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Luíza Barreto – Medicina 2021.2 EMBOLIA PULMONAR Embolia pulmonar (EP) refere-se a uma obstrução de uma artéria pulmonar, por um material que se deslocou de uma parte do corpo até os pulmões, levado pela corrente sanguínea. Os trombos de veias profundas das pernas ou braços representam o tipo mais comum de material que emboliza os pulmões – um processo conhecido como tromboembolismo venoso (TEV). Além dos êmbolos pulmonares trombóticos, o material não trombótico também pode embolizar os pulmões. Esse material inclui gordura, líquido amniótico, células de tumores, talco em usuários de drogas intravenosas e vários dispositivos médicos. Independentemente do tipo de material embólico, o bloqueio do fluxo sanguíneo pelos pulmões e o aumento resultante na pressão do ventrículo direito são responsáveis pelos sintomas e sinais de EP. EPIDEMIOLOGIA: O TEV, que inclui a trombose venosa profunda e a EP, representa a terceira causa mais comum de morte cardiovascular depois do infarto do miocárdio e do AVC. O primeiro episódio de TEV ocorre em cerca de uma pessoa a cada 1.000 por ano, nos EUA. A incidência aumenta exponencialmente com a idade, com cinco casos por 1.000 pessoas aos 80 anos. Embora os homens e mulheres sejam afetados igualmente, a incidência é mais alta nos caucasianos e afrodescendentes que em hispânicos e moradores das ilhas da Ásia-Pacífico. Aproximadamente um terço dos pacientes com TEV sintomático apresentam EP, enquanto os demais apresentam apenas a TVP. Até metade dos pacientes com um primeiro episódio de TEV não têm fatores de risco identificáveis e são descritos como apresentando o TEV não provocado ou idiopático. Os demais desenvolvem o TEV secundário a fatores de risco transitórios bem conhecidos, como cirurgia ou imobilização. A EP é responsável por cerca de 15% das mortes de pacientes hospitalizados, com pelo menos 100.000 mortes decorrentes de EP por ano nos EUA. O TEP é a principal causa de óbitos evitáveis em leitos hospitalares e, apesar de sua incidência ter sofrido um pequeno decréscimo nas últimas décadas, ele ainda é um importante problema de saúde pública, especialmente na senilidade. No Brasil, há uma carência de dados epidemiológicos a respeito dessa patologia, sendo que muitos são baseados em dados obtidos através de autópsias. FATORES DE RISCO: A EP e a TVP são parte do espectro do TEV e compartilham os mesmos fatores genéticos e de risco adquiridos, que determinam o risco intrínseco de TEV para cada indivíduo. Os fatores de risco genético incluem anormalidades associadas à hipercoagulabilidade do sangue, a mais comum sendo o fator V Leiden e a mutação do gene 20210 da protrombina. Os fatores adquiridos incluem idade avançada, histórico de TEV prévio, obesidade e câncer ativo, todos os quais limitando a mobilidade e podendo ser associados à hipercoagulabilidade. Sobreposto a este risco secundário, o TEV frequentemente ocorre na presença de um fator desencadeante, que aumenta o risco acima do limiar crítico. Os fatores desencadeantes, que incluem cirurgia e gravidez ou terapia com estrogênio, levam a danos vasculares, estase e hipercoagulabilidade, que são os componentes da tríade de Virchow. Em pelo menos 90% dos pacientes, a EP se origina da TVP nos membros inferiores, e até 70% dos pacientes com EP comprovada ainda apresentam a TVP demonstrável. Os trombos geralmente iniciam nas veias da perna. Em seguida, cerca de 20% desses trombos nas veias da perna se estendem às veias poplíteas e mais proximais da coxa, a partir das quais a embolia é mais provável. Embora frequentemente seja assintomática, a EP pode ser detectada em cerca de 50% dos pacientes com TVP proximal. FISIOPATOLOGIA: Inflamação e ativação de plaquetas: A tríade de Virchow de estase venosa, hipercoagulabilidade e lesão do endotélio leva a recrutamento de plaquetas ativadas, as quais liberam micropartículas. Essas micropartículas contêm mediadores pró inflamatórios que se ligam a neutrófilos estimulando-os a liberar seu material nuclear e a formar redes extracelulares, denominadas armadilhas extracelulares de neutrófilos. Essas redes pró-trombóticas contêm histonas que estimulam a agregação plaquetária e promovem a síntese de trombina dependente de plaquetas. Trombos venosos se formam e florescem em ambiente de estase, baixa tensão de oxigênio e aumento da