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Nutrição na Gestação e Lactação Profº: Ruan Almeida Gestação A Gestação é caracterizada por muitas alterações, sejam elas físicas ou fisiológicas e, durante esse período, as necessidades nutricionais aumentam para garantir tanto o crescimento e desenvolvimento da criança quando o incremento necessário para o metabolismo materno. (MEDEIROS, ARAUJO E PEREIRA, 2019). Alterações fisiológicas Volume e composição sanguínea Funcão gastrointestinal Placenta (hormônios) Funcão cardiovascular e pulmonar Funcão renal Ambiente uterino A nutrição tem papel fundamental para a concepção bem sucedida, incluindo cuidadosamente quantidades adequadas de todas as vitaminas, minerais e macronutrientes para garantia do fornecimento de energia necessário (KRAUSE, 2013). Efeitos do EN sobre a gestação Infertilidade Prematuridade BPN (<2500g) Ganho excessivo de peso Complicações materno/fetais Deficiencia Parto prematuro Lactação Bloqueio de contrucão nutricional Aspectos Nutricionais Fase materna - Aproximadamente a 1ª metade da gravidez - Adaptações fisiológicas Estoques de nutrientes Aspectos Nutricionais Fase Fetal - Aproximadamente 2ª metade da gestação - Utilização das reservas nutricionais - Crescimento fetal (125x entre a 14ª e 34ª) - Manutenção das reservas O estado nutricional da mãe é apenas uma entre outras variáveis biopsicoexistenciais determinantes do sucesso de uma gravidez. Aspectos Nutricionais A alimentação da gestante/nutriz deve ser igual à da mulher adulta normal? Investigação dos hábitos Evitar alimentos industrializados 80 a 85% alimentos vegetais Variedade e Harmonia Inserir todos os grupos alimentares Respeitar o tempo das refeições Aspectos Nutricionais Relação de alimentos e refeições Café da manhã Leites e/ou derivados; Cereais (pães, flocos); Frutas. Almoço e Jantar Cereais (arroz, milho, trigo, etc.); Leguminosas (feijão, ervilhas, soja, lentilhas, etc.); Um alimento de origem animal (carnes e derivados); Salada de vegetais crus ou cozidos (verde-escuros). Lanches Pequenas refeições que devem ser realizadas nos momentos de fome entre as principais refeições; Frutas ou sucos de frutas, pão e cereais, leite ou queijo ou iogurte. Necessidades Energéticas Para o suprimento do elevado gasto energético ocasionado pelo aumento da TMB e para formação dos depósitos de energia dos tecidos materno fetal durante a gestação, a mulher necessita de uma quantidade maior de calorias. Tem-se a energia como principal nutriente tornando-se determinante para o ganho de peso gestacional. Estima-se que durante uma gravidez normal são consumidas, para a geração do feto e nos mecanismos de adaptação, entre 80.000 e 85.000kcal durante aproximadamente 280 dias de gestação. Necessidades Energéticas Avaliação antropométrica Avaliação dietética Determinação das necessidades Adicionais energéticos 300kcal/dia a partir do 2º trimestre (RDA, 1989). 250kcal/dia durante todo período da gestação (IOM, 2009). Necessidades Energéticas VET = (TMB x FA) + 300 kcal (2º e 3º trimestres) Onde: TBM (10 – 18 anos) = 12,2 x peso (kg) + 746 TBM (18 – 30 anos) = 14,7 x peso (kg) + 496 TBM (30 – 60 anos) = 8,7 x peso (kg) + 829 FA = 1,56 atividade leve (escritório, professoras); FA = 1,64 atividade moderada (lojistas, donas de casa, industriaria) FA = 1,82 atividade intensa (atletas, dançarinas, trabalho no campo, construção civil) Gestantes eutróficas peso pré- gestacional Gestantes abaixo do peso peso desejável IMC 20,8kg/m Gestantes com SOB ou OBESIDADE peso pré-gestacional Necessidades Energéticas Indicação de 36kcal/kg de peso ideal pré-gestacional Assim PIPG = A² x 22 Para 2º e 3º trimestres VET = (PIPG x 36 kcal) + 300kcal Gemelar adicional de 450kcal/dia ** Necessidades Energéticas EER = EER pré-gestacional + (8kcal x IG em semanas) + 180 kcal EER pré-gestacional = 354 – (6,91 x idade) + PA x (10 x peso) + (934 x altura) + 25kcal PA = 1,0 sedentária PA = 1,16 pouco ativa PA = 1,31 ativa PA = 1,56 muito ativa Necessidades Energéticas EER = EER pré-gestacional + (8kcal x IG em semanas) + 180 kcal - Sugerida na ultrassonografia - Obtida pela contagem de semanas a partir da Data da Última Menstruação – DUM Praticando... Maria Eduarda, 29 anos, medindo 1,69m de altura e pesando atualmente 76kg, verificou-se no seu cartão de pré-natal que ela apresentava 72kg de PPG. Hoje Eduarda encontra-se na 15º semana de gestação. Com base nas informações, calcule o PIPG o VET de Eduarda, POR AMBOS os métodos acima citados. Macronutrientes Carboidratos IOM, 2005 55 a 75% do VET **limite de 10% para açúcares simples** RDA 175g/dia Essas quantidades fornecem calorias suficientes para prevenir cetose e manter a concentração de glicose sanguínea apropriada durante a gravidez Macronutrientes Lipídios IOM, 2005 15 a 30% do VET **menos de 10% na forma de gordura saturada** DRI ? AI 13g/dia para ácidos graxos poli-insaturados – ω6 AI 1,4g/dia para ácidos graxos poli-insaturados – ω3 A recomendação para ácido docosahexaenoico é de 300 mg/dia A quantidade de lipídios da dieta deve depender dos requerimentos de calorias para um ganho de peso adequado. Os requisitos de ácidos graxos essenciais podem ser atendidos com uma a duas porções de peixe por semana Macronutrientes Proteínas RDA 0,8g/kg/dia até a primeira metade da gestação e 71g/dia ou 1,1g/kg/dia (2/3 de origem vegetal e 1/3 de origem animal) na segunda metade **IOM, 2005 Média de 60g/dia, devendo ser 50% de alto valor biológico** RDA Para cada feto adicional, outras 25g/dia. Equivalente a 175g/dia para gestante de gêmeos com peso normal, numa dieta de 3500kcal/dia. Durante uma gravidez normal, são sintetizadas cerca de 1000g de proteína – 500g no feto, 60g na placenta e 440g no corpo da gestante. Macronutrientes Ao se tratar de micronutrientes, sabe-se que o consumo inadequado de vitaminas e minerais está associado a desfechos gestacionais desfavoráveis, por isso devemos ter atenção redobrada na hora de avaliar a presença desses elementos na dieta da gestante, em especial o cálcio, ferro, ácido fólico, zinco e as vitaminas A, C e D. (Krause, 2013). Vitaminas Todas as vitaminas são essenciais para um resultado ideal da gravidez. Em algumas situações, o fornecimento dessas vitaminas específicas pode ser atingido pela dieta, e, para outras, um suplemento vitamínico-mineral é necessário. Durante a gravidez, a maioria das recomendações de vitaminas e minerais aumenta aproximadamente em 15% seus valores (KRAUSE, 2013). Ácido fólico – B9 Má formação congênita Os requisitos de ácido fólico aumentam durante a gravidez para a eritropoiese materna, síntese do DNA e crescimento fetal e placentário. Fenda labial e palatal Mudança bioq. nos leucócitos Anemia megaloblástica Redução da sint de DNA RDA 14-50 anos 600µg/d Vitamina A e D A deficiência de vitamina A é teratogênica, como observado pela xeroftalmia nos países em desenvolvimento. Em sangue de cordão umbilical humano, as concentrações de vitamina A se correlacionam com o peso ao nascer, perímetro cefálico, comprimento e idade gestacional. RDA 14-18 anos 750µg/d 19-50 anos 770µg/d A deficiência materna de vitamina D está associada a hipocalcemia neonatal, que pode se manifestar na mineralização fetal do osso, em hipoplasia do esmalte dental ou em convulsões RDA 14-50 anos 15µg/d Vitamina K e E A deficiência de vitamina K foi relatada em mulheres que tiveram hiperêmese gravídica (HG), doença de Crohn e bypass gástrico. RDA 14-18 anos 75 19-50 anos 90 Alguns estudos especulam que a deficiência de vitamina E durante