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Doença de Chagas A doença de Chagas causada pelo parasito Trypanosoma cruzi é um problema de saúde a ser enfrentado no país, que afeta muitas pessoas, principalmente na região Amazônica. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, aumenta-se o sucesso do tratamento. É resultante da pobreza humana, ao mesmo tempo que a reproduz, e apresenta elevada carga de morbimortalidade em países endêmicos, incluindo o Brasil, com expressão focal em diferentes contextos epidemiológicos. Introdução Epidemiologia A OMS estima em aproximadamente 6 a 7 milhões o número de pessoas infectadas em todo o mundo, a maioria na América Latina. Estimativas recentes para 21 países latino-americanos, com base em dados de 2010, indicavam 5.742.167 pessoas infectadas por Trypanosoma cruzi, das quais 1.505.235 viviam na Argentina, no Brasil (1.156.821) e no México (876.458), seguidos da Bolívia (607.186). No Brasil No Brasil, a Doença de Chagas chegou a atingir cerca de 40% do território nacional e os estados com mais índices de casos são: Minas Gerais, Goiás, Bahia, São Paulo, Acre, Amazonas e Amapá. Além disso, sabe-se que a principal via de transmissão é a vetorial (inseto), por causa das casas rústicas, das habitações rurais, que são conhecidas como casas de pau a pique e taipas, que são caracterizadas pela má iluminação e presença de rachaduras, o que possibilita a procriação dos triatomíneos. Segundo o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, foram contabilizados 112 surtos no território nacional entre 2005 e 2013, envolvendo em sua totalidade 35 municípios da região amazônica. OBS: Incidência da Doença de Chagas aguda (por 100 mol habitantes), por região e ano. Brasil, 2007 a 2019. Doença de Chagas Transmissão Vetorial (pelas fezes do barbeiro, como é chamado popularmente, e podem infectar pela picada, coceira ou até mesmo pela boca); Transplante (doadores infectados para doadores sadios); Vertical ou congênita (passagem do parasita da mãe para o feto que pode ocorrer durante o parto ou na gestação); Oral (ingestão de alimentos contaminados). Principais formas de transmissão: Os tripomastigotas na corrente sanguínea podem infectar as células em vários tecidos nos quais se transformam em amastigotas intracelulares e causam infecção sintomática. Os tripomastigotas não se multiplicam na corrente sanguínea, diferentemente dos tripanossomas africanos. A multiplicação só é retomada quando os parasitas entram em outra célula ou são ingeridos por outro vetor. O percevejo é infectado ao se alimentar de sangue humano ou animal contendo parasitas na circulação. As tripomastigotas ingeridas se transformam em epimastigotas no intestino médio do vetor. Os parasitas se multiplicam no intestino médio. No intestino distal, se diferenciam em tripomastigotas metacíclicos infecciosos, que são eliminados nas fezes. Ciclo biológico Ao se alimentar de sangue, o inseto vetor infectado libera tripomastigotas nas fezes perto do local da picada. As tripomastigotas penetram no hospedeiro pela ferida ou pelas mucosas íntegras. No hospedeiro, as tripomastigotas invadem as células próximas ao local da inoculação, onde se diferenciam em amastigotas intracelulares. Os amastigotas se multiplicam por fissão binária. A seguir, se diferenciam em tripomastigotas, e saem da célula e entram na corrente sanguínea. Doença de Chagas Sintomas - Fase aguda Assintomática ou sintomática, depende do estado imunológico do hospedeiro. Sintomática: Febre, edema generalizado, hepatomegalia, esplenomegalia, insuficiência cardíaca e perturbações neurológicas. Grande quantidade de parasitas no sangue. Assintomático: 90 a 98% Sintomático: 2 a 