Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Beatriz Martins Magalhães - 5°P Artrite Reumatóide ➟Definição…………………………………… É uma doença inflamatória crônica, afeta predominantemente pequenas articulações periféricas de forma simétrica e aditiva, podendo evoluir para incapacidade física e significativa limitação da qualidade de vida ➟O elemento clínico dominante é aquele relacionado à maior morbidade da doença que é a presença de artrite, ou seja dos fen^menos clássicos da inflamação (dor, calor, rubor, tumor e perda de função) nas mais diferentes articulações diartrodiais ➟é uma doença crônica com fenômenos inflamatórios persistentes, duração maior do que 6 semanas, debilitante e com acentuado caráter sistêmico, pois sinais e sintomas gerais como febre, mal-estar, emagrecimento, adinamia, além do comprometimento de outros órgãos ou sistemas, podem estar presentes ➟Etiologia desconhecida porém o envolvimento do sistema imunológico, de processos autoimunes, está bem definido, caracterizado pela presença de auto-anticorpos como o fator reumatoide, que é padrão, um anticorpo dirigido contra um outro anticorpo, ou seja, uma imunoglobulina, geralmente é o IgM dirigida contra a porção constante de uma IgG ➟ Importância ressaltar o fator hormonal é indicado pela maior incidência da doença em mulheres no período da pré-menopausa ou pós-parto, e melhora dos sintomas durante a gestação ➟ Considera-se fator protetor o uso de pílulas anticoncepcionais, sugerindo-se que as oscilações hormonais das mulheres têm implicado na doença …………………➟Epidemiologia………………………………… É a artropatia inflamatória crônica mais comum, apresenta distribuição mundial afetando todas as raças, embora com graus diferentes de gravidade e frequência ➟Sua prevalência oscila de 0,4 % a 1,9% mundialmente ➟No Brasil a prevalência seria de 4,6% ➟É mais comum em mulheres na meia idade na proporção de 3 a cada 1 homem ➟Acomete uma população ainda na fase produtiva, comprometendo a qualidade de vida do paciente e acarretando importantes consequências socioeconômicas ➟Fatores de risco………………………… 1. Fatores Ambientais: além da predisposição genética um conjunto de fatores ambientais tem sido implicado na patogênese, o mais reprodutível é o tabagismo, desta forma um irmão gêmeo que fume irá apresentar um risco significamente mais elevado do que seu irmão gêmeo possuidor do mesmo risco genético e que não fume. ➟ Logo o tabagismo e algumas infecções estão relacionadas, particularmente aquelas causadas pelo EBV (Epstein-Barr), parvovírus B-19, e 3 bactérias: M. tuberculosis, Escherichia coli e Proteus mirabilis, como agentes desencadeadores ➟ Fatores como estresse e dieta também parecem contribuir com a gravidade da doença 2. Fatores genéticos: a taxa de concordância da doença em gêmeos idênticos é estimada em 12 a 30% , e há aumento da incidência da AR em parentes de primeiro grau dos doentes (especialmente se estes forem (fator reumatóide positivo). O antígenos do CMH da classe II, HLA-DR4 foi identificado em 60 a 70% dos pacientes caucasianos afetados, considerando-se a AR uma doença poligênica, não se observa uma herança mendeliana Beatriz Martins Magalhães - 5°P ➟Fisiopatologia…………………………… ➔A etiologia não é totalmente conhecida, porém há evidências de vários fatores para o desenvolvimento da doença, são eles: fatores genéticos, do hospedeiro(hormonais), e ambientais (agente infecciosos, tabagismo, entre outros). Dessa forma, pode-se dizer que existem indivíduos susceptíveis à geneticamente, que são expostos à patógenos desconhecidos (antígenos) e que isto gera uma resposta imunológica persistente e desregulada nas articulações sinoviais. ➔O desequilíbrio entre as citocinas pró-inflamatórias e as anti-inflamatórias desempenham um papel importante na doença: interleucinas e fatores de crescimento promovem a diferenciação de células Th17, suprimindo a diferenciação de células T reguladoras. Isso promove um status pró-inflamatório que contribui para a manutenção da autoimunidade e destruição articular. ➔O alvo-primário da doença é a membrana sinovial, formada por tecido conjuntivo frouxo e camadas de células internas. ➔Esse