1-Conceitos básicos de Direito Trabalhista

Prévia do material em texto

DIREITO SOCIAL E TRABALHISTA 
 
1. Conceitos básicos de Direito Trabalhista 
 
Inicialmente, e antes de apresentar os conceitos básicos da disciplina, cumpre destacar a 
sua importância do trabalho em nossas vidas. 
 
Carlos Henrique Bezerra Leite (2020, p.35) ensina que “o trabalho humano sempre 
existiu, desde os primórdios da civilização, e, certamente, continuará existindo enquanto 
houver vida humana neste mundo”. 
 
Para Platon Teixeira Azevedo Neto: 
 
“O trabalho pode ser analisado a partir de diversos prismas e, por isso, 
está propicio a uma análise interdisciplinar. Seria fadado ao malogro o 
esforço de se encontrar uma pureza em seu conceito, pois é inescusável 
um entrelaçamento das variadas visões e perspectivas dos seus sentidos. 
Certo é que o trabalho invade, de forma inexorável, a vida de cada ser 
humano e interfere na economia, no Direito e nos mais variados 
aspectos” (AZEVEDO NETO, 2015). 
 
 
Em abreviadíssimo contexto histórico, o direito do trabalho, no plano internacional, 
divide-se em período pré-histórico e histórico. No período pré-histórico (ou pré-
industrial), com três fases distintas: a) vinculação do homem ao homem (escravidão); b) 
vinculação do homem à terra (servidão); c) vinculação do homem à profissão 
(corporações). Já no período histórico, surge o direito do trabalho, tendo como três causas 
principais: econômica (revolução industrial), política (transformação do Estado Liberal – 
Revolução Francesa – em Estado Social – intervenção estatal na autonomia dos sujeitos 
da relação de emprego) e jurídica (reinvindicação trabalhadores na implantação do 
sistema de proteção) (LEITE, 2020, p.36). 
 
No Brasil, segundo Leite (2020, p.37), a história do direito do trabalho, pode ser dividida 
em três fases: “a primeira, do descobrimento à abolição da escravatura; a segunda, da 
proclamação da república à campanha política da Aliança Liberal; e a terceira, da 
Revolução de Trinta aos nossos dias”. 
 
A Justiça do Trabalho foi criada em 1939 e, em 1943 foi outorgada por Getúlio Vargas, 
a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT (LEITE, 2020). 
 
Já, a Constituição Federal de 1988, segundo ensina Mauricio Godinho Delgado (2019), 
avançou como instrumento de largo espectro de direitos individuais e sociais ampliando 
as garantias até então existentes. 
 
 
1.1. Conceito 
 
O Direito do Trabalho pode ser conceituado: 
 
“o ramo da ciência jurídica constituído de um conjunto de princípios, 
regras, valores e institutos destinados à regulação das relações 
individuais e coletivas entre empregados e empregadores, bem como de 
outras relações de trabalho normativamente equiparadas à relação 
empregatícia, tendo por escopo a progressividade da proteção da 
dignidade humana e das condições sociais, econômicas, culturais e 
ambientais dos trabalhadores” (LEITE, 2020, p.44). 
 
“complexo de princípios, regras e institutos jurídicos que regulam, no 
tocante às pessoas e matérias envolvidas, a relação empregatícia de 
trabalho, além de outras relações laborais normativamente 
especificadas” (DELGADO, 2019, p.48). 
 
 
1.2. Direito público ou direito privado? 
 
A doutrina desenvolveu teorias acerca de qual ramo pertence o Direito do Trabalho, se 
cabe no ramo do Direito Público ou ramo do Direito Privado, ou ainda, a um ramo misto. 
 
Embora existam aqueles que sustentem que tal direito pertença ao ramo do Direito 
Público, cumpre ressaltar que para grande parte dos estudiosos da matéria, o Direito do 
Trabalho pertence ao ramo do Direito Privado. 
 
Sob esse aspecto, impõe destacar o entendimento do jurista Sérgio Pinto Martins: 
 
“O Direito do Trabalho pertence ao ramo do Direito privado. Não 
negamos a existência de normas de Direito público e privado no âmbito 
do Direito do Trabalho, mas elas não chegam a constituir-se num 
tertium genus, nem há criação de um Direito unitário ou misto. O que 
ocorre é que há preponderância da maioria das regras de Direito 
público, o que também se observa no Direito Civil e no Direito 
Comercial, que nem por isso deixam de ser parte do ramo do Direito 
privado” (MARTINS, 2003, p.54). 
 
 
 
___________________________________ 
REFERÊNCIAS 
 
AZEVEDO NETO, Platon Teixeira de. O trabalho decente como um direito humano. São Paulo: LTr, 2015. 
 
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho: obra revista e atualizada conforme a lei da 
reforma trabalhista e inovações normativas e jurisprudenciais posteriores. 18 ed., São Paulo: Ltr, 2019. 
 
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito do trabalho. 12.ed., São Paulo: Saraiva Educação, 2020. 
 
MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 17.ed., São Paulo: Atlas, 2003.