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INIBIDORES DA SÍNTESE DA PAREDE CELULAR _______________________________________________________________________________________ REFERÊNCIA: Goodman e Gilman 13°ed. Capítulo 57 - Penicillins, Cephalosporins, and Other β-Lactam Antibiotics Rang e Dale 7°ed. Capítulo 50 Barros 4°ed. Capítulos 13 a 17 Formulário Terapêutico Nacional, 2010 _______________________________________________________________________________________ Quem são os inibidores da síntese da parede celular? 1. Beta-Lactâmicos: • Penicilina • Cefalosporina • Carbapenêmicos • Monobactâmicos 2. Fosfomicina 3. Cicloserina 4. Bacitracina 5. Glicopeptídeos: • Vancomicina e Teicoplanina FOSFOMICINA (Monuril®) - É um inibidor da síntese da parede celular não beta-lactâmico - Possui um amplo espectro - Diretriz BRASILEIRA para infecção de trato urinário: • A 1ª escolha para tratamento empírico de ITU é FOSFOMICINA, 3g/dose única • Modo de usar: a fosfomicina vem na forma de sachê, que deve ser dissolvida em 75ml de água e administrado à noite, logo após a última micção do dia • É importante que seja administrado apenas à noite após a última micção do dia, caso contrário, o efeito do medicamento é praticamente nulo • É devido a essa comodidade de administração que a diretriz brasileira é diferente da diretriz mundial • Além disso, é um medicamento não teratogênico e, por isso, pode ser utilizado em gestantes - Diretriz MUNDIAL para infecção de trato urinário: • A 1ª escolha para tratamento empírico de ITU é SULFAMETOXAZOL (resistência E. coli < 20%) • 2ª escolha é NITROFURANTOÍNA (resistência E. Coli > 20%) Mecanismo de Ação: - Inibidor da enzima MurA, que catalisa a primeira fase da formação da parede celular BETA-LACTÂMICOS Quem são: - Penicilina —> principalmente para bactérias Gram-positivas - Cefalosporina —> espectro misto (depende da geração) - Carbapenêmicos —> maior espectro de ação entre os beta-lactâmicos - Monobactâmicos —> apenas para bactérias Gram-negativas Estrutura Básica - Todos esses fármacos possuem um anel beta-lactâmico Betalactamases - São enzimas produzidas por bactérias para destruir o anel beta-lactâmico, o que inativa os efeitos dos antibióticos beta-lactâmicos - As betalactamases agem na ligação entre o Nitrogênio e o Carbono do anel beta-lactâmico - Quem são? • Penicilase = beta-lactamase produzida para destruir anel beta-lactâmico de penicilina • Cefalosporinase = beta-lactamase produzida para destruir anel beta-lactâmico de cefalosporina • Carbapenemase (as bactérias produtoras de carbapenemase são as mais resistentes, uma vez que elas atuam nos fármacos com maior espectro de ação. Ex de bactéria com carbapenemase: KPC) • Monobactamase Estrutura da Parede Celular - Gram-positiva: múltiplas camadas de peptídoglicano; camada única de membrana plasmática - Gram-negativa: uma ou duas camadas de peptídoglicano, dupla membrana plasmática - Mureína = estrutura inteira da parede celular, formada por vários componentes - Betalactamases —> sintetizadas no citoplasma da bactéria. • Nas bactérias Gram-positivas elas ficam no meio intracelular e no meio extracelular (atravessando através dos poros da mureína) • Nas bactérias Gram-negativas elas ficam entre as duas membranas bilipídicas (espaço periplasmático, uma vez que não conseguem atravessar a membrana plasmática externa) • Dessa forma, são as Gram-negativas que apresentam maior concentração de betalactamase Camada de Peptídeoglicano - O peptídeoglicano é um