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Materia Digital Psicologia Humanista Existencial

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A Psicologia Existencial 
 
DESCRIÇÃO 
Psicologia Existencial como perspectiva e aproximação no contexto da Psicologia e seu diálogo com diversos 
autores do Existencialismo; a influência em outras áreas da Ciência Psicológica, como a Psicologia da 
Personalidade, a Psicologia da Motivação e a Psicopatologia. 
PROPÓSITO 
Contribuir para o aprendizado e o aprofundamento do conhecimento sobre a Psicologia Existencial como 
perspectiva da Psicologia, e suas influências em diferentes áreas, como a Psicologia Clínica, da Personalidade, 
da Motivação e a Psicopatologia. 
PREPARAÇÃO 
Use um dicionário de Filosofia para ampliar seu conhecimento na área. O Dicionário de Filosofia Nicola 
Abbagnano é uma boa sugestão e está disponível virtualmente. 
OBJETIVOS 
 MÓDULO 1 
Definir o que é Psicologia Existencial a partir de suas relações com o Existencialismo 
 MÓDULO 2 
Reconhecer o pensamento de Karl Jaspers e sua influência na Psicopatologia Fenomenológica 
 MÓDULO 3 
Reconhecer o pensamento de dois dos principais representantes da Psicologia Existencial: Viktor Emil Frankl 
e Rollo May 
 
INTRODUÇÃO 
Qual é o sentido da sua vida? Você é totalmente livre ou é fruto de determinantes sociais, psicológicos e 
biológicos? Como você lida com o fato da sua finitude? Provavelmente, em algum momento da vida, toda 
pessoa se depara com questões semelhantes a essas e, embora possamos dizer que esses questionamentos 
estejam presentes na prática de muitos psicólogos e abordados por diferentes correntes da Psicologia, é na 
Psicologia Existencial que eles ganharam especial interesse e aprofundamento. 
Apresentaremos a você o que é a Psicologia Existencial, quais são as influências recebidas do Existencialismo, 
seus principais representantes e como ela ainda se mostra evidente na Psicologia do século XXI. 
Vamos incentivá-lo, ao longo do conteúdo, a tomar uma atitude existencial: não somente entender os 
conceitos apresentados, mas vivenciá-los para que você tenha uma experiência existencial. 
 
MÓDULO 1 
Definir o que é Psicologia Existencial a partir de suas relações com o Existencialismo 
 
O QUE É A PSICOLOGIA EXISTENCIAL? “SER OU NÃO SER, EIS A QUESTÃO” 
Certamente você já escutou, ou escutará a frase acima em algum momento de sua vida. Esse famoso dito, 
atribuído ao personagem Hamlet, de Shakespeare, está carregado da preocupação sobre o existir. 
 
A Psicologia Existencial e seus diversos autores se debruçarão sobre questões referentes ao existir da pessoa, 
em como essa pessoa configura a sua vida e como ela lida com aqueles aspectos centrais da existência: 
sofrimento, angústia, finitude, amor, esperança, sentido. 
Pode-se perceber que as questões próprias da Psicologia Existencial, que também podemos chamar 
de questões existencialistas, não se resumem a elucubradas perguntas filosóficas, mas se encarnam no 
cotidiano do existir pessoal, ou seja, podem ser percebidas no dia a dia, na vida comum de todos. 
A Psicologia Existencial pode ser compreendida como uma aproximação a aspectos da vida do homem desde 
uma perspectiva existencialista. Isso significa que a angústia, a culpa, a esperança, a vontade, o amor serão 
compreendidos desde um ponto de vista existencial. 
 
Sendo assim, temos o primeiro ponto da construção de uma definição de Psicologia Existencial: É uma 
aproximação às categorias psicológicas, aos aspectos psicológicos da pessoa, desde uma perspectiva 
existencialista. 
Você sabe o que é uma perspectiva existencialista? Para ajudar na compreensão, exploraremos o 
Existencialismo, visto que a Psicologia Existencial recebe inúmeras contribuições de pensadores que se 
enquadram nessa perspectiva filosófica. 
 
EXISTENCIALISMO OU EXISTENCIALISMOS? EIS A NOVA QUESTÃO 
Em linhas gerais, o Existencialismo tem como marca a preocupação e a busca por compreender a existência 
concreta da pessoa; ou seja, em como o homem conduz e vive sua vida no cotidiano: suas angústias, 
esperanças, seus sonhos, sofrimentos. Seu realce não é teorizar sobre a existência, mas como se aproximar 
ao máximo da experiência do viver particular da pessoa. 
Jolivet (1953) afirma que o Existencialismo surge sobretudo como uma resposta ao Idealismo e Realismo que 
imperavam no pensamento filosófico da época e que, na tentativa de explicar a pessoa, acabavam por 
ignorar seu mistério; ou seja, acreditavam que era possível explicar totalmente a pessoa. 
 
Você acredita que exista alguma perspectiva que consiga explicar a pessoa em sua totalidade? 
Abbagnano (1998), em seu dicionário de Filosofia, define o Existencialismo como “um conjunto de filosofias 
ou correntes filosóficas cuja marca comum não são os pressupostos e as conclusões (que são diferentes), 
mas o instrumento de que se valem: a análise da existência”. 
A leitura dos diversos representantes do Existencialismo permite verificar que suas conclusões e 
aproximações nem sempre coincidem. Veja o exemplo a seguir: 
 Jean-Paul Sartre (1905-1980) 
Um dos pontos fundamentais do pensamento existencialista é a afirmativa do filósofo Jean-Paul Sartre: “a 
existência precede a essência.” Com isso, Sartre quer dizer que a nossa forma de viver, o nosso 
comportamento, o que fazemos com aquilo que fizeram conosco, molda nossa essência, ou seja, não 
possuímos uma natureza prévia. 
 
 
 Gabriel Marcel (1889-1973) 
Ainda que a premissa de Sartre seja compartilhada por muitos existencialistas, existem alguns, como Gabriel 
Marcel, que a questionam, acreditando que haveria sim uma essência, mesmo que fosse uma que permitisse 
ser formada pela existência; ou seja, seria parte da essência da pessoa que a existência fosse o seu 
fundamento. 
 
Mesmo que o Existencialismo, como conjunto de filosofias da existência, tenha diferenças entre seus 
teóricos, um ponto relativamente comum é que todos buscam compreender a existência do homem a partir 
da análise das situações cotidianas que a permeiam e que podem ser consideradas fundamentais na 
existência da pessoa. A análise da existência é, portanto, a ferramenta utilizada para se aproximar do mistério 
da pessoa. 
 
