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seguranca alimentar e nutricional

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Prévia do material em texto

Segurança 
Alimentar e 
Nutricional
Alexandra Corrêa de Freitas
© 2019 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida 
ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, 
incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento 
e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e 
Distribuidora Educacional S.A.
Presidência 
Rodrigo Galindo
Vice-Presidência de Produto, Gestão e Expansão
Julia Gonçalves
Vice-Presidência Acadêmica
Marcos Lemos
Diretoria de Produção e Responsabilidade Social
Camilla Veiga
Gerência Editorial
Fernanda Migliorança
Editoração Gráfica e Eletrônica
Renata Galdino
Supervisão da Disciplina
Iara Gumbrevicius
Revisão Técnica
Joselmo Willamys Duarte
Thamiris Mantovani CRB-8/9491 
2019
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
 C Freitas, Alexandra Corrêa de
F866s Segurança alimentar e nutricional / Alexandra Corrêa de 
 Freitas. – Londrina : Editora e Distribuidora Educacional S.A., 
 2019.
 168 p.
 
 ISBN 978-85-522-1601-8
 
 1. Nutrição adequada. 2. Alimento seguro. 3. Segurança 
 alimentar. I. Freitas, Alexandra Corrêa de. II. Título. 
 CDD 613
Sumário
Unidade 1
História da segurança alimentar e nutricional no Brasil .......................... 7
Seção 1
Histórico e conceito de SAN ............................................................. 9
Seção 2
Segurança e soberania alimentar ....................................................23
Seção 3
Direito Humano à Alimentação Adequada e alcance 
da SAN ...............................................................................................34
Unidade 2
A alimentação nos contextos sociais e econômicos ................................47
Seção 1
Pobreza, fome e insegurança alimentar .........................................49
Seção 2
Contextos sociais atuais, padrão alimentar e distúrbios 
alimentares e nutricionais................................................................59
Seção 3
Produção agrícola, agricultura de subsistência e familiar e a 
sustentabilidade ................................................................................71
Unidade 3
Legislação e políticas públicas de Segurança Alimentar e 
Nutricional ...................................................................................................87
Seção 1
Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional 
(Losan) e o Sistema Nacional de Segurança Alimentar 
e Nutricional (Sisan) ........................................................................89
Seção 2
Política e Plano de Segurança Alimentar e Nutricional ...........100
Seção 3
Construção da SAN no Brasil ......................................................112
Referências
Unidade 4
Sistemas e programas nacionais voltados à segurança alimentar 
e nutricional ..............................................................................................129
Seção 1
Sistemas de vigilância alimentar e nutricional ..........................131
Seção 2
Programas sociais de combate à fome e de fortificação de 
alimentos.........................................................................................141
Seção 3
Educação nutricional e participação da sociedade em prol da 
Segurança Alimentar e Nutricional ............................................153
Palavras do autor
Caro aluno, Nesta disciplina, vamos discutir uma temática de grande impor-tância para sua fromação e também para sua atuação em qualquer 
área profissional: a Segurança Alimentar e Nutricional.
Você conhece a sigla SAN? Caso não conheça, não se preocupe, pois 
vamos tratar dessa temática e, se você já ouviu falar a respeito, terá a oportu-
nidade de aprofundar ainda mais seus conhecimentos. 
O objetivo é que você compreenda todo o processo histórico de 
construção da segurança alimentar e nutricional no Brasil, os marcos legais 
que a representam, além de entender evolução desse conceito. Veremos, 
ainda, a sua relação prática com as questões sociais e econômicas que inter-
ferem diretamente na saúde e no padrão alimentar da população brasileira, 
especialmente de indivíduos em situação de maior vulnerabilidade à insegu-
rança alimentar e nutricional.
Para tanto, iniciaremos na Unidade 1 com a parte histórica da SAN e a 
evolução de seu conceito. Os contextos sociais e econômicos da alimentação 
serão abordados na Unidade 2. Já as duas últimas unidades apresentarão a 
legislação, as políticas públicas e os programas voltados para a garantia da SAN.
A partir desses estudos, será possível compreender os movimentos 
sociais e políticos, assim como os programas e estratégias que vêm sendo 
criados na luta e busca pelo direito humano à alimentação adequada. 
Consequentemente, você entenderá a importância do nutricionista nessa 
problemática e os papéis que assume em busca do acesso a uma alimentação 
saudável, que promova o bem-estar de todos. 
Lembre-se de que a leitura do material é importantíssima para embasar as 
discussões que terá em sala de aula. Bons estudos! 
Unidade 1
Alexandra Corrêa de Freitas
História da segurança alimentar e nutricional 
no Brasil
Convite ao estudo
Há alguns anos, a população brasileira vivencia mudanças no padrão 
alimentar e no seu perfil nutricional. A fome e a desnutrição, durante algum 
tempo, estavam entre os principais problemas de saúde que acometiam 
a população, mas isso foi mudando. Hoje, esses problemas ainda existem, 
mas atingem de forma mais expressiva alguns grupos de risco. Os maiores 
problemas de saúde pública da contemporaneidade envolvem a obesidade, 
as doenças crônicas não transmissíveis, a coexistência das carências nutricio-
nais e o consumo excessivo de ultraprocessados. 
O que isso tem a ver com segurança alimentar e nutricional? Você percebe 
alguma relação entre os problemas apontados e a SAN? Você verá que os 
assuntos estão completamente relacionados. 
A evolução do conceito de SAN acompanhou todas essas mudanças no 
perfil nutricional do brasileiro e o contexto histórico que envolve a questão. 
Nesta unidade de ensino, estudaremos a importância dos programas e estra-
tégias de combate à fome no nosso país, os marcos legais da SAN e a criação 
do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN). Assim, 
ao final desta unidade você será capaz de elaborar, por exemplo, um infográ-
fico com a evolução dos conceitos de SAN, de soberania alimentar e direito 
humano à alimentação adequada.
Para contribuir com esse processo de aprendizagem e conseguir visua-
lizar sua aplicabilidade na prática profissional, usaremos o problema atual do 
consumo excessivo de açúcar e alimentos com adição de açúcar pelos brasi-
leiros como estratégia para algumas discussões e reflexões.
Temos vivido e convivido com as mudanças nos hábitos de vida e padrão 
alimentar brasileiro há alguns anos e hoje já colhemos os maus frutos de todo 
esse processo, que tem levado à dados crescentes de Doenças Crônicas Não 
Transmissíveis (DCNT) juntamente com as carências nutricionais. 
Vamos acompanhar a rotina de um nutricionista que se especializou em 
saúde coletiva e tem experiências com programas de educação alimentar. 
Atualmente, ele é servidor público federal e está envolvido com as ações 
do Ministério da Saúde direcionadas ao contexto da SAN. Dentre os vários 
fatores envolvidos no contexto da SAN, o próprio Ministério da Saúde, 
a partir de pesquisas, afirma que os brasileiros consomem 50% a mais de 
açúcar do que o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). 
Isso significa que, por dia, cada brasileiro,consome em média 18 colheres de 
chá do produto (o que corresponde a 80g de açúcar/dia), quando o recomen-
dado seria até 12g/dia (BRASIL, 2018). 
O que você tem percebido a respeito disso? No seu ambiente familiar ou 
de trabalho você percebe que isso é um problema a ser enfrentado? E o que 
será que tem feito as pessoas consumirem mais açúcar do que necessitam? Vá 
pensando no assunto e isso lhe dará artifícios para discussões que virão pela 
frente, combinado?
9
Seção 1
Histórico e conceito de SAN
Diálogo aberto
Estamos iniciando os estudos sobre a segurança alimentar e nutricional e, 
nesta seção, você estudará o contexto histórico e o conceito de SAN, assuntos 
aos quais relacionaremos os problemas atuais a respeito da alimentação e da 
nutrição da população brasileira.
Dentre as problemáticas atuais, os hábitos de vida e o padrão alimentar do 
brasileiro são indícios de que a insegurança alimentar e nutricional persiste 
e se agrava no país. Isso se torna claro ao avaliarmos os dados epidemio-
lógicos que apresentam números crescentes a respeito do excesso de peso 
na população em todos os ciclos de vida, o que está associado a doenças 
crônicas não transmissíveis e a carências nutricionais. 
Assim, retomando nosso contexto de aprendizagem, o profissional nutri-
cionista, servidor público federal do Ministério da Saúde, agora está em 
Brasília em uma capacitação voltada para técnicos de Secretarias Estaduais 
de Saúde. No início das discussões do evento, ele levantou alguns questio-
namentos sobre o processo evolutivo do conceito de SAN e a sua definição 
nos dias de hoje. O objetivo era que os ouvintes refletissem sobre o fato de 
que a população brasileira tem consumido uma quantidade de açúcar muito 
superior à recomendada e sobre a relação desse consumo com o problema da 
insegurança alimentar e nutricional. Se você, aluno, fosse um desses partici-
pantes da capacitação, como iria responder a esses questionamentos?
Para ajudá-lo, nesta seção vamos abordar as definições de segurança 
alimentar e nutricional, o histórico das estratégias e dos programas de combate 
à fome no Brasil e no mundo; além da criação do Sistema Nacional de Segurança 
Alimentar e Nutricional (SISAN) e do marco legal da SAN no Brasil. 
Bons estudos! 
Não pode faltar
O conceito de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) está em perma-
nente construção e tem sido, há muito tempo, alvo de discussões por parte 
do governo, de organizações sociais e de diversos segmentos da sociedade em 
todo Brasil e no mundo. “Além disso, o conceito evolui à medida que avança 
10
a história da humanidade e alteram-se a organização social e as relações de 
poder em uma sociedade” (ABRANDH, 2013, p. 11).
Foi na época da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) que a termino-
logia “segurança alimentar” começou a ser usada na Europa, sendo relacio-
nada com a capacidade de cada país produzir seus próprios alimentos para 
que não fique exposto a problemas relacionados a questões políticas ou 
militares (ABRANDH, 2013).