heteropolímero, formado por 3 “peças” distintas: 1. Ácido N-acetilmurâmico 2. N-acetilglicosamina 3. Resíduo de glicina - Ácido N-acetilmurâmico: • Formado por 5 aminoácidos: 1. L-alanina 2. D-glutamato 3. L-lisina 4. D-alanina 5. D-alanina - Lipídio C55: • Essas “3 peças” são produzidas dentro da bactéria e precisam ser transportadas para o meio externo para então formar a parede celular • O problema é que essas 3 peças estão em um ambiente que é praticamente água, e elas precisam cruzar uma parede celular que é lipídica. Dessa forma, é necessário um transportador anfipático (tanto hidrofílico quanto lipofílico) • Esse transportador anfipático é o lipídio C55 • O lipídio C55 vai juntar essa 3 peças e formar o heteropolímero que é o peptídeoglicano • Para o lipídio C55 liberar esse heteropolímero no meio externo ele precisa perder o último aminoácido (D-alanina) • O resíduo de glicina precisa se ligar nos aminoácidos do ácido N-acetilmurâmico, no entanto, ele não se liga linearmente, ou seja, não se liga nos mesmos aminoácidos • O que ocorre é que uma “ponta” do resíduo de glicina se liga na L-lisina e outra ponta na D-alanina (isso é chamada de ligação cruzada, e é responsável por aumentar a resistência mecânica da parede celular) • A enzima que faz essa ligação cruzada é denominada transpeptidase • Vancomicina: a estrutura da vancomicina possui 2 “dedos” D-alanina/D-alanina; ao ingerir esse fármaco ele vai até a região que está formando a parede celular e se liga nas últimas duas D-alaninas do ácido N-acetilmurâmico, impedindo que ocorra a liberação desses aminoácidos e, portanto, impedindo a liberação desse heteropolímero para o meio externo Mecanismo de Ação dos Beta-Lactâmicos - É importante ressaltar que todos os beta lactâmicos possuem o mesmo mecanismo de ação, a diferença entre eles é apenas a penetração no tecido e o espectro de ação - Os Beta-Lactâmicos Inibem as enzimas: • Transpeptidases: grupo de enzimas que faz a ligação cruzada (essa enzima também é conhecida como enzima D-alanil-D-alanina ou PLP - proteína de ligação das penicilinas) • Transglicosilases - A inibição das transpeptidases faz com que não se consiga mais “colar as peças”, mas essas peças continuam chegando. É como se fosse um pilha de tijolos sem cimento. A parede celular da bactéria fica muito frágil, o que a faz com que ela progressivamente perca eletrólitos e nutrientes e, com o tempo, pode acarretar na sua explosão (devido à alta pressão interna da bactéria) - As bactérias estão constantemente construindo e destruindo sua própria parede celular. A enzima transpeptidase é responsável por evitar que haja uma destruição excessiva da parede. Assim sendo, se há inibição dessa enzima consequentemente ocorrerá uma autodestruição em massa - Dessa forma, os beta-lactâmicos, além de inibirem a construção de novas paredes celulares, também destroem as paredes já formadas, levando à morte bacteriana. Consequentemente, se há morte, é um fármaco bactericida - Exemplo de medicamentos: • Cicloserina: impede a ligação da duas D-alaninas no ácido N-acetilmurâmico • Vancomicina: impede a saída da última D-alanina da cadeia (não destrói parede celular, apenas impede a formação de novas) • Bacitracina: é um ATB tópico que atua na ligação do lipídio C55 com o fosfato. A bacitracina pode ser associada à neomicina (essa associação é conhecida comercialmente como Nebacetin®). No entanto, sua eficácia está bem diminuída devido à resistência bacteriana - Mycoplasma e Ureaplasma —> são