Mondin (1981) cita cinco características fundamentais do Existencialismo: 
1. Método fenomenológico 
Método utilizado pelo Existencialismo como forma de analisar a existência humana, sendo caracterizado pela 
clarificação da experiência, conduzido não à luz dos princípios metafísicos, mas no âmbito da própria 
experiência, por intermédio da observação objetiva da realidade assim como ela se manifesta (MONDIN, 
1981). 
2. Ponto de partida antropológico 
A origem e o norte da reflexão filosófica é o homem e sua experiência concreta. 
3. Tentativa de integração das dimensões humanas 
Existe um esforço em analisar a realidade da pessoa de forma integral, considerando seus pensamentos 
(razão), sentimentos, instintos e suas paixões. 
4. Subordinação da essência à existência 
Ainda que alguns existencialistas não manifestem apoio a tal premissa, a maior parte deles acredita que o 
homem, em seu existir, constrói e configura sua essência. 
5. Critérios de conduta moral 
Tais critérios não viriam de Deus (como os dez mandamentos), nem da natureza da pessoa, mas sim da 
história, por meio do existir concreto de cada pessoa. 
Resumindo 
Podemos afirmar que o Existencialismo engloba diferentes filosofias da existência que têm, em comum, a 
análise da existência concreta como forma de aproximação ao mistério da pessoa. Por isso, alguns autores 
preferirão falar de existencialismos (diferentes filosofias), enquanto outros falarão 
de Existencialismo (referindo-se ao conjunto de todas elas). 
 
Após essa breve definição do que seja o Existencialismo, podemos apresentar alguns expoentes desse 
movimento. Abordaremos um pouco do pensamento de Soren Aabye Kierkegaard (1813-1855) e Martin 
Heidegger (1889-1976), nomes importantes para a Psicologia Existencial. 
 
SOREN AABYE KIERKEGAARD (1813-1855) 
De acordo com Penna (1985), Kierkegaard pode ser considerado o fundador domovimento existencialista 
contemporâneo. Conforme afirma Jolivet (1953), o fracasso dos sistemas, a angústia, o valor exclusivo da 
subjetividade e o drama da existência pessoal são alguns dos temas principais do pensamento do filósofo 
dinamarquês. 
Compreender o Existencialismo de Kierkegaard envolve perceber três aspectos: a realidade existencial desse 
pensador, o contexto intelectual de sua formação e a influência religiosa em sua vida. Confira abaixo os 
detalhes de cada aspecto: 
 REALIDADE EXISTENCIAL 
Pode-se dizer que sua doutrina surge de uma incansável busca pelo autoconhecimento, uma constante 
reflexão sobre si e sobre sua existência. Os temas que perpassam o pensamento de Kierkegaard são aqueles 
que permearam sua existência: a verdade, a angústia, a experiência religiosa, a finitude. O filósofo buscou 
uma coerência em seu existir, não somente pensando, mas vivendo de acordo com seus pensamentos. 
O homem, para Kierkegaard, é o principal problema para si, e a Filosofia deve contribuir para que esse 
homem tome, pouco a pouco, consciência profunda de sua própria existência, buscando que ela seja 
autêntica e pesando as exigências advindas dessa autenticidade. 
A tomada de consciência traz ao homem maior liberdade, mas não o isenta de maior responsabilidade. Nisso 
tem-se a vivência da angústia, que para Kierkegaard “é a realidade da liberdade enquanto possibilidade para 
a possibilidade”. 
Até aqui, do pensamento de Kierkegaard, nota-se: 
 A defesa de uma vida coerente, ou seja, de acordo com a verdade concebida como sentido de vida. 
 A realidade da angústia que naturalmente nasce da tensão pela busca dessa vida coerente e do 
exercício da liberdade. 
 O autoconhecimento como caminho a ser desenvolvido e explorado pela pessoa para a sua 
compreensão, que ocorre quando ela existe e, mais do que isso, quando analisa seu existir. 
 
 CONTEXTO INTELECTUAL DA ÉPOCA 
Kierkegaard se apresenta como um combatente da lógica hegeliana, que tentava explicar por meio da 
dialética toda a complexidade da realidade da pessoa. Nas palavras de Jolivet (1953), “a dialética suprime o 
mistério”. 
Kierkegaard se insurge com a tentativa de explicar a pessoa desde a rígida lógica, defendendo que a 
existência sempre se sobrepõe a explicações universais. Dessa premissa, surgiram pontos que influenciariam 
a concepção de homem partilhada por psicólogos existencialistas, como a de que cada pessoa é única e que 
sua vida é singular, não existindo outra configuração igual em toda a história. 
 INFLUÊNCIA RELIGIOSA 
A influência religiosa em Kierkegaard vem, especificamente, do luteranismo. Jolivet (1953), ao falar da 
influência do cristianismo no pensamento de Kierkegaard chega a afirmar que não é possível saber se “é 
Kierkegaard que é cristão ou se é o cristianismo que é kierkegaardiano”, referindo-se a essa adaptação íntima 
entre o pensamento do filósofo dinamarquês e o cristianismo. 
O aspecto do sofrimento foi apreendido por Kierkegaard, notadamente, o tema da angústia. Para 
Kierkegaard, a angústia é o mais próprio da existência humana; ela nasce do fato de que a pessoa é livre e, 
portanto, passível de falha. Deparar-se com essa realidade, tomar consciência dela leva, naturalmente, à 
angústia e pode conduzir ao sofrimento; este leva o homem a ser provado e o desafia a mostrar quem é. 
 
Sendo assim, Kierkegaard prepara o solo para o que será o Existencialismo e influenciará psicólogos 
existencialistas, como Rollo May, e outros filósofos que aderirão a premissas existenciais, como Karl Jaspers 
e Martin Heidegger. 
 