A partir da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), esse termo reaparece 
e passa a ganhar ainda mais força, principalmente em decorrência da consti-
tuição da Organização das Nações Unidas (ONU) em 1945. Nesse período, 
começa a aparecer a preocupação com o direito humano à alimentação e a 
busca pelo combate à miséria, principalmente após a criação da Organização 
das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e a promulgação 
da Declaração dos Direitos Humanos em 1948 (FREITAS; SALDIVA, 2007).
O período Pós-Guerra foi muito importante para o movimento da 
segurança alimentar, pois de modo geral, ela passa a ser entendida como uma 
questão de disponibilidade insuficiente de alimentos. Com isso, iniciam-se 
várias ações de apoio e assistência à alimentação, em geral utilizando os 
excessos de produção de países ricos para os países em dificuldades como 
estratégias para combater a fome (ABRANDH, 2013).
O entendimento de que a insegurança alimentar acometia os países 
pobres por conta da produção insuficiente de alimentos contribuiu para que, 
a partir de 1950, um movimento chamado Revolução Verde crescesse em 
todo o mundo. Por meio dele promovia-se o uso de sementes originárias 
de variedades genéticas que apresentavam alto rendimento, a utilização de 
insumos químicos, como os pesticidas e fertilizantes e a inovação tecnológica 
referente ao uso de maquinários desde o plantio até a colheita da produção 
agrícola (ANDRADES; GANIMI, 2007). Diante disso, notou-se um aumento 
na produção alimentícia, porém sem impacto importante sobre a fome, 
causando ainda diversas consequências ambientais, econômica e sociais a 
vários países que sofrem com essa problemática até hoje, como a contami-
nação do solo e dos alimentos com agrotóxicos, a redução da biodiversidade, 
o êxodo rural, entre outras complicações (ABRANDH, 2013).
Reflita
Você acredita que esse movimento da chamada Revolução Verde ainda 
ocasiona consequências em relação ao uso de agrotóxicos e à qualidade 
dos alimentos naturais que consumimos?
11
Já na década de 70, a constatação de escassez de alimentos em vários países 
levou à realização da I Conferência Mundial de Segurança Alimentar, que 
reforçou a compreensão de que era preciso haver maior disponibilidade de 
alimentos e levantou a necessidade de se investir em uma política de armaze-
namento, garantindo a regularidade do abastecimento. Nessa época, o foco 
era o produto, e não necessariamente o fator humano, o que fez com que 
a preocupação com alguns direitos ficasse em segundo plano (ABRANDH, 
2013; FREITAS; SALDIVA, 2007).
Por entender que a insegurança alimentar ocorria em consequência da 
pobreza e da falta de acesso à renda, à terra/território e, por sua vez, à alimen-
tação; ao final dos anos 80, o conceito de segurança alimentar foi ampliado 
para além da capacidade produtiva, de armazenamento e de oferta. Diante 
disso, passa a ser relacionado à garantia de acesso físico e econômico em 
quantidades suficientes e de forma permanente (ABRANDH, 2013).
Em 1986 ocorreu a I Conferência Nacional de Alimentação e Nutrição 
como parte da 8ª Conferência Nacional de Saúde. Nessa época, final da 
década de 80 e início da década de 90, acontece mais uma ampliação do 
conceito de segurança alimentar, incorporando a alimentação como um 
direito básico e a necessidade de garantir o acesso a alimentos seguros (não 
contaminados biologicamente ou quimicamente); de qualidade (nutricional, 
biológica, sanitária e tecnológica), produzidos de forma sustentável, equili-
brada e culturalmente aceitável. Além disso, esse novo entendimento passou 
a incorporar a ideia de acesso à informação (MACEDO et al., 2009).
Saiba mais
A 8ª Conferência Nacional de Saúde foi um marco no processo histórico 
das Conferências de Saúde e da construção da saúde pública brasileira. 
Ocorrida em 1986 teve grande participação de pessoas e organizações 
envolvidas nas lutas pelos direitos humanos. Além disso, serviu de base 
para o capítulo sobre saúde na Constituição Federal de 1988, resul-
tando na criação do Sistema Único de Saúde (SUS), deixando nítida sua 
importância e relevância no contexto histórico em que ocorreu.
 Essa nova visão sobre a segurança alimentar, que passou a considerar 
o aspecto nutricional e sanitário, se consolidou em 1992 na Conferência 
Internacional de Nutrição ocorrida em Roma, passando então a ser denomi-
nada Segurança Alimentar e Nutricional – SAN (MACEDO et al., 2009).
12
A partir de então, a temática SAN ocupa cada vez mais espaço em várias 
discussões no mundo todo e no Brasil, levando ao surgimento de órgãos, 
programas e políticas preocupadas com a questão. 
No Brasil, os seguintes eventos merecem destaque:
Em 1993 foi criado o Conselho Nacional de Segurança Alimentar 
(CONSEA) e em 1994 aconteceu a I Conferência Nacional de Segurança 
Alimentar. Nesse evento, consolidou-se uma definição para segurança 
alimentar e nutricional que foi iniciada em 1986 e foi mantida em vigoraté 
o ano de 2004.
Garantia, a todos, de condições de acesso a alimentos 
básicos de qualidade, em quantidade suficiente, de modo 
permanente e sem comprometer o acesso a outras neces-
sidades básicas, com base em práticas alimentares que 
possibilitem a saudável reprodução do organismo humano, 
contribuindo, assim, para uma existência digna (CONSELHO 
NACIONAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR, 1986 apud 
ABRANDH, 2013, p. 13).
A SAN envolve dois componentes básicos: a dimensão alimentar e a 
dimensão nutricional. De forma mais detalhada, podemos compreendê-las 
da seguinte forma:
Dimensão alimentar: diz respeito à produção, comercialização e dispo-
nibilidade de alimentos, que devem ser:
• Suficientes e adequadas quanto à quantidade e qualidade.
• Permanentes, estáveis e contínuas e sem sofrer com problemas sazonais.
• Autônomas para alcançar a autossuficiência nacional nos 
alimentos básicos.
• Equitativas com vistas à garantia do acesso universal às necessi-
dades nutricionais adequadas em todas as etapas do curso da vida 
e grupos populacionais.
• Sustentável agroecológica, social, econômica e cultural, buscando 
garantir SAN para as próximas gerações (ABRANDH, 2013; FREITAS; 
SALDIVA, 2007).
13
Dimensão nutricional: diz respeito mais diretamente às práticas alimen-
tares, isto é, escolha, preparo e consumo alimentar, além de sua utilização 
biológica e da relação com a saúde humana, considerando então:
• Disponibilidade e consumo de alimentos saudáveis e adequados para 
cada fase do ciclo da vida.
• Técnicas de preparo dos alimentos com técnicas que preservem o seu 
valor nutricional e sanitário.
• Garantia de utilização biológica dos alimentos de forma a promover 
saúde e uma vida saudável.
• Possibilidades de promoção de cuidados com a própria saúde, com a 
saúde da família e da comunidade.
• Direito à saúde, garantindo acesso aos serviços de saúde.
• Prevenção e controle das condições psicossociais, econômicas, cultu-
rais e ambientais que interferem na saúde e na nutrição.
• Oportunidades para o desenvolvimento pessoal e social. (ABRANDH, 
2013; FREITAS; SALDIVA, 2007).
Pesquise mais
Saiba mais sobre a Segurança Alimentar e Nutricional no artigo:
RIBEIRO, C. da S.; PILLA, M. C. B. A. segurança Alimentar e Nutricional: 
interfaces e diminuição das desigualdades sociais. DEMETRA: Alimen-
tação, Nutrição & saúde. Curitiba – PR, v.9, n.1, p. 41-52, out. 2014. 
Em 1996, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e 
Agricultura (FAO) organizou a Cúpula Mundial da Alimentação em Roma 
e, a partir de então, o direito humano à alimentação adequada e a garantia 
da segurança alimentar e nutricional passam a estar associados de forma 
definitiva (ABRANDH, 2013; SILVA, 2014). Com base nesse evento, os 
representantes do Brasil organizaram um grupo de trabalho para continuar a 
luta em busca da SAN e, no final de 1998, realizaram o Fórum Brasileiro de 
Segurança Alimentar e Nutricional (FBSAN) (ABRANDH, 2013).
Em 1999 é publicada a primeira Política Nacional de Alimentação e 
Nutrição, que foi construída dentro da perspectiva da promoção do Direito 
Humano à Alimentação Adequada (DHAA). Assim como esta, muitas outras 
iniciativas e eventos acontecerem até o ano de 2003, quando o CONSEA, que 
havia sido extinto em 1994, foi recriado com a incorporação da terminologia 
14
nutricional em seu nome, passando a ser chamado de Conselho Nacional de 
Segurança Alimentar e Nutricional (FREITAS; SALDIVA, 2007).
No ano de 2004 aconteceu a II Conferência Nacional de SAN. (ABRANDH, 
2013; FREITAS; SALDIVA, 2007), marco importante do processo histórico 
em questão.
Nesse evento ocorrido em 2004, as dimensões alimentar e nutricional 
foram, de fato, incorporadas ao novo conceito de SAN, e a elas somaram-se 
outras duas: a soberania alimentar e a sustentabilidade no âmbito ambiental, 
econômico e social.
Assimile
Figura 1.1 | Componentes que envolvem o conceito de SAN
 Fonte: elaborada pela autora.
Você sabe o que é Soberania Alimentar?
De acordo com o CONSEA (BRASIL, 2017), soberania alimentar é um 
princípio essencial para garantir a SAN.
15
Diz respeito ao direito que tem os povos de definirem as 
políticas, com autonomia sobre o que produzir, para quem 
produzir e em que condições produzir. (...) significa garantir 
a soberania dos agricultores e agricultoras, extrativistas, 
pescadores e pescadoras, entre outros grupos, sobre sua 
cultura e sobre os bens da natureza (BRASIL, 2017, [s.p]). 