ataque às células sinoviais as torna mais espessas por proliferação celular de sinoviócitos e pela invasão de células do sistema linfo-hematopoiético. Há ainda hiperplasia e proliferação vascular, neoangiogênese e infiltrado inflamatório intenso. ➔Ainda na região da membrana sinovial, forma-se um tecido granulomatoso com células gigantes, fibroblastos e macrófagos denominados pannus. Esse tecido pode invadir e induzir degradação do tecido conjuntivo, perda de condrócitos e erosões ósseas , por meio da estimulação da sobrevida de osteoclastos sobre a matriz óssea. Há abundância de células TCD4+ nos folículos linfóides sinoviais, enquanto TCD8+ são mais numerosas nos neovasos. ➔Há ainda menos células B nas camadas sinoviais profundas. ➔Essas células, em sua maioria, estão ativadas expressando o MHC II e receptores de TNF-alfa, bem como secretando citocinas pró-inflamatórias. ➔Estas, especialmente o TNF -alfa (que, aliás, inibe as células T regulatórias) e as IL -1 -beta e IL -6, são as principais responsáveis pela inflamação crônica. ➔O alvo primário da inflamação na AR é a membrana sinovial, que sofre intensa transformação. A membrana sinovial é constituída de tecido conjuntivo frouxo e, normalmente, uma a duas camadas de células tem sua superfície mais interna. Na AR, a membrana sinovial torna -se mais espessas à custa de um aumento no número de suas células constituintes (sinoviócitos do tipo A e B), e por uma invasão maciça de diversas células do sistema linfo-hematopoiético. ➔O líquido sinovial tem aumento de volume e celularidade, com abundância de polimorfonucleares – raramente encontradas no tecido sinovial normal, bem como células T, macrófagos, células dendríticas e células B. Células do sistema imune inato também exercem papel na inflamação. Macrófagos, mastócitos e células NK são encontradas na membrana sinovial; enquanto neutrófilos são encontrados principalmente no fluido sinovial. ➔Macrófagos são os efetores principais da sinovite. Eles liberam citocinas, intermediários reativos de oxigênio e nitrogênio, produzem enzimas que degradam a matriz celular, além de fazerem fagocitose e apresentação de antígenos. São ativados por receptores toll -like e citocinas. Já os neutrófilos contribuem para a sinovite por meio da síntese de prostaglandinas, proteases, e reativos intermediários de oxigênio. Mastócitos – ativados pelos receptores de toll- like – que produzem altos níveis de aminas vasoativas, citocinas, quimiocinas e proteases também exercem papel. As células do tipo A são semelhantes a macrófagos, e as do tipo B, a fibroblastos; estas últimas são as responsáveis pela síntese do líquido sinovial. ➔Nas camadas mais profundas da membrana sinovial da AR, observa-se um acúmulo de vasos neoformados e, com frequência, aglomerados linfóides muito semelhantes aos folículos e aos vasos/ nulas de um linfonodo. Na região da membrana sinovial em íntima relação com a cartilagem articular e com o osso adjacente, observa-se um tecido granulomatoso com células gigantes, fibroblastos e macrófagos. Recebe o nome de Pannus e tem potencial de invadir e induzir degradação, perda de condrócitos e erosões ósseas, normalmente pela secreção de enzimas proteolíticas ou pela ação direta sobre condrócitos e osteoclastos. Beatriz Martins Magalhães - 5°P ➔Os folículos linfóides observados na sinóvia da AR são ricos em células T CD4+8-10. Macrófagos são encontrados tanto nos folículos como ao ao seu redor. As células T CD8+, ass im como outras células plasmáticas, são mais frequentes entre os neovasos. Linfócitos B são mais raros nas camadas profundas da sinovia. A maioria destas células estejam sua forma ativada, isto é, expressam na membrana moléculas ou antígenos do CMH (complexo maior de histocompatibilidade) tipo II (50%), receptores de TNF (fator de necrose tumoral) (80%) , entre outros, e produzem citocinas pró-inflamatórias. ➔O líquido sinovial também se transforma na AR comaumento de volume e celularidade. As células mais abundantes no líquido sinovial são os polimorfonucleares,que raramente são encontrados na membrana sinovial, seguidos das células T, macrófagos, células dendríticas