MARTIN HEIDEGGER (1889-1976) 
Uma boa forma de começar a falar sobre Heidegger é que para ele a vida autêntica reside no desespero. 
Parece contraditório dizer que essa é uma boa forma de começar a falar sobre Heidegger, mas o desespero 
é um tema marcante do Existencialismo e aparecerá na obra de outro filósofos. 
É importante contextualizar a vida de Heidegger, sobretudo considerar que o filósofo alemão vivenciou os 
ápices do desespero do século XX: Primeira e Segunda Guerras Mundiais. O historiador Max Hastings (2012) 
afirma que, ao tentar se aproximar da experiência de dezenas de pessoas que vivenciaram a Segunda Guerra 
Mundial, recebia a mesma explicação: “um verdadeiro inferno”. 
A principal preocupação de Heidegger é com o ser, tema de sua principal obra Ser e Tempo, sendo que seu 
pensamento desenvolve uma Ontologia. Entretanto, Heidegger defende que a melhor forma de estudar e 
se aproximar do ser não é por meio da análise geral do ser, mas da análise específica do próprio ser, do ser-
aí, do Dasein. De acordo com Jolivet (1953): “pelo exame reflexivo deste existente, poder-se-á chegar a uma 
noção do sentido do ser em geral”. 
Pode-se concluir que o método principal defendido por Heidegger é a análise da existência. 
Da análise do Dasein, Heidegger retira duas conclusões: 
 A essência do ser, o que ele é, está determinada pela sua existência e, com isso, retoma uma das 
premissas fundamentais do Existencialismo, ou seja, “a existência precede a essência”. 
 Quando se fala do ser do Dasein, está se falando do ser particular do sujeito, ou seja, é sempre o meu 
ser, não o ser em geral. 
Dessas duas conclusões e dando continuidade à análise da existência, Heidegger (1997) vai traçar as três 
características fundamentais do homem: 
1. Ser-no-mundo 
Todo homem está no mundo: ao olhar para o Dasein (ser-aí), para a existência concreta e cotidiana do 
sujeito, percebo que ele se encontra em um mundo, ou seja, ele é um ser-no-mundo, mas não está sozinho. 
2. Ser-com-os-outros 
Como o homem não está só, uma segunda característica que nasce é o ser-com-os-outros. O homem se 
relaciona, tem cuidado com os outros e quando esse cuidar contribui para o desenvolvimento do outro, 
significa coexistir. 
3. Ser-para-a-morte 
Esse homem que tem como características ser-no-mundo e ser-com-os-outros se depara com um dado do 
qual não pode fugir sem renunciar ao seu ser homem: a morte. Por isso, Heidegger afirmará que o terceiro 
existencial do homem, o traço típico da pessoa, é o ser-para-a-morte, a possibilidade permanente da 
existência. 
 
Diante da realidade de que o ser-para-a-morte é uma possibilidade permanente da existência, o homem se 
angustia. Entretanto, encarar e vivenciar essa angústia é necessário para a vida autêntica. 
 
Para a existência autêntica, o futuro é um viver-para-a-morte, que não permite que o homem seja 
arrastado nas possibilidades mundanas. 
(ANTISERI; REALE, 2006) 
 
Da análise da existência de Heidegger, Ludwig Binswanger, psiquiatra suíço, desenvolverá a análise 
existencial ou Daseinsanálise, sendo uma das abordagens da Psicologia Existencial. 
 
DE VOLTA À PSICOLOGIA EXISTENCIAL: RESOLVENDO A QUESTÃO 
Após iniciar a tentativa de clarificar e conceituar a Psicologia Existencial, demos um passeio, ainda que breve, 
pelo Existencialismo. 
 
Você se lembra da definição de Psicologia Existencial que nos levou a esse passeio? 
 
A Psicologia Existencial é uma aproximação às categorias psicológicas, aos aspectos psicológicos da pessoa, 
desde uma perspectiva existencialista. 
Em síntese, podemos dizer que essa perspectiva existencialista se baseia em uma aproximação da realidade 
da pessoa desde a análise da existência, buscando esclarecer quem é o homem desde a concretude do seu 
cotidiano. Podemos, agora, definir outras características que contribuirão para entender o que é a Psicologia 
Existencial. 
 PRIMEIRA CARACTERÍSTICA 
Ao mesmo tempo que é aclamada pelos psicólogos existenciais como uma virtude, é também fonte de 
críticas. A Psicologia Existencial dá ênfase à subjetividade de cada pessoa como caminho para seu 
autoconhecimento; entretanto, com isso, distancia-se, em parte, de um modelo científico baseado em 
generalizações. 
Como afirma Rollo May (1986), a Psicologia Existencial se esforça para compreender o homem como 
experimentador, como aquele a quem acontecem as experiências. Essaênfase, em certo ponto, lançará mais 
luz sobre a experiência particular do que a busca por generalizações, próprio do modelo científico moderno, 
o que gera críticas em relação à falta de cientificidade da Psicologia Existencial. 
Essas críticas, por exemplo, pontuam que a Psicologia Existencial não apresenta técnicas de intervenção 
psicoterapêutica. Entretanto, conforme pontua Rollo May (1986), “não é um conjunto de técnicas por si 
mesmas, mas é um interesse pela compreensão da estrutura do ser humano e sua experiência que deve 
sustentar todas as técnicas.” 
 SEGUNDA CARACTERÍSTICA 
Surge da premissa de que a existência precede a essência, o que na Psicologia Existencial ocasiona a 
aproximação de que a pessoa é um ser em desenvolvimento e evolução, um ser que pouco a pouco vai se 
autoconfigurando. 
Em termos psicoterapêuticos, essa premissa se manifestará por uma resistência em acreditar que fatos de 
nossa vida, por exemplo, relações infantis negativas, determinarão nosso comportamento futuro. Para a 
Psicologia Existencial, sempre haverá espaço para a mudança. 
 TERCEIRA CARACTERÍSTICA 
É o diálogo com a Filosofia. Nesse sentido, Frankl (2011) afirma que toda psicoterapia tem implicações 
metaclínicas e tais implicações são a visão de mundo (filosofia de vida/cosmovisão) e visão de pessoa (visão 
de homem) que estão, na maioria das vezes, implícitas nas teorias psicológicas. 
A Psicologia Existencial, com base no Existencialismo, apresenta um fundamento filosófico para suas 
premissas psicológicas sobre o comportamento e funcionamento humano, bem como utiliza não somente o 
método científico, marcado pela experimentação e relação causal, para compreender a realidade da pessoa, 
mas também o método fenomenológico. 
 QUARTA CARACTERÍSTICA 
É a abertura para abordar temas como vontade e decisão, angústia, culpa, finitude, transcendência, bem 
como as potencialidades da pessoa, a vivência do amor e a criatividade que, não necessariamente, eram 
abordados de forma profunda por outras linhas da Psicologia da época. 
 QUINTA CARACTERÍSTICA 
Uma quinta característica se manifestará em um afastamento das categorias diagnósticas como as do DSM-
V (2014) e CID-10 (1994). Muitos psicólogos existencialistas acreditam que as categorias diagnósticas acabam 
por engessar e dificultar a compreensão da pessoa. Além disso, atrapalham a atitude fenomenológica, em 
que preconceitos e ideias anteriores devem ser suspensos para se aproximar ao máximo do fenômeno 
estudado. 
 
Após todas essas características, conseguimos chegar a uma conclusão do que seja a Psicologia Existencial? 
 