expressão (upregulation) de genes pró-inflamatórios. Estados pró-trombóticos: As duas mutações genéticas autossômicas dominantes mais comuns são a do fator V de Leiden, que causa resistência ao anticoagulante endógeno, a proteína C ativada (que inativa os fatores V e VIII da coagulação), e a mutação do gene da protrombina, que aumenta a concentração plasmática da protrombina. A antitrombina, a proteína C e a proteína S são inibidores da coagulação que ocorrem naturalmente. As deficiências desses inibidores, ainda que raras, estão associadas à TEV. A síndrome antifosfolipídeo representa a causa adquirida mais comum de trombofilia e está associada à trombose venosa ou arterial. Outros fatores predisponentes comuns são câncer, obesidade, tabagismo, hipertensão arterial sistêmica, doença pulmonar obstrutiva crônica, doença renal crônica, transfusão sanguínea, viagens de longa distância, poluição do ar, contraceptivos orais, gestação, terapia de substituição hormonal pós-menopausa, cirurgia e traumatismo. Luíza Barreto – Medicina 2021.2 Embolização: Quando trombos venosos profundos se desprendem do seu local de formação, eles embolizam para veia cava, átrio direito e ventrículo direito, e se alojam na circulação pulmonar, causando, assim, a EP aguda. Paradoxalmente, esses trombos às vezes embolizam para a circulação arterial através de forame oval patente ou de comunicação interatrial. Muitos pacientes com EP não apresentam evidências de TVP porque o trombo já embolizou para os pulmões. CLASSIFICAÇÃO: A EP maciça representa 5-10% dos casos e caracteriza-se por trombose extensa afetando no mínimo metade da vasculatura pulmonar. Dispneia, síncope, hipotensão e cianose são sinais característicos de EP maciça. Os pacientes com EP maciça podem se apresentar em choque cardiogênico e morrer com falência de múltiplos órgãos. A EP submaciça responde por 20-25% dos casos e caracteriza-se por disfunção VD, embora a pressão arterial sistêmica permaneça normal. A combinação de insuficiência cardíaca e liberação de biomarcadores cardíacos sinaliza aumento da probabilidade de deterioração clínica. A EP de baixo risco representa cerca de 70-75% dos casos. Esses pacientes têm prognóstico excelente. QUADRO CLÍNICO: A EP é conhecida como “a grande dissimuladora”. O diagnóstico é difícil porque os sinais e sintomas não são específicos. O sintoma mais comum é falta de ar sem explicação. Quando uma EP oculta ocorre com insuficiência cardíaca franca ou com pneumonia, em geral não há melhora clínica a despeito do tratamento clínico padrão da doença concomitante. Esse quadro é um indicador clínico da possível coexistência de EP. Os pacientes com EP frequentemente apresentam histórico de dispneia, que pode ter início repentino e tende a progredir em gravidade com o passar do tempo. A dispneia pode ser associada a uma dor torácica pleurítica, tosse e hemoptise, particularmente nos pacientes com infarto pulmonar. Embora os sintomas e sinais de EP possam ser inespecíficos, o diagnóstico é suspeito em pacientes com fatores de risco de TEV, como imobilidade prolongada, cirurgia recente ou malignidade ativa. A maioria dos pacientes com EP têm taquipneia e taquicardia associadas à hipoxemia, mas esses achados também podem ocorrer em distúrbios como insuficiência cardíaca, pneumonia ou doença pulmonar obstrutiva crônica. Outros sintomas inespecíficos incluem palpitação, ansiedadee tontura. Os pacientes com EP grave aguda muitas vezes se queixam de dispneia em repouso ou com esforço mínimo e podem apresentar síncope por causa da hipoxemia e do débito cardíaco baixo. A combinação entre hipotensão, hipoxemia e carga de trabalho cardíaco elevada pode desencadear a angina ou o infarto de miocárdio evidente. DIAGNÓSTICO: A maioria dos pacientes com EP terá uma ou mais das seguintes características clínicas: dispneia, muitas vezes de início repentino; taquipneia com frequência respiratória de mais de 20 respirações/minuto; e desconforto no peito, que geralmente é subesternal e frequentemente tem natureza pleurítica. Quando o paciente apresenta essas características, o diagnóstico diferencial inclui distúrbios pulmonares como pneumonia, exacerbação da doença pulmonar obstrutiva crônica ou asma; pleurite secundária à doença do tecido conjuntivo; distúrbios cardíacos como insuficiência, síndrome coronariana aguda, pericardite; e distúrbios musculoesqueléticos