bactérias que não possuem parede celular, logo, os ATBs inibidores da síntese da parede celular não apresentam efeito algum nesses casos PENICILINA Classificação 1. Penicilinas Naturais: A. Benzilpenicilina (Penicilina G - Gold Standart) - Penicilina G potássica (cristalina) • É a pura, descoberta pro Fleming • Problemas: possui meia-vida curta, deve ser administrada a cada 3 horas • Utilizada nos hospitais, devido às dificuldades da administração • Normalmente pode ser administrada por via intravenosa; mas também pode ser administrada via intramuscular ou até intratecal (líquor) • Cuidado com a administração conjunta com diuréticos poupadores de potássio - Penicilina G procaína • É a penicilina ligada à procaína (anestésico local), isso aumenta o tempo de meia- vida (mecanismo análogo à fármacos que se ligam à albumina,aumentando a sua fração circulante) • Foi descoberta que há enzimas no músculos que dissociam a penicilina da procaína, acionando seu efeito • Logo, a penicilina G procaína só pode ser administrada por via intramuscular • Meia vida de 7 dias - Penicilina G benzatina (Benzetacil®) • Meia vida de quase 30 dias —> a benzatina possui maior afinidade à penicilina do que a procaína • Essa é a vantagem da penicilina benzatina, a administração é mais fácil pois não são necessárias doses repetidamente • Ideal para uso ambulatorial B. Fenoximetilpenicilina (Penicilina V) - É a benzilpenicilina modificada para suportar o ácido clorídrico - Logo, pode ser administrada via oral 2. Aminopenicilinas (Penicilinas Sintéticas): A. Ampicilina B. Amoxicilina 3. Penicilinase Resistentes: A. Meticilina (Não é vendido na farmácia) - MRSA (S. Aureus metilcilina resistente) B. Nafcilina C. Oxacilina, Cloxacilina, Dicloxacilina e Flucloxacilina 4. Pseudomonicidas (matam pseudomonas):- Usado praticamente apenas na UTI A. Carboxipenicilinas - Ticarcilina - Carbenicilina B. Ureidopenicilinas - Mezlocilina - Azlocilina - Piperacilina Todas as penicilinas, independe se é G, V, cristalina etc, possuem o mesmo espectro de ação! Farmacocinática das Penicilinas - Podem ser administradas por via oral, intramuscular ou intravenosa (e, teoricamente, por via intratecal; no entanto, essa via pode levar à convulsões) - São hidrofílicas e somente passam a barreira hematoencefálica quando a barreira está acometida por processo inflamatório - São rapidamente excretadas por via renal - São pouco metabolizadas pelo fígado - Seus metabólicos associam-se com proteínas plasmáticas e podem ser alergênicos (na realidade, não é a penicilina que pode causar choque anafilático, mas sim seus metabólicos) Reação Anafilática - 10% da população relata ser alérgica à penicilina - No entanto, um estudo diagnóstico confirmou a alergia em só 10% desses 10% - Portanto, a reação anafilática em si é uma reação adversa rara (0,05%) - Quando prescrever penicilina, deve solicitar para o paciente permanecer em observação por 30 minutos - Pacientes com insuficiência cardíaca congestiva e insuficiência coronariana devem receber a aplicação em centros de referência, uma vez que nos choques anafiláticos esses pacientes possuem maior chance de terem um infarto agudo do miocárdio Tratamento da Reação Anafilática Grave - Durante o choque anafilático há intensa vasodilatação, portanto a primeira medida deve visar conter essa alteração vascular - Tríade do tratamento da reação anafilática: 1. Epinefrina (adrenalina) = irá realizar vasoconstrição (deve ser o primeiro a ser administrado) 2. Glicocorticóide = efeito anti-inflamatório prolongado 3. Prometazina = efeito anti-histamínico + Suporte = respirador (maior pressão de oxigênio —> vasoconstrição), posicionar o paciente com a cabeça elevada (diminui a chance de edema de glote) Conduta (para reação anafilática GRAVE): - Epinefrina 1:1000 - Aplicar de 0,5 a 1,0mL, intramuscular em vasto lateral, a cada 5-15 minutos • Em geral, não iniciar aplicando 1mL direto • Se o paciente é cardiopata, preconiza-se a menor dose possível de epinefrina - Prometazina 50mg - Aplicar 2mL, intramuscular em deltóide, dose única • Deve ser aplicado também Raniditina 50mg, 2mL intravenoso de 8/8h (para complementar a ação anti-histamínica - Metilprednisolona 125mg - Aplicar 2mL, intravenoso de 6/6h * Se preocupe especialmente em casos de edema de lábios, boca e língua, pois nesses casos existe a possibilidade de edema de glote e obstrução de via aérea Doses da Epinefrina - Depende da gravidade da reação anafilática • Casos leves: subcutâneo (0,3 - 0,5 mL) • Casos moderados: intramuscular (0,5 - 1 mL) • Casos graves: • Intramuscular (pode ser aplicado 1 mL diretamente) • Intravenoso • DEVE-SE diluir: puxar 1mL da ampola em uma seringa de 10mL e completar os 9mL restantes com solução fisiológica 0,9% —> concentração foi para 1:10.000) Doses da Epinefrina IM de acordo com a idade - 0 - 6 anos: 0,15mL - 6 - 12 anos: 0,3mL - >12 anos: 0,5mL (ou 0,3mL se a criança é pré-púbere ou pequena) Tratamento da Sífilis - A sífilis é dividida em 4 fases, e esta classificação é essencial para definir a terapia: - Desde 2015 há um desabastecimento global da matéria-prima para produzir penicilina, em especial da penicilina benzatina - Em virtude disso, recomenda-se o uso exclusivo da penicilina G benzatina para gestantes com sífilis e da penicilina cristalina apenas para sífilis congênita - Para o resto da população deve-se utilizar tratamentos alternativos Terapêutica de Sífilis para Gestantes: - Para sífilis primária, secundária e latente recente (até um ano de duração) • Penicilina G benzatina 1,2 milhões UI (5 mL em cada frasco-ampola): • Aplicar 2,4 milhões UI, intramuscular, dose única (1,2 milhão UI em cada glúteo) - Para sífilis latente tardia (mais de 1 ano de duração), ou latente com duração ignorada e sífilis terciária • Penicilina G benzatina 1,2 milhões UI: • Aplicar 2,4 milhões UI, intramuscular (1,2 milhões UI em cada glúteo), 1 vez por semana, por 3 semanas (dose total = 7,2 milhões UI) * Se a disponibilidade de penicilina estiver alta, pode-se utilizar essa terapêutica para mulheres não-gestantes e homens no geral Terapêutica Alternativa (para população geral): - Para sífilis primária, secundária e latente recente: • Doxiciclina, 100mg • Administrar 1 comprimido, por via oral, 2x/dia (12/12h), por 15 dias • Apenas para não-gestantes OU • Ceftriaxona 1g • Administrar 1 comprimido, por via intravenosa ou intramuscular, 1x/dia, por 8 a 10 dias • Pode ser utilizado tanto para gestantes quanto para não-gestantes - Para sífilis latente e tardia, latente com duração ignorada e sífilis terciária: • Doxiciclina, 100mg • Administrar 1 comprimido, por via oral, 2x/dia (12/12h), por 30 dias • Apenas para não-gestantes OU • Ceftriaxona, 1g • Administrar 1 comprimido, por via intravenosa ou intramuscular, 1x/dia, por 8 a 10 dias • Pode ser utilizado tanto para gestantes quanto para não-gestantes • É o mesmo tratamento da sífilis primária - Para Neurossífilis: • Ceftriaxona, 1g • Administrar 2 comprimidos (2g), por via