A principal deliberação deste encontro de 2004 foi a criação da Lei sobre 
o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, que em 2006 é 
aprovada como Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional – LOSAN 
e passa a instituir o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional – 
SISAN. (FREITAS; SALDIVA, 2007).
A Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional – LOSAN é vista 
como o principal marco legal de luta e busca pela SAN no Brasil. Da mesma 
forma, o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional – SISAN 
tem grande importância por ser um sistema público de gestão participativa e 
intersetorial que possibilita a articulação entre os três níveis de governo para a 
implementação e execução da Política de Segurança Alimentar e Nutricional.
Mais adiante, no decorrer da disciplina, aprofundaremos a discussão e a 
compreensão sobre essas temáticas.
Desde então, temos como definição de SAN:
Consiste na realização do direito de todos ao acesso regular 
e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade 
suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessi-
dades essenciais, tendo como base práticas alimentares 
promotoras de saúde que respeitem a diversidade cultural 
e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente 
sustentáveis (BRASIL, 2006, [s.p]).
Exemplificando
Na rotina de um nutricionista, é preciso que qualquer indivíduo ou 
população que esteja sob seus cuidados nutricionais receba orientações 
ou até mesmo uma alimentação que siga os preceitos envolvidos no 
conceito de SAN.
Por exemplo, num hospital ou numa unidade de alimentação e 
nutrição, é ideal planejar um cardápio que se baseie nesse conceito, 
fazendo escolhas de ingredientes que promovam saúde, respeitem a 
16
cultura alimentar do cliente, garanta a qualidade nutricional e sanitária 
desejada, além de pensar na sustentabilidade. Da mesma forma, num 
consultório, ambulatório ou em uma unidade básica de saúde, todos 
os públicos, de todos os ciclos de vida, necessitam de orientações que 
levem ao acesso a alimentos com as mesmas garantias citadas anterior-
mente. De fato, não é fácil garantir a SAN absoluta, já que muitos são os 
fatores que interferem negativamente e levam à insegurança alimentar 
e nutricional de uma população como um todo. No entanto, enquanto 
nutricionista é seu papel lutar junto a todos os membros da sociedade 
pela mudança dessa realidade.
No ano de 2007, aconteceu a III Conferência Nacional de Segurança 
Alimentar e Nutricional e, dentre várias discussões e encaminhamentos, 
foram propostas diretrizes e prioridades para a Política Nacional de 
Segurança Alimentar e Nutricional - PNSAN (FREITAS; SALDIVA, 2007), 
que foi instituída em 2010 pelo Decreto nº 7272, o qual também estabelece 
os parâmetros para a elaboração do Plano Nacional de Segurança Alimentar 
e Nutricional (BRASIL, 2010).
Durante todo o percorrer da história que envolve a temática da SAN, 
nota-se o quanto as preocupações com a erradicação da fome foram propul-
soras desse movimento e continuam sendo foco de intervenção, porém agora 
somada a preocupações com a qualidade do que se consome.
Pesquise mais
A Organização das Nações Unidas (ONU) propôs 17 Objetivos para 
transformar nosso mundo. Leia no site da ONUBR o texto que se refere 
ao Objetivo 2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e 
melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável.
O objetivo 2 destaca a erradicação da fome, o alcance da SAN e a 
preocupação com a agricultura sustentável. Além disso,descreve de 
forma sucinta as metas práticas e os prazos para alcançá-las, com vistas 
a um mundo melhor para todos.
Ainda teremos oportunidade de aprofundar nossos conhecimentos sobre a 
PNSAN e sobre o Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. Neste 
primeiro momento, o nosso intuito é entender toda a complexidade de evolução 
do conceito de SAN, os processos que levaram à sua construção e os movimentos 
ocorridos para chegarmos à definição que temos hoje. Para que você possa 
vislumbrar esses conceitos de maneira mais didática, observe a Figura 1.2.
17
Figura 1.2 | Marcos históricos e legais relacionados à SAN no Brasil e no mundo
 
Fonte: adaptado da autora.
18
Sem medo de errar
Vamos retomar a situação-problema apresentada no início desta seção e 
alinhar as nossas conclusões. Em um evento de capacitação do Ministério da 
Saúde, o profissional nutricionista faz questionamento aos participantes sobre 
a relação entre o processo evolutivo de SAN até sua definição nos dias atuais, 
justamente para avaliarem se o padrão alimentar da população brasileira, 
como o excessivo consumo de açúcar, é uma situação de insegurança alimentar 
e nutricional. Você, sendo um desses participantes, o que responderia?
Diante do processo de construção e evolução do conceito de SAN, foi 
possível notar que passamos da problemática principal da falta de acesso aos 
alimentos e da fome, para problemas relacionados à qualidade nutricional 
e à quantidade do alimento consumido, o que foi incorporado também na 
nomenclatura e na definição de SAN.
A partir do processo de urbanização e do crescimento tecnológico, a 
indústria de alimentos passou a ganhar força e a produzir alimentos, muitas 
vezes com menor custo, mas também com pior qualidade nutricional, isto é, 
alto valor energético, decorrente do elevado teor de açúcar, gordura, sódio, 
conservantes e outros produtos químicos, como os agrotóxicos; e baixo teor 
de nutrientes. 
Em decorrência do acesso da população a esses alimentos, seja por custo 
ou pela praticidade que aparentam ter, o padrão alimentar do brasileiro foi 
mudando, sua cultura alimentar tem sido perdida pouco a pouco e a fome oculta 
está cada dia mais presente no quadro de saúde dos brasileiros. Com isso, a socie-
dade se mantém numa situação de insegurança alimentar nutricional, não por 
falta de alimento, mas por falta de qualidade daquilo que consumimos.
Essa situação, juntamente com o sedentarismo, tem sido a principal 
causa para nosso perfil epidemiológico atual, em que as doenças que mais 
levam à internação e mais levam à morte são as Doenças Crônicas Não 
Transmissíveis (DCNT), que, por sua vez, estão diretamente relacionadas às 
escolhas alimentares que estamos fazendo. 
Nesse sentido, compreender esse conceito é essencial para sua atuação 
futura como nutricionista, considerando que todas as áreas de atuação profis-
sional precisam buscar por melhores padrões de alimentação que resultem 
em melhores condições de saúde a todos. Além disso, vale ressaltar que diante 
da complexidade do que estamos tratando, a qual envolve questões sociais, 
econômicas, culturais e interesses das grandes indústrias; torna-se evidente 
o quanto os movimentos políticos e governamentais de luta pelo combate à 
fome e às carências nutricionais e de preocupação com SAN precisam ser 
19
reconhecidos e valorizados, para que possamos mudar essa realidade mesmo 
que a longo prazo.
Avançando na prática
Perfil nutricional e alimentar de população 
usuária de banco de alimentos - atuação do 
nutricionista frente à essa realidade
Atuando como nutricionista em um banco de alimentos, frequentemente 
você se depara com população que vive em situação de vulnerabilidade e que 
convive com dificuldades financeiras e aspectos sociais que interferem no seu 
acesso à alimentação, como o desemprego.
Em parceria com a equipe de saúde de uma UBS da região, você promove 
uma ação de vigilância alimentar e nutricional para realização de avaliação 
antropométrica (coleta de peso, estatura e cálculo de IMC) dos frequenta-
dores do banco de alimentos, solicitação de exames bioquímicos para aqueles 
que apresentam sinais de carência nutricional e coleta de dados sobre o 
padrão alimentar utilizando um questionário de frequência alimentar.
Após tabularem os dados, percebe-se que mais de 50% da população 
avaliada apresenta excesso de peso, a carência nutricional mais prevalente 
foi a anemia ferropriva. O grupo faz pouco consumo de frutas, verduras e 
legumes, alimentos que podem ser retirados no banco de alimentos duas 
vezes por semana, e consome muito suco em pó, refrigerante, macarrão 
instantâneo, salsicha e bolachas recheadas.
Ao conversar em grupo com os avaliados, nota-se que as famílias preferem 
retirar os alimentos no banco, mas não sabem como prepará-los. Eles alegam 
que apenas consomem esses alimentos na forma de salada, cozidos ou a 
fruta in natura e dizem não gostar muito dos sabores, chegando às vezes a 
perde-los e não os utilizar. Também relatam que as crianças não aceitam 
esses alimentos, tendo preferência por aqueles que foram citados como os 
mais consumidos, então, para evitar ter que fazer mais de um tipo de prepa-
ração, acabam consumindo aquilo que as crianças gostam e comprando esses 
alimentos com muito esforço, às vezes até chegando a usar o dinheiro que era 
destinado para outras necessidades.
Diante dessa situação, que tipo de intervenção você proporia a essas famílias?
20
Resolução da situação-problema
Para lidar com essa situação, é importante levarmos em conta e 
retomarmos as dimensões do conceito de SAN, que se dividem em dimensão 
alimentar e dimensão nutricional.
Enquanto nutricionista, é preciso considerar a dimensão alimentar e, 
portanto, poderia trabalhar com essas famílias a respeito da importância 
e papel do banco de alimentos como medida emergencial para o acesso a 
alimentos e a importância de empoderar e direcionar essas famílias, princi-
palmente aquelas em situação de maior vulnerabilidade social para outros 
serviços, no sentido de oferecer suporte para que possam alcançar a autos-
suficiência e a autonomia para suas necessidades básicas. Também poderia 
buscar parcerias para promover ações na região que envolvam a interseto-
rialidade (serviços de educação, saúde, assistência social, igrejas e outros) e 
que contribuam para a geração de renda, melhoria da escolaridade, formação 
profissional, apoio para busca de empregos, confecção de currículos, etc. 