como fratura da costela. Regra de previsão clínica de wells para a probabilidade de embolia pulmonar: -Com base nos resultados dessa avaliação, a probabilidade pré-teste da EP pode ser designada como baixa, moderada ou alta; em seguida, a probabilidade orienta a seleção subsequente de testes sanguíneos como o ensaio do dímero D e testes não invasivos ou invasivos para diagnóstico de EP ou TVP. Os testes para diagnóstico da TVP são relevantes, porque seu diagnóstico em pacientes com suspeita de EP fornece uma base suficiente para o início do tratamento, e o tratamento de ambas é geralmente o mesmo. Os testes não invasivos incluem a tomografia computadorizada (TC), a angiografia pulmonar ou a cintilografia pulmonar de ventilação-perfusão para o diagnóstico de EP e o ultrassom de compressão venosa para diagnóstico de TVP. Esses testes substituíram a angiografia pulmonar para diagnosticar a EP e a venografia para diagnosticar a TVP. Dímero D: Um produto de degradação derivado da plasmina da fibrina de ligação cruzada, o dímero D pode ser medido no sangue integral ou no plasma para fornecer um índice direto da ativação continuada do sistema de coagulação. Um nível elevado de dímero D tem uma sensibilidade de 85 a 98% para diagnóstico de EP, mas todos os ensaios do dímero D disponíveis apresentam baixas especificidades. As elevações falso-positivas do dímero D podem ocorrer na idade avançada, condições inflamatórias crônicas e malignidade. Além disso, os pacientes hospitalizados são mais prováveis de ter um nível elevado de dímero D que os pacientes de ambulatório. Devido a essa falta de especificidade, o valor do ensaio do dímero D reside em seu alto valor preditivo negativo e em sua capacidade, quando normal, de reduzir a probabilidade da EP o suficiente para evitar outros testes Luíza Barreto – Medicina 2021.2 diagnósticos em pacientes com probabilidade pré-teste baixa ou moderada, que representam até 30% dos pacientes com suspeita de TEV. Angiografia Pulmonar por Tomografia Computadorizada: A angiografia pulmonar por TC com multidetectores substituiu a cintilografia pulmonar de ventilação-perfusão para o diagnóstico de EP, devido à sua ampla disponibilidade e à rapidez de seus resultados. Em contraste com a cintilografia pulmonar, a angiografia pulmonar por TC não apenas permite a visualização direta dos trombos nas artérias pulmonares de pacientes com EP, mas também fornece um diagnóstico alternativo em muitos daqueles que provam não ter EP. Ressonância Magnética: Diferentemente da angiografia pulmonar por TC, a ressonância magnética (RM) com gadolínio não submete o paciente à radiação ionizante, e o gadolínio pode ser aplicado com segurança aos pacientes com histórico de alergia ao corante de contraste. A precisão da RM para a detecção da EP parece semelhante à da angiografia pulmonar por TC, porém a angiografia pulmonar por ressonância magnética (RM) é mais tecnicamente exigente. A angiografia pulmonar por RM tem uma sensibilidade mais alta para o diagnóstico da EP quando combinada à venografia por RM. Com essas limitações, a RM deve ser usada para diagnosticar a EP apenas nas clínicas com experiência no teste e nos pacientes para os quais os testes padrão são contraindicados. Angiografia Pulmonar: A angiografia pulmonar requer uma injeção de contraste direto nas artérias pulmonares, seguida pela imagem usando a tecnologia de subtração digital para fornecer imagens de alta qualidade. A presença de um trombo, que aparece como um defeito de enchimento ou um corte repentino do fluxo sanguíneo em uma ramificação da artéria pulmonar, estabelece o diagnóstico de EP. Embora a angiografia direta permita a visualização de pequenos trombos nas artérias pulmonares subsegmentares, a alta variabilidade interobservador na interpretação de achados isolados neste nível limita a especificidade deste achado. Como teste invasivo, o índice de mortalidade associado à angiografia pulmonar é de 0,2%, com as mortes ocorrendo normalmente nos pacientes com comprometimento hemodinâmico ou insuficiência respiratória. Devido aos riscos associados e uma vez que angiografia pulmonar por TC oferece informações semelhantes ou melhores, hoje a angiografia pulmonar direta é raramente executada, exceto no paciente que poderá ser submetido a uma embolectomia pulmonar. Outros Ensaios: Os marcadores sanguíneos da disfunção ventricular