10% OBS: Sintomas - Fase crônica Fase crônica assintomática: Assintomáticos (50 a 70%), podendo evoluir para formas típicas ou permanecer sem sintomas. Pode causar morte súbita, parasitemia baixa. Forma indeterminada: Positividade de exames parasitológicos e sorológicos. Ausência de sinais e sintomas. Coração, esôfago e cólon radiologicamente normais. Podem evoluir para a fase crônica sintomática ou não. Características: Fase crônica sintomática: - Forma cardíaca: Atinge 13% dos pacientes. Insuficiência cardíaca congestiva (ICC) - Morte súbita. Diminuição da massa muscular cardíaca (destruição pelo parasito) - Fibrose. Inflamação. Cardiomegalia. Fenômenos tromboembólicos. Retardamento da circulação. Hipóxia. - Forma digestiva: Atinge 10% dos pacientes, Alterações do aparelho digestivo (esôfago, cólons e sigmóide). Megaesôfago e megacólon. Dificuldade de deglutir alimentos sólidos, tendência a regurgitação, sensação de plenitude intratorácica, dor epigástrica, soluços, intensa salivação, emagrecimento, desnutrição. Dilatação do sigmóide e reto, Obstrução e perfuração intestinal, peritonite. - Forma nervosa: Perda ou diminuição dos neurônios como consequência da isquemia e processos auto-imunes. Doença de Chagas Diagnóstico - Clínico: Procedência do paciente, ter pernoitado em casas com triatomíneos. Ter recebido transfusão sanguínea. Deve ser confirmado pelo exame laboratorial. - Laboratorial: Alta parasitemia, presença de anticorpos inespecíficos e início do aparecimento dos anticorpos específicos (IgM e IgG). Fase aguda: Exame de sangue gota espessa. Exame de sangue em gota corada pelo Giemsa. Cultura de sangue ou material de biópsia (Lit ou NNN). Pesquisa direta dos parasitos: Reação de precipitação ou precipitina. RIFI. ELISA. Sorológico: Baixas parasitemias. Fase crônica: Xenodiagnóstico. Hemolcutura. Inoculação em camundongos jovens. Pesquisa dos parasitos: Reação de hemaglutinação indireta. Reação de imunofluorescência indireta. ELISA, PCR (Reação em cadeia da Polimerase). Sorológico: Tratamento Age contra as formas sanguíneas e parcialmente contra as formas teciduais. 90% de cura na fase aguda. 10mg/kg de peso, durante 60 a 120 dias para adultos. Efeitos colaterais: Naúseas, alergia cutânea, vômitos, emagrecimento, sensação de fraqueza, irritabilidade e insônia. Nifurtimox (Nitrofurano, Bayer-Lampit): Age somente contra as formas sanguíneas. 5mg/kg de peso durante 60 dias. Efeitos colaterais: cefaléia, dores abdominais, sonolência, hiperexcitabilidade, depressão medular, erupção cutânea, distúrbios da hematopoese. Benxonidazol (Nitroimidazol, Roche- Rochagan): OBS: Tratamento cirúrgico em casos de megaesôfago e megacólon. Doença de Chagas Profilaxia Não esmagar, apertar, bater ou danificar o inseto; Proteger a mão com luva ou saco plástico; Os insetos deverão ser acondicionados em recipientes plásticos, com tampa de rosca para evitar a fuga, preferencialmente vivos. Quando o morador encontrar triatomíneos no domicílio: Intensificar ações de vigilância sanitária e inspeção, em todas as etapas da cadeia de produção de alimentos suscetíveis à contaminação, com especial atenção ao local de manipulação de alimentos. Realizar ações de capacitação para manipuladores de alimentos e de profissionais de informação, educação e comunicação. Resfriamento ou congelamento de alimentos não previne a transmissão oral por T. cruzi, mas sim o cozimento acima de 45°C, a pasteurização e a liofilização. Em relação à transmissão oral, as principais medidas de prevenção são: OBS: Ainda não há vacina contra a doença de Chagas, a melhor forma de prevenção é o combate ao inseto transmissor. Priscila - Nutri/UFES
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