e células B em pequenas quantidades. ➔Pode-se dividir os p rincipais ev en tos da patogênese nos tópicos a seguir: ➔Recrutamento celular: A grande quantidade de células que invadem a membrana sinovial na AR é originária do sistema linfo -hematopoiético, o que implica a existência de um processo aumentado de recrutamento celular e de retenção local dessas células. A membrana sinovial sofre intensa neovascularização por meio da ação de citocinas angiogênicas, como o fator de crescimento endotelial vascular ( VEGF), facilitando assim o aporte celular. Além disso, aumenta a expressão de moléculas de adesão nos linfócitos, polimorfonucleares, monócitos e nas células endoteliais, o que facilita a adesão e a migração celular local (VCAM-1, ICAM-1 e E-selectina tem sua expressão aumentada pela atuação local de IL-1 e TNF ). Fatores quimiotáticos também são importantes e incluem representantes de duas grandes famílias de citocinas: “C -X-C(alfa)”, como por exemplo IL -8 (quimiotática predominantemente para neutrófilos), e “C- C(beta) ➔Resposta imune local: Há dois tipos de linfócitos envolvidos na patogênese da AR: o linfócito T e o linfócito B. As células T podem ser CD 8+ (citotxicas) ou CD4+(helper). Na membrana sinovial, 40% das células são linfócitos T, predominantemente CD4+, que são células auxiliares que regulam a resposta imune. São capazes de estimular uma resposta imune específica e adequada. ➔A análise das células CD4+, que infiltram a sin via, indica que a maioria é d o subtipo Th1. Ou seja , são dependentes do estímulo das citocinas IL-12 e IFN-gama. Causarão uma resposta mediada por células, e não por anticorpos. ➔Entretanto, no microambiente articular, as principais citocinas – IL-1 (interleucina 1) e TNF-alfa (fator d e necrose tumoral) envolvidas no processo de destruição/lesão da articulação e perpetuação da inflamação não são produzidas pelos linfócitos, mas por macrófagos ativados. ➔Na membrana sinovial da AR, os linfócitos T CD 4+ (helper) estão normalmente ativados, isto é, chegam sinovia expressando grande quantidade de antígenos de superfície do CM H II (HLA-DR) e outros marcadores de superfície, indicadores de que, em sua maioria, são células de memória, e que portanto foram expostas a antígenos que deflagraram sua ativação, provavelmente em outros sítios distantes da articulação. Estes linfócitos desempenharam um papel fundamental no desencadear da doença e na migração articular das células, porém teriam papel patogênico secundário como efetores de lesão . ➔Os linfócitos B são responsáveis pela produção do fator reumatoide, um auto anticorpo que pode formar imunocomplexos, ativar complemento, atraindo polimorfonucleares para a articulação . ➔Os neutrófilos raramente são vistos na membrana sinovial. Passam por ela e são abundantes no líquido sinovial. Tem papel importante na degradação da cartilagem, liberando radicais livres derivados do oxigênio e enzimas proteolíticas. Outras células fagocitárias: como macrófagos e monócitos também estão presentes. Cerca de 20% das células da membrana sinovial são macrófagos que produzem várias citocinas importantes no processo patogênico da AR . ➔Papel das citocinas: Citocinas são glicoproteínas solúveis que servem de mensageiros químicos entre células e estão envolvidos em conhecidos processos básicos como inflamação, crescimento e diferenciação celular e regulação da Beatriz Martins Magalhães - 5°P resposta imune. Normalmente, são de expressão temporária em um microambiente, mas na AR tem expressão prolongada e contínua. ➔O TNF-alfa e a IL-1 são considerados, hoje, elementos chave na patogênese da AR. Ambos estão presentes na sinovia e no líquido sinovial. Estudos mostram que são produzidas sobretudo por células que expressam na superfície marcadores de macrófagos. Sabidamente, I L - 1 está implicada na destruição articular . Na membrana sinovial, a síntese de IL1 é quase totalmente dependente do T NF-alfa, configurando um processo de retroalimentação positiva. Além disso, sabe-se que várias outras citocinas pró-inflamatórias estão ligadas à síntese do TNF -alfa. Estas duas citocinas induzem um fenótipo pró-inflamatório