direita, que são vistos nos êmbolos pulmonares mais graves, incluem o peptídeo natriurético do cérebro (BNP) ou seu precursor N-terminal proBNP, que são liberados em resposta ao alongamento do miocárdio. Embora os níveis elevados desses marcadores em pacientes com EP sejam associados a um prognóstico pior, seu valor preditivo positivo é baixo. Os níveis elevados de troponina I ou T e a proteína de ligação do ácido graxo fornecem evidências da lesão do miocárdio nos portadores de EP com infarto do ventrículo direito. Nos pacientes de EP com comprometimento hemodinâmico, os níveis elevados desses marcadores são associados ao aumento na mortalidade. O ECG pode mostrar novas alterações sugestivas da distensão do ventrículo direito, como inversão da onda T nas derivações V1 a V4; o padrão S1, Q3, T3 clássico; e o bloqueio do ramo direito completo ou incompleto. No entanto, essas alterações no ECG possuem sensibilidade limitada e são vistas predominantemente nos pacientes com êmbolos pulmonares mais graves. Os achados da ecocardiografia sugestivos de disfunção do ventrículo direito incluem dilatação ou hipocinesia ventricular direita, aumento do diâmetro do ventrículo direito em relação ao esquerdo e aumento na velocidade da regurgitação do jato da tricúspide. A ecocardiografia também pode detectar um desvio da direita para a esquerda através do forame oval patente e pode fornecer evidências de trombos no ventrículo direito, ambos associados ao aumento da mortalidade dos pacientes com EP. Sem critérios universais para o diagnóstico da disfunção ventricular direita, no entanto, a utilidade da ecocardiografia de rotina permanece incerta. Em geral, a ecocardiografia de rotina é recomendada apenas em pacientes com hipóxia grave ou outras evidências que sugiram o comprometimento hemodinâmico. Outros testes de rotina incluem o hemograma completo, a contagem de plaquetas e a razão normalizada internacional (INR) para ajudar a orientar na anticoagulação. O nível de creatinina e do nitrogênio ureico sanguíneo fornecem informações úteis para a linha de base, assim como os eletrólitos séricos e as enzimas do fígado. TRATAMENTO: Embora a terapia anticoagulante permaneça a base do tratamento da EP, os pacientes com EP grave precisam da terapia de reperfusão para aumentar rapidamente o fluxo sanguíneo das artérias pulmonares e reduzir sua pressão.Portanto, a estratificação rápida do risco é crucial para ajudar a orientar o tratamento. Os pacientes de EP com contraindicações à terapia anticoagulante podem precisar da inserção de um filtro. Os pacientes com EP frequentemente têm hipoxemia e hipocapnia. A hipoxemia normalmente pode ser revertida com o oxigênio nasal. As medidas para reduzir a febre e a agitação com acetaminofeno e sedação branda podem ajudar a minimizar o consumo de oxigênio. Em pacientes com EP grave que precisam de ventilação mecânica, volumes correntes baixos devem ser usados e a pressão expiratória final positiva deve ser aplicada com cuidado, porque pode reduzir o retorno venoso e piorar a insuficiência ventricular direita. Luíza Barreto – Medicina 2021.2 Terapia de reperfusão: Os pacientes com EP grave associada a hipotensão ou choque podem se beneficiar da terapia de reperfusão farmacológica, mecânica ou cirúrgica. A reperfusão farmacológica geralmente envolve a administração sistêmica de um agente fibrinolítico, preferivelmente dentro de quatro horas após o início dos sintomas, mas o tratamento tardio ainda pode ter benefícios. Até 13% dos pacientes que recebem tratamento fibrinolítico apresentam um sangramento significativo e o índice de sangramento intracraniano ou fatal pode atingir 1,8%. Por consequência, esse tratamento é atualmente justificado apenas nos pacientes com EP grave e sem contraindicações. Ainda não está claro se os benefícios do tratamento fibrinolítico compensam os riscos nos pacientes com risco intermediário. A reperfusão mecânica incluía embolectomia por cateter percutâneo com a fragmentação do trombo, uma abordagem que evita a necessidade dos medicamentos fibrinolíticos, ou tratamento fibrinolítico direcionado por cateter, que exige dose de agentes fibrinolíticos mais baixas que as usadas na administração sistêmica. Em algumas clínicas, a embolectomia pulmonar cirúrgica pode ser uma opção para os pacientes com EP grave e que estejam em alto risco de sangramento com o tratamento fibrinolítico