Nesse contexto, há ainda a dimensão nutricional que precisa ser trabalhada 
com essas famílias, podendo ocorrer com ações periódicas, com os diversos 
grupos populacionais atendidos, ou seja, ações de educação alimentar 
e nutricional com as crianças e adolescentes no sentido de estimular e 
promover o consumo de alimentos como os vegetais e frutas; com os adultos 
e idosos ensinando e compartilhando formas de preparo diferentes para esses 
alimentos, contribuindo para a redução do desperdício e também para uma 
alimentação de melhor qualidade nutricional que possa atender às neces-
sidades nutricionais de seus consumidores, evitando problemas de saúde 
relacionados à má alimentação, como o excesso de peso e outras DCNT e, 
até mesmo, tratamento e prevenção das carências nutricionais, dentre elas, a 
anemia ferropriva.
21
Faça valer a pena
1. Em todo o mundo, principalmente por conta dos períodos pós-guerra, em que 
muitos países passavam por situações de escassez de alimentos, dificuldades de 
produção e de acesso aos alimentos; muitos movimentos começaram a acontecer e 
culminaram no que hoje temos estabelecido como segurança alimentar e nutricional.
A respeito dos marcos históricos e legais mais importantes no Brasil, assinale a alter-
nativa que apresenta mobilizações que aconteceram em território nacional e foram de 
extrema relevância para a construção do conceito e das mobilizações em prol da SAN.
a. Criação da FAO e Conferência Internacional de Nutrição.
b. Criação do CONSEA,instituição da LOSAN e do SISAN.
c. Surgimento da ONU e 8ª Conferência Nacional de Saúde.
d. Revolução verde e promulgação da Política Nacional de Segurança Alimentar 
e Nutricional.
e. I Conferência Mundial de Alimentação e Nutrição e III Conferência Nacional 
de Segurança Alimentar e Nutricional.
2. Segundo a Ação Brasileira pela Nutrição e Direitos Humanos, o conceito de 
segurança alimentar e nutricional passou por algumas definições e foi evoluindo de 
acordo com a história da humanidade, suas preocupações e problemáticas.
Com base no texto, escolha a alternativa correta a respeito da evolução do conceito de 
segurança alimentar e nutricional.
a. A terminologia “segurança alimentar e nutricional” já existia anteriormente 
ao período da Primeira Guerra Mundial.
b. As preocupações com as questões de segurança alimentar começaram no 
Brasil em 2006 quando foi instituída a Lei Orgânica de Segurança Alimentar.
c. As preocupações com a segurança alimentar começaram com a qualidade dos 
alimentos que eram ofertados às populações em situação de pobreza e fome. 
d. A nomenclatura “nutricional”, no Brasil, foi inserida na terminologia 
“segurança alimentar e nutricional” após a instituição da Política Nacional de 
Segurança Alimentar e Nutricional.
e. O conceito de segurança alimentar e nutricional surgiu inicialmente apenas 
com as preocupações voltadas à dimensão alimentar, por isso, por algum 
tempo foi chamado apenas de segurança alimentar.
22
3. A definição de SAN em uso atualmente e instituída a partir da LOSAN, diz que ela
Consiste na realização do direito de todos ao acesso regular 
e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade 
suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades 
essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras 
de saúde que respeitem a diversidade cultural e que sejam 
ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis 
(BRASIL, 2006, [s.p]).
A partir da leitura e da compreensão desse conceito, escolha a alternativa que repre-
senta a interpretação adequada.
a. Trata-se da defesa da igualdade social econômica em busca da redução da 
pobreza e das carências nutricionais, a partir de uma alimentação rica em 
nutrientes.
b. É entendida como um movimento que busca defender o direito à alimentação 
e erradicação da fome com qualquer tipo de produto alimentício que possa 
ser ofertado.
c. É vista como um direito de todos ao acesso contínuo a alimentos de quali-
dade, de forma a promover saúde, e em quantidade suficiente, sem que outras 
necessidades básicas sejam comprometidas, respeitando as tradições cultu-
rais e preocupando-se com a sustentabilidade.
d. Preocupa-se com as questões ambientais e econômicas, preconizando o 
uso de alimentos orgânicos, dieta vegetariana e redução no consumo de 
alimentos ultraprocessados.
e. Busca promover saúde por meio de uma alimentação saudável, baseada em 
programas de transferência de renda e ajudas humanitárias.
23
Seção 2
Segurança e soberania alimentar
Diálogo aberto
Vamos dar continuidade aos estudos sobre a Segurança Alimentar e 
Nutricional (SAN). Nesta seção, vamos falar sobre o conceito de soberania 
alimentar para que você possa compreendê-lo e conhecer tudo o que está atrelado 
a ele, como as questões de produção, distribuição e consumo de alimentos, além 
da relação com questões ambientais, culturais, econômicas e sociais. 
Nesta unidade, já abordamos o contexto, a problemática dos hábitos 
de vida e os padrões alimentares dos brasileiros, que culminaram em um 
aumento considerável das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT). 
Traçamos, ainda, um paralelo entre esse cenário e as deficiências nutricio-
nais. A exemplo dos problemas atuais, há questões como o consumo exces-
sivo de açúcar por grande parte da população do nosso país. 
Então, vamos ao nosso contexto de aprendizagem: você e o nosso nutricio-
nista do Ministério da Saúde estão envolvidos em ações que buscam a segurança 
alimentar e nutricional. Vocês estão participando de um evento com profissio-
nais de órgãos públicos de saúde e educação de todo o Brasil, empresas alimentí-
cias e profissionais da mídia (jornais, revistas, sites e redes sociais).
Os participantes foram divididos em grupos em uma oficina para realizar 
algumas discussões sobre como trabalhar a promoção da alimentação 
adequada e saudável, bem como o tema da soberania alimentar em serviços 
de saúde e educação municipais, mais especificamente, nas Unidades Básicas 
de Saúde (UBS) e escolas. Considerando a problemática do consumo elevado 
de açúcar pela população brasileira e a necessidade de resgatar a cultura 
alimentar e incentivar a população a repensar suas estratégias sustentáveis 
de produção, distribuição e consumo de alimentos, de que forma você, 
futuro profissional nutricionista, sugere trabalhar a temática da redução do 
consumo de açúcar. No trabalho com crianças e adolescentes no ambiente 
escolar e com adultos e idosos nas UBS, você deve incentivar o resgate da 
alimentação regional e a diversidade ambiental, cultural, econômica e social 
do consumo de alimentos.
Para ajudá-lo a formular uma resposta à situação apresentada, iremos 
estudar, nesta seção, o contexto da definição de políticas e estratégias para 
produção, distribuição e consumo de alimentos, além do acesso a esses 
alimentos por parte da população. Veremos, ainda, como as práticas alimen-
tares saudáveis são importantes na vida de uma nação e finalizaremos 
24
discutindo a diversidade ambiental, cultural, econômica e social do consumo 
de alimento no Brasil. 
Bons estudos! 
Não pode faltar
Após termos entendido mais sobre o conceito de segurança alimentar 
e nutricional, é importante que possamos agora compreender um outro 
conceito que sempre vem à tona quando estudamos essa temática, que é a 
soberania alimentar. Você já ouviu algo sobre esse termo?
O conceito de soberania alimentar surgiu nos anos 90 no evento da Cúpula 
Mundial da Alimentação, apontado pela Via Campesina em seu Segundo 
Encontro Internacional. Foi criado a partir de uma nova forma de pensar sobre 
a liberdade do povo, que precisa ser soberano, o que está diretamente relacio-
nado a questões voltadas para a alimentação. Essa questão foi vista como um 
enfrentamento e uma manifestação contrária às políticas agrícolas neolibe-
rais impostas pela Organização Mundial do Comércio (OMC) e pelo Banco 
Mundial, ambos parceiros da FAO (Organização das Nações Unidas para 
Alimentação e Agricultura) (ARAÚJO, 2016; BOSQUILIA; PIPITONE, 2016).
Assimile
Via Campesina, o que é?
Surgiu em 1992 quando lideranças camponesas da América e da 
Europa participavam de um Congresso de Agricultores e realizaram a 
proposta de criação de um movimento que articulasse os camponeses 
do mundo todo. Dessa forma, é considerada uma articulação mundial 
dos movimentos camponeses com o objetivo de reconhecer a diversi-
dade do campesinato no mundo, construir relações de solidariedade e 
formas de desenvolver a agricultura garantindo a soberania alimentar, 
a preservação do meio ambiente com a proteção da biodiversidade 
(FERNANDES, 2019).
As lutas pela soberania alimentar passaram a ter valor principalmente pelo 
entendimento de que “um povo que não consegue produzir o seu próprio 
alimento é um povo escravo. Escravo e dependente do outro país que lhe 
oferece as condições de sobrevivência” (STEDILE; CARVALHO, 2012, p. 720). 
Nesse contexto, as discussões a respeito da soberania alimentar possi-
bilitaram aos movimentos camponeses a expansão de suas reivindicações, 
25
incluindo temáticas como a exploração da natureza e a expropriação dos seus 
recursos pela agricultura mercantil; repudiando essa prática. Vislumbra-se, 
ainda, questionar a concentração de poder do sistema agroalimentar, argumen-
tando sobre direitos, como o acesso aos alimentos e o poder de definir suas 
produções e políticas agrícolas (VINHA; SCHIAVINATTO, 2015). 
Segundo Machado (2017) em matéria publicada no site do Conselho 
Nacionalde Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA), entende-se que 
soberania alimentar é: “O direito que tem os povos de definirem as políticas, 
com autonomia sobre o que produzir, para quem produzir e em que condi-
ções produzir” (MACHADO, 2017, [s.p.]).
Assim, a soberania alimentar vem se constituindo como uma luta por 
políticas públicas que discutam o direito de escolher que alimento produzir, 
onde e como, de forma a controlar os sistemas alimentares, incluindo modos de 
produção, culturas alimentares, meio-ambiente e também os próprios mercados.