À nossa definição inicial, somamos mais algumas características que permitem compreender que a Psicologia 
Existencial, mais do que um sistematizado corpo de técnicas e princípios, é, na realidade, a proclamação de 
uma nova atitude e aproximação da pessoa no contexto da Psicologia, influenciando diversas áreas como 
Psicologia Clínica, Psicologia da Personalidade, Psicologia da Motivação. 
Em síntese, a Psicologia Existencial é uma forma de ver o mundo, de ver o outro e de viver: 
A Psicologia Existencial, contudo, não é uma escola especial – isso é importante. O Existencialismo é uma 
atitude, uma abordagem dos seres humanos, não uma escola ou um grupo especial. 
(MAY, 1986) 
 
MÓDULO 2 
Reconhecer o pensamento de Karl Jaspers e sua influência na Psicopatologia Fenomenológica 
ABORDAGEM EM PSICOPATOLOGIA 
Imagine que você vá a um psiquiatra. Após entrar no consultório, o médico pergunta o motivo de tê-lo 
procurado. Você relata que no último mês vêm experimentando dificuldade para dormir, falta de apetite, 
tristeza, irritabilidade, pouca motivação para realização de atividades para as quais anteriormente você tinha 
disposição, o que o leva ao isolamento. 
O psiquiatra pega um livro escrito DSM-V (2014) e, após folheá-lo, aponta para uma página em que está 
escrito Episódio Depressivo Maior; entrega-lhe uma receita de medicamentos e pede para você voltar em 
um mês. 
Esse pequeno exercício imaginativo representa uma abordagem em Psicopatologia. Essa abordagem está 
ancorada no modelo médico, em que a preocupação está no conjunto de sintomas da pessoa e sua 
consequente medicalização. 
 
Antes de continuar, gostaríamos de saber: 
O que você acha dessa abordagem? 
Neste módulo, apresentaremos um importante nome da Psicopatologia e outra forma de aproximação 
desenvolvida por Karl Jaspers, que sofreu grande influência de precursores do Existencialismo, como 
Nietzsche e Kierkegaard. 
 
KARL JASPERS E A PSICOPATOLOGIA FENOMENOLÓGICA 
Inicialmente, acreditamos ser importante pontuar que não existe uma única abordagem em Psicopatologia. 
Desde uma explicação etimológica, Psicopatologia significa o estudo das doenças da alma, sendo geralmente 
compreendida como o estudo das doenças mentais, suas causas, sintomas e tratamentos. 
Dalgalarrondo (2018) define a Psicopatologia como “um conjunto de conhecimentos referentes ao 
adoecimento mental do ser humano. É um conhecimento que se esforça por ser sistemático, elucidativo e 
desmistificante”. 
 
Saiba mais 
Existem diferentes abordagens dentro da Psicopatologia: descritiva, dinâmica, médico-naturalista, 
psicanalítica, cognitivo-comportamental, entre outras. 
 
Podemos dizer que a proposta de Psicopatologia defendida por Karl Jaspers é de uma Psicopatologia 
existencialista, em que a pessoa é vista de forma única e singular. 
Jaspers (1987), que junto com Heidegger pode ser considerado um dos principais nomes do Existencialismo 
alemão, em sua importante obra Psicopatologia Geral, demarca a diferenciação da Psicopatologia em 
relação à Psiquiatria, colocando-a como campo específico do conhecimento, defendendo que a preocupação 
da Psicopatologia deve ser a pessoa como um todo, completando que jamais se pode reduzir a pessoa a 
conceitos psicopatológicos. 
 
Quanto mais conceitualiza, quanto mais reconhece e caracteriza o típico, e que se acha de acordo com os 
princípios, tanto mais reconhece que, em todo indivíduo, oculta-se algo que ele não pode conhecer. Como 
psicopatologista, basta saber da riqueza infinita de todo indivíduo, que nunca poderá esgotar; 
independentemente disso, poderá, como homem, ver mais, ou quando outros veem esse “mais”, que é 
algo incomparável, não deve imiscuir-se com Psicopatologia. Sobretudo avaliações éticas, estéticas, 
metafísicas são de todo independentes de avaliações e classificações psicopatológicas. 
(JASPERS, 1987) 
 
Essa importante passagem no início da obra já citada de Karl Jaspers abre espaço para discussão de dois 
pontos muito atuais: 
1. Cuidado com a rotulação e patologização da pessoa, ou seja, a pessoa é o seu transtorno. 
2. A consideração da necessidade do conhecimento de outras áreas para melhor se aproximar da 
realidade da pessoa. 
 
Vejamos os detalhes de cada um a seguir. 
Certamente você já deve ter escutado alguém dizer: sou depressivo, sou ansioso, sou bipolar, ou ser descrito 
dessa forma. Essa tendência atual dialoga com um modelo psicopatológico que deixou de levar em 
consideração a realidade pessoal que está para além do transtorno. 
Essa atitude, além de ser uma evidência do esquecimento da realidade pessoal, favorece a estigmatização, 
o preconceito e a consequente marginalização de todos aqueles que, porventura, venham a sofrer com um 
transtorno mental crônico ou pontual. 
Jaspers também vivenciava essa realidade em seu tempo, em que o preconceito com os doentes mentais 
levava a contínuas intervenções discriminatórias, contribuindo para que muitos vivessem à margem da 
sociedade. O modelo de Psicopatologia defendido por Jaspers recoloca a pessoa e seu mistério em primeiro 
lugar, sendo necessário perceber essa realidade para melhor compreender a doença e o transtorno que afeta 
aquela realidade pessoal. 
Essa aproximação despatologizante também permite considerar toda a gama de elementos positivos que 
cada pessoa encerra e que concretamente podem ser vistosem intervenções como a de Nise da Silveira, ou 
seja, olhar para além da doença é olhar para todas aquelas capacidades de transcendência (criatividade, 
amor, servir) que a pessoa possui. 
O segundo ponto diz respeito à compreensão de que o homem sempre transcende as disciplinas e ciências 
e, por isso mesmo, compreendê-lo envolve levar em consideração outras disciplinas. Ética, Filosofia, 
Antropologia, Neurociências, Sociologia, História são todo um conjunto de áreas que se juntam para ajudar 
a se aproximar do mistério humano. 
Para melhor apreender a realidade da pessoa, Jaspers, que era médico de formação, defende a utilização de 
um método filosófico: a Fenomenologia. Jaspers reconhece que embora a Psicopatologia esteja muito ligada 
à medicina somática, não deve prescindir dos “métodos que se adquirem no ensino filosófico” (JASPERS, 
1987). 
Jaspers apresenta-se como um filósofo integrador, ou seja, busca unir o conhecimento das ciências naturais 
e o da Filosofia na aventura por compreender o homem. 
Muitos são os que tentaram dar uma definição de Fenomenologia; aqui apresentaremos uma simples, que 
dialoga com a proposta de Jaspers: a Fenomenologia é um método, uma atitude de pensamento, uma 
tentativa de apreender fenômenos de forma objetiva. 
Voltando ao nosso exemplo inicial, a atitude fenomenológica não será resumida a categorizar os sintomas e 
dar um rótulo à pessoa. Como discorre Jaspers (2005), a análise fenomenológica será colocada em prática 
de três modos: 
 Pela imersão em gestos, comportamentos, expressões do paciente. 
 Pelo questionamento ao paciente sobre as vivências subjetivas dele. 
 Em autodescrições escritas. 
Jaspers (2005) afirma que os fenômenos psicopatológicos necessitam de uma aproximação fenomenológica 
que se debruçará mais na busca por bem ver e descrever o que está ocorrendo em detrimento do 
estabelecimento de relações causais, ou seja, mais ver do que explicar. 
 