nas outras células da membrana sinovial, estimulam a ativação dos linfócitos B e T, quimiotaxia, angiogênese e produção de metaloproteinase s. Outras citocinas estão envolvidas, contribuindo para a complexa fisiopatologia da doença, tais como IL- 6, IL-8, IL-12, IL-15, IL-17, IL-18, sistema RANK, RANK -L e osteoprotegerina e fatores de crescimento. ➟Diferença de dores articulares inflamatórias e mecânicas As dores inflamatórias são as dores sentidas em repouso, que acorda durante o sono. É pior no início do dia, sendo a rigidez matinal bastante prolongada, chegando os doentes a ter dificuldades em executar os movimentos por mais de 1 hora. O levantar da cama apoia um período longo de imobilidade é extremamente doloroso. Está presente em doenças inflamatórias articulares, isto é, das artrites. O acometimento poderá ser preferencialmente periférico, como por exemplo, na artrite reumatóide, axial (coluna vertebral), como na espondilite anquilosante, ou periarticular, como nas periartrites. Já as dores articulares mecânicas são definidas pela dor do movimento. Ou seja, piora com o movimento e com o esforço. As dores geralmente são piores ao fim do dia, quando a sobrecarga daquela articulação se faz sentir de maneira mais intensa. Esta dor melhora com o repouso, com o descanso e os doentes apresentam uma rigidez matinal, logo uma certa dificuldade Beatriz Martins Magalhães - 5°P em executar os movimentos representa a globalidade das doenças degenerativas articulares, ou seja, a osteoartrose. Pode atingir as articulações periféricas de carga como os joelhos e as coxo-femorais, mas também articulações que sofrem movimentos repetitivos por períodos de tempo muito prolongados. O esqueleto axial, isto é, a coluna, também pode sofrer as alterações aqui descritas, tendo como exemplo a espondilose. a prevenção é um dos mais eficazes tratamentos da dor. Quer isto dizer que se devem adoptar medidas como a postura correcta, saber carregar um peso, saber como se sentar e manter uma alimentação equilibrada. Para além de combater o excesso de peso e as doenças associadas, são fundamentais para um esqueleto saudável. ➟ Manifestações Clínicas…………………… ➔O quadro clínico da artrite reumatóide é clássico e caracterizado principalmente por artrite simétrica e aditiva das articulações periféricas. Com frequência há sinais flogísticos,nas articulações - dor, edema, rubor, e alterações de temperatura(calor). ➔Os sintomas são mais intensos pela manhã logo ao acordar e após longos períodos de inatividade. Esses sintomas persistem por mais de uma hora (rigidez matinal prolongada), sendo que a duração está positivamente associada com o grau de inflamação articular ➔Com frequência o quadro articular característico da artrite reumatóide é precedido de manifestações gerais como fadiga, mialgia e febre. O início da doença ocorre, habitualmente entre os 20 e 60 anos de idade, com a maior incidência entre 35 e 45 anos ➔A incidência de AR aumenta entre os 25 e 55 anos de idade, quando em seguida atinge um platô até os 75 anos e depois diminui ➔Os sintomas iniciais resultam da inflamação das articulações, tendões e bursas ➔Os pacientes, em geral, se queixam de inchaço matinal nas articulações,que dura mais de uma hora e melhora com a atividade física. As articulações inicialmente envolvidas são as pequenas articulações das mãos e pés ➔Manifestações articulares…… ➔As mãos são envolvidas na grande maioria dos casos, afetando particularmente os punhos, metacarpofalangeanas (MCF) e interfalangeanas proximais (IFP).