intravenosa ou intramuscular, 1x/dia, por 10 a 14 dias Tratamento de Dor de Garganta Aguda (Faringotonsilite) - Dor de garganta pode causada por: • Bactéria • Vírus • Fungo (ex: cândida na garganta) • Câncer • Refluxo gastroesofágico • Doença auto-imune - No entanto, a maior parte das dores de garganta possuem etiologia viral - Mesmo se for de causa bacteriana, nem sempre é necessário tratar com ATB, uma vez que a faringotonsilite é um doença de evolução benigna (antibiótico só deve ser usado quando o risco de piora do quadro é maior que o risco de auto-resolução) - A antibioticoterapia para dor de garganta só é feita pela possibilidade do paciente desenvolver febre reumática devido a faringotonsilite ocasionada pelo S. pyogenes - O ATB não é para tratar a dor de garganta, mas sim profilaxia de febre reumática! - Faringotonsilite sempre é auto-resolutiva e de evolução benigna! Etiologia: - Crianças • < 3 anos = 80 - 90% vírus • > 3 anos = 40 - 80% vírus • Se bacteriana = 30 - 40% por S pyogenes - Adultos • 80 - 90% vírus • Se bacteriana = 5 - 15% por S pyogenes Como descobrir se é viral ou bacteriana? - Existem testes rápidos que podem ser aplicados ambulatorialmente, no entanto, esses testes não fazem parte da realidade brasileira - Na falta de teste rápido, existem scores para definir a etiologia (FeverPAIN e Centor Score) - Se o resultado dos scores deixarem dúvidas, pode-se utilizar um antibiótico back-up: • Oriente o paciente a só utilizar o ATB se o quadro for piorando ao longo do tempo • Caso haja melhora do quadro apenas com o tratamento sintomático,não utilizar o ATB - Adultos possuem menos faringotonsilite bacteriana que as crianças e jovens devido à memória imune. Portante se um paciente idoso apresenta dor de garganta, provavelmente não é causada por S pyogenes, logo, não é necessário usar ATB, uma vez que não há possibilidade de desenvolver moléstia reumática - Tratamento sintomático: • Se não for bacteriana pode-se utilizar anti-inflamatório (preconiza-se o ibuprofeno) e analgésicos (paracetamol) Terapêutica da dor de garganta aguda Adultos > 18 anos: - Primeira escolha: • Fenoximetilpenicilina (na realidade brasileira se torna um tratamento muito caro e de difícil administração) - Segunda escolha: • Penicilina G benzatina dose única • Pacientes > 27kg = 1.200.000 UI —> Administrar 1 ampola (5mL) • Pacientes < 27kg = 600.000 UI —> Administrar 1/2 ampola (2,5mL) - Terceira escolha: • Amoxicilina 500mg (SEM clavulanto) de 8/8h durante 10 dias • Preconiza-se 10 dias pois esse é o tempo necessário para fazer profilaxia de moléstia reumática • Tempos menores que 10 dias apenas matam a bactéria da garganta, mas não realiza profilaxia - Opções Alternativas (ex: alergia à penicilina): • Claritromicina 250mg ou 500 mg, 2x/dia, por 5 dias • Eritromicina 250 ou 500mg, 4x/dia (6/6h) por 5 dia (ou 500 ou 1000mg, 2x/dia por 5 dias) • Azitromicina 500mg, 1x/dia por 5 dias ( • É o tratamento mais arriscado devido ao elevado risco cardiovascular • Deve ser evitada • O guideline mundial não inclui azitromicina, apenas o brasileiro Clavulin® - Amoxicilina + Clavulanato (inibidor da beta-lactamase) - Pode induzir hepatite medicamentosa • Na realidade, a causa número 1 de hepatite medicamentosa é o uso clavulin - Dado que o S pyogenes não é produtor de beta-lactamase, a associação da amoxicilina com clavulanato não possui indicação no tratamento da dor de garganta Profilaxia PRIMÁRIA de Moléstia Reumática - Penicilina G benzatina 1.200.000 UI dose