina ideal: incisões abdominais e uterinas – suficientemente grandes para evitar traumas obstétricos. COMPLICAÇÕES DA GRAVIDEZ DICORIÔNICA · Prematuridade · RCIU: 10% maior que gestações únicas – um dos fetos · Diagnóstico e tratamento do RCIU em DC: igual de uma gestações única · Classificação da RCIU: grau de restrição e nas alterações ao doppler. PREVENÇÃO PRÉ-ECLÂMPSIA · Gravidez múltipla: · Fator de risco médio da pré-eclâmpsia (pré-eclâmpsia tardia) · Iniciar o tratamento preventivo · AAS 150 mg (a noite) de 11 a 14 semanas até 36 semanas: · Primípara · Idade materna > ou = 40 anos · Intervalo gestacional > 10 anos · IMC > 35kg/m2 · História familiar de pré-eclâmpsia · Pacientes com história de risco epidemiológico de pré-eclâmpsia: também prescrevemos AAS . · Nefropatia crônica · Diabetes pré-gestacional · HAC · História de pré-eclâmpsia em gestação anterior · Doenças autoimunes: SAF -LES PREVENÇÃO DA PREMATURIDADE · Prematuridade: morbidade e a mortalidade neonatal · Risco PP: 8a 12x maior que em gravidez única · Colo curto durante o segundo trimestre: melhor preditor. · Encurtamento do colo: comprimento do colo diminui mais durante a gestação quanto maior o número de fetos. · Velocidade do encurtamento: · Gestações únicas normal – 0,6mm/semana · Gestações gemelares – 0,9 mm/semana · Trigemelares – 1,2 mm/semana · Colo curto: aumenta 6,3x risco de parto antes de 28 semanas e mais do dobro do riso de parto antes das 32 semanas. · A prevenção da prematuridade se faz com progesterona vaginal micronizada: 200 ou 400mg/dia (melhor 400 mg) – 2º T. · Resolução: · Risco de parto < 33 semanas · Mortalidade neonatal · Redução da mortalidade perinatal · Desconforto respiratório · Peso < 1,5kg · Uso de ventilação mecânica · Além da progesterona, fazemos maturação pulmonar entre 28 e 32 semanas no feto. ** ORIENTAÇÕES GERAIS SOBRE A RESOLUÇÃO DA GRAVIDEZ · Idade gestacional da resolução dos casos que não houve complicações: · Gêmeos DC/DS: 38 +0 a 38 +6 semanas · MC/DA: 36 + 0 a 36 + 6 semanas de gestação · Gêmeos MC/MA: 32 a 34 semanas · Via de parto · MC/MA, gestação multifetal ou gêmeos acolados com prognóstico = parto cesariano · Apresentação cefálico-cefálico = parto vaginal · Primeiro gêmeo em apresentação não cefálica = cesariana · Primeiro cefálico e segundo não cefálico = parto vaginal com extração pélvica do segundo gêmeo (experiencia da equipe e paciente fornecer o consentimento informado). · Grande diferença de peso entre gêmeos ou peso do segundo gêmeo para indicar via abdominal (segundo feto com peso < 1,5kg) · Gestação monocoriônica: clampear cordão imediatamente – evitar fenômenos agudos de transfusão intergêmeos. · Após clampeamento do cordão do primeiro: verifica-se a apresentação do segundo gêmeo, mantendo a bolsa integra.
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