➔Muito raramente a AR envolve as interfalangeanas distais (IFD) e seu acometimento deve levantar suspeita de diagnósticos diferenciais, como a artrite psoríaca e não ser confundido com fibromialgia (idades acometidas diferentes e é difusa) ➔Desde o seu início é caracterizado por dor e edema das articulações, é frequentemente poliarticular, envolvendo, em especial as pequenas articulações de mãos e pés (70% dos casos), embora qualquer uma das 68 articulações diartrodiais do organismo seja passível de doença pode estar limitada a uma ou duas articulações, geralmente um ou ambos os joelhos ➔A rigidez articular (enrijecimento ou inchaço) é observada principalmente pela Beatriz Martins Magalhães - 5°P manhã, após o período de inatividade noturna (rigidez matinal) e melhora com a movimentação. A presença da rigidez matinal prolongada (maior ou igual a 1 hora) também é um dos critérios de classificação da artrite reumatóide ➔Sua duração é valorizada com índice de atividade inflamatória, ou seja, rigidez matinal de maior duração indica maior intensidade do processo inflamatório ➔As articulações mais acometidas nos membros superiores são as do punho, metacarpofalangeanas e interfalangeanas proximais. Ao contrário da artrite psoriática e da osteoartrose, o envolvimento das interfalangianas distais é incomum. ➔Ao conjunto de punho a largado pela sinovite, atrofia dos músculos interósseos das mãos e aumento de volume das metacarpofalangeanas e/ou interfalangianas proximais, com um aspecto característico, chamamos de mão reumatóide ➔As mãos são a principal área de acometimento. Classicamente, inicia-se com edema das MCF’s e IFP’s. Na doença mais avançada, desenvolvem-se deformidades nessa região: desvio ulnar, dedos em pescoço de cisne (hiperextensão das IFP’s) e em bouton nière (hiperextensão das IFP’s) podem se desenvolver secundários a inflamação articular de longo prazo ➔Deformidades típicas, embora não patognomônicas, são observadas na evolução da doença como desvio ulnar dos dedos, dedo em “pescoço de cisne” (hiperextensão da articulação interfalangiana proximal e flexão da interfalangeana distal) e boutonniere (flexão da interfalangeana proximal e hiperextensão da interfalangiana distal) ➔Em relação aos punhos, há comprometimento na maioria dos pacientes com AR o desvio radial é frequente. Além disso, pode haver síndrome do túnel do carpo secundária à compressão do nervo mediano devido ao edema articular. Já o envolvimento das grandes articulações, como joelhos, tornozelos, quadris e ombros é comum ➔A superfície articular é totalmente afetada simetricamente. Ou seja, tanto o acometimento da articulação é simétrico como também a superfície articular é acometida simetricamente. Isso é uma pista para a diferenciação entre ARe osteoartrite: nesta apenas um dos lados da articulação está afetado, ao passo que o acometimento na AR é bilateral ➔Compressões neurológicas periféricas também podem ocorrer. São decorrentes, por exemplo, do processo inflamatório nos punhos e tendões, particularmente nos tendões flexores, podendo causar compressão do nervo mediano com desenvolvimento da síndrome do túnel do carpo. De maneira similar, pode ocorrer compressão do nervo ulnar (envolvimento do canal de Guyon, ou no cotovelo), e síndrome do túnel do tarso (compressão do nervo tibial posterior) ➔Em relação ao cotovelo, artrite é frequente, verificando-se quadro doloroso pouco expressiva e significativa limitação funcional ➔Os membros inferiores, joelhos e pés também são frequentemente acometidos, inclusive nas fases iniciais da doença. Observa-se artrite nos tornozelos, metatarsofalangeanas e interfalangeanas dos artelhos, evoluindo com deformidades como desabamento do arco transverso e longitudinal dos pés, desvio e desalinhamento dos artelhos com valgo do primeiro artelho, sobreposição de interfalangianas e dedos em martelo (hiperflexão da articulação distal do artelho). Estas deformidades , embora comuns e características, não são patognomônicas. ➔Quanto ao envolvimento do joelho, caracteriza-se pela formação de grandes derrames e de cistos sinoviais particularmente o chamado cisto de Baker, que pode se estender para a fossa poplítea, panturrilha e face posterior da coxa. Seu eventual rompimento pode causar quadro clínico semelhante a tromboflebite ➔A artrite reumatóide também acomete o esqueleto axial. A frequência do envolvimento da coluna cervical varia entre 17 e 86%, dependendo da seleção de pacientes, da técnica e dos critérios radiológicos empregados. Quadros de compressão medular e mesmo morte súbita são observados como consequência principalmente da subluxação atlanto-axial. O envolvimento da coluna lombar e sacroilíaca é raro ➔A articulação temporomandibular é comprometida em mais de 