Resumindo 
A Psicopatologia Fenomenológica, portanto, busca na descrição dos fenômenos, por meio da 
Fenomenologia, melhor compreender a vivência daquela pessoa única e singular. Não estamos falando mais 
do depressivo e sim do “Carlos” que está acometido por uma depressão, que possui uma história singular, 
um contexto particular, e naquele momento passa por uma situação de adoecimento mental. 
 
É interessante perceber que as formas pelas quais a análise fenomenológica é colocada em prática se 
expressam não somente nas psicoterapias de base existencial – que têm, por exemplo, como técnica muito 
difundida o diálogo socrático, uma forma de pouco a pouco aprofundar em questionamentos sobre a 
vivência profunda do paciente –, mas também em técnicas cognitivas muito utilizadas na Terapia Cognitivo-
Comportamental, como o registro de pensamentos automáticos, que consiste em estimular que a pessoa 
realize autodescrições sobre pensamentos que a incomodam. 
Jaspers (2005) reconhece o desafio que a fenomenologia encontra, notadamente, quanto à questão da 
passagem da experiência individual para a generalização. 
"Sempre será custoso definir como se pode passar do caso individual para um entendimento mais geral e 
uma delimitação mais completa. Deve-se ter em mente que as experiências de pacientes individuais são 
infinitamente variadas, e que a fenomenologia extrai delas algumas características gerais que podem ser 
igualmente achadas em outros casos e, portanto, podem ser tomadas pela mesma característica, enquanto 
a infinidade de experiências individuais continua mudando. Sustentamos, assim, que por um lado a 
fenomenologia efetua abstrações a partir de uma infinidade de elementos em contínua mudança, e de outro 
lado é definitivamente orientada ao perceptível e ao concreto, não ao abstrato." (JASPERS, 2005) 
 
A abordagem fenomenológica, portanto, não estará voltada para a criação de categorias diagnósticas, mas 
para um contínuo aprofundar na experiência particular da pessoa acometida por determinada patologia, 
sendo possível, dessas experiências, abstrair aspectos mais gerais, um movimento semelhante ao de Martin 
Heidegger ao tentar abstrair conclusões sobre o ser, a partir do Dasein. 
A atitude fenomenológica demanda se livrar de preconcepções, ou seja, é uma tentativa de aproximação do 
fenômeno suspendendo todo o conhecimento anterior sobre ele, para assim se debruçar totalmente sobre 
esse fenômeno sem preconceitos que possam impedir sua captação. 
Até aqui, podemos ver algumas contribuições de Karl Jaspers para o campo da Psicopatologia: 
1. Uma abordagem para além do transtorno, considerando a realidade da pessoa. 
2. O reconhecimento de que a compreensão da realidade da pessoa vai para além do conhecimento 
possível da Psicopatologia. 
3. A utilização do método fenomenológico para o aprofundamento das questões psicológicas. 
4. 
Além disso, três termos são importantes para Jaspers: situação, existência e transcendência. 
Ao se referir a situação (ou ser-em-situação), quer destacar o que considerou como aquilo que é a base para 
a existência. Ou seja: é a realidade humana espaço-temporal; sua limitação cotidiana, física e psíquica. Mas 
não caracteriza o ser verdadeiramente é. Daí a importância de extrapolar essa condição, rumo à existência. 
No que diz respeito à situação, Jaspers também terá a preocupação em se debruçar sobre a verdadeira 
realidade do ser, como Heidegger, mas para além disso, entende a comunicação como uma das principais 
características da existência. 
O ato de comunicar, aqui não reduzido ao falar, significa a possibilidade de o homem ir além de si mesmo, 
chegando à transcendência, que é própria da realidade humana, da situação concreta do homem de estar 
no mundo. 
Essa transcendência também ocorre no encontro de uma pessoa com a outra, do médico com o paciente. 
De certo modo, Jaspers lança as bases do que, mais tarde, será explorado por Binswanger em seu modelo 
de Psicopatologia Fenomenológica, em que o psiquiatra suíço realça a importância do encontro terapêutico 
no processo de desvelar do outro e na compreensão da Psicopatologia presente (MOREIRA, 2011). 
A Psicopatologia Fenomenológica, influenciada por Jaspers e desenvolvida por Binswanger, entende que o 
encontro entre o psiquiatra e o paciente é a possibilidade de que a presença do sadio possa modificar a 
realidade do doente. Binswanger (2019) defende que a possibilidade da psicoterapia ocorre somente devido 
a “um traço fundamental da estrutura do ser humano como ser-no-mundo (Heidegger) em geral, justamente 
o ser-um-com-o-outro e o ser-um-para-o-outro”. 
 
O homem que está inserido em um mundo é dotado de consciência. Para Jaspers (1987), abordar a 
consciência é abordar a experiência real de determinado acontecimento por parte da pessoa, bem como a 
autoconsciência e a reflexão sobre si mesmo, retomando aqui pressupostos existencialistas lançados por 
Kierkegaard, notadamente a importância da autoconsciência, alcançada por meio da análise da existência. 
 
Resumindo 
Em síntese, Karl Jaspers têm grande importância no campo da Psicopatologia, primeiramente por separar 
essa disciplina da Psiquiatria, considerando-a como uma base importante para a Psiquiatria e a Psicologia; 
por sublinhar a possibilidade e utilidade do método fenomenológico para compreensão dos fenômenos 
mentais; e, em terceiro lugar, por contribuir para a integração dos aspectos próprios do Existencialismo com 
a ciência médica, favorecendo o diálogo frutífero entre esses dois campos do conhecimento na busca por 
compreender a pessoa. 
 