Nota-se que esse conceito tem uma dimensão política mais intensa do 
que a SAN, pois considera que para um país, cidade ou grupo populacional 
ser soberano e conseguir organizar sua forma de subsistência, a população 
precisa ter condições, apoio e os recursos necessários para a produção de 
seus alimentos (ARAÚJO, 2016).
Sendo assim, há destaque e valorização da autonomia alimentar dos 
povos e do respeito da cultura alimentar e hábitos de cada país, assim como 
uma preocupação com a questão territorial relacionada à reforma agrária, 
geração de empregos, menor dependência das importações e preços do 
mercado exterior (BOSQUILIA; PIPITONE, 2016).
Diante de sua complexidade, para alguns autores que estudam o assunto, 
o tema soberania alimentar pode ser entendido como um projeto social que 
se coloca contra os problemas do capitalismo e do modelo de agricultura 
industrial que tem responsabilidades na destruição e nas fragilidades atuais 
dos ecossistemas, reduzindo a agrobiodiversidade, além da contribuição 
para as dificuldades dos mercados locais e sistemas de produção campesina, 
contribuindo para o aumento da pobreza (ARAÚJO, 2016).
Na atualidade, além das questões de cultivo e produção, existem outras 
preocupações, como privatização, o controle de sementes e sua engenharia 
genética, a expansão dos agrocombustíveis, que caminha para a superpro-
dução capitalista, e os efeitos da globalização neoliberal, como os impactos 
na alimentação e na saúde decorrentes da expansão dos alimentos industria-
lizados. O crescimento da fome e da desnutrição, caso haja insuficiência de 
alimentos no futuro devido a problemas ecológicos e ambientais, também é 
um ponto preocupante, entre outras demandas (BERNSTEIN, 2015). 
26
A soberania alimentar deveria ser um direito incontestável, assim como 
o direito à alimentação saudável e culturalmente adequada, produzida de 
forma sustentável; no entanto, o modelo de desenvolvimento adotado pouco 
tem colaborado para seu alcance (BOSQUILIA; PIPITONE, 2016; CENTRO 
ECOLÓGICO, 2008). A conquista dessa soberania precisa ser uma respon-
sabilidade compartilhada entre setor público e privado, levando à articu-
lação de ações, programas e políticas que possam garantir o direito humano 
à alimentação para todos (BOSQUILIA; PIPITONE, 2016).
Pesquise mais
Consulte o artigo de Bosquilia e Pipitone, em que buscam compreender, 
na prática, como tem sido a inserção da luta pela soberania alimentar no 
Programa Nacional de Alimentação Escolar, identificando que o conceito 
de soberania alimentar ainda é pouco explorado pelo programa.
BOSQUILIA, S. G. C. C.; PIPITONE, M. A. P. A Soberania Alimentar e o 
Programa Nacional de Alimentação Escolar no município de Piracicaba 
(SP) – concepções e redefinições. Segurança Alimentar e Nutricional, 
Campinas, v. 23, n. 2, p. 973-983, 2016. 
E então, qual a relação da soberania alimentar com as práticas alimen-
tares de uma população?
Primeiramente, é importante ressaltarmos que o processo de desenvol-
vimento crescente da industrialização dos alimentos por grandes empresas 
e a comercialização centrada em grandes redes varejistas trouxe à tona os 
problemas que culminaram na valorização pela busca da soberania alimentar. 
Esse aumento do poder nas redes de mercado levou à redução das alterna-
tivas de comercialização e distribuição de alimentos e, por consequência, 
resultou na diminuição do poder dos agricultores quanto à negociação e 
preços (CENTRO ECOLÓGICO, 2008).
Nesse sentido, além do que já foi apresentado a respeito da soberania 
alimentar, ela também defende e busca recuperar o poder do cultivo e 
produção de alimentos saudáveis, isento de agrotóxicos e sem origem trans-
gênica (VINHA; SCHIAVINATTO, 2015). 
Ao pensarmos no conceito de alimentação adequada, é essencial consi-
derar os diversos aspectos que envolvem o processo alimentar, valorizando 
aquela alimentação que contribui para o desenvolvimento de uma população 
empoderada de seus direitos e deveres, assim como sua qualidade e seu teor 
nutricional para a construção de seres humanos saudáveis, além de outras 
27
questões como cultura, espiritualidade, religiosidade, amor, carinho, entre 
outras (BOSQUILIA; PIPITONE, 2016). 
A esse respeito, a soberania alimentar valoriza o direito à alimentação 
saudável com respeito ao meio ambiente para todas as pessoas e considera 
como essencial nos sistemas e políticas alimentares os desejos, necessidades 
e estilos de vida daqueles que produzem, distribuem e consomem alimentos 
de forma a defender a causa antes de valorizar as demandas dos mercados e 
corporações (BOSQUILIA; PIPITONE, 2016; CIDAC, 2019).
Ainda é preciso falar sobre a defesa da biodiversidade como parte da 
soberania alimentar. É realmente necessário dedicar atenção a esse item esse 
item, pois o modelo de produção e consumo atual não protege a biodiversidade, 
muito menos as tradições agrícolas e gastronômicas locais (CIDAC, 2019).
Então, temos na agricultura familiar um exemplo prático de ação e de 
tipo de trabalho que buscam a soberania alimentar.
Assimile
Na agricultura familiar a gestão da propriedade é realizada pela família, 
que tem como fonte geradora de renda sua atividade produtiva agrope-
cuária. O agricultor familiar tem uma relação particular com a terra, que 
é ao mesmo tempo sua moradia e seu local de trabalho.
A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) 
em 2014 fez declarações afirmando que a agricultura familiar era conside-
rada um movimento importante para o processo de erradicação da fome e 
para a concretização de sistemas agrícolas ambientalmente e socialmente 
sustentáveis no mundo todo (ARAÚJO, 2016).
No Brasil, no âmbito político-governamental, a agricultura familiar brasi-
leira tem como organismo responsável o Ministério do Desenvolvimento 
Agrário (MDA). Há alguns anos vem ocorrendo ações que incentivam a 
agricultura familiar e mais atenção tem sido dada a essa iniciativa justamente 
por seu potencial enquanto protagonista do desenvolvimento socioeconô-
mico sustentável. A exemplo, temos o Programa Nacional de Fortalecimento 
da Agricultura Familiar (PRONAF) criado em 1996 e depois ampliado 
a partir de 2004, há também a Lei da Agricultura Familiar instituída em 
2006, que colocou o país como referência na criação de políticas públicas 
para a agricultura familiar entre os países do Mercosul (ARAÚJO, 2016). 
Há, também, o Plano Safra da Agricultura Familiar 2017/2020, que é um 
conjunto de ações e programas para o fortalecimento da agricultura familiar.
28
Pesquise mais
Conheça a Lei 11.326, de 24 de julho de 2006 que estabeleceu importantes 
diretrizes para formulação da Política Nacional da Agricultura Familiar e 
Empreendimentos Familiares Rurais, BRASIL. Presidência da República.
Não deixe de consultar, também, a cartilha que apresenta os dez eixos 
de atuação em busca do fortalecimento do setor, buscando a proteção 
do agricultor, a segurança da produção e as questões legais e jurídicas 
relacionadas ao assunto.
BRASIL. Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvol-
vimento Agrário. Casa Civil. Plano Safra da Agricultura Familiar 
2017/2020. Brasília: Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do 
Desenvolvimento Agrário, 2017. 
Além de sua potência no que diz respeito à produção alimentícia que 
valoriza a qualidade e a sustentabilidade, a agricultura familiar tem papel 
importante no que se refere ao desenvolvimentosocial e crescimento do país, 
pois é um caminho para novos empregos, geração e distribuição de renda 
e, consequentemente, redução da migração da população do campo para 
grandes centros para viver em condições de vulnerabilidade e precariedade 
social (ARAÚJO, 2016).
Exemplificando
Tendo em vista tudo que você leu a respeito da agricultura familiar, é 
interessante conhecer dados reais a respeito do nosso país. Segundo 
informações do próprio Ministério do Desenvolvimento Agrário: 
A agricultura familiar é um importante segmento para 
o desenvolvimento do Brasil. São aproximadamente 4,4 
milhões de famílias agricultoras, o que representa 84% dos 
estabelecimentos rurais brasileiros. A agricultura familiar 
é econômica, vem dela 38% do valor bruto da produção 
agropecuária e o setor responde por sete em cada dez 
postos de trabalho no campo. A agricultura familiar é 
produtiva, pois é responsável pela produção de mais de 
50% dos alimentos da cesta básica brasileira, sendo um 
importante instrumento de controle da inflação. (BRASIL, 
c2019, [s.p.]).
29
Vamos agora no âmbito da prática: como a agricultura familiar se conecta 
com o mercado para a distribuição e comercialização de alimentos?
Os próprios agricultores buscam por alternativas de circulação de merca-
dorias na perspectiva da soberania alimentar, buscando reduzir as interme-
diações e fazendo alianças entre produtores e consumidores para usufruir dos 
benefícios da comercialização de seus produtos. Como exemplos temos as 
feiras livres, lojas de cooperativas de produtores ou consumidores, mercados 
institucionais; que precisam ser valorizados e incentivados a fim de fortalecer 
o setor e alcançar a soberania alimentar (CENTRO ECOLÓGICO, 2008) 
Diversas experiências em várias partes do mundo indicam que as feiras 
de agricultores têm um papel essencial na busca e construção de novos 
modelos de desenvolvimento rural, tendo como base a responsabilidade 
com relação ao uso dos recursos da natureza, cooperação e solidariedade. 
Dentre os diversos aspectos positivos, podemos citar o aumento da renda 
dos agricultores; os preços melhores para os consumidores, possibilitando 
o acesso ao produto ecológico à mais pessoas, a credibilidade do produto 
ecológico; o estímulo aos métodos de produção de base ecológica e o resgate 
da agrobiodiversidade; a autonomia para a família agricultora; a partici-
pação das mulheres e jovens na comercialização e na própria organização da 
propriedade (CENTRO ECOLÓGICO, 2008).