sistêmico ou nos quais esse tratamento falhou. As técnicas mecânicas requerem operadores habilidosos, mas fornece alternativas úteis ao tratamento fibrinolítico sistêmico para pacientes com EP grave e alto risco de sangramento. Terapia de Anticoagulação: A terapia de anticoagulação é a base do tratamento da EP e deve ser iniciada imediatamente com anticoagulantes parenterais, como heparina, heparina de peso molecular baixo (LMWH) ou fondaparinux, mesmo enquanto os pacientes com suspeita de EP aguardam os resultados dos testes de confirmação. Os pacientes com EP grave devem ser tratados com a heparina porque a LMWH e o fondaparinux não foram extensamente avaliados neste cenário. A heparina deve ser usada nos pacientes com comprometimento renal grave (depuração de creatinina < 30 mL/minuto), porque a LMWH e o fondaparinux são eliminados pelos rins. Se a LMWH ou o fondaparinux forem usados nos pacientes com comprometimento renal moderado (depuração de creatinina de 30 a 50 mL/min), os níveis do Xa antifator devem ser medidos no vale para garantir que não haja acúmulo. A heparina deve ser administrada pela infusão intravenosa continuada e dosada usando os nomogramas baseados no peso. Tipicamente, um bolus de 80 U/kg é seguido por uma infusão na taxa de 18 U/kg/hora, e as doses subsequentes são ajustadas com base nos resultados do tempo da tromboplastina parcial ativada (TTPa). A aquisição rápida e a manutenção do TTPa terapêutica são importantes para reduzir o risco da EP recorrente. Além de monitorar o TTPa, a contagem de plaquetas deve ser medida com frequência por causa do risco da trombocitopenia induzida pela heparina. A LMWH ou o fondaparinux podem ser usados para os pacientes de EP de risco intermediário ou baixo. Diferentemente da heparina, esses agentes não exigem a monitoração da coagulação. Além disso, o risco da trombocitopenia induzida pela heparina é mais baixo com a LMWH que com a heparina, e é mínimo com o fondaparinux. Após o tratamento inicial com um anticoagulante parenteral, a maioria dos pacientes com EP recebe o tratamento prolongado com um antagonista da vitamina K como a varfarina para impedir a recorrência da TVP e da EP. Nos pacientes de EP com risco baixo ou intermediário, a varfarina pode ser iniciada no mesmo dia que a terapia com o anticoagulante parenteral. A terapia com o anticoagulante parenteral deve ser continuada no mínimo por cinco dias e interrompida apenas quando o INR estiver dentro do intervalo terapêutico de 2 a 3, que é necessário para a terapia de longo prazo, por dois dias consecutivos. O início do tratamento com a varfarina deve ser adiado nos pacientes com EP grave; eles devem receber a heparina até que estejam estabilizados. Filtros de Veia Cava Os filtros, que são inseridos por via percutânea, são geralmente colocados abaixo da altura das veias renais, mas podem ser colocados mais altos para os trombos na veia cava inferior. Os filtros permanentes e temporários reduzem o risco da EP recorrente mas não foi mostrado que prolonguem a sobrevivência, em parte porque os filtros permanentes podem ser associados a complicações de longo prazo, incluindo oclusão da veia cava inferior, por causa de trombos, TVP recorrente e síndrome pós-trombótica. Os filtros temporários, projetados para serem removidos dentro de duas a quatro semanas após a implantação, podem evitar essas complicações de longo prazo, mas a migração de dispositivo e a trombose ocorrem em até 10% dos pacientes com filtros temporários porque a maioria deles não é removida. Devido a esses problemas em potencial, os filtros de veia cava devem ser estendidos aos pacientes com alto risco de EP recorrente e uma contraindicação absoluta à anticoagulação, como os pacientes que desenvolvem EP depois de uma cirurgia de grande porte, que apresentam um sangramento grande na terapia anticoagulante e mulheres grávidas que tenham EP logo depois do parto. Os filtros temporários devem ser usados nesses casos e os dispositivos devem ser removidos assim que a terapia anticoagulante possa ser administrada com segurança. Os filtros permanentes são adequados para os pacientes com contraindicações continuadas à anticoagulação. REFERÊNCIAS: Medicina Interna (Harrison); Medicina Interna (Cecil); Artigo: Tromboembolismo pulmonar: dos aspectos epidemiológicos ao tratamento
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