MÓDULO 3 
Reconhecer o pensamento de dois dos principais representantes da Psicologia Existencial: Viktor Emil 
Frankl e Rollo May 
 
EXPOENTES DA PSICOLOGIA EXISTENCIAL 
No módulo anterior, abordamos um pouco dos conceitos e das formulações de Karl Jaspers e sua influência 
na Psicopatologia Fenomenológica. Agora, abordaremos alguns expoentes da Psicologia Existencial, dando 
ênfase a dois nomes. 
 Viktor Emil Frankl, expoente europeu da PsicologiaExistencial e fundador da Logoterapia, também 
conhecida como Terceira Escola Vienense de Psicoterapia; 
 Rollo May, representante norte-americano da Psicologia Existencial. 
 
O objetivo é que você consiga compreender os principais conceitos dos dois autores, tenha referências de 
seus principais livros, bem como vislumbre na sua vida cotidiana elementos abordados pelas teorias. 
 
VIKTOR EMIL FRANKL (1905-1997) E A LOGOTERAPIA 
Se uma corrente de psicoterapia tem grande influência dos aspectos particulares da vida de seu autor, no 
caso da Logoterapia poderíamos afirmar que a teoria teve na vida de Frankl uma forma de comprovação, 
sendo que suas principais hipóteses e premissas foram experimentadas na sofrível experiência do psiquiatra 
vienense em campos de concentração durante a Segunda Guerra Mundial. 
Nesse sentido, Xausa (2013) esclarece que “a Logoterapia não pode nem poderá ser entendida na sua 
amplitude, sem o conhecimento da vida de seu autor”. 
Viktor Emil Frankl nasceu em março de 1905 em Viena, tendo ao longo de sua formação trocado cartas com 
Sigmund Freud e sido discípulo de Alfred Adler, dois grandes nomes da nascente psicologia clínica e 
respectivamente fundadores da Psicanálise e Psicologia Individual. 
Sendo judeu, Frankl (2010) sofreu a perseguição alemã, tendo sido levado para campos de concentração 
acompanhado de esposa, mãe e pai. Foi o único a sobreviver às barbáries do holocausto após quase três 
anos, com passagem por três campos de concentração. Frankl, que já vinha desenvolvendo a Logoterapia 
desde 1926, teve na experiência dos campos seu experimentum crucis, ou seja, pôde experimentar na 
concretude da existência a importância do sentido para a vida. 
Dentre um vasto número de obras, seu livro Em Busca de Sentido: Um Psicólogo no Campo de 
Concentração apresenta-se como uma das mais importantes, considerado pela Biblioteca do Congresso 
Americano um dos dez livros que influenciaram significativamente a humanidade. 
Frankl, além de ser neurologista e psiquiatra, em sua formação teve contato com diversos filósofos, como o 
existencialista Martin Heidegger e o fenomenólogo Max Scheler. A Logoterapia apresenta uma rica 
contribuição de diferentes nomes, como bases para a formulação teórica, e como opositores às ideias que 
se estavam formulando. 
A Logoterapia é comumente conhecida como a psicologia do sentido da vida, ou mesmo como a psicoterapia 
do sentido da vida. Frankl (2011) chegou a utilizar o termo análise existencial para se referir à sua construção 
teórica; entretanto, ao perceber que Ludwig Binswanger (2019) utilizava esse termo para se referir à 
Daseinsanálise, decidiu optar pela utilização principal do termo Logoterapia. 
Logoterapia tem como uma das raízes etimológicas a palavra logos, que para Frankl significa sentido. Por 
isso, Frankl (2011, 2020), afirma que a principal motivação humana é a busca por um sentido para sua 
existência, o que ele chama de vontade de sentido. Entretanto, este é apenas um dos pilares da Logoterapia. 
Vamos nos aprofundar neles agora: liberdade da vontade, vontade de sentido e o sentido de vida. 
 
Liberdade da vontade 
 
Reflita e responda: 
Você é livre? Ou melhor: você acredita que é livre? 
 
Afirmar que a pessoa tem sua vontade livre é algo complexo. Nessa afirmação, vê-se dois conceitos de ampla 
repercussão filosófica: liberdade e vontade, sendo que existem diferentes aproximações teóricas para eles. 
Como já vimos, esses dois termos são muito queridos pelos existencialistas e muitas filosofias da existência 
abordam, de alguma forma, essa realidade da pessoa. 
Frankl (2014) reconhece a dificuldade da Ciência em compreender a liberdade humana, mas defende que o 
homem não é somente científico e, com isso, aventura-se a promover o princípio de que a pessoa é livre. 
Ao falar da liberdade da vontade Frankl (2011) estabelece um diálogo com a questão do 
determinismo versus o pandeterminismo. Nesse sentido, a Logoterapia não defende uma liberdade 
irrestrita. Essa defesa, certamente, seria ingênua visto que um breve olhar pelas diversas ciências como a 
Biologia, a Genética, a Neurologia, a Sociologia, entre outras, permite a conclusão de que existem 
condicionantes, ou situações que influenciam o pensar, o sentir e o agir. 
 
A Logoterapia afirma que a pessoa é livre apesar de seus condicionamentos, podendo tomar atitudes para 
além deles. Por isso, a posição da Logoterapia é contra o pandeterminismo, ou seja, contra a afirmação de 
que somos totalmente determinados pelos aspectos biológicos, psicológicos ou sociológicos. As palavras de 
Frankl são importantes nesse contexto do determinismo versus pandeterminismo: 
Afinal, a liberdade da vontade significa a liberdade da vontade humana e esta é a vontade de um ser finito. 
O homem não é livre de suas contingências, mas, sim, livre para tomar uma atitude diante de quaisquer 
que sejam as condições que sejam apresentadas a ele. 
(FRANKL, 2011) 
 
À liberdade da vontade, podemos relacionar outro conceito que integra a visão de pessoa para Frankl (2014). 
Esse seria a responsabilidade, ou seja, para a Logoterapia, a pessoa é livre e responsável. 
Para a Logoterapia, o homem é livre para se autodeterminar, para se decidir, para se autoconfigurar, como 
bem dizem os filósofos existencialistas; entretanto, por isso mesmo, em última instância, é responsável por 
aquilo que se torna a cada dia. 
 
Ser homem é sempre ser responsável. Essa responsabilidade acontece diante da consciência, materializando-
se na atitude diária, quando o homem é questionado pela vida sobre qual atitude deve ter e as consequências 
que assumirá a partir delas. Essa característica torna a existência humana ao mesmo tempo grandiosa e 
marcada por certo temor, ainda que tal temor possa ser visto pelo lado positivo do assombro diante da 
magnitude do existir. 
 
