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PROCESSOS INDUSTRIAIS TROCADORES DE CALOR 1 1. Transmissão de Calor Quando em duas regiões do universo existe uma diferença de temperatura, esta tende a desaparecer espontaneamente pelo aparecimento da forma de energia CALOR. O conjunto de fenômenos que caracterizam esta passagem da forma de energia calor é que denominamos Transmissão de Calor. Teoricamente a transmissão de calor pode ocorrer isoladamente por condução, convecção ou radiação, mas praticamente as três formas citadas acima ocorrem simultaneamente, ficando a critério do interessado o estudo da possibilidade de serem desprezadas uma ou duas das formas em presença das demais. 1.1. Condução É a passagem da energia calor entre elementos de um sistema ou de sistemas em contacto, devido ao gradiente de temperatura, porém sem variação apreciável da posição relativa dos elementos do sistema ou dos sistemas. Resumidamente, a condução é a forma de transmissão de calor sem transporte de massa. 1.2. Convecção É a passagem da energia calor com variação da posição relativa dos elementos do sistema ou de sistemas. Assim, a convecção é a forma de transmissão de calor pela mistura de elementos que possuem maior energia térmica com os de menor energia térmica. Esta mistura é a causadora das chamadas correntes de convecção que aparecem no interior do sistema ou sistemas. Resumidamente, a convecção é a forma de transmissão de calor com transporte de massa. Quando este trabalho é ocasionado unicamente por uma diferença de temperatura, temos a convecção natural. Quando ele ocorre com auxílio de meios externos, temos a convecção forçada. PROCESSOS INDUSTRIAIS TROCADORES DE CALOR 2 1.3. Radiação É a passagem da energia calor através de ondas eletromagnéticas. Podemos também dizer que é a forma de transmissão de calor com transporte de energia. Convém alertar desde já que a radiação eletromagnética não é forma de energia calor em um sentido amplo, apesar de ser assim denominada em um intervalo conveniente de frequência. O efeito da radiação eletromagnética neste intervalo somente aparece quando é cruzada a fronteira de um sistema material absorvente. Quando isto ocorre há absorção de energia sendo esta energia a causa do aumento da energia interna do sistema. Por outro lado, convém lembrar que a forma de energia calor é uma forma de energia desordenada, contrário da radiação eletromagnética que é perfeitamente ordenada. 2. Diferença de Temperatura A diferença de temperatura entre dois pontos cria a força motriz necessária para a transferência do calor. Os gráficos a seguir ilustram o comportamento da temperatura em função do comprimento do sistema de tubos concêntricos. Em ambos os sistemas o fluido que escoa no tubo externo é resfriado e o fluido que escoa no tubo interno é aquecido. Na ilustração à esquerda, temos nas extremidades os fluidos escoando na mesma direção, porém em sentidos opostos. Dizemos que esses fluidos estão escoando em “contracorrente” (counterflow). Este é o fluxo normalmente utilizado. Já na ilustração à direita, os fluidos também escoam na mesma direção, porém agora estão escoando no mesmo sentido de fluxo. Esse escoamento é chamado de “paralelo”. PROCESSOS INDUSTRIAIS TROCADORES DE CALOR 3 Nos gráficos das ilustrações, está representada a variação da temperatura nos tubos. A temperatura de entrada e de saída do tubo interno é simbolizada por t1 e t2, respectivamente, e no tubo externo é simbolizada por T1 e T2, respectivamente. Podemos ver que ambos os fluidos de cada sistema de tubos sofrem variações de temperatura que não são lineares. O valor (T – t) em cada ponto assume valores diferentes. Observe a ilustração abaixo: No fluxo em contracorrente, a temperatura do fluido frio pode ultrapassar a menor temperatura do fluido quente, o que não pode ocorrer no fluxo em paralelo. 3. Trocadores de Calor Nas diversas plantas de processo é necessário manejar os fluidos de diversas formas diferentes para garantir a qualidade do produto. Dentre essas diversas transformações, destaca-se a mudança de temperatura, na qual os trocadores de calor têm papel fundamental. Os trocadores de calor possuem aplicações específicas, tais como aquecimento e condicionamento de ambiente, recuperação de calor, processos químicos, etc. Como aplicações mais comuns destes equipamentos, temos: aquecedores, resfriadores, condensadores, evaporadores, torres de refrigeração, caldeiras, etc. O projeto completo de trocadores de calor pode ser subdividido em três fases principais: análise térmica, projeto mecânico preliminar e projeto de fabricação. PROCESSOS INDUSTRIAIS TROCADORES DE CALOR 4 4. Tipos de Trocadores de Calor Podemos classificar os trocadores de diversas maneiras: quanto ao modo de troca de calor, quanto ao número de fluidos, tipo de construção, etc. De uma forma mais básica, duas classificações vão nos interessar: aquela que divide os trocadores entre aqueles que utilizam o contato direto e os de contato indireto e outra que os classifica em função das suas características de construção. 