única (600.000 UI em < 27Kg) OU - Amoxicilina 500mg, 8/8h por 10 dias OU - Ampicilina 100mg/Kg/dia de 6/6h • Devido à posologia mais complicada, o esquema com ampicilina é menos empregado Profilaxia SECUNDÁRIA de Moléstia Reumática - Profilaxia secundária: • A profilaxia secundária é feita caso o paciente já tenha apresentado a doença a moléstia reumática uma vez • O objetivo é evitar que ele venha desenvolva a doença uma segunda vez • Cada vez que um paciente que já teve febre reumática entra em contato com o S pyogenes ele terá piora do quadro • O objetivo da profilaxia secundária é manter uma dose contínua de fármaco durante longos períodos (10 anos de tratamento ou até o paciente completar 21 anos) - Terapêutica: • Penicilina G Benzatina 1.200.000 UI, intramuscular em glúteo, a cada 21 dias, continuamente (600.000 UI se <27kg) • Fenoximetilpenicilina, 250mg, VO, 12/12h • Se alergia à penicilina: • Sulfadiazina • < 30kg = 500mg VO • >30kg = 1000mg VO • Se alergia à penicilina e à sulfa: • Eritromicina 250mg, VO, 12/12h Meningite Bacteriana Causas das meningites: - Viral • É a causa mais comum! • Conduta = apenas suporte e acompanhamento; aguardar diminuição do processo inflamatório - Bacteriana • Evolução muito rápida • Muito mais letal que a viral - Fúngica • Tipicamente faz meningite crônica (duração de meses) - Parasitária - Autoimune - Toxinas Terapêutica Empírico da Meningite Bacteriana - Até 1 mês de vida: • Ampicilina (penicilina) • 75-100 mg/Kg, intravenosa, de 6/6h + • Cefotaxima (cefalosporina) • 75mg/Kg, intravenosa, de 6/6h + • Gentamicina (aminoglicosídeo) • 2,5 mg/Kg IV de 8/8h OU • 5-7mg/Kg IV a cada 24h - De 1 mês até 50 anos: • Cefotaxima ou Ceftriaxona (o padrão é ceftriaxona; a cefotaxima é reservada para crianças) • 2000mg, IV, 6/6h (cefotaxmia) OU • 2000mg IV 12/12h (ceftriaxona) + • Vancomicina • 15-20 mg/Kg IV de 8/8h ou 12/12h + • Dexametasona (glicocorticóide) • 0,15 mg/kg IV 6/6h - > 50 anos: • Ampicilina • 2000mg, IV, 4/4h + • Cefotaxima ou Ceftriaxona • 2000mg, IV, 6/6h (cefotaxmia) OU • 2000mg IV 12/12h (ceftriaxona) + • Vancomicina • 15-20 mg/KgIV 8/8h ou 12/12h + • Dexametasona • 0,15 mg/kg IV 6/6h (2-4 dias) • A primeira dose de dexametasona deve ser aplicada 15-20 minutos antes ou concomitantemente à primeira dose de ATB Pneumonia Adquirida na Comunidade em Adultos Imunocompetentes (PAC) Sintomas: - Falta de ar - Febre - Tosse com secreção Diagnóstico: - O diagnóstico de pneumonia é, de forma geral, fácil; o problema é definir o agente etiológico que a está causando - Para definir o agente etiológico existem alguns testes: • Teste de escarro • Hemocultura Importância: - A pneumonia adquirida na comunidade é a maior causa de morbidade, hospitalização e mortalidade em todo o mundo - A PAC constitui-se constitui-se na principal causa de internação no Brasil no Sistema Único de Saúde Etiologia: - Em 40-60% dos casos não se consegue identificar o patógeno - Bacteriana: Tratamento da PAC em IMUNOCOMPETENTES Pacientes previamente hígidos: - Primeira escolha: • São os macrolídeos (Azitromicina) • 500mg, VO, dose única diária, por 3 dias OU • 500mg no 1º dia e depois 250mg por 4 dias (esquema preferido mundialmente devido à toxicidade dos macrolídeos) - Segunda opção • Beta-lactâmicos (Amoxicilina) • 500mg, 1 comprimido por VO, 8/8h, por 7 dias) • Amoxicilina sem clavulanato! • Os macrolídeos aumentam o risco cardiovascular e, por isso, muitos médicos preferem a terapêutica com amoxicilina Pacientes com doenças