Vontade de sentido 
O segundo pilar da Logoterapia se relaciona especificamente com as teorias da motivação humana: é a 
vontade de sentido. 
Tanto a teoria psicanalítica quanto a psicologia individual, cujos dois grandes nomes são Freud e Adler, tecem 
considerações sobre a motivação humana. 
Frankl (2011) afirma que, para a Psicanálise, a vontade de prazer é o motivador principal e que, para a 
Psicologia Individual, a vontade de poder é o motivador principal. 
 
Para a Logoterapia, o homem move-se para além do prazer e do poder, ele move-se para o sentido. 
 
Frankl (2011) entende o prazer como uma das consequências da realização do sentido, sendo que a fixação 
no prazer como busca principal constituiria um equívoco e poderia ser o caso de uma neurose. De modo 
semelhante, Frankl entende o poder como uma forma de tentativa de se alcançar o sentido e não como o 
objetivo em si, ou seja, ter certo poder pode auxiliar o alcance do sentido, mas não é o sentido em si. 
 
Na Logoterapia, o homem é visto como um ser que aponta para algo diverso dele mesmo, sendo que o prazer 
e a felicidade não são sua meta principal e sim epifenômenos, ou seja, consequências da realização de um 
sentido na vida. 
 
Esse homem que é chamado para ir além de si mesmo na busca pelo sentido é dotado de dois dinamismos: 
a autotranscendência e o autodistanciamento. 
 Autotranscendência 
Frankl (2011) quer significar essa capacidade do homem de ir além de si mesmo, seja para a realização de 
uma obra (um trabalho), seja para amar alguém, seja para superar um sofrimento inevitável. 
 Autodistanciamento 
Frankl (2011) também defende a capacidade do homem de distanciar-se do mundo, para, assim, vislumbrá-
lo e adotar uma atitude em resposta frente às adversidades. 
 
Sentido de vida 
O terceiro pilar da Logoterapia é o sentido de vida. Inicialmente, é importante sublinhar que a Logoterapia 
não defende que o psicólogo possa dar um sentido de vida para o paciente: é função deste e do 
logoterapeuta auxiliar a pessoa para que ela se abra a encontrar um sentido para sua vida. 
O sentido de vida é particular, diferindode pessoa para pessoa, sendo uma resposta concreta a situações 
específicas, colocadas pela vida como uma pergunta à pessoa. Com isso, o sentido de vida para Frankl (2014) 
apresenta-se em um quadro que considera a pessoa como um ser único e, portanto, sua atitude diante da 
vida também é única. Em seu livro A Vontade de Sentido, Frankl (2011) traz uma esclarecedora definição 
sobre o sentido da vida. 
O ser humano é responsável por dar a resposta certa para as perguntas, encontrando o verdadeiro sentido 
de uma situação. Sentido é algo a ser encontrado e descoberto, não podendo ser criado ou inventado. 
Crumbaugh e Maholick apontam que a descoberta do sentido de uma situação vivida se relaciona a uma 
percepção gestáltica. Essa hipótese se coaduna com a afirmação de Wertheimer, um dos membros da escola 
da Gestalt: “Uma situação como 7 + 7 = ? constitui um sistema portador de uma lacuna. É possível preencher 
esse espaço vazio de várias maneiras. O complemento 14, no entanto, corresponde à situação, encaixa-se 
na lacuna, atende ao que é estruturalmente exigido nesse sistema, nesse lugar, com sua função no todo. 
Outros complementos, como 15, não se encaixam, não são os corretos. Chegamos aqui, ao conceito de 
exigências da situação, a ideia de caráter de necessidade. Exigências de tal ordem possuem uma qualidade 
objetiva.” (FRANKL, 2011) 
 
Frankl, ao aprofundar o sentido de vida, pontua que ele pode ser encontrado, principalmente, mas não 
exclusivamente, de três formas: criando um trabalho, ou praticando um ato; experimentando algo ou 
encontrando alguém – sentido do amor –; pela atitude que tomamos em relação ao sofrimento inevitável – 
sentido do sofrimento (FRANKL, 2014). 
Frankl (2014) também aborda a falta de sentido na vida com que o homem pode se deparar, vivenciando, 
assim, uma frustração da vontade de sentido. Essa frustração caracteriza-se, sobretudo, por um “vazio 
existencial”, que, segundo o autor, pode ser visto no tédio e na indiferença. O tédio representa, 
principalmente, a perda de interesse do sujeito pelo mundo, e a indiferença, a passividade do sujeito diante 
da mudança e melhora da realidade. 
 
Você acha que o homem do nosso tempo vivencia uma frustração do sentido da vida? 
 
Outro aspecto importante da Logoterapia é sua visão integradora da realidade humana. Para Frankl (2020), 
o homem é um ser bio-psico-espiritual (ou noético). Espiritual na teoria logoterapêutica não carrega o 
sentido religioso, mas sim antropológico. Refere-se à dimensão própria do ser humano, aquela em que 
ocorrem os dinamismos fundamentais da autotranscendência e autodistanciamento, bem como a 
consciência, a liberdade e a responsabilidade. 
Frankl (2020) afirma que a pessoa, em sua realidade concreta, não é regida por instintos ou determinada por 
questões psicoemocionais não resolvidas. Ela é um ser que decide o que fazer com seus instintos e com suas 
questões psicoemocionais não resolvidas. Essa decisão, essa escolha, só é possível por causa da dimensão 
espiritual. 
Para entender melhor, veja o exemplo a seguir: 
Talvez o melhor exemplo seja dado pelo próprio Frankl em um de seus livros e que podemos trazer para 
nossa realidade atual. Imagine um macaco que tivesse que tomar 20 agulhadas por dia como parte de um 
experimento para testagem de uma vacina contra uma nova doença. Ele sentiria dor física (dimensão 
biológica) e poderia desenvolver um pavor do aplicador da vacina (dimensão psicológica). Entretanto, 
imagine que depois de algumas semanas se tenha descoberto a cura para a doença. O macaco, diante de 
todo aquele sofrimento, teria participado da cura dessa doença, mas nunca seria capaz de compreender o 
sentido de seu sofrimento. Ao homem, foi dada a possibilidade de compreender, e isso é devido à sua 
dimensão espiritual. 
 
A Logoterapia continua sendo um advento no século XXI. Atualmente, tem sido retomada senão em vários 
aspectos, ao menos em alguns de seus pressupostos, pela Psicologia Positiva (SELIGMAN, 2002) e pelo 
Cognitivismo Existencial (PACCIOLLA; MANCINI, 2015). 
 
ROLLO MAY (1909-1994) 
Se Viktor Frankl pode ser considerado o principal nome da Psicologia Existencial na Europa, Rollo May possui 
esse título no contexto norte-americano. Mas se, por algum motivo, esse psicólogo existencial é pouco 
abordado em cursos de Psicologia, seu pensamento é significativamente atual. 
Leia o trecho a seguir e reflita: esse relato guarda alguma semelhança com os tempos atuais? 
 