Nesses espaços, podemos visualizar o respeito pelos produtores/as, pela 
saúde dos consumidores/as, as preocupações com o meio ambiente, dando 
prioridade ao consumo de produtos locais e de época, pois dessa forma o uso 
de conservantes e outros aditivos é dispensável, além de redução de gastos e 
outras despesas com transportes intermediários, por exemplo (CIDAC, 2019).
Reflita
A agricultura familiar é parte muito importante dos movimentos em 
busca da soberania alimentar. No seu bairro ou na sua cidade existem 
programas ou ações que valorizem essa prática? Você já procurou 
saber se há alguma feira local com o objetivo de valorizar a agricultura 
familiar?
É notável perceber que a busca pela soberania alimentar, apesar de um 
movimento antigo, ainda não obteve grandes avanços, uma vez que os 
esforços esbarram na força e nas pressões exercidas pelas grandes multina-
cionais e indústrias agroalimentares, considerando que uma parte delas têm 
suas atividades baseadas no latifúndio, na monocultura, na exploração dos 
30
trabalhadores, no trabalho infantil e no uso indevido dos recursos naturais 
e da tecnologia. 
Sendo assim, conhecer o assunto, as políticas públicas voltadas para 
essas questões, acompanhar criticamente as práticas de produção e comer-
cialização dos alimentos, reivindicar soberania alimentar para todos é um 
trabalho coletivo de vários atores e, dentre eles, deve estar o nutricionista.
Sem medo de errar
Vamos retomar a situação-problema apresentada anteriormente, em que 
você e o nutricionista do Ministério da Saúde estão envolvidos em ações que 
buscam a segurança alimentar e nutricional. Vocês estão participando de um 
evento com profissionais de órgãos públicos de saúde e educação de todo o 
Brasil, empresas alimentícias e profissionais da mídia (jornais, revistas, sites 
e redes sociais). Considerando a problemática do consumo elevado de açúcar 
pela população brasileira, a necessidade de resgatar a cultura alimentar e 
incentivar a população a repensar suas estratégias sustentáveis de produção, 
distribuição e consumo de alimentos, você, futuro profissional nutricio-
nista, precisa elaborar sugestões para trabalhar a temática da redução do 
consumo de açúcar. Diante disso, alguns caminhos possíveis vão no sentido 
de buscar conscientizar a população sobre suas escolhas alimentares atuais. 
Como vimos, a alimentação desse grupo é rica em alimentos ultraproces-
sados e em açúcar, portanto uma boa abordagem seria promover alternativas 
que resgatem hábitos alimentares locais e valorizem a alimentação natural 
de acordo com a cultura alimentar da família, cidade, estado e país. Nesse 
sentido, são algumas possibilidades de ação: realizar visita a uma feira de 
agricultura alimentar ou a uma feira de orgânicos, mapear junto com as 
pessoas da comunidade os espaços de comercialização ou distribuição de 
alimentos provenientes de agricultura familiar, incentivar a mobilização 
e a participação popular em busca de espaços e locais que comercializem 
alimentos preocupados com a soberania alimentar, mostrar os lados negativos 
do consumo frequente dos alimentos ultraprocessado, apresentando o teor 
de açúcar dos alimentos comumente consumidos pela população brasileira, 
de forma a indicar seus riscos à saúde. Além disso, é importante apresentar 
alimentos regionais que têm sido esquecidos pela população mostrando 
seu valor nutricional, resgatando valores familiares e lembranças, valori-
zando a cultura alimentar das famílias e a importância econômica e social de 
priorizar o consumo de alimentos e produtos locais. Outra medida interes-
sante seria promover ações que possam culminar em espaços comunitários 
para plantação e colheita de alimentos in natura, valorizando a alimentação 
31
natural e os alimentos ricos em nutrientes, além do trabalho coletivo da 
comunidade em prol da economia, cultura e alimentação local.
Baseado nessa “experiência” ficou mais fácil compreender o que é a 
soberania alimentar e como promovê-la na prática enquanto nutricionista? 
Essa compreensão facilitará a realização da atividade proposta como resul-
tado de aprendizagem desta unidade de ensino, já que você poderá incluir a 
soberania alimentar em seu infográfico. 
Avançando na prática
Em busca do incentivo à soberania alimentar
Você é nutricionista de uma unidade básica de saúde e também atua em 
consultório. Ultimamente tem percebido que seu público vem se preocu-
pando mais com as questões relacionadas à alimentação e ao meio ambiente 
e entende ser necessário fazer mas conversas com seus pacientes/clientes a 
respeito disso, pensando além das questões nutricionais e de saúde obtidas 
pela alimentação. Neste sentido, você gostaria de oferecer mais orientações 
que incentivassem esse público a buscar a segurança alimentar e nutricional 
e fortalecesse a soberania alimentar.
Quais seriam as orientações que você poderia fornecer a esses pacientes 
para atingir esse objetivo?
Resolução da situação-problema
Primeiramente seria interessante que, enquanto profissional, você conhe-
cesse na sua região de trabalho, sabendo se há ou não locais que comercia-
lizam produtos de agricultura familiar, por exemplo, e alimentos orgânicos 
de pequenos produtores. É importante saber, também, se há espaços como 
hortas comunitárias ou bancos de alimentos com esses tipos de produtos 
a fim de indicar a seus pacientes/clientes a ida a esses locais. No entanto, 
é essencial conhecer o valor de venda desses itens e também o poder decompra da população que atende, de forma a não gerar frustrações ou 
dificuldades no acesso aos alimentos que orientará para consumo. Caso não 
haja nada nesse sentido na região, um outro caminho é favorecer a mobili-
zação da comunidade para a reivindicação de espaços como as feiras livres de 
agricultura familiar no bairro, espaços comunitários para cultivo, plantação 
e colheita de alimentos. Por fim, orientar e reforçar os cuidados com o meio 
32
ambiente, desde a compra dos alimentos até o preparo evitando desperdício 
de alimento e de água, são caminhos possíveis. 
Faça valer a pena
1. O conceito de Soberania Alimentar surgiu nos anos 90 e foi criado a partir de 
uma nova forma de pensar sobre a liberdade do povo, que precisa ser soberano e ter 
autonomia sobre o que, para quem e em que condições produz.
Avalie as alternativas a seguir e escolha aquela que apresenta a definição de 
soberania alimentar.
a. Trata-se de uma luta por políticas públicas que discutam o direito de controlar 
seus sistemas alimentares.
b. É praticamente um sinônimo de segurança alimentar e nutricional.
c. Preocupa-se exclusivamente com questões voltadas à reforma agrária e à 
produção agrícola.
d. Questões voltadas à cultura alimentar não fazem parte deste conceito.
e. Para alcançá-la é preciso haver esforços apenas do setor público.
2. Entende-se por agricultura familiar a gestão de uma propriedade sendo realizada 
por uma família, que tem uma relação particular com a terra onde mora e trabalha 
com uma atividade produtiva agropecuária, sendo essa a sua fonte geradora de renda.
Avalie as afirmações abaixo e assinale a alternativa que diz respeito a uma verdade 
sobre a agricultura familiar.
a. No Brasil, no âmbito político-governamental, a agricultura familiar brasileira tem 
como organismo responsável o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS).
b. A agricultura familiar é importante apenas pela capacidade de produção de 
alimentos livres de agrotóxicos, com pouca relevância no que diz respeito à 
geração de empregos e renda. 
c. É considerada um movimento importante para o processo de concretização 
de sistemas agrícolas ambientalmente e socialmente aceitáveis no mundo todo.
d. A conexão entre produção proveniente de agricultura familiar e consumidor 
se dá por meio da venda desses produtos em grandes redes de hipermercados 
e redes de restaurantes que usam a mercadoria. 
33
e. No Brasil ainda não pode ser considerada produtiva, pois ainda tem pouca 
contribuição nos percentuais de produção de alimentos no Brasil, alcançando 
apenas 15% dos alimentos da cesta básica brasileira. 
3. A soberania alimentar deveria ser um direito incontestável, assim como o direito 
à alimentação saudável e culturalmente adequada, produzida de forma sustentável; no 
entanto, o modelo de desenvolvimento adotado pouco tem colaborado para seu alcance.
Buscando fazer uma correlação entre o conceito de soberania alimentar e as práticas 
alimentares saudáveis, analise as afirmações, indicando V para verdadeiro e F para falso.
I. O processo de desenvolvimento crescente da industrialização dos alimentos 
por grandes empresas e a comercialização centrada em grandes redes 
varejistas não favorece a soberania alimentar.
II. O poder de venda e negociação de preços das redes de mercado diminuiu o 
poder dos agricultores quanto à negociação e preços.
III. Defende o cultivo e produção de alimentos saudáveis, isento de agrotóxicos 
e sem origem transgênica.
IV. O modelo de produção e consumo atual não protege a biodiversidade, muito 
menos as tradições agrícolas.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA.
a. F – V – F - V.
b. V – V – F - V.
c. V – F – F - V.
d. V – V – V - V.
e. F – V – V - V. 
34
Seção 3
Direito Humano à Alimentação Adequada e 
alcance da SAN
Diálogo aberto
Nesta seção vamos estudar um pouco mais a respeito do Direito Humano 
à Alimentação Adequada. Apesar de alguns avanços já terem sido alcan-
çados, trata-se de uma situação que, infelizmente, ainda é um ponto preocu-
pante em nosso país. 
Em decorrência de seu hábito alimentar, a população brasileira vem 
sofrendo com aumento da obesidade e das doenças crônicas não transmissí-
veis associadas a carências nutricionais. Essa situação tem relação direta com 
o Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA), principalmente no 
que diz respeito ao direito a uma alimentação saudável. 