a gravidez pode causar aborto e nascimento pré-termo. Porém a dificiência dessa vitamina, especificamente na gravidez, ainda não foi relatada. RDA 14-50 anos 15 Vitamina B6 e B12 Pelo fato de a carne,o peixe e as aves serem ótimas fontes dietéticas, a deficiência de piridoxina não é comum, e a rotina das vitaminas pré-natais são suficientes. RDA 14-50 anos 1,9µg/d Há uma preocupação a respeito das quantidades inadequadas desses nutrientes durante o desenvolvimento cerebral do feto, o que afeta o desenvolvimento cognitivo e motor do lactente RDA 14-50 anos 2,6µg/d Vitamina B8 e C A colina é considerada um nutriente essencial porque ela não pode ser sintetizada em quantidade suficiente para suprir as demandas metabólicas. AI 19-50 anos 450mg/d O ácido ascórbico está envolvido na síntese de colágeno e funciona como um antioxidante. O consumo diário de fontes alimentares com alto teor de nutrientes deve ser incentivado. RDA 14-18 anos 80mg/d 19-50 anos 85mg/d Minerais A deficiência de minerais, durante o período gestacional, pode trazer consequências adversas para saúde das gestantes e para o desenvolvimento fetal. Durante o período de lactação, as deficiências nutricionais da nutriz podem contribuir para a manutenção de baixas reservas de nutrientes nos lactentes, aumentando as chances para o desenvolvimento de carências nutricionais nos primeiros anos de vida (SILVA et. Al. 2007; KRAUSE, 2013). Ferro - Fe Eritrócitos Um notado aumento no suprimento de sangue materno durante a gestação eleva muito a demanda de ferro e sua absorção aumenta significativamente durante a gravidez. Desenvolvimento fetal Desenvolvimento das mamas Desenvolvimento do útero e placenta Perdas sanguíneas Uma gestante deve consumir um adicional de 700 a 800 mg de ferro ao longo de sua gravidez —500 mg para hematopoiese e de 250 a 300 mg para os tecidos fetais e placentários. O maior incremento ocorre depois da 20ª semana de gestação, quando as demandas maternas e fetais são maiores. 27mg/dia no 2° e 3° trimestres Ferro - Fe Ferro biodisponível: - Carnes - Aves - Peixes Facilitadores de absorção: - Ferro heme carnes, aves, peixes e frutos do mar - Vit. C Dificultadores de absorção: - Fitatos grãos de cereais, leguminosas, nozes e sementes - Taninos chá, café, cacau A suplementação de ferro na gestação geralmente é recomendada, mesmo na ausência de anemia, objetivando satisfazer o aumento dos requerimentos desse mineral durante os dois últimos trimestres gestacionais. Para o período gestacional, a Organização Mundial da Saúde (OMS)40 recomenda uma suplementação de 60 mg de ferro/dia durante seis meses. Cálcio e Iodo RDA 14 – 18 anos 1.300mg/dia 19 – 50 anos 1.000mg/dia Aproximadamente 30 g de cálcio é acumulado durante a gestação, a maioria no esqueleto fetal (25 g). O limite superior para cálcio durante a gravidez é de 2.500 mg/dia. O iodo gestacional adequado está associado com um quociente mais alto de inteligência na criança, e um déficit de atenção pode estar associado a uma deficiência moderada de iodo RDA 14 – 50 anos 220µg/dia Sódio, Zinco e Cobre 2 a 3g/dia O volume de sangue materno aumentado leva a filtração glomerular de sódio aumentar de 5.000 a 10.000 mEq/dia. A deficiência de zinco é altamente teratogênica e leva a malformações congênitas, desenvolvimento anormal do cérebro no feto e comportamento anormal no neonato. RDA 19 – 50 anos 11mg/dia A deficiência de cobre altera o desenvolvimento do embrião e a deficiência indutora de cobre apresentou-se como teratogênica. RDA 14 – 50 anos 1.000µg/dia Gestante Adolescente Adolescentes 38 a 50kcal/kg/dia + 500kcal/dia 2° e 3° Tri Suplementação complexo B Suplementação de Ca e F Estado Nutricional Práticas dietéticas Fonte: Krause,2013. Gestação Múltipla Fonte: Krause,2013. Gestante