associadas ou que tomaram ATB nos últimos 3 meses: - Fluorquinolona ou - Beta-lactâmico + macrolídeo - Doenças associadas: • DPOC • ICC • CA (em tratamento) • DM * * * INIBIDORES DA BETA-LACTAMASE - Ácido clavulânico (clavulanato) - Sulbactam - Tazobactam - Mecanismo: • Os inibidores da beta-lactamase possuem um anel beta-lactâmico muito mais exposto na sua estrutura química • Assim, as beta-lactamases atacam preferencialmente os anéis dos inibidores da beta- lactamase, poupando os anéis do ATB propriamente dito • É como se os inibidores da beta-lactamase funcionassem como uma “isca” para as bactérias - Tendo isso em vista, as beta-lactamases não possuem efeito bactericida, apenas aumentam o espectro de ação dos ATBs Associações - Ampicilina + Sulbactam - Amoxicilina + Clavulanato (Clavulin®) - Amoxicilina + Sulbactam • É uma associação mais racional do que amoxiciclina + clavulanato • O sulbactam é menos indutor de resistência que o clavulanato e deve ser preferido a esse para uso geral - Ticarcilina + Clavulanato - Piperacilina + Tazobactam Tratamento de Sinusite e Bronquite - Amoxicilina 500mg, VO, 8/8h, por 5 a 7 dias OU - Amoxicilina + Clavulanato 875mg/125mg, VO, 12/12h, por 5 a 7 dias OU - Doxicilina 100mg, VO, 12/12h por 5 a 7 dias Tratamento da Otite Externa (otite do nadador) - Tratamento é exclusivamente com ATB gotas no conduto auditivo (polimixina) - Quase a totalidade é de evolução benigna Tratamento da Otite Média - A maior parte possui evolução benigna - Tratamento sintomático: • Paracetamol • Ibuprofeno - Antibioticoterapia: • Crianças e menores de 18 anos: • Primeira escolha: • Amoxicilina 500mg, 8/8h, por 7 dias • Tratamento alternativo (alergia à penicilina): • Claritromicina 250 a 500mg, 12/12h, por 7 dias • Eritromicina • 250 a 500mg, 6/6h, por 7 dias ou • 500 a 1000mg, 12/12h, por 7 dias • Segunda escolha (quando há piora dos sintomas com a primeira linha de tratamento): • Amoxicilina + Clavulanato • 250/125mg, 8/8h, por 7 dias ou • 500/125mg, 8/8h, por 7 dias CEFALOSPORINA Classificação - A ideia de que uma cefalosporina de 2ª geração é melhor do que uma de 1ª geração, e assim por diante, é errada; elas apenas possuem espectros de ação distintos - Todas asgerações têm em comum a ausência de atividade contra enterococos e estafilococos resistentes à oxacilina, além de fraca atividade contra anaeróbios (exceção: cefoxitina) * Evitar quando CESP (Associação de bactérias: Citrobacter - Enterobacter - Serratia - Providencia) —> fazem resistência durante o tratamento Antibioticoprofilaxia Cirúrgia: - A ATBprofilaxia cirúrgica geralmente ocorre horas antes da cirurgia, sem necessidade de prescrever no pós-cirúrgico Suturas: - A maioria dos casos de suturas não necessitam de ATBprofilaxia, sendo que a lavagem correta da região já é suficiente - Quando utilizar ATB? • Mordedura • Lacerações intra-orais • Fraturas expostas • Feridas que envolvam cartilagem, articulações ou tendões (sítios com baixa vascularização) • Feridas muito contaminadas • Em pacientes com insuficiência vascular (baixa vascularização) • Imunodeprimidos - Tanto na antibioticoprofilaxia cirúrgica e de sutura se utilizam cefalosporinas de 1ª geração pois elas são muito eficientes contra Gram-positivos, que são as bactérias mais abundantes na pele CEFOTAXIMA - Pó para solução injetável 500 mg - Espectro: • Gram-negativos aeróbios (que não Pseudomonas) • Gram-positivos aeróbios (que não Enterococos) multirresistentes - Tem seu uso restrito a infecções por