50% dos pacientes, tornando difícil a mastigação, e pode ser causa de dor referida no ouvido médio e garganta. Artrite da articulação Beatriz Martins Magalhães - 5°P cricoaritenóidea pode levar rouquidão e mesmo obstrução grave das vias aéreas superiores. A artrite esternoclavicular ocorre em 30% dos pacientes, com radiografia normal, a tomografia irá mostrar anormalidades. ➔Além dos sintomas articulares, manifestações extra-articulares são observadas em aproximadamente 50% dos pacientes, sendo a síndrome de Sjögren a mais comum. Outra manifestação extra-articular típica da AR é os nódulos reumatoides, que resultam da vasculite de pequenos vasos, e a consequente necrose com proliferação de fibroblastos e histiócitos epiteliais. ➔Manifestações extra-articulares…………… ➔Manifestações extra-articulares podem se desenvolver durante o curso clínico da AR, mesmo antes do aparecimento da artrite. Os pacientes com maior tendência a desenvolver doença extra-articular apresentam uma história de tabagismo, aparecimento precoce de incapacidade física significativa e teste positivo para o FR sérico. Nódulos subcutâneos, síndrome de Sjogren secundaria, nódulos pulmonares e anemia estão entre as manifestações extra-articulares mais frequentemente observadas. ➔As manifestações extra-articulares podem ocorrer em até 20% dos pacientes e afetar pele, tecido e subcutâneo, olhos, pericárdio, coração, pulmões e pleura, sistema nervoso central e periférico, baço e fígado, vias aéreas respiratórias superiores e inferiores, incluindo cordas vocais, laringe e passagens nasais. Sintomas gerais de febre e emagrecimento também podem ser identificados, assim como a associação de uma anemia de doença crônica. São fatores de risco para estas manifestações: fator reumatóide positivo, HLADRB10401, doença articular grave e presença de nódulos. ➔CONSTITUCIONAL: Estes sinais e sintomas incluem perda de peso, febre, fadiga, mal - -estar, de pressão e, nos casos mais severos, caquexia; eles geralmente refletem um alto grau de inflamação e podem até preceder o aparecimento de sintomas articulares. Em geral, a presença de uma febre > 38,3 oC (101oF), a qualquer momento durante o curso clínico, deve aumentar a suspeita de vasculite sistêmica ou infecção ➔PELE E SUBCUTÂNEO: nódulos subcutâneos são observados em 30% dos pacientes. Vasculites cut neas, incluindo tanto lesões periungueais, úlceras cutâneas, pioderma gangrenoso e eritema palmar, assim como quadros mais graves com isquemia, necrose e perda tecidual também são descritos. Os nódulos subcutâneos ocorrem em 30 a 40% dos pacientes e mais comumente naqueles com os mais altos níveis de atividade da doença: o epítopo compartilhado relacionado com a doença, um teste positivo para o FR sérico e evidência radiográfica de erosões articulares. Quando palpáveis, os nódulos são geralmente firmes, não sensíveis e aderentes ao periósteo, tendões e bursas, se desenvolvendo em áreas d o esqueleto sujeitas ao trauma repetido ou irritação, como o antebraço, proeminências sacrais e o tendão de Aquiles. Eles também podem ocorrer nos pulmões, pleura, pericárdio e peritônio. Os nódulos são benignos, embora possas estar associados infecção, ulceração e gangrena ➔OLHOS: o achado mais comum é a ceratoconjuntivite seca,observada em 10 a 35% dos pacientes. Episclerite, esclerite e nódulos coróides e retinianos também são relatados. ➔CORAÇÃO E PERICÁRDIO: pericardite raramente evolui com sintomas. Há relatos de que 50% dos pacientes apresentam derrame pericárdico no ecocardiograma. Miocardite, nódulos no sistema de condução e vasculite coronária também são referidos. Na atualidade, está amplamente reconhecido o aumento da incidência de doenças cardiovasculares nos pacientes reumatóides, sendo a doença coronária uma das principais causas de morte prematura nestes pacientes. O sítio mais frequente de envolvimento cardíaco na AR é o pericárdio. Entretanto, manifestações clínicas de pericardite ocorrem em menos de 10% dos pacientes com AR, apesar do fato de que o envolvimento pericárdico e pode ser detectado em quase metade destes pacientes por ecocardiograma ou estudos de autópsia. A