Alcoólatras Avaliação minuciosa do EN Suplementação de Vit. B Síndrome Alcoólica Fetal Deficiências absortivas Fe, Vit B12 A, D, K e E Tiamina e Ca Desnutrição Gestante Gastrectomizadas Adoçantes na gestação Sacarina e Ciclamato poucos estudos e efeitos Porém devem ser evitados Aspartame não apresenta efeitos em gestantes animais Sucralose e Acessulfame-K não são tóxicos, carcinogênicos ou mutagênicos em animais Estévia não apresenta efeitos em gestantes animais Segundo as principais evidências, estes podem ser utilizados com segurança durante a gestação. Bom senso sempre! Lactação O aleitamento materno representa uma das experiências nutricionais mais precoces do recém-nascido. Nenhum outro alimento ou leite industrializado modificado é capaz de oferecer ao bebê todos os ingredientes do leite materno.(PASSANHA, CERVATO-MANCUSO E SILVA, 2010). Redução da incidência e gravidade de infecções Ligação mãe-filho Redução dos riscos de cânceres Retorno ao peso inicial - Galactosemia - Tuberculose ativa não tratada - Uso de drogas abusivas - Positivas para o HIV**CONTRAINDICAÇÕES Requerimentos nutricionais A lactação demanda muito nutricionalmente, especialmente para a mulher que amamenta seu bebê exclusivamente por um número de meses. O consumo aumentado da maioria dos nutrientes é aconselhado. Composição varia de acordo com a dieta Sucção Hidratação Requerimentos nutricionais 80% eficiência Produção de 100ml de leite 85Kcal 1º sem, produção de 750ml/dia, com variação de 500 – 1.200ml/dia 330Kcal + no 1º Sem / 400Kcal + no 2º Sem Lactantes CHO g/dia PTN g/dia Fibra g/dia Água L/dia 14-50 anos 210 71 29 3,8 Perda de 0,45kg/sem Macronutrientes Carboidratos IOM, 2002 210g/dia Pode ser necessário ajustar isso dependendo da atividade da mãe e da quantidade de amamentação. A mulher com baixo peso na gestação pode precisar de mais carboidratos. Macronutrientes Proteínas 1,1 g/kg/dia do peso pré-gestacional fundamenta os 71g recomendados pelas DRI’s O leite materno: - soro/caseína 90:10 início da lactação - 80:20 como média - 60:40 a medida que o bebê fica mais velho Macronutrientes Lipídios DRI ? AI 13g/dia para ácidos graxos poli-insaturados – ω6 AI 1,3g/dia para ácidos graxos poli-insaturados – ω3 As gorduras trans devem ser evitadas por completo pela mãe A quantidade e o tipo de gordura no leite materno são diretamente refletidos na dieta materna. O leite “anterior” ou o primeiro leite em uma alimentação tem menos gordura do que o leite “posterior” do final de uma amamentação. Micronutrientes Vit D 10µg Ca 1200mg Iodo 200µg Zn 25mg Fe 10 e 9mg Praticando... Maria Eduarda, 29 anos, medindo 1,69m de altura e pesando atualmente 76kg, verificou-se no seu cartão de pré-natal que ela apresentava 72kg de PPG. Hoje Eduarda encontra-se na 15º semana de gestação. Com base nas informações, calcule o PIPG o VET de Eduarda, POR AMBOS os métodos acima citados. Distribuir o VET obtido (de escolha do aluno) em 6 refeições e entre os macronutrientes, atendendo as recomendações adequadas. Referências • FREITAS, E. S. et al. Recomendações nutricionais na gestação. Revista destaques acadêmicos, v. 2, n. 3, 2011. • MAHAN, L. K. & SCOTT-STRUMP. KRAUSE: Alimentos Nutrição e Dietoterapia. 11 ed. São Paulo: Roca, 2005. • PARIZZI, M. R; FONSECA, J. G. M. Nutrição na gravidez e na lactação. Rev Med Minas Gerais, v. 20, n. 3, p. 341-353, 2010. • PASSANHA, A. et al. Elementos protetores do leite materno na prevenção de doenças gastrintestinais e respiratórias. Journal of Human Growth and Development, v. 20, n. 2, p. 351-360, 2010. • SILVA, L. S. V. et al. Micronutrientes na gestação e lactação. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, v. 7, n. 3, p. 237-244, 2007. OBRIGADO
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