microrganismos resistentes em NEONATOS CEFTRIAXONA - Pó para solução injetável 500 mg e 1 g - Espectro: • Gram-negativos aeróbios (que não Pseudomonas) • Gram-positivos aeróbios multirresistentes • Neisseria gonorrhoeae - Tem sua principal indicação para o tratamento empírico de meningites e para a gonorreia em dose única - Sua longa meia-vida permite administrações a cada 12/24 horas, contando ainda com grande penetração tecidual, o que permite seu uso em infecções no SNC Reação Cruzada com Penicilina - Se o paciente é alérgico à penicilina, o ATB de escolha como segunda opção são os macrolídeos - Isso se deve porque 0,5 a 6,5% dos pacientes alérgicos a penicilina também reagem às cefalosporina (principalmente 1ª geração) - Os dois grupos de antimicrobianos têm em comum uma estrutura de anel betalactâmico, mas a reatividade cruzada costuma se originar pelas semelhanças na cadeia lateral - Reações alérgicas mais comuns: • Cefalexina com a ampicilina • Cefadroxil com a amoxicilina Tratamento Direcionado - É realizado após a cultura - Ao recebe-la deve-se direcionar o tratamento (ajuste terapêutico) para um com espectro menos amplo e mais especifico CARBAPENÊMICOS - Produto geralmente de uso hospitalar - Entre os beta-lactâmicos, é o que possui o maior espectro de ação - Utilizados em infecções mistas por germes multirresistentes - Não devem ser utilizados corriqueiramente Quem São? - Imepenem + cilastatina • A cilastatina é uma enzima que inibe a degradação do imepenem por uma dipeptidase tubular renal • Não confundir a cilastatina com um inibidor de beta-lactamase, que amplia o espectro de ação do ATB; a cilastatina apenas aumenta a meia vida do imepenem - Meropenem - Ertapenem • Ensaios clínicos não mostraram diferença entre o meropenem e o imepenem + cilastastina • Ertapenem apresenta um espectro menor do que o imepenem e meropenem MONOBACTÂMICOS - Os monobactâmicos são resistente à beta-lactamase - Isso ocorre pois seu anel beta-lactâmico esta no interior da sua estrutura química, ficando “isolado” Quem são? - Praticamente só o Aztronem • Só é ativo contra Gram-Negativos (Pseudomonas, N meningitidis, H influenzae) - Pode ser IM e IV - Meia vida de 1,7h - Utilizados em infecções por Gram negativos que seriam tratados com outros betalactâmicos não fosse história de reação alérgica prévia Resumindo Beta-lactâmicos - Penicilinas —> pega mais Gram+ - Cefelosporinas • 1ª e 2ª geração —> pega mais Gram+ • 3ª e 4ª geração —> pega tudo, mas mais Gram- - Carbapenêmicos —> pega tudo - Monobactâmicos —> só pega Gram- GLICOPEPTÍDEOS - Não são beta-lactâmicos - Espectro: • Cocos Gram+ (Staphylococcus sp, Streptococcus sp e Enterococcus sp) - Quem são? • Vancomicina • Teicoplamina —> menos nefrotóxica do que a vancomicina - Mecanismo de ação: • A estrutura desses fármacos possui 2 “dedos” D-alanina/D-alanina; ao ingeri-los eles vão até a região que está formando a parede celular e se ligam nas últimas duas D-alaninas do ácido N-acetilmurâmico, impedindo que ocorra a liberação desses aminoácidos e, portanto, impedindo a liberação desse heteropolímero para o meio externo - Também utilizados para tratamento de colite pseudomembranosa (Clostridium difficile) - Tratamento de Colite Pseudomembranosa • Leve —> metronidazol • Moderada/Severa —> vancomicina • Transplante de microbiota (transplante de fezes) - Efeitos adversos: - Febre - Erupção cutânea (Síndrome do homem vermelho) - Flebite - Oto e nefrotoxicidade
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