Pensando nessa problemática, vamos continuar a nossa busca por viven-
ciar a realidade de trabalho do nutricionista apresentado no contexto de apren-
dizagem desta unidade. Como vimos, o profissional é um servidor público 
do Ministério da Saúde e está envolvido em ações que buscam alcançar a 
SAN e o Direito Humano à Alimentação Adequada. Vamos supor que você 
seja esse nutricionista e recebe uma incumbência de seu gestor direto para 
organizar uma reunião com outros setores do governo, convidando represen-
tantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ministério da 
Cidadania, Ministério do Meio Ambiente e Ministério da Mulher, Família e 
Direitos Humanos.
A temática da reunião será: “Acesso à alimentação: condições físicas e 
econômicas, direito, garantia jurídica e busca por sustentabilidade”. Diante 
disso, você deve levar para a discussão as questões que, na sua opinião, repre-
sentam as dificuldades atuais vividas pela sociedade brasileira. Organize-as 
em tópicos e elabore propostas de ações para melhorar essa realidade.
Não pode faltar
Já falamos bastante a respeito da Segurança Alimentar e Nutricional 
e, nesse contexto, é impossível não abordarmos o Direito Humano à 
Alimentação Adequada (DHAA).
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Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU):
Os direitos humanos são comumente compreendidos como 
aqueles direitos inerentes ao ser humano. O conceito de 
Direitos Humanos reconhece que cada ser humano pode 
desfrutar de seus direitos humanos sem distinção de raça, cor, 
sexo, língua, religião, opinião política ou de outro tipo, origem 
social ou nacional ou condição de nascimento ou riqueza.
Os direitos humanos são garantidos legalmente pela lei de 
direitos humanos, protegendo indivíduos e grupos contra 
ações que interferem nas liberdades fundamentais e na 
dignidade humana. (ONU, c2019, [s.p.]) 
Dessa forma, é possível entender que direitos humanos são aqueles funda-
mentais a qualquer pessoa e essenciais para garantir a todos a existência de 
uma vida digna. Dentre eles, está o Direito Humano à Alimentação Adequada 
(DHAA), já que a alimentação é uma necessidade básica do ser humano 
(SILVA; CAMARGO; MONTEIRO, 2017).
A garantia de todos os direitos humanos, inclusive da alimentação, é 
responsabilidade do Estado (Governo) e da sociedade, em âmbito nacional 
e internacional, de forma a assegurar a todos, sem qualquer distinção, o 
acesso a uma alimentação adequada quantitativa e qualitativamente (SILVA; 
CAMARGO; MONTEIRO, 2017), buscando também o alcance da Segurança 
Alimentar e Nutricional (SAN).
O Estado, enquanto responsável pela garantia do Direito Humano à 
Alimentação Adequada (DHAA) também precisa se desdobrar em outras 
responsabilidades como:
• Obrigação de respeitar: não pode adotar medidas que levem à 
alguma privação da capacidade de indivíduos ou grupos proverem 
sua própria alimentação. Para tanto, é preciso revisar suas políticas e 
programas com vistas ao DHAA.
• Obrigação de proteger: impedir que indivíduos, grupos, empresas ou 
entidades violem o DHAA de pessoas ou grupos populacionais. 
• Obrigação de promover: deve criar condições que permitam a reali-
zação efetiva do DHAA, de forma a promover atividades que possam 
fortalecer a garantia dos direitos humanos e também reparar as situa-
ções de violação. Exemplos: promoção da reforma agrária, garantia 
da função socioambiental da terra, fortalecimento de formas susten-
táveis de produção, garantia de acesso à renda, entre outros.
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• Obrigação de prover: deve prover alimentos diretamente a pessoas ou 
grupos incapazesde consegui-los por conta própria, até que tenham 
condições de fazê-lo. Isso pode ser feito por meio de transferência de 
renda ou renda básica, de entrega de alimentos ou de outras formas de 
seguridade social (BRASIL, 2017).
No entanto, não podemos achar que a busca pelo DHAA é um dever apenas 
do Estado, pois é também responsabilidade de toda a sociedade civil, sendo 
importante a conscientização e a mobilização social para luta e conquista desse 
direito, sem apenas ficar esperando as ações do governo. Por isso, debates a 
respeito do DHAA e da segurança alimentar e nutricional precisam ter uma 
abordagem intersetorial e multiprofissional em prol de sua concretização, 
considerando os vários fatores e a complexidade que envolvem esses assuntos.
Ao abordarmos o Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA), 
em geral, os conceitos remetidos ao tema envolvem disponibilidade de 
alimentos, adequação, estabilidade, acessibilidade a alimentos produzidos 
e consumidos de forma digna, soberana, sustentável e emancipatória. Isso 
porque o DHAA tem duas dimensões, que são: o direito de estar livre da 
fome e o direito à alimentação adequada. É essencial, portanto, que haja a 
realização dessas duas dimensões para se considerar que este direito está 
sendo alcançado (BRASIL, 2017).
Assimile
Figura 1.3 | Dimensões do Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA)
Fonte: adaptado da autora.
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Diante da relevância do tema e do papel do Estado em garantir o DHAA, é 
preciso dizer que apesar de ainda não ter atingido o ideal, o Brasil tem avançado 
de forma positiva no desenvolvimento de políticas públicas e projetos que 
favorecem a SAN e o DHAA (SILVA; CAMARGO; MONTEIRO, 2017).
Isso pode ser notado com dados que mostram que no Brasil, nas últimas 
décadas, cerca de 40 milhões de pessoas saíram da pobreza extrema, princi-
palmente devido a diversos programas de proteção social e também pelo 
avanço socioeconômico ocorrido no país, com isso, consequentemente 
houve significativa redução da fome e da desnutrição (SILVA, 2018).
Esses dados são obtidos pela Organização das Nações Unidas para a 
Alimentação e a Agricultura (FAO) em parceria com outras agências do 
sistema da ONU, por meio do relatório do Estado da Segurança Alimentar e 
Nutricional no Mundo (SOFI, na sigla em inglês). Em 2014, o SOFI indicou 
que, no ano anterior, menos de 5% da população brasileira sofria de fome. 
Esse resultado mostrou que o país havia saído do Mapa da Fome no mundo. 
No entanto, a partir de 2016, em razão da crise econômica, do aumento do 
desemprego e da diminuição dos investimentos em programas de proteção 
social, começa a haver uma preocupação com o aumento do índice de 
pobreza e da fome no Brasil, já que a pobreza é um dos principais fatores no 
mundo que impedem o acesso da população aos alimentos (SILVA, 2018).
Até 2016, não houve aumento significativo da fome no Brasil, que ainda 
acometia menos de 2,5% da população. Apesar desse cenário, dados do IBGE 
de 2018 sinalizaram um aumento da extrema pobreza no país em cerca de 
11% entre 2016 e 2017 (de 13,3 para 14,8 milhões de pessoas). Esses dados 
podem refletir o aumento do número de pessoas que passam fome no país, 
sendo um ponto de alerta para os governantes, profissionais da saúde e socie-
dade civil (SILVA, 2018).
Pesquise mais
No artigo intitulado A fome e o Direito Humano à alimentação Adequada 
(DHAA) em filmes e documentários brasileiros, os autores fazem uma 
avaliação crítica a respeito da abordagem de temas como a fome, a desnu-
trição e o Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA). Esse trabalho 
fará com que você entenda melhor os conceitos e a realidade brasileira.
SILVA, J. R. A.; CAMARGO, E. B.; MONTEIRO, R. A. A fome e o Direito 
Humano à Alimentação Adequada (DHAA) em filmes documentários 
brasileiros. Com. Ciências Saúde, v. 28, n. 2, p. 205-215, 2017. 
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Algumas estratégias são comumente usadas no sentido de minimizar 
essa problemática, como a busca por alimentos provenientes de sobras de 
feiras livres, o recebimento de doações e o apoio de lideranças religiosas 
(CASEMIRO; VALLA; GUIMARÃES, 2010).
Exemplificando
Nos anos 80, era comum o uso da multimistura como estratégia 
de melhorar e/ou recuperar o estado nutricional especialmente de 
gestantes, nutrizes e crianças de baixo peso. A multimistura era um 
composto obtido a partir de farelos de trigo e arroz, farinha de trigo 
torrada, fubá, folhas verde-escuras, pó de sementes e de casca de ovo.
Além de não haver comprovação científica de sua eficácia, após alguns 
anos de avaliação e discussão, o Conselho Federal de Nutricionistas 
publicou em 2009 um posicionamento sobre a multimistura. Dentre 
diversos aspectos a serem considerados está:
A utilização de partes de alimentos, como farelos, cascas e 
outros subprodutos resultado de sua limpeza, não devem 
ser utilizados por seres humanos deprimidos social e econo-
micamente como solução das questões de fome e pobreza 
destas populações, por contrariar o direito humano a uma 
alimentação adequada, saudável e que respeite o hábito 
alimentar da população (CONSELHO FEDERAL DE NUTRI-
CIONISTAS, 2010, p. 3).
Embora essas ações ajudem a reduzir os impactos desse problema social, 
um estudo feito com famílias em situação de insegurança alimentar no meio 
urbano apresentou relatos de constrangimentos, vergonha, humilhação, degra-
dação, sensação de se sentirem diminuídos; o que faz todo sentido já que esse 
tipo de caminho para garantir a alimentação não garante nem qualidade, nem 
mesmo quantidade de alimento; além de impossibilitar o direito de escolha 
e o acesso de forma digna à alimentação. Nesses casos, é preciso trabalhar a 
autoestima desses indivíduos de forma que consigam retornar ao meio social se 
sentindo valorizados e capazes de adquirir seus alimentos por meios próprios 
ou de forma que não se sintam menosprezados por precisarem pedir ajuda a 
outras pessoas (CASEMIRO; VALLA; GUIMARÃES, 2010).