4.1. Contato Direto Quando o trocador é de contato direto, os dois fluidos se misturam. Aplicações comuns de um trocador de contato direto envolvem transferência de massa além de transferência de calor; aplicações que envolvem somente transferência de calor são raras. Comparado aos trocadores de contato indireto, são alcançadas taxas de transferência de calor muito altas. Sua construção é relativamente barata. As aplicações são limitadas aos casos onde um contato direto de dois fluxos fluidos é permissível. São exemplos de aplicação: torres de resfriamento e aquecedores de água de alimentação. 4.2. Contato Indireto por Armazenamento Em um trocador de armazenamento, os fluidos percorrem alternativamente as mesmas passagens de troca de calor. A superfície de transferência de calor geralmente é de uma estrutura chamada matriz. Em caso de aquecimento, o fluido quente atravessa a superfície de transferência de calor e a energia térmica é armazenada na matriz. Posteriormente, quando o fluido frio passa pelas mesmas passagens, a matriz “libera” a energia térmica (em refrigeração o caso é inverso). Este trocador também é chamado regenerador. Este tipo de troca é comum em fornos. PROCESSOS INDUSTRIAIS TROCADORES DE CALOR 5 4.3. Contato Indireto por Transferência Direta Neste tipo, há um fluxo contínuo de calor do fluido quente ao frio através de uma parede que os separa. Não há mistura entre eles, pois cada corrente permanece em áreas distintas. Este trocador é designado como um trocador de calor de recuperação, ou simplesmente como um recuperador. Alguns exemplos de trocadores de transferência direta são trocadores de “duplo-tubo”, multitubulares, espirais e de placa. Estes recuperadores constituem a maioria dos trocadores de calor. 4.3.1. Duplo Tubo São formados por dois tubos concêntricos. Pelo interior do tubo do primeiro (mais interno) passa um fluido e, no espaço entre as superfícies externa do primeiro e interna do segundo, passa o outro fluido. A área de troca de calor é a área do primeiro tubo. Tem as seguintes vantagens: É um equipamento simples, Custo reduzido Facilidade de desmontagem para limpeza e manutenção. O grande inconveniente é a pequena área de troca de calor. 4.3.2. Multitubular ou Casco-Tubo São formados por um feixe de tubos paralelos contidos em um vaso cilíndrico denominado de casco. Um dos fluidos (fluido dos tubos) escoa pelo interior dos tubos, enquanto que o outro (fluido do casco) escoa por fora dos tubos e dentro do casco.PROCESSOS INDUSTRIAIS TROCADORES DE CALOR 6 Defletores (ou chicanas) são normalmente utilizados para aumentar o coeficiente de película do fluido do casco pelo aumento da turbulência e da velocidade de escoamento deste fluido. São os mais usados na indústria, porque oferecem uma grande área de troca de calor. A principal desvantagem destes trocadores é a área necessária para instalação, obrigando que o projetista faça vários passes internos dos fluidos, dificultando a sua fabricação e manutenção. Se um dos fluidos do trocador condensa ou evapora, o trocador é também denominado condensador ou evaporador, respectivamente. Para facilitar a limpeza do equipamento, é possível projetar o trocador com feixe removível. PROCESSOS INDUSTRIAIS TROCADORES DE CALOR 7 4.3.3. Espirais Este tipo de trocador consiste em uma ou mais serpentinas (de tubos circulares) ordenadas em uma carcaça. Outro tipo de trocador em espiral é a serpentina inserida em vasos ou tanques, cuja função é de efetuar o aquecimento de um banho. Apresenta numerosas vantagens. A transferência de calor associada a um tubo espiral é mais alta do que a de um tubo duplo. Além disto, uma grande superfície pode ser acomodada em um determinado espaço utilizando as serpentinas. As expansões térmicas não são nenhum problema. Possui maior área de troca de calor que o multitubular e tem grande flexibilidade de aplicação. Sua principal desvantagem é a limpeza e a manutenção, pelo acesso aos seus internos. 4.3.4. De Placas Os trocadores de placas consistem em um conjunto de placas enrugadas, montadas em série com gaxetas. Os fluidos trocam calor, passando em contracorrente, alternadamente, pela sequencia de placas. Têm grande eficiência na troca térmica. São muito utilizados em plataformas marítimas para resfriamento da água do sistema de resfriamento, pela água do mar oriunda do sistema de captação. O seu uso também PROCESSOS INDUSTRIAIS TROCADORES DE CALOR 8 É extensivo nas indústrias químicas, devido à grande superfície de troca térmica e ao pouco espaço ocupado na planta industrial, bem como a facilidade de ajuste tanto no que se refere à capacidade de troca de calor, como pela perda de pressão pelo aumento da quantidade de placas. Suas principais desvantagens são: O sistema de vedação é feito através de juntas especiais que, normalmente, sofrem desgaste maior ou menor pelo tempo de contato com os produtos e, por isso, limita o seu uso para líquidos. Em velocidades muito baixas, ocorre deposição de resíduos. Isto gera caminhos preferenciais, reduzindo a área de transferência. A perda de carga em um trocador de calor de placas é alta, se comparado com os tipos anteriormente apresentados. Geralmente, este trocador não pode suportar pressões muito altas, comparado aos trocadores tubulares.
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