“Pode surpreender o que eu diga, baseado em minha prática profissional, assim como na de meus colegas 
psicólogos e psiquiatras, que o problema fundamental do homem, em meados do século XX é o vazio. Com 
isso, quero dizer não só que muita gente ignora o que quer, mas também que frequentemente não tem uma 
ideia nítida do que sente. […] O que as leva a buscar ajuda talvez seja, por exemplo, o fato de romperem 
sempre seus relacionamentos amorosos, ou não conseguirem concretizar seus planos de casamento, ou a 
insatisfação com o companheiro escolhido. Mas não é preciso falarem muito para revelar que esperam que 
o cônjuge atual ou futuro preencha uma falta, um vácuo no seu íntimo e ficam ansiosos e zangados quando 
ele ou ela não conseguem.” (MAY, 2004) 
 
 
Rollo May (2004) desenvolve em sua prática as premissas existencialistas que já tivemos a oportunidade de 
ver no módulo 1 e considera que o Existencialismo aporta a Psicologia e sua tentativa de resolução dos 
problemas da pessoa. 
No que diz respeito ao processo psicoterapêutico, alguns pontos do pensamento de Rollo May são 
interessantes e dialogam com os dias atuais: a ansiedade e a culpa. 
 Ansiedade 
May (1986) considera que toda pessoa é centrada em si mesma e, quando esse centro é atacado, vivencia-
se um ataque à própria existência. De certa maneira, esse ataque se manifesta na percepção de que existe 
algo que pode destruir o ser da pessoa, sua existência. 
Essa percepção leva ao estado de ansiedade, que May (2004) considera o mais presente no homem de seu 
tempo, algo não muito distante do que atualmente vem sendo apresentado, sendo a ansiedade um dos 
transtornos com maior índice de prevalência na população. 
A ansiedade, para Rollo May, é a experiência de ameaça, a si mesmo ou a alguém que avaliamos ser 
importante, originando uma constante atitude de defesa, de precaução, fechando cada vez mais a pessoa 
em si mesma. 
A pessoa ansiosa estará voltada para as possibilidades de ameaça do mundo, o que em nosso tempo é 
potencializado por uma cultura que, em grande parte do tempo, exacerba as possibilidades de risco, sendo 
que se May (2004) chamava sua época da era da ansiedade, a nossa não deixa nada a desejar em relação a 
essa definição. 
Rollo May acreditava que existia certo grau de ansiedade natural, ou seja, diante da consciência de que 
somos livres e de que construímos nosso destino, a vivência de alguma ansiedade seria um processo natural 
e, de alguma forma, indicaria uma abertura ao mundo, uma aceitação de que a vida está batendo à nossa 
porta. Entretanto, existe também a ansiedade patológica. 
Essa ansiedade dialoga com outros males que May (2004) avalia fazerem parte de seu tempo: a solidão e o 
vazio, já citados. Para Rollo May, a etiologia dessa condição está em uma sociedade que se revolvia pela 
perda: 
 de valores. 
 do senso de self, ou seja, da dignidade e valor do ser humano. 
 da comunicação pessoal. 
 do senso trágico, em síntese, do sentido do sofrimento. 
Novamente, a leitura de Rollo May dialoga em muitos aspectos com a nossa situação atual. A relativização 
de valores, a dependência eletrônica que vem anulando as relações pessoais, o constante ataque à dignidade 
da pessoa e um fechar de olhos ao sofrimento são características que fazem parte de nossa sociedade. 
 
O que é preciso fazer para lidar com essas questões? 
O homem precisa redescobrir a si mesmo e, dando conta de sua existência, assumir a liberdade e 
responsabilidades inerentes à vida humana. RolloMay acredita que cada um é responsável por aquilo em 
que se transforma; é necessário que as pessoas tomem consciência de aspectos como a inevitabilidade da 
morte, a importância de viver no presente e de que são responsáveis por construírem o próprio destino para 
assim terem melhor saúde mental. 
 
O processo terapêutico, portanto, deverá ajudar a pessoa a se tornar autoconsciente da realidade em que 
está inserida, das ameaças que vem a perceber e, sobretudo, de que essa realidade faz parte de seu mundo, 
podendo causar uma ação sua. Ajudar a pessoa a ver que tem possibilidade de agir e, por isso, não é uma 
vítima da sua existência. 
 
 Culpa 
Além da ansiedade, Rollo May também aborda outra situação da existência humana: a culpa. Para o 
psicólogo norte-americano, a culpa nasce quando não aceitamos nossas potencialidades, quando não 
percebemos as necessidades das outras pessoas e quando nos alienamos da natureza. 
De alguma forma, a culpa é um fato do qual não temos como fugir completamente, sendo importante não 
nos alienarmos diante dela, mas aceitarmos que somos seres falíveis e, com isso, apontar para o 
autodesenvolvimento. 
O autodesenvolvimento não acontece sozinho e aqui temos mais um aspecto da Psicologia Existencial de 
Rollo May: somos seres que participam de outros seres. Esse ser-com-o-outro faz parte do processo humano 
de desenvolvimento e crescimento e, portanto, da saúde psíquica. 
 
Resumindo 
Tanto a Logoterapia como a Psicologia Existencial de Rollo May partilham aspectos em comum e são 
marcadas pelo Existencialismo. Em síntese, podemos apontar as seguintes características de ambas as 
abordagens: a aproximação existencial a realidade da pessoa; a consideração da necessidade de a pessoa 
enfrentar aspectos como morte, culpa e sofrimento; uma compreensão de que a pessoa é um ser-com-o-
outro, ou que se realiza na autotranscendência, na saída de si para encontrar-se com outra pessoa. 
 
CONCLUSÃO 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Compreendemos um pouco mais a Psicologia Existencial, as influências do Existencialismo nessa perspectiva 
da Psicologia, bem como o rico diálogo que pode nascer da relação Psicologia-Filosofia. 
Conhecemos Karl Jaspers, importante pensador no campo da Psicopatologia e que também influenciou 
psicólogos existenciais. Sobretudo, pudemos tomar consciência de que a compreensão da patologia mental 
não deve deixar de fora uma visão integral da pessoa. 
Por fim, tomamos conhecimento de dois grandes nomes da Psicologia Existencial: Viktor Emil Frankl e Rollo 
May. Ambos desenvolveram ricas contribuições para a Psicologia e ainda influenciam outras abordagens 
psicológicas, como a Psicologia Positiva, a Terapia Cognitivo-Comportamental e o Cognitivismo Existencial.

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