De fato, essa é uma situação difícil de lidar e a prática assistencialista e 
clientelista acaba sendo utilizada, pois “não se pensa no futuro (previsão) 
porque todas as energias estão mobilizadas para evitar a sensação de fome 
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que já havia passado, e garantir a subsistência no dia de hoje (provisão)” 
(VALLA, 2001 apud CASEMIRO; VALLA; GUIMARÃES, 2010, p. 2091).
Reflita
O Dia Mundial da Alimentação é celebrado no dia 16 de outubro, data 
de fundação da FAO, que aconteceu em 1945. Essa data foi criada justa-
mente para estimular a sensibilização e a ação em nível mundial a favor 
das pessoas que sofrem com a fome e também para buscar a garantia 
da segurança alimentar e nutricional para todos. No ano de 2018, a FAO 
lançou uma campanha para acabar com a fome no mundo até 2030, cujo 
tema foi: “Nossas ações são nosso futuro. Um mundo #fomezero para 
2030 é possível” (traduzido para o português). (CONSELHO FEDERAL DE 
NUTRICIONISTAS, 2018, [s.p.]).
Pensando nessa proposta, o que você, enquanto nutricionista, poderia 
fazer para contribuir?
Nesse contexto, além da preocupação com a condição socioeconômica 
dos brasileiros, também existe uma preocupação com o crescimento popula-
cional no Brasil e no mundo, que pode gerar problemas no que diz respeito a 
garantia de acesso a alimentos a todos, o que afetará o DHAA.
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), em relatório 
intitulado Perspectivas da População Mundial: a revisão de 2017, a previsão 
de crescimento populacional é de cerca de 10 bilhões de pessoas no mundo 
até 2050. No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 
estima que haja um crescimento de mais de 14 milhões de pessoas até 2030, 
fazendo com que a população brasileira alcance o número de cerca de 223 
milhões de habitantes (TELES, 2018).
Diante dessa situação, o que entra em discussão é justamente pensar 
em estratégias para que a garantia de uma alimentação adequada e perma-
nente seja protegida; além de contribuir para a sustentabilidade e a não 
degradaçãono planeta Terra. Os problemas relacionados à alimentação e 
ao meio ambiente são bastante complexos por envolverem questões como a 
água, mudanças climáticas, demografia, ecologia, urbanização, entre outros 
(RIBEIRO; JAIME; VENTURA, 2017).
Essa preocupação com a sustentabilidade e com a produção de alimentos 
não é tão recente e tem motivado alertas da comunidade científica há 
algumas décadas. No entanto, o que vem ganhando destaque e relevância são 
as questões voltadas à promoção de uma agricultura sustentável que resulte 
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em ações e políticas voltadas à valorização do agricultor e à capacidade 
produtiva das terras brasileiras (IBGE, 2018).
Como alternativas práticas, algumas ações são recomendadas para que seja 
possível aumentar a quantidade e o acesso a alimentos produzidos no Brasil.
Diante de tudo o que vimos, foi possível perceber que a efetivação e o 
alcance do DHAA dependem de muitos fatores, são eles: sociais, econô-
micos, culturais, educacionais, entre outros. Por isso, as ações intersetoriais 
são essenciais na busca pelo DHAA, além da necessidade da participação 
popular e de parcerias mais justas, éticas e duradouras.
Sem medo de errar
Nesta seção, apresentamos uma situação-problema, em que você seria 
um nutricionista que trabalha no Ministério da Saúde e que está envolvido 
em projetos que buscam alcançar a SAN e o Direito Humano à Alimentação 
Adequada. A sua tarefa era fazer uma reunião com representantes de diversos 
órgãos governamentais, cujo tema seria: “Acesso à alimentação - condições 
físicas e econômicas, direito, garantia jurídica e busca por sustentabilidade”. 
Você deve levar para discussão as dificuldades atuais vividas pela população 
brasileira e as propostas de ações para melhorar essa realidade.
Diante do que foi lido nesta seção de estudos, é importante ter clareza de 
que a efetivação e o alcance do DHAA estão relacionados a muitos fatores, 
como questões sociais, econômicas, culturais, educacionais, entre outras. 
Nesse sentido, poderiam ser parte dos tópicos de discussão desta reunião:
• A situação atual relacionada a problemas socioeconômicos, como 
desemprego e baixa escolaridade, que resultam em dificuldades finan-
ceiras. Neste item, propostas como cursos de capacitação profissional 
poderiam contribuir para a melhoria das condições socioeconômicas.
• A condição atual de proteção social às famílias mais vulneráveis. 
Dessa forma, a manutenção e/ou criação de novos programas sociais 
de transferência de renda e o seu monitoramento podem ser alter-
nativas para situações emergenciais, ou seja, em casos em que há 
falta de renda para alimentação e para outras condições básicas de 
sobrevivência.
• As circunstâncias de produção de alimentos nas diferentes realidades 
locais do Brasil são uma problemática que precisa ser avaliada, a fim 
de garantir uma produtividade que alimente a todos e fortaleça a 
agricultura familiar. Dessa forma, promove-se a geração de emprego, 
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o aumento da renda e a melhoria das condições de vida de uma 
comunidade; além de evidenciar a importância da preocupação com 
o meio ambiente no que diz respeito a sua sustentabilidade. 
Você pode pensar em outros caminhos, mas é nítida a necessidade de 
ações intersetoriais para a busca pelo DHAA, além da necessidade da parti-
cipação popular. 
Avançando na prática
Direito à alimentação adequada e saudável no 
ambiente escolar
Você é nutricionista do Programa de Alimentação Escolar de um município 
e é responsável pela programação do cardápio de alunos do ensino funda-
mental. Durante seu planejamento, no que você precisa pensar e o que deve 
incluir no cardápio de forma a promover o DHAA durante o horário escolar?
Resolução da situação-problema
Considerando que o DHAA se divide em duas dimensões: direito de estar 
livre da fome (disponibilidade de alimento de forma ininterrupta) e direito 
à alimentação adequada (aspectos higiênicos sanitários, cultura alimentar, 
atendimento das necessidades nutricionais), todas essas questões precisam 
fazer parte do planejamento do cardápio das crianças do município para o 
qual você trabalha.
Dessa forma, o planejamento do cardápio semanal, quinzenal ou mensal 
deve levar em conta a cultura alimentar da região onde atua, valorizando 
os alimentos regionais e as preparações típicas, sempre que possível. Além 
disso, deve ser construído considerando a faixa etária dos alunos, o período 
que passam na escola, as necessidades nutricionais diárias e o quanto precisa 
ser atendido no ambiente escolar. A preocupação com os aspectos higiê-
nicos e sanitários durante o processo de transporte, o armazenamento e a 
produção dos alimentos também devem ser preocupações e responsabili-
dades do nutricionista, sendo importante a realização de treinamentos com 
os manipuladores de alimentos e visitas periódicas para a fiscalização dos 
locais. O pedido, o planejamento de compras e a entrega nas escolas devem 
ser feitos de forma a garantir que haja alimento diariamente para crianças 
nos locais de ensino. 
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Faça valer a pena
1. A garantia dos direitos humanos, dentre eles o Direito Humano à Alimen-
tação Adequada, inclusive da alimentação, é responsabilidade do Estado 
(Governo) e da sociedade. 
Assinale a alternativa que apresenta as responsabilidades e obrigações do Estado em 
busca do DHAA.
a. Obrigação de assumir, garantir, cuidar e respeitar.
b. Obrigação de respeitar, proteger, promover e prover. 
c. Obrigação de fazer, doar, promover e prover.
d. Obrigação de respeitar, cuidar, proteger, assistir.
e. Obrigação de doar, proteger, cuidar, assistir. 
2. Direitos humanos são aqueles fundamentais a qualquer pessoa e essenciais para 
garantir a todos a existência de uma vida digna. Dentre eles está o Direito Humano à 
Alimentação Adequada (DHAA), já que a alimentação é uma necessidade básica do 
ser humano.
A respeito do DHAA, trata-se de um conceito que tem duas dimensões. Analise as 
alternativas a seguir e assinale aquela que diz respeito às duas dimensões do DHAA. 
a. Direito de comer e direito à alimentação saudável. 
b. Direito de comprar alimentos e direito a alimentos ricos em nutrientes.
c. Direito de estar livre da fome e direito à alimentação nutritiva.
d. Direito de estar livre da fome e direito à alimentação adequada.
e. Direito de comer e direito à alimentação adequada. 
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3. Existe uma previsão de crescimento populacional de cerca de 10 bilhões de 
pessoas no mundo até 2050. No Brasil, a estimativa feita pelo IBGE afirma que até 
2030 haverá cerca de 223 milhões de habitantes. Diante dessa realidade futura, já 
existe uma preocupação a respeito da garantia do acesso a uma alimentação adequada 
e permanente de forma sustentável.
A atenção em relação à sustentabilidade e à produção de alimentos não é algo recente 
e tem sido alvo da comunidade científica. A esse respeito, o que vem ganhando 
destaque e relevância são as questões voltadas à promoção de uma __________ que 
resulte em ações e políticas voltadas à valorização do _________ e da _________ das 
terras brasileiras. 
Escolha a alternativa adequada ao texto e que preencha as lacunas adequadamente. 
a. alimentação saudável / nutricionista / capacidade habitacional.
b. agricultura sustentável / agricultor / capacidade produtiva.
c. agricultura sustentável / mercado de alimentos / capacidade produtiva.
d. alimentação saudável / agricultor / capacidade produtiva.
e. agricultura sustentável / brasileiro / capacidade habitacional. 
Referências
BRASIL. Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. Direito Humano à 
Alimentação Adequada. 2017. Disponível em: http://www4.planalto.gov.br/consea/acesso-a.-
-informacao/institucional/conceitos/direito-humano-a-alimentacao-adequada. Acesso em: 16 
abr. 2019.
CASEMIRO, J. P.; VALLA, V. V.; GUIMARÃES, M. B. L. Direito humano à alimen-
tação adequada: um olhar urbano. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro , v. 15, n. 4, p. 
2085-2093, Jul. 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pil-

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