miocardiopatia, outra manifestação clinicamente importante da AR, pode resultar da miocardite granulomatosa ou necrosante, doença Beatriz Martins Magalhães - 5°P arterial coronária ou disfunção diastólica. Raramente, o músculo cardíaco pode conter nódulos reumatóides ou estar infiltrado com amilóides. A regurgitação mitral é a anormalidade valvar mais comum da AR, ocorrendo em maior frequência do que na população geral. ➔PULMÃO: pode ser afetado das seguintes formas: doença pleural (mais comum e com evolução favorável) , nodulose pulmonar, fibrose intersticial e bronquiolite obliterante. A síndrome de Caplan foi descrita originalmente nos mineiros de carvão de Welsh, e consiste na associação da AR e nódulos pulmonares múltiplos (granulomas reumatoides) em pacientes com pneumoconiose. A doença pleural, a manifestação pulmonar mais comum da AR, pode produzir dor torácica pleurítica e dispneia, assim como fricção e efusão pleural. Efusões pleurais tendem a ser exsudativas com níveis crescentes de monócitos e neutrófilos. A doença pulmonar intersticial (DPI) também pode ocorrer em pacientes com AR e é anunciada por sintomas de tosse seca e encurtamento progressivo da respiração ➔SISTEMA NERVOSO CENTRAL E PERIFÉRICO: neuropatias periféricas por compressão (p. ex. , túnel d o carpo), compressão medular por desarranjo cervical (subluxação C1-C2), mononeurites múltiplas (vasculite) e raramente vasculite de sistema nervoso central. ➔BAÇO E FÍGADO: síndrome de Felty: esplenomegalia, febre, neutropenia e úlcera de membros inferiores podem ocorrer durante a evolução da artrite reumatoide. Alterações das enzimas hepáticas são comumente relacionadas às medicações usadas ou ao desenvolvimento de esteatose pelo uso de corticosteróides. ➔VIAS AÉREAS SUPERIORES: rouquidão por acometimento das cricoaritenóideas etc. Obstrução laríngea é rara mas pode ocorrer. ➔ANEMIA: achado comum e com múltiplas causas, desde sangramentos por uso crônico de AINH e depleção de ferro até anemia de doença crônica . Uma anemia normocítica normocrômica geralmente se desenvolve em pacientes com AR que é a anormalidade hematológica mais comum. O grau de anemia tem relação direta com o grau de inflamação, se correlacionando com os níveis séricos de proteína C -reativa (PCR) e com a taxa de sedimentação dos e eritrócitos (TSE). A contagem de plaquetas também pode estar elevada na AR, como uma reação de fase aguda. A trombocitopenia mediada pelo sistema imune é rara nesta doença. ➔LINFOMA: Amplos estudos em coortes mostraram um aumento de duas a quatro vezes no risco de linfoma em pacientes com AR , quando comparados com a população geral. O tipo histopatológico mais comum de linfoma é o linfoma difuso das grandes células B. O risco de desenvolver linfoma aumenta se o paciente apresentar altos níveis de atividade da doença ou síndrome de Felty. ➔Além das manifestações extra-articulares, diversas condições associadas AR contribuem para as taxas de morbidade e mortalidade da doença. Importante mencioná-las, pois afetam o controle da doença crônica . ➔A causa mais comum de morte em pacientes com AR é a doença cardiovascular. A incidência de doença arterial coronária e da aterosclerose da carótida é mais elevada em pacientes com AR do que na população geral, mesmo sendo feito o controle dos fatores de risco cardíacos tradicionais, como hipertensão, obesidade, hipercolesterolemia, diabetes e tabagismo. Além disso, a insuficiência cardíaca congestiva (incluindo ambas as disfunções sistólica e diastólica) ocorre em uma taxa aproximadamente duas vezes maior na AR do que na população geral. A osteoporose é mais comum em pacientes com AR do que em uma população controle de idade e sexo semelhante, com taxas de prevalência de 20% -30%. O ambiente inflamatório da articulação provavelmente se espalha para o resto do corpo promovendo perda óssea generalizada por meio da ativação dos osteoclastos. O uso crônico de glicocorticóides e a imobilidade relacionada com a incapacidade também contribuem para a osteoporose. - Hipoandrogenismo: Homens e mulheres, em período pós-menopausa, com AR apresentam níveis médios inferiores de testosterona no soro, hormônio luteinizante (LH) e desidroepiandrosterona (DHEA) do que as populações controle. Portanto, estabeleceu-se a hipótese de que o hipo -androgenismo possa desempenhar um Beatriz Martins Magalhães - 5°P papel na patogênese da AR ou aparecer como consequência da resposta inflamatória crônica. ➔Diagnóstico/exames complementares.. ➔É clínico ➔Exames laboratoriais e radiografias complementam uma história clínica bem feita e o exame físico articular ➔Foi criada uma tabela em 1987 com alguns critérios diagnósticos, porém não são muito utilizados pois: haverá doentes com artrite reumatóide que não estarão de acordo com os critérios (sensibilidade), bem como doentes com outras patologias que irão preencher os critérios (especificidade) ➔O fator reumatóide é um auto-anticorpo encontrado em cerca de 70-80% dos paciente com AR, geralmente uma imunoglobulina IgM(podendo ser também de classes 1gA, IgG e igE). dirigida contra fração constante de outro anticorpo o IgG OBS: um teste positivo não é garantia do diagnóstico de artrite reumatóide, e um teste negativo não exclui a doença. Pode ser positivo de forma transitória e em títulos baixos, como mulheres e idosos ➔Anticorpo anti-peptídeos citrulinados (ACPA): constitui um grupo de anticorpo que ajudam como método de auxílio ao diagnóstico, de forma que reconhecem com antígenos peptídeos, proteínas ricas em citrulina. São detectados atualmente por ELISA, com a utilização de peptídeos sintéticos cíclicos como antígenos(anti-CCP) OBS: quando a FR e anti-CCP estão presentes, acredita-se que a especificidade para o diagnóstico de AR seria de 99,5% - É um método caro em fase de estudo, importante salientar que quando o anti-CCP é positivo, contribui para estabelecer o diagnóstico de AR, mas se negativo, não afasta a doença - Quanto ao valor do prognóstico: a maioria dos estudos aponta que quando o anticorpo é positivo é um fator de risco aumentado para a erosão portanto para um pior prognóstico ➔Radiografia: as alterações no RX incluem: aumento das partes moles periarticulares nas articulações mais acometidas, osteopenia periarticular, redução dos espaços articulares, erosões marginais, subluxações e anquilose óssea, com distribuição simétrica OBS: essenciais para o diagnóstico e acompanhamento da evolução da doença OBS: inúmeros estudos já demonstraram que o acometimento das mãos reflete de forma adequada o comprometimento de outras articulações e a gravidade da doença. Já os pés tem se observado que na fase inicial apresentam erosões apenas nas articulações dos pés - A frequência com que se pede esse exame deve-se a: fase da doença e da atividade inflamatória ➔Ultra-sonografia e ressonância magnética: devem ser realizados quando capazes de acrescentar informações Beatriz Martins Magalhães - 5°P importantes ao exame físico e história do paciente - São úteis para o diagnóstico na fase inicial quando alterações ainda não visíveis na radiografia, contribuindo para um diagnóstico mais precocea acurado - São exames mais sensíveis que o RX - Quanto a RM discute-se ainda a especificidade das alterações iniciais ➔Diagnóstico diferencial ………………… ➔Inclui desde quadros infecciosos crônicos como uma doença gonocócica disseminada, hepatites virais crônicas e outras doenças ➔Existem recomendações para que se considere o diagnóstico de artrite reumatóide, na presença de rigidez matinal maior do que 30 minutos ou artrite em pelo menos 3 articulações ou compressão dolorosa das articulações metacarpofalangeanas ou metatarsofalangeanas, encaminhando-se esses pacientes ao reumatologista e, se necessário introduzindo terapêutica OBS: procura-se realizar o diagnóstico o mais cedo possível em relação ao início dos sintomas, e não aguardar o preenchimento dos critérios de classificação DA ACR, existindo mesmo a recomendação que qualquer artrite não-traumática, persistente, seja encaminhada ao reumatologista. - Um quadro de artrite inicial pode ser considerado uma emergência médica, acreditando-se que quanto mais cedo é realizado o diagnóstico, mais cedo e adequado é o tratamento, mais rápido o controle da inflamação e melhor o prognóstico
Compartilhar